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Balanço Hídrico de Spathodea nilotica, (Seem.).

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Academic year: 2017

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Balanço Hídrico de Spathodea nilotica, ( S e e m . )1

PAULO NOGUEIRA DE CAMARGO2 SAMIR FELICIO BARCHA3

OSWALDIR FRANCISCO CASTRO3

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RESUMO

Os a u t o r e s relatam observações sobre a transpiração d e Spatkódea nilotica Seem (Bignoniaceae), pequena árvore africana aclimatada n o Brasil e usada, n o Estado d e S ã o Paulo, p a r a arborização de r u a s e como planta ornamental. A t r a n s p i r a ç ã o foi d t e r m i n a d a pelo método das pesagens rápidas, p o r meio de u m a balança d e torsão. F o r a m feitas observações sôbre o a n d a m e n t o diário d a t r a n s p i r a ç ã o t o t a l d a transpiração cuticular e d o déficit d e s a t u r a ç ã o dos folíolos u s a d o s n a s determinações d a transpiração t o t a l . T a m b é m foram feitas observações sôbre o movimento hi¬ droativo dos estômatos.

As comparações e n t r e as curvas de a n d a m e n t o diário d a t r a n s p i r a ç ã o total com as dos déficits d e saturação dos folíolos u s a d o s m o s t r a m que as, d u a s restrições de transpi-ração, constatadas d u r a n t e o dia, foram devidas à falta d e s u p r i m e n t o de água n o s folíolos.

A t r a n s p i r a ç ã o cuticular foi determinada cobrindo-se a epiderme estomática (abaxial) com vaselina e pesando o s folíolos cortados. A m a r c h a diária da transpiração cuticular c o m p a r a d a c o m a da t r a n s p i r a ç ã o total m o s t r o u os m e s m o s resultados, isto, é, que as d u a s restrições d e transpiração, j á referidas, s ã o devidas principalmente à falta de supri-m e n t o hídrico n o s folíolos.

INTRODUÇÃO

O presente t r a b a l h o relata observações sobre a t r a n s -p i r a ç ã o de S-pathodea nilotica Seem., -planta d e origem afri-cana (BAILEY, 1963), aclimatada n o Estado de S. Paulo, onde é cultivada e m p a r q u e s e j a r d i n s e n a arborização d e ruas. É árvore de p o r t e elegante, s e m p r e verde e possui flores grandes e vistosas, florescendo ainda q u a n d o a p l a n t a é m u i t o nova e m a n t e n d o floradas sucessivas d u r a n t e todo o ano, desde que e m boas condições d e u m i d a d e e arejamento do solo.

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À vista da i m p o r t â n c i a q u e esta p l a n t a vem adquirindo como ornamental e de arborização urbana, os Autores j u l -g a r a m interessante fazer al-gumas observações sobre o ba-lanço hídrico da mesma, n a s condições d a época seca, e m S ã o José d o Rio P r e t o .

MATERIAL E M É T O D O S

A p l a n t a estudada era u m a pequena árvore de aproxima-damente 5 m e t r o s de a l t u r a com cerca de ty,15 m de d i â m e t r o n a base d o fuste, localizada e m u m a residência particular, à r u a Siqueira Campos, esquina Cândido Carneiro, n a cidade de S ã o J o s é do Rio Preto.

A medida d a t r a n s p i r a ç ã o foi feita pelo método das p e -sagens rápidas, usando-se p a r a isso u m a balança de torção Jung-Heildelberg, de fabricação alemã, tendo sido u s a d a a técnica de R A W I T S C H E R e F E R R I (1942), p a r a as ope-rações.

A balança foi localizada e m u m abrigo p a r a automóvel, anexo à residência, a cerca de dois m e t r o s de distância d a árvore, e o trabalho foi realizado p o r dois operadores. E n q u a n t o u m deles pesava a s folhas e anotava o s resultados, o o u t r o se encarregava de colher as m e s m a s , entregá-las a o operador d a balança e anotar a s leituras do psicrômetro e do evaporímetro.

A fim de a t e n u a r o efeito t r a u m á t i c o d o corte d a folha sobre a m e d i d a d a transpiração, ao invés de se c o r t a r u m folíolo diretamente d a árvore, cortava-se u m pequeno r a m o c o m várias folhas. Este r a m o era entregue, r a p i d a m e n t e ao operador d a balança, o qual, no m e s m o instante, cortava o folíolo, colocava-o n a balança e determinava-lhe o peso. Como o peso médio aproximado d e c a d a folíolo podia s e r estimado, e m virtude de várias medições preliminares, o ope-r a d o ope-r j á deixava a balança caope-rope-regada com u m peso b e m próximo ao do folíolo. Assim, a operação de destacar o fo-líolo, e pesá-lo, n ã o d u r a v a mais que poucos segundos. E n t r e o corte do ramo, n a árvore, e a determinação do peso d o folíolo n ã o se passavam m a i s que 30 segundos. .

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1. EVAPORAÇÃO: A evaporação foi medida p o r m e i o de u m evaporímetro de Piche original (Wilh-Lambrecht-Gôttingen), colocado a cerca de u m m e t r o de distância da balança. S u a superfície evaporante era d e 12 cm2. O s da-d o s obtida-dos foram utilizada-dos da-diretamente n a confecção da-das curvas diárias.

2. UMIDADE RELATIVA DO AR E TENSÃO DO V A P O R A T M O S F É R I C O : F o r a m determinadas, p o r meio d e tabelas psicrométricas (SAMPAIO FERRAZ, 1941) com d a d o s obtidos pelas leituras dos termômetros seco e mo-lhado, de u m psicrômetro construído com dois termômetros meteorológicos (Normalglas, Wilh. Lambrech1>Gôttingen).

3. ANDAMENTO D I Á R I O DA T R A N S P I R A Ç Ã O : O a n d a m e n t o diário da transpiração foi feito medindo-se a per-d a per-de água per-de três folíolos sucessivamente, per-d u r a n t e u m mi-n u t o p a r a c a d a um. Estas pesagemi-ns foram efetuadas a p a r t i r d a s 8 horas, e m intervalos de u m a hora, d u r a n t e todo o dia, até as 16 horas. F o r a m assim obtidos d a d o s p a r a 9 pontos d a curva do a n d a m e n t o diário d a transpiração.

Os dados, de p e r d a de água p o r folíolo foram reduzidos p a r a a á r e a de 100 cm2, e com eles, foram construídas as

curvas de andamento diário d a transpiração.

F o r a m construídas t r ê s curvas p a r a cada a n d a m e n t o diário, respectivamente com o s dados máximos, médio e m í n i m o de cada observação.

4. ÁREA F O L I A R : A determinação d a á r e a foliar foi feita pelo processo d a comparação d a s pesagens d o s moldes d o s mesmos, obtidos pelo desenho de seus contornos, em papel sulfite 20, com o peso médio de 10 q u a d r a d o s d o mes-m o papel, de 10 c mes-m de lado.

A observação do a n d a m e n t o diário d a transpiração foi feita d u r a n t e o m ê s de julho de 1962, acompanhando-se, u m a vez p o r semana, a transpiração d a planta, n o período j á ci-tado, das 8 à s 16 horas.

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dia, e m lugar fresco, sendo t r a n s p o r t a d o s p a r a o laboratório, após o término das, observações. No laboratório, os folíolos e r a m retirados d o s saquinhos e colocados e m c â m a r a úmida, com o s pecíolos mergulhados e m á g u a de torneira, onde per-m a n e c i a per-m p o r 24 horas. Após esse intervalo d e teper-mpo, e r a per-m pesados novamente, depois de serem b e m enxutos p o r meio de papel de filtro. Esta nova pesagem dava o "peso r a d o " d e cada folíolo. Após a d e t e r a ü n a ç ã o do p e s o satu-rado, os folíolos e r a m levados a u m a estufa a 105°C, o n d e permaneciam por 24 horas, sendo e n t ã o transferidos p a r a u m dessecador a cloreto de cálcio, a t e m p e r a t u r a ambiente, onde permaneciam de 3 a 4 horas, p a r a ser pesados nova-mente, até* peso constante. Obtinha-se assim o peso seco dos, folíolos.

O déficit d e s a t u r a ç ã o dos folíolos foi determinado pela fórmula de S t o c k e r :

Peso s a t u r a d o - peso atual

D . S . = — X 100

Peso s a t u r a d o - peso sêoo que corresponde à relação:

Conteúdo hídrico m á x i m o - Conteúdo hídrico atual

— x 100 Conteúdo hídrico m á x i m o

Com os d a d o s obtidos pela aplicação da fórmula d e Stocker, foram construídas curvas de déficit de saturação, de m o d o que cada ponto dessas curvais, correspondia ao dé-ficit de s a t u r a ç ã o diário d a transpiração. Assim a s c u r v a s d e déficit de s a t u r a ç ã o p o d i a m ser c o m p a r a d a s c o m a s de andamento diário d a transpiração, p o n t o p o r ponto.

6. TRANSPIRAÇÃO C U T I C U L A R : A t r a n s p i r a ç ã o cuticular foi determinada, p a r a cada p o n t o d a curva do an-damento diário, vaselinando-se a face abaxial ( e s t o m á t i c a ) do folíolo e pesando-o, n a balança, d u r a n t e 5 minutos. Os valores médios, de t r a n s p i r a ç ã o cuticular foram calculados p a r a a á r e a de 100 c m2, p a r a a confecção d a curva.

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essa primeira pesagem seguiam-se o u t r a s , d e m i n u t o e m mi-nuto, p e r m a n e c e n d o sempre o folíolo n a balança, até que se obtivessem valores constantes p a r a a p e r d a de água d o fo-líolo, em várias pesagens consecutivas. Os dados assim obtidos e r a m levados diretamente a u m papel milimetrado, e m escala adequada ( 1 c m = 1 m g ; 2 m m = 1 min.).

Os desenhos d a s curvas foram feitos à lápis, e m papel milimetrado e passados, a Nankin, e m papel vegetal, p a r a a execução d o s clichês.

8. ANATOMIA: F o r a m feitos cortes transversais nos folíolos, à m ã o livre, p a r a a observação d a estrutura, tendo sido usados, q u a n d o necessários, o s corantes e reagentes c o m u n s .

4. RESULTADOS

1. EVAPORAÇÃO: A curva de evaporação do dia 15-7-62 (Fig. 1,A) m o s t r a que, a p a r t i r d a s 8 horas, a evapo-r a ç ã o a u m e n t o u continuamente, até à s 11 hoevapo-ras, passando a u m valor estacionário; das 11 à s 13 horas, a evaporação a u m e n t o u , t o r n a n d o a estacionar d a s 14 à s 15 h o r a s .

No dia 29-7-62, (Fig. 2,A) a evaporação a u m e n t o u conti-n u a m e conti-n t e d a s 8 h. 30 mi., até a s 13h 30 mi., q u a conti-n d o passou a decrescer até à s 14 h. 30 m i . Dessa h o r a e m diante, per-m a n e c e u constante.

2 . ANDAMENTO D I Á R I O DA T R A N S P I R A Ç Ã O : A fig. 1»B m o s t r a três, curvas, a, b , c, correspondentes a o an-d a m e n t o an-diário an-d a t r a n s p i r a ç ã o an-d o an-d i a 15-7-62. Observa-se que a p a r t i r d a s 8 h o r a s a t r a n s p i r a ç ã o a u m e n t o u continua-m e n t e até a s 11 h o r a s , p a s s a n d o a dicontinua-minuir d a s 11 à s 13 h o r a s , q u a n d o e n t r o u novamente e m ascensão, até à s 14 h o r a s .

Das 14 à s 15 h o r a s a t r a n s p i r a ç ã o diminuiu novamente, p a r a t o r n a r a aumentar, até a s 16 horas,.

A fig. 2,B, corresponde a o a n d a m e n t o d a t r a n s p i r a ç ã o do d i a 29-7-62, m o s t r a que, a p a r t i r das 8 h. 30 mi., a

transpi-r a ç ã o a u m e n t o u até a s 11 h. 30 mi. p a s s a n d o a dectranspi-rescetranspi-r .até as 12 h. 30 mi., q u a n d o se elevou novamente, p a r a t o r n a r

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3 . TRANSPIRAÇÃO C U T I C U L A R : A t r a n s p i r a ç ã o cuticular, cuja medida foi iniciada à s 9 h o r a s (Pig. 1,C), subiu constantemente de 1,5 m g / d m2

p a r a 3,3 m g / d m2

, à s 11 h o r a s ; d a s 11 à s 12 horas,, baixou p a r a 0,5 m g / d m2, p a r a s u b i r nova-mente, d a s 12 à s 13 h o r a s a 5 m g / d m2, q u a n d o atingiu seu valor m á x i m o ; d a s 13 à s 14 horas, baixou p a r a 2,3 m g / d m2; das, 14 à s 15 h o r a s elevou-se d e 0,5 m g / d m2

p a r a descer ao valor anterior, à s 16 h o r a s .

4. ' D É F I C I T D E SATURAÇÃO DAS F O L H A S : A fig. 2,C m o s t r a a curva d o déficit de saturação d a s folhas, utili-zadas p a r a confecção de u m a d a s c u r v a s do a n d a m e n t o diário d a t r a n s p i r a ç ã o (fig. 2,B). A curva indica q u e o déficit de s a t u r a ç ã o d a s folhas diminuiu e n t r e 8 h. 30 mi. e 11 h. 30 m i . p a s s a n d o e n t ã o a aumentar, até à s 12 30 mi., q u a n d o volta diminuir até a s 14 h. 30 mi., p a r a a u m e n t a r novamente até à s 15 h. 30 mi.

5. M O V I M E N T O HIDROATTVO D O S E S T Ô M A T O S : A fig. 3 m o s t r a u m a curva típica de p e r d a de água de u m folíolo d e Spathodea nilotica. A p e r d a de água desse folíolo foi observada, de m i n u t o e m minuto, d u r a n t e u m a h o r a e vinte e t r ê s minutos. Como indica a curva, n o primeiro m i n u t o o folíolo p e r d e u 10 m g e, j á n o m i n u t o seguinte, p e r d e u 18 mg. Daí p o r diante, a p e r d a de á g u a p o r minuto apresentou oscilações de larga amplitude, p o r é m s e m p r e e m nível s u p e r i o r ao d a p e r d a inicial. Somente 40 min. após a p r i m e i r a pesada foi que se observou o p r i m e i r o valor infe-rior a o inicial. A p a r t e pontilhada d a curva, indica u m pe-ríodo de 23 minutos, e m que o folíolo permaneceu fora d a balança, seguindo-se novas pesadas d e m i n u t o e m minuto, d u r a n t e m a i s 19 min. E s t a última p a r t e d a curva m o s t r a oscilações t ã o grandes como as iniciais, e m b o r a e m nível inferior ao d a p e r d a de água inicial. O valor mais baixo atingido foi de 4 m g p o r minuto, m a s a s pesadas seguintes m o s t r a m p e r d a s maiores.

5. DISCUSSÃO

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à s 11 h o r a s . Esse a u m e n t o de t r a n s p i r a ç ã o acompanhou o incremento d a evaporação (Fig. 1,A) d u r a n t e o m e s m o pe-ríodo, o que indica que, d u r a n t e esse intervalo de tempo, a planta t r a n s p i r o u livremente. Das 11 à s 12 horas, porém, e n q u a n t o a evaporação, e m b o r a b e m m e n o s intensa, se con-servava em ligeira ascensão, a transpiração caiu bruscamente. Esta queda d a transpiração só pode ser interpretada c o m o u m a restrição fisiológica d a p e r d a d'agua pela planta, e m conseqüência do fechamento de seu estômatos,. Com efeito, os fatores ambientais s ã o favoráveis ao aumento d a t r a n s -p i r a ç ã o : t e m -p e r a t u r a em elevação e u m i d a d e relativa do a r constante. A tensão do vapor atmosférico, em ligeira ascen-são, poderia influenciar n o sentido d o abaixamento d a trans,-piração, m a s c o m o se vê, sua influência foi apenas de a t e n u a r o aumento d a evaporação, q u e continuou e m curva levemente ascendente.

A transpiração deveria, pois, continuar subindo, ou, pelo menos,, estacionar. Ao contrário, porém, ela diminuiu vio-lentamente. Esse fato deve, pois, ser interpretado como res-trição d a transpiração pela p r ó p r i a planta, e m virtude do fechamento de seus estômatos.

Das 12 à s 13 horas, a transpiração continuou a baixar m e n o s intensamente. J á es,ta redução de p e r d a d'agua pode ter sido devida à s condições ambientais, pois, c o m a tempe-r a t u tempe-r a e m elevação, o aumento aptempe-reciável n a tensão do vapotempe-r e a leve ascenção d a umidade relativa do ar, houve u m a leve diminuição n a intensidade d a evaporação.

É provável, portanto, que e n t r e a s 12 e a s 13 horas, a planta j á estivesse novamente c o m s e u s estômatos abertos e que essa diminuição n a t r a n s p i r a ç ã o fosse apenas u m a con-seqüência das condições do ambiente.

D a s 13 à s 14 horas,, houve nova elevação d a transpiração. Essa ascenção foi claramente provocada pelos fatores am-bientais. Com efeito, a t e n s ã o de vapor atmosférico dimi-nuiu bruscamente, a t e m p e r a t u r a manteve-se e m elevação e a u m i d a d e relativa d o a r diminuiu.

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Das 14 à s 15 h o r a s , houve queda n a transpiração, q u e p o d e ser perfeitamente interpretada como u m a segunda res-trição fisiológica, pelo fechamento d o s estômatos d a planta. As condições do ambiente continuavam favoráveis, senão à elevação d a transpiração, pelo m e n o s a o seu e s t a c i o n a m e n t o : t e n s ã o d o vapor e m abaixamento, t e m p e r a t u r a e m leve ascen-ção, u m i d a d e relativa, p r a t i c a m e n t e constante. A evapora-ç ã o permaneceu estacionaria e, np entanto, a t r a n s p i r a evapora-ç ã o caiu. Houve, p o r t a n t o , e n t r e 14 e 15 h o r a s u m a nova res-trição d a transpiração, pelo fechamento d o s estômatos d a planta.

As condições climáticas d o intervalo entre 15 e 16 h o r a s e r a m m e n o s favoráveis, à transpiração. Neste período, a temperatura, e m b o r a bastante elevada (29°C) j á m o s t r a v a u m a tendência p a r a declínio. A t e n s ã o do vapor e a umi-dade relativa do ar, e m ascensão, p r o v o c a r a m a diminuição d a intensidade d e evaporação. E n t r e t a n t o , a t r a n s p i r a ç ã o continuou aumentando, o que p o d e ser interpretado c o m o conseqüência d a t e m p e r a t u r a elevada, d o suprimento d e á g u a armazenado n a folha, n o período de restrição anterior, e d o g r a u de a b e r t u r a d o s estômatos. Nes.tas condições, a p l a n t a transpirava livremente.

A fig- 2,B m o s t r a o a n d a m e n t o diário d a t r a n s p i r a ç ã o efetuado n o dia 29-7-62. A curva apresenta u m a restrição d e t r a n s p i r a ç ã o n o intervalo e n t r e 11 h . 30 mi. e 12 h. 30 mi. e outra entre 14 h. 30 mi. e 15 h. 30 mi. No caso dessa restri-ção, os fatores t e m p e r a t u r a , u m i d a d e relativa d o a r e tensão do vapor p e r m a n e c e r a m constantes, manterido-se constante, p o r conseguinte, a evaporação. N o entanto, a t r a n s p i r a ç ã o

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Estas, condições favorecem o acúmulo de água n a folha e o aumento da transpiração cuticular. E n t r e 13 e 14 horas, a transpiração cuticular diminuiu novamente, m o s t r a n d o que a intensa transpiração total consumia t o d o o suprimento de água n a folha. Este fato é confirmado pela situação do período seguinte, d a s 14 à s 15 horas, e m que houve nova

restrição n a t r a n s p i r a ç ã o total. Nesse p e r í o d o a pequena elevação n a transpiração cuticular indica q u e o suprimento de água à folha era reduzido. O período final, e n t r e 15 e 16 horas, p r a t i c a m e n t e repete a situação d a s 13 à s 14 horas.

3. TRANSPIRAÇÃO E D É F I C I T DE S A T U R A Ç Ã O : FRANCO e MAGALHÃES (1963), e m observações

controla-das,, d e m o s t r a r a m que, após os 2 p r i m e i r o s m i n u t o s e m que se efetua o corte d e u m a folha, h á u m a u m e n t o sensível d e p e r d a de água, sugerindo a a b e r t u r a d o s estômatos pela desi-dratação d a s células epidérmicas^ m a i s rapidamente que a d a s células estomáticas, de acordo com a hipótese de DAR-WIN, citado p o r esse autores. E m todas as observações p o r eles apresentadas, o aumento de p e r d a d'agua pelas folhas cortadas foi verificado após 2 minutos, a p a r t i r d o corte d a folha. Neste trabalho, as medidas de t r a n s p i r a ç ã o de Spa-thadea nilotica foram feitas tomando-se somente o s valores de p e r d a d'agua medidos e n t r e a primeira e a segunda pesa-gem, isto é, d e n t r o do primeiro m i n u t o após a determinação do peso d o folíolo. Como a técnica u s a d a pelos autores per-mitiu c o r t a r a folhas e p e s a r o folíolo e m meio minuto, segue--se que, até o final da determinação d a p e r d a d'agua de cada folíolo de Spathodea nilotica havia passado n o máximo u m m i n u t o e meio. É d e se esperar pois,, desde que os trabalhos de FRANCO e MAGALHÃES n ã o p r o v a r a m o contrário, que os valores encontrados p a r a o andamento diário d a transpi-ração d e Spathodea nilotica sejam os m e s m o s que deveriam ter os folíolos, antes de ser cortados.

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t r a n s p i r a ç ã o c o m a dos deficits de saturação dos respectivos folíolos, nota-se o seguinte: das 8 h. 30 mi. à s 9 h. 30 mi. a transpiração a u m e n t o u e o déficit de saturação diminuiu. Das 9 h. 30 mi. à s 11 h. 30 mi. a t r a n s p i r a ç ã o continuou a a u m e n t a r m a i s intensamente e o déficit de s a t u r a ç ã o d o s folíolos continuou a baixar, p o r é m c o m m e n o r intensidade. I s t o m o s t r a que n o período d a m a n h ã — até a s 11 h. 30 mi. —o suprimento de água d a s folhas e r a grande, permitindo a livre transpiração à s 11 h. 30 mi. a t r a n s p i r a ç ã o atingiu u m valor tal que, j á seu suprimento hídrico, n ã o permitia a livre transpiração, começando então, o déficit de satura-ção a t u a r c o m o fator p r e p o n d e r a n t e no fechamento ésto-mático.

D u r a n t e o período de restrição, o décifit s a t u r a ç ã o foi subindo, até que a limitação permitiu u m equilíbrio entre a p e r d a de água e o s u p r i m e n t o hídrico d o folíolo. Neste ponto, abrem-se novamente os estômatos e a p l a n t a pode t r a n s p i r a r livremente, até atingir o m á x i m o à s 13 h. 30 mi. Daí até à s 14 h. 30 mi. ela continua a t r a n s p i r a r livremente, c o m b o m s u p r i m e n t o de água, como se verifica pelo déficit de s a t u r a ç ã o e m declínio. A planta t r a n s p i r a livremente, m a s a transpiração diminui, em virtude das condições de am-biente. D a s 1 4h. 30 mi. à s 15 h. 30 mi., há, novamente, deficiência de suprimento hídrico aos folíolos, o q u e p r o -voca o a u m e n t o do déficit d e s a t u r a ç ã o e conseqüente res-trição de t r a n s p i r a ç ã o nesse período.

O exame comparativo d a curva d o a n d a m e n t o diário d a t r a n s p i r a ç ã o c o m a d o déficit d e saturação d o s respectivos folíolos usados, vem revelar, portanto, que o déficit de satu-ração, pelo m e n o s n o caso dessas observações, é u m fator importante, s e n ã o o principal, como causa d o fechamento d o s estômatos e conseqüente restrição d a transpiração, e m Spathodea nüotica.

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4. M O V I M E N T O H I D R O A T I V O D O S E S T Ô M A T O S : A fig. 3 m o s t r a u m a curva de p e r d a de á g u a d e u m folíolo d e Spathodea nilotica. Este folíolo p e r m a n e c e u n a balança d a s 11 h. 20 mi., à s 12 h o r a s , sendo r e t i r a d o e colocado e m u m varal, n a s proximidades, d u r a n t e 23 minutos, findos os quais, foi levado novamente à balança, o n d e permaneceu d u r a n t e m a i s 13 minutos. O gráfico m o s t r a a s variações

d e p e r d a de á g u a desse folíolo, d e m i n u t o e m m i n u t o , com

u m a i n t e r r u p ç ã o de 23 minutos, t e m p o esse e m q u e a folha p e r m a n c e u fora d a balança. C o m o se p o d e notar, o p r i m e i r o valor de t r a n s p i r a ç ã o e n c o n t r a d o foi d e 10 mg, n o p r i m e i r o m i n u t o . O segundo valor j á ascendeu a 18 mg, caindo o terceiro p a r a 12 mg. Daí p o t diante a p e r d a de á g u a con-tinua oscilando com larga amplitude, p o r é m s e m p r e e m nível superior ao d o p r i m e i r o valor encontrado. Somente m u i t o depois d e 40 m i n u t o s é q u e a s oscilações p a s s a m a u m nível inferior ao do primeiro valor e n c o n t r a d o e m e s m o assim, s ã o d e amplitude apreciável. Este folíolo n ã o permaneceu mais t e m p o n a balança p o r q u e , após 1 h o r a e 23 m i n u t o s encar-quilhou-se repentinamente, em u m movimento r á p i d o e visí-vel, d e enrolamento. O folíolo p e r d e u á g u a c o n t i n u a m e n t e e n ã o chegou a n e n h u m valor constante, que levasse a c r e r que os estômatos estivessem fechados. Estes comportamen-to foi verificado exaustivamente c o m inúmeros, folíolos, e m várias h o r a s do dia.

O c o m p o r t a m e n t o dos estômatos n o s folíolos cortados, é anormal, pois, ao p a s s o que os folíolos p e r d e m água, eles se abrem, ao invés de se fechar, c o m o m o s t r a a fig. 3.

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pela p e r d a d e t u r g o r d a s células estomáticas, m a s , ao m e s m o tempo, causa u m a diminuição d a á r e a total d a epiderme, pela p e r d a r á p i d a de t u r g o r d a s demais células epidérmicas. Esta diminuição d a superfície epidérmica provoca o afasta-m e n t o d a s células estoafasta-máticas,, isto é, a a b e r t u r a d o s estô-m a t o s . Deste estô-modo, q u a n t o estô-m a i s se acentua a desidratação da epidérme, mais os estômatos se a b r e m

As espécies d o gênero Spathodea d e m a n d a m solo rico, b e m drenado, e c o m suficiente u m i d a d e (BAILEY, 1963). Havendo boas condições de u m i d a d e do solo, a s á r v o r e s se m a n t ê m s e m p r e b e m enf olhadas, ao pass.o que, se houver falta d e u m i d a d e n o solo elas se r e s s e n t e m ' bastante, che-gando a d e r r u b a r toda a folhagem. F o i o q u e os Autores deste trabalho observavam. A árvore e s t u d a d a achava-se a cerca d e 100 metros, d e u m a avenida construída sobre u m córrego, e m solo arenoso, d o arenito de B a u r u ( Cretáceo s u p e r i o r ) . Mostrava-se b e m enf olhada, c o m b o m aspecto. E n t r e t a n t o , o u t r o s exemplares d e Spathodea nilotica, loca-lizados, e m locais m a i s altos e secos, denotavam e s t a r sen-tindo õ s efeitos d a falta d e água n o solo, pois d e r r u b a v a m

quase toda a folhagem.

SUMMARY

This paper deals with the transpiration of S p a t h o d e a nilotica Seem (Bignoniaceae), a small tree native in tropical Africa and cultivated in the State of São Paulo, Brazil, for arborization of streets and ornamental.

Transpiration was determined by the so called "cut leaf" method and observations were made on the daily march of total and cuticular transpiration, on the saturation deficits of the leaves used in the determination of the transpiration and on the hydroactive movements of the stomata.

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Cuticular transpiration was measured by covering the stomatal (abaxial) face of the leaflets with a layer of vaseline and weighing the cut leaflets in the torsion balance.

The daily march of cuticular transpiration compared to the one of total transpiration showed the same results, that is,

the restrictions of transpiration during the day were due chiefly to the lack of water supply in the leaflets.

BIBLIOGRAFIA

BAILEY, L. H. 1963 — The Standard Cyclopedia of Horticulture. Vol. III. Mac Millan Co. New York.

FRANCO, C. M.. & A. C. MAGALHÃES, 1963 — Inconveniências do Método das Pesagens rápidas para a Medida da Transpiração. Phyton 20:(2):87-96, XI.

KETELLAPER, H. J. 1963 — Stomatal Physiology. Ann. Rev. Plant Physiology, Vol. 14 249-268.

PORTUGAL ARAÚJO, V. 1963 — Informação verbal. Fac. Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, Rio Claro, E. S. Paulo, Brasil. RAWITSCHER, & M. G. FERRI, 1942 — Observações sobre a

Metodo-logia para o Estudo da Transpiração Cuticular em Plantas Bra-sileiras, especialmente em Cedrela fissilis. Bol. Fac. Fil. Ciênc. e Letras. Botânica n.° 3, Univ. de São Paulo, São Paulo, Brasil. SAMPAIO FERRAZ, J. 1914 — Instruções Meteorológicas. Vol. II.

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. República dos Estados Unidos do Brasil. L'Edition d'Art Gaudio. Paris, 45. Rue de L'Echiquier.

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KETELLAPER, H. J. 1963 — Stomatal Physiology. Ann. Rev. Plant Physiology, Vol. 14 249-268.

PORTUGAL ARAÚJO, V. 1963 — Informação verbal. Fac. Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, Rio Claro, E. S. Paulo, Brasil.

RAWITSCHER, & M. G. FERRI, 1942 — Observações sobre a Metodo-logia para o Estudo da Transpiração Cuticular em Plantas Bra-sileiras, especialmente em Cedrela fissilis. Bol. Fac. Fil. Ciênc. e Letras. Botânica n.° 3, Univ. de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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