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SUMÁRIO AULA 01 - DEMO. Finanças Públicas p/icms-ba 2018 Teoria e Questões Comentadas Prof. Manuel Piñon Aula 01

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AULA 01 - DEMO

SUMÁRIO

1– Tributação

2 – Falhas no sistema de mercado e bens públicos 3 – Políticas Regulatória e Fiscal

4 – Resumo

5 – Questões que foram comentadas em aula 6 – Gabarito

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Aula 01

Olá, amigo(a) concurseiro(a)!

Seja bem-vindo ao Curso Economia e Finanças Públicas voltado especificamente para o cargo de AUDITOR do concurso da SEFAZ/BA (ICMS-BA) 2018!

Estudar para um concurso como esse, com elevado grau de dificuldade em suas provas, além do alto nível dos candidatos, não é missão fácil. Por isso, torna-se necessária uma preparação com planejamento e muita disciplina.

O nível de preparação dos concorrentes não permite mais que você seja aprovado em algum certame apenas livrando a nota de corte. É necessário fazer a diferença em todas as matérias.

E, sem dúvida, a disciplina Finanças Públicas, tendo em vista o nível elevado de complexidade, representa um dos diferenciais da prova. Nessa linha, buscaremos aqui detalhar todo o conteúdo programático da matéria, numa linguagem simples e objetiva, sem, contudo, ser superficial.

Nosso curso atenderá tanto aos concurseiros do nível mais básico, ou seja, aqueles que estão vendo a matéria pela primeira vez, como àqueles mais avançados, que desejam fazer uma revisão completa e detalhada da matéria.

Além disso, resolveremos aqui muitas questões de Provas de concursos anteriores elaboradas pelas principais bancas potenciais do nosso certame: CESPE, FCC, ESAF e FGV, de tal forma que você ficará bastante afiado na matéria, ao ponto de chegar à prova com bastante segurança.

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Antes de iniciar os comentários sobre o funcionamento do nosso curso, gostaria de fazer uma breve apresentação pessoal.

Sou Administrador de Empresas com especialização em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas-FGV e Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, aprovado no concurso nacional de 2009/2010.

Atuei inicialmente na Área de Arrecadação e Administração Tributária, passando pelo setor de Planejamento e Controle da Atividade Fiscal até chegar à atividade de Fiscalização propriamente dita.

Porém, antes de tomar posse no meu atual cargo, eu já o havia exercido anteriormente entre 1999 e 2001. É que fui aprovado no concurso de para Auditor Fiscal da Receita Federal (na época AFTN) de 1998, e, após 2 anos de exercício na atividade de fiscalização de empresas da Região Norte do país, recebi e aceitei um convite para voltar a trabalhar na iniciativa privada em minha cidade: Salvador.

Após alguns anos na área privada, vivendo momentos de alta satisfação alternados com momentos de insatisfação, resolvi voltar a estudar para concursos públicos em 2006.

Essa fase foi muito difícil. Eu tinha uma jornada dura, mas tinha que ser discreto, já que trabalhava e estudava muito, mas sem “poder dar muita bandeira” dessa dupla jornada.

Sei que muitos de vocês vivem situações parecidas, mas acreditem que essa situação é transitória.

No meu caso, fui recompensado com a aprovação para o cargo de Analista de Finanças e Controle – AFC da Controladoria Geral da União – CGU no ano de 2008.

Entretanto, mesmo já trabalhando em bom cargo e com um excelente ambiente de trabalho na CGU, eu não me acomodei.

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Continuei com meus estudos rumo ao sonho de voltar a ser Auditor Fiscal da Receita Federal, que, como já dito, pode ser realizado com a aprovação no concurso de 2009/2010.

É isso meu amigo!

Espero dividir com você a experiência adquirida ao longo da minha preparação, pois sei exatamente o que se passa “do outro lado”: as angústias, as expectativas, as dificuldades, mas também os sonhos. Não se esqueça que são os sonhos que nos movem!

Acredite e se esforce ao máximo. Esse é o segredo!

Feitas as apresentações iniciais, passemos à proposta do nosso curso, que será de 6 aulas, divididas da seguinte forma:

01

Tributação e Política Econômica

Tributação: tipos de tributos; progressividade, regressividade e neutralidade; teoria da tributação ótima. Política fiscal: equilíbrio orçamentário; estabilização da moeda; pleno emprego; desenvolvimento econômico; redistribuição da renda. Instrumentos e recursos da economia pública (política fiscal, regulatória e monetária). Bens públicos e falhas no sistema de mercado. O setor governo e a política fiscal; déficits e dívida pública; políticas de estabilização.

02

Introdução às Finanças Públicas

FINANÇAS PÚBLICAS – Objetivos, metas, abrangência e definição. Funções do Estado; evolução das funções do Governo; o financiamento dos gastos públicos: tributação e equidade. A função do bem-estar; políticas alocativas, distributivas e de estabilização. Conceito de déficit público; financiamento do déficit; sustentabilidade da política fiscal. Crédito público: fonte alternativa de financiamento das despesas públicas; pressão do crédito público sobre o mercado financeiro e monetário; limites do crédito público. Reforma Administrativa e Reforma Previdenciária.

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03

Orçamento Público

Orçamento público: conceitos e princípios orçamentários, tipos de orçamento, técnicas de elaboração orçamentária. Ciclo orçamentário. Créditos adicionais: conceitos, tipos, requisitos para abertura, fontes de recursos, incorporação ao orçamento.

04

Receita Pública

6. Receita orçamentária: classificação, estágios (etapas) da receita, regime de execução orçamentária, recursos orçamentários, deduções da receita orçamentária.

05

Despesa Pública

7. Despesa orçamentária: classificação da despesa orçamentária sob seus diversos enfoques, estágios (fases) da despesa orçamentária. 16 Ordenador de despesa: conceito; ordenador primário; delegação de competência.

06

Lei de

Responsabilidade Fiscal

15. Tópicos da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar federal 101/00): princípios, objetivos; limites para dívida; “regra de ouro” (Constituição Federal, art. 167, III); renúncia de receita; geração de despesas; transferências voluntárias: conceito, requisitos; destinação de recursos para o setor privado: requisitos, vedações.

Analisados todos os itens que nortearão o nosso curso, vamos ao que interessa!!!

Ao final dessa aula quero ver tanto eu quanto você com uma sensação boa, de que estamos no caminho certo.

Como diria Mahatma Gandhi:

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”.

Então, vamos nessa!

Prof. Manuel Piñon

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1. TEORIA DA TRIBUTAÇÃO

Já sabemos que o Setor Público corresponde à presença o Governo nas três esferas: a União, os Estados e o Distrito Federal, e os Municípios, bem como os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Vimos que o Governo interfere na economia por meio da Tributação (T) e dos Gastos Públicos (G). A Tributação (T) compreende:

Impostos Indiretos: aqueles que incidem sobre as transações econômicas com bens e serviços, a exemplo do ICMS (que certamente será o objeto principal do nosso trabalho), do IPI e o ISS;

Impostos Diretos: os quais incidem sobre o patrimônio e a renda das pessoas, físicas e jurídicas, como o Imposto de Renda, o IPTU, o IPVA (aqui também objeto de trabalho do Auditor Fiscal Estadual);

Contribuições à Previdência Social: aqui devem ser computadas tanto a parte do empregador quanto a do empregado.

Outras receitas de governo: aqui entrariam, por exemplo, receitas com taxas e multas diversas.

Assim, a tributação constitui um expediente lançado pelo governo para cobrir suas despesas.

Porém, os tributos devem seguir princípios básicos no intuito de possibilitar a existência de uma carga tributária suportável pela sociedade e compatível com os retornos sociais desejados.

Na verdade, o Sistema Tributário deve ser um instrumento de

distribuição de renda.

Importante destacar que nosso estudo acerca de princípios e da

classificação de tributos, aqui na matéria Economia e Finanças

Públicas, não objetiva substituir os princípios e as classificações doutrinárias que você estuda no âmbito da matéria Direito Tributário. Nosso foco aqui é complementar! Complemento esse mais voltado para os aspectos econômicos envolvidos na tributação!

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1.1 –PRINCÍPIOS DA TRIBUTAÇÃO E TEMAS

CORRELATOS

Vale salientar que os Princípios da Tributação fundamentam a tributação, para, dentre outros objetivos, que o Sistema Tributário seja efetivamente um instrumento de distribuição de renda.

Vamos conhecer os principais deles!

Princípio da produtividade: significa que o volume de arrecadação do tributo deve ser maior do que os custos de sua obtenção.

Imaginando que se requer um aparato administrativo para arrecadação e fiscalização dos impostos, os custos devem ser considerados.

Toma-se como referência o imposto sobre movimentação financeira, que possui baixo custo de controle, difícil sonegação e gera significativa arrecadação.

Princípio da neutralidade: a ideia é que o tributo não provoque mudança nos preços relativos da economia, de modo a manter inalterada a alocação dos recursos.

Um imposto é considerado neutro na medida em que modifica os

preços da economia na mesma proporção.

Podemos exemplificar com o imposto de consumo, que possui a mesma alíquota para todos os produtos, dado que todos os preços são afetados e a posição relativa dos agentes mantém-se inalterada na alocação de seus recursos.

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Princípio da equidade: considera que o tributo deve onerar o contribuinte segundo suas posses e de acordo com os benefícios que cada um recebe pela disponibilidade dos serviços públicos.

O exemplo correspondente a este princípio situa-se nos sistemas de taxas públicas, como as relacionadas à água, energia e lixo, entre outros serviços públicos oferecidos.

01) (FCC/TCE-SP/Auditor/2008) De acordo com o Princípio da Equidade, um imposto sobre vendas com alíquota uniforme, incidindo sobre todas as vendas de bens e serviços de forma não-cumulativa, é

a) justo, porque onera apenas os que têm maior nível de renda e de consumo de bens e serviços.

b) regressivo, porque os consumidores mais ricos contribuirão proporcionalmente menos em relação à sua renda que os consumidores pobres.

c) progressivo, porque os consumidores que despendem mais pagarão um valor total de imposto superior aos que despendem menos.

d) proporcional, porque todos os consumidores pagam uma percentagem uniforme sobre todas as compras.

e) neutro, uma vez que a alteração que provoca na alocação de recursos por parte do setor privado é muito grande.

Comentários

O Princípio da equidade é aquele que considera que o tributo deve onerar o contribuinte segundo suas posses.

Nessa questão, além de saber o princípio da equidade, é só lembrar do caso do imposto sobre o feijão para o milionário e para o pobre.

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Desse modo, um imposto sobre vendas com alíquota uniforme, incidindo sobre todas as vendas de bens e serviços de forma não-cumulativa, é regressivo, porque os consumidores mais ricos contribuirão proporcionalmente menos em relação à sua renda que os consumidores pobres.

--- Princípio da capacidade de contribuição: está relacionado à arrecadação tributária seguindo a ideia que cada contribuinte deve pagar segundo seus ganhos e propriedade.

Este princípio expressa o caráter progressivo do imposto através

de incidência de alíquotas crescentes sobre a base de cálculo. Os exemplos clássicos para este princípio são os impostos que recaem

sobre a renda e o patrimônio, como o Imposto de Renda e o IPTU.

02) (CESPE/IBAMA/ANALISTA/2013) A respeito do orçamento público e da atuação do governo nas finanças públicas, julgue o item subsequente.

O conceito de progressividade não está submetido aos princípios elementares da teoria da tributação.

Comentários

Está errada a assertiva! A progressividade é um Princípio do Direito Tributário cuja ideia básica é que quem é mais rico deve pagar proporcionalmente mais imposto do que quem é pobre, estando, assim, submetido aos princípios elementares da teoria da tributação.

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ATENÇÃO

CURVA DE LAFFER. Essa curva consiste num gráfico que procura refletir as conclusões dos estudos levados a cabo por Arthur Laffer e nos quais se demonstra que uma tributação exagerada acaba por ser ineficaz em termos de receita fiscal. Esta conclusão pode ser explicada por diversos motivos, tais como:

Em uma situação de taxas de imposto progressivas (como acontece com o Imposto de Renda no Brasil), a partir de certa altura, os trabalhadores preferem nãoaumentar o seu nível de atividade profissional e ficar numa taxa de imposto mais baixa;

Um aumento exagerado das taxas de imposto sobre a despesa poderá desestimular o consumo e o

investimento levando à redução da receita fiscal em lugar do seu aumento;

Quanto maior for a carga fiscal maior é o incentivo às práticas de fuga e evasões fiscais.

De acordo com o velho Laffer existe um ponto ótimo para a tributação que é representado no gráfico seguinte pelo ponto E.

Observe que a taxa ótima (te) é responsável pelo maior volume de arrecadação. J

Já nos pontos em que a taxa (ou alíquota) de tributação é superior ou inferior a esse ponto na curva, a arrecadação é menor.

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Podemos dizer ainda que a curva de LAFFER, também chamada curva reversa ocorre em virtude de dois efeitos contrários:

Efeito-Substituição: conforme diminui a renda líquida do indivíduo em virtude da tributação, o trabalhador decide trabalhar menos horas e aumentar as horas de lazer. O efeito-substituição afeta negativamente a oferta de trabalho.

Efeito-Renda: conforme diminui a renda líquida do indivíduo em virtude da tributação, o trabalhador decide trabalhar mais horas para aumentar a renda líquida. O efeito-renda afeta positivamente a oferta de trabalho.

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03) (FGV/DPE-RO/ECONOMISTA/2015) A curva de

Laffer NÃO prediz que:

a) existe uma alíquota tributária ótima que maximiza a arrecadação do governo;

b) quando o imposto é de 100% sobre a renda do trabalho, as pessoas abandonam o mercado de trabalho formal;

c) a sonegação fiscal aumenta continuamente com o aumento da alíquota tributária;

d) aumentos de alíquota são contraproducentes a partir de um determinado nível;

e) a informalidade é baixa quando a alíquota tributária é próxima de zero.

Comentários

O examinador pediu para você marcar a alternativa em desacordo com a Teoria de Laffer, então vamos julgar e comentar as alternativas. a) Verdadeira. Se essa alíquota subir, a sonegação aumenta e a arrecadação cai.

b) Verdadeira. Quem trabalha de graça?

c) Falsa. Quando a carga tributária é baixa não existe esse efeito. d) Verdadeira. Se a alíquota subir muito, a sonegação aumenta e a arrecadação cai.

e) Verdadeira. Quando a carga tributária é muito baixa, a informalidade e a sonegação são baixos.

--- 04) (FGV/DPE-MT/ECONOMISTA/2015) Assuma que os países A, B e C têm, respectivamente, alíquotas tributárias sobre os rendimentos iguais a 1%, 50% e 99%. Na relação proposta pela Curva de Laffer, assinale a opção que indica o(s) país(es) que tem(têm) maior probabilidade de obter(em) uma receita tributária próxima de zero.

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a) Apenas o país A. b) Apenas o país B. c) Os países A e B, apenas. d) Os países A e C, apenas. e) Todos os países. Comentários

Pelo que estudamos da curva de Laffer, podemos inferir que o único país que está longe do extremo, ou seja, de uma carga tributária mínima, é o país B.

--- 05) (CESPE/MPU/ANALISTA/2013) Com relação à economia do setor público, julgue o próximo item.

A curva de Lorenz, geralmente apresentada por uma curva em forma de parábola, representa a relação entre a receita do governo com o imposto a distintas alíquotas.

Comentários

A curva que a assertiva descreveu corretamente é a curva de Laffer! A curva de Lorenz é usada para medir a concentração de renda de uma economia.

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06) (ESAF/RFB/AFRFB/2000) De acordo com os fundamentos da curva de Laffer, identifique a opção falsa.

a) Quando o ponto ótimo de alíquota é ultrapassado, a receita tributária pode ser aumentada mediante elevação de alíquota.

b) Segundo Laffer, o imposto é pago sem sonegação se a alíquota for suficientemente baixa.

c) Há um ponto ótimo de alíquota que gera uma receita tributária máxima.

d) O modelo presume que o incentivo à sonegação cresce com a magnitude da alíquota.

e) A curva de Laffer mostra o efeito de variações na alíquota do imposto sobre a receita tributária.

Comentários

Cuidado, pois o enunciado pede a alternativa falsa. Todas as assertivas estão corretas, com exceção da alternativa a).

Vamos corrigi-la: Quando o ponto ótimo de alíquota é ultrapassado, a receita tributária pode ser diminuída mediante elevação de alíquota. ---

ATENÇÃO

Nesse contexto, aproveito para lhes apresentar à famosa teoria do peso morto da tributação! O chamado “peso morto” da tributação está relacionado ao custo social dos tributos. A ideia aqui é que quanto maior a tributação, em regra, maior o peso morto, ou seja, a produção perdida. Trata-se na verdade de uma forma de ineficiência econômica.

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Essa ineficiência corresponde à perda gerada para a economia como um todo, medida pela perda de excedente do consumidor e pela perda de excedente do produtor que não são compensadas pelo ganho de arrecadação tributária do governo. Nessa toada, em função dessa ineficiência, a quantidade comercializada é menor do que se não tivessem os respectivos tributos envolvidos, já que o tributo sobre bens e serviços acaba por reduzir o bem-estar de consumidores e produtores.

Guarde que essa redução no excedente do consumidor e do produtor normalmente excede a receita tributária obtida pelo governo.

E qual o efeito disso?

Queda no mercado como um todo!

Podemos então concluir que o peso morto da tributação está caracterizado quando o ganho gerado para um agente econômico é menor que a perda causada na economia. Vale destacar que a eficiência de Pareto, no âmbito da economia, é uma noção de que a eficiência é considerada ótima se não for possível melhorar a situação sem prejudicar/degradar a mesma.

Importante deixar claro que a chamada eficiência à Pareto é baseada em critérios de utilidade (já estudamos utilidade quando estudamos consumidor e produtor), já que se algo gera proveito (rendimento), comodidade ou frutos sem prejudicar terceiros, entende-se que irá desencadear um processo natural de otimização até alcançar o ponto ótimo.

Assim, esse tal de “ótimo de Pareto” ocorrerá, quando existe uma situação X onde ao se sair dela, para que “um ganhe”, pelo menos “um perde”, necessariamente.

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Assim, uma situação econômica é ótima, no sentido de Pareto, se não for possível melhorar a situação de um agente, sem degradar a situação de qualquer outro agente econômico.

Existem três condições que necessitam ser preenchidas para que uma economia possa ser considerada Pareto Eficiente: 1) Eficiência nas trocas - o que é produzido numa economia é distribuído de forma eficiente pelos agentes económicos, possibilitando que não sejam necessárias mais trocas entre indivíduos, isto é a taxa marginal de substituição é mesma para todos os indivíduos;

2) Eficiência na produção - quando é possível produzir mais de um tipo de bens sem reduzir a produção de outros, isto é, quando a economia se encontra sobre a sua curva de possibilidade de produção; 3) Eficiência no mix de produtos - os bens produzidos numa economia devem refletir as preferências dos agentes econômicos dessa economia. A taxa marginal de substituição deve ser igual à taxa marginal de transformação. Um sistema de preços de concorrência perfeita permite satisfazer esta condição.

Nesse ponto, chegamos à chamada “regra de Ramsey” que faz um “link” entre as teorias de tributação e a elasticidade.

A ideia da defendida pela regra de Ramsey é que para reduzir o impacto da tributação sobre a economia, deve-se taxar mais bem com elasticidade baixa, motivo pelo qual a regra de Ramsey também é conhecida como regra do inverso das elasticidades.

Vamos agora ver alguns conceitos que têm grande chance de cair em sua prova.

Carga Fiscal ou Carga Tributária Bruta: relação entre a totalidade de tributos pagos pela sociedade e o Produto Interno Bruto (PIB).

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Carga Tributária Líquida: relação entre a carga tributária bruta, menos as transferências correntes às famílias e os subsídios, e o PIB. Carga Tributária Efetiva: carga tributária recolhida aos cofres públicos.

É comum as questões de prova fazerem “jogo de palavras” com os conceitos abaixo.

07) (CESPE/CÂMARA-DEPUTADOS/ANALISTA/2014) Para que seja capaz de cumprir suas funções, o Estado moderno precisa de uma ampla base tributária, que permita a arrecadação de recursos suficientes para o financiamento de suas múltiplas atribuições. A respeito desse assunto, julgue o item a seguir.

Para efeitos do cálculo da carga tributária bruta, deve-se subtrair do total dos impostos, das taxas e das contribuições arrecadadas as transferências diretas feitas para pessoas físicas, visto que estas atuam como um redutor do imposto recolhido.

Comentários

Epa! O examinador apresentou um conceito inadequado de carga tributária líquida,.

O correto é a partir da carga tributária bruta ajustada pelo conjunto de transferências e de subsídios, chegar-se à carga tributária líquida.

ATENÇÃO

Uma carga fiscal é considerada progressiva quando o resultado, após a cobrança dos tributos, gera uma melhor distribuição de renda na sociedade. Guarde: a progressiva melhora, desconcentra, distribui a renda!

Uma carga fiscal regressiva é aquela que, após a tributação, provoca uma maior concentração de renda na sociedade. Guarde: a regressiva piora, concentra a renda!

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Logo, uma carga fiscal neutra ou proporcional não altera a distribuição de renda da sociedade.

A carga fiscal é chamada de ótima quando o sistema tributário é equitativo e neutro, isto é, obedece aos princípios da neutralidade e da equidade, o que, na prática, é quase impossível.

08) (CESPE/FUNPRESP/ANALISTA/2016) Com relação ao sistema tributário brasileiro, julgue o item que se segue.

A aplicação de uma mesma alíquota de um imposto sobre vendas a varejo para todos os produtos contribui para um sistema tributário regressivo.

Comentários

Importante ter em mente que um imposto regressivo é aquele cuja alíquota efetiva diminui à medida que a renda aumenta. Um bom exemplo é o feijão! Para o pobre o tributo sobre esse produto pesa muito mais do que para o rico. Em outras palavras foi isso que a assertiva disse.

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09) (FCC/TCE-CE/ANALISTA/2015) A carga tributária é definida como a parcela da renda interna destinada aos cofres do setor público. Sobre ela, no caso brasileiro, tem-se que

a) a arrecadação de impostos indiretos constitui uma das principais fontes de recursos para todos os entes federativos.

b) a cobrança do ICMS é motivo de harmonização tributária entre os estados da federação e suas subunidades municipais, os quais dividem a prerrogativa da arrecadação desse imposto.

c) a contribuição sobre intervenção no domínio econômico é um imposto estadual, destinado à construção de ferrovias estaduais e de portos secos com vistas à melhor utilização do território nacional. d) o imposto de renda é um tributo federal que incide apenas indiretamente sobre a renda dos contribuintes, pois sua alíquota varia de acordo com as faixas de renda dos cidadãos.

e) a carga tributária líquida é sempre maior do que a carga tributária bruta, pois esta última definição desconsidera as transferências que o governo deve efetuar por lei para os contribuintes.

Comentários

Vamos julgar e comentar as assertivas e marcar a correta.

a) Verdadeira. Sim, especialmente para os Estados e Municípios.

b) Falsa. O ICMS é o objeto principal da famosa guerra fiscal entre os Estados que são quem os arrecada.

c) Falsa. É uma contribuição federal.

d) Falsa. É um imposto direto, ou seja, incide diretamente sobre a renda dos contribuintes.

e) Falsa. A Líquida é a Bruta deduzida das transferências feitas à população pelo governo.

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10) (CESPE/CADE/ANALISTA/2014) Acerca da intervenção da administração pública na economia e do uso do orçamento público como instrumento dessa intervenção, julgue o seguinte item.

Neutralidade, progressividade e igualdade são alicerces básicos da teoria da tributação, complementares entre si.

Comentários

A Teoria da Tributação funciona como uma espécie de orientação ao Estado de como intervir na economia via aplicação de tributos. Nessa pegada, a assertiva está correta, já que cita 3 dos principais Princípios da Tributação.

--- E quais são os efeitos da ausência ou do excesso de cobrança de impostos?

Em verdade, a interferência dos tributos na alocação de recursos na economia ocorre pelo fato do sistema tributário não ser neutro, fato que gera um custo de eficiência conhecido como excesso de gravame, que corresponde à diferença entre o custo econômico (perda total do bem-estar) e o montante arrecadado pelo governo.

Os tributos podem interferir no mercado de três maneiras diferentes:

a) tornando o mercado ineficiente: na escolha dos bens a serem consumidos ou produzidos;

b) na escolha do momento para consumo ou produção, e; c) na escolha entre trabalho e lazer.

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Vamos conhecer agora o efeito de curto, médio e longo prazos da inflação e do crescimento econômico sobre a distribuição da carga fiscal.

Efeitos do crescimento econômico: o principal efeito do crescimento econômico na carga fiscal é o seu aumento, pois, com o crescimento econômico, ocorre uma elevação da renda dos indivíduos e uma parcela maior da renda será tributada pelas maiores alíquotas do imposto sobre a renda.

No que a tange a distribuição da carga fiscal, o crescimento da economia pode ter diversos efeitos dependendo da forma desse crescimento: maior concentração ou maior distribuição de renda em relação a situação anterior.

Vamos agora conhecer o famoso “Efeito Tabela”(efeito da inflação na distribuição da carga fiscal)!

Efeitos da Inflação: distorção na distribuição da carga fiscal causada por diferenças entre as variações na renda dos indivíduos e no reajuste das tabelas de tributação do imposto de renda.

O imposto sobre a renda dos contribuintes possui, no caso do Brasil, três faixas de alíquotas diferenciadas de acordo com o rendimento. Quanto maior o rendimento, maior a alíquota, que é uma característica de imposto progressivo.

Entretanto, se a renda dos indivíduos, por exemplo, for reajustada por um índice “x” e a tabela do imposto de renda não for reajustada ou seu reajuste for menor que o da renda, uma parte do aumento será perdida pela tributação do imposto, ocorrendo um aumento da carga tributária. Por outro lado, se o reajuste na renda dos indivíduos for menor que o reajuste da tabela do imposto sobre a renda, haverá uma redução da carga tributária.

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Imposto Inflacionário: é a desvalorização contínua dos recursos em poder dos contribuintes (que não estão aplicados em nenhum investimento), como, por exemplo, o dinheiro depositado em conta corrente, visto que, ao longo do tempo, devido à alta dos preços, passam a ter um poder de compra cada vez menor.

Uma característica importante do imposto inflacionário é o seu caráter altamente regressivo, pois as classes com renda mais baixa são as mais prejudicadas, por possuírem poucas possibilidades de aplicar seus escassos recursos no mercado financeiro para se proteger da inflação.

Como o imposto inflacionário acaba sendo uma tributação indireta, não pode ter sua “alíquota” aumentada indiscriminadamente (grandes taxas de inflação), pois isso causaria uma retração da demanda por depósitos em conta corrente, que não são indexados (encaixes bancários) e, consequentemente, o governo perderia uma de suas fontes de financiamento (emissão de moeda).

Mais um conceito importante: a Receita de “seignorage” ou de senhorio!

Seigniorage: é o lucro do governo decorrente do monopólio da emissão de moeda (aumento da base monetária).

A seigniorage é necessária, pois, com a inflação e o consequente aumento generalizado de preços, torna-se necessário aumentar o volume de dinheiro no mercado e isto é feito através da emissão de moeda.

Temos ainda o conceito de efeito Tanzi!

Efeito Tanzi: é a perda real do valor da arrecadação tributária em virtude da inflação quando ocorre inflação no interregno entre a ocorrência do fato gerador do tributo e o seu recolhimento aos cofres governamentais.

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Soluções adotadas no Brasil, em períodos de inflação, para atenuar o efeito Tanzi:

• Redução do prazo de recolhimento dos tributos

• Indexação da base de cálculo e do imposto a recolher (o valor a ser cobrado do imposto era expresso em UFIR, cujo valor se alterava de acordo com a inflação).

1.2

CLASSIFICAÇÕES

E

PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS DOS TRIBUTOS

Vamos conhecer as principais características e classificações dos tributos.

Tipos de Impostos

Os impostos são denominados de acordo com a sua base de incidência: diretos e indiretos; progressivos e regressivos.

Impostos Diretos: são tributos que incidem sobre a pessoa do contribuinte e não sobre os bens ou serviços consumidos. O exemplo de um imposto direto é o imposto de renda, cuja incidência ocorre diretamente sobre a remuneração do contribuinte.

Impostos Indiretos: referem-se aos tributos que incidem sobre os bens e serviços consumidos pelo contribuinte. Os exemplos de impostos indiretos citados são: o imposto sobre circulação de mercadorias (ICMS) e prestação de serviços (ISS) e o imposto sobre produtos industrializados (IPI).

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Impostos Progressivos: são aqueles cuja alíquota eleva-se à medida que o valor de referência aumenta. Podemos citar como exemplo o imposto de renda - IR, cujas alíquotas são estabelecidas de forma crescente, por faixa de renda, ou seja, quanto maior a renda de uma pessoa física, maior a alíquota do IR.

Impostos Regressivos: são aqueles impostos cuja alíquota diminui à medida que o valor de referência aumenta.

11) (FCC/MANAUSPREV/ECONOMISTA/2015) Os impostos são divididos em impostos diretos, por incidirem diretamente sobre a renda dos cidadãos, e impostos indiretos, por afetarem a renda dos mesmos por meio da incidência de uma porcentagem sobre os preços dos bens. Portanto,

a) uma estrutura tributária composta, predominantemente, por impostos diretos será obrigatoriamente mais progressiva do que uma dominada pela arrecadação de impostos indiretos.

b) os impostos diretos sobre a renda podem melhorar a distribuição de renda de uma sociedade, caso haja um número de faixas de renda suficientemente diferenciadas com elevações progressivas de alíquotas de impostos e que seja adequado à estrutural social do país.

c) a arrecadação de tributos indiretos é necessariamente regressiva do ponto de vista da renda pessoal.

d) a tributação da produção é progressiva do ponto de vista social, pois penaliza as empresas, as quais tem poder financeiro para arcar com tais custos.

e) o imposto sobre valor adicionado tem um efeito negativo sobre a produtividade de um país, pois tributa repetidas vezes o mesmo insumo produtivo conforme o valor do mesmo é adicionado à produção do setor seguinte dentro da cadeia produtiva, até chegar ao setor varejista.

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Comentários

Vamos julgar e comentar as alternativas e escolher a correta.

a) Falsa. Nem sempre isso acontece! Veja o caso do IPTU e do IPVA que são tributos indiretos e têm alíquotas maiores para bens de maior valor!

b) Verdadeira. Compare essa alternativa com a anterior e veja que que ela é bem melhor!

c) Falsa. De novo, não necessariamente! Veja o caso do IPTU e do IPVA que são tributos indiretos e têm alíquotas maiores para bens de maior valor!

d) Falsa. A tributação de bens e serviços, ou seja, indireta, é regressiva em regra, embora comporte exceções como no caso do IPTU e do IPVA. e) Falsa. O IVA, dada sua característica de não cumulatividade, ou seja, por não provocar o chamado efeito cascata, é menos nocivo à produtividade.

12) (CESPE/MPOG/APO/2012) Julgue o item seguinte, relativo às funções e ao papel do Estado.

Em uma economia, a redistribuição direta da renda pode ser promovida por meio da tributação de bens e serviços.

Comentários

Veja que para realizar a redistribuição direta de renda o Setor Público deve evitar a tributação indireta (tributação de bens e serviços), tendo em vista a característica de regressividade dos tributos indiretos.

A redistribuição direta de renda deve ser por meio da tributação da renda e do patrimônio dos indivíduos – tributação direta.

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13) (ESAF/STN/AFC/2005) Segundo a teoria da tributação, aponte a opção falsa no que concerne aos tributos diretos e indiretos.

a) Os tributos diretos incidem sobre os rendimentos dos indivíduos. b) Os tributos diretos estão associados à capacidade de pagamento de cada contribuinte.

c) As bases de incidência dos impostos são a renda, o patrimônio e o consumo.

d) Caso os impostos diretos tenham participação relativa maior no total da arrecadação fiscal, as camadas mais pobres estariam dando maior contribuição para o bolo tributário.

e) O imposto sobre a renda se coloca como o melhor exemplo dos tributos diretos.

Comentários

Cuidado, pois o enunciado pede a alternativa falsa. Todas as assertivas estão corretas, com exceção da alternativa d).

Vamos corrigi-la:

Caso os impostos INdiretos tenham participação relativa maior no total da arrecadação fiscal, as camadas mais pobres estariam dando maior contribuição para o bolo tributário.

Para que assertiva fique correta temos que trocar a palavra “diretos” por “indiretos”, já que a regressividade é característica da tributação indireta, aquela que incide sobre os bens e serviços consumidos.

--- Importante também conhecer os conceitos de imposto sobre o consumo em cascata e imposto sobre o consumo sobre o valor adicionado. Passemos então a entender esses conceitos e a saber diferencia-los numa eventual questão de prova.

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Imposto sobre o consumo em cascata e sobre valor adicionado

O imposto que incide sobre o consumo se aplica sobre bens selecionados consumidos dentro de um país. O imposto pode ser recolhido do produtor, do fabricante, do atacadista, do importador ou no ponto de venda final ao consumidor.

Os Impostos incidentes sobre o consumo podem ser de 2 tipos de acordo com a base da tributação: específicos ou ad valorem.

Os impostos de consumo específicos são aplicados por quantidade, tal como no caso do cigarro, o maço ou quilo (ex.: $ 1,50 por maço, independente do preço). Na prática, vemos aqueles selos em garrafas de bebidas “quentes” como a cachaça e o uísque, além do próprio cigarro. Aqui o preço de venda não tem influência direta no valor do imposto.

Já os impostos de consumo ad valorem são aplicados como uma porcentagem do valor do produto. Podemos exemplificar com o valor do produto medido pelo preço do fabricante (ex.: 30% do preço do fabricante), ou pelo preço pago pelos consumidores (ex., 20% do preço de varejo). É a situação mais comum que vemos no nosso dia a dia.

Bom, entendida a forma de cobrança do tributo incidente sobre o consumo, vamos agora finalmente ver aqueles dois tipos de incidência: em cascata x sobre o valor adicionado.

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Um imposto sobre consumo chamado de “em cascata” é aquele imposto que incide sobre todas as etapas de fabricação de um produto, de modo cumulativo. Ao incidir sobre cada etapa da cadeia produtiva, esse imposto acaba sendo incidido sobre o próprio imposto que foi pago na etapa anterior — daí o famoso efeito cascata.

Isso aumenta enormemente os custos de produção e, consequentemente, encarece o produto final para o consumidor.

No Brasil, os principais tributos em cascata são a COFINS e o PIS/PASEP (na modalidade cumulativa – de alíquota menor). A CPMF também era desse tipo, mas foi abolida em 2007.

14) (CESPE/FUNPRESP/ANALISTA/2016) Com relação ao sistema tributário brasileiro, julgue o item que se segue.

A Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) contribui para a eficiência do sistema tributário, visto que é paga por todas as pessoas ou empresas que transferirem qualquer valor por meio dos bancos e instituições financeiras.

Comentários

Errado! Como a CPMF era um tributo “em cascata”, incidindo sobre todas as etapas de fabricação de um produto, de modo cumulativo, ela acaba incidindo sobre o próprio imposto que foi pago na etapa anterior, o que aumenta os custos de produção e, consequentemente, encarece o produto final para o consumidor, NÃO contribuindo para a eficiência do sistema tributário.

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15) (CESPE/TCE-RO/AUDITOR/2013) Julgue o item seguinte, relativo à realidade econômica atual do Brasil.

Na estrutura tributária brasileira, há impostos cumulativos não passíveis de desoneração plena, o que provoca prejuízos para o país no mercado interno e no externo.

Comentários

Verdade! A existência de impostos cumulativos não passíveis de desoneração plena acaba aumentando os custos de produção e, consequentemente, encarecendo o produto final para o consumidor, seja ele nacional ou estrangeiro.

16) (FGV/SEFAZ-AP/AFRE/2010) Um imposto em cascata, implementado com a alíquota de 10%, quando há dois estágios no processo de produção e distribuição, equivale a um imposto com a alíquota:

a) sempre em 20%. b) sempre em 21%. c) de até 10%.

d) de 20%, se o nível de repasse do imposto ao estágio subsequente for igual a zero.

e) de até 21%. Comentários

Disfarçadamente foi cobrado o entendimento do chamado imposto sobre consumo chamado de “em cascata”.

Vimos que imposto sobre consumo chamado de “em cascata” é aquele imposto que incide sobre todas as etapas de fabricação de um produto, de modo cumulativo.

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Ao incidir sobre cada etapa da cadeia produtiva, esse imposto acaba sendo incidido sobre o próprio imposto que foi pago na etapa anterior — daí o famoso efeito cascata.

Finalmente vimos que essa incidência de imposto sobre imposto aumenta enormemente os custos de produção e, consequentemente, encarece o produto final para o consumidor.

De acordo com a questão, no primeiro estágio temos 10% de imposto. Vamos supor que um produto custe R$ 100,00. Neste estágio teremos então 10% sobre os R$ 100,00 que daria R$ 110,00.

No segundo estágio já temos os 10% incidindo sobre os R$ 110,00 que daria R$ 121,00,00 que daria no máximo 21% de alíquota.

Aí você me pergunta:

“Por que não a letra b) que fala sempre de 21%”?

A resposta oficial e que eu concordo, parte da premissa (não claramente informada na questão) que nem sempre consegue-se repassar para o preço toda a tributação.

Mas vale ficar atento!

--- Imposto sobre valor adicionado

Por definição, valor adicionado bruto é a diferença entre o valor da produção de uma unidade produtiva e o do seu consumo intermediário.

O valor do consumo intermediário consiste no valor dos bens e serviços consumidos como elementos de um processo de produção, excluindo os ativos fixos, mas incluídos os bens e serviços consumidos em atividades auxiliares — como, por exemplo, compra, venda, armazenamento, contabilidade, manutenção e marketing —, ou seja, o que na literatura sobre o ICMS convencionou-se chamar de bens de uso e consumo.

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Caso se subtraia do valor da produção também o valor do consumo de capital fixo, que é o declínio no valor do estoque de ativos fixos durante o período de produção devido à deterioração física, obsolescência ou dano acidental, obtém-se o conceito de valor adicionado líquido.

O exemplo clássico de imposto sobre o valor adicionado é o famoso IVA – IMPOSTO SOBRE VALOR ADICIONADO, que ainda não foi implantado no Brasil, mas que existe em muitos países.

Mas é importante saber que o ICMS também é considerado um imposto sobre o valor adicionado já que o valor do consumo intermediário gera créditos na sua entrada para serem deduzidos dos débitos decorrentes das vendas ... mas isso é assunto para o Direito Tributário, ou melhor, para a Legislação específica do ICMS.

No que diz respeito a disputa acerca de quem fica com o ônus sobre um eventual aumento da alíquota de um tributo, se o produtor ou o consumidor, de uma maneira geral, a direção e o grau de transferência de impostos indiretos dependem da tecnologia de produção, das elasticidades da oferta e da demanda para o bem tributado e da estrutura do mercado onde os impostos são cobrados.

Vamos conhecer como isso ocorre nas 2 situações extremas de estruturas de mercado: concorrência perfeita e monopólio. Nas demais estruturas de mercado teríamos situações intermediárias entre esses extremos.

Num mercado de concorrência perfeita o equilíbrio da firma se estabelece no nível de produção onde o preço do mercado iguala o menor custo médio da empresa.

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Com a imposição de um tributo geral, o custo médio se eleva e consequentemente ocorrerá um novo equilíbrio com entrada e saída de empresas e o imposto poderá ser suportado por empresa e consumidores dependendo da elasticidade do consumo.

Assim, provavelmente, no novo equilíbrio, a quantidade produzida

será menor face ao aumento de preço.

ATENÇÃO

Uma diferença crucial entre os impostos diretos e os indiretos em relação a maneira pela qual afetam o contribuinte: os diretos seriam os tributos cujos contribuintes arcam por si mesmos com o ônus compulsório da respectiva contribuição; e os indiretos, os tributos para os quais os contribuintes poderiam transferir, total ou parcialmente, o ônus da contribuição para terceiros.

Em situação diversa, no caso do monopólio, o custo marginal e a receita marginal continuam os mesmos, a empresa não tem um

incentivo para mudar seus preços tendo em vista que o preço escolhido por ela antes do imposto já é o preço que maximiza

seu lucro. Deste modo, o ônus do imposto acaba sendo

suportado pela empresa.

17) (CESPE/TCU/AUFC/2015) Acerca dos conceitos de falhas de mercado e sua relação com a eficiência econômica e da formação de estruturas de mercado, julgue o item.

O aumento da elasticidade de demanda de determinado mercado limita o potencial do poder de monopólio de cada um de seus produtores.

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Comentários

Guarde que quanto mais inelástica for a curva de demanda de mercado, maior será o poder de monopólio da firma, já que os consumidores serão menos sensíveis às alterações de preços. Assim, o monopolista consegue descolar o preço do custo marginal sem que a quantidade consumida caia significativamente.

E se essa curva for mais elástica? O poder do monopólio diminui!

--- Vale destacar também que, frequentemente, impostos indiretos são arrecadados em vários estágios do processo de produção e venda, de forma que seus efeitos sobre os preços pagos pelo consumidor final da cadeia de transações não são facilmente mensuráveis.

Isso porque o efeito final sobre os preços depende não apenas da medida em que os impostos são transferidos para frente em cada estágio de produção, mas também da estrutura precisa das transações interindustriais.

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18) (FCC/MANAUSPREV/ECONOMISTA/2015) Admita-se uma situação de equilíbrio de um mercado em concorrência perfeita. Caso o governo decida pela aplicação de um imposto (lump-sum) sobre o bem ou serviço negociado nesse mercado, é correto afirmar:

a) A elasticidade-preço da demanda é mais importante do que a elasticidade-preço da oferta na determinação do rateio da cunha fiscal, pois a reação do consumidor a um preço maior é o único fator relevante. b) O mercado em questão sofrerá um aumento na quantidade de equilíbrio, uma vez que o tributo implicará um preço mais elevado, de maneira que os ofertantes ficarão dispostos a vender mais de seus bens e serviços no mercado.

c) A magnitude da cunha fiscal só pode ser aferida a partir do conhecimento estrito das elasticidades-preço da demanda e da oferta, uma vez que ambas as medidas são determinantes do rateio da incidência tributária entre consumidores e ofertantes.

d) O imposto não gera efeitos substanciais na quantidade negociada no mercado, pois os agentes econômicos entendem que o governo deve gastar esse valor, necessariamente, no aprimoramento das condições socioeconômicas do país, o que ocasiona uma melhoria da eficiência produtiva e da renda em escala nacional.

e) Uma elasticidade-preço da oferta muito baixa, necessariamente, impõe sobre os consumidores desse mercado um fardo fiscal muito grande, porque o ofertante não disponibilizará mais bens quando o preço subir, piorando o nível de bem-estar dos consumidores.

Comentários

Esta questão trata dos impactos da tributação sob a ótica da microeconomia.

A alternativa correta é a da letra C, já que é a combinação das elasticidades-preço da demanda e da oferta que determinará exatamente quem vai ficar com que percentual do ônus decorrente do aumento de determinado tributo.

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19) (FCC/MANAUSPREV/ECONOMISTA/2015) A estrutura tributária de um país,

a) consiste na arrecadação de impostos diretos e indiretos e a carga tributária líquida é a parcela do produto nacional bruto destinada aos cofres públicos.

b) é considerada progressiva quando há predominância de impostos indiretos na arrecadação total do país, de forma que um aumento no consumo sempre sinalizará melhoria do bem-estar social a médio e longo prazos.

c) tem impacto desprezível sobre a distribuição de renda da sociedade, pois os contribuintes sempre podem ajustar o seu consumo às restrições orçamentárias incidentes sobre eles.

d) é função da capacidade de gasto dos contribuintes e não de sua renda.

e) tenderá a ter a desigualdade ampliada se significante parcela da arrecadação depender de impostos indiretos e houver ausência de políticas de redistribuição de renda e de riqueza.

Comentários

Vamos julgar e comentar as alternativas e escolher a correta.

a) Falsa. Tem um erro galera! E está na palavra “líquida”. Se trocada por bruta, fica correta!

b) Falsa. Conceituou regressiva que pune o consumo dos mais pobres. c) Falsa. Esse impacto não é desprezível.

d) Falsa. A capacidade de gasto depende da renda!

e) Verdadeira. Isso! A tributação regressiva agrava a má distribuição de renda e precisa ser corrigida!

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2. FALHAS NO SISTEMA DE MERCADO E BENS

PÚBLICOS

Na Teoria, em uma estrutura de mercado de concorrência perfeita, os recursos escassos são empregados com o máximo de eficiência alocativa.

O seu resultado é a situação de equilíbrio para cada agente e para a economia de um todo, pois nenhuma transação voluntária entre agentes poderia melhorar a situação de um sem piorar a situação de outros. É o equilíbrio ótimo de Pareto!

ATENÇÃO

Entretanto, na realidade atual de uma sociedade de economia moderna, onde a estrutura de mercado é de concorrência imperfeita, ocorreriam falhas de mercado, portanto, o uso eficiente dos recursos escassos requer intervenção governamental.

20) (CESPE/TCU/AUFC/2015) Acerca dos conceitos de falhas de mercado e sua relação com a eficiência econômica e da formação de estruturas de mercado, julgue o item.

Do ponto de vista microeconômico, o resultado economicamente eficiente obtido a partir de um sistema competitivo, sob a análise de equilíbrio geral, ocorre quando há falhas de mercado.

Comentários

É a presença das falhas de mercado que impedem que o equilíbrio geral não seja o economicamente mais eficiente. Assim, como existem falhas, o governo intervém no mercado e distorce o equilíbrio geral que seria o economicamente mais eficiente.

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Nessa linha de raciocínio, é necessário considerar a existência de assimetria de informações entre atores nos mercados modernos, onde a regulação do Estado se faz muito necessária.

Podemos ver que o mercado funciona geralmente de modo imperfeito, sendo muitas vezes incapaz de apresentar preço e outras condições de oferta socialmente aceitáveis.

Com tal fito, a teoria econômica do principal-agente, importante para o estudo da regulação, busca analisar determinados tipos de relações hierárquicas entre agentes econômicos. A ideia é que a relação da agência reguladora com as empresas contém as características de uma relação principal-agente, o que sugere que este modelo geral pode ser usado para entender as formas particulares de regulação na vida real.

Partindo para o lado prática da coisa, podemos dizer que a relação principal-agente acontece, por exemplo, entre escola e aluno, passageiro e taxista ou entre representado e representante.

A ideia é a de que a relação principal-agente é mutuamente vantajosa se puder ser estruturada de forma a contornar os problemas inerentes à relação.

Em regra, existe um contrato entre as partes, que determina qual a tarefa e como vai ser a remuneração. Este contrato pode ser tanto um contrato formal por escrito e com validade jurídica, como um contrato tácito.

Do ponto de vista da racionalidade econômica, tanto o principal como o agente, agem de forma economicamente racional, já que entendem os incentivos enfrentados por um e outro.

Normalmente o principal sabe que o agente tem motivos para agir de modo oportunista e que ele assim vai agir se lhe for dado espaço.

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Desse modo, existe a possibilidade que muitas relações que podem ser vantajosas para os dois lados deixem de se realizar devido à incapacidade de ambos os lados estabelecerem um contrato que seja capaz de mitigar os incentivos oportunistas do agente.

Falando em termos de regulação, a assimetria de informação ocorre, por exemplo, quando, de um lado, uma agência não conhece o custo real da empresa e não tem informação suficiente para determinar um preço que beneficie o consumidor sem “quebrar” a empresa, e de outro, a empresa acaba sendo incentivada a “inflar” seu custo para que agência coloque um preço mais alto. Nessa pegada, a empresa acaba tendo poucas razões para buscar se tornar mais eficiente, já que seus custos vão ser cobertos.

Nessa toada, a falta de informações corretas e suficientes para orientar a decisão dos agentes econômicos limitam sua capacidade de agir de modo eficiente, gerando mau funcionamento dos mercados e perda de bem-estar.

Assim como mencionamos a assimetria de informações existem outros tipos de falhas de mercado que precisam de intervenção governamental, no sentido de evitar ou minimizar a perda de eficiência decorrente dessa situação.

“Mas professor, o que é uma falha de mercado”?

Tecnicamente falando, as falhas de mercado relacionadas pela Teoria Econômica são as seguintes:

a) Imperfeições na Concorrência; b) Mercados Incompletos;

c) Assimetria de Informações; d) Externalidades;

e) Existência de Bens Públicos.

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a) Imperfeições na Concorrência

Nos mercados competitivos, nenhuma firma tem maior poder de mercado do que as demais, não sendo possível manter lucros extraordinários no longo prazo.

Porém se um ou mais produtores tiver maior poder de influenciar o preço de venda do produto, haverá uma quantidade produzida menor, e a um preço mais elevado do que seria num mercado competitivo. É o que acontece, por exemplo, no monopólio, quando um único produtor domina o mercado.

A falta de concorrência faz com que normalmente o monopólio produza uma quantidade menor de bens e serviços do que o mercado do tipo concorrência perfeita, e a um preço unitário mais elevado.

Assim, a economia estará perdendo eficiência, e gerando um nível de bem-estar menor.

A intervenção do Governo se dá, nesses casos, através de instrumentos de regulação, pelos quais se busca proibir as práticas ante concorrenciais, e estimular uma maior competição entre as empresas.

No entanto, em certas situações existem os chamados monopólios naturais.

Na presença de retornos crescentes de escala, em algumas atividades econômicas, e melhor, do ponto de vista da eficiência, que haja mesmo somente um produtor, pois como ele tem custos unitários cada vez menores, a produção, nesse caso, tende a ser maior do que em mercados competitivos.

E o caso, por exemplo, da geração de energia elétrica; e melhor que haja uma única companhia, produzindo grandes quantidades de energia, do que várias – e pequenas – empresas, pois estas, enfrentando custos unitários mais elevados, tendem a produzir menos.

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Na presença de um monopólio natural, o Governo intervém, ou assumindo a produção (como e o caso da extração de petróleo no Brasil) ou permitindo o monopólio privado, mas criando uma agencia reguladora para fiscalizar o funcionamento do setor.

b) Mercados Incompletos

Os mercados incompletos são aqueles que poderiam ser explorados pelas empresas privadas, nos quais elas obteriam lucros normalmente, mas que apresentam características inibidoras para tais empresas: uma estrutura produtiva que exige investimentos muito elevados, com alto grau de risco, e muito tempo para começar a gerar retornos.

Tais características acabam afastando o investimento privado, que muitas vezes não está disposto a assumir essas condições, fazendo com que haja uma oferta insuficiente de determinados bens.

Nesse caso, o setor estatal assume a iniciativa de produzir tais bens, ou então tenta influenciar o setor privado, através de incentivos fiscais, dentre outros.

Países em estágio inicial do desenvolvimento de suas indústrias geralmente passam por esse problema, razão pela qual o Governo acaba assumindo a posição de produtor, criando empresas estatais para gerar bens ligados à infraestrutura, transportes, siderurgia, geração e distribuição de energia, telefonia e outros.

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21) (CESPE/ANCINE/ESPECIALISTA/2013) No que diz respeito à atuação do Estado na economia do setor público e às necessidades da população, julgue o item a seguir.

O Estado pode prover bens e serviços diretamente, assumindo a condição de produtor, como também pode transferir essa incumbência para o setor privado e regular sua atuação. Nesse caso, poderá subsidiar tanto a produção como o consumo.

Comentários

Isso mesmo! Repare que a terceira palavra da assertiva é “pode”. Essa é a palavra chave da questão! O Estado pode prover bens e serviços diretamente, como também pode transferir essa incumbência para o setor privado e regular sua atuação, nada impedindo que possa subsidiar produção e/ou consumo.

c) Assimetria de Informação

Nas suas decisões de compra e venda, os agentes econômicos necessitam ter informações suficientes sobre as reais características e atributos das mercadorias.

Tanto o produtor quanto o comprador buscam maximizar sua satisfação, e levam em conta o nível de bem-estar que vão obter no mercado.

Porém, frequentemente uma das partes envolvidas na transação (geralmente o comprador) não possui a informação completa sobre o produto que está negociando, o que leva a ineficiências no processo decisório.

Nestes casos o governo deve agir para garantir que toda informação relevante a respeito de um determinado produto seja conhecida por todos os participantes do mercado.

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E isso que motiva o Governo a estabelecer obrigações para os produtores, no sentido de divulgar informações detalhadas sobre seus produtos e os impactos para o consumidor.

Se não houver simetria no nível de informação, o sistema de preços não funciona corretamente, e a economia se afasta do Ótimo de Pareto.

O mercado de carros usados é um dos exemplos clássicos: os vendedores normalmente detêm um maior nível de informação sobre as reais condições dos veículos que estão oferecendo aos compradores; assim, e comum que o preço de venda seja maior do que seria caso os potenciais consumidores soubessem exatamente como estão os bens que desejam comprar naquele momento.

22) (ESAF/MPOG/APO/2015) Pode ser considerada como consequência da existência de problemas de informação assimétrica nos mercados:

a) a não existência de bens públicos. b) o “problema do carona”.

c) a necessidade de patentes.

d) a ocorrência de externalidades positivas.

e) a existência de custos de transação nos contratos. Comentários

Uma consequência das informações assimétricas é a existência de custos de transação nos contratos, como, por exemplo, situações em que os bons pagam pelos maus, como nos contratos de seguros de automóveis ou nos empréstimos bancários.

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d) Externalidades

Ocorrem quando alguma atividade de produção ou consumo possui efeitos indiretos sobre outras atividades de produção ou de consumo que não estejam diretamente refletidas nos preços de mercado.

Em outras palavras, a interação entre produtores e compradores muitas vezes gera “efeitos externos” ao mercado, ou seja, afeta o bem-estar de terceiros, de pessoas que não fazem parte da transação.

Um mercado de produtos químicos existe para que os produtores ofereçam tais bens aos compradores, a um determinado preço.

Além dos custos de produção, que estão contidos no preço de venda, esse mercado pode muitas vezes gerar também um custo social, que e causado pela poluição, mas que não está incluindo do preço do produto. Assim, gera-se um custo que acaba sendo arcado por terceiros – pessoas que nada tem a ver com esse mercado, mas que sofrerão parte dos custos, devido a problemas de saúde, contaminação, etc.

O comportamento dos participantes de um dado mercado acaba gerando “custos” para terceiros, que não atuam no mesmo, o que caracteriza, portanto, uma externalidade negativa na produção.

Na presença de uma externalidade negativa na produção, o custo social e maior que o custo privado, de forma que a “oferta social” e menor do que oferta privada. A produção do mercado é maior do que a socialmente desejável.

O Governo intervém no mercado visando a internalização de tais custos. É possível, por exemplo, cobrar um imposto sobre a emissão de substancias nocivas ao meio ambiente, ou obrigar as empresas a adquirir equipamentos antipoluentes – aumentado assim seus custos privados.

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Pode-se ter ainda externalidades negativas no consumo. É o que acontece com o habito de fumar, que causa impactos negativos também sobre as pessoas que convivem com o fumante, além de gerar maiores custos no sistema de saúde, por conta das doenças advindas do tabagismo. E por essa razão que os governos normalmente cobram elevados impostos sobre o cigarro.

Nesse contexto surge o conceito denominado “Teorema de Coase”, que nada mais é do que uma constatação de que as externalidades podem ser, em determinadas circunstâncias, corrigidas e internalizadas pela negociação entre as partes afetadas, sem necessidade de intervenção de uma entidade reguladora (sem necessidade da atuação do Estado).

As circunstâncias necessárias para que tal seja possível são, segundo Coase, a possibilidade de negociação sem custos de transação e a existência de direitos de propriedade garantidos e bem definidos. Nesse contexto, surge a “figura” das Licenças negociáveis para poluir!

Aí você me pergunta: “o que é isso professor? Licença para poluir”? SIM!

Na verdade, o denominado sistema de licenças negociáveis é um tipo específico de direito de propriedade que consiste em uma licença por meio da qual os agentes econômicos, no desenvolvimento de suas atividades produtivas, têm a permissão de poluir e/ou degradar o meio ambiente, em estrita consonância com o que está especificado em cada licença.

As licenças negociáveis constituem-se em um instrumento econômico que atua via quantidade e não via preço.

Referências

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