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Treino e desenvolvimento da força muscular em contexto escolar

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2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

TREINO E DESENVOLVIMENTO DA FORÇA

MUSCULAR EM CONTEXTO ESCOLAR

Danilo Miguel Lino da Conceição

Orientador: Professor Doutor Francisco Saavedra

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2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

TREINO E DESENVOLVIMENTO DA FORÇA

MUSCULAR EM CONTEXTO ESCOLAR

Danilo Miguel Lino da Conceição

Orientador: Professor Doutor Francisco José Félix Saavedra

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2º Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Doutor Francisco Saavedra.

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iii

Quero prestar um agradecimento especial ao Professor Doutor Francisco Saavedra, orientador deste trabalho de investigação, pelo seu vasto conhecimento, profissionalismo, apoio e orientação que disponibilizou durante a elaboração da dissertação.

Aos meus pais, Manuel e Clara, pelo grande incentivo e apoio não só durante a realização deste trabalho, mas em toda a minha vida.

À minha sogra, Maria Elisa, que sempre colaborou tomando conta da minha filha Sofia quando eu ou a mãe não podíamos.

À Cláudia, que tem sido uma companheira incansável, pela sua tolerância, compreensão, carinho e apoio e à minha filha que tudo faz valer a pena. Foram elas que me deram a energia necessária nos momentos mais difíceis.

Aos amigos Paulo e Domingas, pelo apoio prestado no desenvolvimento do estudo.

Às amigas Olena e Ana pelo valioso apoio em algumas traduções indispensáveis para o estudo.

A todos os colegas que responderam ao questionário, sem eles este estudo não seria possível.

Aos meus amigos que me apoiaram em todos os momentos, com oportunas manifestações de companheirismo e de encorajamento.

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iv

Índice Geral

Agradecimentos --- iii

Índice geral --- iv

Índice de Tabelas --- vi

Índice de Gráficos --- vii

Índice de Apêndices --- viii

Abreviaturas e Siglas --- ix

Resumo Analítico --- x

Abstract --- xi

Introdução --- 1

CAPÍTULO 1 – REVISÃO DA LITERATURA --- 4

1.1. A formação dos professores de educação física --- 5

1.2. O trabalho da força nos programas de educação física --- 7

1.2.1. Análise aos Programas Nacionais do 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário --- 8

1.3. Benefícios do treino de força em crianças e jovens --- 12

1.4. Classificações e tipos de força --- 13

1.5. Treinabilidade da força --- 14

1.5.1. Considerações metodológicas para o treino da força em crianças e jovens ---- 14

1.6. Investigações no âmbito do desenvolvimento da força muscular com crianças e jovens --- 19

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA --- 28

2.1. Definição do tipo de Estudo --- 29

2.2. Caraterização da Amostra --- 30

2.2.1. Distribuição Geográfica --- 30

(6)

v

2.2.3. Dados Socioprofissionais --- 31 2.3. Instrumentos e Procedimentos --- 34 2.3.1. Procedimentos --- 34 2.3.2. Instrumentos--- 35 2.4.Delineamento Experimental --- 39 2.4.1. Ameaças à Validade --- 39

2.4.2. Classificação das Variáveis --- 39

2.5. Tratamento Estatístico --- 39

CAPÍTULO 3 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS --- 41

3. Apresentação dos Resultados --- 42

CAPÍTULO 4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS --- 49

4. Discussão dos Resultados--- 50

CAPITULO 5 – CONCLUSÕES --- 56

Conclusões --- 57

Limitações e recomendações --- 58

Bibliografia --- 59

(7)

vi

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Testes e Componentes da Aptidão (adaptado de The Cooper Institute for

Aerobics Research, 2002). --- 11

Tabela 2 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes ao agrupamento de escolas em que leciona. --- 30 Tabela 3 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes à idade dos professores em estudo de acordo com o Género. --- 31 Tabela 4 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes aos dados sócio profissionais dos inquiridos. --- 33 Tabela 5 - Organização das questões segundo o objeto de estudo. --- 37 Tabela 6 - Síntese do questionário utilizado neste estudo. --- 37 Tabela 7 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes à importância do trabalho de força com crianças e jovens. --- 42 Tabela 8 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes à formação e conhecimentos acerca do treino de força para crianças e jovens. --- 43 Tabela 9 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes ao grau de concordância quanto aos benefícios que o treino da força proporciona nos alunos. --- 45 Tabela 10 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), quanto a aplicação de metodologias do treino da força com os alunos. --- 46 Tabela 11 - Motivos para a não utilização do treino da força com os alunos. --- 47 Tabela 12 - Comparação das médias das duas variáveis em estudo, conhecimentos e grupo disciplinar [Teste Mann – Whitney (U), nível de significância (p)]. --- 47 Tabela 13 - Comparação das médias das duas variáveis em estudo, aplicação do treino da força com os alunos e grupo disciplinar [Teste Mann – Whitney (U), nível de significância (p)]. --- 48

(8)

vii

Índice de Gráficos

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viii

Índice de Apêndices

Apêndice 1 – Questionário – treino de força em meio escolar. --- 66 Apêndice 2 - Dados fornecidos DGEEC através dos seus serviços de esclarecimentos

online (deebs.pedidos@dgeec.mec.pt), por solicitação do Investigador (grupo 260). --- 72 Apêndice 3 – Dados fornecidos DGEEC através dos seus serviços de esclarecimentos online (deebs.pedidos@dgeec.mec.pt), por solicitação do Investigador (grupo 620). --- 73

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ix

Abreviaturas e Siglas

APA- American Psychological Association AAP- American Academy of Pediatrics. ZSAF – Zona Saudável de Aptidão Física.

NES – Núcleo de Exercício e Saúde da Faculdade de Motricidade Humana. DEB – Departamento de Ensino Básico.

n – Frequências absolutas. % - Frequências relativas.

DEB – Departamento do Ensino Básico. RM-repetição com carga máxima. SJ -Squat jump.

CMJ- Salto com contramovimento. ABA- Teste de Abalakov.

DJ-Teste de salto em profundidade. MP-Potência mecânica.

MBT-Lançamento de bola medicinal. EF- Educação física.

EB-Ensino Básico.

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x

Resumo Analítico

Treino e desenvolvimento da força muscular em contexto escolar

Ao longo dos últimos anos, a metodologia do treino da capacidade motora força com crianças e jovens tem sido alvo de inúmeros contributos de natureza científica, clarificando alguns pressupostos que erradamente perpetuavam no âmbito do treino desta capacidade motora.

A aplicação de metodologias da força, desde que bem orientadas, assumem particular importância ao nível da saúde, do bem-estar e da aquisição da aptidão física, contribuindo para o desenvolvimento integral das crianças e jovens. Nesse sentido, parece que a escola assume um papel muito importante no desenvolvimento desta capacidade.

Tendo por base esta realidade foi desenvolvido um estudo descritivo e exploratório, em que se procurou perceber se os professores de educação física dos grupos de recrutamento 260 e 620, conheciam e aplicavam metodologias da força com crianças e jovens nas práticas letivas. Foram inquiridos 89 professores de educação física a lecionar em escolas públicas de Portugal Continental.

Tendo por base os resultados obtidos, concluímos que a maioria dos professores de educação física, possui os conhecimentos basilares para a aplicação de programas de treino para o desenvolvimento da capacidade motora força com crianças e jovens. Constatamos, igualmente, que a maioria dos professores de educação física, afirma treinar a capacidade motora força com alunos, no entanto, cerca de metade, não o faz de forma sistemática mas sim ocasionalmente ao longo do ano letivo.

Foi possível concluir ainda que não existem diferenças significativas no conhecimento e na aplicação de metodologias para o desenvolvimento da capacidade motora força com crianças e jovens em contexto escolar, quando comparados em função do grupo disciplinar.

Termina-se apresentando um conjunto de sugestões a considerar em futuras investigações. Assim consideramos pertinente, a elaboração de outros estudos semelhantes no conteúdo, que visem determinar as reais necessidades dos professores ao nível da formação no âmbito das metodologias do treino da capacidade motora força em contexto educativo, bem como a replicação deste estudo com uma amostra verdadeiramente significativa do território nacional.

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xi

Abstract

Training and development of muscular strength in educational context

Throughout the last years, the methodology of training the bodily ability of strength with children and youths has contributed a lot scientifically, clarifying many mistaken assumptions that have remained for a long time in the range of training this bodily ability.

The implementation of strength methodology, when correctly guided, becomes particularly important to health, well-being and the acquisition of physical ability. In this sense, it seems that the school has an important role in the development of this skill.

Bearing in mind this reality, a descriptive and analytical study was carried out in order to understand if physical education teachers from 260 and 620 groups know and apply strength methodologies with children and youths in their teaching practice. 89 physical education teachers, who are teaching in Portuguese public schools, were inquired.

Having the results in mind, we have concluded that the majority of physical education teachers have the elementary knowledge to apply training programmes to develop children and youths’ bodily capacity of strength. We have also realized that the majority of physical education teachers states they train this bodily ability of strength with students, though about half of the inquired teachers don’t train it systematically, they do it occasionally throughout the year instead.

It was also possible to arrive at the conclusion that there are no meaningful differences in the knowledge and in the use of methodologies to develop the bodily ability of strength with children and youths in school context, between the two teaching groups.

Ultimately a group of suggestions is presented to consider in future surveys. Therefore we find quite important to have other studies similar in content which aim to determine the real needs for physical education teacher as far as lifelong learning is concerned specially in methodologies of training the bodily ability of strength in school context. We would also find relevant the replication of this study with a bigger sample in the national territory.

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1

INTRODUÇÃO

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Danilo Miguel Lino da Conceição

2

Introdução

Analisando numa perspetiva temporal a exequibilidade do treino da força em crianças e jovens, e tendo em conta uma multiplicidade de contributos por agentes envolvidos direta ou indiretamente com o tema, poderemos referir que até há relativamente pouco tempo, o trabalho da força em crianças gozava e assumia muitos pressupostos, que viriam a ser considerados falaciosos, contribuindo assim para a criação de, segundo Faigenbaum, Kraemer, Blimkie, Jeffreys, Micheli, Nitka e Rowland (2009) muitas preocupações infundadas em relação à segurança ou eficácia de treino de força dos jovens.

Perpetuaram assim, durante alguns anos, um conjunto de dogmas associados ao treino de força no período infanto-juvenil, no entanto, a força muscular vem sendo considerada uma importante componente da aptidão física (Oliveira, Lopes & Risso, 2003).

Nas últimas décadas, em estudos realizados tanto em Portugal como além fronteiras, como por exemplo Cunha (1996); Faigenbaum, Westcott, Micheli, Outerbridge, Long, LaRosa-Loud e Zaichkowsky (1996) e mais recentemente Santos e Janeira (2008) e Ferrão (2010), está patente a viabilidade da aplicação, com toda a segurança, de protocolos de treino de força em crianças e jovens, muitos com resultados extremamente significativos. Vários também são os estudiosos e investigadores e mesmo entidades médicas, a indicar que um programa de força bem orientado poderá aditar à criança ou ao jovem diferentes benefícios (American Academy of Pediatrics [AAP], 2001; Faigenbaum, 2007; Fontoura, Generosi, Cardoso & Pinto, 2012).

A escolha da força como objeto de estudo, dentro de um quadro mais vasto do trabalho que é desenvolvido pelos professores de educação física, tem várias justificações. Ao longo dos tempos, a força tem sido objeto de estudo de vários investigadores, mas no nosso país desconhecemos qualquer estudo que nos indique se esta capacidade é trabalhada nas escolas. Ora assumindo-se a força como uma capacidade importante a trabalhar desde a infância, parece-nos que a escola assume, ou poderia assumir, um papel perentório no desenvolvimento desta capacidade.

Nesse sentido, aliado ao facto de existir muito pouca informação acerca desta temática, considerámos pertinente a realização deste estudo para determinar a importância que os professores de educação física atribuem ao treino da força com crianças e jovens, perceber se possuem conhecimentos acerca da metodologia do treino desta capacidade motora e perceber se, e como trabalham esta capacidade nas aulas com os alunos. Será também nossa intenção perceber os motivos que levam os professores de educação física a desvalorizar esta capacidade motora. Tentaremos igualmente determinar em que medida os professores de educação física conhecem e aplicam metodologias para o desenvolvimento

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Danilo Miguel Lino da Conceição

3

da capacidade motora força com crianças e jovens em contexto escolar, comparando as diferenças atribuídas ao desenvolvimento desta capacidade motora, de acordo com o grupo disciplinar.

Conscientes das limitações deste estudo, tentaremos focar os pontos mais relevantes deste processo e as suas principais características.

O presente trabalho está dividido em 5 capítulos fulcrais: Capítulo I – Revisão da literatura;

Capítulo II - Metodologia;

Capítulo III - Apresentação dos resultados; Capítulo IV- Discussão dos resultados; Capítulo V – Conclusões.

Neste último capítulo são apresentadas as conclusões finais deste estudo, indicando os pontos que nos parecem mais importantes e sugeridas novas propostas de trabalho. Por fim, apresentamos a bibliografia que se encontra de acordo com as normas da American

Psychological Association [APA] (2001), e como apêndices, devidamente identificados,

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO DA LITERATURA

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Danilo Miguel Lino da Conceição 5 1.1. A formação dos professores de educação física

Na primeira metade do século XIX, definiu-se de modo claro a perceção da necessidade de uma educação física em Portugal sistematizada, tanto a nível metodológico como científico (Moreira, 2013).

A educação física em Portugal foi dividida por Estrela (1972) citado por Moreira (2013) até 1940, em 3 momentos: um 1.º momento até 1834, definido como um período de formação, sem linhas de força bem definidas; um 2.º momento, compreendido entre 1834 e 1910, caracterizado pela “descoberta” da necessidade da educação física; e um 3.º momento, de 1910 a 1940, caracterizado pela prospeção dos meios de ação que possibilitem a concretização dessa necessidade, marcado numa 1.ª fase pela ação da Primeira República e mais tarde pelo Estado Novo. Assim, assistimos de uma forma gradual, a uma viragem da educação física para uma perspetiva mais de cariz militar, contudo esta influência foi-se diluindo no tempo. Esta nova perspetiva, conjugava as orientações baseadas nos métodos da ginástica, com as novas orientações técnico-pedagógicas do tipo desportivo, que foram aparecendo nos finais da década de 1950, seguidas das tendências para uma orientação psicomotriz que foram ganhando espaço nos finais dos anos 60 (Brás, 1996 citado por Moreira, 2013).

Após o 25 de Abril de 1974, já no ano de 1975, são criados em simultâneo dois Institutos Superiores de Educação Física, um integrado na Universidade Técnica de Lisboa e outro na Universidade do Porto. Este contexto de mudança vem dar a oportunidade de renovar, de relançar, de revalorizar e de fazer renascer a educação física (Moreira, 2013).

Em 1978, com a Lei n.º 61/78, de 28 de julho, o ensino superior em Portugal organizou-se num sistema binário: o ensino universitário e o ensino politécnico. A lei de Bases do Sistema Educativo (1986), estabeleceu a área de atuação de cada uma das redes do sistema binário. Assim o ensino universitário visa assegurar uma sólida preparação científica e cultural e proporcionar uma formação técnica que habilite para o exercício de atividades profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades de conceção, de inovação e de análise crítica. O ensino politécnico, por sua vez, visa proporcionar uma sólida formação cultural e técnica de nível superior, desenvolver a capacidade de inovação e de análise crítica e ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática com vista ao exercício de atividades profissionais.

Na década de noventa assiste-se a um crescimento bastante significativo de cursos de formação de professores, verificando-se uma grande proliferação de instituições universitárias e politécnicas, que se responsabilizaram pela formação dos professores de educação física (Moreira, 2013).

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Danilo Miguel Lino da Conceição 6 Ao nível da certificação das habilitações académicas para o desempenho da profissão docente, o ensino politécnico, através das escolas superiores de educação, formava professores para lecionar até ao 2º ciclo de escolaridade, no caso da educação física, formava professores do ensino básico com a variante de educação física e, por sua vez, o ensino universitário destinava-se a formar professores para lecionar o 3º ciclo do ensino básico e o ensino secundário, correspondendo aos grupos de recrutamento 260 e 620.

Com o Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março enquadra-se legalmente o Processo de Bolonha em Portugal, este diploma teve sucessivas alterações, destacando-se, os Decretos-Lei n.ºs 107/2008, de 25 de junho, e 230/2009, de 14 de setembro, que aprova o regime jurídico dos graus e diplomas do ensino superior e também o Decreto-Lei n.º 115/2013, de 7 de agosto, que estabelece os requisitos de corpo docente universitário para a lecionação dos cursos de licenciatura e do 2º ciclo de estudos (mestrado).

Da análise realizada à legislação referente ao processo de Bolonha podemos depreender que o ensino superior encontra-se organizado em dois subsistemas: o ensino universitário, tendo por objetivo primordial o aprofundamento de conhecimentos teóricos e o ensino politécnico, com uma orientação marcadamente profissionalizante. Os dois subsistemas encontram-se articulados, sendo garantida a possibilidade de transição de um para o outro. Têm acesso ao ensino superior os indivíduos habilitados com curso secundário ou equivalente que realizem as provas específicas por cada estabelecimento de ensino.

O modelo de Bolonha, consagra entre outros, os seguintes aspetos: (i) a organização da formação superior com base no sistema de créditos europeu; (ii) a alteração das condições de acesso ao ensino superior para os que nele não ingressaram na idade de referência, conferindo aos estabelecimentos de ensino superior alguma autonomia no que se refere à responsabilidade pela sua seleção; (iii) a criação de condições legais para o reconhecimento da experiência profissional através da sua creditação (iv); a criação de três ciclos de estudos conducentes aos graus de licenciado, mestre e doutor.

Podem ainda ingressar no ensino superior os indivíduos maiores de 23 anos que, não tendo aquela habilitação, façam provas especialmente adequadas ao referido ingresso (Decreto-Lei n.º 64/2006, de 21 de março).

No que se refere especificamente aos cursos de formação de professores importa salientar que, com o modelo de Bolonha, em nenhum caso a licenciatura forma professores na verdadeira ascensão da palavra, formará pessoas com qualificação de técnicos de educação ou com qualificação numa área específica. A formação de professores será assim em todos os casos, um curso correspondente ao curso de 2º ciclo de estudos (Ponte, 2006).

Com a implementação do processo de Bolonha, qualquer licenciado em educação física terá sempre que realizar o 2º ciclo de estudos (mestrado) em “Ensino de Educação

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Danilo Miguel Lino da Conceição 7 Física nos Ensinos Básico e Secundário” para ter acesso à carreira docente enquanto professor de educação física (Decreto-Lei n.º 43/2007, de 22 de fevereiro).

1.2. O trabalho da força nos Programas de Educação Física

Os Programas Nacionais de Educação Física são, na sua essência, documentos orientadores que apresentam diferentes modalidades nucleares e alternativas, objetivos e exercícios, proporcionando aos professores de educação física a escolha um conjunto de atividades apropriadas para que os alunos adquiram os objetivos do Ciclo.

De acordo com o Programa de Educação Física do 3º ciclo do ensino básico, os programas são um guia para a ação do professor que se encontra sempre direcionada para o desenvolvimento dos alunos. Nos programas os docentes encontram os indicadores para orientar a sua prática em coordenação com os professores de educação física da escola mas também colegas de outras disciplinas (Departamento de Educação Básica [DEB], 2001).

Os objetivos da educação física no curso do ensino básico bem como os princípios de organização das atividades nas aulas, baseiam-se numa conceção de participação dos alunos definida por quatro princípios fundamentais: (i) proporcionar atividade física motivadora, qualitativamente adequada e em quantidade suficiente de acordo com as situações de aprendizagem; (ii) promoção da autonomia pela atribuição, reconhecimento e exigência de responsabilidades efetivas aos alunos; (iii) valorização da criatividade pela promoção e aceitação da iniciativa dos alunos, orientando-a para a elevação da qualidade do seu empenho e dos efeitos positivos das atividades; (iv) estimular a cooperação entre alunos o que promove a melhoria da qualidade das prestações sobretudo nas situações de competição entre equipas, atendendo ao aperfeiçoamento pessoal, ao prazer proporcionado pelas atividades, e às relações interpessoais (DEB, 2001).

Segundo DEB (2001), as finalidades do programa, na perspetiva da qualidade de vida, da saúde e do bem-estar, pautam-se, entre outras, por melhorar a aptidão física, elevando as capacidades físicas de modo harmonioso e adequado às necessidades do aluno e promover a aprendizagem de conhecimentos relativos aos processos de elevação e manutenção das capacidades físicas. Neste contexto, o trabalho das capacidades condicionais e em particular o trabalho da capacidade motora força, assume capital importância uma vez que apresenta diversos benefícios para as crianças e jovens (Faigenbaum, 2007; Faigenbaum et al., 2009; Marques, 2010; Oliveira et al., 2003).

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Danilo Miguel Lino da Conceição 8 1.2.1. Análise aos Programas Nacionais do 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário

De acordo com o documento, Organização Curricular e Programas do 1º Ciclo do Ensino Básico, a Expressão e Educação Físico-Motora, não contempla qualquer referência específica à metodologia do trabalho de força em crianças. Nos próprios objetivos gerais e comuns aos diferentes blocos, é referido o objetivo elevar o nível funcional das capacidades condicionais e coordenativas, sendo enumeradas capacidades como a resistência e a velocidade, mas não é feita qualquer alusão à capacidade força (DEB, 2004).

No entanto, apesar desta capacidade não ser diretamente referida, existem aspetos pertinentes, como alguns conteúdos e objetivos, que, apesar de indiretamente, sugerem-nos o trabalho de força, sendo este aspeto percetível desde o 1º até ao 4º ano de escolaridade.

Logo no 1º ano de escolaridade, no bloco 2 “deslocamentos e equilíbrios”, o programa sugere saltos sobre obstáculos de alturas e comprimentos variados, saltar para planos superiores e subir e descer o espaldar (DEB, 2004).

No 2º ano de escolaridade são acrescentados exercícios de tração pela força dos membros superiores e saltos de coelho no solo, com amplitudes variadas (DEB, 2004).

No 3º e também para o 4º ano de escolaridade são sugeridos balanços em suspensão na barra, subir e descer o espaldar e deslocamentos laterais de costas para o espaldar, subir e descer uma corda suspensa sem nós e saltar à corda. Ainda no 4º ano é sugerida a subida para apoio facial invertido, exercício este que exige grande disponibilidade física, nomeadamente no que se refere à força da zona superior e média do corpo (DEB, 2004).

No documento, Organização Curricular e Programas para o 2º Ciclo do Ensino Básico,

ainda que de uma forma pouco específica, já é contemplada, a força como uma capacidade motora a trabalhar. É objetivo geral e comum a todas as áreas elevar o nível funcional das capacidades condicionais e coordenativas gerais básicas, referindo entre outras a força rápida e a força resistente (DEB, 1991).

Pela análise ao citado programa, observa-se que não é programada uma área específica para o treino da força ou de outra capacidade condicional. O programa segue o princípio de que essa área deverá ser tratada não só como característica ou elemento intrínseco à atividade motora dos alunos, mas também, através da exercitação e exigências específicas em todas as aulas (DEB, 1991).

Não obstante, são apontados objetivos bastante específicos a trabalhar com os alunos do 2º Ciclo, na área do desenvolvimento das capacidades físicas e em particular da força: (i) O aluno deve realizar ações motoras, vencendo resistências de fracas a ligeiras, em máxima

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Danilo Miguel Lino da Conceição 9 velocidade de contração muscular; (ii) deve realizar um salto horizontal a pés juntos na máxima distância; (iii) deve lançar uma bola medicinal de 2 kg (DEB, 1998).

É referido ainda que o aluno deve realizar ações motoras de contração muscular localizada para vencer resistências fracas a ligeiras, em esforços de duração relativamente prolongados, com velocidade e sem diminuição de eficácia opondo-se à instalação da fadiga, cumprindo os seguintes exercícios: (i) o maior número de flexões de braços em trinta segundos; (ii) o maior número de extensões/flexões de braços, com as mãos em apoio elevado em trinta segundos; (iii) o maior número de flexões do tronco, rápidas em trinta segundos; (iv) o maior número de elevações rápidas do tronco em trinta segundos; (v) saltos a pés juntos de frente por cima de um obstáculo, o maior número de vezes, em trinta segundos (DEB, 1998).

O Programa de Educação Física do 3º ciclo do Ensino Básico, no que diz respeito ao trabalho da força segue a mesma linha de pensamento, não é portanto dedicada nenhuma área específica para o treino da força, uma vez que o princípio seguido é exatamente o mesmo do ciclo anterior (DEB, 2001).

Na especificação das áreas e matérias nucleares, dedicado ao desenvolvimento das capacidades motoras condicionais e coordenativas e concretamente à força, o programa sugere que o aluno deve realizar ações motoras vencendo resistências fracas a ligeiras, com elevada velocidade de contração muscular e indica: (i) o salto horizontal a pés juntos; (ii) o lançamento de uma bola medicinal de 3/4 kg; (iii) a realização do maior número de flexões/extensões de braços, rápidas e bem executadas, suspendendo-se na barra ou trave (ao alcance dos braços estendidos); (iv) a realização do maior número de extensões/flexões rápidas e completas de braços (a 90º); (v) a realização do maior número possível de flexões do tronco, até ao limite de 75; (vi) o maior número de elevações rápidas do tronco em 30 segundos; (vii) a realização de saltos a pés juntos de frente, por cima de um banco sueco, o maior número de vezes, em 30 segundos (DEB, 2001).

O Programa de Educação Física do Ensino Secundário, por Jacinto, Carvalho, Comédias e Mira (2001), continua a referir-se à força de uma forma bastante semelhante. Elevar o nível funcional das capacidades condicionais, força resistente e força rápida é um objetivo geral e comum a todas as áreas.

Também neste nível de ensino não existe uma área específica dedicada ao treino das capacidades motoras, seguindo-se igualmente o princípio de que essas áreas deverão ser tratadas não só como características ou elementos intrínsecos à atividade motora dos alunos, mas também através da exercitação e exigências específicas em todas as aulas, qualquer que seja a matéria ou tema principal da aula (Jacinto et al., 2001).

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Danilo Miguel Lino da Conceição 10 No referido programa, no que concerne ao desenvolvimento das capacidades motoras condicionais e coordenativas, referindo-nos especificamente à capacidade motora força, sugere-se que o aluno realize com correção, em circuitos de treino ou exercitação simples, ações motoras vencendo resistências fracas a ligeiras, com elevada velocidade de contração muscular, indicando: (i) o salto horizontal a pés juntos na máxima distância; (ii) lançamento de uma bola medicinal de 3/4 kg, à máxima distância; (iii) a realização do maior número de flexões/extensões de braços, rápidas e bem executadas; (iv) a realização do maior número de extensões/flexões rápidas e completas de braços (a 90º); (v) a realização do maior número possível de flexões do tronco, até ao máximo de 75; (vi) a realização do maior número de elevações rápidas do tronco, em 30 segundos; (vii) a realização de saltos a pés juntos de frente, por cima de um banco sueco, o maior número de vezes, em 30 segundos (Jacinto et al., 2001).

Em forma de síntese, e logo em primeira instância, apontamos como grande lacuna, o facto de, no primeiro ciclo, não existir a nomenclatura “Força”, não estando esta referenciada como uma capacidade motora a trabalhar, no entanto observámos inúmeros conteúdos e objetivos que nos sugerem o treino/trabalho desta capacidade motora.

Para González-Badiilo e Serna (2002), citados por Marques (2010a), não se justifica dar início ao trabalho da força apenas por volta dos 17/18 anos de idade uma vez que estudos abordam a eficácia dos programas de força em crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos de idade.

No que se refere aos níveis de ensino subsequentes, podemos aferir que os objetivos gerais e a terminologia técnica aplicada em cada um dos programas de educação física, não sofre grandes alterações, o objetivo geral é, no que se refere à capacidade força, sempre semelhante e em qualquer um destes níveis de ensino considera-se que a força deve ser trabalhada ao longo das aulas não existindo uma área específica para o treino das capacidades motoras.

A análise realizada aos Programas Nacionais permite-nos concluir que, de uma forma geral, a força rápida e a força resistente são os tipos de força que devem ser desenvolvidos com maior incidência.

O programa Fitnessgram está também referenciado nos programas nacionais de educação física de 3º ciclo e do ensino secundário. Assim considerámos importante fazer uma breve referência a este programa, seus principais objetivos e testes que o compõem.

O programa Fitnessgram é, nos dias de hoje, considerado um importante instrumento de avaliação da Aptidão Física e da Atividade Física e é utlizado por milhares de

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Danilo Miguel Lino da Conceição 11 professores, relacionando a aptidão física com a saúde, abandonando portanto a visão mais clássica que associa a aptidão física apenas ao desempenho motor.

The Cooper Institute for Aerobics Research (2002), propõe, através do programa Fitnessgram, proporcionar aos alunos a participação em atividades físicas agradáveis que

aumentem a aptidão física e a aprendizagem de conceitos relacionados com o tema e também ensinar aos alunos competências que necessitam para serem ativos ao longo da vida. Não sendo um programa meramente avaliativo tem também essa vertente, e como tal é composto por uma bateria de testes que têm como objetivo avaliar a componente de aptidão aeróbia, a componente de aptidão muscular e a componente composição corporal (Tabela 1).

Tabela 1 - Testes e Componentes da Aptidão (adaptado de The Cooper Institute for Aerobics Research, 2002).

Testes Componentes de Aptidão

Corrida 1 Milha Vaivém Marcha

Capacidade Aeróbia Percentagem de Massa Gorda

Medição das Pregas Adiposas Índice de Massa Corporal

Composição Corporal Abdominais

Flexões/Extensões de Braços

Flexões de Braços em Suspensão (modificado) Extensão de Tronco

Flexibilidade de Ombros Senta e Alcança

Força e Resistência e Flexibilidade

Segundo The Cooper Institute for Aerobics Research (2002), o Programa Fitnessgram, integra uma base de dados, utilizando valores de referência como critério para avaliar o desempenho da aptidão física, permitindo aos alunos destacarem-se em cada zona:

- Precisa Melhorar;

- Zona Saudável da Aptidão Física (ZSAF); - Acima da Zona Saudável da Aptidão Física.

E estes valores ZSAF estão relacionados com os valores referenciados nos programas nacionais de educação física do 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário onde é referido que “No processo de avaliação formativa, os valores inscritos na Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF – bateria de testes Fitnessgram) para cada capacidade motora, devem ser considerados como uma referência fundamental. A natureza e significado do nível de aptidão física e suas implicações como suporte da saúde e bem-estar e como condição que permite ou favorece a aprendizagem, tornam fundamental que em cada ano de escolaridade os alunos atinjam essa zona saudável” (DEB, 2001, p. 24).

Para avaliar a componente de aptidão muscular são vários os exercícios destinados a avaliar a capacidade motora força, nesse sentido considera-se que a aplicação do programa

(24)

Danilo Miguel Lino da Conceição 12

Fitnessgram, tem contribuído de sobre maneira para implementação do treino da

capacidade motora força nas escolas portuguesas.

1.3. Benefícios do treino de força em crianças e jovens

Nos nossos dias, mesmo na esfera desportiva, ainda é comum existir a ideia que não se pode ou não se deve treinar a força com crianças e jovens. Como podemos constatar na bibliografia consultada, não pode ser ignorado que um bom desenvolvimento muscular protege os pontos fracos do aparelho locomotor, reforça-o e fortalece-o para além de contribuir para o aumento do desempenho/performance desportiva (Marques, 2010a).

De acordo com Faigenbaum (2007), os jovens que participam com regularidade em programas de treino de força têm menor risco de contrair lesões e Costal, Pinheiro, Sipriano e Sequeira (2008), referem que quando devidamente orientada, a prática regular do treino da força estimula o crescimento e a maturação biológica.

Mais longe vão Oliveira et al. (2003), referindo que os possíveis benefícios advindos do treino são, entre outros: a prevenção e correção de deficiências posturais; a estimulação biológica favorável ao crescimento e desenvolvimento; aquisição de novas e mais complexas atividades técnicas relacionadas às anteriormente desenvolvidas.

Também Faigenbaum (2007), refere vários benefícios que o treino da força pode trazer nos jovens, o mesmo relata que o treino desta capacidade potencia: (i) o aumento da força e potência muscular; (ii) a resistência muscular localizada; (iii) o aumento da massa óssea; (iv) a aptidão cardiorrespiratória; (v) o melhoramento do perfil lipídico no sangue; (vi) o aumento da resistência à lesão; (vii) melhoramento da composição corporal e das habilidades de desempenho motor, trazendo melhorias ao nível do desempenho desportivo. O treino desta habilidade melhora a saúde mental e o bem-estar, estimulando uma atitude mais positiva para atividade física durante a vida.

Segundo Faigenbaum (2007), organizações de saúde, como a Academia Americana de Pediatria, o American College of Sports Medicine e a Associação Britânica para Desporto e Exercício, reconhecem a importância de melhorar a força muscular durante a infância e a adolescência.

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Danilo Miguel Lino da Conceição 13 1.4. Classificações e tipos de força

Para Greco (2010), a força pode manifestar-se de diversas maneiras e pode ser classificada de acordo com a forma como é observada. Pode ser classificada como geral e local, conforme a musculatura envolvida; como força geral e força especial, conforme a modalidade desportiva; como dinâmica e estática, conforme o tipo de trabalho muscular; como força máxima, rápida e resistente, segundo a exigência motora e como força absoluta e relativa, considerando a massa corporal.

Também Weineck (2005), refere que a força pode ser classificada de acordo com a forma como é observada. Ela pode ser classificada como geral, envolvendo os principais grupos musculares não considerando a especificidade de qualquer modalidade desportiva, ou sem privilegiar qualquer grupo muscular específico, e a força específica, quando se privilegia os músculos ou grupos musculares que são determinantes ou mais ativados durante a prática de alguma modalidade desportiva.

Por sua vez, Monteiro (2003), classifica a força como dinâmica ou estática, conforme o tipo do trabalho muscular. Refere que a força dinâmica é dividida em concêntrica se a tensão desenvolvida pelo músculo é superior à resistência que ele tem de vencer e excêntrica quando a tensão desenvolvida pelo músculo é inferior à resistência que ele tem de vencer. A força estática é aquela em que a tensão desenvolvida não altera o comprimento da musculatura de maneira percetível. Este autor sugere ainda que força dinâmica também se divide em força máxima, força rápida ou explosiva e força de resistência.

Para Rodrigues (2000), a força máxima é a máxima força que um sujeito possui de acordo com as suas características biológicas e genéticas e Monteiro (2003), refere que a força rápida é a capacidade do sistema neuromuscular de vencer resistências com uma velocidade de contração elevada.

Raposo (1999), considera a força rápida, uma capacidade típica das crianças e adolescentes, devendo ser, por isso, trabalhada nestas faixas etárias.

Ainda, segundo Raposo (1999), esta é uma capacidade particular de muitos movimentos cíclicos e acíclicos. Para este autor é uma capacidade que facilmente se desenvolve, visto que se adapta a todas as disciplinas desportivas, corresponde aos movimentos típicos em desenvolvimento e é sustentada por uma motivação.

A força de resistência é a capacidade de manter uma força a um nível constante durante uma atividade ou gesto desportivo, considerando-a, como a capacidade de resistir

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Danilo Miguel Lino da Conceição 14 ao esgotamento provocado, pelos componentes da força, da sobrecarga e da modalidade executada (Manso, 1999).

Também Greco (2010), define a força de resistência como a capacidade neuromuscular do organismo para resistir ao cansaço em exercícios de força de longa duração.

1.5. Treinabilidade da força

Para Faigenbaum (2007), o exercício da força pode ser seguro e eficaz para crianças e adolescentes desde que sejam seguidas diretrizes de treino apropriadas às idades. Também Faigenbaum et al. (2009, p. 73), afirmam que há “muitas preocupações infundadas em relação à segurança ou eficácia de treino de força dos jovens”, e referem que há evidências científicas e impressões clínicas a indicar que o treino de força nas crianças e jovens tem o potencial de trazer benefícios para a saúde bem como ganhos motores observáveis, desde que haja formação adequada, que as orientações sejam seguidas e que a instrução seja qualificada.

Não podemos portanto concordar com a desvalorização do treino desta capacidade motora, como acontece com demasiada frequência, que a força seja pura e simplesmente esquecida na prática da educação física escolar, no entanto têm que ser tidos em conta todos os pressupostos subjacentes à treinabilidade desta capacidade motora, pois sabe-se que o treino intensivo ou desadequando de força, constitui risco para o aparelho locomotor da criança, em particular por altura dos surtos de crescimento. “Dele podem resultar patologias e malformações do sistema esquelético, retardamento e desequilíbrios do processo de maturação” (González-Badillo & Gorostiaga, 1995, citado por Marques, 2010a, p.21), sendo que o treino da força requer atenção sobretudo ao nível da carga aplicada sobre a criança e o jovem (Marques, 2010a).

Para Carvalho (1996), o único paradigma que deve ser superado a respeito do treino de força para jovens, é que este tipo de treino pode ser recomendado desde que assegurados um conjunto de pressupostos que permitam às crianças e aos adolescentes a possibilidade de usufruírem, com segurança, de um programa orientado para o desenvolvimento da capacidade motora força.

1.5.1. Considerações metodológicas para o treino da força em crianças e jovens

Segundo Marques (1995), o aperfeiçoamento de determinadas capacidades limita ou compromete o desenvolvimento de outras.

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Danilo Miguel Lino da Conceição 15 O mesmo autor acrescenta que: (i) o desenvolvimento da força exige como pré-requisito a melhoria das capacidades coordenativas, sendo facto que nas primeiras fases da escolaridade os maiores ganhos de força surgem associados à melhoria dos processos coordenativos; (ii) a capacidade motora força cumpre um importante papel na aprendizagem e realização de exercícios desportivos uma vez que à medida que se vão tornando mais complexos ao nível da técnica, exige níveis maiores de aplicação de força; (iii) o desenvolvimento da força, ou da hipertrofia muscular, pode influenciar positiva ou negativamente a flexibilidade.

Atendendo ao que foi referido anteriormente e restringindo-nos ao presente trabalho, surge a questão. Então, como desenvolver a força em crianças e jovens?

Costal et al. (2008), considera que os treinos têm que estar de acordo com princípios metodológicos que não comprometam a integridade física e o desenvolvimento harmonioso da estrutura ósseo-muscular, priorizando a mobilização de todos os grandes grupos musculares.

Neste sentido, o treino da força em crianças deve ter um carácter multilateral, Marques (2010a), considera que nas crianças pré-púberes mais velhas, o treino de força deve complementar o trabalho realizado na fase anterior, reforçando a musculatura e o sistema osteo-articular. Acrescenta que é fundamental estabelecer um equilíbrio harmonioso entre todos os grupos musculares e que se deva manter um elevado volume de exercícios de carácter geral, incluindo um número ótimo de exercícios específicos de força.

Para Costal et al. (2008), um programa do treino da força na idade infanto-juvenil, deve incidir em dois objetivos gerais distintos pautados por um desenvolvimento multilateral. A generalidade destes dois objetivos, será complementar, já que um incidirá no contexto desportivo e consequente rendimento desportivo e o outro recairá na melhoria da saúde dos atletas estabelecendo hábitos de vida saudáveis.

Os autores Bompa (1995) e Fajardo (1999) citados por Costal et al. (2008), referem que a ativação dos músculos, ligamentos e tendões mas também a melhoria do equilíbrio muscular para prevenir lesões são os objetivos do treino da força em crianças.

Para Ré (2011), entre os 5 e 10 anos de idade, ocorre uma grande evolução na coordenação e controle motor da criança, acrescentando que durante esse período a criança já entende as regras desportivas o que lhe permite participar em programas estruturados de treino, acrescentando que nestas faixas etárias deve ser procurar-se uma grande diversificação de movimentos.

Para Costal et al. (2008), no período infanto-juvenil os objetivos do treino da força não deverão incidir apenas no aumento da massa muscular mas também preconizar hábitos de vida saudáveis. Assim, os objetivos passarão também por dar noções corporais aos atletas,

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Danilo Miguel Lino da Conceição 16 desenvolver estratégias de prevenção de lesões e transmitir aos atletas uma visão positiva, tanto em relação ao treino da força como ao exercício em geral.

É importante que se entenda que a chave para o sucesso passa pelo desenvolvimento de uma base sólida através de treinos multidisciplinares, diversificados e ricos em solicitações motoras apensando assim qualidade ao treino. Pelo contrário o treino unilateral ou seja, focalizado apenas numa determinada habilidade ou tarefa, consiste numa exigência e repetições de gestos motores específicos e unilaterais, contribuindo para um treino que potencializa a especialização precoce (Costal et al., 2008).

Para Horta (1995), citado por Costal et al. (2008), o treino unilateral proporciona um progresso rápido de rendimento devido a rápidas adaptações, mas apenas durante um curto período de tempo, podendo ainda levar a lesões por sobreuso ou sobreteino.

Nas fases iniciais de treino da força, será importante, acima de tudo, diversificar os exercícios e métodos de execução dos mesmos, priorizando a aquisição de competências relacionadas com a aprendizagem e execução dos exercícios passando para segundo plano os ganhos ao nível de força (Costal et al., 2008).

Para Weineck (2005), e Greco (2010), o treino de força mais adequado para as crianças, parece ser o que utiliza o seu próprio peso corporal e assim à medida que as crianças crescem, o peso corporal aumenta e aumenta também a tensão muscular realizada pelos executantes.

Também Costal et al. (2008), considera que se devem programar treinos de forma a passar de exercícios simples para específicos e deverá começar com um pequeno número de repetições com cargas ligeiras e médias, passando posteriormente para mais repetições e mais carga, considerando que o professor respeitará estas considerações se orientar o treino através de exercícios que utilizem o peso do próprio corpo, seguidamente exercícios com resistências.

O treino de força usando simplesmente o peso do corpo emprega uma variedade de movimentos para desafiar o sistema neuromuscular (Greco, 2010).

Para Raposo (2005), numa etapa inicial começar-se-á a estimular o desenvolvimento da força recorrendo aos exercícios que têm por base o peso do próprio corpo (auto-carga), tais como saltar, lançar, trepar, empurrar, tração, etc.; de seguida, passar-se-á para exercícios realizados contra resistências externas ligeiras, como são os casos das bolas medicinais, do trabalho a pares, dos sacos de areia, dos pesos livres ligeiros, etc.; por último, deverá recorrer-se à utilização de exercícios que permitam o aumento progressivo das cargas de trabalho, como são os casos das máquinas de musculação e dos halteres, permitindo um controlo mais aprofundado das intensidades do trabalho realizado.

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Danilo Miguel Lino da Conceição 17 Em suma, no treino da força em crianças e jovens, deve-se sempre partir de um treino geral para o específico sem nunca impor cargas excessivas, fomentando uma educação multidisciplinar, Costal et al. (2008) e Raposo (2005), acrescentam que ao treinar-se a força, deveremos privilegiar um trabalho respeitando a seguinte ordem: força de resistência, força explosiva e por último força máxima.

O carácter motivacional do treino é também um fator importante a ter em consideração. Na etapa de iniciação desportiva, entre os 6 e os 10 anos de idade, os treinos devem contemplar exercícios simples sempre num ambiente lúdico. O volume de treino deverá ser baixo bem como a intensidade (Costal et al., 2008).

A respeito da intensidade, Marques (2010a), considera este aspeto do treino mais difícil de controlar do que o volume de treino, uma vez que a intensidade de trabalho mal calculada poderá ser mais nefasta para o rendimento do atleta do que o volume de treino, por esse motivo considera que “o volume de treino (séries x repetições) deve ser privilegiado face à intensidade” (p .23).

No entanto, Faigenbaum (2007), sugere que para promover ganhos na aptidão muscular a longo prazo, podem ser necessárias diferentes combinações de séries ou repetições. Para uma criança ou adolescente o treino da força deverá iniciar com um conjunto de 10 a 15 repetições com uma carga moderada e posteriormente avançar com o programa de treino.

Para começar o treino de força, é razoável começar com uma série, recorrendo a uma variedade de exercícios, em seguida, avançar gradualmente para duas ou três series, após as primeiras semanas de treino de força (Faigenbaum, 2007).

González-Badillo e Serna (2000), citados por Marques, (2010a), consideram que o treino da força nunca deve ser feito em dois dias seguidos e mais de três vezes por semana, evitando esforços máximos. Em geral, um treino com a frequência de 2 ou 3 vezes por semana, em dias não consecutivos, vai permitir a recuperação adequada entre as sessões (48-72 horas entre as sessões) e será eficaz para aumentar os níveis de força em crianças (Faigenbaum et al., 2009).

Há diversas formas de organizar uma sequência de exercícios para o treino da capacidade motora força. Faigenbaum (2007), refere que os jovens devem realizar uma sequência de exercícios que envolvam todos os principais grandes grupos musculares e recomenda ainda que a frequência de treino de força seja de 2 a 3 vezes por semana em dias não consecutivos.

Também o intervalo de descanso entre as séries e exercícios é um fator muito importante para a efetividade do treino da força. Sobre esta matéria Faigenbaum (2007), refere que em geral, a duração do período de descanso vai influenciar recuperação de

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Danilo Miguel Lino da Conceição 18 energia e as adaptações que ocorrem do treino. Para este autor, a intensidade e os objetivos do treino, e o nível de aptidão irá influenciar o intervalo do descanso, mas acrescenta que em geral, um período de descanso de um a dois minutos entre as series é apropriado para a maioria dos iniciantes, alertando para o facto de que curtos períodos de descanso (inferiores a trinta segundos entre as séries e exercícios) precisam de ser cuidadosamente prescritos, devido ao desconforto muscular associado.

Para Faigenbaum et al. (2009), as crianças não necessitam de períodos de recuperação tão longos como os adultos e indica que um intervalo de descanso mais curto (cerca de um minuto) pode ser suficiente para realizar um protocolo de treino de força de intensidade moderada.

Para a realização de qualquer plano de treino será necessário preparar o corpo para a prática, Faigenbaum et al. (2009), referem que é razoável a realização de 5 a 10 minutos de atividades motoras dinâmicas durante o período ativação motora geral, de forma a elevar a temperatura corporal e aumentar excitabilidade motora, e acrescenta que no final do treino devem-se privilegiar exercícios de retorno à calma com práticas de relaxamento corporal e recurso a alongamentos musculares.

No que respeita à forma de organização do treino a bibliografia sugere-nos o trabalho em circuito, como a forma privilegiada para levar a cabo o treino da força em crianças.

Nesse sentido, Raposo (2005), sugere que o treino em circuito apresenta um conjunto de vantagens pedagógicas que o tornam um método importante e a ser considerado no desenvolvimento da força de resistência geral e específica nos escalões etários mais jovens, já que permite o desenvolvimento progressivo da condição física e de algumas qualidades de suporte a essa condição, como a potência e a resistência muscular associada à resistência cardio-pulmonar.

Ainda para Raposo (2005), este método de treino é muito rico nas possibilidades de organização e na possibilidade de desenvolvimento, combinado ou isolado, dos diferentes tipos de força. Refere ainda como vantagens do treino em circuito a mobilização multilateral dos diversos grupos musculares, a possibilidade de enquadramento de um grande número de atletas, a participação ativa na aprendizagem dos companheiros e o facto de permitir a utilização de diferentes espaços, materiais e exercícios.

Como podemos constatar, a utilização desta forma de organização do treino da força apresenta um vasto conjunto de aspetos que justificam a sua utilização no contexto escolar. No entanto, para a utilização do treino em circuito é necessário que se respeitem, segundo Raposo (2005), três princípios metodológicos fundamentais: (i) a alternância dos grupos musculares (de forma a poder evitar o aparecimento precoce da fadiga localizada); (ii) o carácter coletivo, o carácter lúdico e agonístico que se relacionam muito bem com a

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Danilo Miguel Lino da Conceição 19 motivação e a dinâmica da carga, para o desenvolvimento efetivo das respetivas capacidades; (iii) a determinação da carga (para o desenvolvimento efetivo das respetivas capacidades).

1.6. Investigações no âmbito do desenvolvimento da força muscular com crianças e jovens

O desenvolvimento da força em crianças e jovens tem sido objeto de estudo por vários estudiosos e investigadores. Um dos primeiros estudos na área com aplicação prática de um protocolo de força com crianças e jovens remonta ao final da década de setenta, esse estudo foi realizado por Vrijens (1978, citado por Rodrigues, 2000; Cunha, 1996), o qual aplicou um programa de força a dois grupos de jovens, um na idade pré-puberal e outro na adolescência, concluindo que apenas o trabalho de força com adolescentes, registou aumentos significativos de força. No entanto, este estudo apresentou algumas limitações em termos metodológicos, nomeadamente o facto de não ser considerada a idade biológica dos indivíduos e, sobretudo, a inexistência de grupos de controlo, assumindo-se, especialmente, este último aspeto, imprescindível para a validade de um trabalho desta natureza.

Um outro aspeto de extrema importância remete-se ao facto de que durante décadas, os treinadores conduziam habitualmente o treino dos jovens à imagem e semelhança do treino dos adultos, o que no trabalho de força especialmente em crianças, pode trazer implicações nefastas ao nível da saúde dos indivíduos (Marques, 2010a), bem como poderá trazer resultados extremamente falaciosos ao nível do rendimento.

Estas e outras limitações levaram a que o treino em crianças e jovens tenha sido preterido.

Na década de oitenta este foi um tema bastante polémico e de grandes discussões entre as ciências médicas e as ciências do desporto, indicando que o treino de força nos jovens era prejudicial para o seu desenvolvimento, nomeadamente ao nível do crescimento dos jovens, argumentando, Sobral (1988), que a maior parte das críticas ao treino de força em crianças e jovens devem-se à realização de alguns estudos metodologicamente limitados, que levaram a interpretações menos corretas dos resultados apurados.

No entanto, especialmente a partir década de noventa e até aos nossos dias surgiram diversos estudos nacionais e internacionais relativos ao treino da força em crianças e jovens e alguns deles específicos ao trabalho de força em contexto escolar, que introduziram novos dados, revertendo a ideia de que o treino de força não deveria ser trabalhado em crianças e jovens, assegurando pelo contrário a viabilidade do treino da força a partir da infância,

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Danilo Miguel Lino da Conceição 20 recorrendo a treinos orientados com metodologias adequadas. Como diz Marques (1995, p. 212) “a questão não é mais se ou não treinar, mas como e o que treinar”.

Estudos analisados (Cunha,1996; Faigenbaum, et al., 1996; Faigenbaum, Westcott., Loud & Long, 1999; Rodrigues, 2000; Fontoura, Schneider & Meyer, 2004; Ingle, Sleap & Tolfrey, 2006; Marques & González-Badillo, 2005; Braga, 2007; Santos & Janeira 2008 e Ferrão, 2010), demonstram melhorias substanciais ao nível de ganhos de força muscular em crianças e jovens.

Em todas as investigações analisadas, está patente que a efetividade do treino da força depende da adequação do programa de treino à população com quem trabalhamos, e para isso há que considerar diversos fatores tais como a idade, o sexo, a intensidade, o volume e a duração do treino e, principalmente nos estudos mais recentes, a maturidade biológica.

Esta ideia da treinabilidade da força em crianças e jovens, já é reforçada pela comunidade médica, (AAP, 2001), e pela National Strength and Conditioning Association (Faigenbaum et al., 2009), ao afirmarem que as crianças e jovens, quando submetidos a um programa de treino adequado e a uma supervisão competente, podem aumentar a força muscular sem um significativo risco de lesão e com benefícios para a saúde.

Efetivamente são vários os autores que sugerem que o treino da força exerce efeitos positivos sobre crianças e jovens, contribuindo para um crescimento e um desenvolvimento harmonioso (Cunha, 1996; Faigenbaum, et al., 1999; Rodrigues, 2000; Marques, 2010a) desde que este seja corretamente projetado e que possua uma supervisão competente.

Relativamente à bibliografia consultada, apenas no que concerne à pesquisa nacional e cingindo-nos ao trabalho de força em contexto escolar, referenciaremos os estudos realizados por Cunha (1996), Rodrigues (2000) e Ferrão (2010), estudos estes realizados com alunos pré-púberes e púberes indo ao encontro dos objetivos específicos desta dissertação.

Na investigação levada a cabo por Cunha (1996), o autor avaliou os efeitos de um programa de treino de força com alunos do 7º ano de escolaridade por um período de 10 semanas. Este estudo de carácter experimental foi realizado com uma amostra de 47 alunos de ambos os sexos, no qual o grupo de controlo foi composto por 18 alunos pré-pubertários (idade média=12,5) e 6 alunos pubertários (idade média=13,2), e o grupo experimental era composto por 22 pré-pubertários (idade média=12,8) e 11 pubertários (idade média=13,5). O grupo experimental foi sujeito a treino específico de força, 15 minutos por sessão, três vezes por semana, integrado nas aulas de educação física. Para a execução do programa de treino, foram utilizados diversos acessórios como sacos de areia, cordas, bolas medicinais, barreiras, pneus e halteres. O programa de treino teve 10 semanas duração, ao fim das

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Danilo Miguel Lino da Conceição 21 quais tanto o grupo de controlo como o experimental apresentaram aumentos nos níveis de força, porém, no grupo experimental esse aumento foi considerado significativo, particularmente ao nível da força explosiva dos membros inferiores e dos membros superiores. Ao nível da resistência abdominal foram os alunos pré-púberes de ambos os grupos que revelaram uma melhoria.

Rodrigues (2000), no estudo experimental que realizou, pretendia evidenciar a treinabilidade da força em jovens pubescentes, testando a eficácia de um protocolo de treino da força nas condições de aula de educação física. O protocolo teve a duração de 8 semanas à razão de 2 unidades semanais de treino.

A amostra foi constituída por 73 alunos de ambos os sexos do 8º ano de escolaridade, situados nos estádios maturacionais 3, 4 e 5 da Tabela de Tanner (1962). Foram constituídos seis grupos de trabalho: 2 de controlo, 2 que trabalharam com cargas contínuas e 2 que trabalharam com cargas descontínuas.

A partir da análise comparada das médias dos testes, constatou-se a existência de ganhos significativos de força em ambos os sexos, o trabalho contínuo mostrou-se mais efetivo no desenvolvimento da força. No trabalho com cargas descontínuas esses aumentos foram mais evidentes nos rapazes. Após o destreino os rapazes perderam menos força que as raparigas.

Deste estudo conclui-se que é possível melhorar a força nas condições específicas da aula de educação física com duas unidades semanais de treino, durante 8 semanas. Concluiu-se igualmente que os rapazes são mais fortes que as raparigas, que apresentam uma treinabilidade maior do que elas e que o trabalho desenvolvido com cargas contínuas e sistemáticas de treino é eficaz, embora, ao nível dos rapazes se possa trabalhar com cargas descontínuas, mas quando, nestes, o treino é realizado com base em cargas contínuas, os seus efeitos perduram mais no tempo.

Importa salientar que para a realização destes estudos recorreu-se a muitos materiais que não se encontram na maioria das escolas portuguesas. E para além disso, no estudo de Rodrigues (2000), todo o trabalho realizado pelo investigador foi realizado de forma não integrada na aula de educação física, mas sim em horários extra escolares.

No seu estudo, Ferrão (2010), pretendeu verificar os efeitos do destreino após a realização de um programa de treino pliométrico simples, de reduzido impacto articular e muscular, à razão de 2 sessões semanais, com o intuito de verificar os níveis da força dos membros inferiores e composição corporal (peso, altura e perímetros geminal e crural), após a nova aplicação do mesmo programa, durante o mesmo período de tempo, nas mesmas condições.

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Danilo Miguel Lino da Conceição 22 Este estudo foi realizado no ano letivo 2009/2010 e teve a duração de 6 meses. Neste trabalho de investigação foram utilizados dados obtidos num estudo realizado pela mesma autora, entre outubro de 2008 e março de 2009, os quais permitiram a comparação do desempenho dos sujeitos nos diversos elementos avaliados após o destreino, permitindo assim a comparação da avaliação final do estudo realizado no ano letivo 2008/2009, com a avaliação inicial realizada no estudo efetuado no ano letivo 2009/2010.

A amostra foi constituída por 40 sujeitos de ambos os sexos, em idade pubertária, não praticantes regulares de desporto, divididos em dois grupos. O grupo de controlo foi constituído por 19 sujeitos (10 do sexo feminino e 9 do sexo masculino) com 14,5 ± 0,61 anos de idade e realizou aulas normais de educação física, ao passo que o grupo experimental composto por 21 sujeitos (11 do sexo feminino e 10 do sexo masculino) com 14,6 ± 0,65 anos de idade, realizou o mesmo tipo de aulas com a inclusão de uma série de exercícios pliométricos.

Os sujeitos foram testados na impulsão vertical, salto a pés juntos, triplo salto sem balanço, quíntuplo salto e décuplo salto, em quatro momentos, ou seja, antes da aplicação do programa de treino, depois ao segundo mês de treino, ao quarto mês de treino e por último ao sexto mês de treino. Todos os sujeitos foram igualmente pesados e medidos na altura, nos perímetros geminal e crural antes da aplicação do programa de treino e após o sexto mês de treino.

Os principais resultados apontaram para uma melhoria significativa da performance em todos os saltos, dos perímetros geminal e crural e também no peso para o grupo experimental, não se verificando o mesmo para o grupo de controlo. Ambos os grupos tiveram um aumento significativo relativamente à altura.

Neste estudo a investigadora concluiu que os resultados obtidos apontavam para o facto de que após um período de destreino, a performance é rapidamente recuperada, tendo concluído igualmente que a inclusão de exercícios pliométricos simples nas aulas de educação física tem efeitos positivos na performance múltipla de salto, melhoria essa que parece estar relacionada tanto com processos neuro-coordenativos como com processos hipertróficos.

No que concerne à pesquisa internacional, Faigenbaum et al. (1996), num estudo realizado em 24 crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos, avaliaram os efeitos de um programa de treino de força nos exercícios, salto vertical, extensão de pernas e press de peito. Neste estudo, o grupo experimental foi constituído por 11 indivíduos do sexo masculino e 4 do sexo feminino e o grupo de controlo por 3 indivíduos do sexo masculino e 6 do sexo feminino. O grupo experimental foi sujeito a um programa específico

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Danilo Miguel Lino da Conceição 23 de treino de força durante oito semanas, na frequência de 2 vezes por semana, seguido de um período de destreino de também 8 semanas.

Todos os sujeitos foram testados antes e no fim do período de treino, após 4 semanas de destreino e após as 8 semanas de destreino.

Nos resultados deste estudo constatou-se a existência de ganhos estatisticamente significativos de força, constatando-se que será possível aumentar a força em crianças com programas de força de curta duração, no entanto os investigadores com base nos resultados obtidos (decréscimo significativo nos valores dos testes de força após as 4 e após as 8 semanas do período de destreino) sugerem que os efeitos deste tipo de treino de força tendem a regredir ao longo de 8 semanas destreino, atingindo mesmo valores de pré-treino.

No estudo realizado por Faigenbaum et al. (1999), compararam-se os efeitos de dois programas de treino de força no desenvolvimento da força e da resistência muscular em crianças. Um dos programas foi caracterizado por exercícios com poucas repetições e cargas elevadas, ao passo que o outro, foi caracterizado por exercícios com um elevado número de repetições e cargas moderadas.

A amostra foi constituída por 11 sujeitos do sexo feminino e 32 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 5 e 11 anos, sendo que 15 sujeitos realizaram exercícios caracterizados por poucas repetições (6 a 8) e cargas elevadas e 16 sujeitos realizaram exercícios caracterizados por um elevado número de repetições (13 a 15) mas com cargas moderadas (apenas 15 indivíduos deste último grupo acabaram o estudo). O grupo de controlo não realizou qualquer tipo de treino específico de força e foi constituído por 12 sujeitos.

O programa de treino durou 8 semanas à razão de 2 treinos por semana. No pré e pós treino os sujeitos foram avaliados nos exercícios de extensão de pernas e press de peito, realizando uma repetição com a sua carga máxima (1-RM), foi também realizada uma avaliação intermédia às 4 semanas.

Nos resultados deste estudo constatou-se a existência de ganhos significativos de força (1-RM) no exercício de extensão de perna para os dois grupos de trabalho em comparação com o grupo de controlo. No press de peito, apenas o grupo que realizou exercícios caracterizados por um elevado número de repetições e cargas moderadas, conseguiu ganhos de força significativamente maiores que o grupo de controlo.

Nos testes de resistência muscular, em que os indivíduos foram encorajados a realizar o máximo de repetições possíveis com a carga máxima obtida no pré teste, no exercício de extensão de pernas, observaram-se ganhos estatisticamente significativos nos dois grupos de trabalho, no entanto os ganhos dos sujeitos que realizaram um elevado número de repetições com cargas moderadas, obtiveram ganhos estatisticamente superiores aos

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Tabela 1 - Testes e Componentes da Aptidão (adaptado de The Cooper Institute for Aerobics Research, 2002)
Tabela 2 - Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes ao agrupamento de escolas em que leciona
Tabela 3 – Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes à idade dos professores em estudo de acordo  com o Género
Tabela 4 – Frequências absolutas (n) e relativas (%), referentes aos dados sócio profissionais dos inquiridos
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