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A Função Educativa do Serviço Social: Espaço de “Educar-a-Ação” MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL

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Academic year: 2019

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Tatiana de Fátima Domingues Bruno

A Função Educativa do Serviço Social: Espaço de “Educar-a-Ação”

MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL

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Tatiana de Fátima Domingues Bruno

A Função Educativa do Serviço Social: Espaço de “Educar-a-Ação”

MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre sob a orientação da Professora Doutora Maria Carmelita Yazbek.

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Banca Examinadora

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Agradeço esta Força – Mãe, gestadora contínua, que me sustenta, ampara, acolhe e nutre em todas as dimensões do meu viver.

Aos meus pais, meus primeiros mestres, amigos que preenchem a minha vida de admiração e gratidão.

Ao Bruno pela paciência, compreensão, apoio e estímulo neste processo que com sua presença afetiva torna minha caminhada leve e preenchida de amor.

À CAPES – Coordenadoria para Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior pela concessão da bolsa de mestrado, sem a qual este estudo seria inviabilizado.

À Carmelita Yazbek, querida e amiga, obrigada pelo seu acolhimento, carinho e dedicação nos momentos de orientação. Obrigada por ter aprendido tanto com você e por me permitir voar.

Ao Programa de Estudos Pós Graduados em Serviço Social da PUC-SP pela contribuição generosa do corpo docente e discente na perspectiva da construção de uma pedagogia emancipatória.

À Prefeitura de Santo André, na Secretaria de Inclusão Social pelo acolhimento e disponibilidade para a pesquisa.

Aos assistentes sociais participantes do grupo focal pela real contribuição e entrega ao processo de investigação.

À banca de qualificação: Professora Maria Lúcia Martinelli, Professora Isaura Isoldi Castanho e Oliveira e Priscila Cardoso pelas contribuições valiosas que direcionaram este trabalho.

À equipe do “Diagnóstico dos Municípios de Diadema e Mogi das Cruzes” do IEE –

Instituto de Estudos Especiais da PUC-SP.

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Esta dissertação trata da compreensão da função educativa do Serviço Social em sua atuação no PAIF – Programa de Atenção Integral às Famílias no município de Santo André.

Partiu do entendimento das pedagogias, estudo desenvolvido por Abreu (2002) no âmbito do Serviço Social e da contextualização do Serviço Social como profissão instituída para amenizar os conflitos entre capital e trabalho, contextualizando-a desde sua gênese aos dias atuais.

O estudo remeteu a organização da cultura em suas diferentes manifestações na qual o assistente social também é inserido, entendendo o seu trabalho com importante característica na organização e manifestação da cultura. Entretanto, a intencionalidade da ação profissional determina se o profissional é um intelectual orgânico comprometido com as classes subalternas ou se está comprometido com os interesses do bloco dominante, apreendendo ainda, o movimento contraditório existente nestas mediações.

Esta pesquisa teve por base a análise de dados primários e secundários, coletados por mais de um instrumento de investigação, como entrevista semi estruturada com as gestoras do PAIF em Santo André e grupo focal com os assistentes sociais envolvidos no programa, além de pesquisa bibliográfica e documental.

Pode-se concluir que o processo educativo/pedagógico é desvendado no cotidiano profissional como manifestação das apreensões ético-politicas e teórico-metodológicas pelo profissional em sua relação com o projeto ético-político eleito pela categoria profissional. Mais do que educar o outro, o que se aponta é um espaço de Educar-a-Ação profissional continuamente pelo assistente social.

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This discourse is about the understanding of the Social Service educational function in your performance in PAIF - Programa de Atenção Integral às Famílias in Santo André municipal district.

From the understanding of the pedagogies, study developed by Abreu (2002) in the Social Service ambit and contextualization of the Social Service as profession instituted to ease the conflicts between capital and work, contextualizing, from your genesis to the current days.

The study sent the organization of the culture in your different manifestations in which the social assistant is also inserted, understanding your work with important characteristic in the organization and manifestation of the culture. However, the intentionality of the professional action is determined if the professional is an organic intellectual committed with the subordinate classes or it is committed with the interests of the dominant block, still apprehending, the existent contradictory movement in these mediations.

This survey had for base the analysis of primary and secondary data, collected for more than an investigation instrument, as interview semi-structured with the managers of PAIF in Santo André and focal group with the social assistant involved in the program, besides bibliographical and survey documental.

It can be ended that the educational process / pedagogic it is unmasked in the daily professional as manifestation of the apprehensions ethical-politicize and theoretical-methodological for the professional with your relation with the ethical-political project chosen by the professional category. More than to educate the other, which points is continually a space of professional Educate-to-action for the social worker.

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Introdução ... 9

1. Temática Abordada ... 10

2. Referencial Teórico e Procedimentos Metodológicos ... 15

3.Estrutura da Dissertação ... 19

Capítulo I O Serviço Social e o educativo, o socioeducativo e as pedagogias: entendendo conceitos ... 21

1.1 Educativo e Socioeducativo ... 30

Capítulo II O PAIF em Santo André ... 42

2.1 Programa de Renda Mínima de Santo André – Família Cidadã ... 44

2.2 Programa de Atenção Integral a Família – PAIF Santo André ... 46

Capítulo III Função Educativa do Serviço Social: Espaço de Educar-a-Ação ... 59

3.1 Expressões da Função Educativa/Pedagógica nos Programas de Transferência de Renda ... 74

3.2. Expressões da Função Educativa/Pedagógica nos Grupos Socioeducativos ... 78

3.3 Expressões da Função Educativa/Pedagógica na Política de Assistência Social de Santo André ... 87

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INTRODUÇÃO

“Não seja o de hoje Não suspires por ontens... Não queira ser o de manhã. Faze-te sem limites no tempo. Vê a tua vida em todas as origens. Em todas as existências. Em todas as mortes. E sabes que será assim para sempre.”

Cecília Meireles

A minha trajetória profissional marcou fatalmente o meu interesse pelo tema em questão. O Serviço Social é uma profissão que me inquieta pelo enorme desafio em que se apresenta cotidianamente. Já no período de estágio na graduação, atuei no Programa Fortalecendo a Família - PFF em São Paulo, com a proposta de acompanhar famílias através de grupos socioeducativos. Trabalho instigante, tema tão pouco estudado em sala de aula... Socioquê?? Muitos questionavam.

O PFF era um programa de atendimento a famílias através de grupos socioeducativos. A proposta era, além do atendimento direto a 13.000 famílias, a construção de uma metodologia de atendimento. Muitos altos e baixos percorreram um ano e meio deste estágio, porém o considero impar no aprendizado que me proporcionou e motivou a construção do meu Trabalho de Conclusão de Curso: ―Existe contribuição do assistente social na construção da autonomia do seu usuário? – Um recorte do Programa Fortalecendo a Família‖, defendido em junho de 2004.

Como assistente social, continuei a trabalhar com grupos socioeducativos de famílias no Programa de Assistência Social a Família - PROASF da Prefeitura de São Paulo. Período de muitas dificuldades, pois as certezas que tinha como estudante parecia desaparecer ao peso de minha responsabilidade como profissional e da precarização do serviço governamental ofertado.

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Período após, assumi a coordenação do Programa Ação Família na mesma instituição. Novo programa de atenção a família da Prefeitura de São Paulo, o Ação Família trazia a figura do Agente de Proteção Social que é um agente comunitário responsável por visitar as famílias atendidas e verificar suas condições de vida e vulnerabilidades. Entretanto, os Agentes de Proteção Social não possuíam formação em qualquer área e enfrentavam situações precárias nas comunidades em que viviam se assemelhando em muito a realidade das famílias quais atendiam. Este fato causou uma identificação paralisante e o trabalho ficou muito aquém do esperado. Enquanto assistente social e coordenadora do Programa, decidi fazer atendimento individual com cada Agente de Proteção Social e ali verifiquei situações de drogadição, violência sexual, questões psiquiátricas e médicas, precarização financeira, situações graves de habitação, etc., enfrentadas pelos Agentes e fiz diversos encaminhamentos, acompanhamentos, entendendo que os Agentes eram usuários em potencial, apesar da exigência de um trabalho profissional sobre eles.

O exercício profissional no papel de gestora ampliou perspectivas e pontos de vista, modificando o meu olhar. O desejo de entender questões do meu cotidiano profissional fez-me pleitear o Mestrado de Serviço Social na PUC-SP em 2006 e assim retomar minha vida acadêmica.

Novo olhar, velhas perguntas! Ainda angustia-me o tal trabalho socioeducativo... Para quê serve? Como deve ser feito? Qual a contribuição do Serviço Social neste espaço?

E é com estas inquietudes que a pesquisa em questão foi realizada, mediação entre realidade e teoria, na busca de traduções, aproximações, deste movimento dinâmico.

1. TEMÁTICA ABORDADA

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de Assistência Social1, que traz em suas propostas a centralidade da família e a necessidade do trabalho socioeducativo nas instâncias municipais, a expansão dos programas de transferência monetária que também trazem forte apelo ao acompanhamento socioeducativo do beneficiário com vistas à sua autonomia. Os grupos de acompanhamento vêm se multiplicando e muitas indagações giram em torno da questão.

O ―tal‖ socioeducativo é expressão muito usada e debatida na atualidade. assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais e educadores em geral são contratados para efetivar o ―tal‖ socioeducativo em seu cotidiano profissional. Fato é que, poucos se atrevem a esclarecer o que venha a ser o trabalho socioeducativo, quais conteúdos ele abrange e para quais objetivos se destina.

Entre visões generalistas que consideram tudo socioeducativo (palestras, conversas, cursos e até a forma de recepcionar a população, de escutá-la e de encaminhá-la) a visões mais restritas que adotam metodologias como a de grupo operativo, de Pichon Rivière ou a pedagogia da autonomia de Paulo Freire, os atendimentos acontecem muitas vezes de forma espontaneístas.

O Serviço Social vem no decorrer da história buscando respostas às demandas da sociedade. A profissão se instituiu no Brasil na década de 40 como um dos mecanismos existentes para amenizar o conflito existente entre capital e trabalho. As propostas de intervenção neste período têm o objetivo de adequação e enquadramento do usuário, marcadas pela ideologia da Igreja. Já neste período, o assistente social tem características educativas em sua ação profissional, como nos aponta Magalhães:

“O problema das massas proletárias era de “educação”. As elites deviam conduzir as massas, transformando-as em cidadãos, isto é, ao nível cultural. (...) Surge neste contexto a institucionalização do Serviço Social, como profissão marcada por esta perspectiva aristocrática de educação. Propõe a formação de quadros de profissionais, “agentes funcionais” responsáveis pelo controle e direção dos programas de assistência social. O objeto central de

1 O Sistema Único de Assistência Social – SUAS é deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência

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trabalho consiste nas camadas “pauperizadas” e marginalizadas da sociedade. O ato de assistir essas “massas pobres” e incultas tem como intenção promover ajustamentos sociais, evitar focos de conflitos que ameaçam o equilíbrio da sociedade” (1981: 46)

As ações profissionais já contavam com um viés educativo desde sua gênese com o objetivo de adequar a população evitando conflitos sociais. As primeiras manifestações originárias no seio da Igreja tinham o compromisso da ―ajuda‖, explicitando viés assistencialista caritativo. Além do atendimento individualizado - utilizado prioritariamente para ―diagnosticar‖ o problema -, existiam também os grupos de operários, grupos de mães ou clube de mães, ambos com um forte vínculo com a Ação Católica.

Já a partir da década de 50, surgem os grupos de profissionais envolvidos nas propostas de Desenvolvimento de Comunidade – DC linha de trabalho tão explorada no Serviço Social neste período. Em todos estes grupos, foi grande a contribuição e a organização por parte dos assistentes sociais que buscavam melhoria nas condições de vida da população, além de uma adequação moral da família e do trabalhador.

De lá para cá, mudanças ocorreram, principalmente as que marcam o movimento de Reconceituação no âmago da profissão e que propõem o materialismo histórico dialético como base teórica do Serviço Social, buscando romper com o conservadorismo e sua vertente teórica positivista, e tendo ainda, a fenomenologia que por fim se apresenta como uma nova roupagem deste pensamento conservador.

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Em entrevista para a Revista Serviço Social e Sociedade, Paulo Freire é questionado se há assistentes sociais nos grupos de educação popular, coordenados por ele na PUC-SP e ele responde:

“Sim, sim. Eu não diria que em todos estes grupos, em todos não, mas em grande medida tenho visto os assistentes sociais trabalhando no campo da alfabetização e da pós-alfabetização, no serviço social especifico, na ação comunitária, etc., quer dizer há uma boa presença de assistentes sociais nesse conjunto de equipes com os quais estou trabalhando.” (1980: 72)

Não apenas no trabalho coordenado pelo Professor Freire, mas em outros tantos pelo Brasil, há um envolvimento dos assistentes sociais com a educação popular, neste momento embrionário, com características messiânicas, vanguardistas, entendendo a educação popular como um chamado.

“É fundamental ter clara a posição do chamado “educador popular”. Colocar-se a serviço das classes subalternas, não assumindo a direção e o controle do processo educativo, é uma premissa que merece destaque." (MAGALHÃES, 1981:48)

Durante toda a década de 80, a educação popular aconteceu nas periferias das cidades, nas associações de bairro, nos sindicatos, igrejas e se mesclava entre as propostas interventivas institucionais e voluntarismo profissional. Ações estas, engrossadas pelo momento áureo dos movimentos populares por conquista de direitos básicos como saúde, educação, moradia.

É, porém, na década de 90 que o termo socioeducativo passa a ser usado e mais amplamente debatido com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Lei esta que rompe com o caráter punitivo do antigo Código de Menores e propõe Medidas Socioeducativas para adolescentes que estão em conflito com a lei. Entretanto, o conteúdo das ações socioeducativas não está explicitado na lei, que apresenta apenas grifos para que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários dos adolescentes.

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municipal surge o Programa Municipal de Garantia de Renda Familiar Mínima – PMGRFM de Campinas que traz como proposta além do repasse financeiro, o acompanhamento socioeducativo às famílias beneficiárias. Esta experiência foi divulgada e multiplicada em todo o país, pois trazia em si um caráter inovador da junção do repasse financeiro com o acompanhamento socioeducativo através de grupos mensais coordenados por uma dupla de técnicos: um assistente social e um psicólogo.

Os municípios elaboram e implementam programas de transferência de renda quando em 2003, com a posse do presidente Luis Inácio Lula da Silva, intensificam-se as discussões em torno de um Sistema Único de Assistência Social - SUAS garantindo comando único nas ações e eliminação da sobreposição e pulverização de ações.

Em 2004 é regulamentado o SUAS que tem a função de organizar em todo o território nacional as ações socioassistenciais, definindo e organizando a Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social2.

Desde então, estados e municípios vem empenhando esforços para a implementação do SUAS, onde as ações de assistência social passam a ser organizadas em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial.

A Proteção Social Especial tem por objetivos prover atenções socioassistenciais a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras.

Já a Proteção Social Básica tem como objetivos prevenir situações de risco, por meio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social, decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos — relacionais e de pertencimento social. O Programa de Atenção Integral à

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Família – PAIF é o principal programa da proteção social básica e acontece dentro do espaço do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS.

O PAIF tem por objetivo contribuir para a prevenção de situações de risco de indivíduos e famílias, busca propiciar o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e o favorecimento do convívio familiar. Parte do reconhecimento do protagonismo das famílias, fomentando-o e promovendo potencialidades e aquisições destas.

As atividades oferecidas pelo PAIF vão desde atendimentos individuais e visitadas domiciliares a grupos socioeducativos, reflexivos, de convivência, de geração de renda.

Por se consolidar como num espaço impar para a atuação do assistente social e o exercício de atividades educativas ou socioeducativas com a população usuária, o PAIF desenvolvido pelo município de Santo André – SP foi escolhido como espaço para esta pesquisa.

O objetivo desta pesquisa é compreender qual a função educativa existe no trabalho do assistente social no Programa de Atenção Integral a Família – PAIF e como esta é evidenciada no cotidiano profissional.

2. REFERENCIAL TEÓRICO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

“Escolher um método significa, em outras palavras, optar por uma trajetória teórica que deverá auxiliar na compreensão do movimento de um objeto de estudo situado concreta e materialmente na realidade.” (SILVA, 2000:28)

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“A razão não constrói, mas reconstrói o real e a sua dinâmica, apanhando todas as mediações possíveis que também possuem uma existência concreta e material. Os homens são para Marx, seres ativos, porém não como Hegel os concebia; eles fazem história sob determinadas condições sendo, ao mesmo tempo, sujeito o objeto do mesmo processo. Esta unidade-diversa permite a transformação e a auto-educação simultânea dos homens e da própria realidade, expressando um movimento dialético ininterrupto que, necessariamente, unifica, mas não identifica o pensamento e a realidade. A ontologia materialista é acompanhada, então, por uma nova articulação lógica que não supervaloriza a razão, mas a considera como parte importante de um processo indivisível com o mundo material. A totalidade, edificada neste contexto, é sempre parcial, pois o pensamento não é capaz de captar exatamente o movimento da realidade.” (SILVA, 2000:30)

A realidade é, portanto, dado fundamental para a construção do conhecimento, porém, é dinâmica e o pensamento humano, por sua vez, não é capaz de acompanhar o movimento do real em sua totalidade. Entretanto, sendo o homem sujeito e objeto de sua história, particular e coletiva, a reflexão crítica subtraída do movimento da realidade é a possibilidade de construção de novas alternativas que reafirmem a ação-sujeito do homem. Neste sentido, o cotidiano não é descolado da teoria, mesmo quando esta é e, sempre será, inacabada para responder a todos os questionamentos posto na cotidianidade. Faz parte do processo histórico, a participação coletiva na construção do conhecimento onde as inquietações são trazidas à tona, na incessante busca de respostas.

O método, mais do que instrumentais e regras, é o movimento da teoria, o alicerce daquilo que se quer sistematizar e devolver para a realidade. É o caminho escolhido para a pesquisa, a seta que aponta a visão de homem, de mundo e de sociedade como pressuposto fundamental para análise.

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PAIF. O interesse da pesquisa é apreender uma característica do modo de ser do Serviço Social.

(...) tanto a realidade quanto a relação humana são qualitativos. Implicam em sons, aromas, cores, arte, poesia, linguagem, os quais só podem ser alcançados pela mediação do sujeito e predominantemente de modo qualitativo, pois demandam atribuição de significados. Tal tarefa apenas o sujeito é capaz de realizar, pois significados se constroem a partir da experiência. (MARTINELLI, 2006:11)

O desafio posto é à luz dos conceitos teóricos levantados, penetrar a realidade destes profissionais e poder reconstruir idéias, conceitos, entendendo as condições objetivas e subjetivas que estes dispõem para a execução de seu trabalho.

O universo da pesquisa é o Programa de Atenção Integral à Família – PAIF desenvolvido nos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS do município de Santo André. Os sujeitos da pesquisa são os assistentes sociais que atuam como técnicos ou gestores do programa. Desta forma, delimita-se uma amostra probabilística intencional.

A Prefeitura de Santo André conta com 4 CRAS implantados que são desenvolvidos em sistema de co-gestão em parceria com Organizações Não Governamentais. Ao todo são 16 assistentes sociais, servidores públicos e contratados, envolvidos com o trabalho.

O PAIF em Santo André atende prioritariamente as famílias que se encontram em situação de risco pessoal e social e, as que não cumprem as condicionalidades dos Programas de Transferência de Renda Bolsa Família e Renda Cidadã.

A investigação junto aos sujeitos se deu através de entrevistas semi-estruturadas com roteiro pré-definido e utilização de gravador para a reprodução fiel do conteúdo, realizadas com as duas gestoras do programas, assistentes sociais. A escolha da entrevista é justificada porque “além de permitir captar melhor o que as pessoas pensam e sabem, observam também a sua postura corporal, a tonalidade

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Foram entrevistadas a responsável pelo setor de Proteção Social Básica e a Diretora do Departamento de Assistência Social. A receptividade para com o tema foi muito boa e as questões do roteiro (que propositalmente fazia o entrevistado responder quase que a mesma pergunta por diferentes possibilidades) trouxeram novas inquietações tanto na pesquisadora, como nas entrevistadas que por ora paravam e observavam para elaborar situações tão cotidianas, que por vezes passam despercebidas do processo reflexivo.

Outra opção metodológica foi a realização de grupo focal. O grupo focal permite ao pesquisador observar a interação dos indivíduos em determinado tema, conhecendo as semelhança e as diferenças entre as opiniões e experiências expressas.

A escolha dos grupos focais é justificada porque “(...) são fundamentalmente

uma maneira de ouvir as pessoas e apreender com elas. Grupos focais criam linhas de comunicação... um amplo processo de comunicação que conecta os mundos do

pesquisador e dos participantes.” (MORGAN in Berthoud, 2004:44).

O objetivo deste instrumento é de captar as diferentes opiniões acerca do tema e como o conjunto de trabalhadores assistentes sociais daquele espaço compreendem a questão apresentada e como a observam no cotidiano.

“Segundo Powell e Single (1996, p.449), um grupo focal „é um conjunto de pessoas selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e comentar um tema, que é objeto de pesquisa, a partir de sua experiência pessoal‟ Kitzinger (1994, p.103) diz que o grupo é focalizado, no sentido de que envolve algum tipo de atividade coletiva – como assistir um filme e conversar sobre ele, examinar um texto sobre algum assunto, ou debater um conjunto particular de questões.” (GATTI, 2005: 7)

Para o aquecimento, foi dado ao grupo um papel com a questão: Você acha que o Serviço Social tem uma questão educativa no seu cotidiano? Por quê?

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entrevista coletiva e sim prioritariamente ouvir e acolher ao grupo, fazendo intervenções pontuais.

O grupo, que iniciou tenso, foi se soltando pouco a pouco e chegou a momentos de discussões calorosas. Entretanto, como é comum do ser humano, que socialmente constantemente busca aprovações externas, houve vários movimentos espontâneos de tentar criar consenso ou de confirmar qual seria a opinião do grupo entre seus participantes

O encontro terminou com o compromisso da pesquisadora de apresentar os resultados da pesquisa para aquele coletivo e com relatos do quanto estes momentos são importante na vida profissional, pois, é em espaços como estes que podemos elaborar o cotidiano, adicionando a este a reflexão crítica.

Pelo encontro ter ocorrido logo após o segundo turno do processo eleitoral para prefeito (2008), em que, o resultado apresentava a perda da atual gestão do Partido dos Trabalhadores, muitos participantes ao final do encontro relatavam o cansaço, a apreensão quanto ao futuro e a vontade de distanciar o seu trabalho destes incômodos políticos. Este movimento revelou também, a relação de confiança que se estabeleceu entre a pesquisadora e os sujeitos pesquisados. E, este fato, pode ou não ter influenciado a coleta de dados.

Fez parte também da coleta de dados a análise de documentos que direcionaram o trabalho destes profissionais, pesquisas em sites tanto da prefeitura de Santo André, quanto do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome - MDS e pesquisa bibliográfica.

3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

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sua definição sobre o termo socioeducativo, tão empobrecido e esvaziado de significado.

O segundo capítulo aborda o cenário em que a pesquisa foi realizada que é o município de Santo André na Secretaria Municipal de Inclusão Social. Discorre sobre as características do município e o caminho de construção até o PAIF, trilhado por esta secretaria.

O terceiro e último capítulo traz uma análise profunda do material coletado através do grupo focal e das entrevistas à luz da teoria já disseminada. Trata-se do condensamento das descobertas realizadas pela pesquisadora em seu processo de aproximação ao objeto de estudo.

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CAPÍTULO I

O SERVIÇO SOCIAL E O EDUCATIVO, O SOCIOEDUCATIVO E AS PEDAGOGIAS: ENTENDENDO CONCEITOS

Com sua gênese marcada pela implantação do sistema capitalista na sociedade atual, o Serviço Social nasce como profissão que tem o desafio de amenizar as tensões criadas entre o capital e o trabalho. Sofre em seu início grande influência da igreja católica e da moral cristã, já que as primeiras ações ocorriam no âmbito da igreja com o intuito caritativo de ―ajudar‖ os pobres e miseráveis. A história do Serviço Social como profissão e suas bases de origem, nos auxiliam a compreendê-lo em seu movimento de construção histórica, desvendando seu modo de ser.

Desta forma, o Serviço Social constituí-se como profissão que tem nas expressões da questão social3 a matéria-prima para o trabalho profissional. É através da questão social que as demandas profissionais surgem na sociedade capitalista. “A matéria-prima do trabalho do assistente social (ou da equipe interprofissional em que se insere) encontra-se no âmbito da questão social em suas múltiplas manifestações – saúde da mulher, relações de gênero, pobreza, habitação popular, urbanização de favelas, etc. – tal como vivenciadas pelos indivíduos sociais em suas relações sociais quotidianas, às quais respondem com ações, pensamentos e sentimentos.” (IAMAMOTO 2003:100). É, portanto, profissão inscrita na divisão sócio-técnica do trabalho, pois possui matéria-prima (expressões da questão social), e, cria e produz serviços de utilidade social; atende a uma necessidade da sociedade.

Todavia, o assistente social, apesar de se caracterizar como um profissional liberal, vende sua força de trabalho para órgãos públicos e privados, por não deter em si todos os meios para concretização de seu trabalho, tornando-se assim mais um trabalhador assalariado.

3 “Questão Social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista

madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação de seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da

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Como profissão, possuí Código de Ética (1993) que atualmente preconiza valores voltados para a ―liberdade, a autonomia e a plena expansão dos indivíduos sociais‖, assumindo posicionamento político a favor da equidade e da justiça social. Os valores impressos num Código de Ética Profissional anunciam a proposta desta profissão para a sociedade, os valores que sustenta e a intencionalidade de sua ação.

“Esquematicamente, este projeto ético-político tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor central – a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas: daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais” (NETTO, 1999:104)

O Código de Ética do Assistente Social explicita um projeto ético-político adotado pelos agentes profissionais, apontando a busca de uma homogeneidade na forma de pensar e de ser da profissão. Os projetos profissionais constituem a auto-imagem de uma profissão e existem porque cada profissão tem o seu papel social e tem uma intencionalidade de ação. As profissões dentro da sociedade não se constituem de forma neutra, sempre há uma intenção em sua função social, um objetivo a ser alcançado. Desta forma, o projeto profissional é construído pelos sujeitos coletivos e através deste, a categoria profissional elege “valores ético-políticos e opções teórico-metodológicas em consonância com um projeto societário,

tendo por base a prática profissional dos sujeitos desta ação.” (CARDOSO, 1999:95).

Essa teleologia própria da profissão, nos revela um campo tencionado por dois pólos: primeiro diz respeito à função social da profissão que é reproduzir relações sociais4 tendo como um de seus mecanismos amenizar os conflitos existentes entre o capital e o trabalho, conflitos marcados pelas diferenças de classes e pelas desigualdades na distribuição da riqueza socialmente construída. O outro pólo diz respeito ao projeto de profissão construído coletivamente que é evidenciado entre outros elementos no Código de Ética profissional e aponta um novo projeto societário diverso ao capitalismo. Desta forma, a profissão vive

4“Assim, a reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do processo social, a reprodução de

determinado modo de vida que envolve o cotidiano da vida em sociedade: o modo de viver e de trabalhar, de

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contemporaneamente a contradição entre o objetivo de sua função social e o objetivo de seu projeto profissional.

No entanto, é importante frisar que nem sempre foram estes valores adotados pela profissão em seu percurso histórico. Já houve outros projetos profissionais que evidenciavam outros valores e intencionalidades, voltados muitas vezes para a neutralidade da ação e a adequação do homem na sociedade.

Abreu (2002) aponta que o Serviço Social tem uma história marcada por perfis pedagógicos que imprimem uma prática educativa do assistente social no desenvolvimento de sua intervenção profissional. Seguindo uma análise gramsciana, a autora entende que as primeiras ações profissionais já eram ligadas a uma pedagogia.

Entendendo a pedagogia para além da educação formal como uma forma de expor a cultura, o modo de pensar e de agir, que forma uma ordem intelectual e moral, uma hegemonia5 de determinada classe; a autora aponta perfis pedagógicos que no processo histórico influenciaram o exercício do assistente social. Perfis estes, marcados por “determinações históricas e configurações particulares da referida

prática que demarcam a mediação profissional em processos de organização da

cultura na dinâmica da sociedade.” (ABREU, 2002: 83). Os perfis pedagógicos apontados por ela são: a pedagogia da ajuda, a pedagogia da participação e o movimento de construção da pedagogia emancipatória.

Partindo do contexto norte-americano e europeu, onde os avanços da indústria e dos meios de produção alteraram significativamente todas as formas de ser da sociedade nas primeiras décadas do século XX, a autora desenvolve o entendimento sobre a pedagogia da ajuda contextualizando-a num processo de organização da cultura dominante onde a questão social é enxergada como questão moral, reduzindo-a as manifestações individuais.

A intrínseca relação do Serviço Social com a Igreja faz com que a primeira vertente filosófica da profissão se transforme num arranjo teórico doutrinário, moralizador, compatível com a perspectiva conservadora que impregna as ações educativas do assistente social neste inicio. Neste sentido, apesar de ter sido um

5 Segundo SIMIONATTO, Gramsci entende a hegemonia também “como “direção intelectual e moral”, afirma

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avanço a valorização do aspecto técnico instrumental sob a orientação positivista, importando o chamado ―Diagnóstico Social” de Mary Richmond6, as bases técnico-cientifícas são centradas na dimensão individual na perspectiva da reforma moral e reintegração social do indivíduo. Richmond desenvolve ainda, metodologias interventivas como o Serviço Social de Caso. Este processo de teorização dos métodos interventivos da profissão está diretamente relacionado ao cenário que revelava abertura do mercado de trabalho para o assistente social, exigindo novo padrão de profissionalização da ação.

O Serviço Social brasileiro importa a tecnologia norte-americana em sua busca de profissionalizar sua prática, atendendo assim às novas demandas do mercado de trabalho nacional.

―(...) considerando, sobretudo, o agravamento da questão social e as exigências postas pelo novo padrão produtivo e de trabalho; vincula-se, pois, à necessidade histórica de imprimir às referidas práticas um cunho “educativo”, “ressocializador”, mediante inculcação de um novo código de conduta individual, familiar e política do trabalhador e sua família, adequado às necessidade de produção e reprodução social.” (ABREU, 2002: 39-40)

A aplicação, entretanto, desta tecnologia no contexto brasileiro, aconteceu de forma desconectada da realidade uma vez que o país não contava com um sistema de seguridade social mínimo – base fundamental para a operacionalização da ―ajuda‖ psicossocial individualizada ao trabalhador – restando-lhe ações fragmentadas e pontuais.

Outro ponto relevante são as ações vinculadas à Igreja, como por exemplo, a Ação Católica que possuía trabalho junto aos operários com o objetivo de organizá-los, quando não ―educá-los‖. Sob a roupagem da ―ajuda‖, o assistente social tinha neste contexto a função concreta de manter a reprodução material e subjetiva da força de trabalho dentro das condições impostas pelos altos índices de acumulação do capital, imprimindo um conformismo nas classes subalternas com a difusão da idéia de naturalização das desigualdades sociais como inerentes à pessoa humana.

6 O “Diagnóstico Social” é uma das primeiras formulações teóricas da profissão, de origem norte americana e

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A partir da década de 50, porém, intensifica-se na América Latina uma aproximação à ideologia desenvolvimentista que marca uma mudança no cenário econômico e político, impulsionando um novo perfil pedagógico: a pedagogia da participação.

A ideologia desenvolvimentista “(...) envolve a proposta de crescimento

econômico acelerado, continuado e auto-sustentado. O problema central a resolver constitui-se em superar o estágio transitório do subdesenvolvimento e do atraso.”

(IAMAMOTO, 2001: 340). Entendendo estes estágios como um período histórico ainda não alcançados nos países ―em desenvolvimento‖, no caso o Brasil.

As experiências profissionais buscam neste período enfatizar a participação popular e assumem com maior intensidade o Serviço Social de Grupo e o Desenvolvimento de Comunidade – DC. Entretanto, a preocupação com a participação popular não trouxe um rompimento com o Serviço Social tradicional e com o entendimento da questão social como questão moral.

“Tais redefinições não significaram rompimento com a perspectiva histórica, nem com a base conservadora de explicação da questão social, que sustentam o Serviço Social em sua formulação denominada tradicional. Mas, a reafirmam, aperfeiçoando-a, refinando o cunho tecnicista positivista da intervenção profissional, consubstanciado na tendência à naturalização da vida social e no seu corolário, a psicologização das relações sociais, ao mesmo tempo em que, contraditoriamente, apontam elementos para a superação. (ABREU, 2002: 111)

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Importante frisar que os perfis pedagógicos assinalados como a pedagogia da ajuda e a pedagogia da participação, compõem para Abreu perfis subalternizantes, tendo a ideologização da assistência como ―assistência educativa‖. Ela aponta, ainda, que, “tais estratégias pedagógicas tendem a dissimular as formas de reprodução do trabalhador nos limites precários da política social” (2004:52). São perfis consolidados e arraigados à prática profissional do assistente social, reforçando sua função social de reproduzir material e subjetivamente a força de trabalho neste contexto limítrofe, amenizando conflitos. Este processo só é possível por meio da coerção e do consenso das classes subalternas, como aponta Iamamoto:

“(...) Radicalizando uma característica de todas as demais profissões, o assistente social aparece como o profissional da coerção e do consenso, cuja ação recai no campo político.” (2000:42)

Os espaços de participação ora citados, são espaços eminentemente políticos onde não apenas o assistente social, mas ele prioritariamente, exerce um poder perante os usuários de seus serviços, freqüentemente induzindo à produção de consensos. Entretanto, num movimento contraditório, estes espaços de participação abrem também lacunas para a crítica à hegemonia construída pela classe dominante e provocam união a outros movimentos que emergem no contexto nacional, como os de militância política que surgiram no contexto de ditadura militar.

As décadas de 60 e 70 são marcadas pelo período de ditadura militar onde a participação é fortemente regulada pelo Estado. Os programas de governo deste período seguem os moldes desenvolvimentistas e apontam para a cultura de ―bem estar social‖. Apesar do Estado de Bem Estar não ter sido implementado no Brasil, acreditava-se que, seguindo o modelo europeu, o país se desenvolveria chegando ao Estado de Bem Estar, trazendo ordem a nação e consolidação do projeto capitalista.

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momento é denominado de ―Movimento de Reconceituação do Serviço Social‖ 7 e conseqüentemente entra em consonância com a busca por um novo perfil pedagógico.

Este movimento da profissão traz também, questionamento quanto ao método utilizado até então, método este que fragmentava teoria e prática, em que os instrumentos e técnicas tinham um caráter tecnicista, pondo em cheque o famoso tríade ―Caso, Grupo e Comunidade‖ como nos aponta Neto:

“Para economizar tempo e espaço: do estudo Caso, Grupo e Comunidade, o máximo que se pode extrair, em termos de „estratégias de ação profissional‟ ou para „operacionalizar os conhecimentos teóricos‟, é um conjunto de indicações referidas a âmbitos de intervenção restritos e institucionalizados e nada mais. Poderão ser arroladas técnicas, mais ou menos eficientes, conforme cada âmbito; poderão ser formalizados processos ideais de abordagem mais ou menos abrangentes em e para cada âmbito mas todos irredutíveis a um padrão unificado de procedimentos em face da totalidade social que se revela em cada um deles” (Netto, 1984: 8)

A crítica se refere substancialmente ao distanciamento do processo de formação profissional, em contemplar a operação histórico-crítica e prático-análitica, enquadrando simplesmente procedimentos às necessidades imediatas da intervenção profissional, sem conectá-los à totalidade social, à realidade em seu movimento dialético e constante. O grande desafio é que o método para o Serviço Social fosse resultado do domínio da teoria social crítica, intrinsecamente gestado junto a esta, pondo abaixo todo e qualquer ―modelo de intervenção‖ pré-estabelecido e desconectado da realidade.

É neste contexto, do Movimento de Reconceituação Profissional, que emerge o terceiro perfil pedagógico apontado por Abreu, que é o movimento de construção de uma pedagogia emancipatória pelas classes subalternas. Este movimento é em sua gênese fortemente marcado pela Teologia da Libertação, movimento da Igreja Católica que utiliza bases marxistas, porém, sem romper com o pensamento cristão.

7Para aprofundamento da questão consultar: NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social : uma análise do

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Entende-se que a autora aponta esta pedagogia como um movimento de construção por representar uma contra hegemonia à cultura dominante, marcando um campo tencionado politicamente entre caminhos de avanços e retrocessos.

“Ancorados, predominantemente, no viés marxista da Teologia da Libertação e desta com as formulações pedagógicas de Paulo Freire – aporte identificado por vários estudos no conjunto dos processos de luta na América Latina – setores da categoria dos assistentes sociais conseguem fazer avançar os esforços profissionais de vinculação ao movimento de construção de uma pedagogia emancipatória pelas classes subalternas” (ABREU 2002:131)

As Comunidades Eclesiais de Base são uma das expressões concretas deste perfil pedagógico e representam ―uma ampla rede de organização, conscientização

e politização das bases” (Wanderley in Abreu 2002:112) num período em que a participação popular foi efetivamente acolhida por alguns movimentos dentro da Igreja, uma vez que, a democracia era característica distante da realidade social do país.

Evidente que este movimento contra hegemônico não foi algo isolado. Uniu-se às experiências da revolução cubana e dos movimentos sociais da América Latina que buscavam transformações político-culturais e mudanças estruturais e econômicas na perspectiva emancipatória das classes subalternas. É a busca por uma nova concepção de mundo, homem e sociedade; é o questionamento radical da estrutura social imposta, mesmo que as respostas para estas questões, neste momento, ainda careçam de amadurecimento.

Este perfil pedagógico, entretanto, também apresenta distorções em seu desenvolvimento no meio profissional, segundo Abreu. O primeiro ponto refere-se ao superdimencionamento da participação popular na construção do projeto profissional do Serviço Social, o que levou a profissão a certo pragmatismo. Distanciou-se das referências teóricas originais, utilizando do marxismo sem recorrer às fontes originais de Marx e, entendendo que apenas o compromisso ideológico com as classes subalternas seria a possibilidade da conquista da unidade com o referencial teórico supracitado.

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-ideológico, sobretudo no que se refere à intencionalidade da prática profissional e à

efetiva análise das condições objetivas dessa mesma prática.” (ABREU, 2002:148) É a marca idealista do Serviço Social que enxerga o exercício profissional como uma militância antiburguesa e capaz por si só da transformação social, desconectado das reais possibilidades impostas pela realidade e desconsiderando que a transformação será realizada por toda a sociedade e não apenas por uma profissão.

A educação popular, tendo como um dos moldes o freiriano, é multiplicada na prática também dos assistentes sociais, iniciando pela educação de adultos com o intuito de aumentar o nível intelectual e cultural das massas, aumentando assim, seu grau de organização e de possibilidades de construção de uma cultura que lhes diga respeito. Importante frisar que Paulo Freire foi um precursor da educação popular e abriu caminho importante para tais práticas, entretanto, não foi o único a trabalhar tais estratégias, visto que o Serviço Social teve também influências latino-americanas como Natálio Kisnerman.

As décadas de 80 e 90 são marcadas para a profissão pela implementação do currículo mínimo para as faculdades de Serviço Social, além das reformulações dos códigos de ética em 19868 e 1993 e a lei que regulamenta a profissão, também em 1993, ambos os instrumentos que buscam apontar uma hegemonia do projeto profissional adotado:

“Os projetos profissionais apresentam a auto-imagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam os seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas da sua relação com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais, privadas e públicas (entre estas, também e destacadamente com o Estado, ao qual coube, historicamente, o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais). (Netto, 2000:95)

Os três perfis pedagógicos: a pedagogia da ajuda, a pedagogia da participação e o movimento de construção da pedagogia emancipatória; desenvolvidos por Abreu, se caracterizam como pontos de análise para a

8 O Código de Ética de 1986 foi um marco importante para a profissão por apontar uma com o conservadorismo.

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compreensão da função educativa existente no trabalho do assistente social e como esta é evidenciada no cotidiano profissional a partir de experiências dos assistentes sociais no PAIF. Faz-se, entretanto, necessário, entendermos a relação educativo e socioeducativo no exercício profissional.

1.1 Educativo e socioeducativo

Partindo do pressuposto já desenvolvido, entende-se que toda ação profissional contém em si um perfil pedagógico e que por isso possui características educativas. Na perspectiva gramsciana a ação educativa se situa no âmbito de sua análise dos intelectuais. Gramsci considera todos os homens como intelectuais, como se segue:

“Para Gramsci (1977:15-16), porém, „em qualquer trabalho físico; mesmo no mais mecânico e degradado existe um mínimo de qualificação técnica, isto é, um mínimo de atividade intelectual criadora‟. Neste sentido, „todos os homens são intelectuais, mas nem todos desempenham na sociedade a função de intelectuais‟, ou seja, não existe atividade humana da qual se possa excluir toda a intervenção intelectual, não se pode separar o homo faber do homo sapiens.” (SIMIONATTO, 1995: 57)

Para ele todo trabalho contém em si um conhecimento aplicado e desta forma todos os homens são intelectuais, o que não quer dizer que todos desempenhem tal função socialmente. Entretanto, define-se como intelectual a função social imediata, não considerando a totalidade da ação que, por mais que não utilize do conhecimento cientifico ou intelectual, utiliza-se do conhecimento construído para tal ação e apreendido coletivamente.

“Quando se distingue entre intelectuais e não-intelectuais, faz-se referência, na realidade, tão somente à imediata função social da categoria profissional dos intelectuais, isto é, leva-se em conta a direção sobre a qual incide o peso maior da atividade profissional específica, se na elaboração intelectual ou se no esforço muscular-nervoso.” (GRAMSCI, 1979: 06)

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lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também no social e no político [...]” (GRAMSCI, 1979: 03). O intelectual orgânico tem a função de trazer homogeneidade à classe qual se filia e de contribuir na luta pela direção social e cultural desta classe, é orgânico pela proximidade e organicidade9 com que se relaciona com a classe e possuí papel fundamentalmente político.

Os intelectuais tradicionais já preexistiam “[...] como representantes de uma continuidade histórica que não fora interrompida nem mesmo pelas mais complicadas e radicais modificações das formas sociais e políticas” (GRAMSCI, 1979:03), tendo como representantes maior os eclesiásticos. Todo o grupo que pretende assumir papel dominante socialmente, se embrenha numa luta pela assimilação e conquista ―ideológica‖ dos intelectuais tradicionais. De acordo com Simionatto (1995) é comum atrelar a figura do Intelectual Tradicional como sendo conservador, o que nem sempre é verdadeiro.

O papel do intelectual traz um conteúdo eminentemente educativo, pois trabalha no âmbito da cultura, na difusão do conhecimento e do saber com vistas à consolidação de um projeto da classe fundamental qual se vincula.

“O intelectual exerce funções de direção econômica, social e cultural que se expressam tanto nos níveis de elaboração como de difusão do saber da classe que representa. O papel do intelectual é o de investigar, educar, organizar a hegemonia e a coerção e, ainda homogeneizar a consciência de classe.” (IAMAMOTO, 2000: 44)

Neste sentido, pode-se também pensar no assistente social como um intelectual orgânico que tenha um compromisso, e uma identificação – muitas vezes de origem – com as classes subalternas. Claro que existem intelectuais orgânicos voltados aos interesses das classes dominantes, segundo a análise gramsciana, isso porque o intelectual pode ter valores que o vincule às classes dominantes,

9

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neste sentido sua ação será a de criar hegemonia para a manutenção destas classes.

Entretanto, o intelectual orgânico quando comprometido com as camadas subalternas, quando vinculado a valores democráticos e emancipatórios é, um profissional que manifesta o caráter político em sua ação, que está constantemente persuadindo, organizando idéias e pessoas com vistas à transformação social. Não é o intelectual em si que irá gerar a transformação, mas a sua participação política e a sua capacidade de articulação social.

O trabalho do assistente social é polarizado pelos interesses das classes fundamentais, contribuindo para a homogeneidade do projeto destas classes:

“O profissional de Serviço Social é aqui, também considerado na sua condição de intelectual. Para caracterizá-lo busca suporte em Gramsci, para quem esta categoria não se constitui um grupo autônomo e independente das classes fundamentais; ao contrário tem o papel de dar-lhes homogeneidade e consciência de sua função, isto é, de contribuir na luta pela direção social e cultural dessas classes na sociedade. Trata-se do „organizador, dirigente e técnico‟ que coloca a sua capacidade a serviço da criação de condições favoráveis à organização da própria classe a que se encontra vinculado.” (CARVALHO e IAMAMOTO, 2001:87)

Entender o assistente social como um intelectual é compreender que o seu trabalho profissional se dá no campo político-ideológico como apontado por Iamamoto:

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no terreno institucional, definindo forças sociopolíticas em lutas para construir a hegemonias, definir consensos de classe e estabelecer formas de controle social a elas vinculadas.” (IAMAMOTO, 2003, 98)

O lugar social da profissão, no campo político-ideológico, com o papel de amenizar os conflitos entre o capital e o trabalho através coerção e da reprodução da cultura dominante, confere ao assistente social a posição de intelectual na sociedade. Entretanto, entender o movimento contraditório de seu trabalho profissional, que pode também utilizar de sua relativa autonomia (IAMAMOTO, 2003) para redirecionar sua ação para ações democrática e que fortaleçam as classes subalternas tornando-se imprescindível a compreensão do caráter político da profissão.

“Os assistentes sociais ao realizarem suas funções profissionais, seja ao nível de Secretárias de Governo, dos bairros, das instâncias de organização e mobilização da população, das organizações não-governamentais (ONGs), exercem a função de um educador político; um educador comprometido com a política democrática ou um educador envolvido com os “donos do poder””. (IAMAMOTO, 2003:79)

Traz, o assistente social, de forma marcada e expressiva a sua função como um educador que tem grandes chances de ser moralizador, controlador, disciplinador ou um educador comprometido com a luta democrática e com seu projeto ético-político profissional.

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“Trata-se como se vê, de uma educação essencialmente prática e historicista que rompe com as concepções metafísicas e abstratas, pois não existe um “ordenador” fora das práticas humanas nem mesmo uma relação independente da relação como o homem; como também não é concebível o indivíduo humano fora da sua classe social ou fora da luta entre as classes. É no interior das lutas, na forma que modernamente se desenvolvem, que acontece o processo educativo do novo cidadão. Por ser um processo de classe e, portanto, social, o novo educador coletivo é o Partido que, visível ou invisivelmente, faz os diagnósticos, organiza as atividades educativas, levanta prioridades e avalia resultados.” (NOSELLA, 2002: 89)

Evidente que o momento histórico, apontava para Gramsci o partido político com real possibilidade de construir uma nova sociedade, para ele, os intelectuais desempenham a sua função no partido político. Os partidos políticos possuem papel importante no âmbito da política e também apontam influência na organização da educação e da cultura na sociedade.

Com forte vínculo junto aos movimentos sindicais e populares, os partidos vêm sofrendo nos últimos tempos as mudanças que afetaram significativamente estes movimentos. A reestruturação produtiva que alargou ferozmente o desemprego em massa e gerou por conseqüência o enfraquecimento dos movimentos sindicais, somada a privatização do Estado, a desarticulação dos movimentos sociais, a desproteção social e a expansão do mercado financeiro; trouxeram aos partidos políticos um readequamento na ação e no discurso ora assemelhando-se entre si (independente de posição política), ora defendendo proposta simplórias e inviabilizadas, dada a complexidade da sociedade atual.

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―[...] a cruzada antidemocrática do grande capital, expressa na cultura do neoliberalismo (que, entre nós, é conduzida por setores político-partidários que se dizem vinculados a um projeto social societário socialdemocrata) é uma ameaça real ao projeto profissional do Serviço Social.” (NETTO, 2000: 107)

Não se defende aqui o projeto profissional como uma entidade de vida própria, mas como a direção social e política para onde aponta a profissão. Evidente que a ação educativa seja efetuada pelos agentes profissionais em seu cotidiano, ocupando muitas vezes espaços contraditórios, com condições objetivas bastante limitadas.

Nos últimos anos, o assistente social vem sendo requisitado para operacionalizar a ação educativa em seu exercício profissional através de trabalhos tidos como ―socioeducativos‖. São trabalhos de acompanhamento a famílias, adolescentes, jovens e idosos que, prioritariamente, através de grupos, desenvolve atividades na ótica do reconhecimento do direito e do exercício da cidadania.

Quanto ao termo socioeducativo passa a ser amplamente divulgado a partir da década de 90 com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que extingue o antigo Código de Menores e passa a trabalhar com o adolescente autor de ato infracional através de Medidas Socioeducativas. O ECA explicita quais são as Medidas Socioeducativas (advertência, obrigação de reparar o dano; prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semi-liberdade e internação), mas, não aponta como estas ações devem ser desenvolvidas. Devem, no entanto, ter por objetivo o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, conforme preconiza a lei.

Apesar de ganhar nova conotação, buscando eliminar o caráter estritamente punitivo da legislação, as Medidas Socioeducativas inevitavelmente ainda trazem em si a adequação do adolescente autor de ato infracional ao meio social em que vive.

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A tentativa de unir o termo educação ao velho termo social traz a idéia de uma educação socializadora para aqueles que dela precisam e assim podemos entender que se trata de uma forma velada de adequação social.

Fato é que o termo socioeducativo está banalizado e é utilizado sem ressalvas, como se seu significado já fosse compartilhado por todos. Nos textos que fazem uso do termo socioeducativo na atuação com grupos, socioeducativo não é conceituado, destrinchado; mas utilizado como pressuposto de um entendimento comum.

Considerando as polêmicas em questão e após exaustiva pesquisa em busca de conceituar o termo, partiu-se para a pesquisa de campo no intuito de verificar o que os agentes profissionais entendem por socioeducativo e como este acontece em seu cotidiano.

Atentando-se para a proposta do grupo focal, onde cartões disparadores com um tema para discussão eram sorteados, chegou inevitavelmente à vez de discutir o tema: ―Socioeducativo é...‖.

Ao se deparar com a questão, o grupo fez longo silêncio, os integrantes se entreolharam, um deles começou a assobiar, para fugir da discussão. O silêncio começou a pesar até que uma participante exclamou em alto e bom tom:

“Gente é um social educativo! (risos)”

O grupo descontraiu, todos riram com a obviedade da colocação da colega. E encorajada por esta, outra participante se manifestou:

“Tudo que envolve o educativo e o social é difícil de explicar porque não tem receita, é processo. São relações, interações e não tem receita.”

Quando a participante menciona que não há receita, ela faz uma junção em explicitar o que é o socioeducativo com a forma de como este se operacionaliza. Falar de relações, interações, desperta a reflexão sobre a importante participação do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais10:

10 Para CARVALHO e IAMAMOTO a definição de relações sociais compreende: “[...] cabe reafirmar que a

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“Assim, a reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do processo social, a reprodução de determinado modo de vida que envolve o cotidiano da vida em sociedade: o modo de viver e de trabalhar, de forma socialmente determinada, dos indivíduos em sociedade.” (IAMAMOTO & CARVALHO, 2001: 72)

Para o Serviço Social o trabalho socioeducativo é uma mediação profissional que tem como pano de fundo a participação no processo de reprodução das relações sociais, sem dúvida, envolvendo o campo minado de forças, como aponta CARVALHO e IAMAMOTO:

“Reproduz também, pela mesma atividade, interesses contrapostos que convivem em tensão. Responde tanto a demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro pólo pela mediação de seu oposto. Participa tantos dos mecanismos de dominação e exploração como, ao mesmo tempo e pela mesma atividade, da resposta as necessidades de sobrevivência da classe trabalhadora e da reprodução do antagonismo, nesses interesses sociais, reforçando as contradições que constituem o móvel básico da história.” (2001:75)

Este movimento revela a totalidade do exercício do trabalho do assistente social que envolve também as atividades socioeducativas. E mesmo que estas atividades sejam realizadas também por outras disciplinas profissionais, como a psicologia, a pedagogia e as ciências sociais, também implicam este caráter de reprodução das relações sociais, principalmente no que tange os trabalhos da política de assistência social, como é o caso do PAIF.

Aquecidos pelas colocações anteriores, o grupo focal estabelece uma discussão a respeito do socioeducativo, relatada a seguir:

“– Eu penso no grupo, mas eu também penso no individual. Eu penso em todas as possibilidades de intervenção que é reflexivo, que você vai além do que a pessoa está te pedindo. O porquê você está nesta condição? E fazer uma análise de sociedade com ela num atendimento individual, o que é possível. Agora os frutos de um trabalho socioeducativo individual e grupal são diferentes. O grupo ele é muito mais efetivo, proporciona um crescimento das pessoas do

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grupo, eu acredito muito mais no grupal do que no individual, mas ele é possível no individual.”

“– Eu concordo. Neste sentido, de que o socioeducativo intenciona a sua intervenção, seja no atendimento individual ou de grupo.”

“– Tudo é educativo! Ele pode ser educativo para te alienar, te manter onde está ou para provocar transformação.”

“– Sim. Para mim todas as ações, intervenções podem ser socioeducativas. Agora quando você fala de função educativa você fala de raiz, como este profissional se reconhece. Você se reconhece como educador? Se você se reconhece como um educador você terá uma função educativa, agora dificilmente quem não se reconhece como educador exercerá uma função educativa. Entende a diferença de socioeducativo para mim? Socioeducativo é a intervenção em si que pode ser individual, pode ser coletivo.”

Diante das colocações dos participantes, percebe-se que a nomenclatura educativo, socioeducativo se misturam, tornado-se sinônimos muitas vezes e, refere-se a um modo de intervenção profissional para estes assistentes sociais. Um deles explicita a necessidade do profissional se reconhecer um educador e menciona que o socioeducativo intenciona a ação profissional.

As gestoras entrevistadas também seguiram uma linha de raciocínio parecida em sua explanação, quando questionadas sobre o que é o socioeducativo:

“[...] o termo socioeducativo seria ações, estratégias, dinâmicas que você utiliza para desenvolver um trabalho com as famílias de forma participativa, onde as pessoas se sintam não como aquele grupo em que eu vou para ouvir alguém falar, isso é uma palestra, em alguns momento você tem conteúdos e você vai levar os conteúdos. Mas, o socioeducativo ele tem uma das atribuições importante a serem feitas, de você poder proporcionar que as pessoas sintam no grupo como espaço onde elas constroem o conhecimento a partir de coisas que elas têm, potencialidades que elas têm e não onde eu só estou te passando conhecimento. Acho que seria isso.”

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