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Desporto escolar. O coordenador técnico enquanto elemento catalisador das atividades de Nível I do Clube do Desporto Escolar: agrupamento de Escolas Diogo Cão, Vila Real

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO DE ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Desporto Escolar. O Coordenador Técnico enquanto elemento

catalisador das Atividades de Nível I do Clube do Desporto Escolar

-Agrupamento de Escolas Diogo Cão, Vila Real-

Autor: Joaquim Alcides Morgado Vaz

ORIENTADORA: Professora Doutora Isabel Maria Rodrigues Gomes

(2)

I

Relatório para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, ao abrigo do artigo 16.º do Decreto -Lei n.º 74/2006, de 24 de Março, com as alterações introduzidas pelos Decretos-Leis n.ºs 107/2008, de 25 de Junho, e 230/2009, de 14 de Setembro.

(3)

II

"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive."

(4)

III

AGRADECIMENTOS

Ao longo da preparação, conceção e redação deste relatório tive o apoio de diversas pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a materialização deste projeto. Deste modo gostaria de expressar sinceros agradecimentos a algumas delas, em particular:

À Professora Doutora Isabel Maria Rodrigues Gomes pela disponibilidade durante este processo que orientou com toda a dedicação e profissionalismo.

À Direção do Agrupamento de Escolas Diogo Cão por ter facultado o livre acesso à informação solicitada.

Aos colegas do grupo de Educação Física do Agrupamento de Escolas Diogo Cão pela valia da sua colaboração.

Aos meus Pais pelo exemplo de perseverança e apoio sempre incondicional.

À Susana, por toda a compreensão, amor e solidariedade. Sendo uma das mais penalizadas em relação à minha disponibilidade, foi a sumptuosidade do seu ser e saber, que me permitiu obter o tempo e a tranquilidade exigida.

Aos que no passado se cruzaram no meu caminho e me transmitiram saberes e experiências, enriquecendo a minha essência.

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IV

RESUMO

O Desporto Escolar conquistou um espaço importante na Escola e no processo educativo ao representar, para além da prática desportiva de competição ou lazer, um elemento fundamental na educação para a cidadania das crianças e jovens (Santos, 2009).

A Escola não pode, portanto, ignorar que o Desporto Escolar como elemento do processo educativo é fundamental já que se pode revelar um fator de grande amplitude na vida social das crianças e jovens. Deve a Escola, desde logo, possibilitar a resposta às motivações e necessidades dos alunos em relação à cultura motora, de forma a facilitar e estimular o acesso às diferentes práticas lúdicas e desportivas. É, pois, este o ambiente em que se desenvolve a ação do Coordenador Técnico do Desporto Escolar.

Neste contexto apresentamos o relatório sobre a atividade profissional desenvolvida. Numa primeira parte, e na perspetiva de enquadramento teórico, discorre-se sobre temas como os objetivos/finalidades do Desporto Escolar; o vínculo entre a disciplina de Educação Física e o Desporto Escolar; a importância da integração plena do Projeto do Desporto Escolar no Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas para uma efetiva simbiose e o enquadramento histórico e legislativo tal como a organização geral do Desporto Escolar quer a nível nacional e regional, quer a nível local (Clube Desporto Escolar). Abordam-se também temáticas como “recursos humanos”, “liderança e

motivação”, “eficácia da liderança”, “liderança nas organizações educativas”, “motivação no grupo de trabalho” e a forma como se inter-relacionam com a especificidade do cargo e funções de Coordenador

Técnico do Desporto Escolar. Numa segunda parte faz-se a caraterização e análise do Projeto de Desporto Escolar do Agrupamento de Escolas Diogo Cão no que diz respeito às atividades de nível I nos últimos cinco anos letivos. Produzem-se também sugestões para a melhoria do referido projeto. Aí propomos novas perspetivas para o plano de atividades de nível I que permitam fazer melhor o que já se faz bem. Por fim reflete-se sobre a forma como este cargo foi exercido e como o seu desempenho, numa perspetiva colaborativa, nos permitiu crescer como profissional e como ser humano.

Relativamente aos instrumentos selecionados para colher informações sobre o Clube de Desporto Escolar do Agrupamento de Escolas Diogo Cão foram a análise dos documentos oficiais relativos ao Desporto Escolar e à disciplina de Educação Física dos últimos cinco anos letivos, para além da nossa posição de “observador participante”.

Palavras-Chave: Desporto Escolar; Coordenador Técnico do Clube do Desporto Escolar; Atividades de

(6)

V

ABSTRACT

School sport has earned great importance at school and in the educational process, meaning not only competition and leisure but also a more and more important element in the citizenship education of children and youth (Santos, 2009).

Obviously, school can’t ignore that sport, as an important element of the educational process is essential, since it can reveal a fundamental factor in the life of children and youth. So, School should give answers to the motivations and needs of our students, regarding their motor activity culture, favouring and encouraging the access to the different games and sports.

It was therefore in this scene that the action of the Technical Coordinator of School Sports had its development. In this context we present the report about our professional activity. In the first part, we present the theoretical framework and we discuss the issues and the objectives of the School Sport; the link between the discipline of Physical Education and School Sport; the importance of full integration of the Project of School Sport as a part of Educational Project in the “Agrupamento de

Escolas” for a true symbiosis as well as the historical and legislative framework both national and

regional and local (School Sports Club). We also approach themes like "human resources", "leadership and motivation," "leadership efficiency", "leadership in educational organizations", "motivation of work groups" and how they connect with the specificity of the position and functions of the Technical Coordinator of School Sports. In the second part we do the characterization and analysis of the School Sports Project of “Agrupamento de Escolas Diogo Cão” regarding the level I activities in the past five academic years. We also produce suggestions to improve this project. We propose new perspectives for the Level I plan of activities to do better than it is already being done. Finally we think over the way this role was fulfilled and how our performance in a collaborative perspective, made us grow, both as a professional and as a human being.

In what concerns the selected instruments to obtain information about the School Sports Club of “Agrupamento de Escolas Diogo Cão” we analyzed the official documents related to the School Sports and Physical Education of the last five academic years, besides our position as a "participant observer".

Key-words: School Sports; Technical Coordinator of the School Sports Club; Activities Level I;

(7)

VI

Índice

INTRODUÇÃO ... 2

- PARTE I - ... 5

QUADRO CONCETUAL E REVISÃO DA LITERATURA ... 5

1. DESPORTO ESCOLAR ... 6

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ... 7

1.2. CONCEITOS E FINALIDADES DO DESPORTO ESCOLAR ... 8

1.3. A EDUCAÇÃO FÍSICA E O DESPORTO ESCOLAR ... 11

1.4. RETROSPETIVA HISTÓRICA DO DESPORTO ESCOLAR EM PORTUGAL ... 13

1.5. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO DO DESPORTO ESCOLAR... 18

1.6. DESPORTO ESCOLAR E PROJETO EDUCATIVO ... 19

1.7. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ATUAL DO DESPORTO ESCOLAR ... 22

1.7.1. COORDENAÇÃO NACIONAL DO DESPORTO ESCOLAR ... 23

1.7.2. COORDENAÇÃO REGIONAL DO DESPORTO ESCOLAR ... 24

1.7.3. CLUBE DESPORTO ESCOLAR ... 25

1.7.3.1. O CLUBE DO DESPORTO ESCOLAR: NATUREZA E CONSTITUIÇÃO ... 26

1.7.3.2. NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO DA OFERTA DESPORTIVA NAS ESCOLAS ... 29

1.7.3.3. REGIMES ESPECIAIS DE FUNCIONAMENTO ... 30

1.7.3.4. MODALIDADES E DISCIPLINAS DESPORTIVAS DESENVOLVIDAS NA ESCOLA, ATRAVÉS DO DESPORTO ESCOLAR ... 31

2. LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO ... 32

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ... 33

2.2. CONCEITO(S) DE LIDERANÇA ... 33

2.3. A LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES EDUCATIVAS ... 35

2.4. MOTIVAÇÃO NOS GRUPOS DE TRABALHO ... 40

(8)

VII

- PARTE II - ... 43

3. RELATÓRIO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL ... 43

3.1. CARATERIZAÇÃO GLOBAL DA ATIVIDADE DE NÍVEL I DO DESPORTO ESCOLAR NO “AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DIOGO CÃO” ... 44

3.2. ANÁLISE DA CONSECUÇÃO DAS ATIVIDADES DE NÍVEL I DO PROJETO DESPORTO ESCOLAR 2013-2014 ... 51

3.3. SUGESTÕES PARA O APERFEIÇOAMENTO DAS ATIVIDADES DE NÍVEL I DO PROJETO DESPORTO ESCOLAR DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DIOGO CÃO: A PERSPETIVA DO COORDENADOR TÉCNICO. ... 56

4. REFLEXÕES… ... 58

4.1. O COORDENADOR TÉCNICO ENQUANTO ELEMENTO CATALISADOR DAS ATIVIDADES DE NÍVEL I DO CLUBE DO DESPORTO ESCOLAR ... 58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 62

5.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 63

(9)

VIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Diplomas legais que suportam o Desporto Escolar ... 18

Quadro 2 - Afetação de componente letiva e não letiva dos docentes no Desporto Escolar ... 27

Quadro 3 - Cargos e principais competências dos professores que exercem funções no Clube do Desporto Escolar ... 28

Quadro 4 - Modalidades e disciplinas desenvolvidas através do Desporto Escolar ... 31

Quadro 5 - Atividades de nível I desenvolvidas entre 2009 e 2014 ... 46

Quadro 6 - Plano de atividades de nível I do Agrupamento de Escolas Diogo Cão – Vila Real ... 51

Quadro 7 - Relatório das Atividades de Nível I do Ano Letivo 2013/2014 - 1º Período ... 52

Quadro 8 - Relatório das Atividades de Nível I, Ano Letivo 2013/2014 - 2º Período ... 54

(10)

IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Enquadramento institucional da Coordenação do Desporto Escolar ... 22

Figura 2 - Diagrama da Estrutura Organizacional do Desporto Escolar ... 23

Figura 3 - Mapa das DGEstE e Coordenações Locais do Desporto Escolar ... 25

Figura 4 - Níveis de desenvolvimento da oferta desportiva do CDE ... 29

Figura 5 - Resumo das principais funções do líder. ... 35

Figura 6 - Número de professores de Educação Física em cada ano letivo ... 45

Figura 7 - Número de alunos por ano de escolaridade. ... 46

Figura 8 - Número de atividades desenvolvidas por ano letivo ... 48

Figura 9 - Participações por modalidade/atividade e ano letivo ... 49

Figura 10 - Distribuição do número total de participações nas disciplinas/atividades de Atletismo ... 50

(11)

X

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

CDE- Clube Desporto Escolar

CNDE- Coordenação Nacional do Desporto Escolar

CTDE- Coordenador Técnico Desporto Escolar

DCDE- Diretor do Clube do Desporto Escolar

DE- Desporto Escolar

DGE – Direção Geral da Educação

DGEstE- Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares

EE- Encarregados Educação

EF- Educação Física

MEC- Ministério da Educação e Ciência

PDE – Programa do Desporto Escolar

(12)
(13)

2

INTRODUÇÃO

A realização deste trabalho surge na sequência de um percurso de dezoito anos ligados ao Ensino, dos quais catorze como profissional de Educação Física (EF). Durante este último período sempre estivemos ligados ao Desporto Escolar (DE) como Coordenador Técnico do Clube do Desporto Escolar (CTDE), responsável por grupo/equipa, ou interpretando os dois cargos. No campo profissional o cargo de CTDE foi o que mais exigiu de nós e, talvez por isso, o que mais nos cativou. A experiência acumulada no exercício destas tarefas, em diferentes escolas, permite-nos ter uma visão alargada da realidade ao nível das atividades desenvolvidas pelo Clube do Desporto Escolar (CDE). Ao longo deste caminho fomos confrontados com reformas educativas, com mudanças ao nível de ensino, com situações novas que nos levaram a sair da zona de conforto e fazer as imprescindíveis atualizações para acompanhar esse mundo em transformação. Este trabalho/reflexão é mais um passo nesse percurso.

Será sobre a organização do DE em geral e do cargo de CTDE, no que diz respeito às atividades de nível I, que nos iremos debruçar neste projeto.

Dependendo dos objetivos definidos no Projeto Educativo (PE) de cada escola, do estádio de

“evolução” do CDE e, na nossa perspetiva, da forma como as atribuições deste órgão são entendidas

pelo CTDE poderão ficar em causa valores como a formação desportiva dos alunos, o combate ao insucesso e abandono escolar, o contributo para a diminuição do sedentarismo e para a aprendizagem de uma vida em que a atividade física seja uma constante, entre alguns outros que se poderiam elencar.

Neste cenário, e tendo em conta que as atividades de nível I “são o quadro de atividades

desportivas organizadas pelas escolas no dia-a-dia e que dependem da dinâmica que os seus responsáveis lhe quiserem imprimir” (Teixeira, 2007, p. 107), parece-nos muito relevante o contributo

que o CTDE poderá ter para otimizar a dinâmica desse quadro de atividades desportivas. Neste ponto partilhamos a opinião de Pires (2007, p. 69) quando afirma que “se se organizar um bom DE então a

juventude cria hábitos desportivos para a vida, ou com um alto grau de probabilidade, cria hábitos desportivos para toda a vida”.

É na busca deste último postulado que temos orientado o nosso esforço enquanto CTDE, na esperança de contribuirmos para o desenvolvimento de um modelo de DE que concorra para a formação educativa e para a aquisição de hábitos de prática desportiva nos alunos.

(14)

3 Tendo por base estas referências, a revisão da literatura, a reflexão pessoal acerca do DE e mais precisamente do exercício do cargo de CTDE enquanto catalisador das atividades de nível I do CDE surgem-nos como questões orientadoras deste projeto:

- Como está organizado atualmente o DE em Portugal? - Qual o conteúdo funcional do cargo de CTDE?

- Em que medida podemos contribuir para aperfeiçoar o plano de atividades de nível I da escola onde exercemos funções?

Como objetivos gerais estabeleceram-se os seguintes:

- Versar sobre alguns temas próximos do conceito de DE (EF; Projeto Educativo (PE); retrospetiva histórica e enquadramento legislativo) que permitam uma melhor perceção do mesmo e, ao mesmo tempo, contribuam para uma “reflexão” mais sustentada.

- Descrever a estrutura organizacional do DE.

- Aclarar a importância estratégica da figura do CTDE enquanto elemento catalisador das atividades de nível I do CDE.

Como objetivos específicos:

- Elucidar sobre a estrutura organizacional do DE ao nível local.

- Refletir sobre a dinâmica organizacional dos CDE das escolas onde já lecionamos. - Partilhar experiências, perspetivas e constrangimentos do exercício do cargo de CTDE.

- Propor diretrizes de atuação para a dinâmica organizacional e funcional das atividades de nível I da escola onde exercemos atualmente o cargo de CTDE.

Apesar de no contexto do tema geral “Desporto Escolar” haver alguns trabalhos - embora já com alguns anos - na nossa pesquisa encontramos pouca informação específica sobre a figura do CTDE. Detetado esse défice e no sentido de procurarmos contribuir para uma maior reflexão sobre o DE ao nível local nos Agrupamentos de Escolas propusemo-nos produzir um trabalho onde nos debruçamos sobre a figura do CTDE enquanto impulsionador das atividades de nível I do CDE. Este projeto ainda é atravessado pela ambição de melhorar o nível de competências na área da Coordenação Técnica do DE com o objetivo de nos sentirmos mais confiantes para desenvolver o mesmo na sua ligação à

(15)

4 comunidade educativa do Agrupamento de Escolas pois partilhamos a opinião de Garcia (2005, p.5) que afirma

“O DE não pode, sob pena de ficar isolado, alhear-se da comunidade envolvente, naquilo que poderemos denominar de dimensão ecológica da educação. Ao envolver a comunidade, o DE poderá estender o seu domínio aos familiares das crianças e dos jovens, aos professores e funcionários. A Escola é uma comunidade viva que ultrapassa a simples condição de aluno”.

(16)

- PARTE I -

QUADRO CONCETUAL E REVISÃO DA

LITERATURA

(17)
(18)

7

1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Os valores que estão associados ao desporto vem adquirindo, progressivamente, mais relevância na educação. Esta afirmação é sustentada por diversas instituições, entre as quais o Parlamento Europeu quando no seu relatório de 2007 afirma:

“o interesse legítimo da União Europeia pelo desporto, em particular pelos seus aspetos sociais e culturais, bem como pelos valores sociais e educativos que veicula, como a autodisciplina, a superação das limitações pessoais, a solidariedade, a sã competição, o respeito do adversário, a integração social e o combate a quaisquer formas de discriminação, o espírito de equipa, a tolerância e o fair-play” (Vieira 2008, p. 18).

A Escola além de um local de instrução é, também, um local onde devem ser criadas condições para que os jovens se desenvolvam de forma harmoniosa e integral. Compete à escola proporcionar as oportunidades necessárias para a conquista da autonomia pessoal do aluno, o que pressupõe a apreensão de valores e personalidade que permitam o desenvolvimento de atitudes orientadas para uma participação crítica e mais consciente, nas diferentes manifestações da vida social (Silva, 2006). Parece-nos, pois, consensual que a escola deva fomentar a prática desportiva como veículo potenciador do processo de formação integral, tendo o DE um papel relevante no processo educativo dos nossos jovens proporcionando o desenvolvimento pessoal e social, através de novas experiências, práticas e realidades, dotando e desenvolvendo os alunos de competências nos vários domínios (físicos, afetivos, pessoais e sociais). É através do DE que muitas crianças e jovens têm oportunidade de conhecer novas escolas, novos alunos, novos ambientes, novas maneiras de ser, agir e pensar; quando, confrontados com novas realidades, adquirem progressivamente um equilíbrio, aprendendo a viver e a conviver, a conhecer e a respeitar, a treinar e a competir, a pretexto duma atividade que lhes é natural e de pleno agrado – a atividade físico-desportiva (Santos, 2009).

Para muitos alunos é mesmo a única possibilidade que têm de praticar desporto de uma forma organizada e com carácter formal. Neste contexto torna-se importante realçar que o Desporto é um veículo perfeito para a educação, pois gera nas crianças uma grande excitação e prazer tornando-as permeáveis a novas mensagens (Valdano, 2002).

Deste modo, as atividades do DE, devidamente organizadas e implementadas, representam um contributo importante para o desenvolvimento integral do aluno, já que possibilitam uma vasta gama de experiências educativas. Neste sentido, não deve ser negligenciado o papel insubstituível das atividades físicas e desportivas escolares, pois muitos dos hábitos e comportamentos, se não forem adquiridos na infância e na juventude, dificilmente serão recuperáveis na vida adulta (Brito, 1998).

(19)

8 Soares (2002) diz-nos que por ser nas escolas que os recursos estão mais acessíveis à maioria dos alunos, o DE, através dos seus agentes e meios ao seu dispor, deveria ter uma missão mais importante do que aquela que tem vindo a desempenhar ao longo dos tempos. Isto porque ainda não é capaz de mobilizar uma parte significativa da população escolar para as suas atividades, facto que decorre da sua deficiente organização, implantação e afirmação na vida escolar.

1.2.CONCEITOS E FINALIDADES DO DESPORTO ESCOLAR

O desporto na escola possui um quadro legal, orgânico e institucional conhecido pela designação de DE, sendo atualmente reconhecido como sector essencial para toda a atividade desportiva, na melhoria do ambiente escolar e na formação da juventude no seu contexto social e na interação com outras influências educativas: a família, a opinião pública, os meios de comunicação social, as condições especiais e materiais, os amigos, entre muitos outros (Pina, 1995). O DE deve, desta forma, assumir um papel mais preponderante na Escola e em todo o processo educativo, já que para além de representar um espaço de prática desportiva de competição e de lazer, é um elemento fundamental para a cidadania e formação integral das crianças e jovens.

Para Pina (1997) após um período temporal em que houve alguma confusão sobre o conceito de DE, fruto de diferentes perspetivas, e até conceções, nos últimos anos a ideia que tem prevalecido é a que tem estado subjacente ao desenvolvimento dos programas de DE e que se encontra concretizado no Art. 5º “Definição”, Secção II – “Desporto Escolar”, do Decreto-Lei nº 95/91, de 26 de fevereiro, que é:“o conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com objeto desportivo, desenvolvidas como

complemento curricular e ocupação de tempos livres, num regime de liberdade de participação e de escolha, integradas no plano de atividade da escola e coordenadas no âmbito do sistema educativo”,

adicionando, ainda, como refere o preâmbulo deste diploma legislativo que “(…) o desporto escolar

deve basear-se num sistema aberto de modalidades e de práticas desportivas que serão organizadas integrando de modo harmonioso as dimensões próprias desta atividade, designadamente o ensino, o treino, a recreação e a competição”. O mesmo autor (1997) desenvolve dizendo que o desporto na

escola, entendido como atividade voluntária, de complemento curricular, constitui, pelas enormes potencialidades educativas que possui, um instrumento privilegiado de renovação da vida da escola e, também, uma fonte de melhoria qualitativa e quantitativa da prática desportiva.

Para Silva (2006, p. 3) o conceito de DE não é uma temática consensual pois “as opiniões

dividem-se: para os responsáveis estamos diante da “oitava maravilha do mundo” enquanto para muitas pessoas esse desporto nada mais é do que uma ótima ideia que não consegue singrar”.

(20)

9 Segundo Monteiro (2001) a definição clara dos objetivos do DE está dependente da resposta que for dada à própria questão sobre o que é o DE. Defendendo ainda que por se desenvolver na escola deve orientar-se fundamentalmente para duas grandes intenções:

1 – A formação desportiva eclética complementar, através da iniciação ou aperfeiçoamento de um conjunto de matérias ou situações que a EF numa determinada escola ainda não consegue chegar, enriquecendo a formação desportiva eclética para aqueles que o desejarem;

2 – A formação desportiva especializada através do aperfeiçoamento ao nível da prática avançada e de acordo com a referência social dessa prática.

Na perspetiva de Mota (2003) o DE é um processo eminentemente educativo e pedagógico, sendo pois uma questão do Sistema Educativo e não do Sistema Desportivo uma vez que a escola sendo o centro do desenvolvimento da prática desportiva educativa, deve assumir o DE como um elemento fundamental do seu PE, devendo assegurar uma verdadeira formação desportiva a todos os alunos.

Segundo Freitas (2000), o DE não é apenas uma atividade recreativa e lúdica. É, acima de tudo, uma matéria séria que, abordada e trabalhada de forma responsável e competente, contribuirá para a formação global dos nossos alunos, através das transformações que neles se irão verificar. Mas este só poderá contribuir eficazmente para a formação dos alunos quando se reconhecer a finalidade e conteúdos próprios e singulares da saúde, sociais, éticos e morais e o de construção de uma cidadania participativa e atuante.

Para Sousa (2006, pp. 29-30), o DE apresenta algumas características únicas e especiais que o distinguem, no quadro do sistema educativo, e também no quadro do sistema desportivo, nomeadamente:

“a) É o único serviço do Ministério da Educação que desenvolve atividades pedagógicas num domínio educativo predominantemente relacionado com a motricidade humana;

b) É o único serviço do Ministério da Educação que organiza atividades interescolares com um carácter sistemático, semanal e aos fins-de-semana, em todas as cinco regiões educativas e em todas as respetivas 21 áreas de coordenação educativa;

c) É o único serviço do Ministério da Educação que desenvolve atividades de complemento curricular em cerca de noventa e quatro por cento das Escolas do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário (cerca de 1.300 Clubes de Desporto Escolar); d) É o único serviço do Ministério da Educação que promove atividades pedagógicas que utilizam espaços educativos que carecem de uma edificação própria e especial: as infraestruturas desportivas;

(21)

10

e) É o único serviço do Ministério da Educação com uma rede específica de técnicos ao nível central, regional (Direções Regionais de Educação) e local (Coordenações Educativas), que desenvolvem um trabalho sistemático aos fins-de-semana;

f) É a organização desportiva do País com maior número de recursos humanos, na sua direta dependência: mais de 5.000 professores trabalham para o Desporto Escolar;

g) É uma organização desportiva que planeia, organiza, apoia, controla e avalia mais de 1.000 quadros competitivos anuais em 42 modalidades e em oito escalões etários (Infantis, Iniciados, Juvenis e Juniores, masculinos e femininos), num âmbito local, regional, nacional e internacional.”

Sendo o DE entendido como uma atividade de complemento curricular, ele pertence à escola e ao sistema educativo, pelo que deve ser entendido como um instrumento de intervenção pedagógica do sistema educativo, mas de igual modo, faz parte do sistema desportivo, pelo que é entendido como uma zona de interface com o sistema desportivo. É, portanto, um setor desportivo totalmente integrado no sistema educativo, pelo que deve preconizar objetivos prioritariamente educativos (Vieira, 2008).

Na Lei de Bases da atividade física e desporto (Lei nº 5/2007, de 16 de janeiro), o DE visa especificamente a promoção da saúde, a condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras, onde o entendimento do desporto é visto como um fator de cultura.

Neste âmbito Soares (1997, p. 48) aponta alguns princípios pelos quais o DE se deve orientar: - Deve ser um “fator de sedimentação de hábitos motores, de higiene e da condição física dos mais

jovens”;

- Deve servir como um meio educativo para adquirir conhecimentos, respeitantes à forma como reage o organismo e quais os seus benefícios, em termos de saúde, com a prática desportiva, já que estes benefícios estão associados a uma educação para estilos de vida mais saudáveis, ou seja uma formação cívica e intelectual dos educandos, não ficando só pelas questões de ordem motora e desportiva;

- Deve ser visto como um meio de formação pessoal e social dos mais jovens, que fomenta valores de solidariedade, cooperação e de convívio com os outros, respeitando as regras sociais e, em simultâneo, os valores adjacentes ao espírito desportivo;

- Deve ser visto como um fator de satisfação das necessidades dos jovens e dos seus interesses, salvaguardando as suas motivações, já que é tido como uma oportunidade essencial de autogestão e de organização autónoma, fomentando-se as funções de árbitro, dirigente ou mesmo treinador.

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11 Para Freitas (2002, p. 2), o DE encerra em si mesmo conteúdos e objetivos próprios tão específicos como

“os da promoção da saúde para um desenvolvimento e crescimento harmonioso equilibrado, através da prevenção de comportamentos desajustados, integração social, respeito pelas regras, pelos outros e por si próprio, de superação, compreensão e aceitação dos outros, em suma para o desenvolvimento de um conceito de cidadania”.

No mais recente Programa do Desporto Escolar (PDE, 2013-2017, p. 8) preconiza-se o

“acesso à prática desportiva regular de qualidade, contribuindo para a promoção do sucesso escolar dos alunos, dos estilos de vida saudáveis, de valores e princípios associados a uma cidadania ativa (…) de entre os quais se destacam: i. Responsabilidade; ii. Espirito de equipa; iii. Disciplina; iv. Tolerância; v. Perseverança; vi. Humanismo; vii. Verdade; viii. Respeito; ix. Solidariedade; x. Dedicação; xi. Coragem”.

Sumariamos com as palavras de Vieira (2008, p. 17) referindo que os

“princípios do desporto escolar são: contribuir para a formação integral dos alunos através de situações de convívio, camaradagem, de colaboração e cooperação, de competição, de organização e trabalho coletivo que nelas se vivem, retirando benefícios de ordem física, pedagógica e educativa, onde também se procura a construção de uma cidadania participativa e atuante que respeite a individualidade e a diferença, visto que as suas principais finalidades são o acesso à educação e ao bem-estar físico, através da prática desportiva orientada, visando: a promoção da saúde e condição física; a aquisição de hábitos e condutas motoras; o entendimento do desporto como fator de cultura; a estimulação de sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade e, ainda, a gestão de atividades por estudantes praticantes, sob a orientação de profissionais qualificados”. 1.3.A EDUCAÇÃO FÍSICA E O DESPORTO ESCOLAR

A relação entre a EF e o DE foi objeto de enormes discussões, divergências e contradições ou incompreensões que ainda se fazem sentir no seio dos profissionais de EF, com reflexos no desenvolvimento deste processo nas escolas (Pina, 1995). Para muitos profissionais e autores esta relação deve existir e de forma aprofundada, enquanto para outros o DE tem de ser encarado como uma unidade educativa perfeitamente individualizada com justificação e significado próprios (Carvalho, 1987).

(23)

12 Na perspetiva de Mota (2003) é na Escola e à Escola que compete fazer a introdução das crianças e jovens na cultura física: assim a escola pode, e deve, incorporar a prática desportiva em atividades extracurriculares e mesmo curriculares, já que a prática desportiva constitui em si um elemento fundamental de educação. Nesta perspetiva o DE pode projetar-se num elemento indispensável para a transformação da própria escola, tornando-se mais ativa, mais viva, mais solidária e mais democrática.

Rosado (1995) afirma que a EF possui um conjunto de potencialidades incisivas sobre os aspetos do desenvolvimento pessoal e social dos alunos, na medida em que promove a realização de objetivos em três grandes domínios: psicomotor, cognitivo e sócio afetivo. Destaca-se assim das demais disciplinas curriculares, sendo no domínio sócio afetivo que recai a grande responsabilidade pela facilitação do “desenvolvimento de atitudes e valores, de bens de personalidade” (1995, p. 5) e “mais

especificamente, de comportamentos de interação social, de cordialidade e interajuda, de responsabilidade e cooperação” (1995, p. 6).

Na opinião de Bento (2003, p. 41) o “ensino da EF tem como objetivo garantir um nível elevado

da formação básica – corporal e desportiva de todos os alunos”.

Garcia (2005) refere que os limites ou fronteiras entre a disciplina de EF e o DE não são muito evidentes e, em consequência, verifica-se uma exportação do modelo da aula de EF para o DE esquecendo-se, muitas vezes, que o DE se presta a atividades de natureza diferente daquelas da aula de EF.

Pina (2002, p. 27) refere que o “DE é um dos pilares da EF na escola e não fará sentido que entre

o que o professor realiza na atividade curricular e no tempo livre do aluno não haja uma íntima relação, na medida em que o processo desenvolvido na escola deve ser coerente com o PE”. Neste contexto o

professor de EF assume em papel relevante de modo a garantir o adequado apoio e enquadramento técnico-pedagógico às atividades desenvolvidas no âmbito do DE (Monteiro, 2001).

Já Carvalho (1987, p. 143) expressa que o DE

“tem, também, uma função educativa específica, insubstituível, que se desenvolve em termos diferentes da atividade curricular e desempenha uma outra função na vida do aluno. As duas funções, naturalmente, exercem relações mútuas entre si, levando-nos a dizer que a ausência de uma delas provoca automaticamente o empobrecimento do processo formativo global”.

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13 Bento (1994) acresce que a unidade entre as aulas de EF e o DE deve ser pautada pela sintonia, intercomplementaridade, continuidade e sistemática de intenções, objetivos e conteúdos.

Em conformidade com esta ideia Pires (1994) alerta para que o DE mantenha relações íntimas com a disciplina de EF e, aja em interação dinâmica, de forma a contribuir para o desenvolvimento educativo e desportivo, pessoal e social dos alunos pois o desporto constitui um dos fenómenos sociais com maior impacto e a sua prática, corretamente desenvolvida e orientada, representa uma importante fonte de valorização das pessoas e da sua qualidade de vida.

Também para Freitas (2001), o DE é uma atividade de complemento curricular que deverá funcionar em estreita ligação com a disciplina de EF.

A Escola, através da disciplina de EF e do DE é por vezes, o único veículo difusor e promotor da oferta de atividades físicas a muitas crianças e jovens deste país. Garcia (1999) acrescenta mesmo que a Escola deve também ir ao encontro das “modas”, mesmo as mais efémeras, porque são elas que melhor cativam a juventude, podendo contribuir de forma significativa para a aquisição de verdadeiros hábitos desportivos.

Assim, a EF e o DE, enquanto partes integrantes e estruturantes do PE de Escola, podem ser portadores de uma mensagem inovadora e transformadora, visando a aquisição de comportamentos, desde a autonomia e sentido de responsabilidade até à competição, risco e superação (Pina, 2002).

Concordamos com Carneiro (1990, cit. por Furriel, 2005) que refere que Escola que não proporcione aos seus educandos a EF e o DE não pode considerar-se uma Escola Completa.

1.4.RETROSPETIVA HISTÓRICA DO DESPORTO ESCOLAR EM PORTUGAL

O DE é uma realidade com uma linha temporal já significativa. No entanto, ao longo dos tempos tem vindo a sofrer mutações e adaptações face às conjunturas sociais por que vai passando. O presente enquadramento pretende situar o estado atual do DE face à história que o antecede. Com efeito, a compreensão da temática deve ser contextualizada, isto é, a realidade atual é resultado de uma evolução histórica e social que é situada e singular e que deve ser conhecida por quem tem o preceito de dinamizar o DE nas escolas.

Esta retrospetiva baseia-se, essencialmente, no trabalho de Pina (1997), que sistematizou o processo evolutivo do DE em Portugal, em nove períodos organizacionais distintos. Tomamos, igualmente, em conta o trabalho de Teixeira (2007), na medida em que este também se debruçou sobre esta temática, acrescentando dois períodos. Adicionalmente, e de forma pontual,

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apoiamo-14 nos em autores como Cunha (2002), Silva (2006) e Sousa (2004), porquanto os mesmos terão dado algum contributo para uma melhor descrição e compreensão desta temática. É de salientar que entre o último período e a data da redação deste texto existiram apenas algumas alterações, pouco significativas e que não justificam a criação de mais um período, sendo, por isso, incluídas no último ciclo.

1.º Período (1900-1936) – Livre Associativismo ou Modelo Federado

Período desenvolvido desde o início do século XX até à institucionalização da Organização Nacional da Mocidade Portuguesa em 1936. Caracterizou-se pela criação dos campeonatos desportivos escolares organizados pelo livre associativismo e pela realização de grandes encontros desportivos, organizados de forma pontual.

2.º Período (1936-1973) – Mocidade Portuguesa

A Organização Nacional da Mocidade Portuguesa surgiu em 1936, vigorando até 1973. As atividades desenvolvidas neste período retratavam o espírito militarista e nacionalista da época. Em 1966, o seu estatuto foi revisto e observou-se um incremento das atividades gimnodesportivas escolares, através dos “Centros de Instrução da Mocidade Portuguesa” e dos “Campeonatos

Escolares”.

3.º Período (1973-1974) – Direção Geral de Educação Física e Desportos

Este período estreou-se em 1973 com a publicação do Decreto-Lei n.º82/73 de 3 de março, com a definição de um novo estatuto para Direção Geral de Educação Física e Desportos, passando na época a ter competências sobre a Educação Física e Desportos, até então sob alçada da organização da Mocidade Portuguesa.

4.º Período (1974) – Separação Orgânica do Desporto Escolar e da Educação Física

A Revolução de 25 de abril, que implementou a democracia em Portugal, originou profundas transformações em todos os sectores, nomeadamente, nas áreas da EF e do Desporto.

A EF e o DE separam-se do ponto de vista da tutela, com o Decreto-Lei n.º694/74 de 5 de dezembro, pelo 3º Governo Provisório da República Portuguesa, ficando a primeira sob a tutela das Direções Gerais Pedagógicas e o DE na dependência da Direção Geral dos Desportos, responsável pela chefia, promoção e regulamentação do DE. Surge assim, pela primeira vez, um “Plano de

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15 através da prática educativa voluntária, amadora e não discriminada das atividades desportivas, em regime de ocupação de tempos livres.

Este período perdurou até à tomada de posse do I Governo Constitucional em 23 de Julho de 1976.

5.º Período (1974-1976) – I Governo Constitucional

Com a tomada de posse do I Governo Constitucional, realiza-se a passagem progressiva do DE da Direção Geral dos Desportos para as Direções Gerais Pedagógicas. Foi nomeado, pela primeira vez, através do Despacho Conjetural n.º175/77 de 18 de julho, um Coordenador Nacional para o DE a exercer funções em articulação com as Direções Gerais Pedagógicas. Neste período surge também o posto de Inspetor Distrital para o DE e Coordenadores de Concelhio.

6.º Período (1977-1986) – Direções Gerais Pedagógicas

Este período tem início em dezembro de 1977 e retira à Direção Geral dos Desportos as Competências relativas ao DE, com a publicação do Decreto-Lei n.º533/77 de 31 de dezembro, colocando-as nas Direções Gerais dos Ensino Básico e Secundário e à Inspeção-Geral do Ensino Particular e Cooperativo, através do Decreto-Lei n.º554/77 de 31 de dezembro.

Mais tarde, pela portaria n.º434/78 de 2 de agosto, são criados os Serviços de Coordenação de EF e DE nas Direções Gerais de Ensino. É o período dos “Grupos Desportivos Escolares”.

A falta de estabilidade política e legislativa configurou-se como um dos principais obstáculos à estruturação e desenvolvimento do DE em Portugal. Com efeito, entre 1974 e 1986, registaram-se registaram-sete mudanças de tutela do DE entre o sistema educativo e o sistema desportivo.

Esta instabilidade traduziu-se num entrave ao desenvolvimento de qualquer plano estratégico do DE, uma vez que este período foi pautado por incertezas e contradições entre um sistema e outro.

7º Período de (1986) – Direção Geral dos Desportos

Neste período, através da publicação do Decreto-lei nº 150/86, de 18 de junho, percebe-se uma alteração radical, pois, além de se extinguirem os serviços de Coordenação de EF e do DE, remete-se novamente para a Direção Geral dos Desportos a coordenação e o apoio das atividades desportivas não curriculares, no caso do DE. Esta nova conceção organizativa faz com que as responsabilidades na área do DE sejam entregues ao sistema desportivo, mais concretamente às

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16 Federações Desportivas de várias modalidades, com quem celebra protocolos de cooperação. Assistiu-se àquilo que Assistiu-se convencionou por Associativismo Juvenil, que asAssistiu-sentava em três projetos – Torneios Abertos, Clubes de Jovens e Férias Desportivas.

Este processo, por nunca ter sido um verdadeiro processo de escola, traduziu-se numa fraca adesão de professores e alunos. Esta fase foi apelidada de procura obsessiva do rendimento.

8º Período de (1986 – 1991) Lei de Bases do Sistema Educativo

O 8º período foi desencadeado pela publicação da Lei nº 46/86 de 14 de outubro, Lei de Bases do Sistema Educativo, vindo estabelecer uma nova orientação para o DE em Portugal, colocando-o novamente no âmbito do Sistema Educativo. Esta preocupação legislativa vem posteriormente a ser reforçada pela Lei de Bases do Sistema Desportivo, que, no seu art.º 6, diz: “O DE titula organização

própria no âmbito do Sistema Desportivo e subordina-se aos quadros específicos do Sistema Educativo.”

Em 30 de maio é publicado o Despacho n.º 87/ME/89 que cria, em regime de experiência pedagógica, o Gabinete Coordenador do Desporto Escolar. Este gabinete dependia, funcionalmente, do Diretor Geral do Ensino Básico e Secundário e do Diretor Geral dos Desportos.

9.º Período (1992- 2002) - Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento da Educação Física e do Desporto Escolar

Através do Despacho 1/EAM/SESE/92, de 8 de janeiro, cria-se mais um Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento da EF e do DE e extingue-se o anterior Gabinete Coordenador do DE.

É interrompido o regime de experiência pedagógica criado pelo despacho n.º 87/ME/89 de 30 de maio e as estruturas e meios que estavam a ser geridos e coordenados pelo Gabinete Coordenador do DE, passam a funcionar na execução das medidas aprovadas e a desenvolver no âmbito do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento da EF e do DE e na dependência conjunta do Diretor Geral dos Ensinos Básico e Secundário e do Diretor Geral dos Desportos. Voltamos a uma tutela que, desta vez é conjunta entre os Sistemas Desportivo e Educativo.

10º Período (2002-2006) - Extinção do Gabinete Coordenador do Desporto Escolar e integração do mesmo na Direção Geral de Desenvolvimento e Inovação Curricular

Poder-se-á dizer que este período se inicia com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 208/2002, de 17 de outubro, que aprova a orgânica do Ministério da Educação, nos termos da alínea b) do n.º 1 do

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17 artigo 33.º. Este decreto extingue o Gabinete Coordenador do DE, cuja tutela era conjunta, e integra o DE na Direção Geral de Desenvolvimento e Inovação Curricular, órgão dependente do Ministério da Educação que veio englobar todos os departamentos que funcionavam isoladamente.

11º Período (2006-….) Criação das Associações Desportivas Escolares e Escolas de Referência Desportiva

No ano de 2006, por decisão da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto e da Secretaria de Estado da Educação, através do Despacho Conjunto nº 268/2006, de 23 de março, foi criado um novo grupo de trabalho designado de Comissão de Reavaliação do DE, constituído por especialistas sobre o desenvolvimento desportivo no sentido de diagnosticar os problemas e elaborar propostas para um novo modelo organizativo do DE.

Contrariamente a todas as opiniões que apontavam que o DE voltaria para o Sistema Desportivo é criado o PDE 2006/2007, onde nasce o conceito de Associações Desportivas Escolares para a organização dos quadros competitivos. Segundo as orientações deste programa, o Projeto de DE deveria passar a ser, tendencialmente, plurianual, de modo a consolidar a sua afirmação e continuidade, contribuindo para a criação de uma cultura desportiva de escola.

Com a edição do PDE para 2009/2010 (DGIDC, 2009), a atividade interna e externa do DE começaria a ser de oferta obrigatória em todas as escolas e teria de fazer parte do seu projeto pedagógico. Deveria, ainda, ser articulado com as Atividades Físicas Desportivas das Atividades de Enriquecimento Curricular do primeiro ciclo do ensino básico. O PDE passa a ser concebido para cada quatro anos, tal como o programa em vigor.

Já na introdução do PDE vigente (2013-2017) pode verificar-se que este teve em consideração os resultados da avaliação do ciclo de gestão anterior (2009-2013) e que visa aprofundar as condições para a prática desportiva regular em meio escolar. Neste programa, apesar de ainda estar no seu início e portanto ser difícil de estimar, parece-nos que é dado algum destaque a criação e renovação de Centros de Formação Desportiva.

Perante esta visão panorâmica não nos parece displicente observar que o DE foi visto como uma forma de afirmação política dos governantes que registaram o seu cunho e conceção pessoal, quando, para isso, interromperam processos de organização e implementação de estratégias de desenvolvimento, provocando evoluções e retrocessos constantes, impossibilitando a afirmação de um DE forte, organizado e o mais abrangente possível. Só neste último período parece haver

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18 alguma continuidade/estabilidade nas medidas a que certamente não será alheio o facto dos projetos e Programas do DE serem desenvolvidos para quatro anos e terem ficado decididamente sob a alçada do Sistema Educativo.

1.5.ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO DO DESPORTO ESCOLAR

Neste ponto, numa perspetiva histórica, salientamos um conjunto de diplomas legais, relevantes e relacionados com a atividade da EF e do DE que deverão ser do conhecimento do CTDE:

Quadro 1 - Diplomas legais que suportam o Desporto Escolar

Diploma Legal Designação/Desenvolvimento

Lei nº 46/86, de 14 de outubro

Lei de Bases do Sistema Educativo

Portaria 406/87, de 14 de maio

Regulamenta o Desporto Federado

Lei nº 1/90, de 13 de janeiro

Lei de Bases do Sistema Desportivo

Decreto-Lei nº 95/91, de 26 de fevereiro

Aprova o regime jurídico da EF e do DE

Decreto-Lei nº 164/96, de 5 de

setembro

Adequa as Leis Orgânicas do Instituto do Desporto e do Ministério da Educação ao estabelecido no Decreto-Lei n.° 296-A/95, de 17 de novembro - Lei Orgânica do XIII Governo Constitucional

Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de

maio

Estabelece o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, bem como dos respetivos agrupamentos. Prevê, nomeadamente, os agrupamentos de escolas, o que obriga o DE a dar uma resposta progressiva e ajustada a esta possibilidade de associação de estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, em torno de um projeto pedagógico comum

Portaria nº 206/99, de 25 de março

Altera a portaria nº 999/98, de 27 de novembro, clarificando as entidades a quem ficam afetos os pavilhões desportivos escolares construídos no âmbito do PDE 2000

Lei n.º 30/2004, de 21 de julho

Lei de Bases do Sistema Desportivo

Lei nº 5/ 2007, de 16 de janeiro

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Diploma Legal Designação/Desenvolvimento

Decreto-Lei n.º 14/2012 de 20 de

janeiro

Aprova a estrutura orgânica da DGE, em conformidade com a missão e as atribuições que lhe são cometidas pela Lei Orgânica do MEC.

Decreto-lei 139/2012 de 5 julho

Estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão dos currículos dos ensinos básico e secundário, da avaliação dos conhecimentos a adquirir e das capacidades a desenvolver pelos alunos e do processo de desenvolvimento do currículo dos ensinos básico e secundário

Despacho n.º 13608/2012 de 19

outubro

Cria no âmbito da DGE a Divisão do DE.

Decreto-Lei n.º 266-G/2012 de 31 de

dezembro

Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 125/2011, de 29 de dezembro, que aprova a Lei Orgânica do MEC

Despacho Normativo n.º 7/2013 de 11 de

junho

Atualiza e desenvolve os mecanismos de exercício da autonomia pedagógica e organizativa de cada escola e harmoniza-os com os princípios consagrados no regime jurídico de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação.

Despacho n.º 9302/2014 de 17 de

julho

Determina a oferta desportiva e o número de créditos de tempos letivos a atribuir no PDE no ano letivo de 2014-2015.

Fonte: Adaptado de PDE 2009-2013, pp.30,31

1.6.DESPORTO ESCOLAR E PROJETO EDUCATIVO

Em 1997 através do Ministério da Educação foi lançado às escolas o desafio de ensaiarem caminhos próprios no âmbito da gestão flexível do currículo, em função dos contextos em que se encontravam inseridas.

A gestão flexível do currículo inscreve-se assim no quadro mais amplo do regime de autonomia das escolas, - Decreto Lei - N.° 115 A/98, de 4 de maio, só tendo plena concretização quando articulado com o plano educativo da escola, onde são consideradas as especificidades de cada escola e respetiva comunidade (Cunha, 2002). Este modelo de gestão interfere naturalmente com a organização e gestão da escola em diversos setores como, por exemplo, o DE.

O DE deve ser, por isso, entendido, como uma responsabilidade da comunidade escolar, pois é à escola que compete tomar decisões sobre a forma de responder aos problemas apresentados pelos seus alunos. Caberá aos órgãos de gestão das escolas encontrar as melhores soluções para valorizar a

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20 prática das atividades desportivas. Um dos princípios do programa do DE é que este deverá fazer parte integrante do Projeto Educativo da escola. Este último, enquanto instrumento de planeamento de natureza estratégica, é o documento onde se inscrevem as principais linhas estratégicas de desenvolvimento, assumindo todas as orientações de política educativa e respetivas possibilidades de diferenciação e construção da singularidade de cada escola.

Guimarães (2005) refere que o DE não deve assumir as mesmas formas para todos os alunos. As suas finalidades e objetivos devem ser comuns, mas a sua operacionalização deve reger-se por princípios de decisão local, ajustada a regras e orientações e de acordo com as caraterísticas do contexto dos seus destinatários. Daí a importância do Projeto de Desporto Escolar estar inserido no PE como fio condutor de toda a comunidade educativa, das parcerias com as autarquias, com os pais, com os clubes. Já Carvalho (1987, p. 25) afirmava que o “DE deve promover um lugar de encontro entre a

escola e a comunidade local, de forma a permitir a participação de todos os parceiros sociais no desenvolvimento das suas atividades”. Também o Documento Orientador do Desporto Escolar: Jogar

pelo Futuro, Medidas e Metas para a Década (Ministério da Educação, 2003) considera que o desenvolvimento do DE passa por um triângulo de relacionamento com as federações desportivas, as autarquias e a comunidade envolvente.

Segundo Pires (1996, p. 312), o DE só é agente transformador da escola se funcionar de acordo com a sua “vocação e missão num regime aberto, em interação dinâmica com o meio social e a própria

sociedade desportiva, em suma, em função dos interesses dos alunos”. Nesta ordem de ideias, será

importante que o DE veja reforçada a sua integração plena nos PE de Escola, como elemento transformador e inovador para uma escola de sucesso, criando condições organizacionais e de funcionamento dentro de cada escola, e que o dignifiquem.

Garcia (2005, p. 5) defende que o

“DE não pode, sob pena de ficar isolado, alhear-se da comunidade envolvente, naquilo que poderemos denominar de dimensão ecológica da educação. Ao envolver a comunidade, o DE poderá estender o seu domínio aos familiares das crianças e dos jovens, aos professores e funcionários. A Escola é uma comunidade viva que ultrapassa a simples condição de aluno”.

Nesta linha de pensamento, Furriel (2005) diz que a valorização da escola e de toda a sua comunidade passa também pelo DE. Enquanto atividade de enriquecimento curricular o desporto escolar é para todos. É um meio de formação desportiva, essencial na formação integral do aluno, e é uma forma de exercer uma cidadania mais responsável. É, igualmente, uma forma de desenvolver o espirito empreendedor, de cooperação, cívico e ético.

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21 Então, sendo a Escola o centro do desenvolvimento da prática desportiva educativa e o DE uma atividade abrangente para todos os alunos, sem qualquer tipo de exclusão ou segregação, compete aos estabelecimentos de ensino fomentá-lo como um espaço alargado de interdisciplinaridade, um instrumento pedagógico e um fator de progresso e de futuro, um elemento fundamental para a cidadania e formação integral das crianças e jovens.

O PE deve expressar as linhas de orientação da política educativa da escola,

"os principais problemas a resolver, as prioridades, a definição dos objetivos e refletir os desejos e aspirações de uma comunidade escolar, o seu passado, as tradições culturais, bem como, as condições organizacionais que lhe são próprias." (Pina, 1997, cit. por Cunha, 2002,

p. 26).

Nesta perspetiva, faz todo o sentido o DE, pela importância que tem, integrar o PE da escola/agrupamento e ser claramente assumido por toda a comunidade escolar no seu plano de ação, pois é um projeto transversal e interdisciplinar.

Um dos maiores desafios que se coloca à escola é ser capaz de afirmar a sua identidade: Tem de reconhecer as suas próprias características e colocá-las ao serviço das grandes finalidades educativas. Esta identidade pressupõe,

"por um lado um conjunto de atitudes e esforços no sentido da crescente autonomia da comunidade escolar, e por outro, o estabelecimento de parcerias e cooperação com outros elementos da comunidade educativa, desde as famílias e instituições locais, até aos grupos sociais do meio envolvente" (Pina, op. cit. p. 25).

Esse apoio ou cooperação pode ser uma mais-valia, por exemplo, para a atividade de nível I – um dos níveis de desenvolvimento do DE – aquela que é a melhor forma de proporcionar oportunidades de prática de atividade física e desportiva, para além da disciplina de educação física, a todos os alunos num “quadro de promoção da saúde, da qualidade de vida e da cidadania”.

Mais recente é a resolução da Assembleia da República nº94/2013 que também aponta para a

“celebração de protocolos entre as escolas, autarquias, associações, Instituto Português do Desporto e Juventude e Instituto do Emprego e Formação Profissional (…) permitindo assim uma abertura da escola à comunidade”.

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22 O que é um facto - apesar de várias alterações de legislação, tanto da administração e gestão das escolas, como do DE - é que há constrangimentos que se mantêm e foram já identificados em 1998, pelo então diretor do Gabinete de Coordenação do DE, Dr. Manuel Brito, no 1º Congresso do DE:

“Não poderemos ter grandes avanços quantitativos e qualitativos no DE se, questões como, por exemplo, a rede escolar, a carga horária letiva semanal dos alunos e a sua distribuição, as instalações desportivas, os transportes escolares, a formação dos professores e a própria qualidade no ensino da Educação Física, não contribuírem para promover ou facilitar o desenvolvimento harmónico de todo o sistema”.

No entanto em Portugal é possível encontrar projetos que evidenciam boas práticas. Na publicação de 2006 do Ministério da Educação/Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular – “DE – Um Retrato”, é possível constatar alguns casos de excelência e pode-se concluir que a qualidade desses resultados está ligada a três fatores principais: existência de instalações escolares, ou na proximidade das escolas, com condições adequadas; valorização do DE pela comunidade escolar/educativa e empenhamento e competência técnica por parte de professores e desses alunos.

1.7.ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ATUAL DO DESPORTO ESCOLAR

O DE que surge ainda antes da Revolução de abril é, de todas as atividades formativas que a escola coloca à disposição dos alunos, a que melhor assimilou a passagem pelo tempo e sobreviveu até aos nossos dias (Nogueira, 2009). No entanto foi alvo de alterações significativas no seus modelos organizativos até chegar à estrutura que é apresentada pelo PDE 2013-2017.

Figura 1 - Enquadramento institucional da Coordenação do Desporto Escolar

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23 No momento atual, a estrutura organizacional do DE compõe-se de três níveis complementares: uma coordenação de âmbito nacional, cinco coordenações regionais que incluem vinte e quatro coordenações locais e um número variável de CDE, promovidos pelos agrupamentos de escolas.

Figura 2 - Diagrama da Estrutura Organizacional do Desporto Escolar

Fonte: site do DE (http://desportoescolar.dge.mec.pt/organograma)

1.7.1. COORDENAÇÃO NACIONAL DO DESPORTO ESCOLAR

A nível central no MEC, e mais especificamente na DGE, exerce funções uma equipa multidisciplinar que é a Coordenação Nacional do Desporto Escolar, que enquanto unidade orgânica tem como atribuições: “Coordenar, acompanhar e propor orientações, em termos

cientifico-pedagógicos e didáticos, para a promoção do sucesso e prevenção do abandono escolar e para as atividades de enriquecimento curricular e do DE.” (PDE 2013-2017, p. 14).

Coordenação Nacional do Desporto Escolar Coordenação Regional do Norte Coordenação Regional do Centro Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo Coordenação Regional do Alentejo Coordenação Regional do Algarve Coordenação Local de Braga Coordenação Local de Bragança e Côa Coordenação Local do Porto Coordenação Local entre Douro e Vouga Coordenação Local do Tâmega Coordenação Local de Viana do Castelo Coordenação Local de Vila Real e Douro Coordenação Local de Aveiro Coordenação Local de Castelo Branco Coordenação Local do Coimbra Coordenação Local da Guarda Coordenação Local de Leiria Coordenação Local de Viseu Coordenação Local de Amadora-Cascais-Oeiras Coordenação Local da Lezíria e Médio Tejo Coordenação Local de Lisboa Cidade Coordenação Local de Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira Coordenação Local de Sintra Coordenação Local do Oeste Coordenação Local da Península de Setúbal Coordenação Local do Alentejo Central Coordenação Local do Alto Alentejo Coordenação Local do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral

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24 Poder-se-á afirmar que é o cérebro de toda a conceção do DE e tem como vetores estratégicos e objetivos para o período compreendido entre 2013 e 2017:

“A - Melhorar a oferta desportiva

Reforçar a componente de atividade interna (Nível I);

Diversificar o leque de modalidades desportivas disponíveis e aumentar o acesso àquelas cujas especificidades técnicas exigem condições especiais;

B – Estimular a procura do Desporto Escolar

Aumentar a número de atividades para alunos com necessidades educativas especiais. Aumentar o número de praticantes na atividade interna e externa;

Aumentar a taxa de feminização dos praticantes;

Aumentar o número de praticantes no ensino secundário. C - Qualificar a atividade do Desporto Escolar

Melhorar o desempenho desportivo dos alunos;

Reforçar a articulação entre o DE e o currículo, destacando o seu papel na promoção do sucesso educativo, da inclusão e do combate ao abandono escolar;

Alargar e dinamizar a rede de parceiros do DE;

Aumentar a formação e atualização de conhecimentos dos intervenientes no DE; Definir e implementar o código de conduta dos intervenientes no DE.

D- Consolidar a gestão do Desporto Escolar

Implementar uma cultura de exigência baseada na autoavaliação e na avaliação. Melhorar a comunicação interna e externa do PDE;

Implementar um sistema integrado de informação.” (PDE 2013-2017, p. 9).

1.7.2. COORDENAÇÃO REGIONAL DO DESPORTO ESCOLAR

De acordo com a Portaria nº 29/2013 de 29 de janeiro, compete à DGEstE “assegurar a

implementação a nível regional dos diversos programas, projetos e atividades do Desporto Escolar, em articulação com a DGE” (PDE 2013-2017, p. 16) através das Coordenações Regionais do Desporto

Escolar cuja função será administrar perifericamente os serviços do MEC de forma a orientar, coordenar, acompanhar as escolas e assegurar os recursos humanos para operacionalizar o PDE.

As DGEstE são os aplicadores locais do programa elaborado a nível central pela Coordenação Nacional do Desporto Escolar. Portugal Continental divide-se por cinco DGEstE: Norte; Centro; Lisboa e Vale do Tejo; Alentejo e Algarve. Cada DGEstE possui um Coordenador Regional do Desporto Escolar

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25 e está dividida em unidades orgânicas mais pequenas denominadas por Coordenações Locais do Desporto Escolar que são estruturas de proximidade. A DGEstE da qual fazemos parte está dividida nas seguintes Coordenações Locais do Desporto Escolar: Porto, Entre Douro e Vouga, Tâmega, Vila Real e Douro, Braga, Viana do Castelo, Bragança e Côa. Estas Coordenações Locais têm como principais funções a dinamização local dos campeonatos desportivos, e em articulação com as DGEstE dos campeonatos regionais, bem como o apoio às escolas da sua área de intervenção.

Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares

Direção de Serviços da Região Norte (7 Coordenações Locais)

Direção de Serviços da Região Centro (6 Coordenações Locais)

Direção de Serviços da Região Lisboa e Vale do Tejo

(7 Coordenações Locais)

Direção de Serviços da Região do Alentejo (3 Coordenações Locais)

Direção de Serviços da Região Algarve

Figura 3 - Mapa das DGEstE e Coordenações Locais do Desporto Escolar

Fonte: PDE 2013-2017, p.3

1.7.3. CLUBE DESPORTO ESCOLAR

Ao nível dos Agrupamentos de Escolas surgem os CDE, unidades organizacionais fundamentais para a execução do PDE pois é nelas que se encontram os alunos, professores e instalações para a realização da prática desportiva. Cabe a cada escola, de acordo com as características próprias, a elaboração do projeto de DE, que deve estar integrado no PE de Escola e aprovado em Conselho Pedagógico.

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26

1.7.3.1. O CLUBE DO DESPORTO ESCOLAR: NATUREZA E CONSTITUIÇÃO

Na perspetiva de Guimarães (2005) o DE deve basear a sua prática e as suas iniciativas na capacidade organizativa e mobilizadora da Escola. Para tal deve estabelecer uma rede funcional entre elas garantindo que a nível local são encontradas as melhores soluções. Posto isto, depreende-se que a estrutura organizacional do DE nacional deva supervisionar e acompanhar mas não organizar, já que se encontra hierarquicamente muito distante da realidade particular de cada estabelecimento de ensino.

As atividades extracurriculares são criadas e dinamizadas pela escola com o objetivo de otimizar o tempo dos alunos fora dos tempos curriculares. Têm evoluído de acordo com as necessidades e as exigências da comunidade a que a escola pertence e assumido as mais variadas facetas. São transversais aos vários níveis de ensino, têm carácter facultativo e devem resultar de interesses manifestados pelos alunos. Por serem facultativos, não têm avaliação curricular e possuem uma forte componente social e socializadora.

Cabe à escola, enquanto organização, gerir adequadamente as componentes Curricular e não Curricular. De acordo com o disposto no artigo 48º da lei nº 46/86 de 14 de outubro – Lei de Bases do Sistema Educativo, “as atividades curriculares dos diferentes níveis de ensino devem ser

complementadas por ações orientadas para a formação integral e a realização pessoal dos educandos no sentido da utilização criativa dos seus tempos livres”. Um dos princípios do PDE é que este deverá

fazer parte do PE de cada escola.

Para responder a essa situação o CDE é constituído por um Coordenador Técnico, por todos os docentes de EF, pelos alunos praticantes e por vários representantes da comunidade educativa “é a

unidade organizacional do agrupamento de escolas ou escolas não agrupadas responsável pelo desenvolvimento e execução do PDE” (PDE 2013-2017, p. 17).

O projeto deve ser estruturado tendo como unidade orgânica em cada agrupamento de escolas um CDE, sendo necessário existir um CTDE, que é um professor de EF da escola, o qual terá um determinado crédito de dois tempos, na componente não letiva, para desempenhar essa tarefa (Regulamento do PDE 2013-2017).

O funcionamento do CDE tem por base a existência de grupos-equipas por modalidade, de que são responsáveis os professores que aderiram ao projeto e a quem são atribuídos créditos horários o que significa uma redução na componente letiva do seu horário.

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27 Para o exercício de funções no DE, os docentes poderão ter uma afetação da componente letiva e/ou não letiva de acordo com o quadro seguinte:

Quadro 2 - Afetação de componente letiva e não letiva dos docentes no Desporto Escolar

FUNÇÃO COMPONENTE LETIVA COMPONENTE NÃO

LETIVA MÍNIMA RECOMENDADA

Coordenador Técnico e ou Coordenador Adjunto do Clube do Desporto Escolar

2 tempos

Professor com atividades de Nível I Professor responsável por grupo-equipa de Nível II

Até 3 tempos 2 tempos para acompanhar os alunos nas competições do DE

Professor responsável por grupo-equipa de Nível III

Até 2 tempos, em acumulação com os tempos atribuídos no nível II.

Exercício de funções nos Centros de Formação Desportiva

Até 12 tempos 8 tempos

Fonte: Regulamento do PDE 2014-2015, p.7

Compete ao CDE, através do seu Diretor, elaborar e fazer aprovar anualmente no Conselho Pedagógico do Agrupamento o seu PDE.

O processo de constituição do Clube desenvolve-se de acordo com o programa que atualmente tem a duração de quatro anos e é emanado pela Coordenação Nacional do DE. A candidatura do projeto do DE do Agrupamento de Escolas formaliza-se, eletronicamente, em http://www.dge.mec.pt, no prazo e de acordo com os procedimentos definidos pela DGE.

O projeto de adesão é elaborado e executado sob responsabilidade do Diretor do Clube do Desporto Escolar (DCDE) e aprovado em Conselho Pedagógico. O DCDE é, por norma, o diretor da escola ou agrupamento de escolas podendo esta competência ser delegada num dos outros elementos da direção.

Compete ao DCDE:

a) Assegurar a articulação das atividades do DE com a componente curricular, com o PE e com o Plano Anual de Atividades da escola;

Imagem

Figura 1 -  Enquadramento institucional da Coordenação do Desporto Escolar
Figura 2 -  Diagrama da Estrutura Organizacional do Desporto Escolar
Figura 3 -  Mapa das DGEstE e Coordenações Locais do Desporto Escolar
Figura 4 -  Níveis de desenvolvimento da oferta desportiva do CDE
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Referências

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