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O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DA IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SEU RETÁBULO

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Academic year: 2022

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O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DA IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SEU RETÁBULO

José Ricardo Flores Faria

Arquiteto e urbanista, Doutor em Arquitetura pela UFRJ/FAU/PROARQ – Rio de Janeiro - RJ Professor e Coordenador, Centro Universitário Teresa D`Ávila – UNIFATEA – Lorena - SP Professor, Instituto Federal São Paulo – IFSP – Jacareí - SP

Coordenador- voluntário, Comissão de Conservação e Construção – CCC/ Paróquia NS Piedade – Lorena - SP

Rodrigo Fernando Alves

Mestre em Teologia Prática pela PUC-SP

MBA em Gestão de Pessoas pelo UNISAL - Lorena-SP Graduado em Filosofia pelo UNISAL - Lorena- SP

Professor, Faculdade Canção Nova – FCN - Cachoeira Paulista - SP Pároco da Paróquia da Catedral de Nossa Senhora da Piedade - Lorena – SP

Cláudia A. G. Rangel

Espª. Conservação/Restauração pela UFMG – Belo Horizonte – MG.

Espª. Conservação e Restauração de Madeira em Bens Culturais - “CENCREM”– Havana – Cuba.

Espª. Restauro de Pintura sobre Tela - Istituto per L’Arte e il Restauro – Florença – Itália.

Espª. Conservação e Restauro de Afrescos - Centro di Lingua e Arte Lorenzo di Medici – Florença – Itália.

Graduação – Educação Artística – FATEA – Lorena

RESUMO

Este artigo descreve o processo de restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário (2017-18), edificação histórica que pertence a Paróquia Nossa Senhora da Piedade, localizada na região central da cidade de Lorena.

A gestão do restauro foi realizada por uma equipe de voluntários de uma Comissão de Conservação e Construção. O trabalho contou com a consultoria de uma empresa da área, que também fora contratada para algumas intervenções, como do retábulo do altar-mor, além dos relatórios de prospecção pictórica, interna e externa e o acompanhamento das diversas etapas e serviços realizados. O edifício, por fazer parte do perímetro de uma praça, que tem tombamento pelo município, faz dele ter ainda mais destaque como bem patrimonial. A pequena Igreja de Nossa Senhora do Rosário da cidade de Lorena, projetada por Ramos de Azevedo, possui grande significado histórico-religioso para a cidade e região. O processo de reforma e restauração da Igreja do Rosário e seu retábulo durou cerca de 18 meses e teve sua reabertura no dia 01 de outubro de 2018.

PALAVRAS-CHAVE

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ABSTRACT

This paper describes the restoration process of the Nossa Senhora do Rosário Church (2017-18), a historic building that belongs to the Nossa Senhora da Piedade Parish, located in the central region of the city of Lorena. The restoration was managed by a team of volunteers from a conservation and construction commission. This restoration was consulted by a company in the area, which had also been contracted for some interventions, such as the altarpiece of the main altar, in addition to reports of pictorial prospecting, internal and external and the monitoring of the various stages and services performed. Because the building is part of the perimeter of a square, which is listed by the municipality, it makes it even more prominent as a heritage asset. The small Church of Nossa Senhora do Rosário in the city of Lorena, designed by Ramos de Azevedo, has great historical and religious significance for the city and region. The process of renovation and restoration of the Church and being an altarpiece lasted about 18 months and reopened on October 1, 2018.

KEYWORDS

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INTRODUÇÃO

A Igreja Nossa Senhora do Rosário, edifi- cação histórica que pertence a Paróquia Nos- sa Senhora da Piedade – PNSP, localiza-se na região central da cidade de Lorena. A gestão do restauro (2011-2018) foi realizada por uma equipe de voluntários da Comissão de Con- servação e Construção - CCC1 da PNSP, criada, em 2017, pelo seu pároco, Pe. Rodrigo Fernan- do Alves, recém-chegado ao cargo. Fui con- vidado e coordenei o projeto como arquite- to e urbanista voluntário. A obra contou com a consultoria da restauradora Cláudia Rangel, que também fora contratada para algumas in- tervenções, como do retábulo do altar-mor, além dos relatórios de prospecção pictórica, interna e externa e o acompanhamento das di- versas etapas e serviços realizados.

Todo o processo, na medida de seu anda- mento, era informado ao Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural de Lorena – COMPHAC, pois o edifício faz parte do perímetro de uma praça, que tem tombamen- to pelo município. Além disso, foram formali- zadas junto ao prefeito e secretaria as autori- zações necessárias para a reforma de interior, exterior, telhado e muros, além da ampliação do calçamento frontal, criando um largo, que inclui duas palmeiras, na frente da igreja.

A pequena Igreja de Nossa Senhora do Ro- sário (Figura 01) da cidade de Lorena, proje- tada por Ramos de Azevedo, possui grande significado histórico-religioso para a cidade e região. Com características neoclássicas, vi- sualizada em seu frontão triangular, planta em

1- A missão da CCC é zelar pela preservação das estruturas físicas, de modo a obra evangelizadora pos- sa ser realizada em ambientes seguros, conservando a história cultural, patrimonial e religiosa da Paró- quia Nossa Senhora da Piedade. Criada em 31.03.2017, atualmente é formada pelos seguintes voluntários:

Pe. Rodrigo Fernando Alves, pároco; Adriano Fausti- no Marques, comerciante; Cristiano Quintana Bitten- court, advogado; José Ricardo Flores Faria, arquiteto (coordenador); Márcio José Leão Bueno, comercian- te; Natasha Penque, arquiteta (coordenadora); Regi- na Maria Martins de Oliveira, tesoureira; Tânia de Al- meida Denis Nogueira Barbosa, bancária aposentada e Tatyana Bellini de Barros, arquiteta (coordenadora).

cruz grega e cúpula central, representa um im- portante exemplar da arquitetura do século XIX na região.

Figura 01: Igreja Nossa Senhora do Rosário, antes da restauração

Fonte: autor, 2017

Trata-se de um edifício muito valori- zado histórica e culturalmente pelos cida- dãos e pela comunidade religiosa, que vi- nha sofrendo com a deterioração de sua estrutura física, como o piso em assoalho, instalações e as esquadrias, por exemplo.

A localização do edifício é estratégica em relação ao turismo histórico e religioso e compõe um circuito turístico da região central da cidade, denominado Quadrilá- tero Sagrado (Toledo, 2012), conforme a fi- gura 02, percurso tradicional de procissão religiosa que passa pela área, que percor- re as principais ruas centrais, praças e edi- fícios históricos e religiosos. Este percur- so foi incorporado recentemente ao mapa turístico da cidade de Lorena, valorizando ainda mais sua importância enquanto bem patrimonial.

Nos últimos anos, antes de 2017, a igreja vinha sendo utilizada cada vez menos, com apenas alguns momentos de uso na sema- na. Outrora, nas décadas de 1980 e 1990, principalmente, conforme o jornal O Lore- nense (Oliveira, 2018) menciona que

Anuário de Lorena 1986, do Jornal Guaypacaré, à página 14, lê-se: A Igreja do Rosário está aberta para o Grupo de Orações Deus Conosco, da

“Tia Laura”. Segundo o autor, durante muitos anos, a Igreja lotava, com fiéis vindos de todo o Brasil, inclusive gente

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famosa, como o cantor Sérgio Reis, e o Mequinho, campeão mundial de xadrez.

Isso para citar só duas personalidades, como exemplos. Porque havia mais gente de renome, muito mais. Mas quem lotava mesmo a Igreja do Rosário era o povo! Tia Laura – Laura Mendes da Silva – era mesmo carismática, chamada de

“milagrosa” pela maioria dos fiéis, de fé inabalável e raríssima.

em Lorena, dá-se concomitantemente à fundação de Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade em meados de 1720, pois já em 1748 há indícios da existência da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em plena atividade no interior da Igreja conforme registrado à Folha 8 do Livro de Tombo da Igreja Matriz (1747-1883).

Devido ao crescimento da Irmandade é solicitada a permissão para construir uma Capela dedicada ao Rosário, sendo a capela primitiva custeada pelo Capitão Gregório José dos Santos e benzida pelo Vigário Pe. José Gonçalves da Silva no dia 26 de novembro ano de 1803.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário se apresenta como um dos bens religiosos edificados mais significativos no contexto histórico do Vale do Paraíba. Com projeto de Ramos de Azevedo, sua construção foi iniciada em 1889, pelo Padre José Ferrei- ra, em alvenaria de tijolos, e inaugurada em 1 de novembro de 1919. Conforme Rangel (2018), em estilo eclético, a igreja do Rosá- rio se destaca entre as diversas constru- ções da cidade. A autora identificou na fo- lha 56 do Livro de Tombo (Figura 03) da Igreja Matriz (1910 a 1941), e a descrição, do Vigário, Pe. José Arthur de Moura, de todo o processo de angariação de verbas e seus patrocinadores, assim como as festi- vidades realizadas na inauguração, e apon- tando, ainda, que os elementos artísticos que de seu interior foram encomendados em São Paulo ao artista Marino Del Fávero.

Finalizando este apanhado sobre a Capella e sua conclusão, devo dizer, que a mesma contem muitas obras de arte.

Assim podemos notar o Altar, imitação de marmore, o Confissionario elegante – contendo as figuras do Bom Pastor e de Magdalena -, a Meza da Communhão e os vitraux, que foram preparados, em S. Paulo, pelo artista – Marino Del Favero. Lorena, 31 de Dezembro de 1919.

O Vigario, Pe. José Arthur de Moura.

Figura 02: Edifícios históricos e Área de abrangência do Quadrilátero Sagrado, percurso religioso realizado em seu perímetro.

Autor: Silva, 2020

CARACTERIZAÇÃO DA IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, LORENA – SP

Ela se encontra na cidade de Lorena, no Vale do Paraíba paulista, à Praça Capi- tão Mor Pereira de Castro, mais conhecida como Praça do Rosário. Lorena originou- -se em 1705 de um pequeno povoado cons- tituído no final do século XVII, chamado de Guaypacaré. O qual tornou-se freguesia em 1718 com o nome de Freguesia de Nos- sa Senhora da Piedade, vila em 1788 e foi elevada a cidade em 1856. Tornou-se co- nhecida por “cidade das palmeiras impe- riais”, devido à quantidade de palmeiras em suas praças públicas. Conforme Cava- terra (2014, 141) sendo as primeiras plan- tadas no último quartel do séc. XIX”. Ain- da segundo a autora,

Nos tempos do café abrigou grandes e importantes fazendas e atualmente é polo industrial e universitário. A devoção a Nossa Senhora do Rosário,

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De acordo com Rangel (2018), a edifi- cação foi construída em alvenaria de ti- jolos, com emboço e reboco à base de cal hidráulica (originalmente). Pode-se iden- tificar que as pinturas externas e internas são lisas, sem recursos pictóricos. O piso da nave e presbitério são de assoalhos de madeira, já a abside e a sacristia de piso hi- dráulico. No interior da igreja, há um be-

Figura 03: Imagem da descrição do Pe. José A. Moura, referente a igreja.

Fonte: Livro do Tombo, folha 56, 2018

líssimo retábulo em estilo românico/ne- oclássico, assim como duas penhas com querubins/atlantes que completam a or- namentação religiosa. Pode destacar ain- da a existência de uma porta de entrada imponente, com entalhes e ferragens (Fi- gura 04 e 05) com inscrição de 1919. Esta peça também foi inteiramente restaurada, no primeiro semestre de 2018.

Figura 04 e 05: Entalhe de Madeira na porta principal e ferragem do trinco com inscrição 1919.

Fonte: Rangel, 2018

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De um modo geral, segundo Rangel (2018), o estado de conservação da Igre- ja de Nossa Senhora do Rosário é bom. A parte murária apresenta-se estável e ínte- gra. Não se encontrou quadros fissurati- vos relevantes, que indiquem sinais visu- ais de risco ou de crise no sistema estático das paredes. Para a autora, “Sabe-se que na década de 1990 a igreja passou por in- tervenções em sua parte externa – as gra- des ornamentais e de proteção foram subs- tituídas por muros de alvenaria de tijolos.

Sob o assoalho de madeira e no entorno da edificação foram identificados infestação de cupins subterrâneos e vigas e barrotes de sustentação em estado precário” (2017, 05) e conforme mencionado, anteriormen- te, problemas resolvidos durante as inter- venções de restauro do assoalho em 2017.

Em seu relatório técnico, a autora descre- ve sobre o estado de conservação exterior:

Na parte externa e áreas pontuais internas da cúpula é possível observar manchas causadas por fungos emboloradores e manchadores e inconsistência física (pulverulência) em pontos isolados da argamassa, devido as repinturas de base acrílica, intempéries e poluição atmosférica. Observou-se, também, obturações inadequadas na argamassa de reboco denotando relevos indesejados e incongruências com as argamassas originais, necessitando algumas correções. A pintura original era à base de cal hidráulica com pigmentos e aglutinantes magros. Ao longo dos anos a edificação recebeu diversas camadas de repinturas a base de P.V.A. As esquadrias metálicas apresentam ressecamentos e oxidações pontuais, necessitando de um tratamento adequado de raspagem e aplicação de antioxidantes. (2017, 06)

O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DA IGREJA E DO RETÁBULO

O trabalho inicial da CCC, quando criada, foi identificar, ainda no início de 2017, os principais desafios em cada edi-

fício (figura 06) da PNSP, composta por diversas edificações, incluindo sua Cate- dral2, edifício tombado pelo município.

Particularmente, na Igreja do Rosário, fo- ram identificados alguns problemas em sua estrutura física, como o piso e o te- lhado, por exemplo. No entanto, o pro- blema mais crítico identificado foi no retábulo do altar-mor. Peça totalmen- te executada em madeira, estava muito comprometida, com sua quase totalida- de, tomada por cupins. A partir do pano- rama identificado no edifício, foi possí- vel traçar o planejamento para as ações necessárias, emergenciais e outras a mé- dio e longo prazo. O primeiro passo nes- se sentido, foi buscar a estabilização do retábulo, com o apoio técnico e a contra- tação do serviço para sua restauração.

Vale salientar que todas as ações de intervenção das estruturas físicas na pa- róquia, são empreendidas pelo seu pá- roco, orientadas e validadas pela CCC.

Estas ações são realizadas através de recursos arrecadados de doações da co- munidade, bastante limitados. Nesse sen- tido, além dos voluntários da CCC, há aproximadamente 250 leigos engajados voluntariamente nas mais diversas ativi- dades pastorais e evangelizadoras da Pa- róquia da Catedral. Inclusive no processo de restauração da Igreja do Rosário, al- guns trabalhos realizados, produtos ou equipamentos utilizados foram doações de leigos, profissionais ou comerciantes locais, voluntariamente. Conforme men- cionado anteriormente, a primeira etapa da restauração se deu nas ações no retábulo da

2- A Catedral Nossa Senhora da Piedade é a Igreja “Mãe”

as Diocese de Lorena e possui 30 paróquias, nos 13 municípios que a compõe: Lorena, Cruzeiro, Cunha, Cachoeira Paulista, Pi- quete, Lavrinhas, Canas, Queluz, Silveiras, Areias, São José do Barreiro, Arapeí e Bananal. A Paróquia da Catedral, além da Sé Catedral e da Igreja do Rosário, que se localizam no centro da cidade de Lorena, possui outras comunidades em suas delimita- ções territoriais, são estas comunidades: São Roque, no bairro de São Roque; Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida, área rural do Porto do Meira; São Sebastião, no bairro da Cabelinha;

Santa Teresinha e Santa Cruz, nas margens da antiga ferrovia, próximo ao Centro.

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Figura 06: Principais Desafios identificados pela CCC Fonte: autores, 2017

Igreja do Rosário. Nele foram detectados al- guns problemas (Figura 07), que contribuem para a deterioração de seus elementos lig- niformes. Conforme Rangel (2017), em seu relatório técnico

R e f e r e m - s e p r i n c i p a l m e n t e a fortíssima infestação de insetos xilófagos e à presença de umidade, que causam perdas na madeira, além de sujidades generalizadas. Há também perdas pontuais da policromia e do douramento, lacunas de profundidade, perdas por impacto mecânico, abrasões, desprendimento da camada pictórica e fendas por deslocamento do suporte.

Além disso, há uma grossa camada de verniz aplicada em intervenções anteriores, que amareleceu com o tempo, interferindo na leitura estética da obra.

Figura 07: Retábulo do altar-mor e, em detalhe, alguns problemas identificados.

Fonte: Rangel, 2017

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Para a adequada realização do traba- lho, foi necessária a desmontagem de todo o retábulo, pois ele se encontrava em es- tado avançado de deterioração, podendo ruir a qualquer momento. Nesse sentido, foi fundamental reservar uma área restrita e isolada do público para a montagem do canteiro de obras, depósito de materiais e equipamentos. Pela dificuldade de trans- porte das peças e pelo estado frágil em que se encontram, houve a necessidade da in- terdição da igreja, inicialmente para esse serviço e, posteriormente, para toda a res- tauração da estrutura física da edificação.

A proposta de tratamento utilizada foi rea- lizada em 4 meses pela Conservadora/Res- tauradora Cláudia Rangel.

Além do processo de restauração do retábulo, em paralelo, se iniciaram outras etapas importantes. Entre elas, destaca-

Figura 08: Em detalhe, algumas peças que precisaram ser substituídas na reparação do piso de assoalho. Ao fundo, o presbitério e o retábulo restaurados.

Fonte: Rangel, 2017

-se como segunda etapa, a estabilização do piso de assoalho de madeira (Figura 4), que em alguns trechos, estava com um re- calque importante, que se notava visual- mente e com fortes ruídos ao ser utilizado pelos fiéis, causando desconforto e insegu- rança em momentos de intenso uso do es- paço. Foi realizado o controle dos cupins de madeira e de solo, pois parte do madei- ramento de sua sustentação, no porão, es- tava bastante tomado pelos insetos, tendo deteriorado algumas peças de sustentação e tomado algumas alvenarias. Toda a es- truturação no solo e na estrutura e poste- riormente com a troca de algumas peças do próprio assoalho de madeira, foi ne- cessário para sua completa estabilização, alinhamento, lixamento (Figura 08) e en- cerramento, deixando o piso conforme o estado original.

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Posteriormente, foram realizados os tra- balhos de prospecção de pintura (Figura 09 e 10), que compõe o relatório técnico geral de restauração da parte murária do edifí- cio, também pela empresa da restauradora responsável. As orientações desse trabalho puderam subsidiar as etapas subsequen- tes do processo de restauração interna e externa. A empresa, também responsável pela execução, fez a restauração completa

do presbitério, com a recuperação de pin- tura da cúpula, pinturas decorativas e mar- morizados. Além disso, a reconstituição do piso com um novo ladrilho hidráulico (Fi- gura 11), propondo uma releitura para seu desenho original. Toda o presbitério ficou pronto em tempo para a montagem do re- tábulo restaurado, antes mesmo do restan- te do interior da igreja, sendo a terceira eta- pa principal do trabalho.

Figura 09 e 10: Estudos Estratigráfico da Prospecção Pictórica interna e externa da Igreja.

Fonte: Rangel, 2017-06.

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Esta etapa da execução interna contou com um planejamento geral da edificação, a partir da proposta de um novo layout, com a troca dos bancos, da mesa, do ambão e de todas as cadeiras, além da reorganização da localização das imagens de dois santos ne- gros, Santo Elesbão e Santa Efigênia, dispos- tos nas naves laterais. Com a reorganização do layout (Figura 12), incluindo a localização dos equipamentos de som para os músicos, foi possível preparar um novo projeto de instalações elétrica, som, ar condicionado, alarme e iluminação. Toda a infraestrutura necessária foi realizada, desde a quebra ao fechamento e preparação das paredes para a pintura, realizada posteriormente.

A Planta de Layout foi preparada e dis- cutida nas reuniões mensais da CCC, após levantamentos, pesquisas e a consulta a restauradora ou à legislação pertinente.

Foram incluídos diversos outros aspectos que foram empreendidos no processo de reforma e restauração, tais como:

• Projeto de acessibilidade física, com a instalação de rampa metálica (com menor interferência no bem patri- monial) com acesso pelos fundos, na sacristia;

• Substituição dos muros (Figura 13 e 14), frontal e lateral, por grades me- tálicas em meia altura, com a relei- tura (através de fotografias antigas da edificação) do gradil original;

• Criação de um largo frontal da igreja, que anteriormente era usa- do como estacionamento irregular.

Nesse largo, pode-se incluir a arbo- rização com duas palmeiras, ram-

Figura 11: Em detalhe, novo ladrilho hidráulico utilizado no presbitério e na sacristia.

Fonte: autor, 2017

Figura 12: Planta de Layout interior e exterior da Igreja do Rosário.

Fonte: autor, 2018

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pa de acesso, recuo para embarque e desembarque, acesso a garagem descoberta e a rampa de acesso;

• Reforma e ampliação do espaço anexo, com banheiros e bebedouro;

• Recomposição dos canteiros e es- paços de paisagismo (Figura 15), com uma releitura da configuração original;

• Criação de um totem (Figura 16) para homenagem “Tia Laura”, pelo importante trabalho religioso reali- zado neste lugar;

• Proposta de um novo corrimão para a escada de acesso principal; entre outros.

Figura13 e 14: Imagens da lateral da igreja com a configuração de parte muro frontal, antes e depois da reforma, com a proposta de nova posição do acesso.

Fonte: autor, 2018

Figura 15 e 16: Imagens área externa da igreja, com o redesenho dos canteiros e o novo paisagismo, além da criação do totem para homenagem para “Tia Laura”.

Fonte: autor, 2018

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de reforma e restauração da Igreja do Rosário e seu retábulo durou cer- ca de 18 meses, iniciado em abril de 2017 com sua reabertura3 no dia 01 de outubro de 2018. Foi um processo lento, como re- quer o trabalho de restauro, mas sobretu- do pela necessidade de se angariar recur- sos para efetivação das diferentes etapas.

O trabalho em conjunto da equipe da CCC, liderados pelo pároco e pela coordenação, amparados tecnicamente nos aspectos de restauração do patrimônio pela restaura- dora responsável, foram decisivos para seu êxito. Vale destacar o apoio institucional da Diocese de Lorena, da Prefeitura Municipal de Lorena e do COMPHAC. Além disso, os inúmeros leigos que doaram seu trabalho ou sua ajuda financeira permitiu essa im- portante valorização da cultura para Lore- na e Região. A Figura 17 pode mostrar a re- cuperação e revitalização da edificação e seu entorno imediato, trazendo benefícios inclusive para a vizinhança local, a medi- da que traz mais uso, iluminação noturna e a permeabilidade visual através do res- gate do gradil com fechamento.

Figura 17: Imagens externas da igreja, após a restauração.

Fonte: autor, 2018

REFERÊNCIAS Documental:

Livro Tombo da Igreja de Nossa Senhora da Piedade. Período de 1910 a 1941, folha 56.

Bibliográfica:

CAVATERRA, C.A. Capela de Nossa Senhora do Rosário de Lorena – Uma pequena joia eclética no Vale do Paraíba. Campinas: UNICAMP - X EHA - Encontro de História da Arte, 2014.

CR CONSERVAÇÃO PREVENTIVA. Prospecção pictórica da Igreja de Nossa Senhora do Rosário Lorena. Guaratinguetá: Relatório Técnico, 2018.

_________________________________. Restauro do Retábulo do Altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário Lorena. Guaratinguetá:

Relatório Técnico, 2017.

OLIVEIR A, J.B.P. História da Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos de Lorena. Lorena: O LORENENSE, 2018. ( acessado em https://www.

olorenense.com.br/2018/10/01/historia-da- igreja-da-irmandade-de-nossa-senhora-do- rosario-dos-homens-pretos-de-lorena/).

SILVA, A.G. Roteiro Histórico-cultural e fichas de inventário: Desenvolvimento conceitual e gráfico para a cidade de Lorena – SP. Bauru:

UNESP. Projeto de Pesquisa, 2020.

TOLEDO, F. S. [ORG.]. O Quadrilátero Sagrado de Lorena. Lorena: CESAPER, 2012 (Inédito).

Referências

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