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5.1.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o processo de realização deste trabalho de investigação e reflexão sobre aspetos do nosso percurso profissional adquirimos um conhecimento mais fundamentado sobre o DE em geral e sobre as atividades de nível I. Certamente tornar-se-ão úteis, quer à regulação das nossas ações individuais, quer à adequação de tais ações na ação coletiva de CTDE e, desde logo, à melhoria da instituição escolar na qual exercemos funções.

Para a análise do PDE fizemos uso de documentação oficial variada. Neste momento reconhecemos que a análise documental deveria ter sido acompanhada por entrevista(s) a quem exerceu o cargo de CTDE nos anos a que se refere o trabalho. Permitiria, certamente, uma análise mais pormenorizada.

Assim, no corpo deste relatório de atividade profissional abordámos alguns aspetos relativos ao DE que passaremos em breve revista - seguindo a ordem pela qual foram apresentados - e tecemos algumas considerações. Então:

De acordo com a Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto e do PDE 2013-17 (DGE, 2013) o DE tem a função de proporcionar uma atividade de complemento curricular da disciplina de EF na perspetiva de continuidade, reforço e satisfação de necessidades e interesses dos alunos. Urge, na nossa opinião, criar uma ligação cada vez mais sólida entre a EF e o DE.

A Escola, dada a sua perspetiva educativa interdisciplinar deve assumir um papel fundamental na educação desportiva e cívica dos seus legítimos utilizadores – os alunos. Seria um erro não aproveitar as potencialidades específicas que o desporto encerra para corresponder às necessidades do desenvolvimento integral das crianças e jovens. Desde logo o DE deve estar bem presente e com caráter demarcado no PE da escola.

Da análise histórica do DE verifica-se que não existe um padrão harmonioso e retilíneo no seu percurso. Aconteceram descontinuidades que revelam uma ausência de coerência interna a que, certamente, não serão alheias as visões políticas de diferentes governos. Neste contexto o modelo de organização do DE reflete também o resultado das ideologias políticas e sociais vigentes o que, por vezes, provoca alguma instabilidade nas práticas desportivas nas escolas. Exemplo disso é a diminuição de tempos letivos consagrados ao treino dos grupos-equipa nos últimos anos, falando-se mesmo na possível passagem para a componente não letiva dos professores.

A estrutura orgânica do DE de acordo com o programa do DE 2013/17, tendo como referência o modelo anterior até 2012, sofreu algumas alterações a nível nacional e regional das quais distinguimos:

64 - A nível regional o DE estava ligado às Equipas de Apoio às Escolas que foram extintas passando a integrar a DGEstE, estrutura onde podemos encontrar o Coordenador Regional do DE e as Coordenações Locais do DE.

- A nível do CDE a mudança mais significativa resume-se ao fato do CTDE poder ter um adjunto que, tendo em conta a disponibilidade que o cargo exige é, certamente, muito útil.

Relativamente à exigência do cargo de CTDE e à sua influência no desenvolvimento das atividades de nível I não se pode deixar passar em claro a importância desta função ser desempenhada por alguém com um perfil de forte espírito de missão e humildade pois, tendo em conta a nossa experiência em diferentes meios escolares, estas qualidades são postas à prova algumas vezes.

Aproveitando o ensejo, tendo em conta o volume de trabalho a que o CTDE está sujeito atualmente, propomos que, tal como é prática na Região Autónoma da Madeira, as funções do CTDE sejam repartidas por dois docentes. Um mais disponível para coordenar as atividades de nível I e o outro com competências mais direcionadas para as atividades de nível II e/ou III.

A par da anterior sugestão/reflexão lembramo-nos que os professores envolvidos nas atividades do DE, especialmente as desenvolvidas no nível I, deveriam ter mais espaços temporais disponíveis para a dinamização e operacionalização das mesmas. Por vezes - mais do que aquelas que seria desejável - a realização das atividades cai na boa vontade de cada um dar o contributo porque ultrapassam largamente o contemplado no horário de trabalho.

A dinâmica de desenvolvimento das escolas assenta, cada vez mais, na ideia de mudança em parceria, o que pressupõe um esforço e uma responsabilidade coletiva da comunidade educativa em articulação e coerência institucional. O contributo de toda a comunidade educativa é, naturalmente, imprescindível e o DE não pode ficar indiferente a esta realidade.

Neste contexto, o CDE deve estruturar-se e consolidar-se a partir do aproveitamento da dinâmica interna e da filosofia de que “não existem escolas uniformes no que respeita à organização do DE. As

caraterísticas e as condições reais de cada escola determinam uma organização própria” (Soares, 1997,

p. 37).

Deste modo devemos incluir o CDE como uma estrutura simples e flexível no seio da escola, como ponto de encontro da comunidade escolar, dos órgãos de gestão da escola, dos professores, dos alunos, dos encarregados de educação, dos auxiliares educativos e outros parceiros que integrem a comunidade próxima. Configurando: o modelo não deve ser fechado, cabem neste processo outras

65 formas de organização e todas as experiências e dinâmicas vividas, de forma a referenciar os seus aspetos positivos e potenciar o seu desenvolvimento. Só através de uma organização mais dinâmica, e com autonomia suficiente para concretizar os seus projetos, se poderá esperar um efetivo crescimento e melhoria da qualidade do DE ao nível da escola.

De acordo com Guimarães (2005, p. 20), é desejável que as “práticas do DE sejam garantidas pela

escola através dos seus agentes educativos, podendo contar com o apoio técnico, pedagógico e logístico das autarquias e dos demais agentes desportivos”. Neste sentido, a vocação do CDE e as

atividades de nível I poderão servir para formar e ocupar os tempos livres dos jovens, numa perspetiva formativa-desportiva, educativa e de prática para a saúde. Trata-se de uma questão que terá de ser resolvida ao nível interno do clube, de acordo com as opções e motivações dos agentes educativos.

Em suma, é altura de estabelecer relações de confiança, de definir estratégias, de rentabilizar recursos, de clarificar objetivos na procura de soluções consistentes e consequentes, de forma a facilitar e diversificar a prática do desporto na população estudantil, dando espaço às propostas por nós apresentadas no ponto 3.3 deste projeto “Sugestões para melhoria do projeto das atividades de

nível I do projeto DE do Agrupamento de Escolas Diogo Cão: a perspetiva do CTDE”. Dessas sugestões

destacamos “a integração plena do projeto do DE no PE” e a implementação dos projetos “turma mais

desportiva” e “Bike to School”. Certamente que, postas em prática, estas medidas trariam um novo

significado ao conceito de atividades de nível I no Agrupamento de Escolas Diogo Cão.

Refletindo ainda sobre algumas vivências marcantes, enquanto CTDE, a ideia que nos ocorre é que cada projeto tem as suas particularidades: os constrangimentos nunca se acabam mas as soluções também não. A diferenciação está na capacidade que o CTDE e o CDE possam ter para construir, negociar e assumir ativamente o projeto do DE com a participação e envolvimento de todos os atores educativos.

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