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APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE RO VERDE

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6ª Câmara Cível

APELAÇÃO CÍVEL Nº 142718-11.1999.8.09.0137 (199991427186) COMARCA DE RO VERDE

APELANTE HOSPITAL EVANGÉLICO DE RIO VERDE

APELADO APARECIDO ANTÔNIO BARBIERI

RELATOR Desembargador NORIVAL SANTOMÉ

VOTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, dele conheço.

Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto pelo HOSPITAL EVANGÉLICO DE RIO VERDE, em face da sentença de fls. 96/101, proferida pela M Mª. Juíza de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Verde, Dra. Lídia de Assis e Souza Branco, nos autos da ação de execução que move em desfavor de APARECIDO ANTÔNIO BARBIERI.

A insurgência impugna a sentença que julgou extinta a ação de execução, sem resolução do mérito, sob o entendimento de que a suspensão do curso do feito, quando não encontrados bens passíveis de penhora, é contrária à nova ordem constitucional dada pela EC 45/2004. Confira-se:

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“Face ao exposto e por tudo que dos autos constam, exercendo o controle difuso de constitucionalidade, declaro a inconstitucionalidade da suspensão/arquivamento provisório por tempo indeterminado do feito e julgo a parte autora carecedora do direito de ação, por falta do interesse processual alusivo à subtilidade da demanda, com a consequente extinção do processo, nos termos do artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil.

Sem sucumbência.

Custas legais, se houver, a cargo da parte autora, devendo ser registradas antes do arquivamento dos autos, em caso de não pagamento.

Com o trânsito em julgado, faculto à parte o desentranhamento dos documentos, inclusive para que a parte proceda o protesto do título (judicial ou extrajudicial), ato formal com o condão de interromper o prazo de prescrição bem como facilitar a negativação/restrição nominal/cadastral do devedor junto aos demais mecanismos de proteção ao crédito.”

Em suas razões recursais (fls. 105/116), o apelante requer a cassação da sentença extintiva, com ulterior suspensão do feito executivo por prazo indeterminado, por não estar localizando bens do executado.

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Compulsando os autos se verifica que, à fl. 68, o exequente requereu a suspensão da execução, por prazo indeterminando, diante da inexistência de bens penhoráveis.

Em abril de 2012, foi determinado o arquivamento administrativo no feito, nos termos do art. 791, III, do CPC, pelo prazo de 06 (seis) meses (fl. 69).

Ultrapassado o prazo de suspensão (fl. 72), a parte credora requereu a pesquisa pelo sistema Bacenjud, Infojud e Ranajud, objetivando a localização de bens do devedor passíveis de penhora, o que restou deferido pelo magistrado a quo (fl. 81).

Ante a não localização de bens, a parte exequente requereu, novamente, a suspensão do feito por prazo indeterminado (fl. 94).

Diante das circunstâncias, entendeu o Juízo de origem que, por tratar-se de execução iniciada no ano de 1999, que já havia sido arquivada administrativamente por diversas vezes e, ainda, em face da não localização de bens sujeitos à penhora, cabia a extinção do processo, sem análise do mérito.

A sentença não há de prevalecer.

No processo de execução, quando não encontrados bens

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penhoráveis do devedor, como é o caso da ação em tela, a medida cabível e mais apropriada é a suspensão do feito (sine die - sem fixar dia certo) nos termos do art.

791, inciso III do CPC, e não sua extinção.

Confira o teor do aludido dispositivo legal, verbis:

“Art. 791. Suspende-se a execução:

(...);

III - quando o devedor não possuir bens penhoráveis.”

Nas demandas executórias é permitida a suspensão temporária do processo, a qual só desaparecerá com o restabelecimento da garantia do juízo ou se o exequente pedir sua extinção (art. 794 do CPC).

Tem-se, portanto que a suspensão se justifica exatamente para dar ao credor a oportunidade de buscar o patrimônio do devedor, o que possibilita que a execução alcance seu objetivo.

Entretanto, surge com o disposto no artigo 791 supratranscrito um problema, qual seja a duração do limite temporal da suspensão da execução na hipótese descrita em seu inciso III.

Com efeito, há acirrada controvérsia doutrinária e jurisprudencial acerca da suspensão do processo de execução contra devedor

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solvente na hipótese em que não são encontrados bens do devedor passíveis de penhora. E a grande dúvida reside na duração dessa suspensão.

De fato, é unânime entre os estudiosos do direito o reconhecimento de que o legislador brasileiro foi omisso quanto à determinação do termo final desse prazo de suspensão do processo executivo, havendo verdadeira lacuna legal.

É que no rito do processo de execução estabelecido no Livro II do CPC (Livro das Execuções) não há previsão legal quanto ao termo final dessa suspensividade, tal como previsto, p. ex., para os processos executivos fiscais (art. 40 da Lei nº 6.830/80). Com efeito, o Art.791 do CPC, acima transcrito, restringiu-se a arrolar as hipóteses específicas de suspensão da execução, não prevendo quando se daria a cessação dessa condição suspensiva.

Vale ressaltar que tal omissão reclama urgente e imediata regulamentação legislativa, reformando-se o CPC a fim de que nele seja expressamente incluído um limite temporal para tal suspensão, haja vista que a suspensão indeterminada da execução, tanto quanto a extinção da execução nos moldes determinados pela magistrado singular, é igualmente fruto de insegurança jurídica, além de ser incompatível com o sistema jurídico brasileiro, o qual possui como princípios basilares a dignidade da pessoa humana, a razoabilidade, a proporcionalidade, a segurança jurídica e a duração razoável do processo.

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Entretanto, até que seja suprida tal lacuna, por meio de reforma legislativa, é prudente que se adote a solução preconizada pelo Superior Tribunal de Justiça. Pela jurisprudência deste C. Tribunal, inexistido estipulação legal explícita quanto ao prazo de suspensão do processo na hipótese do art. 791, III, do CPC, a suspensão seria "sine die", isto é, a relação processual executiva restaria suspensa por prazo indeterminado, até que fossem encontrados bens do devedor passíveis de penhora.

Nesse sentido:

"EXECUÇÃO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.

PENHORA BENS DO DEVEDOR NÃO LOCALIZADOS.

SUSPENSÃO DO PROCESSO. - Não encontrados bens do devedor, suspende-se a execução (art. 791, III, do CPC). - A prescrição pressupõe diligência que o credor, pessoalmente intimado, deixa de cumprir no prazo prescricional. Recurso especial conhecido e provido." - (STJ - Recurso Especial nº REsp 327293/DF - Rel. Min.

Barros Monteiro, Quarta Turma, Julg. 28/08/2001; DJ 19/11/2001).

"PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. SUSPENSÃO DO FEITO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE APLICADA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. INCABIMENTO.

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CPC, ARTS. 791, III E 793. EXEGESE. I. A suspensão da execução a pedido do exeqüente e autorizada judicialmente, constitui fator impeditivo à fluição da prescrição intercorrente, que pressupõe inércia da parte, o que não ocorre se o andamento do feito não está tendo curso sob respaldo judicial. II. Precedentes do STJ. III.

Recurso especial conhecido e provido. Prescrição afastada." (REsp 63.474/PR, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em

16/06/2005, DJ 15/08/2005 p. 316).

"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DEFERIDA NA INSTÂNCIA DE ORIGEM.

IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE PELO JULGADOR.

SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. ARTS. 791 E 793 DO CPC. PRECEDENTES. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1- "A suspensão da execução a pedido do exeqüente e autorizada judicialmente, constitui fator impeditivo à fluição da prescrição intercorrente, que pressupõe inércia da parte, o que não ocorre se o andamento do feito não está tendo curso sob respaldo judicial" (REsp 63.474/PR, Rel.

Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, DJ 15.8.2005). 2- Agravo regimental não

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provido."(AgRg no Ag 1155687/MG, Rel. Min. RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 14/04/2011).

Nesse caminho, são vários os julgados deste Sodalício:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. EXTINÇÃO DO PROCESSO POR AUSÊNCIA DE BENS PENHORÁVEIS. INADMISSIBILIDADE. MERECE SER CASSADA A SENTENÇA QUE EXTINGUE O PROCESSO DE EXECUÇÃO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, EM VIRTUDE DE NÃO TEREM SIDO ENCONTRADOS BENS PENHORÁVEIS DO DEVEDOR, VISTO QUE O ART. 791, III, DO CPC, AUTORIZA A SUSPENSÃO E NÃO EXTINÇÃO DO PROCESSO. APELO PROVIDO.” (TJGO, 4ª C. Cível, Ap. Cível nº 153779-0/188, Rel. Des. Carlos Escher, julgado de 25/02/2010);

“APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. INEXISTÊNCIA DE BENS PENHORÁVEIS. SUSPENSÃO. SUSPENDE-SE A EXECUÇÃO QUANDO O DEVEDOR NÃO POSSUIR BENS PENHORÁVEIS, CONFORME ART. 791, INCISO III DO CPC, NÃO SENDO CABÍVEIS A EXTINÇÃO DO FEITO, COM FUNDAMENTO EM AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA.”(TJGO, 3ª C. Cível, Ap. Cível nº 153282-6/188, Rel. Juíza Sandra Regina Teodoro Reis, julgado de

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02/03/2010);

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE BENS DO DEVEDOR PASSIVEIS DE PENHORA.

EXTINÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO INCISO III, DO ARTIGO 791, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. A NÃO LOCALIZAÇÃO DE BENS PENHORÁVEIS DO DEVEDOR, EM PROCESSO DE EXECUÇÃO, ENSEJA A SUA SUSPENSÃO 'SINE DIE', NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO EM VIGOR. APELO

CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA

CASSADA.”(TJGO, 5ª C. Cível, Ap. Cível nº 153464-9/188, Rel. Des. Alan S. De Sena Conceição, julgado de 04/02/2010);

“APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE BENS PENHORÁVEIS DO DEVEDOR. SUSPENSÃO DO FEITO.

ART. 791, INCISO III, DO CPC. A LUZ DO COMANDO DO ARTIGO 791, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, A AUSÊNCIA DE BENS PENHORÁVEIS DO DEVEDOR ENSEJA A SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO, SINE DIE, ATE QUE ESTES SEJAM ENCONTRADOS, OU ATE QUE SEJA VERIFICADA A PRESCRIÇÃO DO DEBITO, SE O EXEQÜENTE, INTIMADO PARA DAR ANDAMENTO AO FEITO, DEIXAR DE TOMAR AS DILIGENCIAS NECESSÁRIAS,

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CARACTERIZANDO A DESÍDIA DA PARTE, NÃO HAVENDO QUE SE FALAR EM EXTINÇÃO DA AÇÃO POR ESSE MOTIVO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA CASSADA.”(TJGO, 1ª C. Cível, Ap.

Cível nº 152249-5/188, Rel. Des. Luiz Eduardo de Sousa, julgado de 26/01/2010)

À propósito, sobre o tempo da suspensão provisória do processo executivo, trago lição de Humberto Theodoro Júnior no sentido de que a

“melhor solução é manter suspenso sine die o processo, arquivando-o provisoriamente, à espera de que o credor encontre bens penhoráveis” até que sobrevenha o prazo prescricional, oportunidade em que, “será permitido ao devedor requerer a declaração de prescrição e a consequente extinção da execução forçada, o que, naturalmente, não será feito sem prévia audiência do credor.” (in Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução e Processo Cautelar. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 453-454.)

Contudo, adverte o STJ que, se o credor, uma vez intimado, não realizar as diligências necessárias ao andamento do feito, excepcionalmente teria curso o prazo da prescrição intercorrente. E este prazo vincula-se à prescrição do débito exequendo, nos termos da Súmula 150 do STF: "Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação".

Por todo o exposto, conclui-se que caso uma execução

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comum reste infrutífera pela não localização de bens penhoráveis do devedor, hipótese dos autos, deve tal execução ser suspensa "sine die", isto é, até que sejam encontrados bens do devedor passíveis de penhora, não se computando prazo de prescrição intercorrente porque a paralisação temporária do processo executivo não foi causada pela inércia do credor. Entretanto, se este, devidamente intimado a realizar diligências necessárias ao andamento do feito, queda-se inerte, excepcionalmente terá curso o prazo prescricional, o qual coincidirá com a prescrição do débito exequendo.

Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso, para CASSAR a sentença apelada, determinando a suspensão da execução por prazo indeterminado e até que sejam localizados bens do devedor, com a ressalva do início do cômputo do prazo de prescrição intercorrente caso o exequente/apelante, devidamente intimado a realizar diligências necessárias ao andamento do feito, quedar-se inerte.

É como voto.

Goiânia,

Desembargador NORIVAL SANTOMÉ Relator

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 142718-11.1999.8.09.0137 (199991427186) COMARCA DE RO VERDE

APELANTE HOSPITAL EVANGÉLICO DE RIO VERDE

APELADO APARECIDO ANTÔNIO BARBIERI

RELATOR Desembargador NORIVAL SANTOMÉ

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TITULO EXTRAJUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE BENS DO DEVEDOR PASSÍVEIS DE PENHORA.

ARTIGO 791, III, DO CPC. POSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO SINE DIE DO PROCESSO.

ORIENTAÇÃO DO STJ. Verificada a hipótese prevista no artigo 791, III, do CPC, a execução deverá ser suspensa “sine die”, isto é, até que sejam encontrados bens do devedor passíveis de penhora. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA, SENTENÇA CASSADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos da Apelação Cível nº 142718-11, acordam os integrantes da 3ª Turma Julgadora da 6ª Câmara

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Cível, por unanimidade, em CONHECER E PROVER a apelação, nos termos do voto do Relator.

Presidiu a sessão o Desembargador Fausto Moreira Diniz.

Votaram com o Desembargador Norival Santomé, a Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis, o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes.

Esteve presente à sessão a ilustre Procuradora de Justiça Dra. Eliete Sousa Fonseca Suavinha.

Goiânia, 25 de fevereiro de 2014.

Desembargador NORIVAL SANTOMÉ Relator

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