RESUMO EXECUTIVO
A nanotecnologia tornou-se importante em várias áreas e hoje está presente em uma série de produtos, de eletrônicos a itens médicos. No setor do vestuário não é diferente e há algum tempo materiais fabricados com a nanotecnologia têm sido testados e aplicados. A nanotecnologia é composto por partículas minúsculas com tamanhos que correspondem a 1 bilionésimo do tamanho do metro, cerca de 30 mil vezes menos que um fio de teia de aranha.
Entidades ligadas ao setor têxtil e de vestuário têm promovido ações no sentido de propagar o tema e mostrar bons exemplos de empresas que já desenvolvem materiais que utilizam a nanotecnologia, como tecidos que não amassam, impermeáveis à água ou ao óleo, que secam rapidamente, antibactericidas e antifungicidas.
Segundo dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), até 2014 a geração de novos produtos baseados em nanotecnologia deve representar 15% da produção global de bens manufaturados, o que corresponde a US$ 2,6 trilhões. Isso significa que ainda há muito a ser explorado com a nanotecnologia, como produtos com funções para o monitoramento cardíaco, vascular ou cerebral e milhares de outras possibilidades. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pode ser uma importante parceira para as empresas do vestuário, já que possui diversos laboratórios estudando temas relacionados à nanotecnologia.
Este relatório pretende mostrar ao empresário do vestuário, por meio de exemplos, que existem alternativas para fugir da concorrência internacional, da desindustrialização e de uma série de outros fatores que preocupam o setor. Para isso é preciso inovar e investir em novas alternativas que permitam fazer a diferença no mercado.
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Vestuário
NANOTECNOLOGIA ABRE NOVAS PORTAS PARA O VESTUÁRIO
RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA ANALÍTICO
Setor:
Vestuário Autor:
Maria Gorete Hoffmann Pesquisadoras:
Camila Meneghetti
Coordenação de Pesquisa:
Pollyne Marcondes Revisão:
Rosângela Longhi
Janeiro de 2012
Tópicos-Chave
O que é nanotecnologia;
A nanotecnologia e a indústria do vestuário;
Novas oportunidades decorrentes da nanotecnologia.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ... 5 A NANOTECNOLOGIA E O VESTUÁRIO ... 6 SANTA CATARINA PODE AJUDAR EM NANOTECNOLOGIA PARA O VESTUÁRIO ... 7 PRODUTOS JÁ DISPONÍVEIS NO MERCADO OU PRÓXIMOS DE SEREM COMERCIALIZADOS ... 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 9 FONTE: ... 10
INTRODUÇÃO
2011 foi um ano de dificuldades para os empresários do vestuário brasileiro, em especial no enfrentamento dos concorrentes internacionais. O temor de uma desindustrialização, a perda de mercado, o aumento da participação de empresas internacionais no País e centenas de outros aspectos foram questões que estiveram em discussão e afetaram o vestuário brasileiro.
Especialistas enfatizam que uma maneira de enfrentar o momento complexo é a agregação de valor aos produtos brasileiros. Diante dessa situação surge um questionamento dos empresários: como agregar valor aos produtos?
Existem várias respostas, nem todas consistentes e nem todas fáceis de serem viabilizadas. Uma alternativa defendida pelas entidades de classe nos últimos anos é um maior investimento em nanotecnologia. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), por exemplo, possui o Comitê de Nanotecnologia Têxtil e de Confecção que reúne diversos empresários e pesquisadores da área. A expectativa é conseguir enfrentar os concorrentes pela diferenciação e, nesse sentido, a indústria já está disponibilizando tecidos que não amassam, impermeáveis à água ou ao óleo, antibactericidas e antifungicidas e que secam rapidamente. Esses produtos têm como base a nanotecnologia. Muitas empresas têm conseguido manter suas marcas em evidência graças a investimentos em tecnologias inovadoras como é o caso da Nike, da Gap ou da Lee.
Nota-se também que o investimento em nanotecnologia já está permitindo que empresas desenvolvam novos nichos de mercado. Como exemplos estão roupas com retardantes de chamas, inibidores de odor ou com antiestáticos, que permitiram o desenvolvimento de novos mercados na área de uniformes, petróleo e gás e em diversos outros segmentos.
Segundo dados a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), até 2014 a geração de novos produtos, baseados em nanotecnologia, deve representar 15% da produção global de bens manufaturados, o que corresponde a US$ 2,6 trilhões.
Diante desse panorama é importante acompanhar o que está acontecendo no segmento.
No final de 2011, diversos eventos foram promovidos no Brasil com o objetivo de divulgar os avanços da nanotecnologia, entre eles destaque para o workshop “Nanotecnologias da ciência ao mundo dos negócios” que ocorreu em outubro com o objetivo de estimular a interação entre as empresas e a academia. O evento foi idealizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), reunindo representantes das principais associações empresariais brasileiras e instituições de ensino e pesquisa. Sem dúvida, a nanotecnologia deixou de ser uma promessa e passou a compor elementos essenciais à competitividade e precisa ser entendida. É necessário entender o que é e o que está acontecendo no setor associado a nanotecnologia.
A NANOTECNOLOGIA E O VESTUÁRIO
A nanotecnologia é a capacidade de reestruturação de moléculas, obtendo-se novas funções para as mesmas. É a manipulação de partículas minúsculas (com tamanhos que correspondem a 1 bilionésimo do tamanho do metro)1. A nanotecnologia e a nanociência estão relacionadas a estudos dos fenômenos e manipulação de materiais na escala molecular, macromolecular e atômica, o que permite a caracterização, produção de estruturas, peças e sistemas pelo controle de seu tamanho e forma na escala nanométrica.
A nanotecnologia não é um sonho distante a ser alcançado. Na verdade, muitos produtos já estão no mercado e o vestuário tem convivido com essas novidades, por meio de novos tecidos que as indústrias têxteis têm disponibilizado, tais como: roupas que não sujam, repelem café, eliminam manchas de frutas e de vinho. Porém, é importante compreender que essas tecnologias que já estão no mercado são apenas resultantes dos primeiros avanços tecnológicos.
A nanotecnologia tem por característica permitir a integração de áreas tecnológicas diferentes. Permite, por exemplo, a atuação conjunta de diversas funções químicas, físicas e eletrônicas e os resultados podem ser os mais variados, tais como: interligar nanochips de silício na indústria eletrônica, compor polímeros para torná-los mais resistentes, permitir tecidos impermeáveis e até cerâmicas mais reforçadas. Em outras palavras, as contribuições da nanotecnologia podem alcançar funções ainda inimagináveis para as empresas do vestuário, pois podem permitir a integração da eletrônica a tecidos, assim como, incluir funções biológicas, o que pode permitir, ao vestuário, o surgimento de funções para o monitoramento cardíaco, vascular ou cerebral e milhares de outros empregos ainda não percebidos.
Diante dessa situação é importante que a indústria do vestuário faça algumas reflexões. A primeira delas está relacionada às tecnologias já disponíveis no mercado. A indústria têxtil disponibiliza uma série de tecidos com características especiais como: antibactericida a base de prata, minúsculas cápsulas de agentes hidratantes, desodorizantes, repelentes de insetos e antitabaco. Agora, é importante que o empresário do vestuário desenvolva novos produtos e mercados para essas matérias-primas, estude novas aplicações e estimule a indústria têxtil a dispor de novas funcionalidades.
É fundamental que a indústria do vestuário compreenda que as nanopartículas suportam mudança de propriedade dos tecidos, permitindo matar vírus e bactérias, bloquear toxinas, trocar o calor do corpo, tudo isso sem perder as propriedades ao serem lavados. Assim,
1 Para uma melhor compreensão esse tamanho corresponde a aproximadamente 100 mil vezes menor do que o diâmetro de um fio de cabelo ou ainda 30 mil vezes menos que um dos fios de uma teia de aranha.
com a ajuda da química, biologia, engenharia e física, novos produtos podem ser dispostos.
Outra reflexão que o empresário do vestuário deve fazer é nas possibilidades que ainda não foram exploradas. Quem mais conhece o mercado da moda não é a indústria têxtil e, sim, a indústria do vestuário e, portanto, é quem possui mais condições de detectar necessidades e novas propostas. É importante observar o mercado com a perspectiva de romper limites habituais. E a junção de áreas do conhecimento diferentes permitirá encontrar novas oportunidades e mercados. Implicará também em alterações no atual modelo de produção do vestuário.
O empresário deve buscar aproximação com o tema, pois ele evolui espantosamente. O empresário pode argumentar que o esforço deve ser das grandes empresas têxteis, porém a alegação não é mais verdade. As empresas do vestuário não precisam ficar dependentes, mas podem definir quais tipos de funcionalidades desejam integrar em seus produtos. Em Santa Catarina, por exemplo, empresas desenvolvem soluções em nanotecnologia, que podem ser aplicadas no vestuário, com propriedades terapêuticas constituídas por materiais naturais ou semi-sintéticos, biodegradáveis e biocompatíveis (espécie de sprays que geram novas funcionalidades às roupas). Tais ideias podem ser incorporadas ao vestuário em diversas formulações e concentrações, dependendo do que se deseja oferecer. São exemplos de aplicações já existentes:
• Liberação controlada e/ou prolongada dos ativos;
• Maior penetração e estabilidade do ativo;
• Mascaram odores e sabores indesejáveis;
• Efeito oclusivo, aumentando a hidratação da pele;
• Atuam como filtro solar físico e químico;
• Protegem ativos voláteis e facilmente oxidáveis tais como aromas e fragrâncias, proporcionando uma liberação prolongada com redução da quantidade de ativo utilizado na formulação;
• São ecologicamente corretos e economicamente viáveis.
SANTA CATARINA PODE AJUDAR EM NANOTECNOLOGIA PARA O VESTUÁRIO A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pode ser uma importante parceira para as empresas do vestuário. Diversos laboratórios estão estudando temas relacionados à nanotecnologia, entre eles destacam-se:
Também pequenas empresas de tecnologia estão desenvolvendo soluções em nanotecnologia para a área do vestuário. Abaixo algumas delas:
PRODUTOS JÁ DISPONÍVEIS NO MERCADO OU PRÓXIMOS DE SEREM COMERCIALIZADOS
Fonte: Simpósio Técnico Empresarial Nanotecnologia Aplicada aos Setores Têxtil e Metal Mecânico
http://www.tnsolution.com.br/empresa.php http://www.nanovetores.com.br/
http://www.innovita.com.br/
Fonte: Simpósio Técnico Empresarial Nanotecnologia Aplicada aos Setores Têxtil e Metal Mecânico
Tecidos especiais: Em 1999 a Rhodia lançou no mercado o primeiro fio bacteriostático do ocidente. Após algumas lavagens a função desaparecia. Atualmente existem vários produtos com essas funções, inclusive, com a triagem dos raios UVA e UVB, que aceleram a troca térmica e tiram o suor da parte interna do tecido.
Camiseta de algodão em spray: Um líquido feito de fibras de algodão capaz de “pulverizar” uma camiseta diretamente no corpo. O líquido seca ao atingir a pele, garantindo um visual totalmente exclusivo para o usuário.
Luminex: A Luminex é uma tecnologia que combina tecnologia eletrônica e tecidos. Usa LEDs de alta eficiência para espalhar a luz de forma segura. Há necessidade de alimentação da energia através de uma fonte elétrica ou de uma bateria de 9V comercial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fortalecimento da indústria do vestuário brasileiro passa pelo esforço da inovação e a nanotecnologia ocupa um papel importante nesse processo. A empresa que estiver atenta e desenvolver estratégias para se aproximar dessas inovações e avanços estará também mais próxima de novas oportunidades e de um mercado bilionário que se descortina diariamente.
Santa Catarina, através da Universidade Federal de Santa Catarina e de pequenas empresas de base tecnológica, tem desenvolvido esforços no sentido de dispor soluções Calça jeans para ciclistas da Levi’s: A Levi’s lançou uma calça especialmente projetada para atender as necessidades dos ciclistas, utilizando tratamento NanoSphere® que torna o tecido resistente à água e muito mais durável e Sanitized®, que protege contra odores.
Emana: é o fio de poliamida da Rhodia, que possui cristais bioativos em seu DNA. Entre os benefícios do fio esta a redução dos sinais de celulite, além de diminuir a fadiga muscular ao atuar no equilíbrio térmico do corpo e aumentar a elasticidade da pele. Também absorve o calor do corpo humano devolvendo-o na forma de raios infravermelho, que penetram na pele estimulando a microcirculação sanguínea e o metabolismo celular.
em nanotecnologia, permitindo às empresas do vestuário catarinense proximidade das inovações e das oportunidades e dificuldades decorrentes da nanotecnologia para o setor do vestuário.
O empresário catarinense do vestuário deve compreender ainda que a aproximação da nanotecnologia não pode ser compreendido como uma perspectiva para grandes empresas, mas pode descortinar novos nichos e oportunidades para empresas de micro e pequeno porte e se configurar como uma alternativa de competitividade à indústria da moda.
Até pouco tempo atrás, no que se refere à cadeia têxtil, o entendimento era de que o investimento em nanotecnologia era necessário aos fabricantes de insumos (indústria química, algodoeira) e da própria fabricante de tecido. Num primeiro momento realmente foi esse o caminho natural. Porém, é chegado o momento da indústria do vestuário estar envolvido.
Muitas tecnologias que já estão disponíveis imporão a criatividade da indústria do vestuário, cruzando diversas soluções que se encontram dispostas e precisam ser adaptadas ao mundo da moda. Essas adaptações exigirão adaptações ao processo produtivo e gerar novos produtos.
Um exemplo que contribuir concretamente a sustentar esse argumento está relacionado ao reveillon 2011. Uma camiseta com um painel eletrônico programado para emitir sinais luminosos ao som dos fogos da virada do ano foi muito disputada. A camiseta usava nanotecnologia eletrônica e só chegou ao mercado porque empresas do vestuário investiram. Até pouco tempo era necessário usar pilhas para o sistema funcionar, porém, atualmente, existem alternativas que utilizam energia solar ou até mesmo os movimentos humanos para dispor de energia ao painel eletrônico.
Assim como essa ideia, existem diversas outras que precisam ser adaptadas ao mundo da moda e dependem somente da indústria do vestuário. O Brasil disponibiliza de recursos financeiros, muitas vezes gratuitos, para que as indústrias, em conjunto com centros de tecnologias e universidades, transformem tecnologias, já disponíveis nas instituições de ensino e pesquisa, em produtos inovadores para o mercado. É preciso que a indústria da moda se beneficie desses recursos e lance produtos competitivos e inovadores. Essa ação será cada dia mais importante para a sobrevivência da indústria do vestuário brasileira.
FONTE:
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