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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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(1)

ANÁLISE

DE

MARCADORES

FENOTÍPICOS

DAS

POPULAÇÕES

CELULARES

NO

EXSUDATO

INFLAMATÓRIO

DA

LESÃO

E

NO

SANGUE

PERIFÉRICO

DE

PACIENTES

PORTADORES

DE

LEISHMANIOSE

TEGUMENTAR

AMERICANA

(LTA)

ANTES

E

APÓS

DIFERENTES

TRATAMENTOS

Ana Cristina de Carvalho Botelho

Belo Horizonte

(2)

ANÁLISE

DE

MARCADORES

FENOTÍPICOS

DAS

POPULAÇÕES

CELULARES

NO

EXSUDATO

INFLAMATÓRIO

DA

LESÃO

E

NO

SANGUE

PERIFÉRICO

DE

PACIENTES

PORTADORES

DE

LEISHMANIOSE

TEGUMENTAR

AMERICANA

(LTA)

ANTES

E

APÓS

DIFERENTES

TRATAMENTOS

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do Título de Doutor em Ciências.

Orientadores: Wilson Mayrink

Rodrigo Correa-Oliveira

Belo Horizonte

(3)

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG

CENTRO DE PESQUISAS RENÊ RACHOU - CPqRR

LABORATÓRIO PAULO ARAUJO DE MAGALHÃES

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG – COEP em 05 de

abril de 2001, sob o parecer número ETIC 037/01.

(4)

Aos

Mestres Wilson Mayrink, Rodrigo Correa-Oliveira, Maria José Morato e Mauricio Souza Filho;

(5)

“De tudo, ficaram três coisas.

A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar...

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto, devemos

Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança...

Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro..."

(6)

Para a realização deste trabalho, contamos com a colaboração de muitos amigos.

A eles nossos agradecimentos.

Aos professores Wilson Mayrink e Rodrigo Correa-Oliveira, agradeço a oportunidade de realizar este trabalho e o incentivo na busca de novas oportunidades;

Ao prof. Giovanni Gazzinelli, pela disponibilidade, colaboração e sugestões;

A Roberto Vieira de Souza, pelo companheirismo, incentivo, convivência e aprendizado;

Á Iramaya Rodrigues Caldas, pela grande amizade;

A Álvaro Romanha, pelas lições e paciência;

Ao prof. Washington Luiz Tafuri, pelas lições acadêmicas e de vida e Wagner Tafuri, pela atenção e disponibilidade;

Ao prof. George Lins, pela atenção;

Às professoras Marilene Michalick e Maria Norma, pelo carinho e pela amizade;

À profa. Débora Dávila Reis, pela prestimosa colaboração;

A Olindo Martins, pela atenção e ajuda na citometria;

(7)

quem dividi momentos deste trabalho, por toda amizade e estímulo;

À minha mãe, Mathilde e minhas tias Rosa, Odete e Nahia, pelo grande apoio;

À minha irmã Kátia, aos meus irmãos e minha família pelo incentivo e convivência;

Ao meu pai Walter Carvalho pelo apoio e compreensão;

À Clari Gandra e Maria Beatriz (Tiza), por toda amizade, profissionalismo e preciosa ajuda;

À Sumara, pela cooperação, amizade e profissionalismo;

A Marcos Marques, pela amizade;

Aos Professores do Departamento de Parasitologia, pela colaboração;

Aos professores do Departamento de Patologia Geral, pela colaboração;

Ao professor Giovanni Cassali, pela colaboração na imunoistoquímica;

Ao Alexandre Barcelos, pela colaboração nas análises morfométricas;

Ao Dr. Roberto Sena, pela possibilidade e oportunidade de realizar este trabalho;

Ao Centro de Pesquisas René Rachou, que possibilitou a realização deste trabalho;

Aos amigos do laboratório de Imunologia Celular e Molecular do Centro de Pesquisas

René Rachou, pelo inestimável apoio;

Ao Edmar Martins, Adhemar e Matheus, pela atenção e suporte técnico na informática;

(8)

inúmeras nas viagens à Caratinga;

À Ana Pacheco, pela ajuda e amizade;

À Eliane Leo Moreira, pelo Carinho;

À Anna Carolina Lustosa e ao prof. Ivan Sampaio pela colaboração na análise dos dados estatísticos;

A Jefrey Bethony, pela atenção;

Ao amigo, Roberto Teodoro, pela atenção;

Aos amigos Solange, Vanessa, Andrea, Juliana, Ana Carolina, Vladimir, Glenda, Diana

Taboada, Lorena, Isabela Ribeiro, Isabela Gusmão, Lisiane Gomes, Fernanda, Simone, Fabrício, Ceyla, Ramon, Haroldo, Elaine, Denise Rejane, Denise Lemos, Ariane, Alex, Wesley, Jaqueline, Luciana e Antônio, pelos grandes momentos;

Ao Dr. Alfredo, pelo atendimento aos pacientes;

Às Professoras Dilma Martins e Débora... , pelas correções gramaticais e normalização;

Em especial ao Sr. Jair Cecílio de Paula, pela amizade e colaboração, pelo carinho, pelas lições e pela consideração;

Aos pacientes, objeto e objetivo deste trabalho;

E a todos aqueles que, por ventura, não tenha mencionado, pois não são, contudo, menos importantes, nosso sincero agradecimento.

(9)

RESUMO

As leishmanioses são doenças causadas por várias espécies de protozoários digenéticos do

gênero Leishmania, que acometem o Homem e diferentes espécies animais silvestres e

domésticos. A transmissão da doença para o Homem ocorre pela picada das fêmeas dos

insetos vetores - gênero Lutzomyia - que, ao picar o hospedeiro vertebrado parasitado, suga as

amastigotas. No tubo digestivo do inseto multiplicam-se e transformam-se em promastigotas:

forma infectante para o Homem. No Brasil, as leishmanioses polarizam-se em dois grandes

grupos: a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e a Leishmaniose Visceral Americana

(LVA) ou Calazar Americano. Nos últimos 20 anos, a incidência de LTA no Brasil tem

aumentado, em praticamente todos os Estados. Surtos epidêmicos têm ocorrido nas regiões

Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, sendo um problema de saúde pública. Entre 1981 e l991, em

Minas Gerais foram notificados, pela Secretaria de Estado de Saúde e pela Fundação Nacional

de Saúde, 8.303 casos de LTA. Muitos destes casos ocorreram na população rural do Norte,

Nordeste e Sudeste do Estado.O Município de Caratinga, localizado no Vale do Rio Doce, é

área endêmica para a LTA.

Atualmente, o tratamento de primeira escolha constitui-se dos antimoniais pentavalentes e no

Brasil, o Glucantime® (antimoniato de N-metilglucamina) é o fármaco disponível. Por ainda

não ser considerado satisfatório, inúmeros estudos vêm sendo realizados em busca do melhor

fármaco e do melhor esquema terapêutico, pois mesmo para o Glucantime® vários são os

esquemas propostos. A imunoterapia é uma alternativa promissora para o tratamento das

leishmanioses e vem sendo utilizada, juntamente com o Glucantime®, no tratamento da LTA

(10)

interações entre linfócitos e macrófagos, daí a grande importância de se conhecer melhor estas

interações. Por imunoistoquímica, caracterizamos o fenótipo das populações celulares do

infiltrado inflamatório e, por citometria de fluxo, o das populações celulares no sangue

periférico, antes e depois de diferentes esquemas terapêuticos (Glucantime®, Leishvacin® e

Glucantime® associado ao Leishvacin®). Após análises dos nossos resultados, observamos

diferenças estatisticamente significativas no percentual das populações celulares CD3+,

CD57+, CD16+, CD14+ e CD68+ depois do tratamento. Para confirmação da cura clínica e

parasitológica, realizamos a PCR do material da lesão e encontramos positividade em 69%

dos 39 pacientes avaliados antes do tratamento e em 23% deles após o tratamento.

No sangue periférico não observamos diferenças estatisticamente significativas no percentual

das populações celulares CD3+, CD4+, CD8+, CD19+, CD16+, CD56+ e razões CD4/CD8,

CD3/CD19 depois de cada tratamento.

Ao verificarmos se o sangue refletia o observado na lesão, constatamos diferenças

estatisticamente significativas na análise comparativa do percentual das populações celulares

CD4+, CD8+, Linfócitos B e razão CD4/CD8 no sangue periférico e na lesão, antes e depois

do tratamento. Sendo assim, em nosso estudo, o percentual de células do sangue periférico

(11)
(12)
(13)

1 INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 16

1.1 LEISHMANIA E LEISHMANOSES... 16

1.2 DIAGNÓSTICO... 21

1.3 TRATAMENTO... 23

1.4 HISTOPATOLOGIA E CRITÉRIO DE CURA... 29

2 JUSTIFICATIVA ... 43

3 OBJETIVO ... 47

3.1 OBJETIVO GERAL... 47

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 47

4 POPULAÇÃO ESTUDADA, MATERIAIS E MÉTODOS... 49

4.1 GRUPOS DE INDIVÍDUOS TRATADOS E DE NÃO INFECTADOS... 49

4.1.1 GRUPO DE PACIENTES TRATADOS COM GLUCANTIME® (QUIMIOTERAPIA)... 50

4.1.1.1 Pacientes tratados em 2001/2002 (Grupo Recente)... 50

4.1.1.2 Pacientes tratados em 1992/1993 (Grupo Antigo) ... 50

4.1.2 Grupo de pacientes tratados em 2001/2002 com Leishvacin® (Imunoterapia Seriada)... 51

4.1.3 GRUPO DE PACIENTES TRATADOS COM A ASSOCIAÇÃO DE GLUCANTIME® COM LEISHVACIN® (IMUNOQUIMIOTERAPIA)... 53

4.1.3.1 Pacientes tratados em 2001/2002 (Grupo Recente)... 53

4.1.4 Pacientes tratados em 1992/1993 (grupo antigo) ... 54

4.1.5 Grupo de indivíduos controle ... 55

4.1.5.1Grupo Controle 1 – (C1) ... 55 4.1.5.2 Grupo Controle – C2... 55 4.1.5.3 Grupo Controle – C3... 56 4.1.6 Diagnósticos ... 56 4.1.7 Exame Parasitológico... 56 4.1.8 Teste Montenegro (TM) ... 57 4.1.9 Reações sorológicas ... 57

(14)

4.1.10 Teste Imunoenzimático (ELISA)... 59

4.1.11 Critério de Cura ... 59

4.2 MATERIAIS E MÉTODOS... 60

4.2.1 Determinação Fenotípica por Citometria de Fluxo em Sangue Total ... 60

4.2.1.1Ensaio de Imunofluorescência. ... 60

4.2.1.2 Aquisição e análise dos dados no citômetro de fluxo... 61

4.2.2 Obtenção de sangue e fragmento de pele ... 63

4.2.3 Imunoistoquímica em tecidos congelados... 63

4.2.3.1Metodologia para contagem das células... 65

4.2.4 Morfometria... 65

5 RESULTADOS ... 69

5.1 RESULTADOS DOS TESTES DIAGNÓSTICOS EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS A DIFERENTES TRATAMENTOS. ... 69

5.2 ANÁLISE DOS TESTES DIAGNÓSTICOS QUE CARACTERIZARAM A POPULAÇÃO E ESTÃO APRESENTADOS NOS QUADROS 3 A 8 ... 77

5.3 CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DAS CÉLULAS PRESENTES NO INFILTRADO INFLAMATÓRIO DE PACIENTES PORTADORES DE LTA, ANTES E DEPOIS DOS TRATAMENTOS E COM DIAGNÓSTICO DE CURA CLÍNICA. ... 79

5.3.1 Análise comparativa do fenótipo das células MN do infiltrado inflamatório de LTA antes e depois do tratamento... 80

5.4 ANÁLISE DO PERFIL FENOTÍPICO DE CÉLULAS SANGÜÍNEAS, LINFÓCITOS T E B EM INDIVÍDUOS NÃO PORTADORES DE LTA ... 94

5.4 ANÁLISE DO PERFIL FENOTÍPICO DE CÉLULAS SANGÜÍNEAS, LINFÓCITOS T E B EM INDIVÍDUOS NÃO PORTADORES DE LTA ... 95

5.4.1 Análise de linfócitos T e B ... 95

5.4.2 Análise de células “Natural Killer” (NK)... 102

5.5 ANÁLISE DAS CÉLULAS MONONUCLEARES DO SANGUE PERIFÉRICO ANTES E APÓS DO TRATAMENTO COM GLUCANTIME® ... 103

6 DISCUSSÃO ... 132

6.1 ANÁLISE DOS EXAMES DIAGNÓSTICOS COMPLEMENTARES... 133 6.2 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL FENOTÍPICO DE CÉLULAS DO INFILTRADO INFLAMATÓRIO

(15)

6.3 ESCOLHA DO GRUPO CONTROLE... 139

6.4 COMPARAÇÃO DO PERFIL FENOTÍPICO DE CÉLULAS SANGÜÍNEAS ANTES E APÓS CADA TRATAMENTO... 140

7 RESUMO DE RESULTADOS ... 143

8 CONCLUSÕES... 144

(16)

1 INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Leishmania e Leishmanioses

As leishmanioses são doenças causadas por várias espécies de protozoários digenéticos do

gênero Leishmania, que acometem o Homem e diferentes espécies animais, silvestres e

domésticos.

O gênero Leishmania, criado por Ross (1903), compreende protozoários parasitos

obrigatórios com um ciclo de vida digenético (heteroxênico), vivendo alternativamente em

hospedeiros vertebrados e insetos vetores. Estes últimos são responsáveis pela transmissão

dos parasitos de um mamífero a outro e pertencem ao gênero Lutzomyia (Díptera,

Psychodidae, Phlebotominae) Os hospedeiros vertebrados são mamíferos de diversos gêneros

(Proechimys, Dusicyon, Didelphis e Saguinus ) incluindo o Homem.

Segundo Shaw (1987), as espécies de Leishmania encontradas nos mamíferos pertencem a

dois sub-gêneros: Leishmania e Viannia.

A transmissão da doença para o Homem ocorre pela picada das fêmeas dos insetos vetores.

Ao picar o hospedeiro vertebrado parasitado, o inseto ingere sangue e macrófagos parasitados

por amastigotas formas de Leishmania arredondadas ou ovaladas, apresentando núcleo,

cinetoplasto (mitocôndria, com funções especiais, facilmente evidenciada nas colorações

(17)

binária se transformam em promastigotas. Estas são alongadas e têm o cinetoplasto situado na

porção anterior de onde emerge o flagelo, geralmente mais longo do que o corpo.

Nas espécies pertencentes ao "complexo braziliensis" (sub-gênero Viannia), as formas

promastigotas migram para as regiões anterior, média e posterior do intestino, colonizando o

inseto. Nas espécies pertencentes ao "complexo mexicana" (sub-gênero Leishmania) as

formas promastigotas multiplicam-se nas regiões média e anterior do intestino. As formas

flageladas paramastigotas estão aderentes pelo flagelo ao trato digestivo dos flebotomíneos e

são encontradas em ambos os sub-gêneros. Elas são ovais ou arredondadas, com o

cinetoplasto margeando o núcleo. Após quatro a cinco dias do repasto infectante, as

promastigotas migram para o aparelho picador-sugador do flebótomo. São conhecidas como

causadoras da LTA no Brasil, as espécies: Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania

(Viannia) guyanensis, Leishmania (Viannia) lainsoni e Leishmania (Leishmania) amazonensis.

Segundo Killick (1990), as formas flageladas, adaptadas à infecção do hospedeiro vertebrado,

são as promastigotas metacíclicas, encontradas na probóscida do inseto. Estas formas são de

grande motilidade e não aderem à parede intestinal do inseto. Apresentam o corpo menor do

que o das outras promastigotas e um flagelo de comprimento aproximadamente duas vezes o

do seu corpo.

Durante a alimentação, o inseto inocula no hospedeiro vertebrado as formas flageladas, as

metacíclicas, que são interiorizadas por um processo de fagocitose induzida, logo se

transformando em amastigotas, que são formas intracelulares obrigatórias. Estas se

(18)

liberadas em conseqüência da ruptura da célula para serem novamente fagocitadas.

No ensinamento de (HANDMAN, 2000; BOGDAN, 2000; BOGDAN, 1996) a

susceptibilidade ou resistência do hospedeiro vertebrado à infecção está relacionada com a

espécie de Leishmania, com os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro, assim como a

imunidade adquirida por exposições anteriores, o que acarreta diferentes quadros clínicos da

doença. A propósito, o macrófago célula altamente eficaz da imunidade inata torna-se uma

célula hospedeira da Leishmania devido a mecanismos de sobrevivência do parasito, que o

torna hábil para escapar da resposta imune do hospedeiro.

Devemos considerar também, que uma mesma espécie de Leishmania pode eventualmente

determinar no Homem um amplo espectro de manifestações clínicas citando Barral (1991),

que vão desde as formas frustras ou sub-clínicas até lesões disseminadas de pele, nas

mucosas, ou, a forma visceral (MARZOCHI,1992). Seja como for, é importante assinalar que

as formas da leishmaniose no Brasil polarizam-se em dois grandes grupos clínicos: a

Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ea Leishmaniose Visceral Americana (LVA) ou

Calazar Americano.

A LTA é uma doença polimorfa da pele e das mucosas, com lesões ulceradas, únicas ou

múltiplas (forma cutânea simples), nodulares (forma difusa) ou lesões cutâneo-mucosas

(forma cutâneo-mucosa), que afetam regiões nasofaríngeas concomitantemente ou após uma

infecção cutânea inicial. Esta variação está intimamente ligada ao estado imunológico do

paciente e às espécies de Leishmania. A LTA tem grande importância para a saúde pública,

(19)

A Organização Mundial de Saúde estima entre 1 e 2 milhões de novos casos de LTA

anualmente, segundo Who (1999).

Segundo Gontijo (2003) a LTA ocorre nas Américas desde o sul dos Estados Unidos até o

norte da Argentina. É endêmica desde o México, na maior parte da América Central e em

todos os países da América do Sul, exceto no Chile e Uruguai. Nas Américas Central e do

Sul, as formas tegumentares são causadas por espécies de ambos os complexos, Leishmania

mexicana e Leishmania braziliensis.

No Brasil, os primeiros relatos datam de 1855, quando foram encontradas lesões de pele no

Homem, similares às descritas na Ásia Central, conhecidas como botão-do-Oriente. Em 1908,

durante a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em São Paulo, ocorreram

inúmeros casos, principalmente na cidade de Bauru, ficando a doença conhecida por

úlcera-de-Bauru. Os parasitos mais tarde foram nominados por Gaspar Vianna em 1911, como

Leishmania braziliensis.

A incidência de LTA no Brasil tem aumentado, nos últimos 20 anos, em praticamente todos

os Estados. Surtos epidêmicos têm ocorrido nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e,

mais recentemente, na região Amazônica, sendo estes relacionados ao processo predatório de

colonização. Nos últimos anos, o Ministério da Saúde registrou uma média anual de 35 mil

novos casos de LTA no país - Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), 1999.

Não só no Brasil, mas também em outros países das Américas Central e do Sul, a LTA

constitui problema de Saúde Pública. Sua importância reside não somente na sua alta

(20)

que podem determinar lesões destrutivas, desfigurantes e também incapacitantes, com grande

repercussão no campo psicossocial do indivíduo conforme Gontijo (2003).

A forma cutâneo-mucosa (LCM) já foi assinalada em quase todo o hemisfério ocidental,

principalmente no Peru e Brasil. No Brasil, é encontrada em todo o território nacional, sendo

mais prevalente na região Norte. Em algumas localidades, a população exposta ao risco de

infecção é numerosa, incluindo crianças, enquanto que, em outras, a enfermidade está restrita

a grupos ocupacionais, tais como os que trabalham em zonas florestais rurais.

Segundo Genaro (1993) entre 1981 e l991, em Minas Gerais, foram relatados pela Secretaria

de Estado de Saúde e pela Fundação Nacional de Saúde a ocorrência de 8.303 casos de LTA.

Muitos destes casos afetaram a população rural do Norte, Nordeste e Sudeste do Estado.

A transmissão em áreas periurbanas têm sido relatada nos municípios de Belo Horizonte,

Divinópolis, Sabará, Neves, entre outros. Merece menção que a incidência da doença tem

aumentado em alguns municípios de Minas Gerais nos últimos anos.

O mesmo autor ensina que o município de Caratinga, localizado no Vale do Rio Doce, é área

endêmica para a LTA. Como se trata de município de colonização antiga e estabelecido em

áreas não florestais, com o cultivo de café, a manutenção do ciclo de transmissão parece

envolver flebotomíneos com hábitos peridomiciliares, roedores e animais domésticos como

(21)

1.2 Diagnóstico

Segundo Kar (1995), diferentes técnicas são utilizadas para o diagnóstico das leishmanioses,

tais como:

• sinais e sintomas clínicos e epidemiológicos;

• detecção do parasito em material de biópsia, diretamente com pesquisa do parasito em esfregaços de pele, corados com Giemsa ou indiretamente por meio de cultura e inoculação

em animais susceptíveis;

• intradermorreação de Montenegro - IRM; • exames histopatológicos;

• imunodiagnóstico, com detecção de anticorpos contra Leishmania ou detecção de antígenos do parasita;

• imunoistoquímica;

• detecção do DNA do parasito pela Reação em Cadeia da Polimerase – PCR.

O diagnóstico de certeza da leishmaniose requer detecção do parasito em sítios de infecção.

Freqüentemente, a associação de alguns desses elementos é necessária para se chegar ao

diagnóstico final.

Para (CAMARGO, 1996; KAGAN, 1974) o teste sorológico, utilizado para substituir a RFC

para diagnóstico das leishmanioses é a reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Este

método apresenta a vantagem da fácil preparação do antígeno e é amplamente utilizada em

levantamentos epidemiológicos para detecção de leishmaniose visceral em cães e

leishmaniose tegumentar em humanos conforme ensinamento de (BRAY, 1976; POZIO et al.

(22)

a RIFI apresenta reatividade cruzada com soros de pacientes com outros tripanosomatídeos e

outros protozoários segundo (COSTA et al., 1991; CARDOSO e CABRAL, 1998).

O método de ELISA foi introduzido para diagnóstico da leishmaniose por HOMMEL em

1976. Este método vem sendo utilizado desde então e vários autores têm utilizado diferentes

antígenos, visando a obtenção de maior sensibilidade e especificidade em consonância com os

autores (BADARÓ et al., 1986; REED et al. 1990; CABRERA et al. 1999). Para (TEIXEIRA

et al., 1996; COSTA et al. 1991) antígenos brutos são menos específicos permanecendo o

problema da reação cruzada, principalmente para o antígeno de T. cruzi.

Outra técnica sorológica que tem recebido atenção em ensaios de diagnóstico é o Western

blot. Esta técnica tem se mostrado promissora para o diagnóstico das leishmanioses e tem sido

importante na detecção e no isolamento de antígenos potenciais tanto para o diagnóstico como

também para outros estudos epidemiológicos.

O Western blot, apresenta, também, reações cruzadas quando se utilizam soros de pacientes

com leishmaniose e Doença de Chagas. Esta reatividade, no entanto, é dependente do

antígeno utilizado no ensaio segundo Teixeira et al (1996).

A utilização da biologia molecular em métodos de diagnóstico e controle de doenças

infecciosas têm aumentado significativamente. Informações das seqüências de DNA têm sido

muito exploradas para o desenvolvimento de ensaios baseados na PCR para o diagnóstico de

leishmanioses e para a identificação da espécie dos parasitos. Piarroux et al. em 1993

utilizaram a técnica da PCR para amplificar uma seqüência repetida do genoma de

(23)

leishmaniose nos quais a suspeita da infecção era avaliada através de exame físico, foi

comparada com exame direto de aspirados de medula óssea, mielocultura e testes sorológicos.

De 73 pacientes analisados, apenas 10 apresentaram diagnóstico indiscutível de calazar. De

acordo com os autores, nenhum dos testes apresentou 100% de sensibilidade para o

diagnóstico da doença, mas dentre todos eles, a PCR foi o teste mais sensível, apresentando

sensibilidade acima de 82%. Os testes sorológicos foram os de maior sensibilidade e

especificidade para os novos casos da doença porém, eram menos eficientes nos casos de

recidiva, quando comparados com a PCR.

A PCR tem sido considerada erramenta complementar em métodos diagnósticos segundo

(BRECELJ et al., 2000; ANDRADE et al., 2001.) de diferentes enfermidades, e no caso das

leishmanioses, amplamente usada na detecção do DNA do parasito após o tratamento

(SCHUBACH et al. 1998, PIRMEZ et al. 2000).

1.3 Tratamento

Os clínicos ligados a órgãos oficiais de Saúde Pública, no Brasil e no mundo, têm se

preocupado sobremaneira tanto com o tratamento quanto com a prevenção das leishmanioses.

Embora sejam enormes as dificuldades em se compreender os fenômenos biológicos

envolvidos no combate da infecção pelo hospedeiro, vários pesquisadores têm se dedicado a

(24)

Até 1912 a quimioterapia era insatisfatória, quando o tratamento sistêmico das leishmanioses

com antimoniais foi introduzido pelo médico brasileiro Gaspar Vianna (VIANA, 1912),

utilizando o tártaro emético a 1%. Nesta mesma época, Row (1912) relatava estudos sobre o

valor curativo das promastigotas de cultura de Leishmanias utilizadas como vacina no

tratamento do botão do Oriente.

Durante anos, o tártaro emético constituiu o único recurso terapêutico para as leishmanioses.

Em face a sua toxidez, dificuldade de aplicação e eficácia insatisfatória (reincidências

freqüentes), acabou sendo substituído por antimonial pentavalente segundo Furtado (1968),

substância menos tóxica e de rápida eliminação renal. Embora contra indicada em casos de

pacientes cardiopias, nefropatias, senilidade e gravidez, representa terapêutica válida,

constituindo, mesmo no ocaso do século XX, a terapêutica padrão para as leishmanioses.

Atualmente, são utilizados dois antimoniais pentavalentes: o Estibogluconato de Sódio (Pentostan® da Wellcome Foundation, London, UK) e o Antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®® do Rhone Poulenc, Paris, France). Segundo Herwaldt e Berman (1992), o primeiro é mais usado em países de língua inglesa. Na orientação do Ministério da Saúde do

Brasil, estes dois medicamentos são de primeira linha na terapêutica de casos humanos de

leishmanioses. No entanto o Glucantime® é o único antimonial pentavalente disponível no

Brasil, onde representa a droga de escolha para o tratamento de casos humanos como ensina

Furtado (1968), conforme cita o Manual de Controle da leishmaniose tegumentar americana

(COSTA et al. 2000).

(25)

Pentamidina). Entre os antibióticos, a Anfotericina B e a Rifampicina são os mais

recomendados. A notar que em Furtado (1968), a Anfotericina B constituia a droga mais

efetiva no tratamento da LCM, inclusive em casos resistentes a outros agentes terapêuticos,

embora seja tóxica e requeira hospitalização do paciente durante o tratamento. A Rifampicina

foi testada por JOSHI et al. (1989), para Leishmaniose Cutânea (LC) e, por consideração dos

autores, deve ter lugar de destaque nesta terapêutica. As Pentamidinas, por sua vez, têm

poder curativo inferior ao do Glucantime®, além de sua maior toxicidade.

Por considerar que a quimioterapia para a Leishmaniose está longe de ser satisfatória,

Albanese et al. (1989) trataram a forma cutânea com um agente antifungal, o Itraconazole oral

(Ketoconazole). Os autores julgaram quimioterapia eficaz, além de assinalar ausência de

efeitos colaterais. Saenz et al. (1990), testando a mesma droga contra a Leishmania

braziliensis, equipararam a eficácia desta droga com a do Pentostan® e confirmam os

resultados obtidos por Albanese et al. (1989).

A infiltração do Pentostan® diretamente na lesão já foi testada e considerada método seguro e efetivo de tratamento por SHARQUIE et al. (1988). O uso do Pentostan® em cápsulas de lipossomas no tratamento de animais de laboratório, infectados com Leishmania foi testado por

Alving et al. (1978), tendo mostrado eficácia 200 vezes maior que a do medicamento livre. A eficácia do Pentostan® é também maior, quando a droga é usada em combinação com a crioterapia superficial, como descrito por El Darouti e Al Rubaie (1990).

Desde a introdução dos antimoniais na terapêutica das leishmanioses, inúmeros estudos vêm

sendo realizados para se estabelecer o melhor esquema terapêutico. Ainda hoje, a eficácia

(26)

BASSIOUNY et al., 1982; OSTER et al., 1985; DAN et al. , 1986; CONVIT et al. ,1987;

SAENZ et al., 1990; RODRIGUEZ et al., 1990; RZANY et al., 1990; GUDERIAN et al., 1991;

MARTINEZ e MARR, 1992; HERWALDT e BERMAN, 1992; SOTO-MANCIPE et al., 1993;

HEPBURN et al., 1994; OLIVEIRA NETTO et al. ,1997; SALDANHA et al., 1999). Portanto,

apesar da existência de tratamento, a quimioterapia para leishmaniose, não é ainda

satisfatória. Existem, hoje, vários fármacos e esquemas terapêuticos em teste, inclusive

ensaios de vacinação conjugados à terapêutica (FURTADO 1974; ALVING et al. ,1978;

MAYRINK et al., 1991; OSTER et al., 1985; SHARQUIE et al., 1988; ALBANESE et al.,

1989; ELDAROUTI e ALRUBAIE, 1990; SAENZ et al., 1990; MARTINEZ e MARR,

1992; SOTO MANCIPE et al., 1993; GENARO et al., 1996; PINTO, 2001).

As drogas e os esquemas terapêuticos são variáveis e sem concordância, (OSTER et al., 1985;

SOTO-MANCIPE et al., 1993; MARTINEZ e MARR, 1992; HERWALDT e BERMAN,

1992; GUDERIAN et al., 1991; RODRIGUEZ et al., 1990; RZANY et al., 1990; SAENZ

et al., 1989; DAN et al., 1986; BASSIOUNY et al., 1982; FURTADO, 1974; CONVIT et

al., 1987). Um esquema terapêutico que merece menção pelos seus bons resultados é o

desenvolvido pelo Dr. Paulo de Araújo de Magalhães (SUCAM-MG) para o uso do

Glucantime®, onde se usou 17 mg/Sb/Kg (equivalente a 1 mL da solução comercial por 5Kg

de peso), por via intramuscular, em séries de dez dias, com intervalo de dez dias entre cada

série, até a cura clínica do paciente. Dentro do esquema citado, deve-se notar que a dose diária

máxima injetável não deve ser superior a 10 mL, independentemente do peso do paciente e

que o número de séries deve variar de acordo com a resposta ao tratamento. As recaídas nos

casos tratados com o antimônio são raras e não passíveis de previsões, como constataram

(27)

Desde a década de 70, métodos imunoterápicos têm sido estudados no Ambulatório Paulo

Araújo de Magalhães, situado o município de Caratinga segundo Mayrink et al. (1991). A

imunoterapia é uma alternativa terapêutica promissora para o tratamento das leishmanioses,

tendo sido introduzida por Row (1912) e logo abandonada, dada a eficácia do tártaro emético,

introduzido por Gaspar Viana na mesma época. Em 1939, Salles-Gomes utilizou um extrato

antigênico de promastigotas obtidas a partir da cultura de fragmentos das lesões dos pacientes

com Leishmaniose, forma cutânea para tratar casos de LTA. O autor obteve resultados

significativos nos casos em que empregou a via endovenosa.

Em estudos de Mayrink em 2002, observamos que a associação do antimônio com a vacina

(imunoquimioterapia) induziu semelhantes índices de cura do tratamento padrão, e com a

vantagem de reduzir a dosagem e o tempo de uso do antimônio trabalho submetido à Vaccine

conseqüentemente reduzindo os efeitos colaterais.

Uma vez que pouco se conhece sobre o mecanismo de ação destes esquemas terapêuticos, nos

propusemos, nesse trabalho, a analisar, antes e após o tratamento, o perfil fenotípico de

células mononucleares da lesão e do sangue de pacientes, na expectativa de se obter

informações sobre a resposta imune induzida nos indivíduos portadores de LTA, tratados por

quimioterapia (Glucantime®), por imunoterapia (Leishvacin®) e imunoquimioterapia

(associação de Glucantime® com Leishvacin®).

No ambulatório de leishmanioses, que funciona há trinta e dois anos no município de

Caratinga, MG, com a assistência técnico-científica do Departamento de Parasitologia do ICB

(28)

Relatório Caratinga 1989-1992). Na década de 1980, foram desenvolvidos estudos visando

obter uma conduta alternativa para a terapêutica da LTA, com o objetivo primeiro de

solucionar aqueles casos em que a metodologia clássica era inadequada e, depois, para

oferecer um avanço no tratamento da LTA.

Michalick et al. (1987) apresentaram resultados de imunoterapia, utilizando a vacina descrita

por Mayrink et al. (1979) aplicada por via subcutânea, no tratamento das formas cutânea e

cutâneo-mucosa - 22 casos: 18 forma cutânea e 4 da forma cutâneo-mucosa. Foi observado

77,7% de cura para casos de lesões cutâneas e 75,0% para lesões mucosas. Em outro ensaio

clínico, relatado por Hermeto et al. (1992), o índice de cura atingiu 95%.

Convit et al. (1987), utilizando como antígeno promastigotas mortas de L. m. mexicana,

associadas ao BCG, trataram 52 pacientes portadores da forma cutânea. A taxa de cura obtida

foi de 94,23%. Esta taxa de cura foi semelhante àquela obtida pelos autores que utilizaram a

quimioterapia convencional com Glucantime® em 42 pacientes, 95,24%.

Mayrink et al. (1991), relatam o sucesso terapêutico, com a percentagem de 75,8%, no

tratamento de 62 pacientes portadores da forma cutânea, utilizando como agente

imunoterápico, a vacina desenvolvida por Mayrink et al. (1979) associada ao Glucantime ®.

O uso da quimioterapia associada a imunoterapia tem demonstrado em alguns casos ser

efetiva no tratamento de pacientes com Leishmaniose difusa (MAYRINK et al., 1992;

SILVEIRA e MAYRINK, 1993).

A imunoterapia combinada com BCG, primeiramente realizada por CONVIT e colaboradores

(29)

obtidos através do tratamento padrão com Glucantime®.

Entretanto, cabe ter em vista que as drogas in casu estão longe de serem ideais para a

terapêutica da Leishmaniose, já que os resultados obtidos por diversos pesquisadores, são

contraditórios e variações do esquema têm levado a registros de resistência ao uso dos

antimoniais com observações in vitro de diferentes níveis de sensibilidade das amostras de

Leishmania aos antimoniais pentavalentes como observa Grogl ( 1992).

Apesar de vários relatos comentando a eficácia do tratamento, a ausência de resposta aos

compostos antimoniais tem sido reconhecida como um sério problema clínico.

Segundo, ainda, Grogl (1992) acredita-se que fatores ligados ao hospedeiro, a aspectos

imunofisiológicos, ou ainda, ao parasita e a resistência à droga, inerente ou desenvolvida,

possam contribuir, separada ou associadamente, para a ineficácia da terapêutica.

1.4 Critério de cura e histopatologia

O melhor esquema terapêutico, a falta do melhor critério de cura é um ponto ainda bastante

controverso no tratamento da LTA. A completa cicatrização da lesão, do ponto de vista

macroscópico, tem sido critério clínico de cura adotado por vários autores (CONVIT et al.,

1987; RAKCHEEV et al., 1989; MAYRINK et al., 1991; HERWALDT e BERMAN, 1992;

(30)

Contudo, o critério clínico pode ser falho. Este caráter falaz do critério de cura foi relatado

por D'ultra e Silva (1915) que, nas observações dos primeiros pacientes com leishmaniose,

tratados pelo tártaro emético, observou que a cicatrização das lesões poderia não ser indício

de cura completa. Este autor considera que enquanto houver exuberância do tecido cicatricial

haverá possibilidade de recidiva. Schubach et al. (1987), reforçam a afirmação de D’ultra e

Silva relatando um caso de leishmaniose, de 1979 em que tendo sido tratado com 75 doses de

antimônio pentavalente, oito anos após a cura, teve na cultura de material colhido na cicatriz,

resultado positivo para Leishmania sp. Os autores concluíram que tal informação pode ser de

grande importância para o entendimento da relação parasito-hospedeiro e do próprio critério

de cura. Neste contexto, o encontro do parasito na mucosa nasal íntegra, em pacientes com

lesão cutânea, tem sugerido um estado de equilíbrio local entre o parasito e o hospedeiro,

(GUERRA et al. 1985).

Guerra et al. (1985) não encontraram parasitos no exame histológico e no de impressão do

material colhido na mucosa nasal de 13 indivíduos da área rural endêmica para LTA, que

apresentavam IRM positiva. Estes indivíduos, no entanto, não apresentavam história de LTA.

O teste de Montenegro (TM) ou intradermorreação de Montenegro (IRM) traduz a resposta de

hipersensibilidade celular tardia e é um importante instrumento diagnóstico de LTA, uma vez

que é comum a escassez de parasitos nas lesões, o que torna difícil o diagnóstico

parasitológico. A IRM positiva em indivíduos procedentes de área endêmica de LTA exige

um diagnóstico diferencial, com relação a outros testes diagnósticos, uma vez que poderia se

tratar de um caso de infecção subclínica (GUERRA et al, 1985). Estes achados têm sido

evocados para sustentar a hipótese de infecções subclínicas, provavelmente devido a um

(31)

positividade da IRM segundo Pessoa e Pestana (1941).

A ruptura de tal equilíbrio condicionaria o aparecimento das lesões. Segundo estes autores a

IRM positiva em indivíduos sem lesões e/ou cicatrizes compatíveis com Leishmaniose é

atribuído às formas abortivas da Leishmaniose que não deixam vestígios na pele, mas são

suficientes para tornar os pacientes imunes.

Marsden et al. (1986) relataram um caso da forma mucosa da Leishmaniose causada pela

Leishmania braziliensis braziliensis, após tratamento pelo Pentostan® (durante 85 dias com

dose diária de 20mg/Sb). Trinta e um meses depois do tratamento, ao exame clínico do nariz e

da boca evidenciou-se sinais de reincidência. A inoculação em hamster, de macerado do

fragmento da mucosa obtido deste indivíduo resultou no isolamento do parasito. Os autores

concluem, que alguns pacientes não chegam à cura parasitológica, apesar da terapêutica haver

sugerido a cura clínica. Outro estudo realizado pelo mesmo grupo Marsden et al. (1977)

confirmou o isolamento de amastigotas na mucosa nasal, aparentemente normal, de pacientes

portadores de leishmaniose cutânea. Outro relato, ainda, foi apresentado por Schubach (1990),

que isolou Leishmanias de material colhido em cicatriz de pacientes, após oito anos de cura

clínica. Baseado no exposto, constata-se que após longo tempo da cura clínica, pode haver

reativação da lesão e que, em outros casos, mesmo com a constatação de cura clínica, ainda

evidencia-se a presença do parasito (PESSOA e BARRETO, 1948; NADIM, 1984; e NETTO

et al., 1986).

Um dos poucos estudos realizados com o objetivo de determinar o provável mecanismo de

permanência do parasito é o de Bogdan et al. (2000), que mostram que a persistência do

(32)

autores mostram que, em 40% dos casos, a persistência do parasito estava associada com

Leishmanias em fibroblastos de camundongos.

O critério de cura, adotado por Sampaio et al. (1988) em casos da forma mucosa tratados com

Pentamidina, foi a cicatrização das lesões com ausência de amastigotas, verificada por meio

de biópsia após o tratamento. Na avaliação da ação do Allopurinol no tratamento da LTA,

Martinez et al. (1992) aceitaram como critério de cura a completa cicatrização da lesão; o

desaparecimento dos sinais da inflamação e a cultura negativa de material obtido da cicatriz

três meses após o tratamento. O critério de cura definitiva, segundo esses autores, constitui-se

pelo acompanhamento do paciente por um ano, sem a ocorrência de reativação. No entanto,

estes são procedimentos complexos e laboriosos para aplicação em estudos de grandes

populações, onde apenas critérios clínicos e sorológicos são passíveis de aplicação prática no

controle de cura da LTA segundo Llanos et al. (1982).

O estudo histopatológico da leishmaniose tegumentar surgiu com a identificação da doença no

Brasil. Vários autores (AZULAY et al., 1960; MAGALHÃES et al., 1980; AZOUGUE et al.,

1983; MAGALHÃES et al., 1993), desde então, vêem contribuindo significativamente para o

esclarecimento do perfil histopatológico das lesões, estabelecendo padrões morfológicos da

doença.

O quadro histopatológico varia desde um infiltrado inflamatório de células mononucleares e

neutrófilos até reações granulomatosas com ou sem necrose segundo Bittencourt e Barral

(1991).

(33)

tegumentares como essencialmente o mesmo nas suas diversas variedades observadas em

diferentes partes do mundo. Para Azogue (1983), aquele aspecto não se modifica no curso

evolutivo da lesão. Não obstante, Magalhães et al. (1980), em seus estudos de LTA nas

regiões Amazônica e Centro-Oeste, demonstraram diferenças clínicas e histopatológicas

distintas, numa e noutra região. No entanto, a histopatologia avaliada durante o processo de

cura na LTA está ainda pouco estudada, e que biópsias de lesões curadas mostraram-se ainda

com abundante infiltrado celular, embora sem parasitos segundo Magalhães et al. (1993).

Em estudos anteriores, Botelho et al. (1998) avaliaram histopatologicamente lesões de casos

humanos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), antes e após o tratamento, com

diferentes métodos terapêuticos. Neste estudo, foi avaliado o padrão histopatológico da

cicatriz, 30 dias após as seguintes modalidades terapêuticas: Leishvacin® + Glucantime®;

Leishvacin® + BCG e, 15 dias depois da aplicação do Glucantime®; Leishvacin® + BCG e

Glucantime® de pacientes da região do município de Caratinga – M.G com diagnóstico

comprovado para LTA (esfregaços por aposição e, ou Teste Montenegro). Destes pacientes

foram colhidos fragmentos das lesões, através de biópsias, antes, durante e 30 dias após o

encerramento do tratamento com diagnóstico clínico de cura. Após análise das biópsias antes

e depois do tratamento, foi criada uma "classificação" com doze momentos da inflamação,

nomeados de acordo com a predominância e significância dos fenômenos alterativos,

exsudativos e produtivos-reparativos. Com esta “classificação”, mostrou-se com maior

clareza, o momento inicial e final da lesão, descrevendo-se, assim, o quadro histopatológico

da lesão antes do tratamento e após, quando o clínico considerou o paciente curado. A

“classificação” adotada no trabalho em questão teve por finalidade, exclusivamente, verificar

a evolução de cura das lesões, a partir dos primeiros momentos do tratamento até a cura

(34)

Demonstrou-se, com este estudo sistemático, que a avaliação histopatológica da cicatriz é de

grande importância para a análise da cura pois, após a análise dos fragmentos de lesões,

observou-se que o quadro histopatológico apresentado antes (AT) e depois do tratamento

(DT) nem sempre correlacionava-se com a cura anátomo-clínica. Ou seja, em alguns casos,

mesmo após o tratamento e com o paciente considerado clinicamente curado, as lesões

dérmicas continuam em atividade com a persistência do processo inflamatório, apesar da

epitelização da cicatrização.

Portanto, nem sempre o critério de cura histopatológica e clínica coincidem, uma vez que o

clínico pode considerar cura, uma cicatrização da úlcera. Todavia, nesta mesma cicatriz o

patologista por vezes observa fenômenos exsudativos. O mesmo, conforme já referido, pode

ser observado pelo parasitologista, pois mesmo na cicatriz, já se encontrou parasitos após

análise em cultura (BOTELHO et al. 1998).

Os autores acreditam que, o critério de cura ideal, deve considerar os conceitos de cura

clínica, histopatológica e parasitológica em conjunto.

1.5 RESPOSTA IMUNE

A infecção experimental de camundongos com promastigotas de Leishmania major talvez

seja o melhor modelo estudado da infecção. Algumas cepas de camundongos (C57BL6, C3H,

(35)

auto-limitante e a cura foi determinada pela resolução da infecção mediada por células do tipo Th1, predominando a produção de IFNγ. Em contraste, uma outra cepa de camundongo, BALB/c, quando infectados por L. major, desenvolve uma resposta do tipo Th2, com progressão da

infecção, e a principal citocina produzida é a IL-4. A IL-4 é produzida pelos linfócitos T

CD4+, sendo responsável pela susceptibilidade ao parasito e progressão da doença. segundo

Rogers et al. (2002).

Estudos clínicos e experimentais mostram que a resposta imune celular específica é necessária

para a cura e proteção contra a doença e que fatores ligados ao vetor, ao parasito e ao

hospedeiro, definem, em conjunto, a evolução da infecção e as dificuldades em se controlar o

avanço da doença (SACKS e PERKINS 1984 e 1985; DA SILVA e SACKS ,1987; LIEWS e

O’DONNEL, 1992).

Estudos in vitro e in vivo demostraram que as citocinas presentes no início do processo de

resposta imune são determinantes na diferenciação das células precursoras Th0 em Th1 ou

Th2 (O’GARRA e MURPHY, 1994).

O avanço do conhecimento das diferentes formas de leishmaniose foi possível através do uso

de cepas isogênicas, de camundongos susceptíveis ou resistentes a várias espécies de

Leishmania. Sabe-se, hoje, que quando um camundongo é infectado por alguma espécie de Leishmania, basicamente, duas situações distintas podem acontecer, dependendo da

constituição genética do animal. No animal geneticamente resistente, ocorre a indução preferencial de uma subpopulação de linfócitos T CD4+, que produzem interferon-γ (INF-γ) e interleucina-2 (IL-2). Esta população, denominada Th1, ou do tipo 1, é capaz de ativar os

(36)

macrófagos pela síntese de INFγ, levando os mesmos a destruírem os parasitos através de um aumento da produção de radicais de oxigênio, principalmente do óxido nítrico. Além disso, o INF-γ induz os macrófagos a produzirem IL-12, que por sua vez, atua sobre os linfócitos e sobre células “Natural Killer” (NK) aumentando a produção de INF-γ num mecanismo de ampliação da resposta (MOSSMANN e COFFMAN, 1989). Ghalib et al. em 1995,

observaram que a IL-12 interage com as células T e NK e tem um papel central no estímulo e manutenção da resposta Th1 através da produção do INF-γ. A estimulação das células NK é responsável pelo início da diferenciação de células Th1 na leishmaniose e no controle da

resistência inicial a infecção por L. major (SCHARTON-KERTSEN e SCOTT, 1993). Tem

sido demonstrado, também, que células T CD8+ desempenham papel importante na redução

da proliferação de L. major em camundongos infectados segundo os autores (MILLON et al.

1986; MILLON e LOUIS 1993).

Nos animais geneticamente susceptíveis, predominam as células da sub-população Th2, cujos

linfócitos produzem, preferencialmente, IL-4 e IL-10, inibindo assim, a ativação dos

macrófagos.

Kane et al. (2001) mostraram que a IL10, produzida por macrófagos infectados, diminui a produção de IL-12 e TNFα, confirmando, in vitro, que este tipo de resposta favorece o parasito e permite a sua sobrevivência dentro dos macrófagos.

Existem, todavia, resultados controversos sobre o papel das citocinas na evolução das leishmanioses. Diversos estudos, in vitro e in vivo, mostraram que o INF-γ, produzido por células Th1, apresenta função efetora contra Leishmania de acordo com os autores

(37)

doses de INF-γ a camundongos susceptíveis BALB/c, após infecção experimental com L.

major e não observaram quaisquer modificações na evolução da doença nestes animais.

Estudos de (COUTINHO et al. 1984; CARVALHO et al., 1985; MENDONÇA et al., 1986;

CONCEIÇÃO-SILVA et al., 1990 e PIRMEZ et al., 1990), mostraram que a imunidade

celular desempenha um papel importante na cura das leishmanioses tegumentares. Esses

estudos nos permitem compreender melhor os mecanismos de imunorregulação nas

leishmanioses, a partir de infecções experimentais. Vários estudos sugerem que a imunidade

mediada pelos linfócitos T pode ser responsável pela resolução da lesão, por ativação de

macrófagos com morte dos parasitos ou pelo agravamento das lesões com a inibição da

função dos macrófagos (BERTHO et al., 2000).

A cura estaria relacionada com o perfil Th1 e a susceptibilidade à doença ao desenvolvimento

de resposta do tipo Th2. Tal dicotomia existente entre a resposta imune protetora ou não,

provavelmente, se encontra sob a influência dos padrões de citocinas produzidas pelas

diferentes subpopulações de linfócitos, sobretudo, durante a fase inicial da doença segundo

Mendonça et al. (1995). Sub-populações de células T CD4+, são também, encontradas em

humanos. No Homem, ocorre a combinação das respostas tipo 1 e 2 (Th1 e Th2), com

predomínio de um dos tipos, dependendo da manifestação da Leishmaniose (tegumentar,

cutânea ou difusa) (ROMAGNANI, 1991).

Para Esterre et al., (1992) a interação do parasito com o sistema imune do hospedeiro é

complexa. O mecanismo da resposta imune celular, envolvendo interações entre linfócitos T e

macrófagos, é considerado de grande importância na imunorregulação da Leishmaniose

(38)

As técnicas de imunoistoquímica, usando anticorpos monoclonais, nos permitem investigar,

diretamente na lesão, as células presentes no infiltrado inflamatório e associá-las às

observações clínicas e histopatológicas.

Alguns autores como Kenner et al (1999) utilizaram a imunoistoquímica (IHC) para

identificar Leishmanias em tecidos fixados, já que o diagnóstico definitivo se faz com a

observação do parasito. Estes autores consideraram a IHC, utilizando o anticorpo monoclonal

anti-Leishmania – G2D10 - para identificação do parasito, melhor, quando comparada com o

método convencional de hematoxilina-eosina (HE). Isto, porque os parasitos podem ser

identificados mais facilmente e em menor aumento (X20-40) na imunoistoquímica (IHC), do

que no HE, que necessita do uso da objetiva com óleo de imersão, além de muita experiência

por parte do patologista.

A IHC e histopatologia lesões de pacientes com Leishmaniose Cutânea Localizada (LCL),

causada por Leishmania panamensis na Colômbia, foram utilizadas para análise de biópsias

de pele congeladas em nitrogênio líquido. Os autores caracterizaram fenotipicamente as

células do infiltrado inflamatório e concluíram que as células, nas lesões destes pacientes,

possuíam marcadores de ativação apropriados para uma resposta imune, além de sinais

acessórios para a célula imunocompetente efetuar uma resposta com eliminação dos parasitos

(ISAZA et al., 1996). Na caracterização das células do infiltrado inflamatório de lesão de

LTA, por imunoistoquímica descrita por Lima et al. (1994), os autores encontram 37 % de

células T e 2,3% de células B. Já Vieira e et al. (2002) registramque as células T são mais

freqüentes (34,8%) que macrófagos CD68+ (21,6%) do que células B CD20+ (10,3%).

ISAZA et al. em 1996 relatam a presença de 31% de células T CD8+ e 23% de células T

(39)

Na análise do infiltrado inflamatório, antes do tratamento Gaafar e colaboradores (1999)

encontram um número maior de células T CD8+ nas lesões analisadas, antes do tratamento,

quando comparada à lesão durante a cura. Coutinho et al. (2002) citam uma proporção similar

em termos de células T CD4+ e de células T CD8+ no infiltrado inflamatório sendo que, após

o tratamento, ocorre um aumento de células CD8+ e uma redução das células CD4+.

O estudo do infiltrado inflamatório em lesões de leishmaniose, feito por Amaral e

colaboradores (2000) em macacos, revela um percentual de 17,5% de células T CD4+ e 30%

de CD8 antes do tratamento contra 18,7% de CD4 e 23% de CD8 após a cura.

Castes e colaboradores (1983), após caracterizarem a resposta celular imune na LCL

consideraram necessário estudar, em maior detalhe, a resposta celular, para esclarecer melhor

os mecanismos de resistência e patologia desta doença.

A infecção por Leishmania é caracterizada por um espectro de fenótipos, resistentes ou

susceptíveis, que são dependentes da resposta imune associada à atividade de linfócitos. Estes

fenótipos foram amplamente estudados em camundongos, são poucos os estudos voltados

para a infecção humana. (LIEW ,1990; CABRAL et al., 1992; PERSON e SOUSA, 1996).

Coutinho et al. (1998) e Da-Cruz et al. (1994 e 2002), analisando células mononucleares do

sangue periférico (PBMC) de pacientes de área endêmica de leishmaniose cutânea,

estimuladas com antígenos de promastigotas de L. braziliensis, antes e após tratamento com

antimônio, relatam um aumento de linfócitos T CD8+ e diminuição das células T CD4+ e da razão CD4/CD8. Também foi observado aumento do IFNγ depois do tratamento. Por outro

(40)

lado, Ajdary et al. (2000), estudando PBMC estimuladas com antígenos de Leishmania de

pacientes com leishmaniose cutânea, relatam ter encontrado valores similares de células

CD4+ em pacientes com lesão ativa e pacientes já curados, em contraste com os estudos de

Coutinho et al. (1998) E Da-Cruz et al. (1994 e 2002).

Linfócitos T CD8+ também apresentam papel importante na resposta imune, levando à cura

da Leishmaniose em camundongo como ensina (BERTHO et al., 1994; MULLER et al., 1993). Estes linfócitos ativados por antígenos produzem IFNγ e podem ter efeito citolítico para macrófagos para os autores (MULLER et al., 1993; CONCEIÇÃO-SILVA et al., 1994). Young E Hardy (1995) mostraram que, dentre os seus diversos efeitos, o IFNγ e o TNFα atuam como os principais estimuladores de macrófagos, ativadores de células “Natural Killer”

(NK) e da diferenciação de linfócitos T e B. Segundo Junior et al. (2002), os níveis iniciais de TNFα foram semelhantes antes da terapia, com antimoniais diminuindo, significativamente, após o tratamento.

As células NK também são decisivas na resposta de cura e eliminação dos parasitos pela sua capacidade de produção de IFNγ e pela sua capacidade citotóxica contra macrófagos infectados com Leishmania segundo os autores (LASKAY et al., 1995; MAASHO et al.,

1998; SALAIZA-SUAZO et al., 1999).

A análise celular local e sistêmica, feita por Esterre e colaboradores em 1992, considerando a

lesão e o PBMC, revelou no tecido uma razão CD4/CD8 (1,05) menor do que no sangue

(1,48). Em análise semelhante, Castes et al. 1998 encontraram 43,5% de células T CD4+ no

sangue e 38,9% delas na lesão; 23,8% de células T CD8+ no sangue e 33,5% no tecido. Já a

(41)

O mecanismo imune envolvido no processo de cura pode ser provavelmente diferente em

cada tipo de tratamento. Células de pacientes tratados com a associação de Glucantime®® e Leishvacin® produzem, significativamente, menos INFγ in vitro do que aquelas de pacientes tratados apenas com Glucantime®. A interleucina 12 estimula a produção de INFγ por NK e células T (PRUSSIN e METCALFE, 1995) e está envolvida na resistência à infecção pela

Leishmania (BACELLAR et al., 1996; MATTNER et al., 1996). A interleucina 10 diminui

depois do tratamento por imunoquimioterapia, quando comparada com quimioterapia. PBMC

de pacientes não tratados, em resposta a antígenos específicos, apresentam maior número

células T CD4+. Entretanto, depois do tratamento de grupos distintos por quimioterapia ou

imunoquimioterapia,a razão CD4/CD8 diminuiu em ambos os grupos indicado pelo aumento

de células T CD8+ nos dois grupos como ensina Toledo et al. ( 2001).

Vários estudos foram conduzidos, tanto em modelo experimental como em seres humanos, no

intuito de se conhecer melhor as leishmanioses e assim poder atuar com mais eficiência no

seu controle. O material experimental tem a vantagem de permitir o controle de variáveis que

interferem no processo, além de permitir o planejamento para colheita do material. Não

obstante, os resultados obtidos nem sempre podem ser extrapolados para o Homem. Assim

sendo, os estudos em humanos adquirem especial importância.

Os mecanismos envolvidos na resposta imune de portadores de LTA não estão claramente

elucidados. Sabe-se que o sistema imunológico do Homem é capaz de desenvolver tanto

resposta celular como humoral durante a infecção por Leishmania. Contudo devido às

(42)

Além disso, esse trabalho se justifica também pela necessidade de buscarmos indicadores de

cura por terapêutica. Em trabalho anterior, vimos que Botelho (1998) utilizando análises

histopatológicas de biópsias de lesão e de cicatriz pós-tratamento de pacientes atendidos no

Ambulatório Paulo Araújo de Magalhães, mostrou a permanência de um infiltrado

inflamatório nas cicatrizes de pacientes clinicamente curados.Este estudo sugere, que mesmo

após a cura clínica, ainda ocorre inflamação no local da lesão, que pode estar relacionado à

(43)

2 JUSTIFICATIVA

Através de análise histopatológica, realizada em fragmentos de lesões antes e após o

tratamento de pacientes com LTA, submetidos a quatro diferentes esquemas terapêuticos,

mostramos que em alguns pacientes, mesmo após o tratamento e com diagnóstico de cura

anátomo-clínica, as lesões dérmicas continuaram em atividade, apesar da epitelização

resultante da cicatrização segundo Botelho et al. (1998). O critério de cura histopatológica,

quando comparado à cura anátomo-clínica, não coincidiu da mesma forma para cada um dos

grupos estudados. Apesar do processo de cicatrização ser o mesmo nos diferentes tratamentos,

nem sempre os critérios de cura coincidem.

O clínico considera cura anátomo-clínica, a completa cicatrização da úlcera. Todavia, o

patologista, por vezes, nesta mesma cicatriz observa fenômenos exsudativos. A persistência

de algumas espécies de Leishmanias por longos períodos no hospedeiro é um fato comum

(VILLELA et al. 1939; SCHUBACH et al. 1987 e 1998; AEBISCHER, 1994), despertando

grande interesse de imunologistas.

Acredita-se que a persistência do parasito em lesões consideradas clinicamente curadas seria

responsável por metástases em mucosa ou reativação da lesão, nos casos em que o hospedeiro

torna-se imunodeprimido por doença ou medicamento conforme os autores (COURA et al.,

1987; ROSSELL et al., 1992; AEBISCHER, 1993 e 1994; RAMÍREZ e GUEVARA, 1997;

(44)

Schubach et al. (1987), analisando biópsias de tecidos, mostraram a presença de parasitos em

cultura de tecido da cicatriz de pacientes considerados clinicamente curados. No mesmo ano

(1987), estes autores estudaram 33 biópsias de cicatrizes de vários pacientes clinicamente

curados e encontraram 3,2% de culturas positivas em meio NNN.

Utilizando-se da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em fragmentos de biópsias de

cicatrizes de pacientes curados (de 1 mês a 8 anos após o tratamento) detectou-se ainda DNA

de Leishmania, (SCHUBACH et al., 1998). Estes mesmos autores, em 1998, encontraram

parasitos nas biópsias de cicatrizes de dois pacientes com cura clínica há mais de 8 anos,

sendo que, em um dos casos, foi possível demonstrar a viabilidade dos parasitos através de

infecção de hamster. Em um estudo onde se avaliou a persistência do parasito em lesões

clinicamente curadas de pacientes com leishmaniose tegumentar, em 31 pacientes com cura

clínica variando de 1 a 11 anos, foi detectado, por PCR em biópsias de cicatrizes, a presença

de DNA do parasito em 93,5% dos indivíduos para Mendonça (2000). Vários trabalhos

utilizando PCR vêm demonstrando uma elevada percentagem de positividade em biópsias de

cicatrizes muitos anos após a cura (HADDAD et al., 1996; SCHUBACH et al. ,1998;

PIRMEZ, 2000).

A persistência da presença do parasito nos leva a pensar numa possível falha na detecção da

cura do paciente. Este caráter falaz foi relatado por D'ultra e Silva (1915) nas observações dos

primeiros pacientes com leishmaniose, tratados pelo tártaro emético, quando chamaram a

atenção para o fato de que a cicatrização das lesões pode não ser indício de cura completa.

Schubach et al. (1987) confirmaram esses achados, relatando um caso de leishmaniose,

tratado em 1979 com 75 doses de antimônio pentavalente, em que, oito anos após a cura, teve

(45)

Existem novas avaliações a respeito da importância epidemiológica do Homem como

reservatório potencial. Nos casos de persistência do parasito após a cura clínica em pacientes

que migraram para áreas onde previamente, não existia a doença, mas que apresente uma

grande população de flebotomíneos segundo os autores (AEBISCHER , 1994; MARZOCHI ,

1994; SCHUBACH et al., 1998). Outras considerações são aquelas relacionadas à

transmissão em áreas não endêmicas por transfusão sangüíneas ou através de doação de

órgãos como salienta Ramírez e Guevara (1997).

Por se tratar de uma doença que potencialmente pode gerar lesões graves, destrutivas e

incapacitantes, o possível encontro de parasitos em pacientes clinicamente curados para

leishmaniose, além de fornecer subsídios para uma melhor compreensão da relação

parasito-hospedeiro, poderá ajudar a identificar indivíduos com risco de apresentar recorrência da

doença, quando em situações de imunossupressão. Como mencionado acima, este tipo de

estudo tem ainda grande importância epidemiológica quando se avalia transmissão.

Novas pesquisas são necessárias para determinar a real importância da persistência do

parasito em cicatrizes cutâneas na transmissão da doença, na patofisiologia da forma mucosa

da leishmaniose e nas recidivas.

O estudo da imunidade celular e molecular poderá permitir uma melhor avaliação da cura do

paciente, após análise comparativa e associativa do perfil das células mononucleares do

sangue periférico, com os da lesão e da cicatriz de fragmentos de pele de pacientes com LTA.

O perfil imunofenotípico corrobora para a compreensão do desempenho do sistema imune do

(46)

citados por vários autores (VILELA et al.,1939; FURTADO, 1968; NADIM, 1984;

WEIGLE et al.,1985; NETO et al., 1990; SARAIVA et al., 1990). Os dados adquirem ainda,

especial importância, por se tratar de material humano, cujos resultados são a expressão dos

fenômenos ocorridos naquele momento, dispensando correlações interespécies.

Considerando o exposto, acredita-se que o estudo da resposta imune humana analisada pelo

sangue periférico e sua correlação com os achados imuno-histopatológicos contribuirá para o

entendimento da evolução da doença em indivíduos submetidos aos diferentes tratamentos e

(47)

3 OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

Identificar os fenótipos das populações celulares do exsudato inflamatório nas lesões de

pacientes com LTA antes do tratamento e nas cicatrizes após diferentes tratamentos,

associados aos estudos fenotípicos das células sanguíneas.

3.2 Objetivos Específicos

• Caracterizar a população estudada, quanto à idade, ao sexo e a diagnósticos positivos para LTA;

• Confirmar a cura clínica e parasitológica através da pesquisa do DNA do parasito em biópsias de tecidos das lesões dos pacientes com LTA, antes e após o tratamento,

através da Reação em Cadeia da Polimerase – PCR;

• Avaliar, através de imunoistoquímica, a percentagem de células CD3+, CD4+, CD8+, CD20+, CD16+, CD57+, CD14+, CD68+ e as razões CD3/CD4, CD3/CD19 nas

(48)

• Avaliar, através de citometria de fluxo, a percentagem de células CD3+, CD4+, CD8+, CD19+, CD16+CD56+ e as razões CD3/CD4, CD3/CD19 nas subpopulações de

células mononucleares do sangue periférico de pacientes com LTA, antes e após

diferentes tratamentos;

• Comparar os percentuais das populações e subpopulações de células mononucleares do sangue periférico, com as presentes no exsudato inflamatório de lesões de LTA,

(49)

4 POPULAÇÃO ESTUDADA, MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Grupos de indivíduos tratados e de não infectados

Os pacientes participantes neste estudo, num total de 81 indivíduos, foram reunidos

aleatoriamente, ambos os gêneros, entre aqueles atendidos no ambulatório Paulo Araújo

Magalhães, no Município de Caratinga (MG), com diagnóstico de LTA. Como grupo

controle, foram avaliados moradores da mesma região, sem história clínica de LTA e com

sorologia negativa para leishmaniose. O critério de inclusão neste estudo foi a positividade

para o teste de Montenegro e, ou parasitológico para Leishmaniose e indicação de tratamento.

Estes indivíduos foram tratados quando apresentaram diagnóstico clínico para LTA,

confirmado por, pelo menos, um diagnóstico laboratorial: teste parasitológico ou teste de

Montenegro. Os indivíduos positivos foram divididos e submetidos a diferentes tratamentos:

Glucantime®, Leishvacin® e Glucantime® associado ao Leishvacin®. Alguns destes

pacientes foram tratados nos anos 1992 e 1993 (denominados de Grupo Antigo), os outros

(50)

4.1.1 Grupo de pacientes tratados com Glucantime® (Quimioterapia)

O Glucantime® foi administrado na dose diária de 1mL/5Kg/peso, sem exceder a dose de

10mL/dia, em séries de dez dias. A série foi repetida após o intervalo de dez dias até a cura

clínica. O período de 10 dias de tratamento e 10 dias de intervalo foi considerado como uma

série de tratamento.

4.1.1.1 Pacientes tratados em 2001/2002 (Grupo Recente)

Este grupo constituiu-se de dez pacientes tratados com o antimonial pentavalente (SbV) o

N-metilglucamine (Glucantime® da Rhodia, Santo André, SP) contendo 85 mg do antimonial

por mL, por via intramuscular profunda. O grupo compôs-se de três pacientes do sexo

feminino e sete do masculino, com a média de idade 29 anos; intervalo de 12 a 71 anos; com

lesões localizadas nos membros inferiores. O teste parasitológico para o diagnóstico foi

negativo em oito pacientes e o teste Montenegro foi positivo em nove pacientes. O tempo

médio da evolução da lesão, antes do tratamento, foi de 65 dias, com intervalo de 12 a 90

dias. Lesão única foi observada em seis dos pacientes deste grupo. O número de séries de

Glucantime® aplicadas aos pacientes variou de dois a oito, equivalentes a 40 a 160 dias de

tratamento.

4.1.1.2 Pacientes tratados em 1992/1993 (Grupo Antigo)

Referências

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