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Geoenvironmental Analysis for the Delimitation of the Construction waste Disposal Área

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Academic year: 2021

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Resumo: a intensa produção de resíduos de construção civil e demolição (RCCD) nos espaços das cidades constitui um problema central para a gestão pública, es-pecialmente diante da dificuldade em se encontrar lugares adequados para depo-sição destes resíduos sem que isso configure um risco à população . Nesse sentido, o presente estudo visa elencar aspectos geoambientais (geológicos, geomorfoló-gicos e dinâmica hidrológica) para avaliação do terreno com o auxílio de ferra-mentas SIG e expedições de campo. Para tanto, sistematizou-se, sequencialmente, as etapas metodológicas, sendo elas: elaboração de mapas temáticos, entrevistas com moradores e técnicos da Prefeitura Municipal, acompanhamento do processo de formação do depósito e diagnóstico ambiental final. Por fim, foi possível elen-car e propor medidas estruturais e não-estruturais, corretivas e mitigadoras para a área do depósito possibilitando equilíbrio ambiental em consonância com as formas de uso e ocupação predominantes da região.

Palavras-chave: Resíduos de Construção Civil e de Demolição. Análise Geoambi-ental. Senador Canedo. Goiás.

GEOENVIRONMENTAL ANALYSIS FOR THE DELIMITATION OF THE CONSTRUCTION WASTE DISPOSAL ÁREA

Abstract: the intense production of construction and demolition waste (RCCD) in city spaces is a central problem for public management, especially in view of the difficulty in finding suitable places for the disposal of this waste without this poses a risk to the environment. In this sense, the present study aims to identify geoenvi-ronmental aspects (geological, geomorphological and hydrological dynamics) for the evaluation of the terrain with the aid of GIS tools and field expeditions. In order to do so, the methodological stages were systematically systematized. They were: thematic maps, interviews with residents and technicians of the City Hall, monito-ring of the deposit formation process and final environmental diagnosis. Finally, it

A R

T I G O S

Anna Luíza Garção Oliveira, Onaldo José Nunes Filho, Olívio Fiorese Neto, Fabrício Borges Amaral, Regiane Lima Rodrigues, Thiago Augusto Mendes

ANÁLISE GEOAMBIENTAL

PARA DELIMITAÇÃO

DE ÁREA DE DEPÓSITO

DE RESÍDUOS

DE CONSTRUÇÃO CIVIL*

D O I 10.18224/b ar u.v3i2.6169

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was possible to list and propose structural and non-structural, corrective and mitigating measu-res for the area of deposit and permanent balance with the environment and with the predominant forms of use and occupation of the region.

Keywords: Civil Construction and Demolition Waste. Geoenvironmental Analysis. Senador Canedo. Goiás.

ANÁLISIS GEOAMBIENTAL PARA DELIMITACIÓN DE ÁREA DE DEPÓSITO DE RESIDUOS DE CONSTRUCCIÓN CIVIL

Resumen: la intensa producción de residuos de construcción civil y demolición (RCCD) en los espacios de las ciudades constituye un problema central para la gestión pública, especialmente ante la dificultad de encontrar lugares adecuados para depositar estos residuos sin que ello conlleve un riesgo a la población. En este sentido, el presente estudio tiene como objetivo el encolar aspectos geoambientales (geológicos, geomorfológicos y dinámica hidrológica) para la evaluación del terreno con la ayuda de herramientas SIG y expediciones de campo. Para ello, se sistematizó, secuencialmente, las etapas metodológicas, siendo ellas: elaboración de mapas temáticos, entrevistas con moradores y técnicos del Ayuntamiento Municipal, seguimiento del proceso de formación del depósito y diagnóstico ambiental final. Por último, fue posible definir y proponer medidas estructurales y no estructurales, correctivas y mitigadoras para el área del depósito posibilitando equilibrio ambiental en consonancia con las formas de uso y ocupación predominantes de la región.

Palabras clave: Residuos de Construcción Civil y de Demolición. Análisis Geoambiental. Senador Canedo. Goiás.

O

setor Jardim das Oliveiras em Senador Canedo tem sua história de ocupação marcada por locação de assentamentos destinados à habitação social, bem como ao uso por pequenas comunidades agrícolas desde a década de 1950. Atualmen-te, a expansão do mercado imobiliário e do setor de serviços tem provocado significativas mudanças na ocupação dos espaços, que adquiriu características urbanísticas mais bem definidas, como arruamentos, iluminação, transporte público e que, consequentemente, fomentou a expansão urbana na região.

O desenvolvimento e expansão da malha urbana tem, como um dos resultados, aumento significativo na produção de resíduos de construção civil e demolição (RCCD), que devem, segundo a Resolução CONAMA n° 307 ser destinados/depositados em locais adequados de modo a minimizar os impactos ambientais gerados.

Portanto, esta investigação tem como objetivo central apresentar os resultados do processo de avaliação geológica/geomorfológica/pedológica da área disponibilizada para implantação do depósito de RCCD no município de Senador Canedo de modo a com-preender as potencialidades e limitações geotécnicas do terreno frente a sua nova ocupa-ção e uso.

A área requerida pelo município de Senador Canedo é de propriedade particular, e con-sistia em terreno onde outrora fora retirado cascalho para construção civil, resultando em vala aberta sem uso aparente. Trata-se de espaço amplo, aberto, com vegetação muito rala, de declividade descendente e arredores fortemente adensados por loteamentos. O terreno total apresenta aproximadamente metade de sua área apta a uso urbano e outra metade

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com-posta por Área de Preservação Permanente (APP), ligando o canal fluvial – córrego do Retiro -, ao morro que se eleva em torno de 50 metros ao nível do solo.

A Figura 1 apresenta a Localização, a delimitação da área investigada e as referên-cias estaduais e nacionais da área.

Figura 1: Localização em escala municipal, estadual e nacional da área remanescente do condomínio que constitui área do depósito de resíduos de construção civil e de demolição

Todo o processo de estudo e implementação do depósito contou com o apoio e fiscalização da Agência Municipal de Meio Ambiente de Senador Canedo, Ministério Público e técnicos da Prefeitura Municipal.

MATERIAL E MÉTODOS

A busca por referenciais teóricos e metodológicos que abordassem estudos para caracteri-zação das áreas de depósito de RCCD e que propusessem metodologias investigativas que levas-sem em contas as limitações de tempo, recurso e dados consistiu em uma das principais etapas para elaboração do estudo. Nesse sentido, buscou-se elencar autores que dialogassem com os elementos normativos e administrativos inerentes à questão ambiental dentro das áreas urbanas, sem abandonar as técnicas de procedimento de obtenção de dados restritamente relacionados aos processos do meio físico aplicados às grandes áreas. Desta forma, buscou-se uma integração de conhecimentos, de forma a diminuir os impactos inerentes à solicitação requerida.

Nesse sentido a Análise Geoambiental, com especial atenção para os aspectos geo-lógicos, geomorfogeo-lógicos, pedológicos e geotécnicos foi selecionada como metodologia

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central na identificação de limitações e potencialidades geotécnicas do terreno frente a sua adequabilidade para a formação de depósito de RCCD. Todo o processo de obtenção e análise de dados foi respaldada por ferramentas de geoprocessamento (Arc Gis).

Preliminarmente, faz-se necessário conceituar resíduos sólidos de construção civil e de demolição que, segundo a resolução CONAMA 307/2002 trata-se de:

[...] resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plástico, tubulações, fiação elétrica etc., co-mumente de entulhos de obras, caliça ou metralha (CONAMA, 307/2002, p. 1).

Portanto, para a avaliação normativa/administrativa, utilizou-se como fontes a reso-lução CONAMA 307/2002 e a NBR 15113 de 2004.

A utilização de ferramentas de geoprocessamento foi de fundamental importân-cia para conhecer a distribuição e o comportamento espaimportân-cial das unidades geológicas e geomorfológicas, de forma subsidiar as ações e intervenções antrópicas necessárias ao ambiente. Goes et al. (2015) atestam a importância do estudo das questões ambientais de forma a contribuir para a maior eficácia no planejamento ambiental/territorial.

A análise geoambiental atua como ferramenta integradora dos elementos do meio físico observadas sistematicamente em etapas de campo, não de forma a construir uma compartimentação geoambiental específica, mas de forma a elucidar limites e potenciali-dades geotécnicas dos terrenos em questão a partir da observação das feições morfológicas. Estas feições são embasadas pela geologia, constituídas no substrato imediato, que é o solo, ocupadas por fauna, flora e, principalmente, submetidas às ações antrópicas. O todo este conjunto interativo, somam-se, ainda, os geoparâmetros morfométricos, como declivida-de e altitudeclivida-de (GOES et al., 2015, p. 167).

Para realização do objetivo central, que é caracterizar a área sob o ponto de vista geoambiental e, atender os procedimentos administrativos junto à Prefeitura Municipal e Secretaria de Meio Ambiente do município de Senador Canedo, optou-se pela construção de um roteiro metodológico compartimentado em etapas.

Na primeira etapa fez-se necessário o reconhecimento da área e contexto socioam-biental da região. O grande questionamento estava centrado na adequação, preliminar, ao exposto pela NBR 15113/2004 (Quadro 1):

Quadro 1: Critérios para localização de depósito de resíduos sólidos de construção civil

Critérios para localização

 O impacto ambiental a ser causado pela instalação do aterro seja minimizado;

A aceitação da instalação pela população seja maximi-zado;

Esteja de acordo com a legislação de uso do solo e legis-lação ambiental

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Fonte: NBR 15.113/2004.

Para tanto, foram realizadas visitas técnicas in loco para delimitação e levanta-mento de dados geológicos, pedológico, geomorfológicos, geotécnicos, e foi possível também, pelo contato com técnicos e moradores, explanar e breve histórico da ocupação do bairro Jardim das Oliveiras.

De posse das informações preliminares, foi possível dar início a segunda etapa, que consistiu na elaboração dos primeiros mapas para delimitação da área e compreen-são do contexto geológico e de dinâmica hídrica. Entrevistas com técnicos da Prefeitura Municipal e moradores da região ocorreram de forma a diagnosticar a evolução da área embaciada e como este espaço é visto pelos moradores.

Após sucessivas visitas in loco, realizadas durante os meses de novembro e dezem-bro de 2016, foi possível a elaboração de Laudo de Diagnóstico Ambiental que compõe a terceira etapa.

Na quarta etapa foi realizado o acompanhamento do processo de formação do depósito, com especial atenção para o tipo de material depositado, sendo necessária a limpeza de materiais adversos (como resíduos domiciliares), tendo em vista a possibi-lidade de contaminação do lençol freático por substâncias diferentes aos resíduos de construção civil.

Finalizada as atividades de deposição dos RCCD, uma camada de terra foi lançada sobre o material depositado, sendo que outras medidas estruturais e não-estruturais esta-belecidas no Laudo de Diagnóstico Ambiental, bem como nas orientações gerais cedidas por técnicos da Prefeitura Municipal deveriam ser concluídas para finalização da ativida-de prevista em projeto.

Adequabilidade

Geologia e tipos de solo;Hidrologia;

Passivo Ambiental;Vegetação;

Vias de acesso;

Área e volume disponível;

 Distância de núcleos populacionais; Acessos, Isolamento e

sinali-zação

 Acessos internos e externos protegidos;  Cercamento do perímetro da área em operação

Proteção de águas subterrâneas e superficiais

 O aterro deve prever sistema de monitoramento das águas subterrâneas, no aquífero mais próximo a superfície, podendo este sistema ser dispensado a critério do órgão ambiental competente, em função da condição hidrogeologica local. Aterros de peque-no porte estão dispensado do monitoramento; Padrões de proteção da água

subterrânea

 O aterro não deve comprometer a qualidade das águas subterrâneas, as quais, na área de influência do aterro devem atender aos padrões de potabilida-de estabelecidos na legislação;

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RESULTADOS Geoambiental

Segundo dados do Sistema Estadual de Geoinformação e mapeamentos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) através do Programa de Integração de Dados com vistas à elaboração de cartas na escala de 1:250.000, a área objeto de estudo é composta pela Unidade B do Grupo Araxá. Esta unidade foi definida inicialmente por Barbosa (1955) e caracterizada pela presença de metassedimentos, tais como biotita xistos comumente gra-natíferos que se alternariam com camadas quartzíticas e localmente com lentes de gnaisses, mármores calcíticos e/ou dolomítico, anfibolitos e metabasitos. Posteriormente, Barbosa et

al. (1970) restringem o Grupo Araxá a xistos com duas micas e com granada, rutilo, zircão,

turmalina, cianita e estaurolita intercalados por quartzitos, anfibolitos.

Figura 2: Mapa geológico com destaque para polígono da área de estudo

Araújo (1994) divide este o Grupo Araxá em duas unidades as quais denominou de Sequência Xistosa e Sequência Quartzosa. A primeira é constituída essencialmente por granada-biotita xisto, localmente, enriquecidos em cianita, estaurolita, carbonato e/

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ou feldspatos, normalmente, apresentando segregações de quartzo e quartzo e feldspatos formando vênulas e veios de dimensões métricas. A Sequência Quartzosa é constituída de quartzo xisto, muscovita-quartzo xisto e quartzitos puros ou micáceos, podendo ou não ser portadores de feldspatos, biotita e/ou granada.

Já para Lacerda Filho e Oliveira (1995), o Grupo Araxá na região é composto por uma sequência pelítica marinha, constituída por calciclorita-(biotita/muscovita) xistos, calci-clorita-biotita xistos feldspáticos, calcigranada-biotita-quartzo xisto feldspático, granada-clorita xistos, hornblenda-granada xisto feldspáticos, grafita xistos, lentes de metacalcários e subordinadamente, quartzitos micáceos com intercalações de muscovita xistos e grafita xistos; lentes de anfibolitos e metaultramáficas.

Na área de estudo as litologias comumente encontradas na forma de afloramentos em lajedo, bloco rolado isolado e laterais ao canal fluvial (pequenos taludes) são: xistos, metarenitos/quartzitos e metapelitos, todos interpretados como pertencentes ao Grupo Araxá Unidade B, tal como pode ser observado no Mapa Geológico (Figura 2).

Figura 3: Muscovita Biotita Xisto com Granada em amostra e em afloramento

Do conjunto litológico que compreende a unidade B do Grupo Araxá, a Figura 3 apresenta a litologia mais comum presente na porção sul da região: o xisto, com variações mineralógicas principais, secundárias e acessórias que permitem inferir que o grau de metamorfismo regional aumenta em direção à região sul, em concordância com a dinâ-mica hidrológica que também tem tendência de escoamento, por declividade para o sul. Presença de minerais índices, estruturação xistosa, foliácea e descontinuidades mais bem marcadas reiteram tal constatação.

Intercalados aos xistos e quartzitos, foram identificadas lentes de metapelito de co-loração variegada, fortemente alterados, friáveis, com baixa resistência ao toque do mar-telo (Figura 4a). As litologias pelíticas apresentam-se bastante alteradas, sendo possível identificar, inclusive, perfis de alteração e pedogênese destas rochas. O contato entre as litologias xistosas de cor variegada e localmente enriquecidas com granada e estaurolita e litologias homogeneamente quartzíticas, raramente micáceas, apresenta-se de forma abrupta e constante em toda a área investigada, demonstrando claramente se tratar de uma intercalação litológica de contato abrupto (Figura 4b).

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Figura 4: a) Contato abrupto entre xisto e quartzito; b) Metapelitos friáveis, de cor variegada, com foliação

Os quartzitos apresentam-se mineralogicamente homogêneos formados por cristais subédricos de quartzo e sedimentos bem arredondados e maduros também de mineralogia quartzosa, essencialmente translúcida/branca. Nas porções com planos de fraqueza, apre-sentam-se mais alterados com coloração variegada. A Figura 6 ilustra, no lado esquerdo da imagem, as litologias apresentando uma estruturação regional composta por descon-tinuidades de direção SW com planos de fraqueza facilmente identificados em toda a extensão do campo, especialmente na região mais ao sul da área investigada (Figura 5).

Figura 5: Afloramento de quartzito em bloco isolado

Coberturas de idade terciária-quaternária, muito comuns em extensão territorial no estado de Goiás, também foram observadas ao longo de toda a área de investigação. Cor-respondem a uma superfície desenvolvida a partir de processos de pediplanação. Na re-gião central da área investigada foi identificado perfil onde ocorrem níveis de stone lines de solo em processo de alteração a partir de rochas lateríticas ricas em goethita.

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Em regiões próximas ao canal fluvial, predominam aluviões provavelmente quaternários e recentes predominantemente arenosos formando planícies de inunda-ção ao longo das drenagens atuais e paleodrenagens. Constituem sedimentos homo-gêneos inconsolidados, localmente com níveis cascalhosos quando observados em grandes taludes.

Hidrogeologicamente o município de Senador Canedo tem domínio composto por metassedimentos/metavulcanicas com dinâmica hídrica relacionadas a poros e fissuras em formações cristalinas de idade Cenozóica, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2001).

Os domínios metassedimentares compostos por xistos, metarenitos, metassiltitos, anfibólios, quartzitos, ardósias, metagrauvacas entre outras, possuem baixa favorabilida-de hidrogeológica e estão relacionadas a aquíferos fissurais, no qual toda a movimentação de água se dá por descontinuidades das rochas. A configuração do aquífero é, portanto, aleatória, descontínua e de pequena extensão.

Já porções do terreno compostas por rochas sedimentares de baixo grau meta-mórfico apresentam maior quantidade de poros no pacote litológico quando comparado à rochas cristalinas, mas o elevado grau de litificação das estruturas e compactação permitem classificar essa porção como de média a baixa favorabilidade hidrogeológica. Nesta porção ocorrem litologias essencialmente arenosas, pelíticas, carbonatadas, além de grandes descontinuidades, falhas e fraturas.

Uso e Ocupação do Solo

Na área específica em vistoria, não há formas de uso e ocupação ligadas às ativida-des urbanísticas, nem agropecuárias. Esta área somente foi utilizada para extração mine-ral, provavelmente entre as décadas de 80 e 90 e desde então não possui formas de uso e ocupação bem definidos.

O terreno como um todo apresenta aproximadamente metade de sua área apta à usos diversos e outra metade composta por Área de Preservação Permanente (APP), tanto ligada ao canal fluvial – Córrego do Retiro -, como ao Morro que se eleva em torno de 150 metros ao nível do solo.

Portanto, duas áreas foram compartimentadas, uma para uso (em verde) e outra que deve ser destinada à Área de Proteção Ambiental –APA (em vermelho), confor-me mapa ilustrado em Figura 6. Entre a mata existente e a Zona de Proteção Am-biental, há uma porção de possível uso, por nós não recomendada, dado a limitação espacial, a proximidade com áreas sensíveis e o terreno geotecnicamente inapto à urbanização.

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Figura 6: Mapa de uso e ocupação do solo

A área destacada em verde na Figura 6, mostra a localização da vala de mineração requerida como depósito de RCCD contemplando amplo espaço aberto, de vegetação rala, de fácil acesso a maquinário e posteriormente à realização de terraplanagem. Nesta região, os afloramentos são predominantemente de rochas duras em superfície ou subsu-perfície, indicando, sistema hidrológico de baixa capacidade de infiltração de líquidos, sendo a dinâmica hidrológica predominantemente de escoamento em direção à região sul (Figura 7).

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A Figura 8 destacada como o depósito de RCCD ficou após a cobertura com solo argiloso. Adicionalmente, também é possível identificar a região de contato entre as duas unidades compartimentadas para uso e ocupação, sendo, a partir da linha da mata, o uso não recomendado.

Figura 8: Área embaciada onde foram depositados os RCCD

Já a área destacada em vermelho (Figura 6), além de constituir uma (APA), tem seu uso não recomendado em vista da existência de materiais geotécnicos inconsistentes, friáveis, porosos, portanto, altamente suscetíveis à contaminação do lençol freático, à instalação de processos erosivos e movimentos de massa.

Segundo dados da CPRM (2001), a área de investigação situa-se no domínio co-nhecido por Planalto Central Goiano cuja origem foi atribuída a um soerguimento dômico resultante da interação positiva de dois arqueamentos. Esta unidade possui superfícies rebaixadas, suavemente dissecadas, em formas tabulares relativamente amplas, com dre-nagem de aprofundamento muito fraco, em altitudes que variam em torno de 700 metros.

A rede de drenagem apresenta-se de forma relativamente densa, rasa, sendo pe-rene a maioria dos cursos d’água. O córrego do Retiro, observado na área, tem caráter permanente, porém, apesar das chuvas intensas, seu fluxo é baixo. Foi constatada também a modificação no canal fluvial, que - segundo moradores locais - estava localizado mais a sul.

PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS CORRETIVAS E MITIGADORAS

Tendo em vista a caracterização geoambiental e o diagnóstico ambiental proposto, foram elencadas medidas corretivas e mitigadoras de caráter estrutural e não-estrutural que levaram em consideração, especialmente, características socioambientais e formas de uso e ocupação, além do exposto em normas técnicas (Quadro 2).

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Quadro 2: Medidas Corretivas e Mitigadoras Elaboração de Projeto de Recuperação da re-gião sul da área

Com especial atenção para as situações de risco, especialmente as relacionadas à erosões e desbarrancamentos;

Elaboração de Projeto de Revitalização

Uma vez finalizada as obras de formação do depósito de construção civil, recomenda-se a revitalização da área de modo a ceder novas formas de uso e ocupação que estejam de acordo com as potencialidades e limitações do terreno;

Inserir novos horizontes de aterro sobre o de-pósito

Esta etapa visa estabilizar o depósito em pro-fundidade e diminuir a velocidade de fluxo de água descendente das porções mais altas Limpeza Limpeza permanente de resíduos, especial-mente os adversos inseridos, ilegalmente, na

área por moradores da região;

Sinalização Instalar placas e sinalizações diversas indican-do a área do depósito bem como a proibição de se depositar materiais adversos no local. Limpeza das bocas de lobo

Com vistas a potencializar a capacidade de escoamento superficial e diminuir o fluxo de água na área do depósito que é proveniente dos arruamentos.

Proteção Interna e Externa Instalação de cerca viva tanto na área externa (todo o perímetro da propriedade) como na área interna (área do depósito).

Fonte: Autores (2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da análise geoambiental se mostrou eficaz na produção rápida e precisa de dados para avaliação dos elementos que compõe o meio físico de modo a analisar os limites e potencialidades do terreno à deposição de resíduos de construção civil e demolição (RCCD). Da mesma forma também foi levado em consideração todos os quesitos legais para a formação do depósito, considerados pela resolução CONAMA 307/2002 e as solicitações do órgão ambiental da Prefeitura Municipal de Senador Canedo.

A obtenção dos dados permitiu a caracterização deste terreno segundo critérios ambientais e especialmente os geológicos. Nesse sentido é possível concluir que a área está inserida em domínio do Grupo Araxá composto por xistos e quartzitos em contato direto e abrupto, que por sua vez constituem litologias pouco porosas e, portanto, com baixa suscetibilidade à contaminação. Pedologicamente, o solo é residual e bastante delgado e não apresenta variações em horizontes, com rocha alterada encontrada em subsuperfície.

A geomorfologia em formato de depressão (embaciado) da área do depósito favo-rece a deposição de materiais erodidos e carreados que, futuramente, formaram cobertura mais espessa do depósito.

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De posse destas informações conclui-se que o terreno é geologicamente apto a de-posição de RCCD, desde que atendidas todas as etapas de instalação do depósito, bem como executadas todas as medidas corretivas e mitigadoras propostas.

Referências

ARAÚJO, V. A. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil - PLGB. Folha SE.22-X-B-I. Nerópolis. Goiânia: CPRM,. 98p, 1994.

BARBOSA, O.; BAPTISTA M. B.; DYER R. C.; BRAUN O. P. G.; FRATIN, H.; MENEGUESSO, G. Projeto Goiânia, Relatório preliminar. Rio de Janeiro, DNPM/PROSPEC, 75p, 1970.

BARBOSA O. Guia das Excursões. In: 9° Congresso Brasileiro Geoeste de Geologia, São Paulo, Noticiário 3, p. 3-5, 1955.

CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Brasília: CPRM, 2 (Folha SE. 22 Goiânia), 2001.

GOES, M. H. de B.; ZAIDAN, R. T.; MARINO, T. B.; SILVA, J. X. Geoprocessamento aplicado ao mapeamento e análise geomorfológica de áreas urbanas. IN: SILVA, J. X.; ZAIDAN, R. T. (Orgs.) Geoprocessamento & Meio Ambiente. Editora Bertrand Brasil. Rio de Janeiro 2° Edição, 2015.

LACERDA FILHO, J. V.; OLIVEIRA, C. C. Geologia da Região Centro-Sul de Goiás. Boletim de Geociências do Centro-Oeste, v.18, n.1/2, p.3-19, 1995.

CONAMA – CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. RESOLUÇÃO CONAMA 307 de 05 de julho de 2002. Dispõe sobre Gestão dos Resíduos da Construção Civil, 2002.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos proprietários do condomínio Tovolândia pela abertura para execução do estudo, bem como a todos os técnicos da Prefeitura Municipal de Senador Canedo.

* Recebido em: 29.07.2017. Aprovado em: 29.08.2017. ANNA LUIZA GARÇÃO OLIVEIRA

Geóloga pela Universidade Federal de Mato Grosso, Mestre em Desenvolvimento e Planejamento Territorial pela PUC GO. Doutoranda em Geociências Aplicadas pela Uni-versidade de Brasília.

ONALDO JOSÉ NUNES FILHO

Graduado no Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG. Especialista em Solos e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Com experiência na área de Geotecnologia aplicada com ênfase em Geociências, Solos e Meio Ambiente, Sensoriamento Remoto e Banco de Dados, QAQC, atuando principalmente nos seguintes temas: Mineração, Meio ambiente, Planejamento urbano, Sistema de Informação geográfica, Modelagem de sistema GIS.

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OLÍVIO FIORESE NETO

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso (2010). Atualmente é docente / ativo permanente da Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Materiais e Componentes de Construção, atuando principalmente nos seguintes temas: caracterização geotécnica, con-creto reciclado, estudos de traço de concon-creto, concon-creto e solos tropicais.

FABRÍCIO BORGES AMARAL

Advogado inscrito na OAB/GO n. 32.851Especialista em Direito Administrativo e Cons-titucional pela UniAnhanguera, Goiânia/GoEspecialista em Direito Tributário pelo Insti-tuto ATAME, Goiânia/Go.

REGIANE LIMA RODRIGUES

Estudante de Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso. THIAGO AUGUSTO MENDES

Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Aparecida de Goiania.

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Figura 1: Localização em escala municipal, estadual e nacional da área remanescente do condomínio que constitui  área do depósito de resíduos de construção civil e de demolição
Figura 2: Mapa geológico com destaque para polígono da área de estudo
Figura 3: Muscovita Biotita Xisto com Granada em amostra e em afloramento
Figura 4: a) Contato abrupto entre xisto e quartzito; b)  Metapelitos friáveis, de cor variegada, com foliação
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Referências

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