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Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.28 número2

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Academic year: 2018

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R ev ista d a So ciedade B rasileira d e M edicina Tro pical 2 8 (2 ):1 3 5 - 1 3 7 , ab r- jun, 1 9 9 5 .

C O M U N IC A Ç Ã O

FEBRE M A CULO SA N O M U N IC ÍPIO D E PED REIRA -ESTA D O D E SÃ O PA ULO - BRA SIL. - RELA ÇÃ O EN TRE O C O RRÊN C IA D E CA SO S E PA RA SITISM O H UM A N O PO R

IXO D ÍD EO S

V irgflia Luna C astor de Lim a, A na C ristina Figueiredo, M arta G islene Pignatti e M aurício M odolo

A feb re m aculo sa fo i id entificad a no Estad o d e Sâo Paulo e M inas Gerais na p rim eira m etad e d este sécu lo 38914.

N o Estad o d e São Paulo não há um registro sistem ático d e c aso s d esta enferm id ad e. Trav asso s14 em p u b licação d o ano d e 1945 ap resenta d o is m ap as m o strand o a d istribuição p ro v áv el da transm issão no estád o àquela ép o ca. A área registrad a é extensa, no entanto , o auto r n ão refere a fo nte d e seus d ad o s nem o s d iscute no texto d o artig o , o qual centra sua aten ç ão em q u estõ es téc n ic as so b re a o b ten ção d e um a v acina.

A p ó s esta p u blicação o q ue se d isp õ e, em term o s d e casuística da feb re m aculo sa no estad o são o s registro s d e caso s internad o s no ho sp ital estad ual esp ecializ ad o em d o enças in fec c io sas e p arasitárias, o “Instituto de In fecto lo g ia Em ílio Rib as” . Fo ram d iag no sticad o s, neste ho sp ital, 53 caso s da d o enç a, no p erío d o d e 1957 a 197413 e 10 caso s d e 1976 a 198210. A m aio ria d eles fo ram p ro ced entes d e áreas rurais d e m unicíp io s v iz inho s da cap ital tais co m o M o gi das Cruzes, D iad em a e Santo A nd ré.

Em 1985 fo ram id entificad o s c aso s susp eito s d e feb re m aculo sa na z o na rural do m unicíp io d e Ped reira, situad o na região ad m inistrativa d e Cam p inas, a 90km a no ro este da cap ital d o Estad o (lo ng itud e 46°54’27”, latitud e 22°44’ 21”). Este m u nicíp io estav a incluíd o no m ap a d a p u blicação d e 1945, citad a acim a, além d e o utro s situad o s nas suas p ro xim id ad es, co m o lo cal d e transm issão da d o ença, no entanto , não se tinha no s serv iço s

Su p e rin te n d ê n c ia d e C o n tro le d e En d e m ias - SUCEN , R e g io n al C am p in as, São Pau lo , SP.

E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c i a,: D ra. V irg ília Lu na C asto r d e Lim a. SUC EN , SR 5. R u a São C arlo s 5 4 6 , 130 3 5 - 4 2 0 C am p in as, SP, Brasil.

R e ce b id o p ara p u b licação e m 1 6 / 0 8 / 9 4 .

d e saúd e d a área nenhum registro d a d o ença nas últimas d écad as.

N o p erío d o d e 1985 a 1988 fo ram reg istrad o s n este m u nicíp io o n z e caso s sup eito s d a d o ença tend o quatro ev o luid o para ó bito . Entre o s susp eito s, quatro tiv eram co nfirm ação atrav és d e re aç ão d e im uno fluo rescência ind ireta.

Praticam ente to d o s o s caso s d a d o ença surg iram no seg u nd o sem estre d o ano p red o m inand o no s m eses d e setem b ro e o utubro , a sem elhança d o q u e fo i o b serv ad o em M inas G erais4.

A m aio ria d o s c aso s su sp eito s e co nfirm ad o s eram p ro v enientes d e d uas lo calid ad es rurais situad as a ap ro xim ad am ente 5km d a cid ad e d e Ped reira na d ireção d o m unicíp io d e Jag uariúna.

Enco ntraram -se, am p lam ente d istribuíd o s n o m u nicíp io , carrap ato s d a e sp é c ie

A m b ly o m m a c a j e n n e n s e , resp o nsáv el p ela transm issão da feb re m aculo sa no Brasil.

Co m o m ed id as d e co ntro le da transm issão da d o ença, fo ram p rio rizad as as ativ id ad es ed ucativas, tanto v o ltad as p ara a p o p u lação so b risco co m o p ara o s p ro fissio nais d e saúd e p o is as aç õ es q u e v isam a d im inuição d o carrap ato v eto r são p o u co efetiv as1

Para resp ald ar o s trabalho s ed ucativ o s realiz o u -se na área um inq u érito p elo s visitad o res sanitário s d a SUCEN, atrav és d e v isitas d o m iciliares c o m o o b je tiv o d e c o nhecer a v ariação saz o nal d o p arasitism o hum ano p o r ixo d íd eo s im p licad o s na transm issão da d o ença. Po r o casião da visita era so licitad a a info rm ação d o s m o rad o res so bre se haviam sid o p arasitad o s p o r carrap ato no s últim o s 30 d ias. Eram entrev istad as as p esso as p resentes na casa naq u ele m o m ento e so licitad as info rm açõ es so bre o s ausentes. Em seguid a as p esso as e anim ais d a casa eram exam inad o s p ara v erificação d a p resença de

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C o m u n ic a ç ã o . L im a VLC, Fig u e ire d o A C , P ignat t i M G , M o do lo M . F e b re m aculo s a n o m un ic íp io d e P edreira , Es t ado d e São P aulo , B ras il. R elação e n t re o co rrên ci a d e cas o s e p aras it is m o h u m a n o p o r ixo dídeo s . R ev ista d a S o c ie d a d e B ras ileira d e M e d icin a T ro pical 2 8 :1 3 5 - 1 3 7 , ab r- j un, 1 9 9 5 .

p arasitas. Em caso p o sitiv o co letav am -se os esp éc im en s q u e eram lev ad o s p ara id entific aç ão em lab o rató rio . So licitav a-se aind a ao s m o rad o res q u e g uard assem o s carrap ato s, caso tiv essem sid o p arasitad o s no interv alo entre um a v isita e o utra, para serem reco lhid o s na p ró xim a visita e id entificad o s.

Ju nto co m estas ativ id ad es eram tam bém p assad as o rientaçõ es so bre a p rev enção da d o en ç a, sinto m as e lo c al o nd e p ro curar atend im ento no c aso d e hav er susp eita da enferm id ad e. O estud o fo i iniciad o em abril d e 1987 tend o -se feito v isitas d o m iciliares no s seg u intes m eses d este ano : abril, junho , ag o sto , o utubro e no v em bro . Co ntinuo u-se o estud o no ano seg uinte, v isitand o -se as casas no s m eses d e janeiro , abril, m aio , junho , julho , ag o sto , o utubro , no v em bro e d ezem bro .

N estes m eses fo ram v isitad as as 31 casas d e um a d as lo calid ad es e 20% d as 200 casas da o utra lo calid ad e. A s casas d esta última fo ram num erad as e eram selecio nad as através de so rteio .

Fo ram realiz ad as d urante o p erío d o estu d ad o 3338 entrev istas. D este to tal c o n stato u -se p arasitism o , o u fo i referid o p arasitism o no s últim o s 30 dias, em 304 entrev istas o q u e co rresp o nd e a 9,10% d o to tal.

O q ue se o bserv o u fo i que, co incid ind o co m o p erío d o d e ap arecim ento d o s caso s, o co rreu um au m ento da p ro p o rção d e p esso as p arasitad as, o u q u e referiram parasitism o , entre as inv estig ad as, a partir d o m ês d e ag o sto , tend o se ap resentad o um p ico m áxim o no m ês d e o u tubro , no s d o is ano s estud ad o s (Fig ura 1).

A exp licação p ara a p red o m inância d e caso s nesta ép o ca seria a d e q u e no p erío d o q u e v ai d o final d o inv erno ao início d o v erão p red o m inam as fo rm as m ais m ad uras d o A . c a j e n n e n s e q u e p o d em d ar um a m aio r p ercentag em d e p icad as infectantes411252. Tud o ind ica q u e há p ro v av elm ente um a g eração d este ixo d íd eo p o r ano 5 e ap esar d e serem enco ntrad o s seus três estád io s em qualquer m ês o co rrem p ico s b em d efinid o s d e cad a estád io em d eterm inad o s m eses. Existe aind a um a p referência d as ninfas e d o s carrap ato s ad ulto s p ara infectarem anim ais d e m éd io e g rand e p o rte enq u anto q u e a larvas infectam p referencialm ente anim ais d e p eq u eno p o rte6.

N o q u e diz resp eito à id entificação d o s carrap ato s co letad o s d urante o estud o , ho uv e

F i g u r a 1 - P o r c e n t a g e m d e m o r a d o r e s p a r a s i t a d o s n a s l o c a l i d a d e s e s t u d a d a s - P e d r e i r a , 1 9 8 7 - 1 9 8 8 .

um a p red o m inância d a esp écie A . c a j e n n e n s e

ao lad o d o R. s a n g u in e u s (55,9% e 38,9% resp ectiv am ente). A p esar d o A . c a j e n n e n s e ser a esp éc ie m ais enco ntrad a p arasitand o a p o p u lação hum ana ela fo i, tam b ém , enco ntrad a d e m aneira im p o rtante no cão e no cav alo , o q u e cham a a aten ç ão p ara a p o ssibilid ad e d e p articip ação d estes anim ais no transp o rte d este v eto r p ara o s am bientes p ró xim o s ao ho m em 3.

Co ntinuam o co rrend o caso s da d o ença no m unicíp io , inclusiv e ó bito s d eco rrentes d e d iag nó stico tard io , hav end o aind a susp eita d e transm issão em m unicíp io s v izinho s, co m o p o r exem p lo Jaguariuna.

Reg istra-se a necessid ad e d e se estab elecer um p ro g ram a o ficial d e V ig ilância d a febre m acu lo sa n o m u nicíp io d e Ped reira e m u nicíp io s v iz inho s. Send o im p o rtante lem brar q u e o s Estad o s Unid o s, no início da d écad a d e 70 ap resentaram um aum ento no núm ero d e caso s em v árias reg iõ es, d eco rrente em grand e p arte da im p lantação , p elo Centro d e C o ntro le d e D o enças, d e um p ro gram a d e vigilância da “Ro ck M o untain Sp o tted Fev er”7.

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C o m u n ic a ç ã o . L im a VLC, F ig u e ire d o A C , P ignat t i M G , M o do lo M . F e b re m aculo s a n o m un ic íp io d e P e dreira, Est ado d e São P aulo , B ras il. R elação e n t re o co rrên ci a d e cas o s e p a ra s it is m o h u m a n o p o r ix o dídeo s. R ev ista d a S o c ie d a d e B ras ile ira d e M e d ic in a T ro pical 2 8 : 1 3 5 - 1 3 7 , ab r- jun, 1 9 9 5 .

Para o su cesso n o co ntro le d essa enferm id ad e é fund am ental a o rientação d o s serv iço s d e saúd e p ara a susp eita e d iag nó stico p reco ces d o s caso s co m o tam bém da p o p ulação , no sentid o d a p rev enção d o p arasitism o , d a p esq uisa e retirad a d e carrap ato s em curto esp aço d e tem p o , quand o d a exp o sição a áreas infestad as e, p o r fim , da p ro cura d e atend im ento m éd ico q uand o ap resentar o s p rim eiro s sinto m as.

D entro d esta p ersp ectiv a c ab e , p ara finalizar, tam b ém lem brar q u e o carrap ato é v eto r d e m ais tres in fecçõ es, a “d o ença de Lym e”, a “feb re reco rrente” e a “encefalite p o r arbo v irus”.

A G R A D EC IM EN T O S

A g rad ecim ento s p ó stum o s ao Pro f. Dr. D o m ing o s Bag g io p ela d isp o nib ilid ad e e d ed icação em d ar o rientaçõ es e d iscutir as dúvidas.

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