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1. ARQUITETURA CORPORATIVA

1.3 Planejamento e projeto corporativo

Aos finais do século XIX, com a descoberta de novos materiais como o aço e o concreto, revolucionou-se o setor da construção civil. Surgiam nesse momento uma infinidade de novas possibilidades volumétricas, projetuais e técnicas construtivas. A estrutura e o fechamento dos edifícios, a partir desse momento, passam a poder ser trabalhados de forma independente possibilitando leveza formal e um maior rendimento dos materiais estruturais. Materiais como o aço e o vidro, se tornam o elemento de separação entre interio r e o exterior dos edifícios, configurando uma evolução para as fachadas e transformando a relação destas com o entorno.

Ante ao panorama global de esgotamento dos recursos naturais, emergem os conceitos de Sustentabilidade e de Desenvolvimento Sustentáve l. Medidas que visam reduzir, reutilizar e reciclar, se tornam imprescindíveis na fase de planejamento e de discussão das ideias arquitetônicas e objetivam impactar sócio culturalmente, ecologicamente e economicamente. Aspectos projetuais como a iluminação e os sistemas de climatização, por exemplo, passam a ser pensados d e modo a afetar positivamente as pessoas, o ecossistema e a economia.

Na prática, o que acontece, por exemplo, é que: sabendo que “a luz natural aumenta a sensação de bem estar que se tem no ambiente a partir da possibilidade de se sentir a passagem do tempo, as mudanças do entorno” (FIALHO,2007, p. 59) e ainda contribuir para o desenvolvimento energético, do ponto de vista econômico, objetiva-se atingir a sustentabilidade do projeto fornecendo acesso às pe ssoas a níveis corretos de iluminação visando o bem estar global das mesmas e melhorias no desenvolvimento de suas atividades diárias. Outro exemplo é relativo às fachadas mutantes: sabendo que “a relação ativa entre a fachada e os materiais que a compõem” (FIALHO,2007, p. 59) estão diretamente relacionadas à p erformance dos sistemas de refrigeração e climatização, evidencia -se à importância de se trabalhar no projeto as condições ambientais e sua relação com o entorno. Como medida podem ser recomendadas fachadas duplas.

São diversos os aspectos a serem trabalhados para se atingir a sustentabilidade de um projeto. O que se deve ter em mente durante a fase de planejamento e de desenvolvimento das soluções projetuais, é que estas devem estar focadas em responder às demandas individuais de cada empresa, das pessoas que nela atuam e da sociedade como um todo.

Partindo da alegação de que “a estrutura do espaço pode influir positivamente sobre o trabalho em equipe e ajudar a criar condições que favorecem as necessidades derivadas do p róp rio posto de trabalho” (FIALHO,2007, p. 60), desenvolver o espaço, a acústica, a ergonomia visual e térmica, componentes psicossociais como a interação, a proximidade, a p rivacidade e o território conquistado, são a chave para elaboração do processo de planejamento. Segundo Fialho (2007, p. 60), o processo de

planejamento para assegurar a qualidade dos espaços de trabalho inclui:

• “A flexibilização como componente importante para adaptação às rápidas m udanças do mercado atual”;

• “Atenção às necessidades específicas de cada função”; • “Elaboração de um bom plano de ocupação”;

• “Buscar a otimização da superfície ocupada”;

• “Comparar e contrap or opções no momento do planejamento” e

• “Elencar corretamente os serviços desejados pelo edifício, pelo entorno e pelos usuários”.

Sobre o desenho dos p ostos de trabalho, deve -se ter em mente estas três perguntas básicas: O que se faz? Com quem? Aonde? Pois “cada tipo de trabalho exige uma cadeia de troca de informações diferenciada, e a compreensão destas cadeias é fator importante a ser considerado quando da planificação dos sistemas de comunicação entre os trabalhadores” (FIALHO,2007, p. 60).

Fialho (2007, p. 61) cita ainda que no estudo realizado em 1996, chamado “New Environments for Working”, foram definidos 4 tipos de escritórios: “colmeia, estúdio, célula e clube”. Já os processos de trabalho foram classificados em: “individual, em grupo, estúdio concentrado e trabalho de transmissão de conhecimento”. Como se pode ver a seguir, os tip os d e escritório são definidos pela classificação dos processos de trabalho:

- “A organização colmeia favorece preferencialmente um trabalho individual, especializado, padronizado e sequencial”;

- “Por estúdio se entende um lugar ativo no qual se fomentam os trabalhos em grupo e o trabalho em equipe interativa”;

- “O tipo célula recorda a uma cela de mosteiro onde se trabalha de maneira concentrada, sem interação sequencial” e

- “O chamado clube remonta ao tradicional lugar d e reunião de p essoas para comunicar-se, trocar informações”.

Para o planejamento do projeto deverão ser respond idas ainda as seguintes perguntas:

1. Em que se trabalha?

“O trabalho de escritório consta de 4 atividades principais: logística e informação, tarefas, projetos e reuniões. Estes perfis podem se mesclar com frequência atualmente” (FIALHO,2007, p. 61).

2. Como se trabalha?

Segundo Fialho, os empregados podem ser organizados de diferentes formas:

O trabalho sequencial d escreve um trabalho esp ecializad o, realizad o ind ivid ualmente e em grup o, c laramente estrutural e que se d esenvolve p or p assos sup erp ostos, cad a um d eles com um caráter rep etitivo.

O trabalho em equip e ou em grup o se caracteriza p ela interação entre seus membros enc aminhand o a um objetivo comum.

O conceito d e trabalho ind ivid ual corresp ond e a trabalhos em solitário, trabalhos que exigem muita concentraç ão, como ativid ad es d e d esenvolvimento.

O trabalho d e interc âmbio se refere ao d iálogo informal com o fim d e troca d e conhecimento e exp eriênc ia e d e reafirmaç ão d e laços so ciais e d a organização. (FIALHO,2007, p . 62)

3. Aonde se trabalha?

“As d iferentes ativid ad es e mod os d e trabalho p ed em situações esp aciais e configurações esp ecíficas d o lugar.

Por exemp lo: o trabalho ind ivid ual d emand a silêncio e concentração e p or isso nece ssita d e esp aços fechad os. O trabalho sequencial basead o em p assos sup erp ostos e p rogressivos se reflete na d isp osiç ão d o lugar. Por exemp lo: uma zona d e trabalho aberta.

A interação essencial no trabalho em equip e exige um a mútua coord enação d as sup erfícies d e trabalho. Pod e se realizar bem em um esp aço com agrup ações ou em uma zona aberta com uma clara coord enaç ão d e p ontos d e trabalho e sup erfícies d e comunicação.

As equip es que trabalham com estrutura em red e necessitam d e um marco fixo d entro d o qua l se comunicam – p áginas w eb p or exemp lo – mas também d e p ontos d e encontro reais – que p od em acontec er tanto em p ontos formais como ambientes informais. Interação e flexibilid ad e são as p alavras chave p ara o trabalho hoje”. (FIALHO,2007, p. 62)

Refletind o a necessidade de flexibilidade dessa nova era dos computadores portáteis e de liberdade dos profissionais, o projeto, para Gisele Cichinelli (2016), deve possibilitar a criação de espaços variados e de um mobiliário adaptável aos ambientes. São indicados o uso d o mobiliário híbrido e de paredes móveis, como o Dryw all. Ela cita ainda que:

Ind ep end entemente d a necessid ad e e d a cultura d e c ad a emp resa, os esp aços d e trabalho d evem ser corretamente d imensionad os p ara p rover circ ulações confortáveis, mobiliários ergonômicos e índ ices corretos d e iluminação e absorção acústica, semp re levand o em consid eraç ão as esp ecificid ad es d e cad a ativid ad e p rofissional. Vale ressaltar que a luz solar d ireta normalmente é p rejud icial p ara ativid ad es no escritório, já que muitas tarefas exigem a visualizaç ão d a tela d o comp utad or. (CICHINELLI, 2016)

Outro elemento essencial à eficiência dos edifícios corp orativos, é o controle da insolação através da utilização de elementos como persianas, cortinas, etc. de modo a garantir o melhor aproveitamento da luz natural. Cichinelli (2016) acrescenta

que “em ambientes integrados, é fundamental prever elementos de absorção acústica para evitar níveis de ruído indesejados”.

Fazendo um apanhado geral, aparecem no decorrer d os anos, concomitante à evolução tecnológica e ao surgimento de novos materiais e técnicas, a transformação da relação patrão – empregado e como essa mudança vai afetar e ser afetada pelas soluções dadas pela arquitetura dos espaços de trabalho empresariais. Uma arquitetura que a cada dia mais ultrapassa o sentido estático e oportuniza conexões d os mais diversos tip os.

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