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Eco: anteprojeto de um centro empresarial para a cidade de Natal/RN

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Academic year: 2021

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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

THAMIRYS RAFAELLE RODRIGUES FERRAZ

ECO.

ANTEPROJETO DE UM CENTRO EMPRESARIAL PARA A CIDADE DE

NATAL/RN

Natal – RN Novembro de 2019

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ECO.

ANTEPROJETO DE UM CENTRO EMPRESARIAL PARA A CIDADE DE

NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.

Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque

Natal – RN Novembro de 2019

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Ferraz, Thamirys Rafaelle Rodrigues.

Eco: anteprojeto de um centro empresarial para a cidade de Natal/RN / Thamirys Rafaelle Rodrigues Ferraz. - Natal, RN, 2019.

184f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Glauce Lilian de Albuquerque.

1. Centro empresarial - Monografia. 2. Arquitetura

corporativa - Monografia. 3. Design biofílico - Monografia. 4. Projeto de arquitetura - Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lilian de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 725.2

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ECO.

ANTEPROJETO DE UM CENTRO EMPRESARIAL PARA A CIDADE DE

NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.

Aprovação em _____ de ________________ de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Glauce Lilian Alves de Albuquerque Professor – UFRN

Bianca Carla Dantas de Araújo Professor – UFRN

Suerda Ivanete Gomes de Farias Arquiteto Convidado

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Aos meus pais, que sempre acreditaram e confiaram em mim.

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Ao meu pai, Marcos, que com todo o seu amor e carinho me ensinou desde muito nova que conhecimento e educação são as únicas coisas que jamais pode m ser roubadas e que tudo na vida tem sua hora para acontecer.

À minha mãe, Penha, que me criou e me fez ser quem sou hoje. A ela sou eternamente grata pela imensa generosidade de abrir mão d a sua juventude para acolher a responsabilidade de ser mãe de duas crianças, eu e meu irmão.

À minha mãe, Francilúcia, que mesmo sem perceber, me ensinou a enxergar a vida por outros ângulos e me mostrou que nunca se deve desistir de ser feliz.

Ao meu irmão, Rafael, que passou por todas as batalhas comigo e sempre foi meu anjo protetor. À minha irmã, Marília, que sempre me arrancou os sorrisos mais sinceros e me deu o presente mais lindo, minha sobrinha, Lara. À minha irmã, Ana Carolina, que com toda sua determinação e foco me inspira a ser melhor todos os dias.

Ao meu namorado, Franco, que conheci e me apaixonei durante os árduos trabalhos de Atelier Integrado e a quem agradeço por conseguir me fazer sentir a pessoa mais amada desse mundo mesmo estando distante.

Ao meu amigo Patrick, que por muito tempo foi minha família e meu ponto de apoio nessa jornad a longe de casa. À Gabriela Luz que foi quem me acolheu no início do curso e com quem dividi apartamento por alguns anos.

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famílias e me deram de presente mais pais e irmãos para amar. À Anaísa e Filipe Augusto que foram minhas principais duplas nos trabalhos de projeto e que passaram com igo madrugadas em claro, agonias, frustrações e no fim, claro, os momentos de êxtase dos bons resultados.

A Rodrigo, Jessé e Matheus que me renderam muitas gargalhadas nas horas de almoço no Restaurante Universitário e à Thaíse, a quem admiro por sua fé inabalável.

A todos os professores pelos conhecimentos passados e em especial à Giovana Paiva, que foi quem primeiro acreditou no meu trabalho e me abriu portas, e à Glauce Lilian, que tem me orientado e me ajudado a realizar esse sonho.

À Marize, Patrícia, Camila e Denise que durante esses anos foram minhas chefes/cuidadoras/amigas e que compartilharam comigo valiosos ensinamentos que com certeza me guiarão na vida profissional.

E por último, mas não menos importante, à Maggie, que é a alegria da minha c hegada em casa e a minha maior e melhor companhia. Sou grata pelo seu amor puro, sincero e incondicional.

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O objeto de estudo deste trabalho final de graduação consiste no desenvolvimento do anteprojeto d e um Centro Empresarial para a cidade de Natal/RN. Este, surgiu ao se observar o ap arecimento de diversos edifícios empresariais de estética envidraçada na cidade o que levou a indagações acerca da qualidade ambiental dos mesmos e como esta poderia possibilitar o alto desempenho de empresas. Seguindo esta linha, e trabalhando com o tema: Arquitetura Corporativa, é aderido ao desenvolvimento do trabalho o Design Biofílico, ferramenta que além de possibilitar a potencialização de resultados de alta performance respeitando e considerando as necessidades humanas, permite reconectar as pessoas à natureza no ambiente moderno construíd o. Pretende -se assim, desenvolver um edifício comercial conceito centrado fundamentalmente nas pessoas e na manipulação consciente das qualidades ambientais dos esp aços para que estes sejam inspiradores, saudáveis, funcionais e integrados ao ecossistema urbano. A abordagem dessa temática, intenciona ainda destacar as benesses provenientes de uma arquitetura que reaproxima a natureza ao indivíduo e como essa pode ser um instrumento de valia para empresas que buscam se destacar.

Palavras- chave: Arquitetura corporativa, Design biofílico, Bem-estar,

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The study object of this undergraduate thesis consists in the development of a business center Draft for Natal city, in RN.This arose by the observation of the appearing of various business buildings w ith a glazed aesthetics in the city w hat brought enquiries about the environmental quality of them and how that could allow a high company improvement. Follow ing this line and w orking w ith the Enterprise Architecture theme, it is adhered to the progression w ork the biophilic design, a tool that besides enabling the results maximization of high performance, respecting an d contemplating the humans needs, grant the reconnection w ith nature to people in a built modern environment. Thus, it is intended to develop a commercial building, concept focused, essentially, on people and on the conscious manipulation of environmental spaces qualities, in order to make those inspirings, healthy, functional and integrated to the urban ecosystem. This topic approach also intends to highlight comings benefits of an architecture w hich reconnects the nature to individual and how that can be value instrument for companies that aim to stand out.

Key words : Enterprise architecture; Biophilic design; Welfare;

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Figura 01 – Rockefeller Center em Nova York...23

Figura 02 - Da esquerda para a direita, “Googleplex” e “Infinite Loop”...35

Figura 03 - A relação da natureza com a arquitetura no decorrer da história...38

Figura 04 - Tarde de domingo no Parque das Dunas, Natal/RN...41

Figura 05 - Edifício Hermes 880...69

Figura 06 - Edifício Hermes 880 e seu entorno...70

Figura 07 - Cortes do Edifício Hermes 880...71

Figura 08 - Luminosidade no interior de uma das salas comerciais...71

Figura 09 - Planta baixa de um dos pavimentos tipo corporativos...72

Figura 10 - Restaurante Marechal...73

Figura 11 - Internacional Trade Center-Natal...73

Figura 12 - Da esquerda para a direita estão o Recife e o ITC-Natal...74

Figura 13 - Acessos do ITC-Natal...75

Figura 14 - Recepção e acesso a circulação vertical do ITC-Natal....75

Figura 15 - Planta baixa do pavimento tipo do ITC-Natal...76

Figura 16 - Laje colmeia aparente e preparação para instalação de piso elevado...77

Figura 17 - Torres do Bosco Verticale em meio ao denso centro de Milão...78

Figura 18 - Relação homem x natureza no ambiente projetado...79

Figura 19 - Utilização de uma grande variação de espécies para composição da fachada do edifício ...79

Figura 20 – Esquema representando a ação das árvores na criação de um melhor ambiente para a edificação ...80

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Figura 22 – Construção do Bosco Verticale...82

Figura 23 – Esquema representando a mudança das cores da vegetação das fachadas no decorrer das estações...83

Figura 24 – Esquema representativo do sistema hídrico e da vegetação...84

Figura 25 – Isométrico dos andares de escritório e logotipo da Evolable Asia...85

Figura 26 – Andar de escritório...86

Figura 27 – Isométrico do piso comum...87

Figura 28 – Andar comum...87

Figura 29 – Flor da vida...88

Figura 30 – Vesica piscis...89

Figura 31 – Triquetra...90

Figura 32 – Semente da vida...90

Figura 33 – Ovo da vida...91

Figura 34 – A Geometria Sagrada e a criação da vida...91

Figura 35 – Respectivamente o Fruto da vida, o cubo de Metatron e os sólidos platônicos com seus resp ectivos elementos...92

Figura 36 – Edifício Arcades...93

Figura 37 – Terraços em cascata...94

Figura 38 – Terraços do edifício Arcades...95

Figura 39 – Predisposição do sistema modular quadrangular na planta baixa do prédio...96

Figura 40 – Localização de centros empresariais em Natal...98

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Figura 43 – Máscara solar (à esquerda) e Rosa dos ventos

predominantes sobre o terreno (à direita)...102

Figura 44 – Respectivamente, perspectiva dos edifícios do entorno, a influência do sombreamento dos p rédios sobre o terreno no solstício de inverno e no solstício de verão ...103

Figura 45 – Canal do Baldo e terreno com seu entorno ao fundo...111

Figura 46 – Mapa com a localização do terreno e seu entorno ...111

Figura 47 – Diagrama geral da proposta...114

Figura 48 – Diagrama de fluxo de carga e descarga...115

Figura 49 – Diagrama de relação entre os acessos e ambientes do edifício 01...116

Figura 50 – Diagrama de relação entre os pavimentos, acessos e ambientes do edifício 02...117

Figura 51 – Flor da vida e forma hexagonal advinda da mesma...119

Figura 52 – Cruzamento de esferas no Padrão da Flor da Vida e rebatimento da característica no p rojeto ...120

Figura 53 – Topografia original do terreno à esquerda e esquema de aproveitamento da topografia pela proposta, à direita ...122

Figura 54 – Estudo da forma e disposição dos pavimentos do edifício principal...124

Figura 55 – Estudo do módulo de pavimento menor e maior com espaço para as varandas jardins...124

Figura 56 – Estudos para distribuição interna dos pavimentos comerciais...125

Figura 57 – Locação de pilares do entorno, das varandas e forma do pav.maior...127

Figura 58 – Delimitação e forma do pav. menor e relação com o pav. maior...127

Figura 59 – Forma geral da estrutura apresentado padrão da Flor da Vida...128

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predominantes (à direita) sobre o pavimento em estudo ...130

Figura 63 – Desenvolvimento do edifício secundário...131

Figura 64 – À esquerda forma do piso (em cinza) sob os blocos e à direita forma da laje de cobertura sobre os blocos...131

Figura 65 – Estrutura do Edifício secundário apresentando padrão em arcos e base a partir da forma hexagonal...132

Figura 66 – Maquete da proposta, Máscara solar (acima) e Rosa dos ventos predominantes (abaixo) aplicados sobre a proposta ...133

Figura 67 – Planta de implantação da proposta...135

Figura 68 – Modelo de ciclofaixa bidirecional...137

Figura 69 – Referências para criação do acesso 02...138

Figura 70 – Estudo do acesso de automóveis e entrada do estacionamento 02...140

Figura 71 – Estudo formal da estrutura da passarela de acesso ao Ed. 02...141

Figura 72 – Planta baixa do térreo do Edifício 01...142

Figura 73 – Estudo formal do Edifício 02 e seus acessos...143

Figura 74 – Entrada no Edifício 01 pelo acesso 02...144

Figura 75 – Estudo formal da estrutura central do átrio do Edifício 01...144

Figura 76 – Planta baixa do pavimento de mezanino do Edifício 01...145

Figura 77 – Cobertura do Edifício 01...146

Figura 78 – Referência de mobiliário para a cobertura do Ed. 01...146

Figura 79 – Estudo formal e de acesso do Edifício 02...148

Figura 80 – Circulação vertical do pavimento de subsolo...149

Figura 81 – Planta baixa do pavimento térreo do estacionamento do Edifício 02...150

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Figura 83 – Planta baixa do pav. de subsolo 01 do estacionamento

do Ed. 02...152

Figura 84 – Planta baixa do pav. de subsolo 02 do estacionamento do Ed. 02...152

Figura 85 – Referências para a recepção e o jardim de vasos...153

Figura 86 – Planta baixa do pav. de recepção do Ed. 02...154

Figura 87 – Planta baixa do pavimento de Mezanino do Ed. 02...155

Figura 88 – Planta baixa com indicação de layout do pavimento de Cow orking...156

Figura 89 – Planta baixa do pavimento tipo Comercial 01...159

Figura 90 – Planta baixa com indicação de layout do Pavimento Interativo...160

Figura 91 – Referência de mobiliário para a área de leitura...161

Figura 92 – Referência de mobiliário para a área de descanso...161

Figura 93 – Referência de mobiliário para a área de conversação...162

Figura 94 – Planta baixa do pavimento tipo Corporativo 01...163

Figura 95 – Planta baixa do pavimento tipo Corporativo 02...164

Figura 96 – Perspectiva mostrando o desenho das esquadrias nos pavimentos...165

Figura 97 – Planta baixa do pavimento do restaurante com indicação de layout...167

Figura 98 – Planta baixa setorizada da área da cozinha e do hall do garçom...168

Figura 99 – Materiais para ambiência do restaurante...169

Figura 100 – Planta de cobertura do Edifício 02...170

Figura 101 – Planta baixa estrutural do pav. tipo do Edifício 02...173

Figura 102 – Corte esquemático das estruturas das jardineiras...174

Figura 103 – Áreas técnicas do pavimento térreo de estacionamento...175

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Figura 105 – Corte esquemático apresentando as áreas técnicas da cobertura...177 Figura 106 – Corte esquemático mostrando chegada por escada à casa de máquinas...177

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Tabela 01 – Tabela indicadora de sentimentos ao adentrar no local de trabalho...42 Tabela 02 – Resumo das contribuições de cada referência...97 Quadro 01 – Quadro resumo das prescrições urbanísticas para o terreno escolhido...106 Quadro 02 – Recuos...106 Quadro 03 – Quadro resumo da quantidade de vagas para estacionamento...107 Tabela 03 – Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento dos ambientes...114 Tabela 04 –Pré-dimensionamento de pilares...170

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INTRODUÇÃO...18

1. ARQUITETURA CORPORATIVA...20

1.1 Evolução do edifício corporativo...21

1.2 Desenvolvimento do espaço de trabalho...25

1.3 Planejamento e projeto corporativo...29

2. DESIGN BIOFÍLICO...35

2.1 Conceituação...36

2.2 Panorama geral...39

2.3 O impacto da Biofilia...43

3. O PROJETO DE DESIGN BIOFÍLICO...49

3.1 Classificação quanto à experiência do usuário...52

3.2 Padrões do Design Biofílico...55

4. REFERENCIAL EMPÍRICO...68

4.1 Estudos diretos...68

4.1.1 Hermes 880...68

4.1.2 Internacional Trade Center Natal...73

4.2 Estudos indiretos...77 4.2.1 Bosco Verticale...78 4.2.2 Evolable Asia...84 4.3 Estudos formais...88 4.3.1 Flor da Vida...88 4.3.2 Arcades...93 5. META PROJETO...98 5.1 Área de intervenção...98

5.2 Análise das condicionantes projetuais...100

5.2.1 Condicionantes ambientais...100

5.2.2 Condicionantes legais...103

5.2.3 Condicionantes físicas...110

5.3 Programa de Necessidades...112

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6.2 Partido...121

6.3 Evolução da ideia...122

6.4 Memorial Descritivo e Justificativo...134

6.4.1 Implantação da proposta...135 6.4.2 Edifício 01...142 6.4.3 Edifício 02...147 6.4.4 Sistema construtivo...171 6.4.5 Sistemas prediais...174 CONSIDERAÇÕES FINAIS...178 REFERÊNCIAS...180 APÊNDICES...184

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INTRODUÇÃO

Este trabalho final de graduação (TFG) consiste na p rop osta arquitetônica de um anteprojeto de edifício empresarial localizado na cidade de Natal-RN, no bairro de Tirol, com ênfase na concepção a partir da ferramenta de Design Biofílico. O tema escolhido p ara o TFG é arquitetura corp orativa. A escolha do tema se justifica pelo crescente número de empreendimentos dessa tipologia na cidade, muitos deles apresentando certa unidade estética caracterizada pelo uso de grandes fachadas em pele de vidro, se sobrepondo às condicionantes ambientais dos locais onde são inseridos.

Essa crescente demanda por edifícios empresariais é resultado de um período de p rosp eridade econômica vivida pelo estado do Rio Grande do Norte, mais especificamente pela cidade d e Natal, que é a detentora do maior PIB (Produto Interno Bruto) do estado e do 35° maior PIB do Brasil. Alguns índices que apontam para um contexto local de forte participação empresarial são o d o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Emp resas) que enumera que das 165.330 Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) do estado, 66.088 estão localizadas na cidade de Natal, e o perfil econômico do estado pela RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) no qual Comércio e Serviços aparecem com 72,8%, o setor da Indústria com 21,8% e o da Agropecuária com 3,4%. Ainda segundo a RAIS, o número d e empresas formais do estado passou de 22,4 mil em 2002 para 42,7 mil em 2012 demonstrando o crescimento do setor empresarial.

Juntamente com o aparecimento dos gra ndes edifícios empresariais da cidade, se pode acompanhar o crescimento da adoção das grandes fachadas em vidro e de uma arquitetura insensível à aprop riação cultural do local e das condicionantes do

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ambiente tropical. Uma outra questão que também se pode observar, relaciona-se à qualidade de vida dos frequentadores desses ambientes empresariais que muitas vezes não apresentam qualidade lumínica, térmica, acústica nem do ar transformando -se em ambientes pouco estimulantes e um real entrave à produtividade d os ocupantes.

Diante do exp osto, faz -se pertinente a abordagem de uma arquitetura corp orativa que estimule o netw orking entre os mais diversos ocupantes e promova espaços inovadores onde os colaboradores estão em primeiro lugar. Uma arquitetura embasada na Biofilia – área de estudo que aborda a necessidade que o homem sente de estar próximo, pertencer e estar em contato co m a natureza, relacionando -se e interagindo com esta, encontrando assim o seu equilíbrio mental e físico – e na promoção de estímulos sensoriais que levem a uma maior sensação de bem -estar.

Dessa forma, o objetivo geral do trabalho é e laborar o anteprojeto de um centro empresarial utilizando princípios d o design biofílico e seus objetivos específicos são: analisar os tipos de ambiente corp orativo, suas demandas e funcionamento ; compreender a concepção de design biofílico ou arquitetura biofílica e aplicar as diretrizes projetuais d o design biofílico no projeto corporativo.

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1. ARQUITETURA CORPORATIVA

Com o advento do capitalismo e a evo lução das grandes cidades que se encaminharam para o processo de urbanização, os edifícios corp orativos foram surgindo e com o passar d o tempo estão compond o cada vez mais o horizonte dos centros comerciais. A imponência de sua arquitetura é algo que geralmente marca a paisagem do lugar e chama a atenção de quem passa.

A arquitetura corporativa é uma área de estud o que trata das soluções arquitetônicas e de design que objetivam organizar e compor o ambiente empresarial prop orcionando ganhos para os funcionários que ali frequentam e a empresa como um todo. A eficiência da arquitetura corporativa é garantida através da melhoria do bem-estar e da produtividade dos funcionários que passam a estar mais inspirados, trabalhando em um lugar agradável que atende as suas demandas e se alinha com as práticas da empresa. A arquitetura corp orativa preocupa -se ainda com as questões estéticas, ergonômicas, de alinhamento entre a comunicação dos demais setores da empresa, assim como o marketing resultando em um todo que deve traduzir a ideia e os valores da marca na qual se trabalha.

As soluções dadas pela arquitetura corp orativa vê m evoluindo cada vez mais e ganhando adesão ao mercado empresarial. Empresas de pequeno, médio e grande p orte que querem se destacar e conquistar os melhores funcionários já percebem a importância da participação do profissional de arquitetura como meio para atingir essas metas. Sabendo da importância da arquitetura corp orativa para o p rogresso do trabalho desenvolvido dentro dos edifícios corp orativos, se faz pertinente entender o tipo de trabalho que ali dentro é desenvolvido. Segundo Isadora Guerreiro:

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Como esp aço d e p rod ução, há ali trabalhad ores, p orém trata-se d e um loc al e um trabalho muito d iferente d aqueles d a fábrica. Os ed ifícios corp orativos são sed es em sua maioria, d e d ois tip os d e ativid ad es: emp resas d e p restação d e serviços ou gerências d e emp resas ligad as ou não à p rod ução d e mercad orias. Ambas ativid ad es ganharam uma d imensão sup erlativa (até mesmo p or conta d e sua sup erexp osição) nesta fase d o cap italismo, fazend o com que os ed ifícios d e escritório sejam monumentos no sentid o simbólico e útil: são a ap ologia materializad a d a forma d e rep rod ução d o cap ital na sua fase d esenvolvid a. (GUERREIRO, 2010, pg. 73)

Após a breve explanação sobre arquitetura corporativa e a definição do que seriam os edifícios corp orativos e seus usos, segue-se o desenvolvimento do capítulo subdividido em três tópicos que tratarão da Evolução do edifício corp orativo, do Desenvolvimento do espaço de trabalho e do Planejamento e projeto corporativo apresentando o suporte teórico que embasará o desenvolvimento do p roduto final do trabalho.

1.1 Evolução do edifício corporativo

Segundo Roberto Fialho (2007, p. 25), “o edifício de escritório para a administração co mercial surgiu como consequência da revolução mercantilista” nos “p aíses europeus, pioneiros da industrialização”. Já “a torre verticalizada de escritórios pode ser considerada um produto da necessidade de centralização administrativa da produção e gerenciamento de serviços criados pela Revolução Industrial e pelo advento do capitalismo moderno”, só aparecendo “de fato nos Estados Unidos, ap ós a Guerra da Secessão”.

O boom de exp ansão da cidade de Chicago para o sentido oeste, seguindo as estradas de ferro , forneceram uma ligação entre a costa do Atlântico e a do Pacífico, prop orcionando um

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cenário interessante pa ra o desenvolvimento dos edifícios corp orativos. Segundo Fialho (2007, p. 26), foi “com o First Leiter Building (1879) de William LeBaron Jenney (1832-1957)” que se iniciou um período de prolífica inovação arquitetônica, conhecida como Escola de Chicago.

Com o decorrer dos anos, “a introdução sistemática do elevador, igualando os preços do metro quadrado dos andares-tipo dos edifícios comerciais anulou de uma vez os valores econômicos consolidados” (FIALHO,2007, p. 26) ajudando a tornar o esqueleto estrutural de metal ou concreto dos edifícios corp orativos, na imagem da arquitetura moderna. Para Roberto Fialho:

A natureza neutra d e uma grelha trid imensional estabelec e relações, d efine uma d iscip lina, gera forma e abre tod o um leque d e novas p ossibilid ad es d e arranjos esp aciais. A estrutura torna -se c atalisad ora d a arquitetura e torna -se também arquitetura e o esp aço construíd o contemp orâneo é quase inconcebível na ausência d a estrutura ind ep end ente. (FIALHO,2007, p. 27)

Fica claro que o processo de design da Escola de Chicago “visava atender necessidades funcionais, com espaços racionais e a construção industrializada” (FIALHO,2007, p. 27) o que proporcionava construções elegantes e econômicas possíveis graças ao “elevado nível de tecnologia e industrializa ção dos EUA”:

A ap licaç ão d e alguns p rocessos ind ustriais e um mínimo d e racionalização d a p rod ução no canteiro d e obras, configurava o p rocesso que faria d o p aís o mais avançad o e inovad or no setor d a ind ústria civil. As novas técnicas p rop orcionavam maior rap id ez e p recisão d e execução, imp lic and o p razos menores e red ução d o custo total d a obra. (FIALHO,2007, p. 28 e 29)

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Iniciava-se então a busca por uma linguagem próp ria para o “arranha céu” americano. Esta, deveria representar “uma nova era industrial e democrática à arquitetura [...] ao invés de adaptar estilos específicos à construção em pedra ou alvenaria, como era o caso das torres nos estilos revivals (gótico e clássico) que proliferavam em Nova York” (FIALHO,2007, p. 29). Com a expansão da construção d os edifícios corporativos verticais, começou -se a perceber que o sucesso destes, após suas construções, não dependia do tamanho, mas sim da aplicação de soluções que aproximassem e favorecessem a circulação das pessoas. Segundo Fialho, o êxito do Ro ckfeller Center (figura 01), em Nova York, foi possível graças “às qualidades humanas das vias d e circulação, à atração do rinque de patinação e d o café ao ar livre, à escala da rua particular, à comodidade de suas lojas, elementos que favorecem a circulaç ão não de veículos, mas de homens” (2007, p. 35).

Figura 01 – Rockefeller Center em Nova York.

Fonte: http s://med ia.timeout.com/images/100439615/630/472/image.jpg.

No período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, a população norte-americana assistiu à disseminação dos arranha

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céus como símbolo de progresso tecnológico e social. Passando pela depressão de 1929 e a prolongada crise econômica subsequente, estabeleceu-se no pós-guerra uma nova visão, diferente da tipologia estabelecida pela Escola de Chicago. Esta, inserida nas propostas dos congressos CIAM 1928/1933 e da Carta de Atenas (1941), superava a necessidade de resolução imediata das necessidades da época para propor medidas que visassem a cidade do futuro. “Dentro da visão do CIAM, o arranha -céu faria parte de uma nova ordem urbana, onde não mais existiria um limite claro entre o público e o privado, semipúblico ou semiprivado” (FIALHO,2007, p. 36). Além disso, a indústria da construção trazia novos materiais, técnicas e processos de racionalização provenientes dos esforços de guerra que foram reconvertidos para uso civil.

Segundo Fialho, “foi no século XVIII que se criaram as bases da arquitetura de escritórios atual, com a fundação dos bancos privados e empresas de seguros, entidades ligadas ao trabalho burocrático” (2007, p. 49). Nessa época, a separação cada vez mais clara entre habitação e trabalho gerou como consequência direta o início da construção de edifícios de escritórios para aluguel. No início do século XIX somam -se “a exp ansão da indústria, do comércio e do tráfico ferroviário” assim como “os avanços tecnológicos, com o desenvolvimento e a proliferação da utilização dos perfis de aço e elevadores, que possibilitaram a construção de estruturas de altura quase ilimitada a partir da década de 1880” (FIALHO,2007, p. 49). Tais elementos alicerçaram o crescimento econômico e oportunizaram a exp ansão dos edifícios corp orativos.

Neste p anorama insere-se também “a evolução dos equipamentos auxiliares de trabalho, como o telefone, a luz elétrica e a fabricação em série de máquinas de escrever, todos inventos da década de 1870, e que facilitaram o trabalho e aumentaram sua

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eficiência” (FIALHO,2007, p. 49). A rápida evolução dos recursos tecnológicos continuou nas décadas seguintes levando ainda hoje à necessidade de adaptação das soluções arquitetônicas às novas demandas da modernidade. Se antes a principal preocupação era com a construção em si, hoje se adicionou o aspecto humano e a indispensabilidade de uma arquitetura aliada à produtividade, ao desenvolvimento de qualidade das ativida des e ao bem-estar das pessoas.

1.2 Desenvolvimento do espaço de trabalho

Sabe-se que a globalização e as evoluções tecnológicas vivenciadas no decorrer das décadas, têm influenciado diretamente a forma como se desenvolvem as construções. São novas demandas que pedem novas soluções e sabendo que “o edifício tipo mais frequente em todo o mundo é repetido há mais de um século” (FIALHO,2007, p. 48), fica clara a necessidade de desenvolvimento das construções corp orativas acompanhando as exigências de cada tempo e lugar.

As mudanças são contínuas e evoluem junto com as demandas da sociedade. Se antes o edifício tipo era composto por “plantas idênticas superpostas, com um núcleo central de serviços” e qualquer exigência conceitual e criativa se reduzia apenas à fachada, “a introdução do comp utador pessoal alavancou uma revolução na construção e planejamento dos edifícios de escritórios” e “a globalização, as mudanças espaciais, as redes de comunicações, também presentes neste contexto, acarretaram mudanças bastante profundas na sociedade”, afetando, segundo Fialho, de forma incisiva a organização espacial dos escritó rios e as relações de trabalho (2007, p. 48):

Atualmente estes loc ais vêm se transformand o em esp aços cad a vez mais multifuncionais, inclusive c om sobrep osiç ão

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d e ativid ad es sep arad as ap enas p elo temp o, em formas d e ocup aç ão d up las ou até trip las. Perd e -se, d esta forma, a conexão linear entre o temp o e esp aço e as d iferentes p ossibilid ad es d e trabalho e comunic ação d isp oníveis p ermitem uma ocup ação d o esp aço até bem p ouco atrás imp ossível d e se ac omod ar. A p resença d a tecnologia é marcante nesse contexto, p orém o escritório mod erno não p od e se esquec er que o contato p essoal é insubstituível e exerce o p ap el d e força criativa d as id eias, elemento ind isp ensável no universo cad a vez mais comp etitivo e ágil d os meios emp resariais. (FIALHO,2007, p. 48 e 49)

Fazendo uma cronologia relativa à evolução dos ambientes de trabalho, tem-se em meados de 1900, o desenvolvimento dos primeiros estudos sobre o conforto dos edifícios, com Max Weber, Frederick Taylor, entre outros. Nas d écadas seguintes de 1910 e 1920:

Acontece uma mud ança rad ical nos p roc essos d e trabalho emp resarial. Assumem grand e imp ortânc ia a organização hierárquica e a otimizaç ão em favor d o aumento d a eficiência. Essa organização hierárquica d as construções vai se rep rod uzir na organizaç ão d os esp aços, co m a organizaç ão d os ed ifícios com sep araç ão d as salas d e acord o com a d istribuição hierárquica funcional”. (FIALHO,2007, p. 50)

Chegando ao período de crise econômica do entre guerras, a construção dos edifícios de escritórios quase foi p aralisada e na d écada de 50 o funcionalismo atinge seu apogeu:

Na América e Ásia o p ad rão ad otad o será a sala p ouco exp osta à luz com uma solução em p lanta que busca a economia d e sup erfíc ie. Na Europ a se imp õe a p lanta d e três corp os, comp rimid as, muito d ensas, com séries d e oficinas celulares, como exp ressão d e uma visão fund amentalmente materialista. Somente ao final d a d éc ad a d e 50 se situa de novo o homem ao c entro d e interesse e como referência p ara o d esenvolvimento d as soluções. (FIALHO,2007, p. 50)

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Na década de 60, surgiu na Europa um novo conceito de trabalho em escritórios, no qual uniram “as vantagens do escritório americano de amplos espaços com as ideias de teóricos americanos como Douglas McGregor e colocaram o centro da atenção nas relações humanas” (FIALHO,2007, p. 51). Se no passado, o trabalho de escritório era inspirado pela doutrinação de Frederick Taylor e os escritórios se dividiam em pequenas atividades que objetivavam melhorar o rendimento, a partir de 1963, os p ostos de trabalho passam a ser distrib uídos em grandes espaços organizados em função das necessidades globais do trabalho. Segundo Fialho:

A comunicação já não se d esenvolvia na vertical seguind o a hierarquia, mas em sentid o horizontal entre cad a um d os colaborad ores e em coerência com a organ izaç ão d o trabalho. Mas a mud ança fund amental consistiu na introd ução d e elementos que facilitavam uma comunicaç ão mais informal, e d esta maneira, p erto d os esp aços d ed icad os ao trabalho, surgiram p ostos d e d escanso, d e reunião, d e cop a e c ozinha. (FIALHO,2007, p. 51 e 52)

Segundo Fialho (2007, p. 53), para os arquitetos, o projeto dos edifícios se resumia a proporcionar espaços neutros, sendo definidos apenas o núcleo e a fachada: os ambientes de serviço, o sistema vertical, o vestíbulo de entrada, a recep ção e a pele do edifício. Os interiores eram organizados cada vez mais com sistemas modulares de mobiliário e, portanto, seus desenhos não eram atribuição central do projeto de arquitetura. Como se observa, o projeto não se atinha às futuras ocupações e a utilização pelos usuários.

O descobrimento do capital humano, o entendimento da relação entre a comunicação e a eficiência da organização e do entorno com o rendimento dos empregados, foram umas das chaves para a evolução das soluções projetuais e de plane jamento

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dos edifícios de escritório. Nos anos 80, por exemplo, com as investigações sobre a “síndrome do edifício enfermo”, tornaram -se claras as necessidades de iluminação e ventilação naturais, levando os edifícios a adotarem profundidades menores e um maior número de med idas ecológicas.

Nos anos 90, “a tecnologia da informação e a progressiva globalização começaram a provocar mudanças na organização das empresas. A internet e a crescente mobilidade dos empregados, com ajuda da crescente miniaturização dos equipamentos, permitiram uma certa independência do espaço e do tempo” (FIALHO,2007, p. 53). Aliam-se também a crescente disponibilidade de programas computacionais que permitiram a simplificação do trabalho burocrático empresarial. “A globalização, a individualização da sociedade e a rede global conduzem a uma transformação total das empresas, que se baseadas em esquemas hierárquicos demais ficariam muito lentas para competir nesta nova configuração de mercado” (FIALHO,2007, p. 55).

Ainda na década d e 90 surge o conceito do Business Process Reengineering (BPR):

Novas emp resas, organizad as segund o um p rincíp io reticular, se c aracterizam p or uma hierarquia p lana, p ela d esc entralizaç ão ou p olicentralid ad e na tomad a d e d ecisões e uma organizaç ão basead a e m equip es multid iscip linares. Valoriza -se assim a inteligência e a criativid ad e, d iminuind o o controle d a d ireção e imp lantand o o sistema d e trabalho à d istância. (FIALHO,2007, p . 55 e 56)

Nesta nova etapa, qualidades como a rapidez, a mobilidade e a criatividade são mais valorizadas que a experiência, por exemplo, e contam como elementos imprescindíveis para as boas iniciativas. O escritório, é convertido “num centro de

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processamento d o conhecimento e, portanto, o seu planejamento espacial assume o papel mais de uma definição de postos de trabalho do que de um escritório hierarquizado” (FIALHO,2007, p. 56). A variedade de possibilidades, dá origem a novas tipologias de espaço e estas, se baseiam em aspectos como a flexibilização, a dinamização, a velocidad e e a competitivid ade entre empresas para criar o ambiente de trabalho mais adequado e produtivo possível. Além disso, o escritório deve proporcionar o encontro casual sendo um lugar de comunicação e vivência.

1.3 Planejamento e projeto corporativo

Aos finais do século XIX, com a descoberta de novos materiais como o aço e o concreto, revolucionou-se o setor da construção civil. Surgiam nesse momento uma infinidade de novas possibilidades volumétricas, projetuais e técnicas construtivas. A estrutura e o fechamento dos edifícios, a partir desse momento, passam a poder ser trabalhados de forma independente possibilitando leveza formal e um maior rendimento dos materiais estruturais. Materiais como o aço e o vidro, se tornam o elemento de separação entre interio r e o exterior dos edifícios, configurando uma evolução para as fachadas e transformando a relação destas com o entorno.

Ante ao panorama global de esgotamento dos recursos naturais, emergem os conceitos de Sustentabilidade e de Desenvolvimento Sustentáve l. Medidas que visam reduzir, reutilizar e reciclar, se tornam imprescindíveis na fase de planejamento e de discussão das ideias arquitetônicas e objetivam impactar sócio culturalmente, ecologicamente e economicamente. Aspectos projetuais como a iluminação e os sistemas de climatização, por exemplo, passam a ser pensados d e modo a afetar positivamente as pessoas, o ecossistema e a economia.

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Na prática, o que acontece, por exemplo, é que: sabendo que “a luz natural aumenta a sensação de bem estar que se tem no ambiente a partir da possibilidade de se sentir a passagem do tempo, as mudanças do entorno” (FIALHO,2007, p. 59) e ainda contribuir para o desenvolvimento energético, do ponto de vista econômico, objetiva-se atingir a sustentabilidade do projeto fornecendo acesso às pe ssoas a níveis corretos de iluminação visando o bem estar global das mesmas e melhorias no desenvolvimento de suas atividades diárias. Outro exemplo é relativo às fachadas mutantes: sabendo que “a relação ativa entre a fachada e os materiais que a compõem” (FIALHO,2007, p. 59) estão diretamente relacionadas à p erformance dos sistemas de refrigeração e climatização, evidencia -se à importância de se trabalhar no projeto as condições ambientais e sua relação com o entorno. Como medida podem ser recomendadas fachadas duplas.

São diversos os aspectos a serem trabalhados para se atingir a sustentabilidade de um projeto. O que se deve ter em mente durante a fase de planejamento e de desenvolvimento das soluções projetuais, é que estas devem estar focadas em responder às demandas individuais de cada empresa, das pessoas que nela atuam e da sociedade como um todo.

Partindo da alegação de que “a estrutura do espaço pode influir positivamente sobre o trabalho em equipe e ajudar a criar condições que favorecem as necessidades derivadas do p róp rio posto de trabalho” (FIALHO,2007, p. 60), desenvolver o espaço, a acústica, a ergonomia visual e térmica, componentes psicossociais como a interação, a proximidade, a p rivacidade e o território conquistado, são a chave para elaboração do processo de planejamento. Segundo Fialho (2007, p. 60), o processo de

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planejamento para assegurar a qualidade dos espaços de trabalho inclui:

• “A flexibilização como componente importante para adaptação às rápidas m udanças do mercado atual”;

• “Atenção às necessidades específicas de cada função”; • “Elaboração de um bom plano de ocupação”;

• “Buscar a otimização da superfície ocupada”;

• “Comparar e contrap or opções no momento do planejamento” e

• “Elencar corretamente os serviços desejados pelo edifício, pelo entorno e pelos usuários”.

Sobre o desenho dos p ostos de trabalho, deve -se ter em mente estas três perguntas básicas: O que se faz? Com quem? Aonde? Pois “cada tipo de trabalho exige uma cadeia de troca de informações diferenciada, e a compreensão destas cadeias é fator importante a ser considerado quando da planificação dos sistemas de comunicação entre os trabalhadores” (FIALHO,2007, p. 60).

Fialho (2007, p. 61) cita ainda que no estudo realizado em 1996, chamado “New Environments for Working”, foram definidos 4 tipos de escritórios: “colmeia, estúdio, célula e clube”. Já os processos de trabalho foram classificados em: “individual, em grupo, estúdio concentrado e trabalho de transmissão de conhecimento”. Como se pode ver a seguir, os tip os d e escritório são definidos pela classificação dos processos de trabalho:

- “A organização colmeia favorece preferencialmente um trabalho individual, especializado, padronizado e sequencial”;

- “Por estúdio se entende um lugar ativo no qual se fomentam os trabalhos em grupo e o trabalho em equipe interativa”;

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- “O tipo célula recorda a uma cela de mosteiro onde se trabalha de maneira concentrada, sem interação sequencial” e

- “O chamado clube remonta ao tradicional lugar d e reunião de p essoas para comunicar-se, trocar informações”.

Para o planejamento do projeto deverão ser respond idas ainda as seguintes perguntas:

1. Em que se trabalha?

“O trabalho de escritório consta de 4 atividades principais: logística e informação, tarefas, projetos e reuniões. Estes perfis podem se mesclar com frequência atualmente” (FIALHO,2007, p. 61).

2. Como se trabalha?

Segundo Fialho, os empregados podem ser organizados de diferentes formas:

O trabalho sequencial d escreve um trabalho esp ecializad o, realizad o ind ivid ualmente e em grup o, c laramente estrutural e que se d esenvolve p or p assos sup erp ostos, cad a um d eles com um caráter rep etitivo.

O trabalho em equip e ou em grup o se caracteriza p ela interação entre seus membros enc aminhand o a um objetivo comum.

O conceito d e trabalho ind ivid ual corresp ond e a trabalhos em solitário, trabalhos que exigem muita concentraç ão, como ativid ad es d e d esenvolvimento.

O trabalho d e interc âmbio se refere ao d iálogo informal com o fim d e troca d e conhecimento e exp eriênc ia e d e reafirmaç ão d e laços so ciais e d a organização. (FIALHO,2007, p . 62)

3. Aonde se trabalha?

“As d iferentes ativid ad es e mod os d e trabalho p ed em situações esp aciais e configurações esp ecíficas d o lugar.

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Por exemp lo: o trabalho ind ivid ual d emand a silêncio e concentração e p or isso nece ssita d e esp aços fechad os. O trabalho sequencial basead o em p assos sup erp ostos e p rogressivos se reflete na d isp osiç ão d o lugar. Por exemp lo: uma zona d e trabalho aberta.

A interação essencial no trabalho em equip e exige um a mútua coord enação d as sup erfícies d e trabalho. Pod e se realizar bem em um esp aço com agrup ações ou em uma zona aberta com uma clara coord enaç ão d e p ontos d e trabalho e sup erfícies d e comunicação.

As equip es que trabalham com estrutura em red e necessitam d e um marco fixo d entro d o qua l se comunicam – p áginas w eb p or exemp lo – mas também d e p ontos d e encontro reais – que p od em acontec er tanto em p ontos formais como ambientes informais. Interação e flexibilid ad e são as p alavras chave p ara o trabalho hoje”. (FIALHO,2007, p. 62)

Refletind o a necessidade de flexibilidade dessa nova era dos computadores portáteis e de liberdade dos profissionais, o projeto, para Gisele Cichinelli (2016), deve possibilitar a criação de espaços variados e de um mobiliário adaptável aos ambientes. São indicados o uso d o mobiliário híbrido e de paredes móveis, como o Dryw all. Ela cita ainda que:

Ind ep end entemente d a necessid ad e e d a cultura d e c ad a emp resa, os esp aços d e trabalho d evem ser corretamente d imensionad os p ara p rover circ ulações confortáveis, mobiliários ergonômicos e índ ices corretos d e iluminação e absorção acústica, semp re levand o em consid eraç ão as esp ecificid ad es d e cad a ativid ad e p rofissional. Vale ressaltar que a luz solar d ireta normalmente é p rejud icial p ara ativid ad es no escritório, já que muitas tarefas exigem a visualizaç ão d a tela d o comp utad or. (CICHINELLI, 2016)

Outro elemento essencial à eficiência dos edifícios corp orativos, é o controle da insolação através da utilização de elementos como persianas, cortinas, etc. de modo a garantir o melhor aproveitamento da luz natural. Cichinelli (2016) acrescenta

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que “em ambientes integrados, é fundamental prever elementos de absorção acústica para evitar níveis de ruído indesejados”.

Fazendo um apanhado geral, aparecem no decorrer d os anos, concomitante à evolução tecnológica e ao surgimento de novos materiais e técnicas, a transformação da relação patrão – empregado e como essa mudança vai afetar e ser afetada pelas soluções dadas pela arquitetura dos espaços de trabalho empresariais. Uma arquitetura que a cada dia mais ultrapassa o sentido estático e oportuniza conexões d os mais diversos tip os.

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2. DESIGN BIOFÍLICO

Com a crescente urbanização, surgem cada vez mais demandas por instrumentos que alicercem o máximo desempenho nas múltiplas tarefas do dia a dia das grandes empresas. Além disso, se tem percebido a importância de considerar o indivíduo, seu bem-estar e saúde, como aliados ao crescimento destas. Nesse contexto, emerge o tema abordado nesse capítulo, que além de considerar o fator humano, é um grande aliado à marca do empregador já que oferece vantagens claras para empresas que almejam ser líderes de mercado por ajudar a competir pelos funcionários mais valiosos.

Figura 02 – Da esquerda para a direita, “Googleplex” e “Infinite Loop”. Fontes: Elaborad o p ela autora a p artir d e http s://w w w .imed .ed u.br/Up load s/o

-que-%C3%A9-o-vale do-sil%C3%ADcio.jpg e

http s://med ia.w ired .c om/p hotos/5b9ba63fb71e5665713389a7/master/pass/Ring-Infinite-Loop -Ap p le-5-w.jpg.

Grandes empresas como a Google, com o “Googleplex” e a Apple com o Campus “Infinite Loop” (figura 02), têm apresentado projetos inovadores que se utilizam do Design Biofílico para criar espaços de esc ritório que além de impulsionar a marca, proporcionam uma exp eriência positiva para os seus funcionários. Essa ferramenta vem ganhando espaço aos poucos e apesar de ainda ser pouco exp lorada no Brasil, se mostra cada vez mais presente em hashtags nas redes sociais quando relacionada à

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arquitetura de interiores. Diante dessa observação, surge o desejo pelo estudo do tema e de abordar toda sua amplitude, incentivando a utilização da mesma.

Este capítulo tem como p rincipal objetivo apresentar as bases teóricas referentes ao Design Biofílico e sua aplicação à arquitetura corp orativa. Este, será subdividido em três tópicos intitulados Conceituação, Panorama Geral e O impacto da Biofilia nos quais serão ap resentados respectivamente os conceitos p ara Biofilia e Design Biofílico, uma breve contextualização sobre o tema e sua inserção na arquitetura co rporativa e por último, os benefícios advindos da utilização dessa ferramenta na vida das pessoas, das empresas e da próp ria cidade.

2.1 Conceituação

O biólogo Edw ard O. Wilson, consid erado um dos pioneiro s da sociobiologia (o estudo da compreensão do com portamento humano e da sociedade através da biologia), em 1984, popularizou o termo Biofilia. Este termo descreve a relaç ão inata entre o homem e a natureza e trata de sua necessidade de conexão com a mesma. Segundo o relatório Human Spaces:

Embora tenha sid o p rop osto que este d esejo d e conexão com a natureza seja o resultad o d e um viés antiurbano combinad o a uma visão romântica d a natureza, p esquisas em p sicologia ambiental nos d izem que estar conectad o com a natureza, é, na realid ad e, uma função humana ad ap tativa, que p ermite e ajud a na recup eração p sicológica. (HUMAN SPACES, 2015, p. 7)

Sabendo disto, os autores Stephen Kellert e Elizabeth Calabrese (2015, p. 3), explicam que “a ideia da Biofilia tem origem na compreensão da evolução humana, onde, por ma is de 99% da história de nossa espécie, desenvolvemos biologicamente respostas adaptativas às forças naturais, não artificiais ou criadas

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pelo homem”. Como consequência, os sentidos, as emoções e até o intelecto humano se desenvolveram em intrínseca associação com a natureza e essa conexão ainda é de grande relevância para saúde mental e física das pessoas.

A necessidade biológica humana de contato com a natureza chama-se de Biofilia. Satisfazer essa tal necessidade no ambiente construído é algo chamado de Design Biofílico. Segundo o Human Spaces:

O Design Biofílico é uma resp osta à nec essid ad e humana d e se conectar com a natureza e trabalha p ara restabelec er este contato no ambiente construíd o. Fund amentalmente, o Design Biofílico é a teoria, ciência e p rá tica d e criar construções insp irad as na natureza, com o objetivo d e continuar a conexão d o ind ivíd uo com a natureza nos ambientes em que vivem e trabalham tod os os d ias. (HUMAN SPACES, 2015, p.10)

O Design Biofílico pode ser entendido, portanto, como a replicação de exp eriências naturais pelas quais os seres humanos anseiam, no ambiente construído. Tal termo muitas vezes é confundido com Biomimética, quando na verdade, o Biomimetismo caracteriza-se pela busca em estruturas naturais por soluções para problemas na engenharia, na ciência dos materiais, na medicina e em outros campos. Apesar de ser um dos métodos p ossíveis para se projetar a exp eriência da natureza e ser um subconjunto do design biofílico, o Biomimetismo concentra -se mais no processo de design, podend o não necessariamente apresentar-se como orgânico ou natural, mas que em princípio imita os processos da natureza para solucionar problemas nas mais diversas áreas.

A presença de temas naturais em construções históricas sugere que o Design Biofílico não é um fenômeno recente (figura 03); “antes, como um campo da ciência aplicada, é a codificação

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da história, da intuição humana e das ciências neurais, mostrando que as conexões com a natureza são vitais para manter uma existência saudável e vibrante como uma espécie urbana” (BROWNING; RYAN; CLANCY, 2014, p. 6).

Figura 03 – A relação da natureza com a arquitetura no decorrer da história. Fonte: Ad ap tad o p ela autora a p artir d e BROWNING; RYAN; CLANCY, 2014.

Infelizmente, a sociedade moderna tem criado obstáculos para a exp eriência benéfica da natureza, sendo a desconexão com o mundo natural o principal infortúnio. A natureza que cada vez mais tem sido vista como um recurso a ser exp lorado ou uma descartável comodidade recreativa, distancia -se mais e mais da real exp erimentação humana e essa crescente separação é refletida na agricultura mod erna, no desenvolvimento urbano, na saúde, na arquitetura e na educação das pessoas.

Trazer a conversação sobre o Design Biofílico permite focar em uma abordagem voltada ao ser humano na construção d o processo de design, trazendo novas métricas e uma nova definição de sucesso do projeto. Segundo Wood e Degroff:

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O Design Biofílico é uma área d e p esquisa focad a que leva as p essoas ao c entro d a d iscussão sobre sustentabilid ad e. Ele tenta entend er cientificamente c omo as p essoas interagem com seu ambiente e, c onsequentemente, como seu ambiente p od e ser p rojetad o p ara melhor sup ortá -las. O p rojeto biofílico estud a o imp acto d e qualid ad es ambientais como luz, cor, esp aço, fo rma, ar, material e vegetaç ão na p sicologia e fisiologia humanas. Ao ap licar esses conhecimentos à arquitetura, os d esigners p od em manip ular conscientemente o esp aço p ara melhorar as exp eriências humanas que ocorrem quand o se interage com essas qualid ad es. É com a ap licaç ão d esse conhecimento que nossa comp reensão d o ambiente construíd o começ a a se transformar, o que nos ajud a a red efinir o que consid eramos como métric as imp ortantes p ara med ir o sucesso d e um ambiente. (DEGROFF; WOOD, p . 4)

Sabe-se que o termo Sustentabilidade integra os valores social, econômico e ambiental; no entanto, a concepção das “construções verdes” tem se focado fortemente nos aspectos ambiental e econômico , e deixado de lado a dimensão social. A utilização da ferramenta de Design Biofílico, permite exp lorar soluções benéficas às instâncias social, ambiental e econômica, sendo um aliado forte à sustentabilidade refletida em ganhos para a natureza e para a saúde das pessoas e das cidades.

2.2 Panorama Geral

Se sabe que a rápida urbanização do mundo moderno originou cidades caracterizadas pela predominância das estruturas feitas pelo homem. De acordo com o relatório da Human Spaces (2015, p. 7), uma grande migração de pessoas para as áreas urbanas vem acontecendo no decorrer desses últimos 60 anos e desde 1950, “alguns países têm presenciado um aumento de mais de 40% no número de indivíduos da população residente em áreas urbanas". O relatório cita ainda que “os países que registraram o

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maior desenvolvimento econômico nos últimos anos, p arecem ser os países com o maior aumento na urbanização , como o Brasil (51%), Filipinas (41%), Indonésia (41%) e a China (32%)” (HUMAN SPACES, 2015, p. 7).

Nas grandes cidades a construção civil tem sido um forte indicador de desenvolvimento e no decorre r do tempo, vem se percebendo a insustentabilidade desse modelo de crescimento que subjuga e desconsidera o fator ambiental como fundamental para a vitalidade de uma cidade. Autores como Kellert e Finnegan afirmam que:

De fato, o habitat natural d as p essoas mod ernas tornou-se em muitos asp ectos, o ambiente construíd o, ond e, em méd ia, p assamos 90% do nosso tempo. Infelizmente, muitos, se não a maioria d os ed ifícios e cid ad e mod ernas, tornaram -se loc ais d e extensos d anos ambientais e aumentam a sep araç ão, se não a alienação d a natureza. (KELLERT; FINNEGAN, 2011, p. 1)

Recentes avanços no design sustentável vêm melhorando essa situação, embora este ainda se concentre apenas na redução de danos ambientais como as questões do descarte de resíduos, a poluição, o uso excessivo de recursos como água e energia, etc. Infelizmente, o fator social ainda tem sido negligenciado e “faltou em grande parte a necessidade igualmente importante de reconectar as pessoas à natureza no ambiente moderno construído essencial à saúde e à produtividade” (KELLERT; FINNEGAN, 2011, p. 1).

A sociedade vem aos p oucos percebendo a importância da preservação de áreas naturais e do próprio convívio das pessoas com a natureza. É possível se observar a grande utilização dos parques (figura 04), a busca por moradias em áreas mais distantes dos grandes centros pavimentados e densamente construídos e a

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valorização imobiliária de construções com vista para a natureza. A preservação e o cuidado com a natureza vêm aparecendo como resposta para grandes problemas do mundo mod erno como as enchentes, as diversas doenças respiratórias que afligem as pessoas, as ilhas de calor nos centros das cidades, etc .

Figura 04 – Tarde de domingo no Parque das Dunas, Natal/RN. Fontes: http ://arquivos.tribunad onorte.com.br/fotos/82194.jpg.

Em se tratando dos ambientes de trabalho, onde, grande parte de população passa numerosas horas de sua vida, se percebe ainda bastante resistência à adoção d e medidas e ferramentas relacionadas a natureza – como o design biofílico – como solução de problemas do dia a dia do mundo corp orativo. No geral, o que se vê são ambientes de trabalho “frios”, que acabam por desconsiderar fatores de extrema relevância como o bem-estar dos funcionários.

Segundo o relatório da Human Spaces que teve como foco os potenciais benefícios e problemas advindos da satisfação , ou não, das necessidades biofílicas dos seres humano s no local de trabalho, “o panorama global sobre o design biofílico nos escritórios é: 47% não têm iluminação natural, 58% não têm plantas e 11% não têm janelas” (2015, p. 15). Importante citar que “para o desenvolvimento do relatório foi feita uma pesquisa online com 7600 funcionários de escritórios de diferentes funções e setores em 16

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países em todo o mundo, incluindo o Brasil” (2015, p. 8), no qual os participantes puderam classificar sua produtividade e seu bem estar (refere-se à combinação das respostas dos participantes para três escalas: feliz, inspirado e entusiasmado) no ambiente de trabalho. De acordo com a pesquisa:

Recentemente, o aumento d e p esquisas focad as na biofilia no contexto d o local d e trabalho, analisand o esp ecific amente a interação entre o d esign d o loc al d e trabalho e os resultad os d os funcionários, constatam que ap esar d as evid ências mostrarem que as p essoas se beneficiam em muitos asp ectos p or estarem conectad as à natureza, a abord agem biofílica p ara o d esign d e ambientes d e trabalho não está inserid a em uma p osição d e maior d estaque na p auta c orp orativa mund ial. (HUMAN SPACE, 2015, p . 12)

Impressionante pensar que tantas pessoas pelo mundo trabalham sem condições mínimas como acesso a iluminação natural e janelas e que mesmo comprovadamente benéficas, até mesmo as mais simples intervenções do design biofílico como a adoção d e plantas, ainda são questões pouco valorizadas no mundo corporativo. Como resultado, surgem no relatório da Human Spaces respectivamente como “os elementos mais desejados nos escritórios: iluminação natural (44%), plantas e flores (20%), escritório silencioso e tranquilo (19%), vista ao mar ou lagos (17%) e cores vibrantes (15%)” (2015, p. 16).

Importante citar que “a gama de respostas também nos permite fazer comparações entre diferentes culturas, regiões geográficas e estágios de desenvolvimento econômic o para propor seu provável impacto sobre a preferência dos funcionários” (HUMAN SPACES, 2015, p. 17). Além disso, foi solicitado também que as pessoas informassem sobre seu estado emocional durante vários momentos do dia de trabalho, o que permitiu examina r o impacto

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psicológico dos elementos de de sign biofílico sobre o indivíduo . Uma das descobertas globais ap resenta -se na tabela 01, na qual se pode relacionar os sentimentos ao se adentrar em ambientes de trabalho com ou sem espaços verdes internos.

Tabela 01 – Tabela indicadora de sentimentos ao adentrar no local de trabalho. Fonte: Human Sp aces, 2015.

É possível ler através da tabela acima que em ambientes de trabalho que possuem espaços verdes internos, se tem um aumento significativo nos sentimentos positivos de felicidade e inspiração se comparado aos ambientes de trabalho que não possuem espaço verde interno. Além do aumento nas porcentagens d e sentimentos positivos, se tem também uma diminuição nos sentimentos negativos de ansiedade e tédio, comprovando os efeitos benéficos da aplicação da solução de design biofílico que trabalha o verde nos interiores dos locais de trabalho que almejam funcionários felizes, inspirados e menos ansiosos e entediados.

2.3 O impacto da Biofilia

Como já dito, a Biofilia é o ramo que estuda a relação inata que existe entre a espécie humana e a natureza. Essa relação no decorrer da história vem resultando no desenvolvimento das forças

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adaptativas humanas intimamente ligadas às condições do ambiente e da própria conexão direta ou não, deste com a natureza. Hoje, grande parte da evidência da Biofilia apoia -se nas pesquisas dos sistemas mentais cognitivo, psicológico e fisiológico humano, sendo o funcionamento destes cada vez mais exp lorados em estudos laboratoriais e de campo na intenção de exp licar como a saúde e o bem-estar das pessoas são afetados por seu ambiente. Sabendo que o sistema cognitivo é aquele que “engloba nossa agilidade mental, a memória, nossa capacidade de pensar, aprender, produzir de forma lógica ou criativa”, que o sistema psicológico é o que “engloba nossa adaptabilidade, atenção, concentração, humor e emoção” e que o sistema fisiológico é o que “abrange nossos sistemas auditivo, músculo esquelético, respiratório, circadiano e o conforto físico geral” (BROWNING; RYAN; CLANCY, 2014, p. 11), buscou-se estudar e experienciar a influência que os fatores relacionados ao ambiente externo exerciam sobre cada um desses sistemas.

No relatório da Terrapin Bright Green (consultora de grandes organizações que buscam desenvolver soluções criativas e impactantes no objetivo de reconectar as pessoas ao ambiente) intitulado “14 Patterns of Biophilic Design”, encontra-se que quanto aos sistemas e suas relações com a natureza:

- Sistema cognitivo: “conexões fortes ou rotineiras com a natureza podem oferecer oportunid ades para a restauração mental [...]como resultado, nossa capacidade de realizar tarefas focadas é maior do que em alguém com recursos cognitivos fatigados” (2014, p. 11);

- Sistema psicológico: “inclui respostas à natureza que afetam a restauração e o gerenciamento do estresse. As respostas psicológicas podem ser aprendidas ou hereditárias, por

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exp eriências passadas, construções culturais e normas sociais” (2014, p. 11);

- Sistema fisiológico: “as respostas fisiológicas desencadeadas por ligações com a natureza incluem o relaxamento dos músculos, bem como a diminuição dos níveis de pressão arterial diastólicas e do hormônio de estresse (c ortisol) na corrente sanguínea” (2014, p. 11).

Stephen Kellert e Elizabeth Calabrese apresentam como princípios e benefíc ios associados à aplicação d o Design Biofílico:

• O design biofílico requer um envolvimento repetido e contínuo com a natureza;

• O design biofílico se concentra nas adaptações humanas ao mundo natural que, ao longo do tempo evolucionário , têm promovido a saúd e e o bem-estar das pessoas;

• O design biofílico estimula uma ligação emocional com cenários e lugares específicos;

• O design biofílico promove interações positivas entre as pessoas e a natureza, que estimulam um senso ampliado de relacionamento e responsabilidade pelas comunidades humanas e naturais;

• O design biofílico estimula soluções arquitetônicas de reforço mútuo, interconectadas e integrada s (p. 6 e 7).

Como observado, a adoção de medidas do Design Biofílico além de promover melhorias nos sistemas físico e mental das pessoas, promove ainda mudanças comportamentais:

Os resultad os físicos incluem melhor cond icionamento físico, menor p ressão arterial, maior conforto e satisfaç ão, menos sintomas d e d oença e melhor saúd e. Benefícios mentais variam d e maior satisfaç ão e motivação, menos estresse e ansied ad e, melhora p ara resoluç ão d e p roblemas e criativid ad e. As mud anças comp ortamentais p ositivas,

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incluem melhores habilid ad es d e enfrentamento e d omínio, maior atenção e concentração, melhor interação social e menos hostilid ad e e agressivid ad e. (KELLERT; CALABRESE, p . 8)

São diversos os resultados da aplicação do Design Biofílico nas mais diversas escalas. O indivíduo e sua saúde são impactados, suas interações com os dem ais, a relação de pertencimento, o respeito e o cuidado com os lugares e os cenários, favorecendo assim o desenvolvimento do ser humano, da sociedade e da cidade como um todo. São muitas as estratégias que se pod e implementar para a resolução dos mais variados desafios:

As ap licações p ond erad as d o d esign biofílico p od em criar uma estratégia multip lataforma p ara d esafios familiares trad icionalmente associad os ao d esemp enho d os ed ifícios, como conforto térmico, acústico, gerenciamento d e água e energia, bem como questões d e maior escala como asma, biod iversid ad e e mitigaç ão d e inund ações. Sabemos que o aumento d o fluxo d e ar natural p od e ajud ar a p revenir a sínd rome d o ed ifício d oente; a iluminação natural p od e red uzir os custos com energia em termos d e aquecimento e resfriamento; e o aumento d a vegetaç ão p od e red uzir o material p articulad o no ar, red uzir o efeito d e ilha d e calor urbano, melhorar as trocas d e infiltraç ão d e ar e red uzir os níveis p ercebid os d e p oluição sonora. Essas estratégias p od em ser imp lementad as d e man eira a obter uma resp osta biofílica p ara melhorar o d esemp enho, a saúd e e o bem-estar. (BROWNING; RYAN; CLANCY, 2014, p.19)

Focando mais especificamente no Design Biofílico aplicado aos locais de trabalho – que é onde grande parte da população passa horas de sua jornada diária – constatou-se por exemplo, que “um ambiente isento de natureza pode gerar discórdia, o que significa que tais ambientes podem ter um efeito negativo sobre a saúde e o bem estar” (HUMAN SPACES, 2015, p. 12), o que leva a crer que a adoção de simples medidas do Design Biofílico, como a uso de vasos com plantas nos ambientes internos, ou a p ossibilidade de

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vista à jardins pode tornar os ambientes mais positivos, promovendo a saúde e o bem estar dos ocupantes.

Em se tratando d a Biofilia e o bem estar, constatou-se que “um fator chave para manter o bem estar positivo é reduzir nossos níveis de estresse”, o que pode ser obtido por conexões visuais com a natureza já que “verificou-se que as paisagens naturais tiveram um efeito mais positivo sobre a saúde se comparado a paisagens urbanas” (HUMAN SPACES, 2015, p. 20). A análise mostrou ainda que “a percepção do bem-estar pode aumentar em até 15% quando as pessoas trabalham em ambientes que incorporam elementos naturais, possibilitando uma co nexão com a natureza ” (HUMAN SPACES, 2015, p. 20). Outra benesse de ter a natureza incorporada nos ambientes de trabalho é o fato de proporcionarem “um ambiente mais tranquilo, que permite mais atenção, é menos fatigante mentalmente e que pode , de fato, restaurar ao invés de esgotar a nossa capacidade mental” (HUMAN SPACES, 2015, p. 21).

Diz-se que “sentir-se bem, muitas vezes equivale a ser capaz de produzir mais” (HUMAN SPACES, 2015, p. 26), o que leva a explorar mais um fator: a produtividade . Segundo a Human Spaces os “trabalhadores em escritórios com elementos naturais tais como vegetação e iluminação natural sã o 6% mais produtivos” (2015, p. 26) e “ap resentam 15% mais criatividade” (2015, p. 32) o que prova, mais uma vez, o impacto positivo da adoção de padrões do Design Biofílico nos ambientes de trabalho.

Importante citar ainda que “o design biofílico tem um impacto positivo em todas as pessoas, entretanto existem diferenças culturais significativas que devem ser consideradas ao se projetar os espaços de trabalho de maneira que incorpore as práticas d o design biofílico” (HUMAN SPACES, 2015, p. 28).

Referências

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