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Direito Tributário. Parte IV A Obrigação Tributária

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Direito Tributário

Parte IV – A Obrigação

Tributária

(2)

1.

Relação Jurídico-Tributária

(3)

Relação Jurídico-Tributária

A “relação jurídico-tributária” havida entre Estado e contribuinte é constituída de etapas lógicas e cronológicas distintas, que podem ser sistematizadas na seguinte “linha do tempo”:

Hipótese de

(4)

2.

Hipótese de Incidência

(5)

Hipótese de Incidência (Conceito)

A “hipótese de incidência” é o momento abstrato, previsto em lei, hábil a

deflagrar a relação jurídico-tributária.

Escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer do mundo, propensos a

(6)

Hipótese de Incidência é a descrição que a lei faz de um

fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a

obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter

de pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente).

(7)

Hipótese de Incidência (Conceito)

Ex. 1: A hipótese de incidência do IPI é o desembaraço aduaneiro, a saída dos estabelecimentos ou a arrematação de produtos industrializados (art. 46 do CTN).

Ex. 2: A hipótese de incidência do IR é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza (art. 43 do CTN).

(8)

3.

Fato Gerador

(9)

Fato Gerador (Conceito)

O “fato gerador” é a materialização da hipótese de incidência, representando o

momento concreto de sua realização, que se opõe à abstração do paradigma

legal que o antecede.

(10)

... A hipótese [de incidência] é simples descrição, é

simples previsão, enquanto o fato [gerador] é

concretização da hipótese, é o acontecimento do que

fora previsto.

(11)

Fato Gerador (Conceito)

Ex. 1: é fato gerador de IPI uma empresa, efetivamente, fazer sair do seu estabelecimento comercial um produto industrializado.

Ex. 2: é fato gerador de IR o recebimento de rendimentos ou proventos por alguém.

(12)

Fato Gerador (Importância)

É etapa de enorme importância na “linha do tempo” da relação tributária.

É a partir do fato gerador que se estabelecerá a natureza jurídica do tributo (taxas, impostos, contribuições de melhoria, etc.):

Art. 4º do CTN. “A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato

gerador da respectiva obrigação...”.

Também é o fato gerador que define a lei a ser aplicada no momento da cobrança do

tributo (princípio da irretroatividade da norma tributária – art. 150, III, “a”, da

(13)

Fato Gerador (Momento da Ocorrência)

Art. 116 do CTN. “Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o

fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.”.

Situação de Fato: saída de mercadoria (ICMS), entrada do bem no território

nacional (II), etc.

Situação de Direito: propriedade de imóvel (IPTU e ITR), transmissão de

(14)

4.

Obrigação Tributária

(15)

Obrigação Tributária (Conceito)

A obrigação tributária surge quando da ocorrência de um fato gerador.

É vínculo jurídico mediante o qual uma entidade estatal (o fisco), a partir da

ocorrência de uma situação prevista em lei (fato gerador), pode exigir de uma pessoa física ou jurídica um determinado objeto, que tanto pode ser o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, como uma prestação positiva ou negativa (obrigação de fazer ou não fazer) que não constitua pagamento.

(16)

Obrigação Tributária (Elementos) Elementos da Obrigação Tributária a) Sujeito Ativo b) Sujeito Passivo c) Objeto d) Causa

(17)

Obrigação Tributária (Sujeito Ativo) ▣ É o credor da relação tributária.

Art. 119 do CTN. “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito

público titular da competência para exigir o seu cumprimento.”.

Sujeito Ativo Direto: Os entes tributantes, detentores de competência tributária (poder de instituir tributos). Ex.: União, Estados, DF e Municípios.

Sujeito Ativo Indireto: entes parafiscais, detentores de capacidade tributária

ativa (poder de arrecadar e fiscalizar tributos). Ex: OAB, CRC, CRA, CREA,

(18)

Obrigação Tributária (Sujeito Passivo)

Refere-se ao lado devedor da relação tributária.

Art. 121 do CTN. “Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao

pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.”.

(19)

Obrigação Tributária (Sujeito Passivo)

Sujeito Passivo Direto (Contribuinte):

Tem uma relação pessoal e direta com o fato gerador.

Ex.: o proprietário do bem imóvel, quanto ao IPTU; o adquirente do bem imóvel transmitido com onerosidade, quanto ao ITBI, etc.

Sujeito Passivo Indireto (Responsável):

A terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato

gerador.

Ex.: os pais de filhos absolutamente incapaz dono de imóvel, quanto ao IPTU; o

(20)

Obrigação Tributária (Sujeito Passivo)

Art. 123 do CTN. “Salvo disposições de lei em contrário, as convenções

particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.”.

O contrato entre particulares não opera efeitos perante a Fazenda Pública, mas tão somente perante aqueles que avençaram cumpri-lo.

“O locatário é parte ativa ilegítima para impugnar lançamento de IPTU, pois não

se enquadra na sujeição passiva como contribuinte e nem como responsável tributário.” (STJ, REsp 818618, Rel. Min. José Delgado, DJ 02/05/2006).

(21)

Obrigação Tributária (Objeto)

O objeto da obrigação tributária equivale à prestação a que se

submete o sujeito passivo diante do fato gerador.

Art. 113. “A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.”

(22)

Obrigação Tributária (Objeto)

Obrigação Principal Obrigação Secundária

a) Pecuniária;

b) Ato de pagar tributo ou multa c) Obrigação de dar

d) Ex.: de pagar IR, ICMS, IPTU, etc.

a) Não pecuniária

b) Dever instrumental do contribuinte c) Obrigações de fazer ou não Fazer

d) Ex.: emissão de notas fiscais, escriturar livros fiscais, entregar declarações, etc.

(23)

Obrigação Tributária (Objeto)

Pode existir obrigação acessória sem que exista obrigação tributária principal, e qual deve vir sempre prevista em lei, com natureza jurídica de obrigação de

fazer ou não fazer.

□ Ex.: hospital sem fins lucrativos é imune a impostos sobre sua renda, patrimônio e serviços, mas é obrigado a manter livros fiscais (RE 250.844/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 29/11/2012)

O não cumprimento da obrigação acessória faz nascer, por si só, uma obrigação

(24)

Obrigação Tributária (Causa)

A causa da obrigação tributária é o vínculo jurídico motivador do liame

jurídico entre o sujeito ativo e o sujeito passivo.

Pode residir na lei tributária ou na legislação tributária.

Art. 114 do CTN. “Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em

lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.”

Art. 115 do CTN. “Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,

na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.”.

(25)

Obrigação Tributária (Solidariedade)

Art. 264 do Código Civil. “Há solidariedade, quando na mesma obrigação

concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.”.

Art. 265 do CC. “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade

(26)

... na obrigação solidária há uma só relação

obrigacional, com pluralidade de sujeitos; esta

unidade de vínculo concentra-se em um objeto, que

é devido e exigível, só e uno, independentemente da

pluralidade subjetiva.

(27)

Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ Diz-se solidariedade ativa quando há mais de um credor, e solidariedade passiva quando há mais de um devedor.

□ Exemplo de solidariedade ativa: Dez alunos contratam a aula de um professor. □ Exemplo de solidariedade passiva: marido e mulher fazem um empréstimo

conjunto de R$50.000,00.

No Direito Tributário, não existe solidariedade ativa, apenas solidariedade

(28)

Obrigação Tributária (Solidariedade) ▣ Art. 124 do CTN. “São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.”.

Solidariedade Natural: decorre de interesses comuns (ex.: imóvel pertencente a um casal).

Solidariedade Legal: decorre da lei (ex.: sócio no caso de encerramento da sociedade, art. 134, VII, do CTN).

(29)

Obrigação Tributária (Solidariedade)

A solidariedade no Direito Tributário não comporta benefício de ordem, ou seja, o Fisco pode escolher que qualquer um dos codevedores responda pelo

cumprimento total da obrigação tributária.

□ Ex.: no caso de marido e mulher serem proprietário do imóvel, o Município pode cobrar o IPTU só do esposo, só da esposa, ou dos dois.

Art. 125 do CTN. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos

da solidariedade:

I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;

II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

(30)

Obrigação Tributária (Solidariedade)

Art. 125 do CTN.

□ Ex. do inciso I: Duas pessoas importam o bem, sendo, assim, solidariamente responsáveis pelo II. Caso o pagamento integral seja feito por apenas um deles, o tributo será considerado pago, cabendo ao pagador o direito de cobrar a metade daquele que não pagou sua parte.

□ Ex. do inciso II: João, José e Pedro são três coproprietários de uma imóvel, devendo pagar o IPTU no valor total de R$ 300,00. Caso haja isenção pessoal para João, os demais – José e Pedro – continuarão como codevedores solidários de R$ 200,00, ou seja, R$ 100,00 para cada.

(31)

Obrigação Tributária (Solidariedade)

Art. 125 do CTN.

□ Ex. do inciso I: Duas pessoas importam o bem, sendo, assim, solidariamente responsáveis pelo II. Caso o pagamento integral seja feito por apenas um deles, o tributo será considerado pago, cabendo ao pagador o direito de cobrar a metade daquele que não pagou sua parte.

□ Ex. do inciso II: João, José e Pedro são três coproprietários de uma imóvel, devendo pagar o IPTU no valor total de R$ 300,00. Caso haja isenção pessoal para João, os demais – José e Pedro – continuarão como codevedores solidários de R$ 200,00, ou seja, R$ 100,00 para cada.

(32)

5.

Capacidade Tributária

(33)

Capacidade Tributária

A capacidade tributária é definida pela doutrina como a aptidão para ser

sujeito ativo ou passivo da obrigação tributária.

Art. 126 do CTN. “A capacidade tributária passiva independe:

I - da capacidade civil das pessoas naturais;

II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.”.

(34)

6.

Domicílio Tributário

(35)

Domicílio Tributário

Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações, no sentido da exigibilidade.

Na seara tributária, é o local, determinado pela legislação tributária, onde o

(36)

Domicílio Tributário

Art. 127 do CTN. “Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de

domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante.”.

(37)

Domicílio Tributário

A regra geral é que o domicílio seja escolhido pelo contribuinte ou responsável.Os outros domicílios somente serão usados em caráter subsidiário.

□ Ex. do inciso I: pessoa que tenha um apartamento de veraneio no RJ e apresenta o domicílio tributário naquela cidade, para fins de IPTU, a cidade de Manaus. □ Ex. do inciso II: para os casos de ICMS, havendo matriz e filiais, o princípio da

autonomia do estabelecimento faz de cada filial uma unidade independente; já para o IR, prevalece a liberdade de escolha.

(38)

Domicílio Tributário ▣ Exceções previstas no art. 127, §§1º e 2º do CTN:

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

□ Ex. do §1º: circos e outros estabelecimentos de espetáculos ambulantes. Incidindo ISS sobre os serviços que prestem, e sendo eles essencialmente nômades, por seu domicílio tributário será considerado cada local em que se exibem.

□ Ex. do §2º: mudança da sede da empresa para local isolado e de difícil acesso e conversão da antiga sede em filial.

(39)

Domicílio Tributário Regra Geral: domicílio de

eleição (art. 127, caput, do

CTN) Na ausência de eleição: aplica-se o art. 127, I, II ou III, do CTN Recusa fundada da Administração quanto ao

domicílio eleito (art. 127, §2º, do CTN)

Impossibilidade dos incisos anteriores

Lugar dos bens ou da ocorrência dos fatos geradores (art. 127, §1º, do

(40)

7.

Responsabilidade

Tributária

(41)

Responsabilidade Tributária

▣ A relação tributária envolve, de um lado, a Fazenda Pública e, de outro, o sujeito passivo (contribuinte ou responsável).

A opção legal pela modificação do sujeito no polo passivo da obrigação decorre de questões de fato ou de direito imperativas para a preservação do interesse do

fisco ou de simples razões de conveniência que possibilitem racionalizar e simplificar a fiscalização e o controle da arrecadação tributária.

(42)

Responsabilidade Tributária

Em princípio, o tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador. Nessas condições, surge o sujeito passivo direto (“contribuinte”).

Em outros casos o Estado pode cobrar o tributo de uma terceira pessoa, que

não o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto (“responsável tributário”).

“no Direito Tributário a palavra responsabilidade tem um sentido amplo e outro

estrito. [...] Em sentido amplo, é a submissão de determinada pessoa, contribuinte ou não, ao direito do Fisco de exigir a prestação da obrigação tributária. [...] Em sentido estrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, de determinada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador da obrigação tributária, ao direito do Fisco de exigir a prestação respectiva” (Hugo de Brito Machado)

(43)

Responsabilidade Tributária

Em princípio, o tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador. Nessas condições, surge o sujeito passivo direto (“contribuinte”).

Em outros casos o Estado pode cobrar o tributo de uma terceira pessoa, que

não o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto (“responsável tributário”).

“no Direito Tributário a palavra responsabilidade tem um sentido amplo e outro

estrito. [...] Em sentido amplo, é a submissão de determinada pessoa, contribuinte ou não, ao direito do Fisco de exigir a prestação da obrigação tributária. [...] Em sentido estrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, de determinada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador da obrigação tributária, ao direito do Fisco de exigir a prestação respectiva” (Hugo de Brito Machado)

(44)

Responsabilidade Tributária

Substituição Transferência

a) A lei desde logo põe o terceiro no lugar da pessoa que seria naturalmente tida por contribuinte.

b) Desde o nascimento da obrigação, o responsável já é o sujeito passivo.

c) Ex.: IR retido na fonte.

a) A obrigação de um devedor (que pode

ser um contribuinte ou um

responsável) é deslocada para outra pessoa, em razão de algum evento. b) Pode excluir a responsabilidade do

contribuinte ou fazê-la supletiva

c) Ex.: empresa que incorpora outra, que devia tributos.

(45)

Responsabilidade Tributária Responsabilidade Tributária Substituição “Para Trás” “Para Frente” Transferência Solidariedade Sucessores Terceiros

(46)

Responsabilidade Tributária (Substituição)

A terceira pessoa (substituto) vem e ocupa o lugar do contribuinte (substituído). A essa pessoa, que a lei ordena que substitua o contribuinte, dá-se o nome de “responsável por substituição” ou “contribuinte substituto”, ou, ainda, “substituto

tributário”.

Aqui, a obrigação de pagar, desde o início, é do responsável, ficando o contribuinte desonerado de quaisquer deveres.

(47)

Responsabilidade Tributária (Substituição)

▣ Ex.: (1) o empregador, com relação ao IRRF relativo à renda do empregado; (2) a Caixa Econômica Federal, com relação ao IR incidente sobre o prêmio da loteria auferido pelo ganhador da receita; (3) os fundos de previdência privada, que devem reter o IR na fonte e repassar à União; (4) o laticínio, com relação ao ICMS devido pelo produtor rural na comercialização de leite cru; (5) a usina, com relação ao ICMS devido pelo produtor rural na comercialização da cana em caule, etc.

(48)

Responsabilidade Tributária (Substituição)

▣ Relativamente ao ICMS, a doutrina costuma distinguir a substituição em “substituição para trás” (regressiva/antecedente) e “substituição para frente” (progressiva/subsequente).

(49)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Trás)

Ocorre a “substituição para trás” quando há postergação ou o adiamento do

recolhimento do tributo com relação ao momento pretérito em que ocorre o fato gerador.

Nesses casos, o contribuinte de direito (comerciante ou industrial) adquire

mercadoria de outro contribuinte (em geral, produtores de pequeno porte ou

comerciantes individuais), responsabilizando-se pelo pagamento do tributo

(50)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Trás) Produtor Rural Produtor Rural Produtor Rural Produtor Rural Indústria de Laticínios Mercados Hospitais Escolas Padarias Operação substituída “para trás”:

em tese, incidiria aqui a obrigação tributária

Operação subsequente: o laticínio é responsável pelas obrigações dos produtores e das suas.

(51)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

Ocorre a “substituição para frente” quando há a antecipação do recolhimento do

tributo cujo fato gerador ocorrerá (se ocorrer) em um momento posterior, com

lastro em base de cálculo presumida.

Responsabilidade pelo recolhimento de obrigações oriundas de fatos geradores

futuros, cujos acontecimentos, presume-se, acontecerão no decorrer da cadeia de circulação do produto.

(52)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

Antecipa-se o pagamento do tributo, sem que se disponha de

uma base imponível apta a dimensionar o fato gerador, uma vez que ele ainda

não ocorreu. Logo, a doutrina contesta tal mecanismo por veicular um inequívoco fato gerador presumido ou fictício.

Contudo, o STF reconhece a constitucionalidade de tal substituição (ADI 1851/AL, Rel. Min. Ilmar Galvão, Plenário, DJ 22/11/2002).

(53)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

▣ Como exemplo de tal modalidade, utilizaremos o combustível.

□ Segundo a ANP, o varejo brasileiro de combustíveis caracteriza-se por ser um mercado altamente fragmentado, composto de 536 distribuidoras e mais de 34.000 postos de revenda de combustíveis.

□ A totalidade dos Fiscos, então, em vez de controlar todas as operações da cadeia de produção-distribuição-venda-revenda, optam por concentrar o número de fiscalizados e controlados, com a utilização da sistemática da substituição tributária.

(54)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente) Ref ina ria Distribuidora Posto Consumidor Consumidor Posto Consumidor Consumidor Distribuidora Posto Consumidor Consumidor Posto Consumidor Consumidor O ICMS de toda a

(55)

Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

Regra geral, na substituição “para frente”, o valor do tributo é

calculado de acordo com pautas fiscais estabelecidas em lei, que nada mais são

que presunções legais que estimam a base de cálculo do tributo – o valor da mercadoria ou produto.

Art. 10 da LC nº. 87/1996. “É assegurado ao contribuinte substituído o direito à

restituição do valor do imposto pago por força da substituição tributária, correspondente ao fato gerador presumido que não se realizar.”.

(56)

Responsabilidade Tributária (Transferência)

Dá-se quando a terceira pessoa vem e ocupa o lugar do contribuinte após a

ocorrência do fato gerador, em razão de um evento a partir do qual se desloca (se transfere) o ônus tributário para um terceiro escolhido por lei.

Este terceiro recebe o nome de “responsável tributário propriamente dito”.O “responsável tributário” (transferência) responde por débito alheio,

enquanto o “substituto tributário” (substituição) responde pelo próprio

(57)

Responsabilidade Tributária (Transferência)

Depois de surgida a obrigação tributária contra uma pessoa certa e determinada, é ela transferida a outrem, em consequência de um fato que lhe

é posterior.

□ Ex.: após a ocorrência de um evento determinado (morte do

contribuinte, aquisição de bens, aquisição de fundo de comércio e outros), transfere-se o ônus tributário, que até então estava a pesar sobre o devedor principal, para o responsável tributário.

O CTN prevê três tipos de responsabilidade por transferência: (1) solidariedade

passiva (art. 124 e 125); (2) sucessores (art. 130 a 133); e (3) de terceiros (arts.

134 e 135).

□ Como já estudamos a solidariedade passiva, focaremos nas outras duas modalidades.

(58)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Sucessores) ▣ A obrigação se transfere para outro devedor em virtude do

“desaparecimento” do devedor original.

□ Ex.: morte do primeiro devedor, recaindo o ônus sobre os herdeiros; venda do imóvel ou estabelecimento comercial, incidindo o importe tributário sobre o comprador.

▣ A transferência por sucessores se dá a dois títulos:

Transferência causa mortis: a transmissão do ônus ocorre para os herdeiros,

havendo a sua responsabilidade pessoal (art. 131, II e III, CTN);

Transferência inter vivos: a obrigação se transfere para o adquirente, em quatro

(59)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Sucessores)

Transferência

Inter Vivos

a) Transmissão de imóveis (sucessão imobiliária, art. 130, CTN)

b) Transmissão de bens móveis (sucessão inter vivos, art. 131, I, CTN)

c) Transmissão de estabelecimento comercial, industrial ou profissional (sucessão comercial, art. 133, CTN)

d) Transmissão decorrente de fusão, incorporação, transformação ou cisão (sucessão empresarial, art. 132, CTN)

(60)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

Fundamenta-se no abuso de confiança e na falta de zelo pelo patrimônio de

outrem.

Subdivide-se, no texto do CTN, em responsabilidade subsidiária (art. 134) e em responsabilidade exclusiva, dita pessoal (art. 135).

(61)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

Art. 134 do CTN. “Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da

obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.”.

(62)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

Nos casos previstos neste artigo, existe uma ordem a ser seguida para a

cobrança das obrigações:

Primeiro, o contribuinte originário para, somente se for impossível o pagamento por ele,

iniciar-se a cobrança do responsável.

Cabe ao Fisco o ônus de, caso queira cobrar os créditos dos responsáveis,

demonstrar a impossibilidade da cobrança dirigida ao contribuinte (seja porque

seu patrimônio é insuficiente para saldar os haveres, seja porque não ele não mais existe).

(63)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

O CTN também exige que tenha havido omissão ou intervenção dos próprios

responsáveis nos atos resultantes da obrigação.

A atuação do terceiro na administração do patrimônio do representado

deverá ter relação direta com o nascimento da obrigação tributária não cumprida. □ Ex.: o tabelião que lavrou escritura de compra e venda de imóvel sem verificar se

(64)

Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

Art. 135 do CTN. “São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes

a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.”.

O contribuinte é vítima de atos abusivos, ilegais ou não autorizados, cometidos por aqueles que o representam, razão pela qual se procura responsabilizar

pessoalmente tais representantes, ficando o contribuinte, em princípio, afastado da relação obrigacional.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ A responsabilização exige, para a responsabilidade do terceiro, que ele tenha agido com:

Excesso de poderes: o terceiro age por conta própria, além dos poderes que a norma legal,

contratual ou estatutária lhe conferem.

▪ Ex.: diretor de sociedade que adquire um bem imóvel, sabendo-se que, pelo estatuto social, estava impedido de fazê-lo sem a anuência de todos os sócios. A dívida de ITBI, desse modo, recairá pessoalmente sobre ele.

Infração à lei, contrato social ou estatuto: é importante enfatizar que o simples não

pagamento do tributo, sem dolo ou fraude, não é “infração legal” deflagradora da

responsabilidade pessoal.

É imprescindível para a responsabilização pessoal a atuação dolosa do gerente ou

diretor, devendo ser cabalmente provada. O não pagamento, isoladamente

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

Infração à lei, contrato social ou estatuto

Súmula 430 do STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não

gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.”.

▪ Ex.: (1) empregador que desconta o IRRF ou contribuição previdenciária e não os recolhe ao Erário; (2) a dissolução irregular da sociedade, deixando débitos tributários pendentes e nenhum patrimônio para garantir seu pagamento.

Súmula 435 do STJ: “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de

funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.”.

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