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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. HELDER MARQUES DE SOUSA COELHO. JORNAL SEM PATRÃO: O PRETO NO BRANCO NO ENFRENTAMENTO DA DITADURA MILITAR. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2019.

(2) HELDER MARQUES DE SOUSA COELHO. JORNAL SEM PATRÃO: O PRETO NO BRANCO NO ENFRENTAMENTO DA DITADURA MILITAR. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para obtenção do grau de Mestre.. Orientação: Profa. Dra. Camila Escudero. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2019 FICHA CATALOGRÁFICA.

(3) C65j. Coelho, Helder Marques de Sousa Jornal sem patrão: o Preto no Branco no enfrentamento da ditadura militar / Helder Marques de Sousa Coelho. 2019. 255 p.. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) --Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2019. Orientação de: Camila Escudero.. 1. Imprensa alternativa – Brasil 2. Ditadura militar – Brasil 3. Preto no Branco (Jornal) – Análise de conteúdo 4. Jornacoop – Cooperativa dos Jornalistas de Santos I. Título.. CDD 302.2322. FOLHA DE APROVAÇÃO.

(4) A dissertação de mestrado intitulada “JORNAL SEM PATRÃO: O PRETO NO BRANCO NO ENFRENTAMENTO DA DITADURA MILITAR”, elaborada por HELDER MARQUES DE SOUSA COELHO foi defendida e aprovada com louvor em 22 de abril de 2019, perante banca examinadora composta por Profa. Dra. Camila Escudero (Presidente/Pós-Graduação UMESP), Prof. Dr. Roberto Joaquim de Oliveira (Pós-Graduação UMESP) e Prof. Dr. Carlos Eduardo Lins da Silva (INSPER/FAPESP).. Prof. Dra. Camila Escudero Orientadora e presidente da banca examinadora. ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias Coordenador do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social Área de concentração: Processos Comunicacionais Linha de pesquisa: Comunicação Comunitária, Territórios de Cidadania e Desenvolvimento Social.

(5) Dedico este trabalho àqueles que me ajudaram a enriquecer intelectualmente e compreender melhor o mundo, que contribuíram para a formação de minha personalidade e serviram de exemplo e estímulo no trabalho e na vida. Também a todos que compartilharam seu amor, amizade e respeito, incutindo valores essenciais na minha relação com a sociedade, como a liberdade, a fraternidade e a justiça. São essas pessoas que, de alguma maneira, moldaram minhas perspectivas existenciais e profissionais e me conduziram a esta pesquisa, que espero possa dar algum tipo de contribuição a outros pesquisadores, especialmente os interessados sobre a imprensa alternativa e o regime militar. Mas quero citar nominalmente o meu grande amigo Carlos Mauri Alexandrino, um dos mais destacados jornalistas do Preto no Branco, que infelizmente faleceu alguns meses depois de prestar depoimento para esta dissertação. E dedico também a Ouhydes Fonseca, que foi o mentor, fundador e presidente da Cooperativa dos Jornalistas, e que, por problemas de saúde, não pôde contribuir com suas recordações sobre aquele período.. AGRADECIMENTOS.

(6) À minha orientadora, professora Camila Escudero, que sempre foi muito solícita, objetiva e indicou os melhores caminhos para a dissertação. Aos meus colegas de mestrado da Universidade Metodista, pela troca de ideias e solidariedade, especialmente a Raquel Alves, que me incentivou a fazer a pós-graduação. A todos os professores que ministraram as aulas de mestrado pelos ensinamentos transmitidos, especialmente à professora Cicília Peruzzo, minha primeira orientadora, que deu as sugestões para a elaboração do projeto inicial. Aos jornalistas Marcelo Di Renzo, Oswaldo de Mello Júnior e Aurelindo Teles pelos seus depoimentos. À jornalista Irene Ventura, por ter emprestado o livro de atas da Jornacoop. À professora Beatriz Rota-Rossi pelo auxílio na tradução do resumo para o espanhol. À minha família, Lourdes, Isis, Mel, Cibele e Abigail, pelo apoio, carinho e compreensão durante o período de pesquisas.. LISTA DE FIGURAS.

(7) FIGURA 1 – Ata de fundação da Jornacoop ............................................................................ 114 FIGURA 2 – Panfleto do Comando de Caça aos Comunistas de Santos ................................. 129 FIGURA 3 – N° 13, primeira página ........................................................................................ 149 FIGURA 4 – N° 15, p. 12 ......................................................................................................... 150 FIGURA 5 – N° 1, Agosto de 1979 ......................................................................................... 160 FIGURA 6 – N° 2, Setembro de 1979 ...................................................................................... 163 FIGURA 7 – N° 3, Outubro de 1979 ........................................................................................ 165 FIGURA 8 – N° 4, Novembro de 1979 .................................................................................... 167 FIGURA 9 – N° 5, Dezembro de 1979 ................................................................................... 170 FIGURA 10 – N° 6, Janeiro de 1980 ....................................................................................... 172 FIGURA 11 – N° 7, 22 de Fevereiro a 22 de Março de 1980 ................................................. 174 FIGURA 12 – N° 8, 27 de Março a 27 de Abril de 1980 ......................................................... 176 FIGURA 13 – N° 9, 30 de Abril a 30 de Maio de 1980 ........................................................... 179 FIGURA 14 – N° 10, 31 de Maio a 30 de Junho de 1980 ....................................................... 181. FIGURA 15 – N° 11, 30 de Junho a 31 de Julho de 1980 ....................................................... 184 FIGURA 16 – N° 12, 31 de Julho a 30 de Agosto de 1980 ..................................................... 187 FIGURA 17 – Edição extra, Agosto de 1980 ........................................................................... 189 FIGURA 18 – N° 13, 20 de Setembro a 19 de Outubro de 1980 ............................................ 190 FIGURA 19 – N° 14, 20 de Outubro a 19 de Novembro de 1980 .......................................... 192 FIGURA 20 – N° 15, 20 de Novembro a 31 de março de 1980 ............................................... 195. LISTA DE QUADROS.

(8) QUADRO1 - Quantidade de anúncios ..................................................................................... 138 QUADRO 2 - Tamanho dos anúncios por edição .................................................................... 139 QUADRO 3 - Anunciantes fiéis ............................................................................................... 140 QUADRO 4 - Anunciantes com maior espaço publicitário .................................................... 141 QUADRO 5 - Divisão das matérias por temas, destaque e menção à ditadura ........................ 143 QUADRO 6 - Número de matérias por temas nas 15 edições ................................................. 144 QUADRO 7 - Total de destaques na capa e nas páginas internas ............................................ 145 QUADRO 8 - Quantidade de manchetes .................................................................................. 146 QUADRO 9 - Chamadas na capa ............................................................................................ 147 QUADRO 10 - Fotos na capa ................................................................................................... 148 QUADRO 11 - Ilustrações na capa .......................................................................................... 149 QUADRO 12 - Ilustrações internas .......................................................................................... 150 QUADRO 13 - Fotos internas .................................................................................................. 151 QUADRO 14 - Matérias sobre a ditadura ................................................................................ 152 QUADRO 15 - Matérias sobre a ditadura divididas por temas ................................................ 156 QUADRO 16 - Gêneros jornalísticos ....................................................................................... 157 QUADRO 17 - Frequência das palavras-chave e termos correlatos ........................................ 158. LISTA DE GRÁFICOS.

(9) GRÁFICO 1 - Palavras-chave ................................................................................................. 159 GRÁFICO 2 - Palavras-chave por edição ................................................................................ 160. SUMÁRIO.

(10) 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13 2 .................................................................................................................................... A ARQUEOLOGIA DA MEMÓRIA .................................................................................. 19 2.1 A contribuição dos estudos da memória ......................................................................... 19 2.2 A propaganda na representação da memória sobre a ditadura militar......................... 27 2.3 O papel dos meios de comunicação na difusão da memória .......................................... 35 3 .................................................................................................................................... DIFERENTES VISÕES SOBRE A IMPRENSA ALTERNATIVA ................................ 39 3.1 Contraposição à grande imprensa ................................................................................... 39 3.2 Definições sobre a imprensa alternativa ......................................................................... 43 3.3 Origem e características dos jornais alternativos .......................................................... 49 3.4 Trajetória de alguns dos principais órgãos da imprensa alternativa .......................... 56 3.4.1 Pif Paf ............................................................................................................................. 56 3.4.2 Pasquim ........................................................................................................................... 57 3.4.3 Opinião ............................................................................................................................ 59 3.4.4 Movimento ....................................................................................................................... 60 3.4.5 Versus .............................................................................................................................. 61 3.4.6 Repórter .......................................................................................................................... 62 3.4.7. Coojornal ..................................................................................................................... 63. 3.5 Vítimas da censura e fim de um ciclo ............................................................................. 64 3.6 As novas mídias alternativas ........................................................................................... 69 4 SANTOS, UMA CIDADE SUFOCADA PELA DITADURA ......................................... 73 4.1 O confronto de forças antagônicas na véspera do golpe ................................................ 73 4.2 O poder do sindicalismo santista ...................................................................................... 75 4.3 A campanha anticomunista e de desestabilização do governo Goulart .................... .... 78 4.3.1 Ditadura militar ou civil-militar ....................................................................................... 80 4.4 .................................................................................................................................. O engajamento dos Estados Unidos ................................................................................... 82 4.5 Mobilização popular não impede derrubada de Jango ................................................. 85 4.5.1 Prisões em massa e cassações marcam começo da ditadura ............................................ 88 4.5.2 Um navio-prisão na paisagem do estuário ........................................................................ 92 4.6 Governo usa atos de exceção e radicais partem para ações terroristas ........................ 95.

(11) 4.6.1. Tortura e desaparecimentos, começam os “anos de chumbo” .................................... 99. 4.6.2. Abertura desagrada linha-dura; repressão e terror recrudescem ............................... 102. 4.7 A longa luta pela autonomia de Santos e pelo retorno da democracia plena ............. 105 5 .................................................................................................................................... U M JORNAL QUE REMEXE O PASSADO INCÔMODO ............................................ 113 5.1 Jornalistas se unem pelo cooperativismo ...................................................................... 113 5.2 .................................................................................................................................. U m jornal que nasce da greve ........................................................................................... 124 5.3 Perfil do Preto no Branco ................................................................................................ 131 5.4 Características do jornal ................................................................................................. 132 5.5 Análise de conteúdo ......................................................................................................... 137 5.5.1 Propaganda ...................................................................................................................... 138 5.5.2 Conteúdo jornalístico ...................................................................................................... 141 5.5.3 Análise das matérias de capa .......................................................................................... 160 6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 198 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 204 APÊNDICES ........................................................................................................................... 213 APÊNDICE 1 – Roteiro básico de perguntas das entrevistas semiestruturadas ....................... 213 APÊNDICE 2 – Entrevista com Aurelindo Teles .................................................................... 213 APÊNDICE 3 – Entrevista com Marcelo Martins Di Renzo ................................................... 214 APÊNDICE 4 – Entrevista com Carlos Mauri Alexandrino ................................................... 218 APÊNDICE 5 -- Entrevista com Oswaldo Ferreira de Mello Júnior ...................................... 219 APÊNDICES 6 A 19 – Quadros gerais das edições – edições 2 a 15 ..................................... 221 APÊNDICES 20 A 33 – Quadros das matérias sobre a ditadura – edições 2 a 15 .................. 238.

(12) RESUMO O estudo enfoca a experiência do jornal Preto no Branco, órgão da imprensa alternativa criado pela Cooperativa dos Jornalistas de Santos (Jornacoop). A publicação, que usava o slogan “Um jornal sem patrão”, surgiu em agosto de 1979 e se estendeu até 1980, durante o processo de distensão política no regime militar. O objetivo desta investigação é o de recuperar a história do jornal Preto no Branco, com a análise de sua contribuição no enfrentamento da ditadura militar e no panorama da imprensa alternativa. Para a concretização do trabalho, os procedimentos metodológicos adotados envolvem revisão bibliográfica sobre imprensa alternativa, ditadura militar e memória. A pesquisa documental na coleção integral do tabloide (1979-1980) e em documentos disponíveis da Jornacoop foi outra etapa desenvolvida, além de análise de conteúdo a partir das matérias publicadas pelo mensário. A metodologia incluiu, ainda, entrevistas semiestruturadas com ex-associados da Cooperativa, especialmente com editores e colaboradores mais assíduos do jornal e exdiretores da entidade. Conclui-se que o jornal, embora de caráter regional, destacou-se entre os órgãos da imprensa alternativa por sua relativa longevidade e por seu caráter cooperativista, além de ter combatido a ditadura militar em Santos, uma das cidades mais penalizadas pelo regime por sua pujança sindical e tradição oposicionista. Palavras-chave: Imprensa alternativa. Ditadura militar. Memória. Cooperativas de jornalistas. Jornal Preto no Branco..

(13) RESUMEN Es estudo enfoca la experiencia del periódico Preto no Branco, órgano de la prensa alternativa creado por la Cooperativa de Periodistas de Santos (Jornacoop). La publicación, que utilizaba el lema “Un diario sin patrón”, surgió en agosto de 1979 y se extendió hasta 1980, durante el proceso de distensión política del régimen militar. El objetivo de esta investigación es el de recuperar la história del periódico Preto no Branco, con el análisis de su contribución en el enfrentamiento de la dictadura militar y em el panorama de la prensa alternativa. Para la realización del trabajo, los procedimientos metodológicos adoptados implican em un levantamiento bibliográfico sobre la prensa alternativa, la dictadura militar y la memória. La investigación documental en la colección integral del tabloide (1979-1980) y en documentos disponibles de La Jornacoop fué otra etapa desarrollada, además del análisis de contenido a partir del material periodístico en publicación mensual. La metodologia inclue tambien entrevistas semiestructuradas con los ex-asociados de la Cooperativa, especialmente con los editores y los colaboradores más asíduos del periódico y ex directores. Se concluye que El periódico, aunque de carácter regional, se destaco entre lós médios de la prensa alternativa por su relativa longevidad y por su carácter cooperativista, además de haber combatido a la dictadura militar en Santos, una de las ciudades más golpeadas por el régimen por su pujanza sindical y tradición en las luchas de oposición. Palabras-clave: Prensa alternativa. Dictadura militar. Memoria. Cooperativas de periodistas. Periódico Preto no Branco..

(14) ABSTRACT The study focuses on the journal experience named Preto no Branco, organ of the alternative press created by the Journalists Cooperative from Santos (Jornacoop). The publication which used the slogan “no boss journal”, came up in august 1979 and it extended up to 1980 during the process of political distension amid the military regime. The aim of this investigation is to retrieve the history of the journal Preto no Branco with the analysis of its contribution in confronting the military regime as well as an overview of the alternative press. For the conclusion of the assignment, the methodological procedures adopted involve bibliographic survey on the alternative press, military dictatorship and memory. The document research for the full collection of the tabloid (1979-1980) as well as in available documents found at Jornacoop has been another developed stage, besides content analysis related to articles published by the monthly journal. The methodology also included semi-structured interviews with ex-members of the cooperative, especially editors and regular co-workers of the journal and former directors of the entity. The conclusion is that the journal, although of a regional nature, stood out among organs of the alternative printing press by its relative longevity and by its cooperative profile. In addition to this, the journal also fought military dictatorship in Santos, one of the most penalized cities by the regime specially because its labor union vigor and oppositional tradition. Keywords: Alternative press. Military dictatorship. Memory. Journalists Cooperative. Preto no Branco Journal..

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(16) 13. 1 INTRODUÇÃO. A imprensa livre não combina com ditaduras. Apenas onde houver liberdade de imprensa será viável o exercício e a consolidação do regime democrático porque a democracia e a liberdade de imprensa são interdependentes e se fortalecem mutuamente. Daí a importância, logo após o longo período autoritário do regime militar no Brasil, de a Constituição de 1988 ter assegurado a plena liberdade de imprensa e vedado qualquer tipo de censura por parte do Estado. Nos momentos de maior controle dos meios de comunicação por parte dos governos militares, os órgãos da imprensa alternativa foram fundamentais para levar à população informações que não eram veiculadas pela grande imprensa. Um desses jornais alternativos foi o Preto no Branco, lançado pela Cooperativa dos Jornalistas de Santos (Jornacoop). Na definição do tema desta dissertação, veio consequentemente a reflexão sobre sua importância, surgindo a dúvida se seria relevante pesquisar um jornal de âmbito regional, tiragem limitada, vida efêmera, que deixou de circular mais de 38 anos atrás. Também o fato de ter participado da Cooperativa e colaborado regularmente com o tabloide, me fez questionar se conseguiria ter a isenção necessária para a investigação de sua trajetória. Mas a decisão foi consolidada logo ao dar início aos primeiros levantamentos e compreender o seu potencial como estudo acadêmico. A convicção de que teria a capacidade de produzir um trabalho com rigor científico amadureceu, porque meu conhecimento do assunto era bastante restrito, já que o envolvimento pessoal foi pontual. Não participava do dia a dia da redação e da Cooperativa, porque naquela época trabalhava em um diário e editava uma publicação para bares e restaurantes. Da mesma forma, a maior parte dos jornalistas que se associou à Cooperativa e escreveu para o mensário não vivenciou todos os momentos do processo de construção, desenvolvimento e término do tabloide, persistindo, portanto, apenas lembranças esparsas, exigindo a recomposição desses fragmentos de memórias individuais na formação de um conjunto de dados para a reconstituição histórica e análise do Preto no Branco. Para a realização da pesquisa, seria preciso encontrar documentos e exemplares do jornal, além de localizar os profissionais que atuaram intensivamente e por mais tempo no veículo. Assim, ficou claro que a memória sobre o jornal poderia desaparecer dentro de mais.

(17) 14. alguns anos, devido à probabilidade de extravio dos poucos registros físicos ainda existentes e das dificuldades de colher depoimentos por causa da idade avançada de alguns ex-integrantes. A inexistência de menções significativas em livros ou estudos sobre a experiência do Preto no Branco agrava o risco dela se apagar com o tempo. O percurso da Jornacoop também é muito pouco conhecido, embora tenha sido a primeira cooperativa dessa categoria profissional no estado de São Paulo, fundada em 1977. A lacuna na investigação sobre essa publicação da imprensa alternativa é mais evidente por não ter sido incluída na lista de 140 jornais relacionados por Bernardo Kucinski em sua pormenorizada obra “Jornalistas e Revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa”, elaborada inicialmente como tese de doutorado na USP. O autor fez apenas uma breve menção sobre o tabloide, enquanto outros jornais de menor expressão ganharam espaço mais privilegiado em sua pesquisa. Outra singela citação vem do “Inventário dos jornais de Santos: 1849-2000”, trabalho desenvolvido por Dirceu Fernandes Lopes e Ivani Ribeiro Silva, que informa somente que a coleção completa do Preto no Branco pode ser apreciada na hemeroteca da Universidade Católica de Santos (UniSantos) e que há também alguns exemplares na Universidade de Campinas (Unicamp) (LOPES; SILVA, 2007, p.6). O único material mais amplo sobre o jornal pode ser encontrado em um artigo escrito pelo ex-presidente da Jornacoop, Ouhydes Fonseca, no jornal A Tribuna, de Santos, em 2008. Portanto, em vista dessa situação prática, de desconhecimento sobre a trajetória do jornal da Cooperativa dos Jornalistas de Santos e o custo de sua história se perder com o passar do tempo, encontramos um problema de pesquisa, que é avaliar seu significado entre os órgãos da comunicação alternativa e saber o papel desempenhado na luta contra o regime militar. Assim, três indagações orientarão esta pesquisa: Qual a linha editorial do jornal? Quais os assuntos relacionados à ditadura que foram mais abordados nas edições? Qual a contribuição do tabloide na história da imprensa alternativa no Brasil? Como hipóteses para o problema de pesquisa, consideramos que - desde o seu primeiro número, lançado em agosto de 1979, até seu encerramento, em dezembro de 1980 -, o mensário santista deu ênfase em sua trajetória ao enfrentamento da ditadura. Embora não houvesse engajamento político-partidário dos repórteres e editores do jornal santista, sua linha editorial seguiu a tradição oposicionista da cidade. Sobre o papel do Preto no Branco no cenário da imprensa alternativa, a hipótese que formulamos é que, embora de abrangência regional, o tabloide adquire expressão entre os jornais alternativos brasileiros principalmente.

(18) 15. por ter circulado em Santos, cidade que foi emblemática na luta contra a ditadura militar desde a deflagração do golpe em 1964. Devido à curta existência de muitos jornais alternativos, acreditamos que sua relativa longevidade, em comparação com outros títulos da imprensa alternativa da época, é outra característica que a distingue. A relevância deste trabalho acadêmico está na contribuição aos pesquisadores da área, que poderão citar em seus próximos estudos o Preto no Branco como parte da história da imprensa alternativa no Brasil, preenchendo essa omissão encontrada na revisão bibliográfica sobre o tema. Como a pesquisa envolve reflexões sobre um dos períodos mais dramáticos da política brasileira, lançando um olhar mais atento para as consequências sofridas pela cidade de Santos - governada por interventores durante 15 anos -, os resultados apontados no estudo poderão trazer subsídios para eventuais investigações sobre o período da ditadura militar. Permitirá, ainda, levantar informações inéditas sobre a Jornacoop, o primeiro modelo cooperativista entre os jornalistas do estado de São Paulo, cujo surgimento revolucionou o mercado de trabalho dos jornalistas da Baixada Santista e revelou-se como opção de irrestrita liberdade de manifestação e expressão para os profissionais de Comunicação da época. O objetivo geral deste estudo é analisar o papel do jornal Preto no Branco no enfrentamento da ditadura militar e sua relevância no panorama da imprensa alternativa. Como objetivos específicos, pretende: a) Recuperar a história do tabloide Preto no Branco, de maneira a complementar estudos anteriores sobre a imprensa alternativa; b) Contextualizar a criação do Preto no Branco, relacionando-o aos momentos decisivos da cidade de Santos na luta contra a ditadura militar; c) Verificar como o conteúdo jornalístico produzido pelo tabloide contribuiu para o enfrentamento da ditadura militar no País; d) Pesquisar sobre a fundação, evolução e encerramento da Cooperativa dos Jornalistas de Santos (Jornacoop). Para atingir esses objetivos, foram adotados como procedimentos metodológicos a revisão bibliográfica, pesquisa documental, análise de conteúdo e entrevistas semiestruturadas..

(19) 16. A fundamentação teórica concentrou-se em autores que formularam conceitos e propuseram reflexões sobre memória, imprensa alternativa e ditadura militar. No caso da ditadura militar, o foco foi especialmente sobre os momentos decisivos da cidade de Santos na resistência ao golpe de 1964, de forma a compreender melhor o contexto em que foi criado o Preto no Branco, durante um período de exceção e em uma cidade apontada como sendo reduto de movimentos de esquerda. Já com referência aos estudos sobre memória, a preocupação foi principalmente trazer o arcabouço teórico de pensadores que trataram da doutrinação ideológica da memória por regimes ditatoriais. A revisão bibliográfica procura estabelecer o chamado “estado da arte” das temáticas investigadas, conforme ressalta Santaella: O contato com esse acervo é fundamental não apenas para buscar subsídios que orientem e deem mais segurança sobre a escolha do tema, mas que ajudem a formular o seu enunciado. De resto, também para saber se o assunto que se pretende estudar já foi objeto de outras pesquisas e sob que ângulos essas pesquisas o enfocaram (SANTAELLA, 2006, p.160).. Já a pesquisa documental consistiu na análise do livro de atas da Jornacoop, na coleção integral do tabloide e em um manifesto do Comando de Caça aos Comunistas de Santos, que cita o jornal em suas ameaças. A pesquisa documental “vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (GIL, 1996, p.66). A análise de conteúdo teve como corpus as 15 edições do jornal, incluindo todos os textos jornalísticos e os anúncios publicitários. A análise de conteúdo proposta nesta pesquisa seguiu a divisão indicada por Laurence Bardin (1977), ou seja, foi organizada com base em três polos cronológicos: a pré-análise; a exploração do material; e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. A pesquisa do corpus compreendeu as seguintes análises: Características gráficas e editoriais - Foram observados tamanho, tiragem, número de páginas, diagramação e divisão por colunas e seções. Equipe de trabalho - Identificação e quantificação dos repórteres, fotógrafos, diagramadores e ilustradores em cada edição. Ocupação do espaço publicitário - Levantamento do número de anúncios em cada edição, dos anunciantes mais fieis, e a quantidade e o tamanho dessas propagandas, considerando que a inserção publicitária era essencial para a sobrevivência do jornal. Avaliação geral - Pesquisa em 342 matérias, com o registro dos títulos, tema geral, temas específicos e destaque na edição (capa, manchete, chamadas, fotos e/ou ilustrações). Foi.

(20) 17. estabelecido ainda um recorte no universo pesquisado para separar as matérias com referências à ditadura militar. Destaque na edição - Verificou-se a valorização das matérias considerando-se o uso de manchetes, chamadas, fotos e/ou ilustrações na capa e nas páginas internas. Gêneros jornalísticos - Especificamente nas matérias relacionadas à ditadura foram apurados os gêneros jornalísticos adotados (informativo, opinativo, interpretativo, utilitário ou diversional). Palavras-chave - Também no recorte dos textos com referências à ditadura, houve a contagem de dez palavras-chave estabelecidas em categorias de análise (censura, prisão, violência, cassação, anistia, morte, ditadura, eleições, legislação militar e órgãos e agentes de segurança) com o intuito de constatar as mais utilizadas pelo jornal. Matérias de capa – Foram analisadas ainda todas as matérias que receberam chamadas na capa, de forma a identificar e avaliar, qualitativamente, o conteúdo mais valorizado em cada edição. Outra etapa metodológica foram as entrevistas semiestruturadas com ex-associados da Jornacoop. Deram depoimentos Aurelindo Teles, fundador e diretor financeiro e administrativo da Cooperativa; Marcelo Di Renzo, fundador e secretário da entidade; Oswaldo de Mello Júnior, editor do Preto no Branco; e Carlos Mauri Alexandrino, repórter do jornal e responsável pela Agência de Notícias da Jornacoop, que puderam complementar informações não disponíveis nos documentos da Cooperativa e na coleção do jornal. As entrevistas semiestruturadas, segundo Valdete Boni e Silvia Quaresma (2005, p. 75) combinam perguntas abertas e fechadas, dando ao informante a possibilidade de abordar o tema proposto com mais profundidade. “O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal”. As autoras enumeram uma série de vantagens desse tipo de entrevista em relação ao questionário escrito, método que muitos informantes encontram dificuldades para responder: a possibilidade de correção de enganos dos informantes; elasticidade quanto à duração; e a interação entre o entrevistador e o entrevistado, o que garante respostas mais espontâneas e permite formular perguntas mais complexas e delicadas. A dissertação está estruturada em quatro capítulos. O primeiro, intitulado “A arqueologia da memória”, discorre sobre formulações teóricas que abrangem a ressignificação do presente com base na memória apagada pelo tempo e a construção social da memória na conformação das identidades individuais e coletivas. O capítulo discute ainda a instrumentalização da memória por parte de regimes autoritários como forma de controle.

(21) 18. social, e traz considerações sobre o uso da propaganda massiva como doutrinação ideológica pelo regime militar no Brasil. O segundo capítulo, “Diferentes visões sobre a imprensa alternativa”, é dedicado à análise do processo que redundou na explosão de títulos da imprensa alternativa como forma de contraposição à grande imprensa e de resistência ao regime autoritário. Além da abordagem sobre a nomenclatura, linguagem e outras características dos jornais alternativos da época, o texto trata da ação da censura contra esse segmento da imprensa e remete às novas modalidades da imprensa alternativa com o advento da internet. A pesquisa bibliográfica procurou mostrar as divergências e nuances entre os diferentes investigadores do tema na interpretação desse fenômeno. Traz também um breve histórico sobre sete dos principais jornais alternativos surgidos a partir de 1964. O terceiro capítulo, cujo título é “Santos, uma cidade sufocada pela ditadura militar”, traz uma narrativa cronológica da ditadura, mostrando como a cidade esteve presente em vários dos episódios que marcaram o regime militar, mesmo nas vésperas do golpe, quando abrigava a vanguarda sindicalista do País. O simbolismo do navio-prisão Raul Soares, o extenso número de santistas que foram presos, torturados, que tiveram seus direitos políticos cassados e até mesmo mortos, bem como a intervenção federal e a luta pela autonomia política do município são alguns dos acontecimentos narrados. O último capítulo, “Um jornal que remexe o passado incômodo”, apresenta a trajetória da Cooperativa dos Jornalistas de Santos e do Preto no Branco, com base nos registros encontrados no livro de atas da Cooperativa, nas matérias publicadas pelo próprio jornal, e nos depoimentos de quatro de seus ex-integrantes. O capítulo abriga ainda os resultados da análise de conteúdo das matérias jornalísticas de todas as edições do Preto no Branco, proporcionando a produção de dados sobre os temas, os gêneros utilizados, o destaque nas páginas, o enfoque das matérias de capa, entre outras informações, com recorte dos textos relacionados à ditadura militar. Complementando a análise, foram mensurados o tamanho, a quantidade das propagandas e a fidelidade dos anunciantes. A dissertação vem acompanhada de 33 apêndices.. 2 CAPÍTULO I – A ARQUEOLOGIA DA MEMÓRIA.

(22) 19. Este capítulo traz as ponderações de autores que se dedicaram aos estudos da memória, sustentação teórica importante para tratar de temas que pertencem ao passado, como o próprio Preto no Branco - que circulou cerca de 38 anos atrás -, a ditadura militar - que se estendeu de 1964 a 1985 - e a imprensa alternativa que despontou naquele período. Ele apresenta concepções sobre a reconstrução do passado a partir de dados do presente e como a construção social da memória é determinante na formulação da identidade individual ou coletiva. A manipulação ideológica da memória pelos detentores do poder por meio da seleção, supressão ou apropriação dos acontecimentos pretéritos é objeto de reflexão, assim como o uso da propaganda em larga escala para a imposição de uma imagem positiva dos governantes. Por fim, a importância dos meios de comunicação no registro dos fatos históricos e na difusão da memória coletiva é o outro foco deste capítulo.. 2.1 A contribuição dos estudos da memória Considerando o risco de esquecimento da contribuição dada pelo jornal Preto no Branco, em razão da existência de poucos elementos para a sua reconstituição histórica, é essencial trazer a visão de Walter Benjamin sobre os resquícios esquecidos do passado, o que ele chama de “vestígios”,“farrapos”,“resíduos” e “ruínas” como uma forma de reinterpretar o presente e reconstruir a memória encoberta pelo tempo. Benjamin debruçou-se em sua obra “Origem do drama barroco alemão” exatamente nas características de descontinuidade e fragmentação desse gênero dramático, considerado ultrapassado: “(...) a história não se revela como processo de uma vida eterno, mas antes como o progredir de um inevitável declínio. (...) O que jaz em ruínas, o fragmento altamente significativo, a ruína: é esta a mais nobre matéria da criação barroca” (1984, p.189-190). Para o filósofo alemão, aquilo que é desprezado, o que ele chama de “resíduos”, pode ser transformado em conhecimento e servir para recontar algo sob outra perspectiva; para revelar uma nova faceta, não perceptível superficialmente. O objeto da crítica filosófica é o de mostrar que a função da forma artística – e o drama trágico é uma dessas formas – consiste em transformar em conteúdos de verdade filosóficos os conteúdos históricos objetivos que estão na base de toda obra de arte significativa. Esta transformação dos conteúdos objetivos em conteúdos de verdade torna o enfraquecimento da capacidade de repercussão, manifesto no decréscimo do fascínio original da obra ao longo de decênios, no fundamento de um renascer em que toda a beleza efêmera desaparece completamente e a obra como se afirma enquanto ruína (BENJAMIN, 1984, p. 259-260).. Adotando uma postura arqueológica para defender suas ideias, Benjamin teceu uma proposta sobre a não-linearidade da história, alicerçada na dialética entre passado, presente e.

(23) 20. futuro. Para ele, o registro oficial e a transmissão da história são apropriadas pelos dominadores, os “herdeiros de todos os que venceram antes”, entendendo que “nunca houve um documento da cultura que não fosse simultaneamente um documento da barbárie” (1992, p.244-245). A concepção de Benjamin sobre a importância das “ruínas” para a elaboração de uma nova narrativa histórica é partilhada por Giorgio Agamben (2010) ao observar que esses rastros ou índices constituem uma assinatura dos objetos históricos e atestam temporalmente sua legitimidade. Para Agamben (2005, p.162), há uma “desconexão essencial que volta a apresentar-se continuamente em nossa cultura como contraste entre o velho e o novo, passado e presente, anciens e modernes”. Ou seja, o autor entende que o novo e o velho deixaram de ser acessíveis, porque o presente é ruína, e o passado apenas um momento do presente. Ao buscar fragmentos para determinar uma nova significação para a história, estabelece-se uma tensão temporal entre o presente e o passado. Nesse sentido, a denominada arqueologia da mídia é a formulação teórica que, “em uma perspectiva pragmática, significa desenterrar caminhos secretos da história, o que poderia nos ajudar a encontrar nosso caminho para o futuro”, proporcionando ao pesquisador “extravagantes justaposições de fenômenos heterogêneos da história da mídia”. (ZIELINSKI, 2005, p. 56-69). Os estudos relativos à memória vêm despertando crescente interesse entre os cientistas contemporâneos, como destaca Jacques Le Goff ao afirmar que a “aceleração da história” levou os países industrializados a voltarem-se nostalgicamente às suas raízes, “daí a moda retrô, o gosto pela história e pela arqueologia, o interesse pelo folclore, o entusiasmo pela fotografia, criadora de memórias e recordações, o prestígio da noção de patrimônio” (1996, p.220). Ele acrescenta que essa atenção da ciência dedicada à memória estendeu-se para áreas que não a de humanidades, exemplificando com as expressões utilizadas pela cibernética (“memória dos computadores”) e a biologia (“memória da hereditariedade”, em referência ao código genético). Elza Peralta complementa essa percepção indicando que, entre o final do século XIX e o início do século XX, verificou-se uma verdadeira “obsessão pela memória”, devido principalmente a uma nova linha de investigação que ficou conhecida como “presentista” da memória social, suscitando vários estudos concentrados na instrumentalização da memória por parte de diferentes regimes políticos através dos meios de comunicação social, do sistema de ensino, dos monumentos e dos museus, e de celebrações e rituais públicos (2007, p. 8). Para entender melhor as diferenças entre história, passado e memória, vamos nos valer do conceito de memória de alguns estudiosos sobre o tema. Para Le Goff (1996, p.49), “tal como o passado não é a história mas o seu objeto, também a memória não é a história, mas.

(24) 21. um dos seus objetivos e simultaneamente um nível elementar da elaboração histórica”. Ainda segundo o pensador, a memória é a propriedade de conservar certas informações a partir de um conjunto de funções psíquicas, “graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas” (1996, p.423). Halbwachs (2003, p.71) confirma a ideia de que a lembrança é “uma reconstrução do passado com a ajuda de dados emprestados do presente”, concepção compartilhada por Priscila Perazzo (2006, p. 63), para quem “a memória não é o passado, mas a rememoração desse passado feita no presente de um indivíduo e determinadas pelas condições presentes naquele momento”. A dialética “compreender o presente pelo passado” e, por conseguinte, “compreender o passado pelo presente”, apontada por Paul Ricouer (2007, p.180), pressupõe que o testemunho “é o rastro do passado no presente”. Enquanto os documentos encontrados nos arquivos são um “rastro escrito”, aquele que testemunhou o passado é contemporâneo, está inserido na relação entre o passado e o presente. Nesse sentido, cabe ao pesquisador fazer um estudo do passado levando em conta que as análises devem considerar, inevitavelmente, as condições do presente. Essa representação do passado, porém, não deslegitima o resgate histórico e isso se pode notar pelo interesse cada vez mais evidente sobre o estudo da memória. Ao reconhecermos que cada época produz sua própria representação do passado, Norberto Guarinello alega que passamos a admitir, igualmente, que as verdades que a história produz são “relativas, provisórias”, mas esse reconhecimento não esvazia todo o conteúdo das verdades (1994, p.183). O autor explica que o historiador não é livre para criar passados, mas é através de sua mediação na análise dos documentos que temos acesso às realidades passadas. A definição de memória para Guarinello (1994, p.183) “é algo que não está em lugar algum, porque ocupa e preenche todos os lugares”, “é um substrato, repositório dos produtos de nosso passado que sobrevivem no presente”. Ele ainda vislumbra a memória como um caminho para desenharmos o futuro, ao afirmar que: A memória traz em si a possibilidade de vermos o presente, não como uma realidade fixa e mutável, como algo eterno, mas como um produto humano, como um momento de passagem, uma ponte através do qual o passado constrói o futuro. E é para o futuro que se volta, assim, essa memória ativa, afirmando o poder e a força da ação humana sobre sua própria história (...) (GUARINELLO, 1994, págs.188-189)..

(25) 22. Essa mesma perspectiva é defendida por Ecléa Bosi, que vê o passado vindo à tona no presente por meio da memória, sendo que esta junção com as percepções imediatas transforma a memória em “força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, latente e penetrante, oculta e invasora” (BOSI, 1987, p.9). A memória não é sonho, é trabalho. Se assim é, deve-se duvidar da sobrevivência do passado, “tal como foi”, e que se daria no inconsciente de cada sujeito. A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual. Por mais nítida que nos pareça a lembrança de um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se e, com ela, nossas ideias, nossos juízos de realidade e de valor (BOSI, 1987, p.17).. A distinção conceitual entre memória e história é abordada em profundidade por Pierre Nora, que nos ensina que os termos estão longe de serem sinônimos e se opõem um ao outro: A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, suscetível de longas latências e de repentinas revitalizações. (...). Porque é afetiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes que a confortam: ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censura ou projeções (NORA, 1993, p. 9).. A história, por outro lado, “é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais” e, por ser uma operação intelectual, “demanda análise e discurso crítico”. Para o pensador, enquanto a história é uma representação do passado, a memória é um fenômeno sempre atual. A memória é, por natureza, “múltipla e desacelerada, coletiva, plural e individualizada” e a história, ao contrário, “pertence a todos e a ninguém”. Por fim, “a memória é um absoluto e a história só conhece o relativo”, diz Nora (1993, p.9). A memória tem uma característica fundamental para a sociedade, que é a de estabelecer a identidade individual ou coletiva, tendo como parâmetro os conhecimentos que as pessoas ou grupos sociais possuem sobre sua própria história. Partindo dessa premissa, podemos assinalar, ainda, a potencialidade da memória coletiva como articuladora das lembranças comuns de determinados segmentos sociais. É o que explica Halbwachs ao dizer que nossas lembranças permanecem coletivas, “ainda que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e objetos que somente nós vimos. Isso acontece porque jamais estamos sós” (2003, p.30). Halbwachs prossegue nessa linha de pensamento: (...) o que subsiste em alguma galeria subterrânea de nosso pensamento não são imagens totalmente prontas, mas – na sociedade – todas as indicações necessárias para reconstruir tais partes de nosso passado, que representamos de modo.

(26) 23. incompleto ou indistinto, e que até acreditamos terem saído inteiramente de nossa memória (HALBWACHS, 2003, p.97).. Bosi aprofunda-se nesse aspecto da construção social da memória e sustenta que quando um grupo trabalha intensamente em conjunto, geralmente há um esforço no sentido de elaborar esquemas coerentes de narração e de interpretação dos fatos, o que ela denomina “universos de discurso” ou “universos de significado”, que acabam por criar uma versão consagrada dos acontecimentos (1987, p. 27). A autora entende que o ponto de vista do grupo constrói e procura fixar a sua imagem para a História. Seria o “o momento áureo da ideologia com todos os seus estereótipos e mitos”. Do outro lado, haveria a ausência de elaboração no grupo sobre determinados acontecimentos e situações. “A rigor, o efeito, nesse caso, seria o de esquecer tudo quanto não fosse ´atualmente` significativo para o grupo de convívio da pessoa” (BOSI, 1987, p.27). Durante muito tempo não se deu importância aos aspectos sociais da memória. Foi Halbwachs quem trouxe o conceito de memória como fenômeno coletivo, ao indicar que a memória promove o vínculo entre os membros de um grupo com base no seu passado conjunto, consolidando os valores predominantes entre eles. “Trago comigo uma bagagem de lembranças históricas, que posso aumentar por meio de conversas ou de leituras – mas esta é uma memória tomada de empréstimo, que não é minha” (HALBWACHS, 2003, p.72). O pensamento de Halbwachs foi criticado por ser restritivo, ao defender que a identidade coletiva antecede a memória e, assim, desconsiderar as características dialógicas e conflitivas da memória e também da identidade. Os componentes antagônicos do cenário social, as controvérsias, as lutas pela dominação, não estão presentes na concepção determinista de Halbwachs. Ou seja, ao enfatizar que é na sociedade que as pessoas adquirem suas memórias, ele teria desprezado o relacionamento entre a consciência individual e a das coletividades, desconsiderando a memória das culturas minoritárias e dominadas que se opõem à “memória oficial”: Ao contrário de Maurice Halbwachs, ela (a memória individual) acentua o caráter destruidor, uniformizador e opressor da memória coletiva nacional. Por outro lado, essas memórias subterrâneas que prosseguem seu trabalho de subversão no silêncio e de maneira quase imperceptível afloram em momentos de crise em sobressaltos bruscos e exacerbados. A memória entra em disputa (POLLACK, 1989, p.4).. Peralta também rechaça a formulação determinista de Halbwachs, por compreender que a memória social não pode ser encarada apenas como sendo “determinada, regida e coercivamente imposta por uma constelação de poderes que emana uma versão monolítica do passado” (2007, p. 15)..

(27) 24. Nora também contesta Halbwachs por compreender que a memória não é um espaço uniforme ou homogêneo, onde só existiria a memória nacional. Ele argumenta que existem diversas memórias impossíveis de serem representadas por uma versão oficial. “Tudo o que é chamado hoje de memória não é, portanto, memória, mas já história. Tudo o que é chamado de clarão de memória é a finalização de seu desaparecimento no fogo da história. A necessidade de memória é uma necessidade da história” (NORA, 1984, p.14). Daí o conceito de “lugares de memória”, que pressupõe memórias constituídas por diferentes grupos sociais. (...) os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notoriar atas, porque essas operações não são naturais. É por isso a defesa, pelas minorias, de uma memória refugiada sobre focos privilegiados e enciumadamente guardados, nada mais faz do que levar à incandescência a verdade de todos os lugares de memória. Sem vigilância comemorativa, a história depressa os varreria. São bastiões sobre os quais se ancora. Mas se o que eles defendem não estivesse ameaçado, não se teria, tampouco, a necessidade de construí-los. Se vivêssemos verdadeiramente as lembranças que eles envolvem, eles seriam inúteis (NORA, 1993, p. 13).. Ainda assim, as teorias de Halbwachs permanecem atuais em muitos aspectos, especialmente a ideia de que os grupos sociais elaboram sua memória a partir do passado coletivo e que ela é estreitamente relacionada ao sentimento de identidade que permite identificar o grupo. Tese aceita por Le Goff, para quem “a memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje” (1996, p.476). A memória social, como resultado da mente individual na sua relação com o mundo exterior é, assim, constituída pela conjunção de diferentes passados num passado comum dos membros de uma coletividade. A memória da ditadura militar brasileira, por exemplo, para muitos que não vivenciaram este período de 1964-1985, é construída a partir da memória dos outros. Mas as lembranças de outros indivíduos que testemunharam os mesmos fatos produzirão novas versões, cuja construção dependerá da forma como cada receptor recebeu a mensagem e como ele a processou internamente, dependendo ainda do contexto em que está inserido. Conforme essa perspectiva, a memória fornece elementos de referência formados por imagens partilhadas do passado que são geradas no presente. Elza Peralta afirma que o passado evocado pelo presente “é, antes, uma interpretação criativa e plástica que permite.

(28) 25. preencher a distância que medeia a experiência e a recordação, convertendo o passado em memória” (2007, p.16). Com base nesses elementos de referência, é possível saber, em cada momento, o que deve ser recordado e o que deve ser esquecido, uma “ética” feita de recordação e esquecimento. Dessa maneira, em uma análise hermenêutica da memória, o que conservamos do passado não só reflete o presente como também fornece um quadro de referência para a interpretação do mundo (PERALTA, 2007, p.16). Como afirma Le Goff (1996, p. 422), além de ser uma conquista, a memória coletiva é um instrumento e objeto de poder. Apoderar-se dela ou do seu esquecimento é preocupação das classes e grupos que dominam a sociedade. Assim sendo, “os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores de mecanismos de manipulação da memória coletiva” (LE GOFF, 1996, p.471). As manipulações da memória, já no entender de Ricouer, devem-se à ideologia, que se intercala entre a reivindicação de identidade e as expressões públicas da memória. O que celebramos com o nome de acontecimentos fundadores, são essencialmente atos violentos legitimados posteriormente por um Estado de direito precário, legitimados, no limite, por sua própria antiguidade, por sua vetustez. Assim, os mesmos acontecimentos podem significar glória para uns e humilhação para outros. A celebração, de um lado, corresponde a execração do outro. É assim que se armazenam, nos arquivos da memória coletiva, feridas reais e simbólicas (RICOEUR, 2007, p.95).. A função seletiva da narrativa propicia à manipulação a oportunidade e os meios de aplicar uma estratégia de esquecimento tanto quanto de rememoração. Os recursos de manipulação na narrativa aparecem no discurso justificador da dominação, que não se limita à coerção física, como esclarece Ricoeur (2007, p.98). Se é no presente que a reconstituição do passado é disputada como recurso para a construção de um futuro que corresponda aos anseios do presente, cabe salientar as práticas de armazenamento e esquecimento do passado. Como indica Michael Pollak (1989), há uma ação de “enquadramento da memória”, na qual é selecionado o que será lembrado e o que deve ser esquecido. Sobre a doutrinação ideológica da memória, Pollak (1989, p.5) aponta que as lembranças traumatizantes “esperam o momento propício para serem expressas” e afirma que, embora tenham ficado confinadas ao silêncio durante muito tempo, elas “permanecem vivas”, porque “o longo silêncio sobre o passado, longe de conduzir ao esquecimento, é a resistência que uma sociedade civil impotente opõe ao excesso de discursos oficiais”..

(29) 26. O autor enfatiza que essa memória “proibida”, e portanto “clandestina”, em algum momento passa a ocupar toda a cena cultural, comprovando o fosso que separa a sociedade civil e a ideologia oficial de um partido e de um Estado que pretende a dominação hegemônica. Uma vez rompido o tabu, uma vez que as memórias subterrâneas conseguem invadir o espaço público, reivindicações múltiplas e dificilmente previsíveis se acoplam a essa disputa da memória (...). Este exemplo mostra a necessidade, para os dirigentes, de associar uma profunda mudança política a uma revisão (auto) crítica do passado (POLLAK, 1989, p.5).. Constata-se, portanto, que a conquista da memória coletiva é algo que se pretende garantir de forma intensa na luta das forças sociais pelo poder. Tornarem-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores desses mecanismos de manipulação de memória coletiva (LE GOFF, 1996, p. 426).. Bourdieu aborda as estratégias e práticas incorporadas e interiorizadas mediante um processo de interação social e num contexto historicamente constituído. Ele faz referência ao “passado que sobrevive no presente e que se tende a perpetuar no futuro na medida em que se torna presente nas práticas estruturadas de acordo com os seus princípios” (2002, p.177). Para Tzvetan Todorov, os regimes totalitários têm praticado a apropriação e supressão da memória como forma de controle e, embora tenham fracassado em algumas ocasiões, em outras os vestígios do passado foram eliminados com êxito. No entanto, da mesma forma que os governos ditatoriais concebem o controle da informação como prioridade, “seus inimigos, por sua vez, se empenham a fundo para levar essa política ao fracasso” (2000, p.11-13). Em síntese, a memória social não pode ser compreendida apenas como sendo objeto de determinação imposta por dominadores que desejam uma versão cristalizada do passado. As relações de poder e de dominação devem ser levadas em conta, mas é preciso considerar também a multiplicidade de atores e de forças que colaboram para a produção da memória, elaborada dinamicamente a partir de conflitos, não se restringindo ao modelo idealizado pelos detentores do poder. Todorov (2000), porém, não vê o que ele chama de “reinado do esquecimento” apenas nos regimes totalitários. Devido ao consumo cada vez mais rápido da informação, estaríamos inclinados a nos separarmos de nossas tradições, “embrutecidos pelas exigências de uma sociedade de ócio”, desprovidos de curiosidade espiritual e de familiaridade com as grandes obras do passado, o que nos condenaria a festejar alegremente o esquecimento e contentarmo-.

(30) 27. nos “com os vãos prazeres do instante”. Neste caso, a memória estaria ameaçada não pela supressão da informação, mas por sua abundância. Nesse sentido, “os Estados democráticos conduziriam a população ao mesmo destino que os regimes totalitários, quer dizer, ao reino da barbárie” (TODOROV, 2000, p.14-15). Não caberia ao Estado, portanto, o poder de proibir ou permitir a busca pela verdade dos fatos ou impor a versão oficial do passado. “É algo substancial à própria definição da vida em democracia: os indivíduos e os grupos têm o direito de saber, e portanto de conhecer e dar a conhecer sua própria história”. Enfim, esta seria uma maneira de “aproveitar as lições das injustiças sofridas para lutar contra as que se produzem hoje em dia” (TODOROV, 2000, p.32). Para neutralizar o controle da memória por intermédio dos meios de comunicação, Le Goff propõe que “os profissionais científicos da memória, antropólogos, historiadores, jornalistas, sociólogos” façam da luta pela democratização da memória social um dos imperativos prioritários de sua objetividade científica. A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro . Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens (LE GOFF, 1996, p. 477).. 2.2 A propaganda na representação da memória sobre a ditadura militar O golpe militar que eclodiu em 1964 e que permitiu aos militares manterem-se no poder por 21 anos, não adotou somente medidas repressivas para exercer o mando no País, mas adotou um amplo esquema de propaganda para transmitir à sociedade uma imagem favorável ao regime. Com a finalidade de centralizar os órgãos governamentais de propaganda, neutralizar a oposição ao regime e, principalmente, gerar um ambiente favorável à ditadura, aproveitandose do crescimento econômico naquele período, conhecido como “milagre econômico”, o governo Costa e Silva criou a Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp). O historiador Carlos Fico (1997, p.117) considera que os militares desenvolveram “um dos maiores sistemas de propaganda política de um governo autoritário da época contemporânea”. O brasilianista Thomas Skidmore, por sua vez, afirma que a Aerp tornou-se a “operação de relações públicas mais profissional que o Brasil já vira” (2000, p. 221). O emprego da propaganda enquanto forma de manipulação das massas fez parte do cotidiano de vários Estados autoritários ao longo da história da humanidade por meio da.

(31) 28. apresentação de “projetos nacionais”, que dependiam da união e adesão entre os diversos segmentos sociais para a sua concretização e êxito. Tomando como exemplo o período estalinista na antiga União Soviética, Bronislaw Baczko o aponta como um regime que buscou o monopólio absoluto dos meios de informação, bem como o controle sobre o cinema, as ciências, as escolas etc., mas adotando como estratégia “a repressão acompanhada por uma gigantesca encenação e orquestrada por uma propaganda desenfreada” (1985, p.326). Segundo o autor, “o poder deve apoderar-se do controle dos meios que formam e guiam a imaginação coletiva, a fim de impregnar as mentalidades com novos valores e fortalecer a sua legitimidade” (BACKZO,1985, p.302). Essa preocupação dos governos com a sua imagem junto ao povo não é recente. Basta recorrermos a Maquiavel em “O Príncipe”, obra clássica da ciência política na qual ele dá conselhos sobre a conquista e a manutenção do poder, com a orientação de que o governante deve ser temido, mas também amado, ou seja, propunha o desenvolvimento de uma imagem ao mesmo tempo cruel e piedosa em relação ao povo. A busca pela adesão popular foi o motivo para o investimento maciço em propaganda por parte do regime militar no Brasil, como atesta Carlos Fico: Os militares atribuíram grande importância aos “meios de comunicação social”, principalmente o rádio e a TV. Eles próprios, através das assessorias de relações públicas da Presidência da República, entre 1969 e 1977, fizeram propaganda política através de comerciais que associavam o “milagre econômico” a presumidos traços brasileiros e à própria atuação dos governos ditatoriais (FICO, 2001, p.181).. A propaganda ideológica impulsionada pelos militares tinha como objetivo, segundo o historiador Nelson Jahr Garcia (1985, p. 10-11), “formar a maior parte das ideias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social”. A propaganda, aliada à censura e aos outros métodos de repressão à liberdade de manifestação e expressão, buscavam criar um pensamento hegemônico. Ao mesmo tempo em que a propaganda governamental falava de um “país que vai pra frente” e procurava distinguir os bons brasileiros dos que não eram patriotas, com o slogan “Brasil, ame-o ou deixe-o”, a censura tinha o poder de escolher as notícias que deveriam ser bloqueadas e aquelas que poderiam ser liberadas para criar “uma imagem unidimensional da realidade”, conforme Garcia (2005, online), fazendo com que não fosse divulgado nada que desabonasse o governo do regime militar..

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