• Nenhum resultado encontrado

Seminário - MA604: Teorema de Baire

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Seminário - MA604: Teorema de Baire"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Semin´

ario - MA604: Teorema de Baire

Tales Rick Perche e Juliane C. Baiochi Dalben

Novembro 2017

´

Indice

1 O Teorema De Baire 2

2 Princ´ıpio da Limita¸c˜ao Uniforme 4

3 Teoremas do Mapeamento Aberto e Gr´afico Fechado 4 4 Aplica¸c˜oes para Adjunticidade de Operadores em Espa¸cos de Hilbert 6

(2)

1

O Teorema De Baire

Lema 1.1. Seja X um espa¸co m´etrico completo e Fn⊂ X conjuntos fehcados n˜ao vazios limitados

para n ∈ N tais que F1⊃ F2⊃ ... ⊃ Fn ⊃ ... e diam Fn−→ 0, ent˜ao

F ≡ ∞ \ n=1 Fn ´e um ´unico ponto.

Demonstra¸c˜ao: Defina dn= diam(Fn), logo dn−→ 0, ent˜ao tome para cada n ∈ N um xn∈ Fn,

de forma que teremos uma sequˆencia (xn) que ser´a de Cauchy. De fato, se  > 0, temos que

∃ n0∈ N tal que dn<  ∀ n ≥ n0. Assim, se n, m ≥ n0, teremos xn, xm∈ Fn0 e ent˜ao d(xn, xm) ≤

diam(Fn0) = dn0 < . Como temos uma sequˆencia de Cauchy em X, que ´e completo, esta sequˆencia

converge, digamos xn−→ x. Como cada Fn ´e fechado e (xn) ´e uma sequˆencia convergente em Fm

para n ≥ m, temos que x ∈ Fm∀ m ∈ N, pois cada Fm ´e fechado, logo cont´em todos seus pontos

de acumula¸c˜ao. Assim x ∈ Fm∀ m ∈ N e temos x ∈ F . 

Teorema 1.2. Seja X espa¸co m´etrico completo e (An) uma sequˆencia de conjuntos abertos densos

em X, ent˜ao o conjunto A =

\

n=1

An ´e denso em X.

Demonstra¸c˜ao: Seja x ∈ X e  > 0. Basta mostrar que ∃ x0 ∈ A tal que d(x, x0) < , isto ´e,

basta mostrar queA ≡ A ∩ B(x, ) 6= ∅. Afim de utilizar o lema anterior, vamos construir uma sequˆencia de bolas fechadas contidas cuja interse¸c˜ao estar´a emA .

n=1: Como A1´e denso em X, ent˜ao ∃x1∈ A1tal que d(x1, x) <  ⇒ x1∈ A1∩B(x; ) ≡A1. Como

A1 e B(x; ) s˜ao abertos, sua interse¸c˜ao ser´a um aberto, pois ´e uma interse¸c˜ao finita, assim,

A1´e aberto e x1∈A1, logo, ∃ s1> 0 tal que B(x1; s1) ⊂A1. Tome ent˜ao r1= min{1, s1/2}

e teremos que B[x1; r1] ⊂A1.

n=2: Como A2´e denso em X, ent˜ao ∃ x2∈ A2tal que d(x2, x1) < r1⇒ x2∈ A2∩ B(x1; r1) ≡A2.

Como A2e B(x1; r1) s˜ao abertos, sua interse¸c˜ao ser´a um aberto, assim,A2´e aberto e x2∈A2,

logo, ∃ s2 > 0 tal que B(x2; s2) ⊂ A2. Tome ent˜ao r2 = min{1/2, s2/2} e teremos que

B[x2; r2] ⊂A2.

H.I.: Suponha que temos xn∈ An∩ B(xn−1; rn−1) ≡An e 0 < rn≤ 1/n tal que B[xn; rn] ⊂An.

n+1: Como An+1 ´e denso em X, ent˜ao ∃ xn+1 ∈ An+1 tal que d(xn+1, xn) < rn ⇒ xn+1 ∈

An+1∩ B(xn; rn) ≡ An+1. Como An+1 e B(xn; rn) s˜ao abertos, sua interse¸c˜ao ser´a um

aberto, assim,An+1´e aberto e xn+1∈An+1, logo, ∃ sn+1> 0 tal que B(xn+1; sn+1) ⊂An+1.

Tome ent˜ao rn+1= min{1/(n + 1), sn+1/(n + 1)} e teremos que B[xn+1; rn+1] ⊂An+1.

Assim constru´ımos uma sequˆencia de fechados limitados, Bn≡ B[xn; rn] tais que:

(3)

e diam Bn ≤ 2/n ∀ n ∈ N ⇒ diam Bn −→ 0. Assim, pelo lema anterior, ∞

\

n=1

Bn = {x0}, e, como

x0∈ Bn⊂ B(x; ) ∩ An∀ n ∈ N, temos que x0∈ B(x; ) ∩ A =A . Assim, A 6= ∅ e temos que A ´e

denso em X. 

Teorema 1.3. Sejam X um espa¸co m´etrico completo e (Fn) uma sequˆencia de subconjuntos

fecha-dos de X com interior vazio. Se F =

[

n=1

Fn, ent˜ao int(F ) = ∅.

Demonstra¸c˜ao: Seja X um espa¸co m´etrico completo. Considere (An) uma sequˆencia de

subcon-juntos abertos em X e denote por Fn = Anc. Assim, observe que:

An= X ⇐⇒ Xc= (An)c= int(Anc) ⇐⇒ int(Fn) = ∅

Temos tamb´em, pelas leis de DeMorgan, que:

X = ∞ \ n=1 An ⇐⇒ Xc= ∞ \ n=1 An c = int ∞ \ n=1 An !c = int ∞ [ n=1 Anc ! ⇐⇒ int ∞ [ n=1 Fn ! = ∅. Portanto, An= X =⇒ X = ∞ \ n=1 An ⇐⇒ int(Fn) = ∅ =⇒ int ∞ [ n=1 Fn ! = ∅. E isto demonstra a equivalˆencia dos teoremas. 

Defini¸c˜ao 1.4. Seja X um espa¸co m´etrico. Dizemos que M ⊂ X ´e nunca denso se int(M ) = ∅. Defini¸c˜ao 1.5. Seja X um espa¸co m´etrico. Um subconjunto M ⊂ X ´e dito magro em X se ´e uni˜ao enumer´avel de conjuntos nunca densos. Isto ´e, se M =

[

n=1

Mn, com Mn ´e nunca denso ∀ n ∈ N.

Proposi¸c˜ao 1.6. Seja X um espa¸co m´etrico completo, ent˜ao todo conjunto magro em X tem interior vazio.

Demonstra¸c˜ao: Seja M ⊂ X magro, ent˜ao existe uma sequˆencia de conjuntos magros (Mn) tais

que M =

[

n=1

Mn. Como cada Mn ´e magro, temos int Mn = ∅ ∀ n ∈ N. Assim, Mn s˜ao fechados e

o teorema 1.3 garante que int

∞ [ n=1 Mn ! = ∅. Assim: M = ∞ [ n=1 Mn⊂ ∞ [ n=1 Mn ⇒ int(M ) ⊂ int ∞ [ n=1 Mn ! = ∅. 

Observa¸c˜ao 1.7. Assim, se (Xn) ´e uma sequˆencia de subconjuntos fechados de X tais que X = ∞

[

n=1

Xn,

(4)

2

Princ´ıpio da Limita¸

ao Uniforme

Teorema 2.1. Sejam X e Y espa¸cos de Banach e (Ti)i∈I uma fam´ılia de operadores lineares

cont´ınuos de X para Y . Se sup i∈I ||Tix|| < ∞, ∀ x ∈ X, ent˜ao sup i∈I ||Ti|| < ∞, ∀ i ∈ I.

Demonstra¸c˜ao: Para todo n ∈ N, considere

Xn= {x ∈ X : ||Tix|| ≤ n, ∀ i ∈ I}.

Ent˜ao Xn ´e fechado e, como supi∈I||Tix|| < ∞, temos que X = ∞

[

n=1

Xn. Logo, pela observa¸c˜ao 1.7,

existe n0 ∈ N tal que int(Xn0) = int(Xn0) 6= ∅. Tome x0 ∈ X e r > 0 tais que BX(x0; r) ⊂ Xn0.

Assim, ∀ z ∈ BX(0; 1) e ∀ i ∈ I, temos:

n0≥ ||Ti(x0+ rz)|| ≥ r||Tiz|| − ||Tix0|| ⇒ n0+ ||Tix0|| ≥ r||Tiz||

Assim, tomando o supremo sobre todos os z ∈ BX(0; 1), temos:

sup z∈BX(0;1) r||Tiz|| = r||Ti|| ≤ n0+ ||Tix0|| ⇒ sup i∈I ||Ti|| < ∞ pois sup i∈I

||Tix0|| < ∞, por hip´otese. 

3

Teoremas do Mapeamento Aberto e Gr´

afico Fechado

Teorema 3.1 (Mapeamento Aberto). Sejam X e Y espa¸cos de Banach e T : X −→ Y um operador linear cont´ınuo sobrejetor, ent˜ao T ´e um mapa aberto.

Demonstra¸c˜ao: Por simplicidade, vamos denotar BX(0; r) e BY(0, r) por BX(r) e BY(r),

respec-tivamente e utilizaremos sem pudor que B(v0; r) = v0+B(r), pois a transla¸c˜ao ´e homeomorfismo em

espa¸cos vetoriais. Primeiramente, vamos mostrar que ∃ > 0 tal que BY() ⊂ T (BX(2)): Temos que

X =

[

n=1

BX(n), logo, como T ´e sobrejetora, Y = T (X) = ∞

[

n=1

T (BX(n)) e, pelo teorema de Baire,

deve existir n0 ∈ N tal que int(T (BX(n0))) 6= ∅. Ainda, como T (BX(1)) = n1

0T (BX(n0)), pois o

produto por escalar ´e homeomorfismo e T ´e linear, ent˜ao T (BX(1)) tem interior n˜ao vazio. Assim,

tome y0∈ T (BX(1)) e existe  > 0 tal que y0+ BY() ⊂ T (BX(1)) ⇒ BY() ⊂ T (BX(1)) − y0.

Mostremos que T (BX(1)) − y0 ⊂ T (BX(2)): Seja y ∈ T (BX(1)), ent˜ao existe uma sequˆencia

(xn) em BX(1) tal que T xn −→ y. Como y0 ∈ T (BX(1)), tamb´em existe uma sequˆencia (zn)

(5)

||xn− zn|| ≤ ||xn|| + ||zn|| < 2 ⇒ (xn− zn) ´e sequˆencia em BX(2) que converge a y − y0. Assim,

y − y0 ∈ T (BX(2)) e conclu´ımos que T (BX(1)) − y0 ⊂ T (BX(2)). Desta forma, ∃  > 0 tal que

BY() ⊂ T (BX(1)) − y0⊂ T (BX(2)).

Note, em partiucular, que para todo α > 0 temos que BY(α) ⊂ T (BX(α2)), pois, dado

y0∈ BY(α), y ≡ y0/α ´e tal que y0∈ BY() ⊂ T (BX(2)), logo existe uma sequˆencia (xn) em BX(2)

tal que T xn −→ y. Assim, tomando zn = αxn, zn ∈ BX(2α) e T zn −→ αy = y0, logo existe uma

sequˆencia (zn) em BX(2α) tal que T zn−→ y0⇒ y0 ∈ T (BX(2α)) ⇒ BY(α) ⊂ T (BX(α2)).

Agora, vamos mostrar que para o mesmo  acima, vale que BY(/4) ⊂ T (BX(1)): Seja y ∈

BY(/4) ⊂ T (BX(1/2)), ent˜ao existe x1 ∈ BX(1/2) tal que ||y − T x1|| < /8 ⇒ y − T x1 ∈

BY(/8) ⊂ T (BX(1/4)), ent˜ao existe x2 ∈ BX(1/4) tal que ||y − T x1− T x2|| < /16 ⇒ y −

T x1− T x2 ∈ BY(/16) e ent˜ao conseguimos construir indutivamente uma sequˆencia (xn) tal que

||y −Pk n=1T xn|| < /2k+2∀ k ∈ N e ||xn|| < 1/2n∀ n ∈ N. Assim, se definirmos zn =P n k=1xk teremos, para m > n: ||zn− zm|| = m X k=n+1 xk ≤ m X k=n+1 ||xk|| ≤ m X k=n+1 1 2k < 1 2n

de forma que a sequˆencia (zn) ´e de Cauchy e, como X ´e Completo por hip´otese, converge. Digamos

zn−→ z. Al´em disso, ||z|| = ∞ X k=1 xk ≤ ∞ X k=1 ||xk|| < ∞ X k=1 1 2k = 1.

Desta forma z ∈ BX(1) e, claramente, T zn −→ y, por constru¸c˜ao, mas, como T ´e cont´ınua,

T zn −→ T z = y, assim, existe z ∈ BX(1) tal que y = T z, logo BY(/4) ⊂ T (BX(1)), como

quer´ıamos demonstrar. Al´em disso, ´e claro, temos que se α > 0, ent˜ao BY(α/4) ⊂ T (BX(α)), pois

T ´e linear e produto por escalar ´e homeomorfismo.

Podemos finalmente concluir a demosntra¸c˜ao: seja A aberto em X, basta mostrar que T (A) ´e aberto em Y . Assim, seja y ∈ T (A), ent˜ao ∃ x ∈ A tal que T x = y, e, como A ´e aberto, existe r > 0 tal que x + BX(r) ⊂ A ⇒ T x + T (BX(r)) ⊂ T (A) ⇒ y + T (BX(r)) ⊂ T (A). Mas, pelo que

fizemos at´e ent˜ao, temos que BY(r/4) ⊂ T (BX(r)), logo:

y + BY(r/4) ⊂ T (A)

e conclu´ımos que y ´e ponto interior de T (A). Assim, T mapeia abertos em abertos e ´e uma fun¸c˜ao aberta.



Corol´ario 3.1.1. Sejam X e Y espa¸cos de Banach e T : X −→ Y um operador linear cont´ınuo bijetor. Ent˜ao T−1 ´e cont´ınuo, e, por tanto, T ´e homeomorfismo.

Demonstra¸c˜ao: Seja U ⊂ X subconjunto aberto qualquer. Ent˜ao, pelo teorema 3.1, T (U ) ´e aberto em Y . Assim, (T−1)−1(U ) = T (U ) ´e aberto em Y , para todo U ⊂ X aberto. Logo, T−1 ´e cont´ınuo, pois a pr´e-imagem de qualquer aberto por T−1´e aberta. 

Corol´ario 3.1.2. Seja X espa¸co vetorial munido de duas normas, ||.||1 e ||.||2. Se X ´e um espa¸co

de Banach por ambas as normas e existe uma constante c > 0 tal que ||x||2 ≤ c||x||1, ∀ x ∈ X,

(6)

Demonstra¸c˜ao: Considere o operador identidade I : (X, ||.||1) −→ (X, ||.||2), que claramente

´e linear e bijetor. Al´em disso, como existe c > 0 tal que ||x||2 ≤ c||x||1, ∀ x ∈ X, ent˜ao I ´e

lipschitziano, logo I ´e cont´ınuo. Assim, pelo corol´ario 3.1.1, I ´e homeomorfismo, logo os espa¸cos em quest˜ao s˜ao homeomorfos. 

Defini¸c˜ao 3.2. Sejam X e Y espa¸cos normados, D subespa¸co de X e T : D −→ Y operador linear. Dizemos que T ´e fechado se seu gr´afico, Γ(T ) = {(x, T x) : x ∈ D}, ´e fechado.

Observa¸c˜ao 3.3. A defini¸c˜ao acima ´e equivalente a dizer que toda sequˆencia em Γ(T ) que converge, converge para um ponto de Γ(T ). Ou seja, se (xn) ´e uma sequˆencia em D tal que xn −→ x e

T xn−→ y, temos que ter x ∈ D e T x = y.

Teorema 3.4 (Gr´afico Fechado). Sejam X e Y espa¸cos de Banach e T : D ⊂ X −→ Y um operador linear fechado com D fechado. Ent˜ao T ´e limitado.

Demonstra¸c˜ao: Sabemos que X × Y ´e um espa¸co de Banach com a norma ||(x, y)|| = ||x||X+ ||y||Y

e, como T ´e linear, Γ(T ) = {(x, T x) : x ∈ D} ´e um subespa¸co de Y , pois (x, T x) + (y, T y) = (x + y, T (x + y)) ∈ Γ(T ). Al´em disso, por hip´otese, Γ(T ) ´e fechado em um completo, logo ´e completo e, ent˜ao, Γ(T ) ´e Banach. Assim, considere Π : Γ(T ) −→ D tal que Π(x.T x) = x. Temos, ent˜ao, que Π ´e uma bije¸c˜ao linear cont´ınua, logo ´e aberto, pelo teorema 3.1, e Π−1 : D −→ Γ(T ) ´e cont´ınua, pelo corol´ario 3.1.1, logo ´e limitada e, se x ∈ D, temos que

||x||X+ ||T x||Y = ||Π−1(x, T x)|| ≤ c||x||

⇒ ||T x|| ≤ (c − 1)||x|| Logo, T ´e limitado em D, portanto cont´ınuo. 

4

Aplica¸

oes para Adjunticidade de Operadores em Espa¸

cos

de Hilbert

Defini¸c˜ao 4.1. SejaH um espa¸co de Hilbert e D ⊂ H um subconjunto denso. Se T : D −→ H ´e um operador linear, ent˜ao definimos o conjunto:

D∗= {h ∈H : ∃ hH tal que hT x, hi = hx, hi ∀ x ∈ D}

e o operador T∗: D∗−→H tal que T∗h = h. ( ´E poss´ıvel mostrar que se D ´e denso emH , ent˜ao

de fato existe um ´unico h∗ ∈H para cada h ∈ H de maneira que T∗ est´a bem definido e ´e um

operador linear.)

Adicionalmente, se o operador T ´e tal que T = T∗, ent˜ao dizemos que T ´e um operador auto-adjunto, ou hermiteano. (Note que temos que ter, em particular, que D = D∗para que um operador seja hermiteano).

Teorema 4.2. Se H ´e espa¸co de Hilbert e T : D ⊂ H −→ H ´e operador linear densamente definido, ent˜ao T∗: D∗−→H ´e um operador fechado.

(7)

Demonstra¸c˜ao: Seja (hn) sequˆencia em D∗ tal que hn −→ h ∈H e T∗hn −→ k ∈H . Como

hn ∈ D∗, ∀ x ∈ D temos hT x, hni = hx, T∗hni. Como o produto interno e T s˜ao fun¸c˜oes cont´ınuas,

podemos tomar o limite da sequˆencia hn e obteremos hT x, hi = hx, T∗hi. Ou seja, existe h∗ =

T∗h ∈ D∗ tal que hT x, hi = hx, h∗i, logo h ∈ D∗ e Th = k, o que implica que T´e fechado, pela

observa¸c˜ao 3.3. 

Corol´ario 4.2.1. Seja T : D −→H um operador auto-adjunto com D = H , ent˜ao T ´e limitado. Demonstra¸c˜ao: Pelo teorema 4.2, temos que T∗ ´e fechado, ent˜ao, pelo teorema 3.4 temos que T∗´e limitado, mas como T ´e auto-adjunto, T = T∗, e ent˜ao T ´e limitado. 

Exemplo: Neste exemplo trabalharemos com o espa¸co de Hilbert

L2(R) = {ψ : R −→ R : Z ∞

−∞

|f (x)|2dx < ∞}

que, apesar de n˜ao termos definido precisamente no curso de MA604, podemos trabalhar com suas propriedades essenciais.

Considere ent˜ao o operador X em L2

(R) que age em fun¸c˜oes ψ ∈ L2

(R) da seguinte forma: Xψ(x) = xψ(x). N˜ao definimos por hora o dom´ınio de X, pois vamos acabar esbarrando em sua defini¸c˜ao ao longo do exemplo. Mostremos que o operador em quest˜ao ´e ilimitado: Considere a sequˆencia de fun¸c˜oes ψn(x) = H(12− |x − n|), onde H(x) ´e a fun¸c˜ao de Heavyside. Assim temos

que: ||ψn||2= Z ∞ −∞ |ψn(x)|2dx = Z ∞ −∞ H(1/2 − |x − n|)dx = Z n+12 n−1 2 dx = n +1 2 − (n − 1 2) = 1. Ent˜ao os ψn s˜ao normalizados ∀ n ∈ N. Ent˜ao, se X fosse limitado dever´ıamos ter ||Xψn|| ≤

||X|| ∀ n ∈ N. Mas temos que:

||Xψn||2= Z ∞ −∞ x2H2(1/2 − |x − n|)dx = Z n+12 n−1 2 x2dx = 1 3  n +1 2 3 −  n −1 2 3! = n2+ 1 12. Assim temos ||Xψn|| = q n2+ 1

12 e se X fosse limitado ter´ıamos

q n2+ 1

12 < ||X|| ∀ n ∈ N, que

seria um absurdo.

N˜ao entraremos em detalhes sobre o fato que o operador X pode ser definido de forma a ser auto-adjunto (levando em conta detalhes de dom´ınio), mas utilizaremos este fato, de forma que, pelo teorema 4.2, X n˜ao pode estar definido em todo L2

(R). De fato, considere a func˜ao:

φ(x) = ( 1 2|x| |x| ≥ 1 1 2 |x| < 1. Ent˜ao temos: ||φ||2= Z ∞ −∞ |φ(x)|2dx = 2 Z ∞ 0 |φ(x)|2dx = 2 Z 1 0 1 4dx+2 Z ∞ 1 1 4x2dx = 1 2+ 1 2  − lim x−→∞ 1 x+ 1 1  = 1

(8)

De forma que φ ∈ L2

(R). Mas, mesmo assim, aplicando o operador X em φ obtemos:

Xφ(x) = xφ(x) = ( x

2|x| |x| ≥ 1 x

2 |x| < 1.

Que claramente n˜ao ´e quadrado integr´avel, pois φ(x) = 1 ∀ x ∈ [1, ∞). Assim, o operador X n˜ao pode ser aplicado a esta fun¸c˜ao sem que se saia do espa¸co L2(R).

Para consertar este problema, basta definir o dom´ınio do operador X como: D = {ψ : R −→ R : xψ(x) ∈ L2(R)}

E teremos que, neste dom´ınio o operador em quest˜ao est´a bem definido e ´e auto-adjunto.

Apesar de parecer um exemplo trivial no sentido matem´atico, temos uma s´erie de complica¸c˜oes que podem aparecer em mecˆanica quˆantica com fun¸c˜oes de onda que n˜ao pertencem ao dom´ınio do operador posi¸c˜ao, pois estes estados quˆanticos n˜ao tem posi¸c˜ao bem definida.

Bibliografia

[Ale] Liviana Palmisano Alexander Gorodnik. MATH 36202/M6202 Functional Analysis. url: https://people.maths.bris.ac.uk/~mazag/fa17/.

[Bre10] H. Brezis. Functional Analysis, Sobolev Spaces and Partial Differential Equations. Uni-versitext. Springer New York, 2010. isbn: 9780387709130. url: https://books.google. com.br/books?id=GAA2XqOIIGoC.

[Kre] Erwin Kreyszig. Introductory Functional Analysis with Applications. Wiley classics library. Wiley India Pvt. Limited. isbn: 9788126511914. url: https://books.google.com.br/ books?id=osXw-pRsptoC.

Referências

Documentos relacionados

O PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE INOVAÇÃO, por este Edital, torna público a Retificação do Edital 03/2011, a Lista de Convocados para Realização das Dinâmicas de Grupo e

Grupo Intervenção: foi ofertado ao grupo material instrucional Ginástica para Fazer em Casa (SMETHURST et al., 2014) (manual impresso com DVD encartado, disponível como arquivo

Os testes de desequilíbrio de resistência DC dentro de um par e de desequilíbrio de resistência DC entre pares se tornarão uma preocupação ainda maior à medida que mais

Quantos quartos devem ser alugados para produzir a receita di´ aria m´ axima?. (g) Os gastos de combust´ıvel de um navio s˜ ao proporcionais ao cubo

Um dom´ınio A ´e dito dom´ınio de fatora¸c˜ao ´unica ⇔ todo elemento n˜ao nulo e e n˜ao invert´ıvel se fatora como produto finito de elementos irredut´ıveis.. m Defini ¸c

Expresse a ´ area superficial da caixa como fun¸c˜ ao do comprimento de um lado da base. Encontre os interceptos da reta com os eixos coordenados... 4. Considere o retˆ angulo,

A transmissão genética da resistência inata a várias doenças bacterianas tem sido documentada em salmonídeos, carpas, trutas e tilápias do Nilo, correlacionada

Para realização deste trabalho foi feito:  Estudo bibliográfico sobre os princípios do Lean Thinking e sobre métodos de investigação de opiniões;  Participação e