Alo´ısio de Menezes Vilas-Bˆ
oas
“Colora¸
c˜
ao de arestas semiforte de grafos split”
CAMPINAS
2015
Ana Regina Machado - CRB 8/5467
Vilas-Bôas, Aloísio de Menezes,
V71c VilColoração de arestas semiforte de grafos split / Aloísio de Menezes Vilas-Bôas. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.
VilOrientador: Célia Picinin de Mello.
VilDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Computação.
Vil1. Teoria dos grafos. 2. Coloração de grafos. I. Mello, Célia Picinin de,1950-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Computação. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Adjacent strong edge-coloring of split graphs Palavras-chave em inglês:
Graph theory Graph coloring
Área de concentração: Ciência da Computação Titulação: Mestre em Ciência da Computação Banca examinadora:
Célia Picinin de Mello [Orientador] Vagner Pedrotti
Orlando Lee
Data de defesa: 05-03-2015
Programa de Pós-Graduação: Ciência da Computação
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Instituto de Computa¸c˜ao Universidade Estadual de Campinas
Colora¸
c˜
ao de arestas semiforte de grafos split
Alo´ısio de Menezes Vilas-Bˆ
oas
105 de mar¸co de 2015
Banca Examinadora:
• Profa. Dra. C´elia Picinin de Mello (Orientadora) • Prof. Dr. Orlando Lee
Instituto de Computa¸c˜ao - UNICAMP • Prof. Dr. Vagner Pedrotti
Faculdade de Computa¸c˜ao - UFMS • Prof. Dr. Jorge Stolfi
Instituto de Computa¸c˜ao - UNICAMP (Suplente) • Profa. Dra. Sheila Morais de Almeida
Departamento Acadˆemico de Inform´atica - UTFPR (Suplente)
1Apoio financeiro: Bolsa CNPq (132194/2010-4)
Abstract
Let G be a simple graph. An adjacent strong edge-coloring of G is an edge-coloring of
G such that for each pair of adjacent vertices u, v of G, the set of colors assigned to the
edges incident with u differs from the set of colors assigned to the edges incident with
v. The adjacent strong chromatic index, denoted χ0a(G), of G is the minimum number
of colors required to produce an adjacent strong edge-coloring for G. This coloring was proposed by Z. Zhang et al. [38]. In the same article, the authors conjectured that every simple connected graph G with at least three vertices and G 6∼= C5 (a 5-cycle) has
χ0a(G) ≤ ∆(G) + 2. This conjecture is open for arbitrary graphs, but it holds for some classes of graphs.
In this dissertation, we present some results on adjacent strong edge-coloring. Then, we focus on split graphs. We prove the conjecture for some families of split graphs including split-complete graphs and split-indifference graphs. Moreover, we determine a necessary condition for split-complete graphs G to have χ0a(G) = ∆(G) + 1 and we determine the adjacent strong chromatic index for split-indifference graphs with a universal vertex. For a split-indifference graph G without universal vertices, we give conditions for its adjacent strong chromatic index to be ∆(G) + 1 and we conjecture that χ0a(G) = ∆(G) + 2, otherwise.
Resumo
Seja G um grafo simples. Uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G ´e uma colora¸c˜ao de arestas de G onde para cada par de v´ertices adjacentes u, v de G, o conjunto das cores atribu´ıdas `as arestas de u ´e diferente do conjunto das cores atribu´ıdas `as arestas de v. O ´ındice crom´atico semiforte de G, denotado por χ0a(G), ´e o menor n´umero de cores necess´ario para construir uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para G. Esta colora¸c˜ao foi proposta por Zhang et al. em 2002 [38]. Nesse mesmo artigo, os autores conjecturaram que todo grafo simples conexo G, G 6= C5, com pelo menos trˆes v´ertices possui χ0a(G) ≤ ∆(G) + 2. Esta conjectura conhecida como conjectura da colora¸c˜ao de arestas semiforte
est´a aberta para grafos arbitr´arios, mas ´e v´alida para algumas classes de grafos.
Nesta disserta¸c˜ao, apresentamos alguns resultados sobre a colora¸c˜ao de arestas se-miforte. Em seguida, focamos em grafos split. Provamos a conjectura da colora¸c˜ao de arestas semiforte para algumas fam´ılias destes grafos, dentre elas, os split-completos e os split-indiferen¸ca. Al´em disso, determinamos o ´ındice crom´atico semiforte dos grafos split-indiferen¸ca com v´ertice universal. Para grafos split-indiferen¸ca sem v´ertice univer-sal, exibimos condi¸c˜oes para que seu ´ındice crom´atico semiforte seja igual a ∆(G) + 1 e conjecturamos χ0a(G) = ∆(G) + 2 caso contr´ario.
`
A minha m˜ae, C´elia Maria.
Agradecimentos
- Agrade¸co `a Prof. Dra. C´elia pela orienta¸c˜ao impec´avel e por ser sempre compreen-siva e atenciosa inclusive em momentos de dificuldades pessoais minhas. Concluo o mestrado tendo a certeza de que tive muita sorte de tˆe-la como orientadora.
- Agrade¸co `a minha m˜ae C´elia Maria pelo exemplo de vida, de luta e de princ´ıpios. - Agrade¸co ao meu pai Marcelo pelo exemplo de car´ater e de perseveran¸ca na vida
acadˆemica.
- Agrade¸co ao meu irm˜ao Marcelo, pela cumplicidade em todos os desafios e conquis-tas de nossas vidas.
- Agrade¸co `a minha namorada Maiara, por todo o amor e paz que foram essenciais para tornar poss´ıvel a conclus˜ao deste trabalho.
- Agrade¸co ao meu primo Gustavo pelo exemplo de disciplina e pelos debates fi-los´oficos que tanto me fazem evoluir como pessoa.
- Agrade¸co a Esteban Rodriguez, Pedro Hokama e Priscila Biller pela amizade sempre dispon´ıvel.
- Agrade¸co aos amigos do CampinamB. pelas conversas e pela parceria que tanto nos ajuda no ambiente acadˆemico.
- Agrade¸co aos membros da banca por terem aceitado participar da avalia¸c˜ao deste trabalho.
- Agrade¸co ao CNPq pela bolsa de mestrado concedida no primeiro ano de pesquisa.
Sum´
ario
Abstract ix
Resumo xi
Dedicat´oria xiii
Agradecimentos xv
1 Introdu¸c˜ao 1
1.1 Defini¸c˜oes B´asicas . . . 1
2 Colora¸c˜ao de arestas semiforte 5 2.1 Colora¸c˜ao de arestas . . . 5
2.2 Colora¸c˜ao de arestas semiforte . . . 7
2.3 Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total . . . 11
2.3.1 Colora¸c˜ao expans´ıvel e colora¸c˜ao redut´ıvel . . . 12
2.3.2 Classes de grafos regulares . . . 18
3 Grafos Split 39 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 39
3.2 Colora¸c˜ao total de grafos split . . . 40
3.3 Colora¸c˜ao de arestas semiforte de grafos split . . . 42
3.3.1 Colora¸c˜ao de arestas semiforte de grafos split-completos . . . 50
3.3.2 Conclus˜ao . . . 55
4 Grafos split-indiferen¸ca 59 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 59
4.2 Colora¸c˜ao de arestas semiforte para grafos split-indiferen¸ca . . . 64
4.2.1 G ´e um grafo completo . . . 64 xvii
4.2.2 G ´e a uni˜ao de dois grafos completos G[A], G[B] tal que G[A] \
G[B] ∼= K1 . . . 65
4.2.3 G ´e a uni˜ao de trˆes grafos completos G[A], G[B] e G[C] de forma que G[A] \ G[B] ∼= K1, G[C] \ G[B] ∼= K1 e A ∪ C = V (G). . . . 77
4.2.4 G ´e a uni˜ao de trˆes grafos completos G[A], G[B], G[C] de forma que
G[A] \ G[B] ∼= K1, G[C] \ G[B] ∼= K1 e A ∩ C = ∅. . . . 99
5 Conclus˜oes 115
Referˆencias Bibliogr´aficas 117
Lista de Tabelas
3.1 Compara¸c˜ao entre χT(G) e χ0a(G) para grafos split-completos G. . . . 56
3.2 Tabela de cores para um grafo split G com ∆(G) = 8. . . . 56
4.1 χ0a(G) e χT(G) para G = (A0, AB, B0), |V (G)| ´ımpar . . . 77
4.2 χ0a(G) e χT(G) para G = (A0, AB, B0), |V (G)| par . . . . 77
4.3 Valores de |AB| e d para cada um dos casos. . . . 86
4.4 Para cada caso, λ(vivi+d) 6= |AB|. . . . 87
4.5 χ0a(G) e χT(G) para G = (A0, AB, ABC, BC, C0), |V (G)| ´ımpar . . . 99
4.6 χ0a(G) e χT(G) para G = (A0, AB, ABC, BC, C0), |V (G)| par . . . . 99
4.7 Lπ0(vi) para 0 ≤ i ≤ ∆(G) − 1 . . . 108
4.8 Lπ(vi) para 0 ≤ i ≤ ∆(G)−12 + 2p . . . 110
4.9 Lπ(vi) para ∆(G)−12 + 2p < i ≤ ∆(G) − 1 . . . 110
4.10 χ0a(G) e χT(G) para G = (A0, AB, B0, BC, C0), |V (G)| par . . . 113
4.11 χ0a(G) e χT(G) para G = (A0, AB, B0, BC, C0), |V (G)| ´ımpar. . . . 113
Lista de Figuras
1.1 Grafo simples G. . . . 2 2.1 Exemplo de grafo classe 1. . . 5 2.2 Exemplo de grafo sobrecarregado: C5 . . . 6
2.3 Exemplo de grafo Classe 2 n˜ao sobrecarregado: Grafo de Petersen . . . 6 2.4 Uma 4-colora¸c˜ao de arestas semiforte para G. . . . 7 2.5 Colora¸c˜ao de arestas semiforte de G e H. . . . 8 2.6 χ0a(G1) = ∆(G1); χ0a(G2) = ∆(G2) + 1; χ0a(G3) = ∆(G3) + 2. . . 9
2.7 χ0a(G1) = ∆(G1) + 1; χ0a(G2) = ∆(G2) + 2. . . 9
2.8 χ0a(C5) = 5 = ∆(C5) + 3. . . 10
2.9 Colora¸c˜ao de arestas semiforte de P5, C5, G e H. . . . 10
2.10 Uma colora¸c˜ao total redut´ıvel de G . . . . 13 2.11 Uma colora¸c˜ao total redut´ıvel de G. . . . 14 2.12 Uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G n˜ao expans´ıvel. . . 14 2.13 Uma colora¸c˜ao total de G n˜ao redut´ıvel. O conjunto associado a cada
v´ertice v representa o complemento do r´otulo de v. . . . 15 2.14 Uma 5-colora¸c˜ao de arestas semiforte para K3,3. O conjunto associado a
cada v´ertice v representa o complemento do r´otulo de v. . . . 15 2.15 O grafo K4,4e seus subgrafos H com arestas representadas por linhas s´olidas
e K com pontilhadas. . . . 17 2.16 Uma colora¸c˜ao total para o K4,4. . . 17
2.17 Colora¸c˜ao de arestas semiforte π para o C8. . . 19
2.18 Os blocos de C14. . . 20
2.19 Colora¸c˜ao de arestas semiforte π para C14. . . 20
2.20 Colora¸c˜ao de arestas γ0 para K6 e colora¸c˜ao de arestas γ para K4. . . 22
2.21 Grafo K5 com as cores atribu´ıdas por γ. `A direita, os complementos dos
r´otulos para v ∈ V (K5). . . 24
2.22 χ0a(C2
7) = 6 . . . 26
2.23 Exemplo de grafo jun¸c˜ao G1∨ G2. . . 27
2.24 Colora¸c˜ao σ para K5,5. . . 28
2.25 Colora¸c˜ao σ para K6,6. . . 28
2.26 As duas c´opias F e H de 2K2. . . 30
2.27 Colora¸c˜ao de arestas semiforte para 2K2∨ 2K2. . . 31
2.28 Colora¸c˜ao de arestas semiforte para o C4∨ C4. . . 31
2.29 Grafo K7,7 e Lσ(v), v ∈ V (K7,7). . . 32
2.30 Constru¸c˜ao parcial do grafo C7 ∨ C7 e o complemento do r´otulo de cada
v´ertice. . . 32 2.31 Constru¸c˜ao parcial do grafo C7 ∨ C7 e o complemento do r´otulo de cada
v´ertice. . . 33 2.32 Constru¸c˜ao final do grafo C7∨C7 e o complemento do r´otulo de cada v´ertice. 33
2.33 Emparelhamento multicolorido para K10. . . 35
2.34 Emparelhamento multicolorido para K12. . . 36
2.35 Emparelhamento multicolorido para K16. . . 36
3.1 Grafo split G = [Q, S]. . . . 39 3.2 Grafo split completo G = [Q, S] com |Q| = 4 e |S| = 4 e seu complemento G. 41 3.3 Grafos G = [Q, S], K|Q| e B. . . . 42
3.4 Grafo split G = [Q, S], |Q| ´ımpar e a colora¸c˜ao π. . . . 44 3.5 Grafo split G = [Q, S], |Q| par. e G[Q] colorido por γ. . . . 45 3.6 Grafo split G = [Q, S], |Q| par. e G[Q] colorido por γ. . . . 46 3.7 Grafo split G = [Q, S], |Q| par. . . . 46 3.8 Grafo split G = [Q, S], |Q| ´ımpar. . . . 48 3.9 Grafo split G = [Q, S], |Q| par. . . . 48 3.10 Grafos split G1 = [Q1, S1] e G2 = [Q2, S2]. . . 49
3.11 Grafo split G = [Q, S], d(Q) = d(S) = 3. . . . 50 3.12 Grafo split G = [Q, S], d(Q) = d(S) = 3. . . . 50 3.13 Uma 6-colora¸c˜ao de arestas semiforte para o grafo split-completo G = [Q, S]
com |Q| = 4 e |S| = 2. . . . 52 3.14 Grafo split-completo G = [Q, S] e colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. . . . 54 3.15 Grafo split-completo G = [Q, S] e colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. . . . 55 3.16 Grafo split G e colora¸c˜ao de arestas n˜ao semiforte de G. . . . 57 4.1 Grafo de intervalos formado por seis v´ertices e sete arestas. . . 59 4.2 Grafo indiferen¸ca formado por quatro v´ertices e trˆes arestas. . . 60 4.3 Grafo G split-indiferen¸ca formado por duas cliques A e B. . . . 61 4.4 Grafo G split-indiferen¸ca formado por trˆes cliques A, B e C onde A ∪ C =
V (G). . . . 61
4.5 Grafo G split-indiferen¸ca formado por trˆes cliques A, B e C onde A ∩ C = ∅. 62 xxv
4.6 Colora¸c˜ao de arestas semiforte para G com ∆(G) = 2. O conjunto agregado a cada v´ertice v ´ındica L(v). . . . 66 4.7 Colora¸c˜ao de arestas semiforte π para G com ∆(G) + 1 cores. As arestas
coloridas por γ est˜ao omitidas. O conjunto agregado a cada v´ertice v ´ındica
L(v). . . . 67
4.8 Grafo split-indiferen¸ca com a colora¸c˜ao π. As arestas vivj que recebem a cor γ(vivj) est˜ao omitidas. . . 68 4.9 Um grafo G = (A0, AB, B0). As arestas foram omitidas e o conjunto
agre-gado a cada v´ertice v ´ındica Lπ(v). . . . 69 4.10 Os conjuntos A0, AB, B0 de dois grafos split-indiferen¸ca G = (A0, AB, B0). . 72 4.11 Emparelhamento M de G = (A0, AB, B0) quando (a) |AB| par e (b) |AB|
´ımpar. As demais arestas de G est˜ao omitidas. . . 72 4.12 Emparelhamento M de G = (A0, AB, B0) quando (a) ∆(G)−12 ´ımpar e (b)
∆(G)−1
2 par. As demais arestas de G est˜ao omitidas. . . 73
4.13 A colora¸c˜ao π para os grafos G = (A0, AB, B0): as cores π(xvi), vi ∈ AB est˜ao representadas; as arestas de M est˜ao pontilhadas e recebem a cor ∆(G); as arestas vivj com vi, vj ∈ B que recebem a cor λ(vivj) est˜ao omitidas. . . 74 4.14 Colora¸c˜ao π para um grafo split-indiferen¸ca G com ∆(G) = 8, |AB| = 2,
|ABC| = 3 e |BC| = 2. As arestas vivj que recebem a cor γ(vivj) est˜ao omitidas. . . 78 4.15 Colora¸c˜ao π para G = (A0, AB, ABC, BC, C0), |AB| = 1, |ABC| = 3 e
|BC| = 2. . . 80 4.16 Os conjuntos A0, AB, ABC, BC, C0 quando ∆(G) = 14, |AB| = 7 e |BC| = 5. 83 4.17 Emparelhamento M para cada paridade de |AB| e cada diferen¸ca entre
|AB| e |BC|. . . . 84 4.18 Exemplos da colora¸c˜ao π para cada paridade de |AB| e cada diferen¸ca entre
|AB| e |BC|. As arestas que recebem a cor ∆(G) − 1 est˜ao pontilhadas. As arestas vivj com vi, vj ∈ B que recebem a cor λ(vivj) est˜ao omitidas. . . 85 4.19 Colora¸c˜ao π para grafo split-indiferen¸ca G = (A0, AB, ABC, BC, C0) onde
|AB| = 2, |ABC| = 1 e |BC| = 1. As arestas vivj com vi, vj ∈ B que recebem a cor λ(vivj) est˜ao omitidas. . . 88 4.20 Divis˜ao dos v´ertices de B ∪ C, |ABC| > ∆(G)+12 . . . 90 4.21 Divis˜ao dos v´ertices de B ∪ C, |ABC| ≤ ∆(G)+12 . . . 91 4.22 Diagrama de divis˜ao dos v´ertices de AB ∪ BC em X e X. . . . 91 4.23 Divis˜ao dos v´ertices de B ∪ C para os casos 1.1 e 1.2 . . . . 93 4.24 Divis˜ao dos v´ertices de B ∪ C para os casos 2.1 e 2.2 . . . . 94 4.25 Passos da constru¸c˜ao de G1. . . 95
4.26 Grafo G1 . . . 95
4.27 Grafo G = (A0, AB, B0, BC, C0) onde (a) |V (G)| ´e par, (b) |V (G)| ´e ´ımpar e as cores π(xvi) e π(yvi), vi ∈ AB ∪ BC. . . 100 4.28 Os conjuntos A0, AB, B0, BC, C0 quando ∆(G) = 13, |AB| = 7 |B0| = 3 e
|BC| = 3. . . 104 4.29 Emparelhamento M para G da Figura 4.28. . . 104 4.30 Os conjuntos A0, AB, B0, BC, C0 quando ∆(G) = 13, |AB| = 7 |B0| = 3
e |BC| = 3. As arestas que recebem a cor ∆(G) est˜ao pontilhadas. As arestas vivj com vi, vj ∈ B que recebem a cor λ(vivj) est˜ao omitidas. . . 105 4.31 Os conjuntos A0, AB, B0, BC, C0 quando ∆(G) = 13 e p = 2. . . 107 4.32 Emparelhamento m´aximo para G[B] quando (a) ∆(G) = 13 e (b) ∆(G) = 15.108 4.33 Colora¸c˜ao π para G com ∆(G) = 13 e p = 2. As arestas que recebem a cor
∆(G) est˜ao pontilhadas. As arestas vivj com vi, vj ∈ B que recebem a cor
λ(vivj) est˜ao omitidas. . . 109
Cap´ıtulo 1
Introdu¸
c˜
ao
A ´area de pesquisa de colora¸c˜ao em grafos tem origem em 1852 a partir do estudo da ent˜ao Conjectura das Quatro Cores. Essa conjectura que foi confirmada mais de 100 anos depois, afirmava que qualquer mapa territorial poderia ser colorido utilizando no m´aximo quatro cores. Na tentativa de resolver o problema diversas t´ecnicas foram desenvolvidas, o que contribuiu para o avan¸co da teoria dos grafos e o surgimento de diversas outras quest˜oes envolvendo colora¸c˜ao em grafos. Dentre esses problemas, surgiu o problema da colora¸c˜ao de arestas, que consiste em identificar o n´umero m´ınimo de cores para colorir as arestas de um grafo seguindo algumas restri¸c˜oes.
Sot´ak et al. [27] e Burris et al. [6] introduziram independentemente uma varia¸c˜ao da colora¸c˜ao de arestas, onde o conjunto das cores atribu´ıdas `as arestas de um v´ertice o distinguem dos demais. Burris et al. denominaram essa colora¸c˜ao como colora¸c˜ao de arestas forte (strong edge coloring).
A partir desta colora¸c˜ao, Zhang et al. [38] em 2001 propuseram a colora¸c˜ao de arestas semiforte, onde o conjunto das cores atribu´ıdas `as arestas de um v´ertice o distinguem dos seus v´ertices adjacentes. O foco deste trabalho ´e o estudo da colora¸c˜ao de arestas semiforte.
Na pr´oxima se¸c˜ao, definimos os conceitos matem´aticos utilizados neste trabalho. No cap´ıtulo 2, introduzimos os problemas da colora¸c˜ao de arestas e a colora¸c˜ao de arestas semiforte. No Cap´ıtulo 3 estudamos a colora¸c˜ao de arestas semiforte para grafos split e no Cap´ıtulo 4 para grafos split-indiferen¸ca. Finalmente, no Cap´ıtulo 5 apresentamos as conclus˜oes.
1.1
Defini¸
c˜
oes B´
asicas
Seja X um conjunto. A cardinalidade de X, o n´umero de elementos em X, ´e expressa por |X|. Se |X| = 0, X ´e vazio e ´e denotado por ∅ ou {}. As opera¸c˜oes entre conjuntos,
uni˜ao, intersec¸c˜ao e diferen¸ca, ser˜ao representadas por ∪, ∩, \ respectivamente. Dizemos que P = {P1, P2, . . . , Pn} ´e uma parti¸c˜ao de X se Pi ⊂ X, Pi 6= ∅, Pi ∩ Pj = ∅ para 1 ≤ i, j ≤ n e P1∪ P2∪ · · · ∪ Pn= X.
Seja C um conjunto e P uma propriedade dos subconjuntos de C. Dizemos que X ⊆ C ´
e maximal em rela¸c˜ao a P se X satisfaz P e todo subconjunto de C que cont´em X n˜ao satisfaz P .
Seja uma fun¸c˜ao f : X → Y e X0 um subconjunto de X. Definimos f0 : X0 → Y como a restri¸c˜ao de f a X0, se f0(x) = f (x), para x ∈ X0.
Um grafo G ´e uma tupla ordenada (V (G), E(G), ψ(G)) que consiste em um conjunto n˜ao vazio V (G) de v´ertices disjunto de um conjunto E(G) de arestas e uma fun¸c˜ao de
incidˆencia ψ(G) que associa cada aresta e de G a um par n˜ao ordenado de v´ertices u, v
de G denominados extremos de e. Se existem duas arestas e1 e e2 em E(G) tal que os
extremos de e1 s˜ao iguais aos extremos de e2, ent˜ao G possui arestas m´ultiplas. Se uma
aresta e possui ambos os extremos no mesmo v´ertice, dizemos que e ´e um la¸co. Dizemos
que G ´e simples se G n˜ao possui la¸cos ou arestas m´ultiplas e G ´e trivial se cont´em apenas um v´ertice e nenhuma aresta. Neste trabalho, o termo grafo ser´a utilizado para designar um grafo simples.
Sejam e ∈ E(G) e u, v ∈ V (G) tal que ψG(e) = {u, v}. Neste caso, dizemos que u e v s˜ao v´ertices adjacentes ou vizinhos. Dizemos tamb´em que e incide em u e em v e denotamos a aresta e por uv. Se duas arestas e1 e e2 incidem em um mesmo v´ertice,
tamb´em dizemos que e1 e e2 s˜ao adjacentes.
Grafos podem ser representados graficamente no plano. Os v´ertices s˜ao representados por pontos e cada aresta por uma curva que liga os pontos que s˜ao os seus extremos. A Figura 1.1 exibe o grafo G onde V (G) = {v0, v1, v2, v3, v4} e E(G) = {v0v1, v1v4, v0v4,
v1v2, v2v3, v3v4}.
Figura 1.1: Grafo simples G.
Seja G um grafo. Definimos a vizinhan¸ca de um v´ertice v em G como o conjunto formado pelos vizinhos de v em G e o denotamos por NG(v). O grau de um v´ertice v em G, denotado por dG(v), ´e o n´umero de arestas incidentes em v, la¸cos contados duas vezes. Quando n˜ao h´a d´uvida quanto ao grafo em que o v´ertice v pertence, podemos denotar o grau de v por d(v). O grau m´aximo de G ´e o maior grau entre todos os v´ertices e ´e denotado por ∆(G). Um v´ertice v de G ´e universal se N (v) = V (G) \ {v}. Se
1.1. Defini¸c˜oes B´asicas 3
|N (v)| = |V (G)| − 2, dizemos que v ´e quase universal. No grafo G da Figura 1.1, temos que ∆(G) = 3, d(v2) = 2 e d(v1) = 3 = |V (G)| − 2, ou seja, v1 ´e um v´ertice quase
universal.
Um subgrafo H de um grafo G ´e um grafo tal que V (H) ⊆ V (G), E(H) ⊆ E(G) e ψ(H) ´e a restri¸c˜ao de ψ(G) a E(H). Seja X ⊆ V (G). O subgrafo H de G tal que |V (H)| = X e toda aresta em E(G) com extremos em X pertence a E(H) ´e um subgrafo
induzido ou gerado de G e ´e denotado por G[X].
Dados dois grafos simples G e H. Dizemos que G e H s˜ao isomorfos, e denotamos
G ∼= H, se existe uma bije¸c˜ao f : V (G) → V (H) de tal forma que quaisquer dois v´ertices
u, v ∈ V (G) s˜ao adjacentes se e somente se f (u), f (v) ∈ V (H) s˜ao adjacentes.
Um caminho P em um grafo simples G ´e uma sequˆencia de v´ertices (v1, v2, . . . , vk), sem repeti¸c˜ao, tal que para quaisquer dois v´ertices vi, vi+1 consecutivos na sequˆencia, tem-se que vi e vi+1 s˜ao adjacentes. O comprimento de P ´e k − 1. A distˆancia d(u, v) entre u e
v ´e o comprimento do menor caminho de u a v em G. Se n˜ao existe caminho de u a v, ent˜ao d(u, v) = ∞. O diˆametro de G ´e a maior distˆancia entre quaisquer dois v´ertices de
G.
Um grafo ´e conexo, se para todo par de v´ertices distintos, u, v, existe um caminho de
u a v no grafo. Um componente conexo de um grafo ´e um subgrafo conexo maximal do
grafo.
Um grafo completo de n v´ertices, Kn, ´e um grafo onde para qualquer par de v´ertices distintos u, v, existe uma aresta uv. Uma clique ´e um subconjunto Q de v´ertices de um grafo G onde G[Q] ´e grafo completo. Um conjunto independente S ´e um subconjunto dos v´ertices de um grafo G tal que G[S] ´e um grafo sem arestas.
Dados dois grafos G e H, o grafo uni˜ao destes grafos, representado por G ∪ H, ´e o grafo U onde V (U ) = V (G) ∪ V (H) e E(U ) = E(G) ∪ E(H).
Outras defini¸c˜oes s˜ao apresentadas ao longo deste trabalho. Defini¸c˜oes auxiliares que por ventura n˜ao estejam presentes, podem ser encontradas no livro Graph Theory de Bondy e Murty [5].
Cap´ıtulo 2
Colora¸
c˜
ao de arestas semiforte
Neste cap´ıtulo definimos a colora¸c˜ao de arestas e a colora¸c˜ao de arestas semiforte. Em seguida, tra¸camos uma rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total e comparamos essas colora¸c˜oes para algumas classes de grafos regulares.
2.1
Colora¸
c˜
ao de arestas
Sejam G um grafo e C um conjunto de cores. Uma atribui¸c˜ao π : E(G) → C ´e uma
colora¸c˜ao de arestas de G se a arestas adjacentes s˜ao atribu´ıdas cores distintas. O ´ındice
crom´atico de G, χ0(G), ´e o n´umero m´ınimo de cores para o qual G admite uma colora¸c˜ao
de arestas. Uma colora¸c˜ao de arestas de G utilizando k cores ´e denominada k-colora¸c˜ao de arestas.
Em 1964, Vizing [35] revolucionou a teoria da colora¸c˜ao das arestas provando que para qualquer grafo simples G, χ0(G) ≤ ∆(G) + 1. Dessa forma, surgiu o Problema da Classifica¸c˜ao, que consiste em decidir se um grafo possui χ0(G) = ∆(G) ou χ0(G) = ∆(G) + 1. No primeiro caso, diz-se que o grafo ´e classe 1; caso contr´ario, ´e classe 2. Dessa forma, para provar que um grafo G ´e classe 1, basta exibir uma ∆(G)-colora¸c˜ao de arestas para G. O grafo G da Figura 2.1 ´e um exemplo de grafo classe 1.
Figura 2.1: Exemplo de grafo classe 1.
Por´em, para afirmar que G ´e classe 2, ´e necess´ario mostrar que G n˜ao tem uma ∆(G)-colora¸c˜ao de arestas. O conceito de grafo sobrecarregado (overfull) ´e uma condi¸c˜ao
suficiente para a classifica¸c˜ao de um grafo como classe 2 [3]. Um grafo G = (V, E) ´e
sobrecarregado e portanto classe 2 se |E(G)| > ∆(G)b|V (G)|2 c. A Figura 2.2 apresenta um
exemplo de grafo sobrecarregado. Por´em, existem grafos G com χ0(G) = ∆(G) + 1 que n˜ao s˜ao sobrecarregados, como por exemplo, o grafo de Petersen, apresentado na Figura 2.3.
Figura 2.2: Exemplo de grafo sobrecarregado: C5
Figura 2.3: Exemplo de grafo Classe 2 n˜ao sobrecarregado: Grafo de Petersen
S˜ao conhecidas, tamb´em, condi¸c˜oes suficientes para que um grafo seja Classe 1. Uma delas, descrita no Teorema 2.1.1, ser´a utilizada posteriormente.
Teorema 2.1.1 [20] Seja G grafo. Se o subgrafo induzido pelos v´ertices de grau m´aximo
de G ´e uma floresta, ent˜ao G ´e Classe 1.
Holyer [26] provou que decidir se um grafo G arbitr´ario ´e classe 1 ´e um problema NP-Completo e continua NP-Completo mesmo quando restrito a algumas classes de gra-fos [7]. Por´em, o problema da classifica¸c˜ao est´a resolvido para classes de grafos tais como grafos completos [5], bipartidos [5], grafos multipartidos completos [25], grafos com v´ertice universal [33], grafos split-indiferen¸ca [31].
Na pr´oxima se¸c˜ao, introduzimos a colora¸c˜ao que ´e foco deste trabalho: a colora¸c˜ao de arestas semiforte.
2.2. Colora¸c˜ao de arestas semiforte 7
2.2
Colora¸
c˜
ao de arestas semiforte
Seja π : E(G) → C uma colora¸c˜ao de arestas de G. O r´otulo de um v´ertice v de G em rela¸c˜ao a π, Lπ(v), ´e o conjunto formado pelas cores das arestas que incidem em v. Se para cada aresta uv de G, Lπ(u) 6= Lπ(v), π ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. Uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G utilizando k cores ´e denominada k-colora¸c˜ao de
arestas semiforte. Dizemos que a cor i ∈ C ocorre em um v´ertice v de G se i ∈ Lπ(v),
caso contr´ario, i falta em v. Neste ´ultimo caso, i ∈ Lπ(v) onde, Lπ(v) = C \Lπ(v). O sub´ındice π ser´a omitido tanto no r´otulo de v quanto no seu complemento quando n˜ao houver ambiguidade.
O ´ındice crom´atico semiforte de G, χ0a(G), ´e o menor n´umero de cores para o qual G admite uma colora¸c˜ao de arestas semiforte. Se G ´e um grafo trivial, ent˜ao, χ0a(G) = 0, e se G cont´em um componente conexo isomorfo a K2, ent˜ao G n˜ao admite uma colora¸c˜ao de
arestas semiforte. Neste caso, dizemos que χ0a(G) = ∞. Estamos, portanto, interessados em grafos cujos componentes conexos possuem pelo menos trˆes v´ertices.
A Figura 2.4 exibe um grafo G e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. O conjunto associado a cada v´ertice v da Figura 2.4 representa o complemento do r´otulo do v´ertice (L(v)). Esta representa¸c˜ao ser´a utilizada sempre que houver necessidade.
Figura 2.4: Uma 4-colora¸c˜ao de arestas semiforte para G.
Podemos restringir o estudo da colora¸c˜ao de arestas semiforte a grafos conexos, pois se G ´e um grafo desconexo com k componentes conexos G1, G2, ..., Gk e |V (Gi)| ≥ 3, 1 ≤ i ≤ k, ent˜ao χ0
a(G) = max {χ0a(Gi) | i = 1, 2, ..., k} [38].
Neste trabalho consideramos grafos G, simples, conexos com trˆes ou mais v´ertices. Logo, ∆(G) ≥ 2.
Lema 2.2.1 Seja G um grafo com grau m´aximo ∆(G). Ent˜ao χ0a(G) ≥ ∆(G). Se os
graus de quaisquer dois v´ertices adjacentes de G s˜ao distintos, ent˜ao χ0a(G) = ∆(G).
Prova: Seja G um grafo com grau m´aximo ∆(G) e π uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. Ent˜ao χ0a(G) ≥ χ0(G) ≥ ∆(G), pois π ´e colora¸c˜ao de arestas de G.
Suponha que d(u) 6= d(v) para quaisquer u e v com uv ∈ E(G). Ent˜ao, |L(u)| 6= |L(v)| para qualquer colora¸c˜ao de arestas de G. Portanto, χ0a(G) = χ0(G). Al´em disso, o subgrafo induzido pelos v´ertices de grau m´aximo ´e um grafo desconexo onde cada componente ´e o grafo trivial. Logo, pelo teorema 2.1.1, χ0(G) = ∆(G).
Lema 2.2.2 [38] Seja G um grafo com grau m´aximo ∆(G). Se G possui pelo menos
dois v´ertices adjacentes com grau m´aximo, ent˜ao χ0a(G) ≥ ∆(G) + 1.
Prova: Seja G um grafo com grau m´aximo ∆(G) e π uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. Seja uv ∈ E(G) tal que d(u) = d(v) = ∆(G). Para que L(u) 6= L(v), devem existir pelo menos duas combina¸c˜oes de χ0a(G) com ∆(G) cores, ou seja, χ0a(G)
∆(G)
≥ 2. Logo,
χ0a(G) ≥ ∆(G) + 1.
Na Figura 2.4 exibimos uma 4-colora¸c˜ao de arestas semiforte para G. Logo, χ0a(G) = 4 = ∆(G) + 1, pois G cont´em dois v´ertices de grau m´aximo adjacentes.
Na Figura 2.5 apresentamos dois grafos G e H que n˜ao possuem v´ertices de grau m´aximo adjacentes e duas colora¸c˜oes de arestas que tamb´em s˜ao semifortes. A de G utiliza ∆(G) + 1 e a de H, ∆(H) cores. Logo, χ0a(H) = ∆(H). Em rela¸c˜ao ao grafo G mostramos a seguir que n˜ao existe uma ∆(G)-colora¸c˜ao de arestas semiforte provando que χ0a(G) = ∆(G) + 1 = 7.
Figura 2.5: Colora¸c˜ao de arestas semiforte de G e H.
Teorema 2.2.3 O grafo G da Figura 2.5 n˜ao possui v´ertices de grau m´aximo adjacentes e χ0a(G) = ∆(G) + 1.
Prova: Considere o grafo G da Figura 2.5. Note que ∆(G) = 6. Seja V (G) =
2.2. Colora¸c˜ao de arestas semiforte 9
uma 6-colora¸c˜ao de arestas semiforte, π, para G. Ent˜ao para quaisquer dois v´ertices vi,
vj, 1 ≤ i, j ≤ 6, se vivj ∈ E(G), ent˜ao Lπ(vi) 6= Lπ(vj) e, em cada vi, |Lπ(vi)| = 1, pois
d(vi) = 5. Al´em disso todas as cores ocorrem nos v´ertices v7 e v8. Logo, ocorrem em
pelo menos dois v´ertices de G0. Assim, uma cor c ocorre ou falta sempre em um n´umero par de v´ertices de G0. Al´em disso, n˜ao existe cor c tal que c ocorra em exatamente dois v´ertices de G0, pois caso contr´ario, c faltaria em outros 4 v´ertices de G0. Como G0 ∼= K3,3
e |L(vi)| = 1, existiria pelo menos 2 v´ertices adjacentes com r´otulos iguais. Portanto, toda cor c ocorre em todos os v´ertices de G0 ou falta em dois v´ertices de G0.
Como |E(G0)| = 9, ent˜ao existem trˆes cores tais que cada uma falta em dois v´ertices e trˆes outras cores ocorrem em todos os v´ertices. Sendo que trˆes cores faltam em dois v´ertices, n˜ao ´e poss´ıvel que estas cores faltem em v´ertices n˜ao adjacentes pois G0 ∼= K3,3.
Portanto, χ0a(G) > 6.
Uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G utilizando 7 cores ´e apresentada na Figura 2.5. Portanto, χ0a(G) = ∆(G) + 1.
A seguir exibimos grafos G que s˜ao Classe 1 e possuem ´ındice crom´atico semiforte igual a ∆(G), ∆(G) + 1 e ∆(G) + 2. Apresentamos tamb´em, grafos Classe 2 com ´ındice crom´atico semiforte igual a ∆(G) + 1 e ∆(G) + 2. Os trˆes grafos G1, G2 e G3 da Figura 2.6
s˜ao Classe 1 tais que χ0a(G1) = ∆(G1), χ0a(G2) = ∆(G2)+1 e χ0a(G3) = ∆(G3)+2. Observe
que G1 n˜ao possui v´ertices de grau m´aximo adjacentes, enquanto G2 e G3 possuem.
Figura 2.6: χ0
a(G1) = ∆(G1); χ0a(G2) = ∆(G2) + 1; χ0a(G3) = ∆(G3) + 2.
A Figura 2.7 exibe dois grafos sobrecarregados e portanto Classe 2, G1 e G2, tais que
χ0a(G1) = ∆(G1) + 1 e χ0a(G2) = ∆(G2) + 2.
Figura 2.7: χ0a(G1) = ∆(G1) + 1; χ0a(G2) = ∆(G2) + 2.
Um exemplo interessante ´e o C5 apresentado na Figura 2.8. C5 ´e um grafo Classe
afirma¸c˜ao.
Figura 2.8: χ0a(C5) = 5 = ∆(C5) + 3.
Sejam E(C5) = {v1v2, v2v3, v3v4, v4v5, v5v1} e π uma 4-colora¸c˜ao de arestas semiforte
para o C5. Ent˜ao duas arestas tem a mesma cor. Suponha que a cor 1 tenha sido atribu´ıda
`
a aresta v1v2 e que exista outra aresta que foi colorida com a mesma cor. A aresta v2v3
n˜ao tem a cor 1, pois o v´ertice v2 j´a possui uma aresta incidente com esta cor; a aresta
v3v4 tamb´em n˜ao tem a cor 1, pois caso contr´ario, os v´ertices v2 e v3 teriam o mesmo
r´otulo, independentemente da cor da aresta v2v3; a aresta v4v5 tamb´em n˜ao tem a cor 1,
pois caso contr´ario, os v´ertices v1 e v5 teriam o mesmo r´otulo, independentemente da cor
da aresta v5v1; e finalmente, a aresta v5v1 tamb´em n˜ao pode ter a cor 1 pois o v´ertice v1
j´a possui uma aresta incidente com essa cor. Logo, em uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para o C5 todas as arestas possuem cores diferentes, ent˜ao χ0a(C5) ≥ 5. A Figura 2.8
apresenta uma 5-colora¸c˜ao de arestas semiforte para o C5. Portanto, χ0a(C5) = 5.
´
E interessante notar tamb´em que o ´ındice crom´atico semiforte de um subgrafo H de um grafo G n˜ao ´e necessariamente menor ou igual ao ´ındice crom´atico semiforte de G. Esta ´e uma diferen¸ca entre o ´ındice crom´atico e o ´ındice crom´atico semiforte j´a que o ´ındice crom´atico de H ´e sempre menor ou igual ao ´ındice crom´atico de G. Na Figura 2.9 s˜ao apresentados 4 grafos, cada um com uma colora¸c˜ao de arestas semiforte com o n´umero m´ınimo de cores. Note que C5 ´e subgrafo de G e de H e χ0a(G) < χ
0
a(C5) e
χ0a(H) < χ0a(C5).Por´em, P5 ´e subgrafo de H e de G, e χ0a(P5) = χ0a(H).
Figura 2.9: Colora¸c˜ao de arestas semiforte de P5, C5, G e H.
No mesmo artigo [38] em que a colora¸c˜ao de arestas semiforte foi definida os autores formularam a seguinte conjectura, denominada conjectura da colora¸c˜ao de arestas semi-forte.
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 11
Conjectura 2.2.4 [38] Para todo grafo simples G, G 6∼= C5, ∆(G) ≤ χ0a(G) ≤ ∆(G) + 2. Esta conjectura continua aberta, por´em a sua veracidade foi comprovada para v´arias classes de grafos. Neste trabalho ser˜ao tratadas algumas dessas classes.
2.3
Rela¸
c˜
ao entre colora¸
c˜
ao de arestas semiforte e
colora¸
c˜
ao total
Uma colora¸c˜ao total de G, τ : E(G) ∪ V (G) → C, ´e uma atribui¸c˜ao de cores aos v´ertices e `as arestas de G, tal que
• para quaisquer duas arestas adjacentes e1, e2 ∈ E(G), π(e1) 6= π(e2),
• para quaisquer dois v´ertices adjacentes vi, vj ∈ V (G), π(vi) 6= π(vj),
• para qualquer aresta e ∈ E(G) incidente em um v´ertice v ∈ V (G), π(e) 6= π(v).
O n´umero crom´atico total de G, χT(G), ´e menor n´umero de cores para o qual G
admite uma colora¸c˜ao total. Uma colora¸c˜ao total de G utilizando k cores ´e denominada
k-colora¸c˜ao total.
Observa¸c˜ao 2.3.1 Seja G um grafo com grau m´aximo ∆(G). Ent˜ao χT(G) ≥ ∆(G) + 1. Prova: Seja v um v´ertice de grau ∆(G) e τ uma colora¸c˜ao total de G. Ent˜ao τ utiliza ∆(G) cores nas arestas incidentes em v e mais uma cor para v. Portanto χT(G) ≥ ∆(G) + 1.
Behzad [1] e Vizing [35] formularam independentemente a seguinte conjectura acerca do limite superior de χT(G):
Conjectura 2.3.2 Para todo grafo G, χT(G) ≤ ∆(G) + 2.
Um grafo G ´e regular se todos os v´ertices de G tˆem o mesmo grau. Dizemos que G ´e
k-regular se para qualquer v´ertice v ∈ V (G), d(v) = k. Se G ´e um grafo regular com pelo
menos trˆes v´ertices, pelo Lema 2.2.2, χ0a(G) ≥ ∆(G) + 1 . Logo, na Conjectura 2.2.4, se
G ´e regular, ent˜ao ∆(G) + 1 ≤ χ0a(G) ≤ ∆(G) + 2.
O Teorema 2.3.3 mostra uma rela¸c˜ao entre a colora¸c˜ao total e a colora¸c˜ao de arestas semiforte quando apenas grafos regulares s˜ao considerados.
Teorema 2.3.3 [39] Seja G um grafo regular conexo com |V (G)| ≥ 3. Ent˜ao χ0a(G) = ∆(G) + 1 se e somente se χT(G) = ∆(G) + 1.
Prova: Seja G um grafo regular conexo com |V (G)| ≥ 3. Suponha que χ0a(G) = ∆(G) + 1 e seja π uma ∆(G) + 1-colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. Como π usa ∆(G) + 1 cores e G ´e regular, em cada v´ertice v falta exatamente uma cor, ou seja, |L(v)| = 1, para todo v ∈ V (G).
Sendo π uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G, L(u) 6= L(v) para todo uv ∈ E(G). Logo a atribui¸c˜ao da cor em L(u) ao v´ertice u, para todo u ∈ V (G), origina uma colora¸c˜ao total para G com ∆(G) + 1 cores. Portanto, χT(G) = ∆(G) + 1.
Suponha agora que χT(G) = ∆(G) + 1 e seja τ uma colora¸c˜ao total de G com ∆(G) + 1 cores. Ent˜ao τ (u) 6= τ (v) para todo uv ∈ E(G).
Defina π : E(G) → C tal que π(uv) = τ (uv). ´
E claro que π ´e uma colora¸c˜ao de arestas de G e usa no m´aximo ∆(G) + 1 cores. Como
τ usa ∆(G) + 1 cores e G ´e regular, tem-se que |Lπ(u)| = 1, para todo u ∈ V (G). Logo,
π ´e uma colora¸c˜ao de arestas tal que Lπ(u) 6= L(v)π para todo uv ∈ V (G). Portanto π ´
e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. Sendo G conexo, regular, com |V (G)| ≥ 3,
G tem pelo menos dois v´ertices de grau ∆(G) adjacentes. Logo, χ0a(G) ≥ ∆(G) + 1.
Portanto, χ0a(G) = ∆(G) + 1.
Corol´ario 2.3.4 Seja G um grafo regular conexo com |V (G)| ≥ 3. Se χT(G) ≥ ∆(G)+2,
ent˜ao χ0a(G) ≥ ∆(G) + 2.
Prova: Se G ´e regular e conexo com |V (G)| ≥ 3, ent˜ao pelo Lema 2.2.2, χ0
a(G) ≥ ∆(G)+1. Por hip´otese, χT(G) ≥ ∆(G)+2. Ent˜ao, pelo Teorema 2.3.3, χ0a(G) 6= ∆(G)+1. Logo, χ0a(G) ≥ ∆(G) + 2.
Corol´ario 2.3.5 Se um grafo G ´e regular com as conjecturas 2.2.4 e 2.3.2 v´alidas para
G, ou seja, χ0a(G) ≤ ∆(G) + 2 e χT(G) ≤ ∆(G) + 2, ent˜ao χT(G) = χ0a(G).
Prova: Seja G um grafo regular. Pelo Lema 2.2.2, χ0a(G) ≥ ∆(G) + 1. Se a Con-jectura 2.2.4 ´e v´alida para G, ∆(G) + 1 ≤ χ0a(G) ≤ ∆(G) + 2. Se a Conjectura 2.3.2 tamb´em ´e v´alida para G, ent˜ao, ∆(G) + 1 ≤ χT(G) ≤ ∆(G) + 2. Pelo Teorema 2.3.3,
χ0a(G) = ∆(G) + 1 se e somente se χT(G) = ∆(G) + 1. Logo, χ0a(G) = ∆(G) + 2 se e somente se χT(G) = ∆(G) + 2. Portanto, χ0a(G) = χT(G).
McDiarmid et al. [29] provaram que para um grafo G k-regular, k ≥ 3, ´e NP-dif´ıcil decidir se χT(G) = ∆(G) + 1. Logo, tamb´em ´e NP-dif´ıcil decidir se χ0a(G) = ∆(G) + 1.
2.3.1
Colora¸
c˜
ao expans´ıvel e colora¸
c˜
ao redut´ıvel
Dizemos que uma colora¸c˜ao de arestas semiforte π de um grafo G ´e expans´ıvel se π usa
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 13
e ∈ E(G) e τ (v) = c onde c ∈ Lπ(v), para todo v ∈ V (G), ou seja, se ´e poss´ıvel construir
uma χT(G)-colora¸c˜ao total colorindo cada aresta de G com a cor dada por π e cada v´ertice de G com uma cor ainda n˜ao utilizada em suas arestas incidentes. Da mesma forma, dizemos que uma colora¸c˜ao total τ de um grafo G ´e redut´ıvel, se τ utiliza χT(G) cores e existe uma χ0a(G)-colora¸c˜ao de arestas semiforte π de forma que π(e) = τ (e),
e ∈ E(G), ou seja, se a restri¸c˜ao, π, de τ `as arestas de G ´e uma χT(G)-colora¸c˜ao de
arestas semiforte.
Note que se uma colora¸c˜ao total τ de um grafo G ´e redut´ıvel, ent˜ao a restri¸c˜ao de τ `
as arestas de G ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte expans´ıvel.
A ∆(G) + 1-colora¸c˜ao total do grafo G da Figura 2.10 ´e redut´ıvel. De fato, Lπ(u) 6=
Lπ(v) para todo uv ∈ E(G) e χ0a(G) = ∆(G) cores s˜ao utilizadas para colorir as arestas de G. Note que esta colora¸c˜ao de arestas semiforte de G ´e expans´ıvel.
Figura 2.10: Uma colora¸c˜ao total redut´ıvel de G
Encontrar condi¸c˜oes no grafo ou na colora¸c˜ao que determinam se uma colora¸c˜ao total ´e redut´ıvel ou se uma colora¸c˜ao de arestas semiforte ´e expans´ıvel ´e um problema inte-ressante. No entanto, conhecemos um grafo G tal que nenhuma colora¸c˜ao de arestas semiforte ´e expans´ıvel. Para mostrar isto, consideramos grafos G com χT(G) = χ0a(G).
Suponha que χ0a(G) = χT(G) = ∆(G) + 1. Se G ´e regular, ent˜ao pela demonstra¸c˜ao do Teorema 2.3.3, toda colora¸c˜ao de arestas semiforte de G ´e expans´ıvel e toda colora¸c˜ao total de G ´e redut´ıvel.
Se G n˜ao ´e regular, nem toda colora¸c˜ao total de G ´e redut´ıvel e nem toda colora¸c˜ao de arestas semiforte de G ´e expans´ıvel. A colora¸c˜ao semiforte do grafo G da Figura 2.5 ´e expans´ıvel. Veja Figura 2.11. Note que χ0a(G) = χT(G) = ∆(G) + 1 e que a colora¸c˜ao total da Figura 2.11 ´e redut´ıvel.
Nas figuras 2.12 e 2.13 s˜ao apresentadas uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de um grafo G, π, n˜ao expans´ıvel e uma colora¸c˜ao total de G, τ , n˜ao redut´ıvel respectivamente. A colora¸c˜ao de arestas semiforte π da Figura 2.12 n˜ao ´e expans´ıvel a uma colora¸c˜ao total τ , pois existe apenas uma op¸c˜ao de atribui¸c˜ao de cor ao v´ertice v8, o que induz a
uma ´unica atribui¸c˜ao de cores aos demais v´ertices na ordem τ (v8) = 1 ⇒ τ (v3) = 5 ⇒
τ (v6) = 6 ⇒ τ (v1) = 7 ⇒ τ (v4) = 4 ⇒ τ (v5) = 3 ⇒ τ (v2) = 2. Por´em, o v´ertice v7,
Figura 2.11: Uma colora¸c˜ao total redut´ıvel de G.
Figura 2.12: Uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G n˜ao expans´ıvel.
A colora¸c˜ao total τ da Figura 2.13 n˜ao ´e redut´ıvel a uma colora¸c˜ao de arestas semiforte, pois caso contr´ario, o v´ertice mais alto e o v´ertice mais baixo, na representa¸c˜ao da figura, teriam r´otulos iguais.
Suponha que χ0a(G) = χT(G) = ∆(G) + 2. A seguir, utilizando grafos bipartidos completos, mostramos uma colora¸c˜ao total que n˜ao ´e redut´ıvel, uma colora¸c˜ao de arestas semiforte expans´ıvel. O Teorema 2.3.7 mostra um grafo bipartido completo no qual toda colora¸c˜ao de arestas semiforte n˜ao ´e expans´ıvel.
Um grafo G ´e bipartido se seus v´ertices podem ser particionados em dois subconjuntos
U e W de forma que toda aresta de G ´e incidente a um v´ertice em U e a um v´ertice em
W . Essa parti¸c˜ao ´e chamada de biparti¸c˜ao do grafo e U , W suas partes. Se cada v´ertice
em U ´e adjacente a cada v´ertice em W , ent˜ao G ´e um grafo bipartido completo. Denota-se
Kn,m um grafo bipartido completo onde n = |U | e m = |W |.
No Lema 2.3.6 ´e apresentado o n´umero crom´atico total de um grafo bipartido completo regular e a seguir uma colora¸c˜ao total n˜ao redut´ıvel para esses grafos.
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 15
Figura 2.13: Uma colora¸c˜ao total de G n˜ao redut´ıvel. O conjunto associado a cada v´ertice
v representa o complemento do r´otulo de v.
Lema 2.3.6 [4] Seja Kn,n um grafo bipartido completo. Ent˜ao χT(Kn,n) = ∆(Kn,n) + 2. Seja G = Kn,n, n ≥ 2, e U = {u1, u2, . . . , un} e W = {w1, w2, . . . , wn}. Pelo Lema 2.3.6 e Corol´ario 2.3.4, χ0
a(G) ≥ ∆(G) + 2 = n + 2.
Seja τ uma colora¸c˜ao total de G com n + 2 cores, onde τ (uiwj) = (i + j) mod n,
τ (ui) = n + 1, para u ∈ U e τ (wj) = n + 2, para w ∈ W , 1 ≤ i, j ≤ n. Note que apesar da colora¸c˜ao τ ser uma colora¸c˜ao total de G, a colora¸c˜ao de arestas π, resultado da restri¸c˜ao de τ `as arestas de G, n˜ao ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G, pois
Lπ(v) = {n + 1, n + 2} para qualquer v ∈ V (G). Portanto, τ n˜ao ´e redut´ıvel.
O Teorema 2.3.7 mostra que toda colora¸c˜ao de arestas semiforte do K3,3, n˜ao ´e
ex-pans´ıvel. Inicialmente, exibimos na Figura 2.14 uma 5-colora¸c˜ao de arestas semiforte para
K3,3. Como χ0a(G) ≥ 5, temos χ0a(K3,3) = 5.
Figura 2.14: Uma 5-colora¸c˜ao de arestas semiforte para K3,3. O conjunto associado a
Teorema 2.3.7 [39] N˜ao existe uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para o K3,3 que
utilize cinco cores e que seja expans´ıvel.
Prova: Sejam as partes do K3,3, U = {u1, u2, u3} e W = {w1, w2, w3}. Seja σ :
E(K3,3) → {c1, c2, c3, c4, c5} uma 5-colora¸c˜ao de arestas semiforte do K3,3 e para cada cor
c, seja t(c) o n´umero de conjuntos Lσ(ui) que cont´em a cor c. Ent˜ao, a cor c ´e utilizada
em 3 − t(c) arestas e portanto tamb´em pertence a t(c) conjuntos Lσ(wj). Al´em disso, 1 ≤ t(c) ≤ 3. Se para duas cores distintas c1, c2, t(c1) = 2 e t(c2) = 2, ent˜ao Lσ(ui) =
Lσ(wj) = {c1, c2} para algum i, j, 1 ≤ i, j ≤ 3. Logo, σ n˜ao ´e uma colora¸c˜ao de arestas
semiforte. Se t(c) = 3 para algum c, ent˜ao σ colore as arestas de K3,3 com apenas quatro
cores. Por´em χ0a(K3,3) ≥ ∆(K3,3) + 2, portanto tamb´em σ n˜ao ´e uma colora¸c˜ao de arestas
semiforte. Como em cada v´ertice ui ∈ U faltam duas cores, P5i=1t(ci) = 6. Logo, se
σ ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte, nos conjuntos Lσ(ui), uma cor pertence a dois conjuntos Lσ(ui) e as outras quatro cores pertencem a apenas um. Podemos supor, sem perda de generalidade, que
Lσ(u1) = {c1, c2}, Lσ(u2) = {c1, c3}, Lσ(u3) = {c4, c5},
e como Lσ(ui) 6= Lσ(wj) para qualquer 1 ≤ i, j ≤ 3, podemos supor que
Lσ(w1) = {c1, c4}, Lσ(w2) = {c1, c5}, Lσ(w3) = {c2, c3}.
Suponha que ´e poss´ıvel expandir a colora¸c˜ao σ a uma colora¸c˜ao total. Ent˜ao devemos utilizar a cor c1 para colorir u1 ou u2 (caso contr´ario, n˜ao ´e poss´ıvel colorir w3); da mesma
forma, devemos utilizar a cor c1 para colorir w1 ou w2; uma contradi¸c˜ao. Logo, n˜ao existe
uma colora¸c˜ao de arestas semiforte com ∆(K3,3) + 2 cores expans´ıvel.
No entanto, se n ´e par pode-se obter uma colora¸c˜ao de arestas semiforte expans´ıvel. Seja G ∼= Kn,n, n um inteiro par, n ≥ 2 e U = {u1, . . . , un}, W = {w1, . . . , wn}. Primeiro consideramos dois subgrafos H e K de G disjuntos nas arestas. Seja H um subgrafo de G onde V (H) = V (G) e uiwj ∈ E(H) se i ´e impar e j = i ou j = i + 1 ou se
i ´e par e j = i − 1 ou j = i, ou seja, H ´e o grafo uni˜ao de 12n c´opias disjuntas do K2,2.
Seja K = G \ E(H). Note que K ´e bipartido e ∆(K) = ∆(G) − 2 = n − 2. Veja a Figura 2.15 com as arestas de H destacadas das arestas de K.
Seja π : E(G) → C definida da seguinte forma. Se uiwj ∈ E(H), ent˜ao
π(uiwj) =
(
j − i + n − 2, se i ´e ´ımpar,
j − i + n + 1, se i ´e par.
Como j − i ∈ {0, 1} se i ´e ´ımpar, e j − i ∈ {−1, 0} se i ´e par, as cores utilizadas para colorir as arestas de H s˜ao n − 2, n − 1, n, n + 1 e Lπ(ui) = {n, n + 1} se i ´e par e
Lπ(ui) = {n − 2, n − 1} se i ´e ´ımpar. Se uiwj ∈ E(K), ent˜ao
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 17
Figura 2.15: O grafo K4,4 e seus subgrafos H com arestas representadas por linhas s´olidas
e K com pontilhadas.
π(uiwj) =
(
(i + j) mod (n − 2), se j < i, (i + j − 2) mod (n − 2), se j > i.
Note que se i = j, uiwj ∈ E(H). Por defini¸c˜ao, π utiliza as cores de 0 a n − 1 nas arestas de K. Sendo K um grafo bipartido com ∆(K) = n − 2, todas as cores de 0 a
n − 1 ocorrem nos v´ertices de K. Logo, o complemento do r´otulo de cada v´ertice em
G depende da colora¸c˜ao das arestas de H. Ent˜ao, Lπ(ui) = {n, n + 1} se i ´e ´ımpar e
Lπ(ui) = {n − 2, n − 1} se i ´e par, enquanto Lπ(wi) = {n − 1, n + 1} se i ´e impar e
Lπ(wi) = {n − 2, n} se i ´e par. Portanto π ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de G. A colora¸c˜ao π ´e expans´ıvel, pois a fun¸c˜ao τ : V (G) ∪ E(G) → C tal que
τ (e) = π(e); τ (ui) = ( n, se i ´e ´ımpar, n − 1, se i ´e par; τ (wi) = ( n + 1, se i ´e ´ımpar, n − 2, se i ´e par;
´e uma colora¸c˜ao total de G. A Figura 2.16 ilustra a colora¸c˜ao π para o grafo K4,4 e a
colora¸c˜ao total τ obtida a partir de π.
2.3.2
Classes de grafos regulares
Ciclo: Um ciclo Cn, n ≥ 3, ´e um grafo de n v´ertices se seus v´ertices podem ser organiza-dos em uma sequˆencia c´ıclica de forma que dois v´ertices s˜ao adjacentes se s˜ao consecutivos na sequˆencia e n˜ao adjacentes caso contr´ario [5].
Lema 2.3.8 [36] Seja Cn um ciclo. Ent˜ao
χT(Cn) =
(
3 para n ≡ 0 (mod 3), 4 para n 6≡ 0 (mod 3).
A distˆancia entre duas arestas e, f , d(e, f ) ´e a menor distˆancia entre um v´ertice de e e um v´ertice de f .
Lema 2.3.9 Seja G um grafo com ∆(G) ≤ 2 e π uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de
G. Se π(e) = c e π(f ) = c, ent˜ao d(e, f ) ≥ 2.
Prova: Suponha que d(e, f ) < 2. Se d(e, f ) = 0, ent˜ao π n˜ao ´e uma colora¸c˜ao de arestas, uma contradi¸c˜ao. Se d(e, f ) = 1, os v´ertices que s˜ao ligados pela ´unica aresta que separa e de f teriam o mesmo r´otulo, logo, π n˜ao ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte, uma contradi¸c˜ao. Logo, d(e, f ) ≥ 2.
Teorema 2.3.10 [38] Seja Cn um ciclo. Ent˜ao
χ0a(Cn) = 3 para n ≡ 0 (mod 3), 4 para n 6≡ 0 (mod 3) e n 6= 5, 5 para n = 5.
Prova: Seja Cn um ciclo com n ≡ 0 (mod 3). Pelo Teorema 2.3.3 e pelo Lema 2.3.8,
χ0a(Cn) = 3.
Seja n 6≡ 0 (mod 3). Pelo Corol´ario 2.3.4, χ0a(Cn) ≥ 4.
Considere n = 5. Como diam(C5) = 2, pelo Lema 2.3.9, χ0a(C5) ≥ 5. Portanto,
χ0a(C5) = 5, desde que |E(C5)| = 5.
Falta colorir os ciclos Cn com n 6= 5, n ≡ 1 (mod 3) e n ≡ 2 (mod 3). Em cada caso, definimos uma fun¸c˜ao π : E(Cn) → C. Sejam V (Cn) = {v0, . . . , vn−1} e E(Cn) =
{e0, e1, . . . , en−1}, onde ei = vivi+1, 0 ≤ i ≤ n − 2, e en−1 = vn−1v0.
Para Cn, com n ≡ 1 (mod 3), definimos π como segue:
π(ei) =
(
i mod 3 para 0 ≤ i ≤ n − 2,
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 19
A fun¸c˜ao π ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para Cn e utiliza 4 cores. De fato,
L(v0) = {0, 3}; L(vn−1) = {2, 3} e para 1 ≤ i ≤ n − 2, L(vi) = {0, 1} para i ≡ 1 (mod 3), {1, 2} para i ≡ 2 (mod 3), {0, 2} para i ≡ 0 (mod 3).
Seja Cn, com n ≡ 2 (mod 3) e n 6= 5. Note que n ≥ 8.
π(ei) =
(
i mod 4 para 0 ≤ i ≤ 7,
(i + 1) mod 3 para 8 ≤ i ≤ n − 1.
A Figura 2.17 apresenta π para o grafo C8. Por inspe¸c˜ao de π, tem-se que para
1 ≤ i ≤ 7, o r´otulo de vi ´e:
L(v1) = L(v5) = {0, 1}
L(v2) = L(v6) = {1, 2}
L(v3) = L(v7) = {2, 3}
L(v4) = {0, 3}.
Figura 2.17: Colora¸c˜ao de arestas semiforte π para o C8.
Se n = 8, ent˜ao L(v0) = {0, 3}. Seja n > 8. Ent˜ao L(v8) = {0, 3} e Cn pode ser dividido em um bloco com 8 v´ertices isomorfo a um P8 e n−83 blocos com 3 v´ertices, cada
um isomorfo a um P3. Veja a Figura 2.18.
Note que n−8
3 ≡ 0 (mod 3), pois n ≡ 2 (mod 3).
Ent˜ao, para 9 ≤ i ≤ n − 1, tem-se:
L(vi) = {0, 1} para i ≡ 0 (mod 3) {1, 2} para i ≡ 1 (mod 3) {0, 2} para i ≡ 2 (mod 3)
Figura 2.18: Os blocos de C14.
Figura 2.19: Colora¸c˜ao de arestas semiforte π para C14.
Al´em disso, n − 1 ≡ 1 (mod 3), ent˜ao L(vn−1) = {1, 2}, enquanto L(v0) = {0, 2}. A
Figura 2.19 apresenta π para o grafo C14.
Portanto, π ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para Cn e utiliza 4 cores. Ent˜ao
χ0a(Cn) = 4.
k-cubo: O k-cubo Qk ´e um grafo onde os v´ertices s˜ao conjuntos de todas as k tuplas de 0’s e 1’s de forma que dois v´ertices s˜ao adjacentes se diferem em exatamente uma coordenada.
Lema 2.3.11 [8] Seja Qk um k-cubo. Ent˜ao
χT(Qk) =
(
∆(Q2) + 2 = 4 para k = 2,
∆(Qk) + 1 = k + 1 para k ≥ 3. Teorema 2.3.12 Seja Qk um k-cubo. Ent˜ao
χ0a(Qk) =
(
∆(Q2) + 2 = 4 para k = 2,
∆(Qk) + 1 = k + 1 para k ≥ 3.
Prova: Seja Qkum k-cubo. Se k=2, Qk∼= C4. Ent˜ao pelo Teorema 2.3.10, χ0a(Q2) = 4.
Se k ≥ 3, pelo Teorema 2.3.3 e pelo Lema 2.3.11, χ0a(Qk) = ∆(Qk) + 1
Uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para Qk com ∆(Qk) + 1 cores pode ser encontrada em [13].
Grafos bipartidos completos com |U | = |W | = n: Pelo Lema 2.3.6, χT(G) = ∆(Kn,n) + 2.
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 21
Teorema 2.3.13 [38] Seja Kn,n um grafo bipartido completo com n ≥ 2. Ent˜ao,
χ0a(Kn,n) = ∆(Kn,n) + 2.
Prova: Se Kn,n ´e um grafo bipartido completo com n ≥ 2, ent˜ao pelo Lema 2.3.6 e pelo Corol´ario 2.3.4, χ0a(Kn,n) ≥ ∆(Kn,n) + 2. A seguir, definiremos uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para Kn,n com ∆(Kn,n) + 2 cores.
Sejam U = {u1, u2, . . . un−1, un+1} e W = {w1, w2, . . . wn} as partes de Kn,n e π uma colora¸c˜ao de arestas de Kn,n onde π(uiwj) = (i + j) mod (∆(Kn,n) + 2).
Note que, L(ui) = {i − 1, i} e L(wi) = {i − 2, i} (mod ∆(Kn,n) + 2). Provaremos agora que L(ui) 6= L(wj) para ui, wj ∈ Kn,n. Suponha que L(ui) = L(wj), ent˜ao, {i − 1, i} ≡ {j−2, j} (mod ∆(Kn,n)+2). Se i = j e (i−1) ≡ (j−2) (mod ∆(Kn,n)+2), (i−1) ≡ (i−2) (mod ∆(Kn,n) + 2), uma contradi¸c˜ao. Logo i ≡ (j − 2) (mod ∆(Kn,n) + 2) e j ≡ (i − 1) (mod ∆(Kn,n) + 2). Por´em, dessa forma, i ≡ (i − 3) (mod ∆(Kn,n) + 2), uma contradi¸c˜ao. Logo, π ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte de Kn,n com ∆(Kn,n) + 2 cores. Portanto,
χ0a(Kn,n) = ∆(Kn,n) + 2.
Grafos completos: Um grafo G ´e completo se quaisquer dois v´ertices de G s˜ao adja-centes. Denota-se por Kn um grafo completo de n v´ertices.
Lema 2.3.14 [2] Seja Kn, n ≥ 1, um grafo completo. Ent˜ao
χT(Kn) =
(
∆(Kn) + 1, para n ´ımpar; ∆(Kn) + 2, para n par.
Teorema 2.3.15 [38] Seja Kn, n ≥ 3, um grafo completo. Ent˜ao,
χ0a(Kn) =
(
∆(Kn) + 1, para n ´ımpar; ∆(Kn) + 2, para n par.
Prova: Seja Kn um grafo completo com n v´ertices, n ≥ 3. Se n ´e ´ımpar, pelo Teo-rema 2.3.3 e pelo Lema 2.3.14, χ0a(Kn) = ∆(Kn) + 1. Se n ´e par, pelo Lema 2.3.14 e pelo Corol´ario 2.3.4, χ0a(Kn) ≥ ∆(Kn) + 2.
A seguir constru´ımos uma colora¸c˜ao de arestas semiforte com ∆(Kn) + 2 cores para
Kn, n par, n ≥ 4, provando neste caso que χ0a(G) = ∆(Kn) + 2. Seja ∆ = ∆(Kn).
Considere um grafo completo Kn+2, V (Kn+2) = {v0, . . . , vn, w}, n ≥ 4. Note que ∆(Kn+2) = ∆ + 2. Seja γ0 uma colora¸c˜ao de arestas de Kn+2 onde
γ0(vivj) = (i + j) mod (∆ + 2) para 0 ≤ i, j ≤ n,
Note que γ0 utiliza ∆ + 2 cores e que em cada v´ertice ocorrem todas as cores.
Sejam vp, vp+1 ∈ V (Kn+2) \ {w}. Observe que, Kn ∼= Kn+2\ {vp, vp+1}. A seguir provamos que a restri¸c˜ao, γ, de γ0 `as arestas de Kn, ´e uma ∆ + 2-colora¸c˜ao de arestas semiforte. A Figura 2.20 apresenta a colora¸c˜ao de arestas γ0 para Kn+2 e a colora¸c˜ao de arestas γ para Kn onde n = 4.
Figura 2.20: Colora¸c˜ao de arestas γ0 para K6 e colora¸c˜ao de arestas γ para K4.
Desde que γ0 ´e uma colora¸c˜ao de arestas de Kn+2, γ ´e uma colora¸c˜ao de arestas de
Kn. Como em cada v´ertice de Kn+2 ocorrem todas as cores e cada cor pinta pelo menos trˆes arestas, temos que γ utiliza ∆ + 2 cores nas arestas de Kn, para n ≥ 4.
Provamos agora que γ ´e semiforte. Inicialmente, observe que em cada vi ∈ V (Kn), faltam as cores {γ0(vivp), γ0(vivp+1)} = {i + p, i + p + 1} (mod ∆ + 2) e em w, faltam as cores {γ0(vpw), γ0(vp+1w)} = {2p, 2(p + 1)} (mod ∆ + 2).
Suponha que Lγ(vi) = Lγ(vj), i 6= j, e vi, vj 6= w. Desde que 0 ≤ i, j ≤ n e n = ∆ + 1, n˜ao existem i e j, i 6= j, de forma que (i+p) ≡ (j+p) (mod ∆+2). Logo, (i+p) ≡ (j+p+1) (mod ∆ + 2) e (i + p + 1) ≡ (j + p) (mod ∆ + 2). Ent˜ao (2i + 2p + 1) ≡ (2j + 2p + 1) (mod ∆ + 2). Segue que 2i ≡ 2j (mod ∆ + 2). Por hip´otese, n = ∆ + 1 ´e um inteiro par. Logo ∆ + 2 ´e ´ımpar e, portanto, i ≡ j (mod ∆ + 2). Desde que 0 ≤ i, j ≤ ∆ + 1, conclui-se que i = j, uma contradi¸c˜ao.
Falta provar que Lγ(vi) 6= Lγ(w), vi ∈ V (Kn). Suponha que Lγ(vi) = Lγ(w), para algum vi ∈ V (Kn). Ent˜ao {i + p, i + p + 1} (mod ∆ + 2) = {2p, 2(p + 1)} (mod ∆ + 2). Se (i+p) ≡ 2p (mod ∆+2), ent˜ao i ≡ p (mod ∆+2). Novamente, como 0 ≤ i, p ≤ ∆+ 1, tem-se i = p. Por´em, vp 6∈ V (Kn). Suponha, ent˜ao, que (i + p) ≡ 2(p + 1) (mod ∆ + 2) e (i + p + 1) ≡ 2p (mod ∆ + 2). Ent˜ao i ≡ (p + 2) (mod ∆ + 2) e i ≡ (p − 1) (mod ∆ + 2). Sendo n ≥ 4 e 0 ≤ i, p ≤ ∆ + 1 n˜ao existem i, p que satisfa¸cam simultaneamente ambas as congruˆencias, uma contradi¸c˜ao. Segue-se que γ ´e uma colora¸c˜ao de arestas semiforte para Kn. Portanto, χ0a(Kn) = ∆ + 2.
Seja Kn, n par, com V (Kn) = {w, v0, . . . , vl−1, vl, . . . , vn−2} e considere a colora¸c˜ao de arestas para Kn, n par, definida, no Teorema 2.3.15, por
2.3. Rela¸c˜ao entre colora¸c˜ao de arestas semiforte e colora¸c˜ao total 23
γ0(vivj) = (i + j) mod ∆(Kn),
γ0(wvi) = (2i) mod ∆(Kn).
A seguir, mostramos que a restri¸c˜ao, γ, de γ0 `as arestas de Kp, com 3 ≤ p < n, onde
V (Kp) = {w, vl, . . . , vp+l−2}, ´e uma ∆(Kn)-colora¸c˜ao de arestas semiforte de Kp. Note que ∆(Kn) = ∆(Kp) + l, onde l = n − p, l ≥ 1, e que ∆(Kp) + l ´e ´ımpar.
Teorema 2.3.16 Seja G ∼= Kp e l um inteiro positivo tal que ∆(G)+l ´e ´ımpar. Considere
V (G) = {w, vl, . . . , vp+l−2} e γ : E(G) → C definida da seguinte forma:
γ(vivj) = (i + j) mod (∆(G) + l),
γ(wvi) = 2i mod (∆(G) + l).
Ent˜ao γ ´e uma ∆(G) + l-colora¸c˜ao de arestas semiforte de G e o complemento dos
r´otulos em G ´e dado por
Lγ(vi) = {i, i + 1, . . . , i + l − 1} (mod (∆(G) + l)),
Lγ(w) = {0, 2, . . . , 2(l − 1)} (mod ∆(G) + l).
Prova: Seja G ∼= Kp com V (G) = {w, vl, . . . , vp+l−2} e l um inteiro positivo tal que ∆(G) + l ´e ´ımpar. Grafo G ´e subgrafo de K∆(G)+l+1. Seja V (K∆(G)+l+1) = V (G) ∪
{v0, . . . , vl−1} = {w, v0, . . . , vl−1, vl, . . . , v∆(G)+l−1}. Note que γ0´e uma colora¸c˜ao de arestas
de K∆(G)+l+1 com |C| = ∆(G) + l = ∆(K∆(G)+l+1).
Desde que G ´e subgrafo de K∆(G)+l+1, γ ´e uma ∆(G) + l-colora¸c˜ao de arestas de G.
Primeiro calculamos o complemento do r´otulo de vi, w ∈ V (G), l ≤ i ≤ ∆(G) + l − 1. Para v ∈ V (G) as cores que n˜ao ocorrem nos r´otulos de v s˜ao as cores das arestas uv onde u ∈ {v0, . . . , vl−1}. Logo,
Lγ(vi) = {i, i + 1, i + l − 1} (mod ∆(G) + l), e
Lγ(w) = {0, 2, . . . , 2(l − 1)} (mod ∆(G) + l).
A Figura 2.21 exibe a 7-colora¸c˜ao de arestas γ para K5. Note que l = 3.
Seja vk ∈ V (K∆(G)+l−1) \ V (G). Ent˜ao 0 ≤ k ≤ l − 1. Para provar que γ ´e semiforte,
inicialmente reescrevemos Lγ(vi), vi ∈ V (G). Ent˜ao l ≤ i ≤ ∆(G) + l − 1.
Se i < ∆(G) + 1, ent˜ao i + k < ∆(G) + l. Logo, γ(vivk) = i + k. Portanto neste caso, temos Lγ(vi) = {i, i + 1, . . . , i + l − 1}.
Seja i ≥ ∆(G) + 1, ent˜ao i + k < ∆(G) + l para 0 ≤ k ≤ (∆(G) + l) − i − 1. Logo, para esses valores de k, temos γ(vivk) = i + k. Por´em, para (∆(G) + l) − i ≤ k ≤ l − 1, temos i + k ≥ ∆(G) + l e ent˜ao γ(vivk) = i + k − (∆(G) + l). Portanto, Lγ(vi) = {i, i + 1, . . . , ∆(G) + l − 1} ∪ {0, 1, . . . , i − ∆(G) − 1}. Observe que 0 ∈ Lγ(vi), pois desde que i ≥ ∆(G) + 1 temos que i − ∆(G) − 1 ≥ 0.