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Cad. Saúde Pública vol.24 número4

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Academic year: 2018

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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(4):718-719, abr, 2008

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Um conceito válido para entender o esforço de produção científica, em cada período his-tórico, é o designado pelo termo alemão “zeitgeist”. Ou seja, o “espírito” de uma dada época e seus problemas traduzidos nas agendas de pesquisa. Do ponto de vista “odontológico”, as pesquisas da área globalmente consideradas como mais relevantes, ao longo do século XX, foram apontadas pela Federação Dentária Internacional (FDI), Top Ten Advances in Oral & Dental Research 1900-2000, durante a celebração do centenário desta entidade: (1) fluore-tos; (2) implantes e osteointegração; (3) placa dental; (4) sistemas adesivos; (5) prevenção da doença periodontal; (6) resinas compostas; (7) anestesia local; (8) antibióticos; (9) rege-neração tecidual; e (10) prevenção de cáries.

Alguns desses temas de pesquisa parecem ter produzido algum impacto na redução da carga de doença e sofrimento das populações contemporâneas. Não obstante, no caso brasileiro tal redução parece não ter ocorrido de modo amplo e sustentável, a julgar pelos decepcionantes resultados obtidos com o último levantamento epidemiológico nacional em saúde bucal (SB-Brasil-2003). A rigor, observando mais detidamente os “dez avanços”, parece serem mais relacionados com “tecnologias” biomédicas focadas em doenças e isto pode caracterizar uma “anomalia epistêmica”, exigindo uma ruptura.

Senão uma ruptura, ao menos uma atualização de problemas na agenda global me-receu considerações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em especial, um esforço maior de pesquisa deveria ser devotado para: iniqüidades/desigualdades em saúde bucal; implicações psicossociais do processo saúde/doença bucal; estratégias para redução dos danos bucais produzidos por acidentes, violência e drogas lícitas e ilícitas; inter-relações entre saúde geral, saúde bucal e qualidade de vida; e melhor compreensão das associações entre doenças sexualmente transmissíveis e saúde bucal.

As prioridades internacionais apontadas pela OMS, certamente, são úteis à agenda da Saúde Bucal Coletiva no Brasil. Não obstante, pensando “glocalmente”, é importante man-ter direcionalidade estratégica na política científica setorial, pesquisando temas como: avaliação tecnológica de efetividade de intervenções coletivas e individuais menos invasi-vas ou não-ininvasi-vasiinvasi-vas, na atenção básica e especializada, mesmo contrariando a economia de mercado odontológico; abordagens geopopulacionais de grupos e eventos que caracte-rizam exclusão e morbidade socialmente determinada; conhecimento das dimensões es-truturais e ambientais que influenciam a saúde de comunidades, famílias e indivíduos, ca-racterizando estudos em multiníveis; estudos matriciais no campo da promoção da saúde, abordando os caminhos intersetoriais pelos quais diferentes estados de saúde e bem-estar são construídos socialmente, em ambientes favorecedores de pedagogias libertadoras, vol-tados para a melhoria dos sistemas e serviços de saúde.

Certamente, as agências de fomento podem fixar com maior clareza os campos estra-tégicos de estudo que sejam socialmente relevantes e cientificamente “revelantes”, já que a ampliação do número artigos publicados não corresponde, necessariamente, à respecti-va fertilização do conhecimento útil, conforme obserrespecti-vado em artigo nesta mesma revista (Cad Saúde Pública 2007; 23:3041-50). Enfatizar as prioridades brasileiras de pesquisa evi-tará a disseminação ingênua de atividades de pouco valor científico e sem evidências de impacto transformador.

O contexto atual para a pesquisa em Saúde Bucal Coletiva

EDITORIAL

Samuel Jorge Moysés

Pontifícia Universidade Católica do Paraná/Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Curitiba, Brasil.

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