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12 - e-Book Bônus

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eBook Bônus eBook Bônus Episódio 12 Episódio 12

TEOLOGIA DE

TEOLOGIA DE

UMBANDA

UMBANDA

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 A TRISTEZA 

DOS ORIXÁS

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F

oi não há muito tempo atrás que essa estória acon-teceu. Contada aqui de uma forma romanceada, mas que traz em sua essência uma verdadeira mensagem para os umbandistas...

Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os pelos do corpo. Realmente o Sol tinha se escon-dido nesse dia, e a Lua, tímida, teimava em não iluminar com

seus encantadores raios, brilhosos como os de prata, a mo

-rada dos Orixás.

Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das “guerras”, saiu do alto ponto onde guarda todos os caminhos e dirigiu-se ao mar. Lá chegando, as sereias começaram a cantar e os seres aquá-ticos agitaram-se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e

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corajoso.

Iemanjá que tem nele um lho querido logo abriu um sorriso, aqueles de mãe “coruja” quando revê um lho que há tempos

partiu de sua casa, mas nunca de sua eterna morada dentro do coração:

- Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo! Você podia vir vi-sitar mais vezes sua mãe, não é mesmo? - ralhou Iemanjá, com aquele tom típico de contrariedade.

- Desculpe, sabe, ando meio ocupado - Respondeu um triste Ogum.

- Mas, o que aconteceu? Sinto que estás triste.

- É, vim até aqui para “desabafar” com você “mãezinha”. Estou cansado! Estou cansado de muitas coisas que os encarnados fazem em meu nome. Estou cansado com o que eles fazem com

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a “espada da Lei” que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda. Estou muito mais cansado das “supostas” demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um deles... Estou cansado...

Ogum retirou seu elmo, e por detrás de seu bonito capacete um rosto belo de traços fortes pôde ser visto. Ele chorava. Chorava uma dor que carregava há tempos. Chorava por ser tão mal

com-preendido pelos lhos de Umbanda.

Chorava por ninguém entender, que se ele era daquele jeito, pro-tetor e austero, era porque em seu peito a chama da compaixão

brilhava. E, se existe um Orixá leal, el e companheiro, esse Orixá

é Ogum. Ele daria a própria Vida por cada pessoa da

humanida-de, não apenas pelos lhos de fé. Não! Ogum amava a humani

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Mas infelizmente suas atribuições não eram realmente entendidas.  As pessoas não viam em sua espada a força que corta as trevas

do ego, e logo a transformavam em um instrumento de guerra. Não viam nele a potência e a força de vencer os abismos profun-dos, que criam verdadeiros vales de trevas na alma de todos. Não viam em sua lança a direção que aponta para o autoconhecimen-to, para iluminação interna e eterna.

Não! Infelizmente ele era entendido como o “Orixá da Guerra”, um homem impiedoso que se utiliza de sua espada para resolver

qualquer situação. E logo, inspirados por isso, lá iam os lhos de

fé esquecer os trabalhos de assistência a espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura, esqueciam--se do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer trabalho espiritual, para apenas realizarem “quebras e cortes” de

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demandas, muitas das quais nem mesmo existem, ou quando

exis-tem, muitas vezes são apenas reexos do próprio estado de espírito

de cada um. E mais, normalmente, tudo isso se torna uma guerra de vaidade, um show “pirotécnico” de forças ocultas. Muita “espada”, muito “tridente”, muitas “armas”, pouco coração, pensamento ele-vado e crescimento espiritual.

Isso magoava Ogum. Como magoava.

- Ah, lhos de Umbanda, por que vocês esquecem que Umbanda é

pura e simplesmente amor e caridade? A minha espada sempre

pro-tege o justo, o correto, aquele que trabalha pela luz, ando seu co

-ração em Olorum. Por que esquecem que a Espada da Lei só pode ser manuseada pela mão direita do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberba, do poder transitório, da ira, da ilu-são, transformando-a em apenas mais uma espada semeadora de tormentos e destruição...

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Então, Ogum começou a retirar sua armadura, que representava a

proteção e rmeza no caminho espiritual que esse Orixá traz para nossa vida. E totalmente nu cou frente à Iemanjá. Cravou sua espa

-da no solo. Não queria mais lutar, não -daquele jeito. Estava cansa-do...

Logo um estrondo foi ouvido e o querido, mas também temido, Tatá Omulu apareceu. E por incrível que pareça o mesmo aconteceu. Ele não aguentava mais ser visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia, como ele, o guardião da Vida, podia ser invocado para atentar contra Ela. Magoava-se por sua alfanje da morte, que é o princípio que a tudo destrói, para que então a mudan-ça e a renovação acontemudan-çam, ser tão temida e mal compreendida pelos homens.

Ele também deixou sua alfanje aos pés de Iemanjá, e retirou seu manto escuro como a noite. Logo se via o mais lindo dos Orixás,

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aquele que usa uma cobertura para não cegar os seus lhos com

a imensa luz de amor e paz que irradia de todo seu ser. A luz que

cura, a luz que pacica, aquela que recolhe todas as almas que se perderam na senda do Criador. Infelizmente os lhos de fé esque

-cem-se disso...

Mas o mais incrível estava por acontecer. Uma tempestade come

-çou a desabar aumentando ainda mais o aspecto incrível e tenebro-so daquela estranha noite. E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo começarem também a despir suas vestimentas sagradas, além de deixarem ao pé de Iemanjá suas armas e ferra-mentas simbólicas.

Faziam isso em respeito a Ogum e Omulu, dois Orixás muito mal compreendidos pelos umbandistas. Faziam isso por si próprios. Iansã queria que as pessoas entendessem que seus ventos

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sagra-dos são o sopro de Olorum, que espalha as sementes de luz do seu amor. Oxóssi queria ser reverenciado como aquele que, com

echas douradas de conhecimento, rasga as trevas da ignorância. Egunitá apagou seu fogo encantador, anal, ninguém se lembrava da chama que intensica a fé e a espiritualidade. Apenas daquele

que devora e destrói, os vícios dos outros, é claro.

Um a um, todos foram despindo-se e pensando no quanto os  -lhos de Umbanda compreendiam erroneamente os Orixás.

Iemanjá, totalmente surpresa e sem reação, não sabia o que fazer. Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente. Era Exu. O controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava para a reunião, acompanhado de Pomba-gira, sua companheira eterna de jornada.

Mas os dois estavam muito diferentes de como normalmente apre-sentam-se. Andavam curvados, como que segurando um grande

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peso nas costas. Tinham na face a expressão do cansaço. Mas, mesmo assim, gargalhavam muito. Eles nunca perdiam o senso de humor!

E os dois também repetiram aquilo que todos os Orixás foram fazer na casa de Iemanjá. Despiram-se de tudo. Exu e Pomba-gi-ra, sem dúvida, eram os que mais razões tinham de ali estarem. Inúmeros eram os absurdos cometidos por encarnados em nome deles. Sem contar o preconceito, que o próprio umbandista

aju-dou a criar, dentro da sociedade, associando-o à gura do Diabo:

- Hahaha, lamentável essa situação, hahaha, lamentável! - Exu chorava, mas Exu continuava a sorrir. Essa era a natureza desse querido Orixá.

Iemanjá estava desesperada! Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto. Mas nem mesmo a encantadora Rainha do Mar sabia o que fazer:

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Espere! - pensou Iemanjá! - Oxalá, Oxalá não está aqui! Ele com certeza saberá como resolver essa situação.

E logo Iemanjá colocou-se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei entre os Orixás. Oxalá apresentou-se na frente de todos. Trazia seu opaxorô, o cajado que sustenta o mundo. Cravou ele na Terra, ao lado da espada de Ogum. Também se despiu de sua roupa sagrada, pra igualar-se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro can-tos do Orun:

- Olorum manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos que-ridos! Ele diz para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem, aqueles que assim o fazem não medem esforços para disseminar essas verdades divinas. Fechem os olhos e vejam que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nos-sos nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado

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triste, mas abençoado, planeta Terra. Esses verdadeiros lhos de fé que lutam por uma Umbanda séria, sem os absurdos que por aí

acontecem. Esses que muito além de “apenas” prestarem o socor-ro espiritual, plantam as sementes do amor dentsocor-ro do coração de

milhares de pessoas. Esses que passam por cima das diculdades

materiais, e das pressões espirituais, realizando um trabalho

magní-co, atendendo milhares na matéria, mas também milhões no astral,

construindo verdadeiras “bases de luz” na crosta, onde a espiritua-lidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se. Esses que real-mente nos compreendem e buscam-nos dentro do coração espiri-tual, pois é lá que o verdadeiro Orun reside e existe. Esses incríveis

lhos de Umbanda, que não colocam as responsabilidades da vida

deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende ex-clusivamente deles mesmos. Esses fantásticos trabalhadores

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anô-nimos, soltos pelo Brasil, que honram e enchem a Umbanda de alegria, fazendo a lhinha mais nova de Olorum brilhar e sorrir...

Quando Oxalá calou-se os Orixás estavam mudados. Todos eles tinham suas esperanças recuperadas, realmente viram que se pou-cos os compreendiam, grande era o trabalho que estava sendo re-alizado, e talvez, daqui algum tempo, muitos outros se juntariam a esse ideal. E aquilo os alegrou tanto que todos começaram a assu-mir suas verdadeiras formas, que são de luzes fulgurantes e indes-critíveis. E lá, do plano celeste, brilharam e derramaram-se em amor e compaixão pela humanidade.

Em Aruanda, os caboclos, pretos-velhos e crianças, o mesmo 

-zeram. Largaram tudo, também se despiram e manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos Orixás.

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Na Terra, baianos, marinheiros, boiadeiros, ciganos e todos os povos

de Umbanda sorriam. Aquelas luzes que vinham lá do alto os sauda -vam e abençoa-vam seus abnegados e difíceis trabalhos. Uma alegria

e bem-aventurança incríveis invadiram seus corações. Largaram as armas. Apenas sorriam e abraçavam-se. O alto os abençoava...

Mas, uma ação dos Orixás nunca ca limitada, pois é divina, alcan

-çando assim a tudo e a todos. E lá no baixo astral, aqueles guar-diões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados pelas luzes Deles, os Senhores do Alto. Largaram as armas, as capas, e lavaram suas sofridas almas com aquele banho de luz. Lavaram seus corações, magoados por tanta tolice dita e cometida em nome de-les. Exus e Pombas-giras, naquele dia, foram tocados pelo amor dos Orixás, e com certeza aquilo daria força para mais muitos milênios de lutas insaciáveis pela Luz.

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Miríades de espíritos foram retirados do baixo-astral, e pela

vibra-ção dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda

que leva ao Criador. E na matéria toda a humanidade foi abenço-ada. Aos tolos que pensam que Orixás pertencem a uma única religião ou a um povo e tradição, um alerta: os Orixás amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente.

 Aquela noite, que tinha tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou-se benção na vida de todos. Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as egrégoras de paz e luz deram as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orun, a morada celestial dos Orixás.

Vocês, lhos de Umbanda, pensem bem! Não transformem a Um

-banda em um campo de guerra, onde os Orixás são vistos como “armas” para vocês acertarem suas contas terrenas. Muito menos se esqueçam do amor e compaixão, chaves de acesso ao

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misté-rio de qualquer um deles. Umbanda é simples, é puro sentimento,

alegria e razão. Lembrem-se disso.

E quanto a todos aqueles que lutam por uma Umbanda séria, escla

-recida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem-se das palavras de Oxalá ditas linhas acima.

Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem por aqueles que não têm olhos para ver o brilho da verdadeira espiritu-alidade.

Lembrem-se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de

alegria e esperança. A todos, que lutam pela Umbanda nessa Terra

de Orixás, esse texto é dedicado. Honremo-los. Sejam luz, assim como Eles!

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