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Residência multiprofissional em saúde: percepção dos residentes acerca das ações desenvolvidas na atenção básica como fortalecedoras do SUS

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HUMBERTO MEDEIROS WANDERLEY FILHO

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS RESIDENTES ACERCA DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS NA ATENÇÃO

BÁSICA COMO FORTALECEDORAS DO SUS

CAICÓ 2019

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE LABORATÓRIO DE PESQUISA SABERES, SAÚDE E SOCIEDADE (LASSSO)

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RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS RESIDENTES ACERCA DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS NA ATENÇÃO

BÁSICA COMO FORTALECEDORAS DO SUS

Trabalho de Conclusão de Residência, sob orientação da Profa. Dra. Ana Luiza de Oliveira e Oliveira, para conclusão da Residência Multiprofissional em Atenção Básica.

CAICÓ 2019

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE LABORATÓRIO DE PESQUISA SABERES, SAÚDE E SOCIEDADE (LASSSO)

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DO TCR

Escola Multicampi de Ciências Médicas

ORIENTADORA: Profa. Dra. Ana Luiza de Oliveira e Oliveira CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Tiago Rocha Pinto

MEMBROS:

1. Profa. Dra. Raquel Litterio de Bastos

2. Profa. Esp. Brígida Gabrielle Albuquerque Barra

3. Profa. Dra. Ana Carine Arruda Rolim (suplente)

Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Escola Multicampi em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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DEDICATÓRIA

Deus, eterno Pai, por todas as graças concedidas e pela força, mesmo nas noites mais escuras;

Aos meus pais, Humberto e Iris, minhas joias preciosas, que com a mais pura forma de amar nunca desistiram de mim. Aos meus colegas/amigos residentes, os protagonistas deste “filme”, que me ensinam e inspiram;

À minha família e amigos, que sempre me apoiaram e acreditaram no meu potencial;

A Marcos, meu anjo, que do alto sempre estará olhando por mim (in memoriam).

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AGRADECIMENTOS

A Deus, sobre todas as coisas, pois se Ele me deu força e coragem para correr atrás dos meus sonhos, é porque sabia que eu seria capaz de conquistá-los. Esta vitória é para Ele e por Ele, sempre.

A minha mãe, Iris de Lourdes, por me ensinar a ser forte e erguer a cabeça, mesmo nos momentos mais difíceis, sendo o maior exemplo de garra que eu poderia ter; e ao meu pai, Humberto Wanderley, por me fazer ver a vida de forma mais amena e com aquele sorriso no rosto que alivia qualquer tempestade. Aos meus pais, pelo amor e proteção, pelos ensinamentos e confiança, pelos abraços e puxões de orelha, pelas palavras e silêncios. Por existirem e por me tornarem quem eu sou, agradeço com todas as forças que tenho. Saibam que, quando estou longe de casa, é das paredes do nosso lar que eu mais sinto falta.

À minha Orientadora, Ana Luiza de Oliveira e Oliveira, grande e exemplar mulher, por me incentivar e me mostrar os caminhos certos, me fazendo crer que seria possível, que o céu era o limite. Com sua experiência e humildade, segurou minha mão e trilhou essa caminhada lado a lado, nunca deixando que eu desacreditasse e confiando plenamente em mim. Sou extremamente grato por isso.

Aos membros da banca avaliadora, Raquel Litterio de Bastos e Brígida Gabrielle Albuquerque Barra, por aceitarem participar deste momento, contribuindo de forma positiva ao estudo e ao meu crescimento acadêmico e profissional.

À minha família, pelo apoio e encorajamento. Mesmo distantes, sempre estiveram em meus pensamentos como fonte de energia para que eu pudesse, diariamente, acordar forte em busca dos meus objetivos apenas para orgulhá-los.

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Aos meus colegas e amigos residentes, por servirem de inspiração para este estudo e para minha vida. Eles se tornaram mais que companheiros de jornada, sendo extremamente essenciais durante todo esse tempo. Por eles, eu consegui chegar até o final e não há como agradecer isso, então tentei produzir algo que, de certa forma, pudesse homenageá-los ao dar voz aos seus pensamentos. Queria que um dia soubessem a importância de tê-los ao meu lado, dividindo esses dias numerados.

A todas as pessoas que estiveram ligadas direta ou indiretamente a este trabalho. Ele não existiria se não fosse a contribuição de cada um que se dispôs em ajudar apenas pelo fato de querer, tanto quanto eu, a concretização deste sonho. Todos sabem o quanto eu sonhei em viver a residência e poder concretizar isto é algo imensurável na minha vida. Olhar para traz e saber que consegui, que deu certo e que finalizei da melhor forma possível, enche meu coração e meu ser de profunda satisfação. Não há palavras para descrever a imensa gratidão que estou sentindo.

“A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã.”

Melody Beattie

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RESUMO

A Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) é uma modalidade de pós-graduação que vai além do conhecimento de uma categoria profissional. Ao buscar a resolutividade na atenção a saúde, utiliza o trabalho interprofissional e multidisciplinar como elemento de formação. Além disso, as RMS surgem como uma nova forma de se pensar e fazer a saúde no país em defesa e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Fruto do processo de interiorização do ensino no Rio Grande do Norte, foi criado em 2016 o Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica (PRMAB), tendo a Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN) como instituição formadora, e as Secretaria Municipais de Saúde (SMS) de Caicó e Currais Novos como isntituições executoras. O PRMAB conta com 44 vagas anuais, distribuídas 10 categorias profissionais. Em 2019 o PRMAB passou por reformulações em seus eixos teórico e prático de modo a acompanhar as necessidades de preceptores, residentes e das instituições executoras. O eixo prático, com 80% da carga horária total tem o trabalho como o centro da formação. O objetivo deste estudo é analisar a percepção dos residentes do segundo ano do PRMAB acerca do trabalho e da defesa do SUS como elemento de formação na nova configuração dos cenários de prática. Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e registradas de forma audiovisual durante os meses de setembro e outubro de 2019 com 18 residentes no município de Caicó/RN. O material, foi editado utilizando Adobe Premiere Pro Cc 2019. O produto final é um produto audiovisual, com 27 minutos e 37 segundos de duração intitulado “Residentes: A transformação pelo trabalho”. Os dados forma compilados no documentário de modo a construir uma narrativa norteada pela perspectiva da Historia Oral temática sobre a formação e trabalho no papel dos(as) residentes. Concluiu-se que ser residente possibilita transformações tanto no sujeito residente quanto no fortalecimento do SUS e da atenção à saúde.

Palavras-chave: Internato e Residência; Atenção Primária à Saúde; Sistema Único de Saúde.

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ABSTRACT

The Multiprofessional Residency (MR) is a postgraduate modality that goes beyond the knowledge of a professional category. In seeking resoluteness in health care, it uses interprofessional and multidisciplinary work as a training element. In addition, the RMS emerge as a new way of thinking and doing health in the country in defense and strengthening of the Unified Health System (SUS). As a result of the process of internalization of teaching in Rio Grande do Norte, the Multi-Professional Residency Program in Primary Care (PRMAB) was created in 2016, with the Multicampi School of Medical Sciences of the Federal University of Rio Grande do Norte (EMCM / UFRN) as a training institution, and the Municipal Health Secretariat (SMS) of Caicó and Currais Novos as executing institutions. PRMAB has 44 annual vacancies, distributed in 10 professional categories. In 2019, the PRMAB underwent reformulations in its theoretical and practical axes to keep up with the needs of preceptors, residents and executing institutions. The practical axis, with 80% of the total workload, has work as the center of training. The objective of this study is to analyze the perception of second year residents of PRMAB about the work and defense of SUS as a training element in the new configuration of practice scenarios. This is an exploratory descriptive study with a qualitative approach. Semi-structured interviews were conducted and audiovisual recorded during the months of September and October, 2019, with 18 residents in the city of Caicó/RN. The material was edited using Adobe Premiere Pro Cc 2019. The final product is a 27’37’’ audiovisual product entitled “Residents: Transformation through work”. The data were compiled in the documentary in order to construct a narrative guided by the perspective of thematic Oral History on the formation and work in the role of the residents. It was concluded that being a resident enables changes in the resident, the strengthening of SUS and health care.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa... 16 Tabela 2. Arquivos de áudio e vídeo dos entrevistados (caracterizados pelas suas profissões) e a duração dos arquivos obtidos durante a coleta de dados... 25 Tabela 3. Ficha técnica do produto audiovisual (documentário)... 26 Tabela 4. Dados do Questionário Biodemográfico Simples (APÊNDICE I)... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB – Atenção Básica

APS – Atenção Primária à Saúde

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial CER – Centro Especializado em Reabilitação

CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador CRAS – Centro de Referência em Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social EMCM – Escola Multicampi de Ciências Médicas

ESP/RS – Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul HO – História Oral

IES – Instituição de Ensino Superior

IESC – Integração Ensino-Serviço-Comunidade

IV URSAP – IV Unidade Regional de Saúde Pública do Seridó MEC – Ministério da Educação

MRS – Movimento de Reforma Sanitária MS – Ministério da Saúde

PBL – Problem Based in Learning

PNEPS – Política Nacional de Educação Permanente em Saúde

PRMAB – Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica QFS – Quadrilátero da Formação para área da Saúde

RM – Residência Médica

RMS – Residência Multiprofissional em Saúde SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNESP – Universidade Estadual Paulista

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...3

1. O ROTEIRO: AS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS DO BRASIL AO SERIDÓ...6

1.1 Os programas de Residência Uniprofissional e Multiprofissional como estratégia de formação...6

1.2 O Sistema Único de Saúde e a formação através da Residência Multiprofissional em Saúde...8

1.3 A Residência Multiprofissional em Atenção Básica no Seridó Potiguar... 11

2. OBJETIVOS...14

2.1 Objetivo Geral...14

2.2 Objetivos Específicos...14

3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA...15

3.1 Sujeitos e Métodos...15

3.2 Técnicas e Métodos de Coleta e análise de dados... 17

3.3 Aspectos Éticos...20

4. DESCRIÇÃO DO PRODUTO...21

4.1 O processo de entrevistas como coleta de dados... 21

4.2 Material Coletado...23

4.3 Aspectos técnicos do produto audiovisual...26

4.4 Análise dos dados coletados... 27

5. O PRODUTO: “RESIDENTES - A TRANSFORMAÇÃO PELO TRABALHO”....30

5.1 “A gente trabalha muito em equipe”: Rotina do primeiro ano de residência... 31

5.2 “Estamos fortalecendo a Rede”: Rotina do segundo ano de residência...33

5.3 “O SUS somos nós”: Percepção da atuação nos cenários de prática...34

5.4 “Tiveram momentos negativos, mas são desprezíveis perto dos momentos positivos”: Potencialidades e fragilidades do processo de residência...36

5.5 “É impossível entrar nesta residência e sair a mesma pessoa”: Mudanças nos aspectos profissionais e pessoais... 37

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 40

REFERÊNCIAS... 42

ANEXOS...46

Anexo I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...46

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Anexo III – Termo de Autorização de veiculação de áudio... 49

Anexo III – Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa...50

APÊNDICE... 52

Apêndice I – Questionário Biodemográfico Simples... 52

Apêndice II – Entrevista Semiestruturada... 53

Apêndice III – Termo de Responsabilidade e Compromisso do Pesquisador Responsável... 54

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MINHA IMPLICAÇÃO COM A PESQUISA

“Faz sentido”

Eu lembro quando, ainda moleque, pegava escondido a câmera filmadora dos meus pais para observar o mundo através das lentes. Filmava em plano aberto os animais caminhando sem pressa pelas ruas, treinava meu zoom com os pássaros voando bem alto, aprimorava meu close nas flores molhadas da chuva. Mal sabia que estava cultivando em mim uma paixão pela arte de registrar a vida, como esculpir uma estátua num tempo da história a fim de eternizá-lo. Cresci e me vi realizando o sonho de ser Produtor Audiovisual.

Estava prestes a terminar o curso quando meu pai passou por graves complicações de saúde e foi submetido a uma delicada cirurgia. Enquanto eu o visitava na enfermaria após dias na Unidade de Terapia Intensiva, assistia um profissional se dedicar na recuperação do meu pai: ele levantava seus braços para um lado e outro, subia e descia suas pernas, controlava sua respiração num ritmo tão belo enquanto eu só admirava aquela arte. Descobri ali uma nova paixão: a Fisioterapia.

Sim, muitos estranharam quando eu peguei meu diploma em Produção Audiovisual e corri para os laboratórios de anatomia, me debrucei sobre os livros de cinesioterapia e comecei uma nova fase da minha história. Aos poucos e cada vez mais eu me encontrava na área da saúde, coisa que nem eu mesmo esperava. O que acontece é que eu vi sentido nisso quando eu vi que era arte isso de cuidar do outro de uma forma tão natural. Novamente, estava eu me encontrando. Porém, algo estava incompleto.

Ao erguer o diploma como fisioterapeuta, eu me vi num dilema que me inquietava: eu tinha duas belíssimas ferramentas na mão, duas artes extremamente sensíveis e intrigantes... Como eu poderia encaixá-las de forma que uma pudesse completar a outra? Como eu poderia contribuir sendo fisioterapeuta e produtor audiovisual ao mesmo tempo? Isso seria possível, mesmo sendo áreas totalmente distintas que quase ninguém consegue ver relação entre elas?

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Foi quando entrei no Programa de Residência, como fisioterapeuta residente, que eu vi – e minha orientadora também viu, quase que ao mesmo tempo. Eu poderia usar minhas habilidades de produtor audiovisual como metodologia de pesquisa, com a finalidade de registrar o que os residentes me relatavam sobre a residência, sua percepção através de suas falas, em frente a minha câmera, através das minhas lentes, bem como falei antes: como esculpir uma estátua num tempo da história a fim de eternizá-lo.

Foi então que tudo fez ainda mais sentido. Estava eu, fisioterapeuta e produtor audiovisual, deixando minhas duas áreas profissionais conversarem, sentarem para tomar um chá e acertarem suas diferenças. O objeto de pesquisa muito me interessava, pois eu me encontrava enquanto residente assistindo as percepções dos meus colegas, angustias e motivações sobre nosso cenário de prática. Entendi que isso precisaria ser guardado para que todo esse contexto pudesse ser analisado e estudado, propondo melhorias no pensar e fazer residências, não somente no Seridó potiguar, como no Brasil inteiro.

A meu ver, foi uma ideia genial utilizar da História Oral para este estudo, tendo em vista a capacidade de compreensão que essa metodologia proporciona. Sem contar que esta pesquisa me deu a chance de unir minhas habilidades nas áreas que eu domino para contribuir cientificamente e propor mudanças. Eu não tinha noção que pegar a filmadora escondido ou assistir meu pai sendo reabilitado teria como resultado uma junção de conhecimentos a fim de trazer melhorias, porém isso muito me alegra. É bom saber que minha história está sendo valorizada e utilizada para o bem da coletividade, servindo para mim como incentivo para criar e sempre tentar ver sentido, mesmo quando este não esteja tão evidente assim.

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INTRODUÇÃO

A Escola Multicampi de Ciências Médias (EMCM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN) é fruto da necessidade de interiorização dos campi das universidades federais, pois atualmente nota-se alta concentração de profissionais médicos e das diversas áreas da saúde nas capitais quando comparada ao número desses profissionais no interior dos estados.

Neste propósito, surge em 2016 o Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica (PRMAB) na EMCM, contando com 10 categorias profissionais atuando juntas e de forma interprofissional, sendo a UFRN a instituição formadora e as Secretarias Municipais de Saúde as instituições executoras. Por ano, há o ingresso de 44 residentes, distribuídos nos municípios de Currais Novos e Caicó, cidades do seridó potiguar. O programa torna-se relevante ao promover qualificação profissional no trabalho, contribuindo para a asssitência, gestão e estruturação da rede de saúde dos municípios onde está inserido, em acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN, seguindo o incentivo à interiorização do ensino.

Os(as) residentes que ingressam nessa especialização lato sensu desenvolvem ações voltadas às necessidades da comunidade. Em seu primeiro ano de residência, estão imersos nas práticas da atenção básica e se inserem na realidade das Unidades Básicas de Saúde (UBS), promovendo o apoio matricial das Equipes de Saúde da Família (ESF) e participando das atividades propostas no intuito de ampliar a atenção à saúde voltada aos usuários e às usuárias da região. Em relação ao segundo ano de residência, as atividades passam a ter como cenário os outros níveis de atenção à saúde (secundária e terciária), no intuito de criar interligação entre estes níveis com a atenção básica, fortalecendo assim a Rede de Atenção à Saúde (RAS) dos municípios, bem como o próprio Sistema Único de Saúde (SUS).

No entanto, é implementada em 2019 nova forma de organização do componente prático do segundo ano de residência, pautada no Quadrilátero da Formação em Saúde (QFS), que é constituído por: ensino, gestão, atenção e controle social, e diz respeito à formação profissional em saúde. Dessa forma, os(as) residentes passam a organizar sua atuação prática no formato de rodízio em 3 eixos organizativos: Atenção à saúde, Gestão em saúde e Educação em saúde. Além de conhecer a realidade do SUS, os(as) residentes passam a vivenciar o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e a

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realidade de novos cenários, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as redes hospitalares, na intenção de criar elos entre os níveis de atenção à saúde, repercutindo na atenção básica.

Dessa forma, o objetivo geral deste estudo é analisar a percepção dos(das) residentes do PRMAB do município de Caicó/RN acerca de suas ações desenvolvidas como fortalecedoras do SUS, entregando como produto um documentário audiovisual contendo as falas desses atores no processo de residência.

Este estudo justifica-se pela necessidade de compreender como se dá o processo de residência através da percepção dos(as) residentes que desenvolvem as ações e estão em contato direto com a realidade do município, entendendo quais os seus apontamentos sobre os desafios e potencialidades, bem como a percepção das suas ações desenvolvidas como fortalecedoras do SUS. À medida que se entende como se dá este processo, é possível propor formas de melhorias das fragilidades e manutenção das potencialidades, a fim de construir um programa que busca consolidar de forma satisfatória sua estrutura, almejando ofertar ao residente um cenário propício para o desenvolvimento de ações de qualidade e que atendam às necessidade do(a) usuário(a) de forma efetiva, ao passo que o retorno para a sociedade é parte importante da formação.

Além disso, o estudo pretende contribuir de forma significativa com o enriquecimento da literatura acerca das Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) como importante espaço formativo pelo trabalho, para e pelo SUS.

Sendo assim, este estudo está dividido em 5 capítulos:

O primeiro é intitulado “O Roteiro: as Residências Multiprofissionais do Brasil ao Seridó”, sendo a fundamentação teórica norteadora da pesquisa. Está subdividido em 3 subtópicos que abordam: o processo histórico das residências (uniprofisisonal e multiprofissional); o SUS como cenário de aprendizado e a RMS como processo formativo pelo trabalho e; a RMS no seridó potiguar.

O segundo capítulo trata dos objetivos do estudo, sendo seguido pelo terceiro capítulo - “Trajetória Metodológica”. O quarto capítulo (“Descrição do produto”) descreve como o produto está apresentado, além de aspectos técnicos da produção audiovisual. O quinto e último capítulo é intitulado “O Produto: Residentes - A

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transformação pelo trabalho”. Este capítulo discorre, em texto redigido em primeiro pessoa do singular, sobre os núcleos de sentido apresentados no documentário e a percepção do autor como participante do processo, dando possibilidade ao desenvolvimento da narrativa exposta no documentário.

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1. O ROTEIRO: AS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS DO BRASIL AO SERIDÓ

1.1 Os programas de Residência Uniprofissional e Multiprofissional como estratégia de formação

A Residência como projeto de ensino pelo trabalho foi regulamentada no Brasil no quinto dia de setembro de 1977, pelo então Presidente Ernesto Geisel através do Decreto de número 80.281 e era exclusividade dos graduados em Medicina, sendo então nomeada de Residência Médica (RM). Foi reconhecida neste decreto como modalidade de ensino de pós-graduação sob a forma de Curso de Especialização por meio da prática em serviço sob dedicação exclusiva (BRASIL, 1977).

Apesar de no Brasil esta modalidade ter início na segunda metade do século XX, o modelo de RM teve seu início histórico a partir das experiências de Willian Healstead, em 1889, numa cidade chamada Baltimore no estado americano de Maryland. Healstead é considerado criador da RM, além de pai da cirurgia moderna (MARTINS, 2005).

Ao ser eleito chefe do Departamento de Cirurgia da Universidade John’s Hopkins, começou a perceber maior probabilidade de morte entre os pacientes que passavam por procedimentos com os médicos recém-formados, atribuindo a este fato a pouca experiência prática e profissional desses ex-alunos. Como forma de resolver essa problemática, decidiu instituir um modelo de trabalho voltado ao treino intensivo na área de cirurgias com quatro desses recém-formados que passaram a residir no próprio hospital onde trabalhavam, sendo chamados de “residentes”, dispondo assim em tempo integral ao trabalho-aprendizado. Healstead imputava aos residentes recém-chegados alguns encargos considerados simples, como cuidados pré ou pós-operatórios, e à medida que eles adquiriam mais prática e habilidade, eram repassados casos mais complexos até chegarem a realizar cirurgias sem supervisão (HORII, 2013).

Essa modalidade de ensino começou a ser vista como fundamental para a formação médica e passou a ser obrigatória nos Estados Unidos em meados dos anos 1930, chegando ao Brasil por volta de 1944 de forma discreta. A primeira RM no país foi a de Ortopedia, pela USP, mas ainda com baixo número de alunos. Apenas após metade da década de 50 que as RM ganham força no Brasil, porém de forma desordenada e sem

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critérios bem estabelecidos, muitas vezes entendendo os residentes como profissionais “de baixo custo” ou apenas estagiários, sem dar atenção ao aprendizado em serviço ou enriquecimento na formação profissional, desviando da ideia primordial defendida por Healstead. Com isso, foi necessária a regulamentação dessa especialização em 1977 no país (BACHESCHI, 1998).

O impacto que a RM causou foi cada vez mais crescente. Especialistas nas áreas de saúde e educação passaram a entender o ensino em serviço proporcionado pelas RM como essenciais na formação de profissionais mais capacitados. Com isso, e muito provavelmente impulsionada pelo desempenho das RM, surgiu também nos Estados Unidos a Residência em Enfermagem, sendo ligeiramente reproduzida em outros países, bem como no Brasil na década de 1960, em São Paulo (LIMA, PORTO, 1977). Porém, apenas em 1996 ela foi instituída através da Lei nº 2.264.

Paralelo aos processos das Residências Médica e de Enfermagem, os anos 1970 inauguram uma nova modalidade de ensino pelo trabalho na Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (ESP/RS). Em 1977, teve o início de uma nova modalidade de Residências: A Residência Multiprofissional em Saúde (RMS), um tipo de Residência que vai além do conhecimento de apenas uma categoria (CECCIM, ARMANI, 2001).

No Brasil, surgiu atrelada ao Programa de Residência em Saúde Comunitária no Centro de Saúde Escola Murialdo da ESP/RS, que a partir de 1977 passou a oferecer vagas para enfermeiros, médicos veterinários e assistentes sociais. Neste mesmo período histórico, a Conferência de Alma-Ata atentava sobre a ampliação da saúde na Atenção Primária à Saúde (APS), que deveria ser vista de forma multifatorial e não somente a ausência de doença. Isto fortaleceu a ideia da RMS que pretendia ampliar a visão sobre saúde à medida que o conhecimento compartilhado em equipe multiprofissional proporcionaria uma atenção mais eficaz à população (UEBEL, ROCHA, MELLO, 2003).

Nessa mesma década de 70, no período de ditadura militar em seu apogeu, o Movimento da Reforma Sanitária (MRS) vem combater o forte paradigma médico-hegemônico e industrial onde a doença era vista através do modelo tradicional estritamente biologicista, bem como o combate ao modelo de formação pautado nas especialidades fragmentadas dos saberes. Em 1988, o inciso III do artigo 200 da Constituição Federal de 1988, traz como atribuição do SUS a ordenação da formação de

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recursos humanos na área da saúde na tentativa de aproximar as políticas de saúde e educação na formação de profissionais voltados ao fortalecimento deste sistema (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

Os processos de luta do MRS e das RMS estão atrelados à medida que buscam a contraposição do modelo vigente e do processo saúde-doença, bem como a interligação dos conhecimentos por meio do trabalho multi e interprofissional. Além disso, as RMS surgem como proposta de nova forma de se pensar e fazer a saúde no país, rompendo as limitações de um processo uniprofissional, pondo em prática a interprofissionalidade na saúde, como também o trabalho para e com a sociedade. Segundo Rosa e Lopes (2010):

Entre os anos de 1970-1980, o modelo hegemônico adotado no Brasil esteve centrado no hospital e na medicina especializada. No entanto, a partir de 1973, vários movimentos sociais se aglutinaram em torno da defesa dos direitos humanos e da liberdade política, contrapondo-se à ditadura militar. Na área da saúde, a luta era pela organização de um sistema único e hierarquizado, que não dicotomizasse o cuidado à doença e a promoção da saúde, a saúde individual e a saúde coletiva (ROSA, LOPES, 2010, p. 488).

1.2 O Sistema Único de Saúde e a formação através da Residência Multiprofissional em Saúde

A influência do MRS sobre a RMS no tocante à formação em saúde também se dão pelos eixos teóricos atrelados à esta, como o marxismo e a reforma psiquiátrica, que estavam em ascensão na década de 70, propondo mudanças na estrutura da sociedade e do processo de saúde da época, bem como no sistema de saúde que estava sendo organizado. Dessa forma, as turmas pioneiras de RMS podem ser entendidas como reacionárias ao cenário instaurado e à formação dos profissionais da saúde naquele período. Tal relação entre o Sistema Único de Saúde (SUS), o MRS e as RMS também se dá pelos ideais em comum de luta e transformação nos paradigmas da saúde: o trabalho em equipe, rompendo com os saberes fragmentados; a comunidade como

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centro das ações de saúde, a participação popular através do controle social; a ruptura no entendimento do processo saúde-doença da forma bioligicista e unicausal; a formação na área da saúde; o fortalecimento da saúde coletiva (NUNES, 2005; PASINI, 2010).

Porém, no começo dos anos 90, a RMS da ESP/RS deixou de existir por inúmeros fatores, dentre eles a crise que assolava o país e a diferença remunerativa e carga horária dos residentes de medicina e as outras profissões (CECCIM, ARMANI, 2001).

Somente em 2002 as RMS voltam a ganhar força no Brasil, quando são criadas 19 Residências Multiprofissionais em Saúde da Família, financiados pelo Ministério da Saúde (MS). Finalmente, em junho de 2005, pela Lei nº 11.129:

“fica instituída a Residência em Área Profissional da Saúde, definida como modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, voltada para a educação em serviço e destinada às categorias profissionais que integram a área de saúde, excetuada a médica” (BRASIL, 2005a).

Ainda sobre o processo histórico das RMS alguns marcos devem ser pontuados. Foi importante a publicação da Portaria Interministerial nº 2.117 de 2005, do MS e do Ministério da Educação (MEC), consolidando a instituição das RMS (BRASIL, 2005b); Tal consolidação demarcou, em certa medida, o aspecto educacional dos Programadas. Em 2007, a Portaria Interministerial nº 45 foi relevante no processo de consolidação das RMS, pois afirmava que estas deveriam ser pautadas sob os princípios do SUS, ampliando ainda mais o entendimento de saúde e fortalecendo o Sistema (BRASIL, 2007).

Portanto, é notório que os Programas de RMS apresentam-se como produto histórico de defesa da educação e da saúde e que vêm passando por processos e ganhando espaço, sendo modelados e adaptados para se adequar às necessidades de saúde da população em prol do fortalecimento do SUS, contemplando a qualidade do ensino-aprendizagem, almejando um perfil profissional diferenciado daquele centrado na doença, prezando o trabalho colaborativo e voltado à população.

Dessa forma, as RMS surgem como estratégia para a formação de profissionais em saúde com perfil multiprofissional, alinhados aos princípios e diretrizes do SUS. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) reformula a forma de

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produção do conhecimento através de alternativas diferenciadas de se idealizar a educação e o trabalho, bem como a educação pelo trabalho, dos profissionais da área da saúde, para que estes desenvolvam seu perfil profissional de forma descentralizada, distanciando-se cada vez mais da fragmentação dos saberes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004; SANTOS, 2008).

Silva et al. (2016) defende a RMS como estratégia para o fortalecimento do SUS através da PNEPS, deixando clara a Integração Ensino-Serviço-Comunidade (IESC) que se estabelece na metodologia adotada na RMS:

Desse modo, com a operacionalização da PNEPS, torna-se imperativa a premissa de que as práticas dos profissionais de saúde respondam às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS). Para tanto, a Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) tem como objetivo formar profissionais para uma atuação diferenciada no SUS, uma vez que pressupõe construção interdisciplinar nos profissionais em saúde, trabalho em equipe, dispositivo de educação permanente e reorientação das lógicas tecnoassistenciais. O que se agrega a essa modalidade de formação resulta em ações educativas centradas nas necessidades de saúde da população, na equipe multiprofissional e na institucionalização da Reforma Sanitária brasileira, o que vem ao encontro do que preconiza a PNEPS e os princípios do SUS (SILVA et al., 2016, p.2).

IESC objetiva a aproximação do estudante com a comunidade e os profissionais do território no qual atua, bem como à realidade do SUS, entendendo as particularidades práticas deste cenário. Portanto, a IESC é entendida como a metodologia que proporciona ao aprendizado o contato com a realidade, comprometendo-se com a formação profissional por meio da troca dos saberes, abrangendo assim o Quadrilátero da Formação para a área da Saúde (QFS), que é constituído por: ensino, gestão, atenção e controle social, e diz respeito à formação profissional em saúde (BRANDÃO, ROCHA, SILVA, 2013).

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Segundo Ceccim e Feuerwerker (2014), o QFS trata-se de um projeto educativo que:

(...) extrapola a educação para o domínio técnico-científico da profissão e se estender pelos aspectos estruturantes de relações e de práticas em todos os componentes de interesse ou relevância social que contribuam à elevação da qualidade de saúde da população, tanto no enfrentamento dos aspectos epidemiológicos do processo saúde-doença, quanto nos aspectos de organização da gestão setorial e estruturação do cuidado à saúde (CECCIM, FEUERWERKER, 2014, p. 42).

1.3 A Residência Multiprofissional em Atenção Básica no Seridó Potiguar

O QFS é um projeto educativo importante na formação dos profissionais voltada para o SUS. Sua importância traz respaldo científico para que as Instituições de Ensino Superior (IES) utilizem-se dele como instrumento na rotina acadêmica e muitas delas o fazem. A Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN) é uma delas. A EMCM é fruto da necessidade de interiorização dos campi das Universidades Federais como resultado de estudos que comprovam esse fato, bem como a alta concentração de profissionais médicos e das diversas áreas da saúde nas capitais. Para Melo et al. (2017), a UFRN destaca-se neste processo:

Neste contexto, a UFRN tem se destacado pela sua presença no interior do estado e efetiva colaboração no processo de desenvolvimento estadual, regional e nacional. Sendo assim, a UFRN implantou o curso de Medicina Multicampi, envolvendo os campi de Santa Cruz, Currais Novos e Caicó (sede administrativa do curso), cujas atividades acadêmicas tiveram início em 25 de julho de 2014 (MELO et al., 2017, p. 1334).

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Segundo os autores supracitados, a EMCM utiliza-se de metodologias ativas e da IESC no processo de ensino-aprendizagem para que os estudantes sejam inseridos na APS desde os primeiros períodos do curso.

Nesse contexto, surge na EMCM o Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica (PRMAB), tendo a UFRN como instituição formadora, nos municípios de Caicó e Currais Novos. Em seu Projeto Pedagógico, a necessidade deste Programa justifica-se pela relevância em promover qualificação profissional para assistência, gestão e estruturação da rede de saúde, voltada para o Seridó potiguar em congruência com o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN de 2010-2019 que tem como objetivo a interiorização por meio da formação ampliada no contexto das comunidades do interior do estado.

Sendo assim, em 2016 há o ingresso da primeira turma de residentes do PRMAB da UFRN/EMCM, contando com 10 categorias profissionais: educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina veterinária, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social. Com o intuito de proporcionar vivência interprofissional com inserção profunda na realidade do SUS e o fortalecimento do mesmo, a pretensão deste Programa foi/é a formação de egressos qualificados para atuar nas reais necessidades de saúde da população, favorecendo melhoras nas condições e qualidade de vida das comunidades e a consolidação da IESC presada pela UFRN, em conformidade com a conjuntura político-educacional ampliada.

Historicamente, a RMS surge com a proposta de fortalecer o SUS, sendo os princípios e diretrizes deste os orientadores das ações daquela, que devem ser pautadas em conformidade com os contextos locais e regionais onde a residência está inserida. Nesta perspectiva, o PRMAB da EMCM/UFRN reorganiza sua atuação no serviço de saúde com a intenção de fortalecer as Redes de Atenção à Saúde (RAS) do Município de Caicó/RN após identificar tal fragilidade, reestruturando a atuação prática dos residentes em Eixos pautados pelo QFS (Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social), que perpassa todos os níveis de atenção à saúde com o intuito de interligação com a Atenção Básica (AB).

Sendo assim, a reorientação do objeto de trabalho visando o perfil e identidade profissional no processo de formação dos residentes se deu da seguinte forma: durante o primeiro ano de residência, os residentes estão imersos na Atenção Básica do município;

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durante o segundo ano de residência, a prática acontece em formato de rodízios, sendo orientada por três Eixos norteadores:

 Gestão em saúde – estão incluídos nesse Eixo a Secretaria Municipal de Saúde, a Vigilância em Saúde e a IV Unidade Regional de Saúde Pública do Seridó (IV URSAP);

 Educação em saúde – nesse Eixo, estão os serviços de Atenção Secundária à Saúde e da Assistência Social, sendo eles: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III e em Álcool e outras drogas; Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST); Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS); os dois Centros de Referência em Assistência Social (CRAS); Centro Especializado em Reabilitação (CER) e; Centro de Zoonoses.

 Atenção à saúde: este Eixo trata-se da Atenção Terciária à Saúde e dele faz parte o Hospital Regional do Seridó.

Desta forma, o presente estudo justifica-se pela necessidade de documentar a percepção dos residentes acerca dessa forma de organização de sua atuação prática para que suas experiências sejam preservadas, bem como a compreensão sobre o impacto da sua atuação na IESC, propondo análises e estudos sobre a prática profissional dos residentes e as novas formas de se pensar e fazer residências voltadas à AB no país, beneficiando os serviços e comunidade nas quais as residências estão inseridas.

Além disso, tal preservação documentada em audiovisual justifica-se pela necessidade de construir acervo histórico dessas experiências, que servirá de base para futuros estudos e análises sistemáticas por meio de metodologias como História Oral e Análise de Conteúdo sobre a percepção da residência do ponto de vista dos atores diretos desse formato de atuação prática, propondo dados das potencialidades e fragilidades deste processo.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Produzir documentário audiovisual da percepção dos residentes do segundo ano de residência do PRMAB no município de Caicó/RN acerca de suas ações desenvolvidas como fortalecedoras do SUS

2.2 Objetivos Específicos

 Identificar as potencialidades das ações desenvolvidas como fortalecedoras do SUS;

 Identificar as fragilidades das ações desenvolvidas que possam interferir no propósito de fortalecimento do SUS;

 Produzir acervo histórico em formato audiovisual para futuras análises detalhadas e estudos na área.

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3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, em função da natureza do objetivo. Para isto, foram seguidos os seguintes passos metodológicos:

 Levantamento bibliográfico sobre a História das Residências (Uni e Multiprofissionais) no Brasil e no Mundo;

 Construção de questionário simples para coleta de dados acerca do perfil dos estudantes da PRMAB;

 Construção de questionário para coleta de dados em formato de entrevista semiestruturada;

 Coleta de dados por meio da realização das entrevistas registradas em formato audiovisual;

Coleta de imagens das ações in loco para servirem de base;  Estudo do material audiovisual coletado;

 Seleção do material audiovisual a ser utilizado (primeiros cortes para montagem);

 Edição do material audiovisual;  Revisão da edição (segundo corte);

 Finalização do material audiovisual como produto final (Documentário);  Realização de estudo e análise do material qualitativo por meio de História

Oral (processo posterior).

3.1 Sujeitos e Métodos

O universo da pesquisa foi composto por alunos de pós-graduação na modalidade de residência do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que estão no segundo ano de residência no município de Caicó/RN no ano de 2019.

Anualmente, há o ingresso anual de 22 alunos para este Programa em questão. São 10 categorias profissionais, sendo eles: 2 assistentes sociais, 4 dentistas, 4 enfermeiros

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(as), 2 farmacêuticos (as), 2 fisioterapeutas, 1 fonoaudiólogo (a), 1 médico (a) veterinário (a), 2 nutricionistas, 2 profissionais de educação física e 2 psicólogos.

Os sujeitos do presente estudo foram 18 residentes do PRMAB que estavam no segundo ano de residência, tendo em vista a desistência de 2 residentes durante o processo de residência, a não-participação do residente pesquisador enquanto entrevistado e a rejeição de um dos residentes em participar do estudo. Portanto, Tabela 1 caracteriza os participantes do presente estudo.

Tabela 1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Categoria Profissional Nº de pessoas

Incluídos na pesquisa Assistente Social 2 Cirurigão(a)-dentista 2 Enfermeiro(a) 3 Farmacêutico(a) 2 Fisioterapeuta 1 Fonoaudiólogo(a) 1 Médico(a) Veterinário(a) 1 Nutricionista 2

Profissional de Educação Física 2

Psicólogo(a) 2 TOTAL 18 Excluídos da pesquisa Cirurigão(a)-dentista 2 Enfermeiro(a) 1 Fisioterapeuta 1 TOTAL 4

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Todos os 18 residentes envolvidos no presente estudo consentiram sua participação, bem como a permissão do uso de sua imagem e áudio, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo I) e Termo de Autorização de veiculação de imagem e voz (Anexo II).

3.2 Técnicas e Métodos de Coleta e análise de dados

Para a coleta de dados do presente estudo, o pesquisador utilizou de técnicas de Pesquisa Documental e princípios da História Oral (HO), e sua proposta metodológica aconteceu em quatro momentos de pesquisa: Questionário Biodemográfico Simples; Entrevista semiestruturada, registrada de forma audiovisual; Coleta de imagens-base das ações desenvolvidas e; Criação de Núcleos de sentido para seleção de conteúdo.

A primeira etapa foi a aplicação de Questionário Biodemográfico Simples (Apêndice I) com intuito de caracterizar a amostra, com perguntas sobre sexo, idade, cor de pele, cidade etc.

A segunda etapa constou de Entrevista semiestruturada (Apêndice II) registrada por meio audiovisual, com utilização de câmera com microfone embutido, modelo Nikon D3200, além de gravador de áudio direcionado. A entrevista foi caracterizada como semiestruturada, pois algumas perguntas norteadoras foram pensadas previamente pelos pesquisadores. No entanto, o desenvolver da entrevista permitirá o uso da entrevista não-estruturada, com questionamentos espontâneos por parte do pesquisador/entrevistador, bem como os relatos sem interrupções dos indivíduos/entrevistados, para que o máximo de verdade e legitimidade seja extraído das falas, em ambiente ameno para criar atmosfera favorável ao desenvolver da entrevista. Os dados coletados em formato audiovisual serão utilizados em outro momento para análise de dados através da HO.

Para alguns autores, o uso de recursos audiovisuais na coleta e produção de dados em pesquisas qualitativas é extremamente válido, utilizando como argumento o fato de que a expressão do pensamento dos indivíduos se dá apenas 7% por meio de palavras, sendo todo o resto expresso através de movimentos do corpo, gestos, tom de voz e aspectos da pronúncia. Estes autores ainda apontam outros pontos positivos neste tipo

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de coleta de dados, como a possibilidade de observar disparidades entre o que é falado verbalmente e o comportamento no momento da fala, ou os gestos e expressões utilizados ao falar de determinado assunto (PINHEIRO, KAKEHASHI, ANGELO, 2005).

Sobre pontos positivos desse método de coleta e produção de dados, outros autores discorrem sobre a temática, enfatizando o uso de recursos de vídeo e áudio como minimizadores da interferência do pesquisador, mesmo que esta nunca seja totalmente anulada (HONORATO et al., 2006). Para Leonardos, Ferraz e Golçalves (1999), utilizar desses recursos audiovisuais traz ao pesquisador a oportunidade de reviver diversas vezes quantas forem necessárias o momento da entrevista ou fato gravado, propondo inúmeras leituras e interpretações dos fatos à medida que é possível que outros pesquisadores ou estudiosos analisem o material e façam suas proposições sem necessariamente estarem presentes no momento da gravação.

De acordo com Sadalla e Larocca (2004), registrar de forma audiovisual anula a necessidade de realização de registro manuscrito durante a entrevista, podendo este ser realizado posteriormente para análise, possibilitando maior riqueza na transcrição das falas e até um maior afastamento das emoções do pesquisador, que tendem a estarem impressas nos registros manuscritos. Duarte (2002) sabiamente alerta sobre o vídeo também servir para o pesquisador como autoanálise de sua performance na entrevista, permitindo autoavaliação e modificação dos pontos onde acredita que pode melhorar ou ênfase nos pontos positivos de si.

A terceira etapa foi a Coleta de Imagens das ações desenvolvidas pelos residentes, que servirão de imagens-base para o documentário.

A quarta etapa deu-se após a coleta de dados, onde o material coletado foi analisado para a criação de núcleos de sentido de acordo com as falas dos participantes para a seleção do conteúdo a ser utilizado na edição do documentário, com intuito de construção logística da apresentação dos dados. Para Bardin (1977), a análise do conteúdo trata-se de um escopo de instrumentos metodológicos a serem empregados a fim de organizar os discursos obtidos, sendo necessária a análise desse conteúdo para classificá-los através de seus significados.

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O material, após análise, foi editado utilizando o editor de vídeo Adobe Premiere Pro Cc 2019, da empresa Adobe Systems.

A análise dos dados será feita de forma qualitativa através dos processos da linha metodológica da HO, em outro momento futuro. Para Bogdan e Biken (1994), a pesquisa qualitativa envolve a coleta de dados descritivos, extraído por meio do pesquisador em contato direto com o objeto de estudo, dando mais importância ao processo que constitui os fatos estudos do que o resultado final, sendo o mais próximo possível da realidade e da perspectiva dos sujeitos envolvidos.

Para González Rey (2002), é importante não só coletar o que é dito pelos indivíduos estudados, mas também o que as falas exprimem e significam, já que no diálogo não há somente palavras sendo ditas, mas também o clima do momento, a proximidade, interesse e confiança pré-estabelecidas entre as partes envolvidas, que estimulam a transmissão de conceitos de experiência que dificilmente são vivenciados de forma espontânea do dia-a-dia.

O presente estudo pretendeu utilizar-se dos procedimentos advindos da HO para analisar os dados coletados durante as entrevistas semiestruturadas obtidas por meio audiovisual. Segundo Meihy (2000), a HO trata-se de metodologia que vai além da simples transcrição de falas ou fatos:

Nesse sentido, cabe considerar que chamamos de história oral os processos decorrentes de entrevistas gravadas, transcritas e colocadas a público segundo critérios predeterminados pela existência de um projeto estabelecido. Mesmo respeitando as investidas que confundem entrevistas feitas de diversas formas com os procedimentos formais da história oral [...], o impacto e a ampla aceitação da história oral institucionalizada têm provocado debates que a qualificam como, talvez, a mais promissora das tendências de entendimento da sociedade (MEIHY, 2000, p. 87)

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Os dados obtidos foram analisados, categorizados e apresentados em formato de documentário audiovisual sobre a percepção dos residentes acerca de suas ações desenvolvidas como fortalecedoras do SUS.

Para participar da pesquisa, os indivíduos tinham que apresentar os seguintes critérios de inclusão: ser residente do segundo ano de residência do PRMAB da EMCM/UFRN com atuação prática no município de Caicó/RN; assinar os termos do presente estudo que estão em anexo, autorizando a participação na pesquisa e o uso de imagem e áudio (Anexos I e II).

3.3 Aspectos Éticos

O presente estudo considerou a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a ética da pesquisa envolvendo seres humanos, sendo assegurada a garantia de privacidade do sujeito da pesquisa através do Termo de Compromisso do Pesquisador (APÊNDICE III).

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Faculdade de Medicina de Botucatu, sendo aprovado com número de parecer 3.475.412 (ANEXO III), e só após sua aprovação foi realizada a coleta de dados. Todos os indivíduos envolvidos na pesquisa foram orientados em relação aos objetivos da mesma e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinado em duas vias, sendo uma para posse do pesquisado e outra para o pesquisador.

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4. DESCRIÇÃO DO PRODUTO

Como produto deste Trabalho de Conclusão de Residência, tem-se um documentário audiovisual com a percepção dos residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que estão cursando o último ano de residência, próximo ao final desse processo formativo. A escolha de residentes neste período do curso justifica-se pelo pressuposto que a percepção destes é mais ampla do processo como um tudo, já que vivenciaram mais experiências por estarem na reta final do processo, podendo responder aos questionamentos com mais propriedade e de forma mais completa já que passaram por todas as etapas e rodízios que o programa propõe. Os residentes selecionados foram aqueles onde os cenários de prática eram desenvolvidos no município de Caicó/RN, já que o pesquisador faz parte da turma selecionada, caracterizando a pesquisa-ação como metodologia de estudo, com abordagem qualitativa utilizando princípios da História Oral Temática.

4.1 O processo de entrevistas como coleta de dados

O produto é composto por cenas das entrevistas coletadas durante os meses de setembro e outubro de 2019, nas salas disponíveis da EMCM, em dias selecionados à partir da disposição dos residentes entrevistados. Inicialmente, era pedido que preenchessem o Questionário Biodemográfico Simples (Apêndice I), o TCLE (Anexo I) e os Termos de autorização de veiculação de imagem (Anexo II) e Termo de autorização de gravação de voz (Anexo III).

Todos os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo antes do início da gravação, porém nenhum deles teve acesso aos questionamentos da entrevista semiestruturada (Apêndice II), para evitar respostas pré-definidas, presando pela espontaneidade. Além disso, o entrevistador (o pesquisador principal do presente estudo) também fazia perguntas que não foram definidas previamente, elaboradas através da fala de cada entrevistado. O local para as gravações das entrevistas se configurava como espaço ameno, tranquilo, sem interferências externas ou poluições visuais e auditivas

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significativas, onde os entrevistados eram previamente tranquilizados pelo entrevistador sobre o momento.

Utilizando-se de gravador de áudio com microfone direcionado e câmera digital em tripé estático posicionado ao lado do entrevistador, era pedido inicialmente que este desprezasse os equipamentos tecnológicos e focasse apenas nas perguntas e no pesquisador, que já tinha proximidade com todos os participantes do estudo por serem residentes da mesma turma, fazendo com que os participantes do estudo pudessem expor sua percepção de forma mais sincera e aberta, sem muitas restrições quanto à inibição, timidez ou repreensão. O participante entrevistado era avisado ao ser iniciada a gravação de imagem e voz, sendo pedido começar com uma apresentação pessoal, dizendo seu nome, formação profissional e um pouco de sua história de vida. Após isso, seguiam-se as perguntas sobre sua rotina enquanto residente do primeiro e segundo anos de residência, seu entendimento da nova organização das atividades práticas do segundo ano, as potencialidades e desafios do processo formativo, bem como a percepção sobre as ações desenvolvidas na residência como fortalecedoras do SUS e as mudanças que ocorreram em sua vida nos âmbitos profissional e pessoal.

As falas não foram interrompidas em momento algum, tampouco as emoções foram repreendidas, permitindo que os entrevistados entendessem aquele espaço como protegido, onde poderiam compartilhar seus pensamentos de forma aberta, sem prejulgamentos, priorizando a relação horizontal entre pesquisador e participante. Para compreender como se dá o processo da entrevista, o pesquisador utilizou-se dos conhecimentos transmitidos por Gordon Pask em sua obra Conversação, Cognição e Aprendizado: teoria cibernética e metodologia (traduzido).

Para Pask (1975), geralmente as pessoas têm duas formas de expor seu pensamento ou contar uma história: a forma holística, onde levam em consideração o todo e a partir disso discorrem melhor sobre um ponto específico, podendo deixar o relato com características gerais sobre o exposto, com diversas formas de interpretação; e a forma detalhista, expondo ponto por ponto do tema questionado com mais detalhes e caráter analítico, tornando esse tipo de relato mais cansativo, com detalhes que podem não ser tão significativos. Cabe ao entrevistador corrigir o rumo da entrevista por meio de técnicas de entrevista com perguntas subsequentes que norteiem melhor aquela

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pessoa holística a se ater a detalhes importantes ou aquela detalhista a expor uma opinião mais geral do tema.

O autor supracitado discorre sobre as técnicas de reportagem e entrevista, alertando para a importância do entrevistador sempre demonstrar ao entrevistado que está conseguindo compreender o que está sendo relatado, para que este sinta-se confortável em continuar seu discurso, entendendo as expressões daquele com positividade para que a sua fala encontre um caminho favorável a seguir livremente, até a conclusão da sua ideia.

Dessa forma ocorreram as entrevistas, onde o pesquisador mostrou em todos os momentos uma compreensão pelo que estava sendo dito com acenos positivos de cabeça e relação entre o que era falado e o que era perguntado em seguida, a fim de guiar o momento quando percebia um distanciamento eminente do que era perguntado em detrimento do que era respondido. Em momento algum aconteceram problemas ou constrangimentos entre os envolvidos da pesquisa. Todos foram informados que poderiam desistir a qualquer momento da participação do estudo e que, caso tivessem falado algo do qual se arrependessem posteriormente, poderiam sinalizar ao pesquisador ao término da entrevista, para que a fala específica não fosse incluída no documentário no momento da edição. Porém, nenhum dos entrevistados restringiu nenhuma de suas falas, dando liberdade ao pesquisador de utilizar os relatos por completo.

4.2 Material Coletado

O material que compõe a base de dados do estudo foi coletado em vídeo e áudio durante os meses de setembro e outubro de 2019. Em relação ao vídeo, o formato utilizado foi o MOV, que foi desenvolvido pela Apple Inc e utiliza o codec MPEG-4 para compressão. A escolha deste formato foi baseada pela excelente compatibilidade com o editor selecionado para a edição do documentário (Adobe Premiere Cc Pro 2019) e pela qualidade que é considerada boa, mesmo com a perda de dados na compressão de faixas de vídeo. O áudio, por sua vez, foi obtido em formato WAV, pois o gravador de áudio selecionado por conveniência só oferecia esta opção de formato. Por esse motivo, o pesquisador foi levado a converter todos os arquivos de áudio para o formato MP3

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para que estes fossem reconhecidos pelo editor de vídeo. Não houve perda na qualidade do áudio após este processo.

Ao tudo, foram coletados 44 (quarenta e quatro) arquivos de vídeo referentes às entrevistas com os residentes, com um total de aproximadamente 7 horas e 9 minutos (sete horas e nove minutos) de vídeo bruto. Vale ressaltar que este valor refere-se apenas aos vídeos das entrevistas, não sendo contabilizados os vídeos de imagens de base utilizadas no documentário. Em relação ao áudio, foram coletados 30 (trinta) arquivos de áudio, com um total de aproximadamente 8 horas e 6 minutos (oito horas e seis minutos) de gravação de áudio. A diferença entre o tempo de vídeo e o tempo de áudio se dá pelos seguintes fatos: a gravação do áudio era sempre iniciada antes da gravação do vídeo e só na edição foi feita a junção dos arquivos; a gravação de áudio permanecia mesmo se algum ocorrido interrompesse a filmagem, como o aumento da temperatura da câmera ou a bateria descarregada; esses fatores não influenciaram a continuidade da entrevista, que passou a ser realizada com a gravação somente do áudio. A diferença na quantidade de vídeos e de áudios se dá pelo tempo de gravação da câmera utilizada, que interrompe a gravação do vídeo ao atingir o tempo de vinte minutos, por vezes fragmentando as entrevistas em vários vídeos. O entrevistado estava sempre atento para não permitir interrupção da gravação de vídeo durante a resposta para algum dos questionamentos, utilizando-se de cronômetro para ter ciência do tempo da entrevista, só realizando uma nova pergunta caso percebe que havia tempo hábil para tal. Caso contrário, o vídeo em curso era interrompido e outro era iniciado para que assim fosse dada continuidade à entrevista. A escolha pela coleta de áudio através de gravador com microfone direcionado se deu pela melhor qualidade na obtenção das falas dos entrevistados em detrimento do áudio captado pela câmera digital.

A Tabela 2 expõe os arquivos de vídeo e áudio, os entrevistados (caracterizados pelas suas profissões) e a duração dos arquivos obtidos durante a coleta de dados.

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Tabela 2. Arquivos de áudio e vídeo dos entrevistados (caracterizados pelas suas profissões) e a duração dos arquivos obtidos durante a coleta de dados.

Entrevistado Nº de arquivos de vídeo Tempo total de vídeo Nº de arquivos de áudio Tempo total de áudio 1. Assistente Social 1 2 30’26’’ 2 32’13’’ 2. Assistente Social 2 3 31’00’’ 3 35’00’’ 3. Cirurigão(a)-dentista 1 1 15’33’’ 1 16’00’’ 4. Cirurigão(a)-dentista 2 2 21’45’’ 1 21’28’’ 5. Enfermeiro(a) 1 1 09’33’’ 1 11’28’’ 6. Enfermeiro(a) 2 1 16’19’’ 1 17’17’’ 7. Enfermeiro(a) 3 3 23’15’’ 2 24’51’’ 8. Farmacêutico(a) 1 3 33’00’’ 2 39’00’’ 9. Farmacêutico(a) 2 3 26’16’’ 2 29’25’’ 10. Fisioterapeuta 2 31’30’’ 1 33’58’’ 11. Fonoaudiólogo(a) 1 20’00’’ 1 21’28’’ 12. Médico(a) Veterinário(a) 3 25’48’’ 2 27’00’’ 13. Nutricionista 1 2 21’51’’ 1 22’21’’ 14. Nutricionista 2 3 38’00’’ 1 39’33’’

15. Profissional de Educação Física 1 3 25’23’’ 1 27’27’’ 16. Profissional de Educação Física 2 3 25’43’’ 3 32’25’’

17. Psicólogo(a) 1 4 50’00’’ 2 54’13’’

18. Psicólogo(a) 2 3 31’38’’ 2 32’00’’

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De acordo com os dados expostos na Tabela 2, as gravações de vídeo tiveram tempo mínimo de 9 minutos e 33 segundos e tempo máximo de 50 minutos, sendo o tempo médio dos vídeos equivalente a 26,3 minutos. As gravações de áudio tiveram tempo mínimo de 11 minutos e 28 segundos e tempo máximo de 54 minutos e 13 segundos, sendo o tempo médio dos áudios equivalente a 28,5 minutos.

4.3 Aspectos técnicos do produto audiovisual

Trata-se de um produto audiovisual em formato de documentário, com 27 minutos e 37 segundos de duração, sendo os aspectos técnicos representados na Tabela 3, que expõe a ficha técnica do produto.

Tabela 3. Ficha técnica do produto audiovisual (documentário)

Aspecto técnico Informação

Tempo 27’37’’ Arquivo Formato MP4 Tamanho 1,44 GB (1.554.161.395 bytes) Vídeo Largura do quadro 1920 Altura do quadro 1080 Taxa de dados 6935 kbps

Taxa de bits total 7252 kbps

Taxa de quadros 29.95 quadros/segundo

Áudio Taxa de bits 317 kbps

Canais 2 (estéreo)

Taxa de amostragem de áudio 48.000 kHz

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4.4 Análise dos dados coletados

A Tabela 4 expõe os dados dos sujeitos da pesquisa coletados através do Questionário Biodemográfico (APÊNDICE I), organizados por ordem alfabética.

Tabela 4. Dados do Questionário Biodemográfico Simples (APÊNDICE I)

RESIDENTE COR SEXO IDADE FILHOS NATURALIDADE ESTADO CIVIL

Residente 1 Branca F 23 Não Natal/RN Solteira

Residente 2 Branca F 24 Não João Pessoa/PB Solteira

Residente 3 Branca F 25 Não Caicó/RN Solteira

Residente 4 Parda M 26 Não Catolé do Rocha/PB Solteiro

Residente 5 Parda M 29 Não Natal/RN Solteiro

Residente 6 Preta M 32 Sim/1 Jucurutu/RN Solteiro

Residente 7 Branca F 26 Não Caicó/RN Solteira

Residente 8 Branca F 27 Não Pombal/PB Casada

Residente 9 Parda F 29 Não Irecê/BA Solteira

Residente 10 Preta F 24 Não Natal/RN Solteira

Residente 11 Branca F 27 Não Natal/RN Solteira

Residente 12 Branca F 24 Não Santa Luzia/PB Solteira Residente 13 Pardo M 28 Sim/1 Rio de Janeiro/RJ Un. Est.

Residente 14 Branca M 25 Não Caicó/RN Solteiro

Residente 15 Parda F 26 Não Caicó/RN Solteira

Residente 16 Branca F 25 Não Campina Grande/PB Solteira Residente 17 Branca F 25 Não João Pessoa/PB Solteira

Residente 18 Branca M 29 Não Sousa/PB Solteiro

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De acordo com a Tabela 4, dos 18 residentes, 66,6% (n=12) são mulheres e 33,3% (n=6) são homens, com média de idade de 26,3 anos, onde a menor idade relatada foi de 23 anos e a maior, 32 anos. Em relação a cor autorrelatada, a maioria apontou ser da cor branca (61,1%; n=11), seguido pela cor parda (27,7%; n=5) e preta (5,5%; n=2). Sobre a naturalidade, a maior parte dos residentes relatou ser do estado do Rio Grande do Norte (50%; n=9), seguidos pela Paraíba (38,8%; n=7), Rio de Janeiro (5,5%; n=1) e Bahia (5,5%; n=1). Apenas uma residente é casada e outro residente possui uma união estável, sendo a maioria dos residentes solteiros (88,8%; n=16). Dois residentes (11,1%; n=2) relataram ter filhos.

Após finalizada a coleta dos dados, o pesquisador em posse de todo o material audiovisual, organizou em pastas digitais os vídeos e áudios referentes a cada um dos participantes do estudo. Em seguida, iniciou o processo de análise dos dados de maneira flutuante com a intenção de situar e produzir núcleos de sentidos de forma geral pelo que foi dito por cada entrevistado. A criação destes núcleos possibilitou que a apropriação do material coletado fosse utilizada de maneira sistemática com intuito de editar o produto audiovisual. Neste empreendimento metodológico foi gerado um banco de dados contendo: 1) o tempo de fala do entrevistado; 2) recortes de falas de acordo o núcleo de sentido criado. Dessa forma cada vídeo dos(as) entrevistados(as) gerou cortes audiovisuais pertinentes para, na edição, compor uma narrativa única das falas de todos(as) os(as) residentes em torno da problemática aqui estudada.

As falas foram organizadas em 5 núcleos de sentido: 1) Rotina do primeiro ano de residência;

2) Rotina do segundo ano de residência;

3) Percepção da atuação nos cenários de prática;

4) Potencialidades e fragilidades do processo de residência; 5) Mudanças nos aspectos profissionais e pessoais.

Após a divisão das falas em núcleos de sentido, foi possível realizar o primeiro corte a fim de selecionar os trechos para composição do produto audiovisual em formato de documentário. A narrativa deste foi baseada na intuição e subjetividade do

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pesquisador, entendendo o mesmo como parte do processo, já que está inserido nos mesmos cenários que os entrevistados.

O tópico a seguir trata do resultado final do produto audiovisual em texto tratado em primeira pessoa pelo pesquisador, tendo em vista a subjetividade deste processo e a implicação do autor pelo presente estudo.

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5. O PRODUTO: “RESIDENTES - A TRANSFORMAÇÃO PELO TRABALHO”

Este tópico trata do resultado final do produto audiovisual, em texto tratado em primeira pessoa do singular pelo pesquisador, tendo em vista a subjetividade deste processo e a implicação do autor pelo presente estudo. O documentário está disponível na plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube e pode ser acessado pelo seguinte link:https://www.youtube.com/watch?v=YF5ESP1z7AM.

Desde o surgimento desta ideia, juntamente com a implicação com o estudo, a minha intenção era dar voz aos relatos que eu ouvia diariamente dos meus colegas de Residência sobre todo esse processo e como eles percebiam as ações que vínhamos desenvolvendo como fortalecedoras do SUS. Ao me ver diante dos residentes como sujeitos do meu estudo e ouvir seus relatos, tendo a oportunidade de estudá-los posteriormente e analisá-los com mais atenção, pude entender quão grandioso foi ter essa iniciativa. À medida que estudava cada fala, cada expressão, cada pausa, cada choro, o roteiro do documentário se formava aos poucos ao passo em que todos os residentes pareciam estar falando a mesma voz, num mesmo tom, como se fossem uma única pessoa, mesmo com as mais diversas visões, vivências e entendimentos desse processo.

Foi possível criar núcleo de sentido das falas através de leitura flutuante por repetição de ideias e percepções, que serão discutidas neste tópico. Porém, inicialmente é importante ressaltar o título escolhido para o documentário: “Residentes - A transformação pelo trabalho”. Nele, os protagonistas do filme são apresentados e o aspecto transformador da residência e a característica primordial de formação pelo trabalho ficam evidentes e se complementam e tomam sentido ao decorrer da narrativa, onde é consenso de todos os entrevistados o papel que a residência tem de formar pela inserção nos processos de trabalho e transformar todos os atores envolvidos nestes, por isso a escolha desse jogo de palavras e significados.

O produto audiovisual em formato de documentário apresenta em 27 minutos e 37 segundos a percepção dos residentes acerca das ações desenvolvidas pela residência,

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atingindo os objetivos do projeto. Para que fosse possível unir as ideias desses atores neste processo, é necessário entender como consegui criar uma narrativa uníssona por meio da análise flutuante do conteúdo e elaboração de núcleos de sentdidos das falas obtidas. Para isso, foi preciso resgatar na memória dos participantes do estudo o que viveram durante os dois anos de residência, trazendo então a criação das dois primeiros núcleos de sentido: “rotina do primeiro ano de residência” e “rotina do segundo ano de residência”.

Após isso, eram convidados à relatar como entendiam as ações desenvolvidas durante o processo de residência e quais as potencialidades e fragilidades, sendo criados os núcleos: “percepção da atuação nos cenários de prática” e “potencialidades e fragilidades do processo de residência”. Ao final, apontaram as mudanças que a vivência do processo de residência causou nos âmbitos profissional e pessoal, dando origem ao quinto núcleo de sentido: “mudanças nos aspcetos profissionais e pessoais”.

5.1 “A gente trabalha muito em equipe”: Rotina do primeiro ano de residência

Esta categoria é criada à medida que os residentes rememoram e relatam como era a rotina enquanto estavam no primeiro ano de residência, bem como suas expectativas ao ingressarem no processo, qual sua visão antes de iniciarem, quais as dificuldades e desafios enfrentados e como conseguiram passar por cima disso.

Percebi que muitos deles relataram a dificuldade de atuarem longe da supervisão de um tutor ou preceptor, pois a insegurança era um fator que gerou angústia à maioria dos residentes por serem recém-formados e não terem experiência profissional. Muitos apontaram que se sentiam desamparados por não terem preceptores do seu núcleo profissional atuando com frequência junto a eles, fazendo com que algumas dúvidas e incertezas fossem geradas nesse período inicial.

No entanto, pude notar que esta queixa supracitada está diretamente relacionada à categoria profissional do residente e a configuração do processo de trabalho da residência. O PRMAB segue o modelo de trabalho da Atenção Básica e da Estratégia de Saúde da Família, onde a equipe deve ter obrigatoriamente os profissionais da

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enfermagem e da odontologia fazendo parte da Equipe de Saúde da Família, atuando de forma permanente nas Unidades de Saúde da Família (UBS). Já as demais categorias profissionais estão inseridas na Atenção Básica através do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF), dando apoio às Equipes de referência.

Sendo assim, os enfermeiros e cirurgiões-dentistas residentes - que eram “fixos” nas UBS - tinham o suporte técnico dos preceptores da mesma categoria profissional, trazendo novamente a visão muito disseminada durante a graduação de atuar sob a supervisão de um tutor. Isso os deixou seguros, pois a qualquer momento poderiam sanar suas dúvidas ou incertezas com profissionais que compartilham da mesma expertise, até que finalmente atinjam a autonomia e segurança que precisam para exercerem sua profissão. Já os profissionais de outras categorias, que não tinham contato com essa mesma frequência com a equipe do NASF do município de Caicó, acabaram se sentindo mais angustiados e por vezes “perdidos” no processo, utilizando de outros meios para conseguirem a autonomia e segurança que os colegas “fixos” obtiveram mais facilmente, como buscar ajuda com ex-professores, colegas de graduação, colegas da própria residência que têm mais experiência e na literatura.

Os relatos apontaram de forma muito clara essa diferença de vivência profissional entre as categorias, sendo exposto no documentário como pode ser diferente a percepção da atuação profissional nos cenários de prática a depender da profissão do residente, bem como sua prática profissional prévia e a segurança obtida durante a graduação num modelo que muitas vezes não permite a criação da identidade profissional, pensamento crítico e tático para a resolução de problemas através das suas habilidades e competências, e autonomia.

Porém, nem sempre o residente chamado de “fixo” encontra um terreno fértil. Foi possível compreender como os cenários de prática podem ser desafiadores quando eu ouvi relatos de sofrimento durante o primeiro ano de residência advindos de problemas passados que repercutem, como constelações familiares, nos tempos presentes. No documentário, uma cirurgiã-dentista residente comenta sobre como foi difícil enfrentar o primeiro ano num espaço onde a sua atuação profissional não era valorizada, reflexo de relações estremecidas no passado com outra turma de residentes, onde a equipe de saúde bucal da UBS não abriu espaço para essa atuação, repercutindo até hoje.

Referências

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