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Partindo do pressuposto já desenvolvido, entende-se que toda ação profissional contém em si um perfil pedagógico e que por isso possui características educativas. Na perspectiva gramsciana a ação educativa se situa no âmbito de sua análise dos intelectuais. Gramsci considera todos os homens como intelectuais, como se segue:

“Para Gramsci (1977:15-16), porém, „em qualquer trabalho físico; mesmo no mais mecânico e degradado existe um mínimo de qualificação técnica, isto é, um mínimo de atividade intelectual criadora‟. Neste sentido, „todos os homens são intelectuais, mas nem todos desempenham na sociedade a função de intelectuais‟, ou seja, não existe atividade humana da qual se possa excluir toda a intervenção intelectual, não se pode separar o homo faber do homo sapiens.” (SIMIONATTO, 1995: 57)

Para ele todo trabalho contém em si um conhecimento aplicado e desta forma todos os homens são intelectuais, o que não quer dizer que todos desempenhem tal função socialmente. Entretanto, define-se como intelectual a função social imediata, não considerando a totalidade da ação que, por mais que não utilize do conhecimento cientifico ou intelectual, utiliza-se do conhecimento construído para tal ação e apreendido coletivamente.

“Quando se distingue entre intelectuais e não-intelectuais, faz-se referência, na realidade, tão somente à imediata função social da categoria profissional dos intelectuais, isto é, leva-se em conta a direção sobre a qual incide o peso maior da atividade profissional específica, se na elaboração intelectual ou se no esforço muscular-nervoso.” (GRAMSCI, 1979: 06)

Gramsci dividiu os intelectuais em duas categorias: intelectuais orgânicos e intelectuais tradicionais. Os intelectuais orgânicos são originários dos grupos sociais essenciais (burguesia e proletariado), os quais ―[...] (nascem) no terreno originário de

uma função essencial no mundo da produção econômica, (tais grupos criam) para si, ao mesmo tempo, de um modo orgânico, uma ou mais camadas de intelectuais que

lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também no social e no político [...]” (GRAMSCI, 1979: 03). O

intelectual orgânico tem a função de trazer homogeneidade à classe qual se filia e de contribuir na luta pela direção social e cultural desta classe, é orgânico pela proximidade e organicidade9 com que se relaciona com a classe e possuí papel fundamentalmente político.

Os intelectuais tradicionais já preexistiam “[...] como representantes de uma continuidade histórica que não fora interrompida nem mesmo pelas mais complicadas e radicais modificações das formas sociais e políticas” (GRAMSCI, 1979:03), tendo como representantes maior os eclesiásticos. Todo o grupo que

pretende assumir papel dominante socialmente, se embrenha numa luta pela assimilação e conquista ―ideológica‖ dos intelectuais tradicionais. De acordo com Simionatto (1995) é comum atrelar a figura do Intelectual Tradicional como sendo conservador, o que nem sempre é verdadeiro.

O papel do intelectual traz um conteúdo eminentemente educativo, pois trabalha no âmbito da cultura, na difusão do conhecimento e do saber com vistas à consolidação de um projeto da classe fundamental qual se vincula.

“O intelectual exerce funções de direção econômica, social e cultural que se expressam tanto nos níveis de elaboração como de difusão do saber da classe que representa. O papel do intelectual é o de investigar, educar, organizar a hegemonia e a coerção e, ainda homogeneizar a consciência de classe.” (IAMAMOTO, 2000: 44)

Neste sentido, pode-se também pensar no assistente social como um intelectual orgânico que tenha um compromisso, e uma identificação – muitas vezes de origem – com as classes subalternas. Claro que existem intelectuais orgânicos voltados aos interesses das classes dominantes, segundo a análise gramsciana, isso porque o intelectual pode ter valores que o vincule às classes dominantes,

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A concepção de organicidade é inerente à formação mesma das suas competências e das funções que desenvolvem no interior do modo de produção capitalista, inclusive o encaminhamento das lutas junto às classes a que está vinculado. Estar vinculado organicamente a uma classe não significa agir de fora, externamente, de maneira mecânica. Significa, sim, participar efetivamente de um projeto junto às classes fundamentais: burguesia e proletariado.” (SIMIONATTO, 1995: 58-59)

neste sentido sua ação será a de criar hegemonia para a manutenção destas classes.

Entretanto, o intelectual orgânico quando comprometido com as camadas subalternas, quando vinculado a valores democráticos e emancipatórios é, um profissional que manifesta o caráter político em sua ação, que está constantemente persuadindo, organizando idéias e pessoas com vistas à transformação social. Não é o intelectual em si que irá gerar a transformação, mas a sua participação política e a sua capacidade de articulação social.

O trabalho do assistente social é polarizado pelos interesses das classes fundamentais, contribuindo para a homogeneidade do projeto destas classes:

“O profissional de Serviço Social é aqui, também considerado na sua condição de intelectual. Para caracterizá-lo busca suporte em Gramsci, para quem esta categoria não se constitui um grupo autônomo e independente das classes fundamentais; ao contrário tem o papel de dar-lhes homogeneidade e consciência de sua função, isto é, de contribuir na luta pela direção social e cultural dessas classes na sociedade. Trata-se do „organizador, dirigente e técnico‟ que coloca a sua capacidade a serviço da criação de condições favoráveis à organização da própria classe a que se encontra vinculado.” (CARVALHO e IAMAMOTO, 2001:87)

Entender o assistente social como um intelectual é compreender que o seu trabalho profissional se dá no campo político-ideológico como apontado por Iamamoto:

“Seu trabalho situa-se predominantemente no campo político- ideológico: o profissional é requerido a exercer funções de controle social e de reprodução da ideologia dominante junto aos segmentos subalternos, sendo seu campo de trabalho atravessado por tensões e interesses de classes. A possibilidade de redirecionar o sentido de suas ações para rumos sociais distintos daqueles esperados por seus empregadores – como, por exemplo, nos rumos na construção da cidadania para todos; da efetivação de direitos sociais, civis, políticos; da formação de uma cultura pública democrática e da consolidação da esfera pública – deriva do próprio caráter contraditório das relações sociais que estruturam a sociedade burguesa. Nelas encontram interesses sociais distintos e antagônicos, que se refratam

no terreno institucional, definindo forças sociopolíticas em lutas para construir a hegemonias, definir consensos de classe e estabelecer formas de controle social a elas vinculadas.” (IAMAMOTO, 2003, 98)

O lugar social da profissão, no campo político-ideológico, com o papel de amenizar os conflitos entre o capital e o trabalho através coerção e da reprodução da cultura dominante, confere ao assistente social a posição de intelectual na sociedade. Entretanto, entender o movimento contraditório de seu trabalho profissional, que pode também utilizar de sua relativa autonomia (IAMAMOTO, 2003) para redirecionar sua ação para ações democrática e que fortaleçam as classes subalternas tornando-se imprescindível a compreensão do caráter político da profissão.

“Os assistentes sociais ao realizarem suas funções profissionais, seja ao nível de Secretárias de Governo, dos bairros, das instâncias de organização e mobilização da população, das organizações não- governamentais (ONGs), exercem a função de um educador político; um educador comprometido com a política democrática ou um educador envolvido com os “donos do poder””. (IAMAMOTO, 2003:79)

Traz, o assistente social, de forma marcada e expressiva a sua função como um educador que tem grandes chances de ser moralizador, controlador, disciplinador ou um educador comprometido com a luta democrática e com seu projeto ético-político profissional.

Gramsci no desenvolvimento de sua análise, também se dedicou a entender a educação, não apenas a educação formal que também é alvo de seus estudos, mas, e principalmente, a educação popular tendo o partido político primazia como agente operacionalizador desta ação educativa. Educação esta oposta às características da educação burguesa que propõe processos educativos com vistas para a manutenção e ampliação do capitalismo disseminando valores individualistas, consumistas e de propriedade. Fala-se de uma educação que proponha fundamentalmente processos críticos, de reconstrução histórica, prático e participativo; “um processo educativo antiautoritário, essencialmente aberto e criativo.” (NOSELLA, 2002: 89)

“Trata-se como se vê, de uma educação essencialmente prática e historicista que rompe com as concepções metafísicas e abstratas, pois não existe um “ordenador” fora das práticas humanas nem mesmo uma relação independente da relação como o homem; como também não é concebível o indivíduo humano fora da sua classe social ou fora da luta entre as classes. É no interior das lutas, na forma que modernamente se desenvolvem, que acontece o processo educativo do novo cidadão. Por ser um processo de classe e, portanto, social, o novo educador coletivo é o Partido que, visível ou invisivelmente, faz os diagnósticos, organiza as atividades educativas, levanta prioridades e avalia resultados.” (NOSELLA, 2002: 89)

Evidente que o momento histórico, apontava para Gramsci o partido político com real possibilidade de construir uma nova sociedade, para ele, os intelectuais desempenham a sua função no partido político. Os partidos políticos possuem papel importante no âmbito da política e também apontam influência na organização da educação e da cultura na sociedade.

Com forte vínculo junto aos movimentos sindicais e populares, os partidos vêm sofrendo nos últimos tempos as mudanças que afetaram significativamente estes movimentos. A reestruturação produtiva que alargou ferozmente o desemprego em massa e gerou por conseqüência o enfraquecimento dos movimentos sindicais, somada a privatização do Estado, a desarticulação dos movimentos sociais, a desproteção social e a expansão do mercado financeiro; trouxeram aos partidos políticos um readequamento na ação e no discurso ora assemelhando-se entre si (independente de posição política), ora defendendo proposta simplórias e inviabilizadas, dada a complexidade da sociedade atual.

Desta forma, outros atores tomam o campo educativo com vistas à transformação social. Pode-se aqui mencionar os Conselhos de Direito, de peso e real importância na regulação da política social hoje, na luta por direitos e no controle do Estado, pode-se falar de organizações do terceiro setor comprometidas com a luta democrática, os Movimentos dos Sem Terra nas áreas rurais e dos Sem Teto nos centros urbanos que bravamente sobrevivem ao caos. Todavia, diante do foco desta dissertação, um ator importante na operacionalização da ação educativa defendida por Gramsci é o projeto ético-político profissional eleito pela categoria dos assistentes sociais. No entanto,

―[...] a cruzada antidemocrática do grande capital, expressa na cultura

do neoliberalismo (que, entre nós, é conduzida por setores político- partidários que se dizem vinculados a um projeto social societário socialdemocrata) é uma ameaça real ao projeto profissional do Serviço Social.” (NETTO, 2000: 107)

Não se defende aqui o projeto profissional como uma entidade de vida própria, mas como a direção social e política para onde aponta a profissão. Evidente que a ação educativa seja efetuada pelos agentes profissionais em seu cotidiano, ocupando muitas vezes espaços contraditórios, com condições objetivas bastante limitadas.

Nos últimos anos, o assistente social vem sendo requisitado para operacionalizar a ação educativa em seu exercício profissional através de trabalhos tidos como ―socioeducativos‖. São trabalhos de acompanhamento a famílias, adolescentes, jovens e idosos que, prioritariamente, através de grupos, desenvolve atividades na ótica do reconhecimento do direito e do exercício da cidadania.

Quanto ao termo socioeducativo passa a ser amplamente divulgado a partir da década de 90 com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que extingue o antigo Código de Menores e passa a trabalhar com o adolescente autor de ato infracional através de Medidas Socioeducativas. O ECA explicita quais são as Medidas Socioeducativas (advertência, obrigação de reparar o dano; prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semi-liberdade e internação), mas, não aponta como estas ações devem ser desenvolvidas. Devem, no entanto, ter por objetivo o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, conforme preconiza a lei.

Apesar de ganhar nova conotação, buscando eliminar o caráter estritamente punitivo da legislação, as Medidas Socioeducativas inevitavelmente ainda trazem em si a adequação do adolescente autor de ato infracional ao meio social em que vive.

“Um segundo aspecto refere-se à própria nominação – também ambígua – do termo socioeducativo quando associado aos programas de transferência de renda. O termo socioeducativo é o mesmo que rege medidas legais junto aos adolescentes em conflito com a lei. Ressalte-se com esta identificação que o termo é identificado com um contexto que se vincula à noção de problema e de norma. Essa terminologia é construída no campo da normatização.” (Vitalle, 2008)

A tentativa de unir o termo educação ao velho termo social traz a idéia de uma educação socializadora para aqueles que dela precisam e assim podemos entender que se trata de uma forma velada de adequação social.

Fato é que o termo socioeducativo está banalizado e é utilizado sem ressalvas, como se seu significado já fosse compartilhado por todos. Nos textos que fazem uso do termo socioeducativo na atuação com grupos, socioeducativo não é conceituado, destrinchado; mas utilizado como pressuposto de um entendimento comum.

Considerando as polêmicas em questão e após exaustiva pesquisa em busca de conceituar o termo, partiu-se para a pesquisa de campo no intuito de verificar o que os agentes profissionais entendem por socioeducativo e como este acontece em seu cotidiano.

Atentando-se para a proposta do grupo focal, onde cartões disparadores com um tema para discussão eram sorteados, chegou inevitavelmente à vez de discutir o tema: ―Socioeducativo é...‖.

Ao se deparar com a questão, o grupo fez longo silêncio, os integrantes se entreolharam, um deles começou a assobiar, para fugir da discussão. O silêncio começou a pesar até que uma participante exclamou em alto e bom tom:

“Gente é um social educativo! (risos)”

O grupo descontraiu, todos riram com a obviedade da colocação da colega. E encorajada por esta, outra participante se manifestou:

“Tudo que envolve o educativo e o social é difícil de explicar porque não tem receita, é processo. São relações, interações e não tem receita.”

Quando a participante menciona que não há receita, ela faz uma junção em explicitar o que é o socioeducativo com a forma de como este se operacionaliza. Falar de relações, interações, desperta a reflexão sobre a importante participação do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais10:

10 Para CARVALHO e IAMAMOTO a definição de relações sociais compreende: “[...] cabe reafirmar que a reprodução das relações sociais não restringe a reprodução da força viva de trabalho e dos meios objetivos de produção (instrumentos de produção e matérias- primas). A noção de reprodução engloba-os, enquanto elementos substanciais do processo de trabalho, mas também, os ultrapassa. Não se trata apenas da reprodução material no seu sentido amplo, englobando produção, consumo, distribuição e troca de mercadorias. Refere-se à reprodução das forças produtivas e das relações de produção na sua globalidade, envolvendo também a

“Assim, a reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do processo social, a reprodução de determinado modo de vida que envolve o cotidiano da vida em sociedade: o modo de viver e de trabalhar, de forma socialmente determinada, dos indivíduos em sociedade.” (IAMAMOTO & CARVALHO, 2001: 72)

Para o Serviço Social o trabalho socioeducativo é uma mediação profissional que tem como pano de fundo a participação no processo de reprodução das relações sociais, sem dúvida, envolvendo o campo minado de forças, como aponta CARVALHO e IAMAMOTO:

“Reproduz também, pela mesma atividade, interesses contrapostos que convivem em tensão. Responde tanto a demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro pólo pela mediação de seu oposto. Participa tantos dos mecanismos de dominação e exploração como, ao mesmo tempo e pela mesma atividade, da resposta as necessidades de sobrevivência da classe trabalhadora e da reprodução do antagonismo, nesses interesses sociais, reforçando as contradições que constituem o móvel básico da história.” (2001:75)

Este movimento revela a totalidade do exercício do trabalho do assistente social que envolve também as atividades socioeducativas. E mesmo que estas atividades sejam realizadas também por outras disciplinas profissionais, como a psicologia, a pedagogia e as ciências sociais, também implicam este caráter de reprodução das relações sociais, principalmente no que tange os trabalhos da política de assistência social, como é o caso do PAIF.

Aquecidos pelas colocações anteriores, o grupo focal estabelece uma discussão a respeito do socioeducativo, relatada a seguir:

“– Eu penso no grupo, mas eu também penso no individual. Eu penso em todas as possibilidades de intervenção que é reflexivo, que você vai além do que a pessoa está te pedindo. O porquê você está nesta condição? E fazer uma análise de sociedade com ela num atendimento individual, o que é possível. Agora os frutos de um trabalho socioeducativo individual e grupal são diferentes. O grupo ele é muito mais efetivo, proporciona um crescimento das pessoas do

reprodução da produção espiritual, isto é, das formas de consciência social jurídicas, religiosas, artísticas ou filosóficas, através das quais se toma consciência das mudanças ocorridas nas condições materiais de produção”.

grupo, eu acredito muito mais no grupal do que no individual, mas ele é possível no individual.”

“– Eu concordo. Neste sentido, de que o socioeducativo intenciona a sua intervenção, seja no atendimento individual ou de grupo.”

“– Tudo é educativo! Ele pode ser educativo para te alienar, te manter onde está ou para provocar transformação.”

“– Sim. Para mim todas as ações, intervenções podem ser socioeducativas. Agora quando você fala de função educativa você fala de raiz, como este profissional se reconhece. Você se reconhece como educador? Se você se reconhece como um educador você terá uma função educativa, agora dificilmente quem não se reconhece como educador exercerá uma função educativa. Entende a diferença de socioeducativo para mim? Socioeducativo é a intervenção em si que pode ser individual, pode ser coletivo.”

Diante das colocações dos participantes, percebe-se que a nomenclatura educativo, socioeducativo se misturam, tornado-se sinônimos muitas vezes e, refere- se a um modo de intervenção profissional para estes assistentes sociais. Um deles explicita a necessidade do profissional se reconhecer um educador e menciona que o socioeducativo intenciona a ação profissional.

As gestoras entrevistadas também seguiram uma linha de raciocínio parecida em sua explanação, quando questionadas sobre o que é o socioeducativo:

“[...] o termo socioeducativo seria ações, estratégias, dinâmicas que você utiliza para desenvolver um trabalho com as famílias de forma participativa, onde as pessoas se sintam não como aquele grupo em que eu vou para ouvir alguém falar, isso é uma palestra, em alguns momento você tem conteúdos e você vai levar os conteúdos. Mas, o socioeducativo ele tem uma das atribuições importante a serem feitas, de você poder proporcionar que as pessoas sintam no grupo como espaço onde elas constroem o conhecimento a partir de coisas que elas têm, potencialidades que elas têm e não onde eu só estou te passando conhecimento. Acho que seria isso.”

“Proporcionar a reflexão, por exemplo, da sua vida familiar, a partir desta reflexão as questões que podem ser modificadas, que questões são próprias de mudança de comportamento da própria família, que

questões são próprias de uma estrutura que precisa ser apoiada, recursos que essas famílias têm que acessar para anunciar seus acessos de direitos, fortalecimento de repasses financeiros, pensar o quanto as pessoas e famílias, crianças e adolescentes, estão nesta situação por conta de uma estrutura opressora, do quanto você pode transformar estas relações no seu cotidiano, fortalecendo essas pessoas, lutando pelos seus direitos, participando ativamente, sendo propositivos dentro das escolas, tendo uma postura de questionamento: porque que as crianças são ruins? Porque as crianças não querem ir para a escola? É as famílias que são negligentes, entendeu? Eu acho que este é um objetivo importantíssimo, a família entender que ela não é negligente, ela é fruto de um processo de exclusão permanente e, que ela tem sim, uma série de questões de que ela precisa mexer, mas que é próprio do processo que ela esta vivendo.”

Também definem o socioeducativo como uma intervenção profissional, uma ação. Entretanto, não se trata de qualquer ação, mas de uma ação crítica, reflexiva e que possa fomentar mudanças, possa ampliar a percepção dos usuários para um entendimento mais totalizante da realidade em que estão inseridos. O usuário torna- se, peça fundamental de participação e construção do atendimento qual está inserido, seja grupal ou individual. Trata-se de uma intervenção que é construída com o outro a partir do conhecimento trazido pelo usuário (sua realidade, suas relações, suas estratégias de vida) e do acúmulo do assistente social: