PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
MÓDULO 21
Inventário e partilha
Da ação de dissolução parcial de sociedade Da habilitação
Das ações de família
Da homologação do penhor legal Da regulação de avaria grossa Da restauração de autos
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
I - DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA Artigos 610 a 646 do CPC
A personalidade civil termina com a morte, havendo a abertura da sucessão.
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1. Abertura da sucessão
A abertura da sucessão é o ato que se opera com a morte do autor da herança, momento em que o domínio e a posse se transmitem aos herdeiros.
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Art. 1.784 do Código Civil
Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
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A transmissão dos bens do falecido aos herdeiros dá-se no momento do falecimento, no entanto, é necessário fazer o inventário e a partilha dos bens, para que a situação fique regularizada.
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O patrimônio do “de cujus” (ativos e passivos) é uma massa indivisa chamada de “espólio”.
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A finalidade do inventário é a apuração do acervo de bens, direitos e obrigações da massa, a identificação dos herdeiros e da parte cabente a cada um para que, recolhidos os tributos, os bens possam ser partilhados entre eles.
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2. Casos de inventário feito por escritura pública Artigo 610, § 1º, do CPC
• Não tenha testamento • Todos sejam capazes
• Todos estejam de acordo com a partilha dos bens Observação: assistência indispensável do advogado
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3. Inventário
O inventário é a enumeração e descrição de todos os bens e obrigações que integram a herança, para que oportunamente possa haver a adjudicação ou partilha aos sucessores.
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Monte-mor: inclusão não só dos ativos e passivos que integram a herança, mas a meação do cônjuge, um vez que, nesse momento inicial, ainda não é possível distinguir o que compõe uma coisa e outra. Assim, o monte-mor é o conjunto da herança propriamente dita, isto é, os ativos e passivos deixados pelo falecido, e de eventual meação do cônjuge.
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O inventário identifica o que faz parte da herança, e o que faz parte da meação, pois só aquela passará aos herdeiros e sucessores, permanecendo esta com o cônjuge supérstite.
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ATENÇÃO
O imposto de transmissão mortis causa só incidirá sobre a herança, pois só esta será transmitida aos herdeiros.
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3. Natureza jurídica
O inventário é processo de conhecimento, de jurisdição contenciosa e procedimento especial, destinado a enumerar o patrimônio deixado pelo falecido, indicando ainda quem são seus herdeiros ou sucessores.
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Apurar-se-á o quinhão que caberá a cada sucessor, quando for realizada a partilha, e o que deve ser atribuído a eventuais credores e cessionários.
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4. Finalidade do inventário (alguns exemplos)
Enumerar os bens, direitos e obrigações deixados pelo falecido.
Identificar e isolar os bens que integram a herança e quais formam a meação.
Enumerar os herdeiros e legatários do de cujus.
Verificar se a herança tem força suficiente para o pagamento das dívidas, já que os herdeiros só respondem pelas do falecido nos limites da força dessa herança.
Estabelecer como será feita a partilha, e que quinhão hereditário será atribuído a cada um dos sucessores.
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OBSERVAÇÃO
O inventário não é atributivo ou constitutivo da propriedade, mas servirá para declarar qual a parte cabente a cada herdeiro.
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5. Inventário negativo
A finalidade do inventário negativo é permitir aos herdeiros e sucessores demonstrar que o de cujus faleceu sem deixar nenhum bem, o que pode ser de grande relevância para que sejam afastados eventuais credores.
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O inventário negativo será processado no mesmo foro e juízo em que se processaria o comum. O interessado requererá ao juiz que tome suas declarações por termo, e todas as informações a respeito de cônjuge supérstite e herdeiros. O interessado declarará ainda que o falecido não deixou bens a inventariar.
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O magistrado ouvirá o Ministério Público, se houver interesse de incapaz, e a Fazenda Pública. Não havendo impugnação, julgará de plano. Se necessário, podem ser ouvidas testemunhas, que atestarão a inexistência dos bens, caso ela se torne controvertida.
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4. Partilha
A partilha serve para atribuir a cada herdeiro o quinhão que lhe corresponde.
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OBSERVAÇÃO
Haverá inventário sem partilha, quando houver apenas um herdeiro.
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Havendo mais de um herdeiro, a partilha atribuirá a cada qual um quinhão, sobre os bens da herança, que pode consistir em uma fração ideal do bem.
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5. Procedimento do inventário
Jurisdição contenciosa e não voluntária (exceção à regra)
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Peculiaridades da petição inicial Inexistência de autor ou réu. Inexistência de contestação.
Inexistência de produção de provas.
A conclusão do processo não é feita por meio de sentença de procedência ou improcedência.
Questões de alta indagação, que não são resolvidas no processo, são remetidas para a via própria.
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6. Três tipos de procedimento
6.1 - Tradicional - artigos 610 a 658 do CPC
6.2 - Arrolamento sumário - artigo 659 do CPC (herdeiros maiores, capazes e concordes entre si)
6.3 - Arrolamento comum - artigo 664 do CPC (bens de baixo valor)
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7. Competência
Os inventários e partilha de bens situados no Brasil são de competência exclusiva da justiça brasileira, por força do art. 23, III, do CPC, o que proíbe a homologação pelo STJ de sentença estrangeira sobre o assunto.
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A competência para processar os inventários e partilhas é dada pelo art. 48 do CPC: foro do domicílio do autor da herança.
Se o autor não possui domicílio certo: a) foro da situação dos bens imóveis
b) foros diferentes da situação dos bens imóveis: qualquer um deles
c) foro do local de qualquer dos bens do espólio, se não houver imóveis
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ATENÇÃO
Como se trata de critério territorial, a competência é relativa.
OBSERVAÇÃO
O juízo do inventário será competente para processar todas as ações em que o espólio for réu (juízo universal do inventário)
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8. Prazo para a abertura do inventário e da partilha
Artigo 611 do Código de Processo Civil: o prazo para requerer a abertura do inventário e da partilha é de 2 (dois) meses a contar da abertura da sucessão, finalizando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento da parte.
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ATENÇÃO
Não havendo a abertura do inventário no prazo, as partes ficam sujeitas à multa que pode ser estabelecida em lei estadual. Nesse sentido, a Súmula 542 do STF: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário.”
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9. Legitimidade para a abertura do inventário
A legitimidade para abertura do inventário está enumerada no artigo 615 e 616 do CPC (pessoa que estiver na posse e na administração do espólio -administrador provisório).
Art. 616 do CPC (legitimidade concorrente): cônjuge ou companheiro supérstite, herdeiro, legatário, testamenteiro etc.
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10. Petição inicial
A abertura do inventário será requerida por petição, assinada por advogado(a). O requerente comunicará o falecimento, comprovado com a juntada da certidão de óbito, e postulará a abertura do inventário e a nomeação do inventariante. O requerente deve, ainda, comprovar a sua legitimidade, juntando a documentação necessária.
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A petição inicial será distribuída na Vara de Família e Sucessões. Se não houver, no juízo comum. Estando em termos a petição inicial, o juiz nomeará o inventariante, que deverá prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar a função, no prazo de cinco dias, conforme dispõe o art. 617, parágrafo único, do CPC.
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11. Administrador provisório
O inventário não é aberto no momento da morte do de cujus. Nesse ínterim, existe o espólio, mas não inventariante, visto que o inventário não foi requerido.
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O administrador provisório não é nomeado pelo juiz, mas identificado de acordo com o artigo 1.797 do Código Civil que atribui, sucessivamente, a função ao cônjuge ou companheiro, se com o ele convivia ao tempo da abertura da sucessão, ou ao herdeiro (filhos).
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12. Inventariante
Aberto o inventário, o juiz nomeará inventariante, que passará a exercer as suas atribuições após prestar compromisso. Ele substitui o administrador provisório.
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O artigo 617 do CPC indica a ordem sucessiva das pessoas que serão nomeadas inventariantes pelo juiz: cônjuge ou companheiro supérstite, herdeiro, testamenteiro etc.
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13. Atribuições do inventariante Artigos 618 e 619 do CPC
Representar o espólio ativa e passivamente em juízo ou fora dele
Administrar o espólio
Prestar as primeiras e as últimas declarações Exibir contas etc
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14. Remoção e destituição do inventariante
O inventariante perderá o cargo quando for removido ou substituído. Dar-se-á a remoção ao inventariante que não cumprir a contento as suas funções, deixando de praticar ato que lhe incumbia. A destituição ocorrerá em decorrência de um fato externo ao processo, como, por exemplo, ficar gravemente doente, ou for condenado criminalmente.
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O artigo 622 do Código de Processo Civil enumera as hipóteses de remoção: se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; se não der andamento regular ao inventário, se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas etc.
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A remoção pode ser suscitada pelo herdeiro. Nesse caso, o inventariante será intimado para defender-se, no prazo de 15 dias, e produzir provas. Em seguida, o juiz decidirá. Se determinar a remoção, nomeará outro em substituição, cabendo ao removido entregar imediatamente ao substituto os bens do espólio.
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ATENÇÃO
A decisão que aprecia o pedido de remoção é interlocutória, cabendo agravo de instrumento (artigo 1.015, parágrafo único, do CPC)
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15. Das primeiras declarações
O inventariante deverá prestar as primeiras declarações. O artigo 620 do Código de Processo Civil descreve o que deve conter as primeiras declarações.
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As primeiras declarações fornecerão informações sobre o morto, sobre o cônjuge ou companheiro e o regime de bens, sobre os herdeiros e sua qualidade, bem como sobre todos os bens que compõem o espólio.
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16. Das citações
O artigo 626 do Código de Processo Civil explicita que elaboradas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e da partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente e o testamenteiro, se houver.
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ATENÇÃO
Como o inventário é ação pessoal e não real, a ele não se aplica o art. 73, § 1º, do CPC, por isso, não há necessidade de citação dos cônjuges dos herdeiros.
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Se houver disposição de bens, haverá a necessidade da participação do cônjuge ou companheiro. Assim, se houver cessão ou renúncia total ou parcial do direito à herança, é preciso a outorga uxória (artigo 80, inciso II, do CPC).
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17. Impugnações
Depois de concluída todas as citações, ocorrerá o prazo comum de quinze dias, para que os citados possam impugnar as primeiras declarações, apresentadas pelo inventariante.
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O artigo 627 do Código de Processo Civil indica que as partes poderão se manifestar sobre as primeiras declarações:
I - arguir erros, omissões e sonegação de bens (se procedente, o juiz determinará que sejam retificadas as primeiras declarações)
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II - reclamação contra a nomeação do inventariante (se o pedido for acolhido, o juiz nomeará outro inventariante, observando a preferência legal)
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro (se demandar provas que não sejam documentais, o juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobrestará a entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido)
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17. Avaliações
Superada a fase de impugnação, passar-se-á à de avaliação dos bens do espólio. O juiz de direito nomeará um perito, se na comarca não houver avaliador judicial (Art. 630 do CPC)
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A avaliação do bem tem duas finalidades:
a) permitir o cálculo dos impostos, que tem por base de cálculo o valor dos bens;
b) verificar a correção da partilha, para que nenhum sucessor fique prejudicado.
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A avaliação pode ser dispensada quando:
a) os herdeiros concordarem com o valor dos bens (só se forem todos maiores);
b) herdeiros concordarem e haver expressão anuência da Fazenda Pública;
c) houve informação do Fisco a respeito do valor dos bens.
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O perito ou avaliador apresentará o laudo, e os interessados terão 15 dias para se manifestarem, inclusive impugnando-o. O juiz decidirá, podendo determinar nova avaliação.
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18. Últimas declarações
Depois de concluída a fase de avaliações, será lavrado o termo de últimas declarações, cuja finalidade é permitir que o inventariante tenha a oportunidade de completar, emendar ou corrigir as primeiras. Se não houver nada a corrigir ou a acrescentar, basta que as ratifique.
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Prestadas as últimas declarações, as partes serão ouvidas no prazo comum de quinze dias. Havendo impugnação, o juiz as decidirá, determinando as correções necessárias. Com as últimas declarações, estará concluída a fase do inventário.
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19. Impostos
Depois de prestadas as últimas declarações, será feito o cálculo dos impostos mortis causa e inter vivos. Mortis causa: fato gerador = transmissão dos bens da herança em decorrência da morte.
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A base de cálculo é o valor dos bens na data da sua avaliação, e a alíquota deve ser a vigente na data da abertura da sucessão, nos termos das Súmulas 112 e 113 do STF.
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Súmula 112 do STF
O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.
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Súmula 113 do STF
O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.
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A base de cálculo abrangerá todos os bens, móveis ou imóveis, da herança, mas não incluirá a meação do cônjuge ou companheiro supérstite, já que esta não integra a herança.
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O imposto inter vivos só será devido se houver transmissão onerosa de bens imóveis.
Atenção
Se o de cujus tinha alienado o imóvel por compromisso de compra e venda ainda não quitado, incide a Súmula 590 do STF: “Calcula-se o imposto de transmissão ‘causa mortis’ sobre o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor.”
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OBSERVAÇÃO
Havendo renúncia à herança, o renunciante não pagará o imposto causa mortis, só devido por aqueles a quem a herança for atribuída.
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ATENÇÃO
Se houver renúncia translativa, ou seja, quando o herdeiro recebe a herança, mas cede-a a terceiros, haverá incidência de dois tributos: o causa mortis, decorrente do recebimento, e o inter vivos, derivado da cessão posterior.
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O cálculo do valor do tributo é feito pelo contador, e sobre ele as partes se manifestarão no prazo de cinco dias. Em seguida, será ouvida a Fazenda Pública e o juiz decidirá sobre o montante, em decisão sujeita a agravo de instrumento.
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I - DA PARTILHA 1. Introdução
Depois de finalizado o inventário, apurados os bens que efetivamente compõem a herança, quais são os herdeiros, e o quinhão que cabe a cada um, a partilha consiste na distribuição de bens dos sucessores.
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ATENÇÃO
A partilha pressupõe a existência de mais de um herdeiro, pois, se houver um só, os bens serão adjudicados ao único sucessor.
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OBSERVAÇÃO
Antes da partilha é necessário identificar o que é herança, o que é meação, fazer o pagamento dos credores e trazer à colação os bens que tenham sido doados aos descendentes em vida.
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2. Espécies de partilha
Artigo 610, § 1º, do CPC - o inventário e a partilha podem ser feitos por escritura pública, sem intervenção do Judiciário.
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3. Procedimento da partilha
Artigo 647 do Código de Processo Civil
Depois de realizado o pagamento dos credores, e apurado o conjunto de bens que deverá ser partilhado, o juiz concederá às partes o prazo de 15 dias para formular o pedido de seu quinhão.
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Depois disso, o juiz proferirá a decisão de deliberação sobre a partilha, resolvendo o pedido das partes e designando o quinhão de cada um (artigo 647 do CPC). Trata-se de uma decisão interlocutória suscetível de agravo de instrumento.
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Após a deliberação da partilha, os autos serão enviados ao partidor, para que elabore um esboço, de acordo com o que o juiz decidiu, observando as dívidas atendidas, a meação do cônjuge, a parte disponível e os quinhões hereditários, a começar pelo herdeiro mais velho. Com relação ao esboço, as partes terão o prazo comum de cinco dias para se manifestarem.
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Depois de as partes manifestarem-se sobre o esboço de partilha, realizado o pagamento de imposto causa mortis, o juiz julgará a partilha por sentença, contra a qual cabe apelação.
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Com o trânsito em julgado da sentença que julga a partilha, ou que determina a adjudicação de todos os bens a único herdeiro, desaparece o espólio e cessam as funções do inventariante. A partir daí, todas as ações patrimoniais que digam respeito aos interesses que eram do de cujus deverão ser dirigidas contra os herdeiros.
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4. Formal de partilha
Depois do trânsito em julgado da sentença que julga a partilha, será expedido o formal de partilha.
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ATENÇÃO
Se não tiver havido partilha, mas apenas adjudicação a um único herdeiro, será expedida a carta de adjudicação.
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O formal indicará os bens que cada herdeiro receberá. Se houver bens imóveis, os interessados poderão levar o formal para registro no Cartório de Registro de Imóveis, com o que passarão a figurar em nome do herdeiro beneficiário, e não mais em nome do de cujus.
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5. Sobrepartilha
A sobrepartilha está no artigo 669 do CPC, como mecanismo de partilha de bens, após o julgamento da partilha originária. Os bens que devem ser sobrepartilhados são: os sonegados, os que integram a herança, mas que só foram descobertos depois da partilha; os litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa e aqueles situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
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6. Inventário conjunto - Artigo 672 do Código de Processo Civil
As duas heranças poderão ser cumulativamente inventariadas e partilhadas, o que justifica em razão da economia processual. Haverá um só inventariante. Se o segundo inventário for ajuizado depois do primeiro, haverá distribuição por dependência.
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II - DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
Art. 599 a 609 do CPC 1. Introdução
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2. Objeto da ação de dissolução parcial de sociedade
a) Resolução da sociedade empresária contratual ou simples quando houver falecimento do sócio, do sócio excluído ou aquele que exerceu direito de retirada.
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3. Legitimidade passiva a) Espólio do falecido. b) Sucessores.
c) Pela sociedade.
d) Pelo sócio que exerceu o direito de retirada. e) Pelo sócio excluído.
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ATENÇÃO
O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio.
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4. Requerimento para a citação
A sociedade e os sócios serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação.
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ATENÇÃO
A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada.
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A sociedade poderá formular pedido de indenização compensável com o valor dos haveres a apurar.
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OBSERVAÇÃO:
Se a sociedade e os sócios concordarem com o pedido de dissolução parcial da sociedade, não haverá condenação em honorários advocatícios de nenhuma das partes, e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social.
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ATENÇÃO
Havendo contestação, observar-se-á o procedimento comum, mas a liquidação da sentença seguirá o procedimento específico para esses casos.
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Para apuração dos haveres, o juiz:
a) marcará a data da resolução parcial da sociedade;
b) definirá o critério de apuração dos haveres com base no contrato social;
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O juiz determinará à sociedade e aos sócios que permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos.
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O depósito poderá, desde logo, ser levantado pelo ex-sócio.
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ATENÇÃO
Em todos os casos em que seja necessária a realização de perícia, a nomeação do perito recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de sociedades.
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A sentença encerrará o processo com resolução de mérito, dando-se início, se for o caso, à liquidação de sentença a fim de apurar haveres que não puderem ser realizados no curso do processo em razão de sua especificidade.
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II - DA HABILITAÇÃO
Artigos 687 a 692 do CPC 1. Conceito
A habilitação é o meio utilizado para suceder a parte no processo.
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2. Requerimento da habilitação
a) Pela parte em relação aos sucessores do falecido. b) Pelos sucessores do falecido em relação à parte.
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A habilitação suspende o andamento processual. Ao receber a petição, o juiz de direito que ordenará a citação dos requeridos para se pronunciarem no prazo de 05 (cinco) dias.
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O juiz de direito decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este for impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da documental, caso em que determinará o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução.
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O juiz proferirá a sentença de habilitação. O processo somente retomará o seu curso após o trânsito em julgado da sentença, e a cópia da sentença será juntada aos autos principais.
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III - DAS AÇÕES DE FAMÍLIA Aplicação:
Processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável.
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ATENÇÃO
A ação de alimentos e de interesse de criança ou de adolescente observarão o procedimento em legislação específica, aplicando subsidiariamente as disposições do Código de Processo Civil.
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Durante o curso do processo, as partes podem requer que o juiz determine a suspensão do processo enquanto os litigantes se submeterem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar.
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Recebida a petição inicial e tomadas as providências referentes à tutela provisória, se houver requerimento, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação.
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O mandado de citação conterá apenas os dados necessários à audiência e deverá estar desacompanhada de cópia da petição inicial, assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer tempo.
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Havendo acordo, o processo será extinto com resolução de mérito. Caso não haja acordo, o processo seguirá seu curso normal até a sentença.
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IV - HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL 1. Conceito
O penhor é o direito real constituído pela garantia de uma coisa móvel, passível de alienação, realizada pelo devedor, em garantia do débito ao credor.
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Exemplos:
É o caso dos hospedeiros ou fornecedores de pousada ou alimentos, sobre os bens que seus clientes portarem consigo nos respectivos estabelecimentos, para fazer face às despesas que ali tiverem realizado; bem como, do proprietário de imóvel urbano, sobre os bens móveis do inquilino nele localizados, para pagamento dos alugueis vencidos (CC, art. 1.467, I e II).
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O credor requererá a citação do devedor para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designada. A defesa só poderá versar sobre:
a) nulidade do processo; b) extinção da obrigação;
c) a dívida não está prevista em lei ou não estão os bens sujeitos ao penhor legal.
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Atenção
Depois da audiência preliminar, observar-se-á o procedimento comum.
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OBSERVAÇÃO:
O penhor legal pode ser requerido extrajudicialmente. Deverá o requerente solicitar no cartório de títulos e documentos. Recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação extrajudicial do devedor para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar o débito ou impugnar sua cobrança, alegando por escrito um das causas previstas no art. 704 do CPC.
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Transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias sem manifestação do devedor, o notário formalizará a homologação do penhor legal por escritura pública.
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Homologado judicialmente o penhor legal, a posse do autor sobre o objeto será consolidada. Negada a homologação, o objeto deverá ser entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar a dívida pelo procedimento comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação.
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Dessa sentença caberá recurso de apelação e, na pendência de recurso, poderá o relator ordenar que a coisa permaneça depositada ou em poder do autor.
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V - REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
Artigos 707 a 711 do Código de Processo Civil 1. Conceito
Entende-se por avaria grossa aquela voluntariamente causada pelo capitão do navio com o propósito de evitar o mal maior, desde que o perigo arrostado não tenha sido causado pelo próprio comandante, tripulação ou equiparados
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A avaria grossa está relacionada com o Direito Marítimo. Basicamente, pode-se dizer que a declaração de avaria grossa, efetivamente reconhecida, válida e eficaz, amortizará os deveres do transportador marítimo num sinistro.
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A avaria grossa rateia os prejuízos da carga marítima, contudo, o Direito Civil moderno entende que o dano deve ser de responsabilidade do transportador, uma vez que sua atividade é de risco.
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Se houver divergência sobre a nomeação de um regulador de avarias, o juiz de direito deverá nomear um no primeiro porto onde o navio houver atracado.
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Para que os danos sejam considerados como próprios de avaria grossa, o regulador terá que os apontar, detalhar e justificar pormenorizadamente, para, somente depois, sendo aceita amplamente a declaração, exigir as garantias idôneas devidas e que tipificam os efeitos jurídicos da declaração.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A parte que não concordar com o regulador deverá justificar suas razões ao juiz, que decidirá no prazo de 10 (dez) dias. Não havendo impugnação, o juiz homologa. A homologação pelo juiz do regulamento de avaria grossa é ato soberano e que não comporta qualquer mitigação, submetido ao princípio da livre convicção do magistrado.
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VI - RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Artigos 712 a 718 do Código de Processo Civil 1. Conceito
Esta ação é cabível quando os autos do processo desaparecem do cartório (físico) ou do sistema (digital).
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A petição inicial deverá declarar o último ato do processo, oferecendo:
a) certidões do cartório por onde tramita o processo;
b) cópias das peças processuais até o último ato, se possível;
c) qualquer outro documento que facilite a restauração.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias, cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e as reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em seu poder.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
ATENÇÃO
Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
OBSERVAÇÃO
Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o procedimento comum.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
ATENÇÃO
Se a perda dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência, o juiz, se necessário, mandará repeti-las.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Julgada a restauração, seguirá o processo nos seus termos.