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Fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO

TERESINHA PEREIRA DA ROCHA

FLUXO INFORMACIONAL DO ACOMPANHAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NÃO OBRIGATÓRIO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Natal-RN 2018

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FLUXO INFORMACIONAL DO ACOMPANHAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NÃO OBRIGATÓRIO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Gestão da Informação e do Conhecimento.

Área de Concentração: Informação e Conhecimento na Sociedade Contemporânea. Linha de Pesquisa: Gestão da informação e do Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto

Natal-RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Rocha, Teresinha Pereira da.

Fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório no curso de Pedagogia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Teresinha Pereira da Rocha. - 2018.

157f.: il.

Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento. Natal, RN, 2018. Orientador: Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto.

1. Gestão da Informação - Dissertação. 2. Estágio não

obrigatório - Dissertação. 3. Pedagogia - Dissertação. 4. Política da Informação - Dissertação. 5. Fluxo de informações -

Dissertação. I. Neto, Pedro Alves Barbosa. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU 005.94:378

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FLUXO INFORMACIONAL DO ACOMPANHAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NÃO OBRIGATÓRIO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Gestão da Informação e do Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto

Natal, 31 de agosto de 2018

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Orientador)

__________________________________________ Profª. Drª. Luciana de Albuquerque Moreira Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(Examinadora Interna)

__________________________________________ Profª. Drª. Lenina Lopes Soares Silva

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Examinadora Externa)

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Dedico este trabalho a minha família, em

especial a minha mãe, meu marido e

meu filho, Gabriel.

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Agradeço a Deus por ter me permitido viver essa experiência, que só foi possível com preciosas contribuições, às quais registro meu agradecimento:

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por me dar oportunidade de fazer parte do Programa de Pós-Graduação PPGIC.

À Direção do Centro de Educação que me incentivou e proporcionou condições de realizar a pesquisa.

Ao corpo docente do PPGIC, pelos ensinamentos e importantes contribuições na minha formação acadêmica, profissional e pessoal.

Ao professor Pedro Alves Barbosa Neto, pela orientação e pela confiança em meu trabalho.

À banca examinadora, pelas sugestões que contribuíram com o resultado final dessa dissertação.

Aos professores e alunos do Centro de Educação e supervisores das Instituições Concedentes que participaram do estudo.

Aos colegas da turma de mestrado que tanto me ensinaram ao longo dessa caminhada, e pelos momentos de alegrias e tristezas que nos fizeram amadurecer como pesquisadores.

Aos meus amigos, que entenderam o distanciamento necessário para a elaboração desta dissertação e torceram por mim.

À minha mãe, minha irmã e todos os familiares distantes que souberam me ouvir nos bons e maus momentos ao longo dessa jornada.

Ao meu marido, Adelson, que me inspirou e contribuiu do começo ao fim desse trabalho.

Ao meu filho Gabriel, por entender meu recolhimento e ausência durante esta pesquisa...

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“Não julgue cada dia pela colheita que você obtém, mas pelas sementes que você planta.” (Robert Louis Stevenson)

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O estágio supervisionado não obrigatório é uma atividade que faz parte da formação profissional de muitos alunos de graduação e requer o acompanhamento por parte dos professores orientadores da instituição de ensino. As informações provenientes desse acompanhamento podem ser aproveitadas para decisões no âmbito do curso. A partir da observação de poucas informações acessíveis na coordenação do curso de Pedagogia presencial com o acompanhamento dessa atividade, buscou-se, nesta pesquisa, estabelecer um fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório, inserido no contexto de uma Política da Informação. Para isso, foram definidos os objetivos específicos: caracterizar os professores orientadores do estágio não obrigatório, descrever como os professores orientadores realizam as etapas do fluxo de acompanhamento do estágio não obrigatório e identificar, junto aos sujeitos da pesquisa, elementos de melhoria para o fluxo de informações no contexto de uma política de informação. Trata-se de uma pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa e classificada como descritiva. O método de investigação adotado foi o estruturalista, partindo de um fenômeno existente, que é o acompanhamento do estágio não obrigatório, com a pretensão de construir um modelo a partir de vivências e perspectivas dos próprios sujeitos, possível de ser concretamente aplicável. Os sujeitos do estudo foram professores orientadores do curso de Pedagogia presencial, supervisores de instituições concedentes e alunos com experiência em estágio não obrigatório, definidos por amostragem não probabilística, por conveniência. Como técnica de coleta de dados adotou-se entrevista semiestruturada. Os dados coletados com a realização de 31 entrevistas foram analisados com base na Análise de Conteúdo, alcançando oito categorias finais. A pesquisa confirmou a necessidade de um novo modelo de fluxo informacional para suprir todas as necessidades de informação dos professores orientadores. Assim, foi elaborada uma proposta de fluxo de informações do acompanhamento do estágio não obrigatório, baseado no modelo de Beal (2004). Sugere-se esse fluxo como parte de uma resolução, inserida, portanto, em um instrumento de Política da Informação, para implantação na coordenação do curso.

Palavras-chave: Estágio não obrigatório. Pedagogia. Gestão da informação. Política da informação. Fluxo de informações.

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The non-compulsory supervised internship is an activity that is part of the professional training of many graduate students and requires the accompaniment of the guider teacher the educational institution. The information from this accompaniment can be used for decisions within the course. From the observation of little information accessible in the coordination of the course of presential Pedagogy with the accompaniment of this activity, it was intended, in this research, to establish an informational flow of accompaniment of the non-compulsory supervised internship, inserted in the context of an Information Policy. For this, the specific objectives were defined: characterize non-compulsory internship guider teachers, describe how guider teachers perform the follow-up flow stages of the non-compulsory internship and identify, with interviewed, elements of improvement for the flow of information in the context of an information policy. It is an applied research, with qualitative approach and classified as descriptive. The method of investigation adopted was the structuralist, starting from an existing phenomenon, which is the follow-up of the non-compulsory internship, with the pretension of constructing a model based on the subjects' own experiences and perspectives, and which can be concretely applied. The subjects of the study were guider teachers of the Pedagogy course, supervisors of granting institutions and students with non-compulsory internship experience, defined by non-probabilistic sampling, for convenience. As data collection technique a semi-structured interview was adopted. The data collected with the accomplishment of 31 interviews were analyzed based on Content Analysis, reaching eight final categories. The research confirmed the need for a new information flow model to meet all the information needs of the guider teachers. Thus, a proposal for the flow of information of the follow-up of the non-compulsory intership, based on the Beal (2004) model, was elaborated. This flow is suggested as part of a resolution, inserted, therefore, into an Information Policy instrument, for implementation in the coordination of the course.

Keywords: Non-compulsory internship. Pedagogy. Information management. Information policy. Information flow.

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Quadro 1 - Resumo das regulamentações sobre estágio não obrigatório

(1942 – 2008) ... 29

Quadro 2 - Diferenças estabelecidas na lei entre estágios obrigatório e não obrigatório... 31

Quadro 3 - Semelhanças estabelecidas na lei entre estágios obrigatório e não obrigatório... 32

Quadro 4 - Sujeitos da pesquisa ... 65

Quadro 5 - Instrumentos para atingir os objetivos específicos ... 67

Quadro 6 - Entrevistas realizadas ... 69

Quadro 7 - Fluxo de informações encontrado ... 76

Quadro 8 - Obtenção de informações ... 123

Quadro 9 - Tratamento, armazenamento e distribuição das informações ... 125

Quadro 10 - Recomendações para implantação do fluxo de informações ... 130

(11)

Figura 1 - Modelo de fluxo da informação proposto por Beal (2004) ... 56 Figura 2 - Processo metodológico da análise de dados ... 72 Figura 3 - Fluxo de informações proposto ... 127

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Tabela 1 - Faixa etária dos professores orientadores ... 77 Tabela 2 - Formação dos professores orientadores ... 78 Tabela 3 - Experiência dos professores orientadores no curso de Pedagogia

da UFRN ... 78 Tabela 4 - Tempo como professor orientador de estágio não obrigatório no

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ATP Atividades Teórico-Práticas

BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEB Câmara de Educação Básica

CI Ciência da Informação

CNE Conselho Nacional de Educação DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

GC Gestão do Conhecimento

GI Gestão da Informação

GIC Gestão da Informação e do Conhecimento

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação

NDE Núcleo Docente Estruturante

PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PPC Projeto Pedagógico de Curso

PROGRAD Pró-Reitoria de Graduação

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UNESP Universidade Estadual Paulista

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1 INTRODUÇÃO ... 14

2 ESTÁGIO: UM ATO EDUCATIVO... 23

2.1 Contexto histórico da atividade de estágio ... 24

2.2 Estágios obrigatório e não obrigatório ... 30

2.3 Estágio na Educação ... 34

2.3.1 Estágio na formação de professores... 34

2.4 Estágio não obrigatório na UFRN ... 39

3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO ... 42

3.1 Gestão da Informação no contexto da Ciência da Informação ... 43

3.2 Gestão do Conhecimento ... 47

3.3 Política da Informação ... 50

3.4 Fluxo de Informação ... 53

3.4.1 Modelo de fluxo de informação de Beal (2004) ... 55

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 60

4.1 Caracterização da pesquisa ... 61

4.2 Locus da pesquisa ... 63

4.3 Sujeitos e amostra da pesquisa ... 64

4.4 Procedimentos de coleta de dados ... 65

4.5 Procedimentos de análise dos dados ... 69

5 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 73

5.1 Fluxo de informações existente ... 73

5.2 Caracterização dos professores orientadores ... 77

5.3 Categoria 1: Preparo para o acompanhamento do estágio não obrigatório ... 80

5.4 Categoria 2: Necessidades de informação do acompanhamento do estágio não obrigatório ... 82

5.5 Categoria 3: Obtenção de informação ... 88 5.6 Categoria 4: Tratamento e armazenamento e descarte da informação 93

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Pedagogia ... 97

5.9 Categoria 7: Propostas de melhoria do fluxo de informação ... 103

5.9.1 Propostas para preparo dos professores orientadores para o acompanhamento do estágio não obrigatório ... 103

5.9.2 Propostas para obtenção de informação ... 105

5.9.3 Propostas para tratamento e distribuição das informações ... 110

5.9.4 Propostas para uso das informações ... 113

5.10 Categoria 8: Documento formal para o acompanhamento do estágio não obrigatório ... 117

6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ... 120

6.1 Proposta de fluxo de informações do acompanhamento do estágio não obrigatório no curso de Pedagogia presencial ... 121

6.2 Recomendações para implantação do fluxo de informações proposto ... 128

6.3 Instrumento de política da informação ... 131

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 133

REFERÊNCIAS ... 138

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1 INTRODUÇÃO

A informação é recurso essencial para a gestão nas organizações, seja qual for o seu segmento de negócio. A universidade pública, apesar de não visar ao lucro, tem seus objetivos organizacionais que devem ser atingidos, e que vão além das obrigações legais, como destaca Beal (2004, p.8):

[...] essas organizações [públicas] precisam garantir que seus produtos satisfaçam às necessidades do público a que se destinam, de modo a assegurar sua perenidade e crescimento. (BEAL, 2004, p.8)

Esses objetivos se constroem com as ações de cada setor dentro da estrutura da universidade. Este estudo tem como foco a coordenação de curso de Pedagogia presencial da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), órgão executivo na estrutura hierárquica dessa universidade pública federal. A coordenação é responsável pelas atividades pedagógicas da graduação que representa, atendendo aos alunos do curso de Pedagogia presencial.

Entre outras ações do curso de graduação, a coordenação de curso é o setor que gerencia o estágio supervisionado não obrigatório dos seus estudantes em formação, permitido aos alunos a partir do segundo semestre do curso. É na coordenação que os alunos formalizam a atividade, sendo aprovada sua realização quando em acordo com a legislação vigente e com o projeto pedagógico do curso.

A realização do estágio não obrigatório só é possível quando aprovado pela coordenação de curso, que representa a instituição de ensino no ato da assinatura do Termo de Compromisso de Estágio, documento que firma o contrato entre a instituição de ensino, a instituição concedente, que pode ser pública ou privada, e o estagiário. Ao aprovar a atividade, a coordenação de curso assume, em conjunto com a instituição concedente, a responsabilidade pela qualidade do trabalho de formação realizado na atividade de estágio que, pelo caráter pedagógico, possui legislação específica que o diferencia de um emprego formal.

Esse estágio é uma etapa complementar do curso, opcional aos alunos. Contudo, mobiliza muitos jovens, sem experiência no mercado de trabalho, que veem no estágio uma oportunidade de ingressar no universo da profissão escolhida e, em alguns casos, única condição de geração de renda durante o curso.

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De acordo com os dados da coordenação de curso em estudo, em 2017 havia 756 alunos em graduação, dos quais cerca de 30% realiza estágio supervisionado não obrigatório anualmente. Ainda em 2017, foram 223 contratos nessa coordenação, ativos em média de seis meses a um ano em estágio não obrigatório, sendo que muitos atingem os dois anos de atuação em uma mesma instituição concedente, limite da legislação atual, e uma minoria ultrapassa os dois anos ao firmar novo termo de compromisso, em outro local.

Dessa forma, a carga horária do estágio não obrigatório é importante ao longo do curso, seja pela quantidade de horas diárias despendidas, seja pela influência da experiência na formação do aluno.

A legislação vigente obriga a instituição de ensino e a instituição concedente a realizarem o acompanhamento tanto para os estágios obrigatórios como para os não obrigatórios. A lei do estágio em vigência determina, entre outras obrigações, que a instituição de ensino indique um professor orientador como responsável pelo acompanhamento efetivo e avaliação das atividades do estagiário, tendo acesso aos relatórios da atividade (BRASIL, 2008). Cada coordenação estabelece critério próprio para definir quais são os professores que farão esse trabalho. A coordenação em estudo indica o professor orientador acadêmico para assumir os acompanhamentos de cada termo de compromisso dos alunos de sua turma. O orientador acadêmico é o professor que acompanha a turma ao longo da graduação, desde o ingresso até a conclusão.

Para a realização do acompanhamento do estágio não obrigatório é identificado um fluxo informacional bastante básico na universidade, seguido pela coordenação pesquisada, que se restringe ao preenchimento de dados cadastrais e de um relatório no sistema eletrônico. Possíveis ações que forneçam informações mais abrangentes, que extrapolem o uso do sistema eletrônico e possam chegar ao contexto do curso, estão condicionadas à pessoa que acompanha.

Ao serem indicados como orientadores acadêmicos, os professores tornam-se orientadores de estágio não obrigatório, função que só tornam-se efetiva ao receber o primeiro Termo de Compromisso de Estágio para ser assinado, quando, de fato, inicia-se o fluxo do acompanhamento.

Para as ações de acompanhamento do estágio não obrigatório, o procedimento comum, obrigatório para todas as graduações, é o registro de dados no módulo Central de Estágios, implantado no Sistema Integrado de Gestão de

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Atividades Acadêmicas – SIGAA da UFRN, no início de 2016. O preenchimento no módulo Central de Estágios tem início pela coordenação de cada curso com o cadastro de dados do Termo de Compromisso do Estágio. O processo do estágio, no sistema eletrônico, é concluído com a homologação, pelo professor orientador da instituição de ensino, de um relatório do estágio elaborado e inserido pelo aluno. Com a implantação recente, o comportamento de uso do sistema ainda não avançou muito além de consultas como banco de dados cadastrais e numéricos. Mas há grande expectativa em suas funcionalidades.

O fluxo informacional do processo de acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório, visto além dos limites do sistema eletrônico, ocorre de forma dispersa. A riqueza de informações produzidas nas experiências práticas no campo de estágio, vivenciadas pelos estudantes, é limitado ao preenchimento do relatório exigido pelo sistema eletrônico, o módulo Central de Estágios do SIGAA. É certo afirmar que a experiência dos alunos e sua relação com seus professores orientadores produzem, de maneira informal, muito mais informações do que o acervo disponibiliza.

Porém, esforços de acompanhamento dos professores não têm se traduzido em contribuições para a gestão do curso. Os produtos informacionais identificados a partir dos registros no módulo Central de Estágios do SIGAA são um importante passo para a construção da memória histórica da atividade de estágio supervisionado não obrigatório, mas ainda não são suficientes, especialmente em referência ao acompanhamento, uma vez que o sistema não prevê o registro de ações adicionais, além dos dados contratuais e de um relatório do estagiário. Sem a evolução e tratamento quanto às lacunas e à efetividade da atividade de estágio na formação do aluno e sua influência para o curso, a gestão do curso perde um conjunto de informações. Tais informações poderiam contribuir nas decisões de rotina, servirem de material informacional para distribuição a todo o corpo docente ou à promoção de discussão em espaços de formação dos alunos, inclusive daqueles que não realizam o estágio supervisionado não obrigatório, com reflexões a partir das discussões das experiências dos colegas. As decisões referentes ao curso, no espaço coletivo do colegiado de curso, também se beneficiariam com acesso a informações mais consistentes a respeito da realidade do estágio não obrigatório, aspectos satisfatórios ou preocupantes, que sustentassem opiniões para restrições ou incentivos à realização dessa atividade.

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Além disso, a demanda pontual por informações, e não uma produção contínua, acarreta um resgate superficial da experiência na atividade de estágio não obrigatório. Isso impede uma análise mais detalhada de aspectos importantes vividos pelos estagiários e das implicações na formação desses alunos, bem como uma avaliação quanto às instituições concedentes inseridas nesse processo de formação.

Essa lacuna se reflete na gestão da coordenação de curso, que carece de embasamento efetivo para decidir sobre ações que versam sobre o estágio não obrigatório. Nesse ponto, é pertinente falar da gestão da informação:

Um dos objetivos da Gestão da Informação (GI) é apoiar as políticas organizacionais, amparando os gestores na tomada de decisão propiciando o aprendizado proposto aos interesses da organização, mediante a construção do conhecimento organizacional (FERREIRA; PERUCCHI, 2011, p.447).

As informações estão presentes no ambiente organizacional, contudo, devem ser produzidas de forma contínua e não por demandas. Starec (2006) aponta que as informações precisam estar acessíveis para serem recuperadas, tratadas e difundidas pela organização em pouco tempo. O autor ainda contribui para fortalecer essa afirmação quando diz que “[...] mapear o fluxo de informação numa organização precisa ser encarado como estratégia competitiva, tendo em vista a relevância da informação nos dias de hoje” (STAREC, 2006, p.50). Aqui temos como estratégia a preparação dos alunos em formação, que em pouco tempo estarão assumindo suas carreiras profissionais, inclusive como supervisores de outros estagiários.

Ao estudar o fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório na coordenação do curso de Pedagogia presencial, será possível construir um fluxo informacional a partir da identificação de iniciativas com bons resultados capazes de serem adotadas pelos professores orientadores, reconhecendo, principalmente, como as informações são obtidas e como são distribuídas entre os envolvidos. Espera-se ampliar as informações da atividade para além do cumprimento das exigências legais em um ambiente eletrônico, aproveitando a experiência profissional dos estagiários para discussões pedagógicas.

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Um dos desafios já conhecidos para esta pesquisa está no fato dos professores orientadores, que são os orientadores acadêmicos das turmas, serem somente uma parte do corpo docente do curso e constituírem um grupo rotativo. A cada ano, com o ingresso e a conclusão de turmas, novos professores passam a fazer parte do grupo de orientadores acadêmicos enquanto outros deixam a função. No entanto, ter um grupo restrito e dinâmico justifica ainda mais a institucionalização de um fluxo informacional que oriente o acompanhamento dos futuros professores orientadores do curso de Pedagogia presencial, assegurando que esse acompanhamento seja realizado, mesmo com a substituição dos professores.

Buscar soluções para o problema apresentado passa pela identificação das ações de obtenção e distribuição de informações mais viáveis, que permitam uma proposta de fluxo informacional que não seja uma sobrecarga às demandas de trabalho dos professores, sobretudo dos orientadores de estágio não obrigatório. Esse fluxo informacional deve estar inserido no contexto de uma política de informação que se sustente mesmo com a rotatividade de professores orientadores e com a mudança na gestão da coordenação de curso. O processo deve ser estruturado de forma que forneça informações sobre a adequação das experiências do estágio supervisionado não obrigatório ao curso de graduação, com uma aproximação entre a universidade e as instituições concedentes, com momentos de discussão de ações para melhor andamento do processo de formação.

O interesse pelo tema de pesquisa desponta com a aproximação da pesquisadora com o estágio supervisionado não obrigatório para a realização do trabalho como servidora na universidade pública em estudo. O pequeno volume de informações documentadas disponíveis na coordenação de curso em relação ao acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório, necessárias ao embasamento de determinadas decisões, chamou a atenção. Essa situação causou inquietação em relação à riqueza de informações oriundas dessa experiência dos alunos e que não estavam sendo aproveitadas para a gestão do curso.

Esse sentimento se alinha com o que menciona Ferreira e Perucchi (2011, p. 447):

[...] sem a gestão, o fluxo de informação que circula nas organizações se dá sem orientação, desperdiçando informações relevantes ao desenvolvimento das organizações. (FERREIRA; PERUCCHI, 2011, p.447)

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O fato da pesquisadora pertencer ao quadro de servidores do centro acadêmico ao qual a coordenação de curso está ligada, mostrou uma grande viabilidade para a pesquisa. É colaboradora em vários processos dessa coordenação, inclusive do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório, por meio de visitas às instituições concedentes para averiguações específicas solicitadas como apoio ao acompanhamento dos professores orientadores. Somaram-se a isso experiências profissionais anteriores da pesquisadora, em outras instituições, na área de capacitação profissional e supervisão de estagiários. Essa experiência reforça o entendimento da necessidade de acompanhamento do indivíduo que ingressa no ambiente de trabalho e do fortalecimento da integração da instituição de ensino com a instituição concedente para obtenção de informações que permitam avaliação da atividade.

Ao assumirem o papel de professores orientadores, os professores da universidade assumem a função de acompanhamento do estágio não obrigatório e, sem uma indicação quanto ao que produzir a partir dessa atribuição, além das exigências prevista no sistema eletrônico, adotam os fluxos informacionais de seu interesse, o que não significa que não existam boas iniciativas para obter e distribuir informações.

Nesse sentido, a pesquisa torna-se um fator agregador dessas iniciativas e motivador de discussões específicas para contribuir com o acesso às experiências e geração de ideias, contribuindo tanto para a gestão do curso, como para o uso das informações no processo pedagógico. Nesse ponto, há uma aproximação com a afirmação de Choo (2003) na qual aponta a gestão da informação como estratégia de localização de informações na organização que poderão contribuir com a produção de novos conhecimentos.

A obtenção de informações de forma mais estruturada, permite avaliar o alinhamento da experiência em campo com o curso de graduação, buscando reduzir o distanciamento entre instituição de ensino e instituição concedente. Em função dessa aproximação, torna-se viável identificar parcerias de estágio não obrigatório com instituições nas quais o ambiente de aprendizagem seja mais adequado e que propiciem ao estagiário entendimento das relações e direitos no mundo do trabalho, assim como a valorização de sua profissão.

Identificar bons espaços de atuação profissional é uma condição importante para o atual contexto político e econômico brasileiro, marcado por restrição de

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verbas para a educação e consequente redução em projetos que dependem de orçamento público. Os exemplos de cortes nos programas como Ciência Sem Fronteiras e Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID, podem incentivar os alunos a buscarem novas experiências em campos de estágio não obrigatório e, especialmente, a geração de renda, condição de permanência no curso para muitos. E esses alunos não podem ser expostos a ambientes que não valorizem a formação pedagógica da atividade.

O interesse no tema levou à constatação de que o estágio supervisionado, sobretudo o não obrigatório, conta com número reduzido de estudos acadêmicos. Calderano (2012, p.12) confirma essa constatação: “nota-se que, embora crescente o número de teses e dissertações sobre formação de professores, o número de trabalhos que se dedicam ou que focalizam esse tema do estágio é quase inexistente”.

Os resultados da pesquisa bibliográfica, com recorte temporal a partir de 2008, registraram oito dissertações e uma tese cujos títulos mencionavam estágio não obrigatório. Destas, quatro dissertações eram oriundas de cursos de pós-graduação em mestrado profissional. Em Ciência da Informação, o estudo do tema é um campo ainda maior a ser investigado, pois nenhuma das pesquisas encontradas foi produzida em cursos nessa área.

Com essa pesquisa, a investigação no campo da gestão da informação, mais especificamente o fluxo informacional, reforça a importância dos conceitos da Ciência da Informação em diversos contextos organizacionais, inclusive na administração pública de ensino, cujo objetivo é a produção de conhecimento. Freire (2006, p. 17) indica como um dos objetivos da Ciência da Informação, contribuir para tornar a informação um elemento de inclusão social, “[...] trazendo desenvolvimento para as pessoas e nações”. Ele reforça essa opinião explicando que

Quando cientistas e profissionais da informação organizam textos ou documentos para atender a necessidade de um determinado setor da sociedade, deveriam fazê-lo acreditando que essas informações serão úteis para seus usuários potenciais e que delas resultarão benefícios para a sociedade (FREIRE, 2006, p. 17).

No caso das coordenações de curso, em especial da coordenação do curso de Pedagogia presencial, objeto deste estudo, a organização das informações no setor poderá reduzir a dependência que existe das fontes de informações pessoais,

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não documentadas, além de criar procedimentos que permitam ultrapassar a transitoriedade dos mandatos nas funções. Cabe ressaltar que as discussões previdenciárias em curso no país indicam possíveis aposentadorias de servidores cujo domínio de informações vai muito além do que existe formalizado.

O estudo contribui com a divulgação dos conceitos da área de Ciência da Informação, também, por promover o registro de informações, incentivando a documentação histórica de maior número de informações a respeito do estágio supervisionado não obrigatório, e, portanto, expandindo a memória institucional. A gestão dessas informações possibilitará o acesso às informações sobre o tema, além de potencial expansão dos resultados para outras graduações, especialmente as licenciaturas, que assim como Pedagogia, também formam professores.

Diante do exposto, o fluxo informacional deve ser estruturado para suprir as lacunas de informação, identificando fontes disponíveis, distribuindo e permitindo, mais que o acesso a essas informações, a valorização da cultura de uso das informações. A partir desse cenário, emerge a pergunta norteadora da pesquisa: Como acontece o fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório realizado pelos professores orientadores no curso de Pedagogia presencial da UFRN?

Tendo como referência a questão de pesquisa, apresenta-se como hipótese para o problema referente ao acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório a existência de um fluxo informacional desarticulado, que produz uma série de informações que não chegam à coordenação de curso e ao corpo docente de forma documentada, o que não favorece a tomada de decisão para aspectos administrativos e pedagógicos referentes ao curso de Pedagogia presencial.

O objetivo geral para a pesquisa é estabelecer um fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório, inserido no contexto de uma política de informação.

Para isso, foram previstos os seguintes objetivos específicos:

1. Caracterizar os professores orientadores do estágio não obrigatório;

2. Descrever como os professores orientadores realizam as etapas do fluxo de acompanhamento do estágio não obrigatório; e

3. Identificar, junto aos sujeitos da pesquisa, elementos de melhoria para o fluxo de informações no contexto de uma política de informação.

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Além desta introdução, que contextualizou a temática da pesquisa, apresentou o problema, a justificativa para a realização deste estudo, a hipótese e os objetivos geral e específicos propostos, o presente trabalho conta com mais seis seções. A segunda seção “Estágio: um ato educativo” mostra a importância da atividade de estágio na formação dos estudantes. Essa seção apresenta o contexto histórico do estágio, expondo, em seguida, diferenças e aproximações entre as modalidades de estágio, obrigatório e não obrigatório, com base na legislação vigente. Por ser um estudo no curso de Pedagogia, apresenta o estágio no campo da educação, especificamente na formação de professores, e finaliza com uma síntese de como ocorre o estágio não obrigatório na UFRN.

A “Gestão da Informação e do Conhecimento” é o título da terceira seção. Essa seção tem início apresentando a gestão da informação inserida no contexto da Ciência da Informação e aborda, sucintamente, a gestão do conhecimento. Devido à necessidade constatada nessa pesquisa de estabelecer um fluxo informacional do acompanhamento do estágio supervisionado não obrigatório, inserido no contexto de uma política de informação, o tema política de informação figura como um item na fundamentação teórica. Em seguida, discute-se o fluxo informacional, para a compreensão de como ele ocorre e sua importância para a produção de informações acessíveis. Assim, conclui-se a seção com a apresentação do modelo de fluxo de informação proposto por Beal (2004), escolhido para ser adotado nessa pesquisa.

A quarta seção, “Procedimentos Metodológicos”, explica como a investigação foi desenvolvida, caracterizando a pesquisa e indicando o método aplicado. Nessa seção descreve-se o locus da pesquisa, sujeitos e amostra determinada, os procedimentos de coleta e análise dos dados.

A “Análise e Apresentação dos Resultados” é a quinta seção. Nesta seção são analisados os dados coletados, associadas à fundamentação teórica do estudo, agrupados em categorias finais, conforme procedimentos da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011).

A sexta seção, “Proposta de Intervenção”, é a culminância desta investigação. Nessa seção é explicado o fluxo de informações sugerido, baseado no modelo de Beal (2004) e na análise dos dados coletados, e indicadas recomendações para a sua implantação.

As “Considerações Finais” compõem a sétima seção, que encerra esta dissertação.

(25)

2 ESTÁGIO: UM ATO EDUCATIVO

No Brasil, os sistemas de ensino, da educação básica ao ensino superior, público ou privado, estão regulamentados a partir da Lei nº 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, de 20 de dezembro de 1996. A LDB prevê o estágio supervisionado como um dos fundamentos na formação de professores, descrito no artigo 61, parágrafo único, inciso II: "II - associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço." (BRASIL, 1996). De acordo com Pimenta (1995) o estágio é considerado como uma atividade e não se caracteriza como disciplina. Assim é tratado em diferentes instituições de ensino, inclusive na universidade estudada.

O estágio, obrigatório ou não obrigatório, representa uma oportunidade do exercício da prática profissional pelos estudantes, ainda durante o curso, tendo o estagiário a supervisão de um profissional, na instituição concedente, e o acompanhamento de um professor, na instituição de ensino, que possam orientá-lo durante as atividades, servindo, portanto, como um complemento à sua formação acadêmica. Niskier e Nathanael (2006, p.187) definem o estágio como “[..] atividade que constitui uma ação de responsabilidade social ao propiciar a formação completa do estudante e sua inclusão no mercado de trabalho”. Os autores atribuem grande importância ao estágio, apontando a atividade “[...] como um complemento indispensável a qualquer tipo de habilitação profissional oferecida pelos ensinos formais de nível médio e superior” (NISKIER; NATHANAEL, 2006, p.187), e enfatizam, ainda, que ao produzir renda, os estágios com remuneração contribuem para a permanência do estudante no curso.

Bianchi, Alvarenga e Bianchi (2005, p. 1) vão além, apontando a possibilidade do estagiário “[...] revelar sua criatividade, independência e caráter na atividade”, e de avaliar se sua escolha profissional corresponde com sua aptidão. Com uma perspectiva mais abrangente à formação do estagiário, o estágio

[...] é uma chance de aprofundar conhecimentos e habilidades em área de interesse do aluno. O conhecimento é algo que se constrói e o aluno, ao levantar situações problemáticas nas organizações, propor sistemas, avaliar planos ou programas, bem como testar modelos e instrumentos, está também ajudando a construir conhecimento (ROESCH, 1999, p. 27).

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Atualmente o conceito de estágio é apresentado na Lei de Estágio nº 11.788/2008 como

Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (BRASIL, 2008).

As diversas formas de se compreender o estágio também estão presentes nas regulamentações ao longo do tempo, em meio a diferentes contextos político-econômicos.

2.1 Contexto histórico da atividade de estágio

Voltando à década de 1930, temos a criação dos cursos de licenciaturas, inclusive de Pedagogia, pelo Decreto-Lei nº 1.190, de 1939, no qual se estabeleceu a participação dos alunos em aulas teóricas e práticas para se formar professor, mas não se configurava como estágio. Mas o estágio já era utilizado com essa denominação em outros cursos superiores para obtenção do diploma, sendo obrigatório no caso do curso de medicina desde 1931 (BRASIL, 1931).

Pouco tempo depois, a Lei Orgânica do Ensino Industrial, Lei nº 4.073 de 1942, estabeleceu as bases de organização e de regime do ensino industrial, permitindo o estágio para o nível de 2º grau, voltado aos setores da indústria, de atividades artesanais, de transportes, de comunicações e de pesca. Nessa lei, o estágio é assegurado nas modalidades obrigatório ou não obrigatório. No entanto, o estágio é tratado na redação da lei como “um período de trabalho” (BRASIL, 1942), estando mais próximo de um mecanismo de preparação de mão de obra do que de uma ação pedagógica (COLOMBO; BALLÃO, 2014; NISKIER; NATHANAEL, 2006), atribuindo o controle da atividade à “competente autoridade docente, em estabelecimento industrial” (BRASIL, 1942). O olhar mais detalhado para o contexto da época e para o uso dos termos “trabalhadores” e “alunos” no corpo do texto da lei, indica uma tentativa de distinguir estagiários e aprendizes que conviviam no mesmo ambiente de aprendizagem, concordando com o que diz Cesa (2007, p.78),

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Na verdade, a Lei Orgânica visava regulamentar o aprendizado industrial recentemente imposto às indústrias, por meio da criação do SENAI1, e faz parecer que usou o termo estágio com o propósito de diferenciar o aprendizado dos estudantes que não estavam matriculados nas escolas do SENAI nem trabalhavam nessas indústrias, mas que nelas praticavam os conhecimentos teóricos adquiridos em outras escolas técnicas. Assim, poderiam atuar dentro das empresas os aprendizes, que eram empregados e frequentavam os cursos patrocinados pelo SENAI, e os estagiários, que estudavam em outras escolas industriais e apenas desenvolviam treinamento in loco, sem vínculo empregatício com a empresa. (CESA, 2007, p. 78).

Nota-se que o estágio é tratado com fortes características de trabalho, admitindo-se, inclusive, alunos ouvintes desobrigados de matrícula escolar. Essa condição ofuscou a ação pedagógica da atividade, agregando ao estágio, sobretudo no caso dos estágios não obrigatórios, a histórica imagem de espaço legal para obtenção de mão de obra barata.

Sem que essa concepção fosse alterada, a partir dos anos 1950, a aprendizagem em ambientes próprios para a simulação de exercícios práticos passou a não ser suficiente para a demanda socioeconômica. O avanço do processo de industrialização brasileiro, influenciado pelo investimento público da era do presidente Getúlio Vargas, passou a exigir a modernização dos ambientes, com novos processos e equipamentos de aprendizagem (NISKIER; NATHANAEL, 2006), além do crescimento populacional urbano, que aumentou o número de alunos matriculados nos cursos profissionalizantes. Para atender a essa demanda, houve grande expansão dos estágios para as empresas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4.024, publicada em 20 de dezembro de 1961, e os pareceres posteriores, tornaram o estágio ação obrigatória para a formação dos pedagogos, que passaram a frequentar escolas comuns e não só os colégios de aplicação das universidades para a prática profissional.

Durante o período da ditadura militar, a política educacional de profissionalização foi usada para atender ao modelo econômico vigente e para conter a demanda e a pressão por mais vagas no ensino superior (BARREIRO; GEBRAN, 2006). Nesse período “[...] começam as articulações para o uso em maior escala da força de trabalho estudantil na economia brasileira” (CESA, 2007, p. 70).

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Assim, foi instituído em 1967, com a publicação da Portaria nº 1.002 pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, a categoria de estagiário nas empresas, para os alunos de faculdades e escolas técnicas (BRASIL, 1967). A portaria trouxe avanços, definindo direitos aos estagiários, como a obrigatoriedade da empresa contratar seguro contra acidentes pessoais, bem como o estabelecimento de uma relação entre instituição de ensino e empresas que, juntas, definiam as condições da atividade de estágio e firmavam um contrato-padrão de Bolsa de Complementação Educacional, constando duração e valor da bolsa, além do horário do estágio. A ausência de vínculo empregatício da atividade é expressa no documento, mas a criação da Carteira Profissional de Estagiários reforça o caráter de trabalho atribuído, à época, ao estágio, mantendo, assim como a legislação anterior, o foco de formação para suprir o mercado de trabalho, sem alusão à ação pedagógica da atividade ou sanções para os casos de violação dos artigos descritos na portaria.

Ainda visando atender a demanda das empresas, desalinhada da questão pedagógica de formação do aluno durante a participação em atividade de estágio, o Decreto nº 66.546, de 1970, instituiu o Projeto Integração. O objetivo desse projeto era implementar programas de estágios práticos para estudantes do ensino superior, de áreas consideradas prioritárias, principalmente engenharia, tecnologia, economia e administração, permitindo sua prática em órgãos e entidades públicas e privadas, com pagamento de bolsa de estudos e sem vínculo empregatício (BRASIL, 1970). Conforme mencionam Colombo e Ballão (2014, p. 175), essa ação é reflexo do momento econômico, focada na administração de obras e “neste sentido, as palavras ‘estágios práticos’ induziam a um sentido de trabalho para algumas áreas consideradas desenvolvimentistas, em que havia deficiência de mão de obra preparada”. Essa política de profissionalização continuou presente na Lei nº 5.692/71, que dispôs sobre as diretrizes e bases da educação nacional para o ensino de 1º e 2º graus (BRASIL, 1971), elaborada sem a participação da sociedade na discussão (COLOMBO; BALLÃO, 2014; PIMENTA, 2011), e que transformou todos os cursos de nível secundário em profissionalizantes.

Pequeno avanço sob a perspectiva pedagógica ocorre com a regulamentação do estágio no âmbito do serviço público federal, com o Decreto nº 75.778, de 1975. A publicação autorizava a realização do estágio somente em local onde fosse possível a experiência prática na linha de formação do estudante que estivesse frequentando os dois últimos períodos do curso, “planejado e desenvolvido em

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harmonia com os programas escolares” (BRASIL, 1975), e, pela primeira vez a legislação citou o acompanhamento, realizado pelo concedente do estágio em articulação com a instituição de ensino, apesar de não apresentar detalhamento para o planejamento e nem para o acompanhamento.

Finalmente, a lei específica para regulamentar os estágios obrigatórios e não obrigatórios foi publicada em 1977- Lei nº 6.494/77, que dispôs sobre os estágios de estudantes de estabelecimentos de Ensino Superior e de ensino profissionalizante de segundo grau e supletivo, bem como de escolas de educação especial (BRASIL, 1977). A chamada Lei do Estágio “[...] marca na história da educação brasileira a consagração do instituto do estágio” (NISKIER; NATHANAEL, 2006, p.136) e introduz o termo “estágio curricular” (BRASIL, 1977). A lei, por fim, “[...] define uma aproximação entre mercado de trabalho e educação, com uma sinalização maior para com os aspectos pedagógicos” (FUJINO; VASCONCELOS, 2011, p.43), apresentando preocupação com as condições nas quais o estágio se realiza e estabelecendo que devesse ser planejado, executado, acompanhado e avaliado em conformidade com o currículo, bem como passou a exigir a frequência do aluno no curso e não somente sua matrícula (BRASIL, 1977). Em seu artigo 1º traz:

§ 2 º - O estágio somente poderá verificar-se em unidades que tenham condições de proporcionar experiência prática na linha de formação, do estagiário, devendo o aluno estar em condições de realizar o estágio, segundo disposto na regulamentação da presente Lei.

§ 3 º - Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares (BRASIL, 1977).

Como afirma Roesch (1999, p. 25), “a lei está correta, mas o problema é como assegurar sua implementação de modo que garanta a integração entre aprendizagem acadêmica e experiência prática”.

A regulamentação da lei em questão ocorreu cinco anos mais tarde, em 1982, pelo Decreto nº 87.497/82. Se por um lado o Decreto reconheceu o estágio, agora denominado “estágio curricular”, como procedimento didático-pedagógico, cabendo à instituição de ensino a decisão quanto à organização, orientação, supervisão e avaliação da atividade, por outro lado, esse documento passou a afirmar que também seria estágio a “aprendizagem social, profissional e cultural” (BRASIL,

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1982). Assim, criou-se a possibilidade de uso da atividade de estágio com outros objetivos que não a formação do estudante, como apontam Colombo e Ballão (2014):

Com isso, a ampla interpretação desses termos, associada a outros aspectos legais, considerava como estágio a atividade assim assumida pelo próprio estudante, sem a participação da escola, e era realizado “sob forma de ação comunitária”, que estava isenta de celebração de “termos de compromisso”, gerando o trabalho precarizado e distante dos fins educativos. [...] Por este aspecto, não era alcançada pela fiscalização trabalhista ou educacional. Maquiava o trabalho precário, para que se encaixasse no conceito alargado de estágio (COLOMBO; BALLÃO, 2014, p. 176).

Alguns anos depois, com a nova LDB, Lei nº 9.394/96, foi incluído o mínimo de 300 horas de prática de ensino, entendido como estágio obrigatório, para a formação de professores de educação básica (BRASIL, 1996). Também a partir da publicação dessa Lei, começaram a ser elaboradas as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN para os cursos de graduação, documento que norteia a elaboração de currículos dos cursos de graduação. Nas diretrizes de cada curso estão previstos os estágios mínimos exigidos para a formação do aluno, e o termo “estágio supervisionado” passa a ser adotado. Atualmente, as Diretrizes Curriculares Nacionais de formação de professores de educação básica (BRASIL, 2015), publicada em 2015 definem o mínimo de 400 horas para o estágio obrigatório.

A denominação dos estágios obrigatórios e não obrigatórios foi, ao longo de sua história, sofrendo modificações nos textos das leis que nem sempre foram atualizadas nos corredores acadêmicos. Os termos estágio extracurricular ou profissional estão associados ao estágio não obrigatório, enquanto estágio curricular ou supervisionado são usados para o estágio obrigatório. No entanto, o termo “estágio curricular supervisionado”, que já havia sido adotado em algumas diretrizes curriculares no começo dos anos 2000, aparece no artigo 1º, parágrafo 1º da Resolução CNE/CEB nº 1, de 2004, que diz: “Para os efeitos desta Resolução entende-se que toda e qualquer atividade de estágio será sempre curricular e supervisionada, assumida intencionalmente pela Instituição de Ensino” (BRASIL, 2004). Mas a controvérsia persiste até os dias de hoje. Todavia, na resolução supracitada o estágio configura-se como um ato educativo, referindo-se tanto ao estágio obrigatório quanto ao não obrigatório.

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Uma nova lei de estágio, atualmente em vigência, passou a vigorar em 2008: a Lei nº 11.788, resgatando um caráter mais pedagógico à atividade de estágio, obrigatório e não obrigatório, definido como ato educativo, conforme visto no início dessa seção.

Para sintetizar as regulamentações apresentadas, elaborou-se o Quadro 1.

Quadro 1 - Resumo das regulamentações sobre estágio não obrigatório (1942-2008)

Ano Legislação Principais disposições

1942

Lei nº 4.073 Lei Orgânica do Ensino Industrial

Estabelece as bases de organização e de regime do ensino industrial, permitindo o estágio obrigatório e não obrigatório para o nível de 2º grau.

1967 Decreto-Lei nº 1.002 Cria a categoria de estagiário nas empresas, permitindo estágio para alunos de Faculdade e Escolas Técnicas.

1970 Decreto nº 66.546 Projeto Integração

Implementa programas de estágios práticos

remunerados para estudantes do ensino superior, de áreas consideradas prioritárias, sobretudo engenharia, tecnologia, economia e administração.

1977 Lei nº 6.494 Lei do Estágio

Dispõe sobre os estágios obrigatórios e não obrigatórios de estudantes de estabelecimentos de Ensino Superior e de ensino profissionalizante de segundo grau e supletivo bem como de escolas de educação especial. 1982 Decreto nº 87.497 Regulamenta a lei 6.494/77, adotando a denominação

de estágio curricular. 2004 Resolução Conselho Nacional de Educação CNE/CEB nº 1

Define que toda e qualquer atividade de estágio, obrigatório e não obrigatório, será sempre curricular e supervisionado.

2008 Lei nº 11.788 Lei do Estágio

Estabelece que o estágio, seja obrigatório ou não obrigatório, deve estar vinculado ao projeto pedagógico do curso e ser supervisionado, portanto todo estágio é curricular e supervisionado.

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Com a Lei nº 11.788/2008 o estágio obrigatório ou não obrigatório deve estar vinculado ao projeto pedagógico do curso, o que obrigou muitas instituições a atualizarem seus cursos para poderem aprovar a participação dos alunos nos estágios. Pela lei, o estagiário terá a supervisão de um supervisor na instituição concedente e do professor orientador na instituição de ensino. Evidencia-se,

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portanto, que ambas as modalidades de estágio, obrigatório e não obrigatório, são curriculares e supervisionados.

O limite de número de estagiários de acordo com o total de empregados da instituição concedente também foi descrito na lei, em clara demonstração de que o estagiário não deve substituir os profissionais efetivos. Constam na lei, também, mecanismos para controle dos estágios por meio de relatórios da instituição concedente e do estagiário.

2.2 Estágios obrigatório e não obrigatório

O estágio é sempre curricular e supervisionado. No entanto, apresenta-se em duas modalidades: obrigatório e não obrigatório. Nessa seção serão identificadas as características do estágio obrigatório e não obrigatório, evidenciando suas semelhanças e diferenças, com base na Lei de Estágio nº 11.788, de 2008 (BRASIL, 2008).

Uma comparação do que descreve a legislação sobre os estágios aponta mais pontos comuns do que diferenças entre os estágios obrigatórios e não obrigatórios. Contudo, na realidade acadêmica isso ainda não acontece, especialmente em relação à importância dessas atividades como elemento de formação do estudante, um dos pontos de grande distanciamento em desfavor do não obrigatório.

O estágio obrigatório consta como um componente no currículo, e o cumprimento de sua carga horária, pelo aluno, é condição para a obtenção do diploma, conforme previsto no projeto pedagógico do curso. Essa já representa uma diferença marcante entre as duas modalidades de estágio, pois geralmente o professor do componente obrigatório tem encontros com os alunos, nos quais, coletivamente, podem discutir e planejar com antecedência como será a realização da atividade de estágio. Além disso, a atividade, quando obrigatória, consta da carga horária de trabalho do professor e de sua remuneração, o que não ocorre, até esse momento, para os professores orientadores dos estágios não obrigatórios na universidade em estudo.

Definido como atividade opcional em sua formação, cuja carga horária é acrescida à carga horária regular e obrigatória, o aluno poderá iniciar um estágio não obrigatório a qualquer tempo, resguardadas as limitações expressas no projeto

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pedagógico do curso ou resoluções específicas. Além disso, as instituições concedentes estão geograficamente dispersas, dificultando o planejamento do acompanhamento, que é praticamente individual. Diferentemente do que costuma ocorrer com estágio obrigatório, o professor responsável pelo acompanhamento do estágio não obrigatório, normalmente, não participa da escolha do local do estágio.

Por fim, destacamos que a origem das duas formas apresentadas de se realizar o estágio é bastante diferente. Enquanto o estágio obrigatório tem início em uma prática instituída nos cursos para exercitar a teoria da sala de aula, considerado fundamental no processo de formação de professor (PICONEZ, 2010), o estágio não obrigatório se institucionaliza para atender às necessidades de força de trabalho, distante do aspecto pedagógico e de discussões com os professores da instituição de ensino. Mas, a legislação vigente tem aspectos que permitem uma melhoria nessa situação, desde que as atividades sejam estruturadas visando ao objetivo proposto para os estágios na formação do estagiário.

A seguir, são apresentados os Quadros 2 e 3 com as diferenças e as semelhanças, respectivamente, estabelecidas na lei entre os estágios obrigatório e não obrigatório.

Quadro 2 - Diferenças estabelecidas na lei entre estágios obrigatório e não obrigatório

Tema Estágio obrigatório Estágio não obrigatório

Definição na lei

Aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.

Aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e

obrigatória. Mediação de Agente

de Integração

Permitido, porém pouco comum.

Permitido e muito utilizado pelos concedentes de estágio

Seguro contra acidentes pessoais

Contratação obrigatória, podendo ser assumida pela instituição de ensino ou concedente.

Contratação obrigatória pela instituição concedente.

Bolsa Opcional Compulsória

Auxílio-transporte Opcional Compulsório Fonte: Elaborado pela autora (2017), a partir da lei nº 11.788/2008.

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A principal diferença trazida na lei entre as duas modalidades de estágio está, de fato, na definição, que indica o estágio obrigatório como requisito para a conclusão do curso, do qual o aluno não tem opção de não realizar. Outro aspecto que distingue as duas modalidades de estágio é a questão de custos. No caso do não obrigatório a instituição de ensino não tem qualquer ônus, enquanto que a instituição concedente assume o seguro obrigatório, a bolsa e o auxílio-transporte para o estagiário.

Quadro 3 - Semelhanças estabelecidas na lei entre estágios obrigatório e não obrigatório

Tema Estágio obrigatório e não obrigatório

Conceito

Ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular.

Estagiário Estudante de:  Ensino superior  Educação profissional  Ensino médio  Educação especial

 Anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.

Currículo Faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando.

Objetivo

Aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o mundo.

Não cria vínculo empregatício, mesmo quando concedidos benefícios pela concedente. O vínculo será considerado caso desatendidas as regras da legislação ou do Termo de

Compromisso do Estágio. Matrícula escolar Obrigatória

Contrato Obrigatório firmar e cumprir Termo de Compromisso

Acompanhamento

Obrigatoriedade de acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios exigidos.

Obrigações da instituição de ensino

 Indicar as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar.  Indicar professor orientador como responsável pelo

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acompanhamento e avaliação das atividades de estágio.  Cobrar relatórios de atividades dos estagiários em prazos não

superiores a seis meses.

 Zelar pelo cumprimento do Termo de Compromisso.  Elaborar, em conjunto com o estagiário e instituição

concedente, o plano de atividades do estagiário.

Concedentes

 Pessoas jurídicas de direito privado

 Órgãos da administração pública direta, autárquica e

fundacional da União, Estados, Distrito Federal e Municípios  Profissionais liberais registrados nos conselhos de fiscalização

profissional

Obrigações da parte concedente

 Firmar e zelar pelo Termo de Compromisso

 Ofertar instalações que possibilitem ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural.

 Indicar supervisor para orientar e supervisionar o máximo de dez estagiários simultaneamente.

 Enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de seis meses, relatório de atividades, com visto do estagiário.

Supervisor

Profissional do quadro de pessoal da concedente, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário.

Jornada de atividade de estágio

 Constar no Termo de Compromisso

 Máximo de 6 horas diárias e 30 horas semanais (ensino superior)

Permanência na instituição concedente

Máximo de dois anos na mesma instituição, exceto se aluno com deficiência

Férias 30 dias após um ano de estágio, ou proporcional quando período inferior.

Descumprimento da lei

Caracterização de vínculo empregatício.

A reincidência impede a concedente de receber estagiários por dois anos.

Fonte: Elaborado pela autora (2017), a partir da lei nº 11.788/2008.

Nota-se que a lei equipara os estágios, obrigatório e não obrigatório, como ato educativo escolar supervisionado e atribui responsabilidades à instituição de ensino e à instituição concedente, válidas para qualquer que seja a modalidade da atividade.

(36)

Contudo, existem aspectos que não se esgotam com o texto da legislação e que precisam estar nas pautas das discussões. É o caso do acompanhamento, como veremos mais adiante.

2.3 Estágio na Educação

O universo deste estudo está concentrado no curso de Pedagogia, motivo pelo qual muitas passagens do trabalho irão referir-se à formação de professores, objetivo maior dessa graduação. No entanto, diversos ambientes nos quais ocorrem processos educativos e formativos se constituem também espaços de atuação dos pedagogos no segmento empresarial e de serviços, tais como áreas de gestão de pessoas ou de recursos humanos, de gestão do conhecimento, brinquedotecas, bibliotecas, hospitais, mídias educativas.

É importante salientar, também, que a literatura voltada ao estágio não obrigatório, especificamente na área de pedagogia e demais licenciaturas, é reduzida, como afirmam De Paiva e De Freitas Costa (2017, p. 114)

Compreende-se, que em sendo o estágio não obrigatório uma das possibilidades de percurso formativo inicial docente, esse se configura enquanto uma das vias de ingresso à prática de muitos professores, embora se verifique uma incipiente discussão dessa temática, seja na legislação vigente, seja no campo das pesquisas em educação. (DE PAIVA; DE FREITAS COSTA, 2017, p.114)

Dessa forma, justifica-se a relevante contribuição da literatura de estágio obrigatório no embasamento teórico a seguir.

2.3.1 Estágio na formação de professores

Em relação à formação de professores, até o final dos anos 1960, os estágios se basearam por muito tempo no modelo de observação, imitação e reprodução de padrões considerados adequados (PIMENTA, 1995; 2011; PIMENTA; LIMA, 2004), distanciando a formação teórica dos alunos da realidade encontrada nos campos de trabalho. Em outro momento, a atuação dos estagiários passou a ser de registrar o que entendiam como falhas na escola, como comportamentos associados a modelos

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autoritários e tradicionais, gerando conflitos e resistência das escolas em acolher os alunos estagiários (PIMENTA; LIMA, 2004).

Com muitas críticas às atividades de estágio baseadas nesses modelos, ganhou força, a partir dos anos 1990, a perspectiva do estágio como um espaço para questionamento e investigação, para compreensão da realidade e produção de conhecimento (PIMENTA; LIMA, 2004; BARREIRO; GEBRAN, 2006; PICONEZ, 2010). Nessa mesma linha, Tardif (2000, p. 11) é enfática em sua posição:

O trabalho não é primeiro um objeto que se olha, mas uma atividade que se faz, e é realizando-a que os saberes são mobilizados e construídos. Esse enfoque considera que o profissional, sua prática e seus saberes não são entidades separadas, mas “co-pertencem” a uma situação de trabalho na qual “coevoluem” e se transformam. Querer estudar os saberes profissionais sem associá-los a uma situação de ensino, a práticas de ensino e a um professor seria, então, um absurdo. (TARDIF, 2000, p.11)

Pereira e Pereira (2012, p. 24) seguem esse entendimento de que teoria e prática articuladas podem construir novos conhecimentos:

O espaço do estágio deve possibilitar uma produção de conhecimento que não se limite à simples transferência e “aplicação” de teorias ou de conteúdos, mas que seja o eixo de articulação entre teoria-prática, entre os conteúdos dos cursos de formação de professores e o conhecimento da realidade da sala de aula da escola básica. (PEREIRA; PEREIRA, 2012, p.24)

Mas, isso não é tarefa simples. Barreiro e Gebran (2006) entendem que se a formação do aluno não é investigativa, não é possível se desejar que sua prática seja. As autoras destacam a forma burocrática como o estágio tem sido constituído, com preenchimento de fichas, e ressaltam a importância do supervisor do estágio como mediador para possibilitar aos estagiários momentos de reflexão, análise e interpretação da realidade (BARREIRO; GEBRAN, 2006). Afirmam Pimenta e Lima:

Ao transitar da universidade para a escola e desta para a universidade, os estagiários podem tecer uma rede de relações, conhecimentos e aprendizagens, não com o objetivo de copiar, de criticar apenas os modelos, mas no sentido de compreender a realidade para ultrapassá-la (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 111).

Referências

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