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4.1.O COORDENADOR TÉCNICO ENQUANTO ELEMENTO CATALISADOR DAS ATIVIDADES DE NÍVEL I DO CLUBE DO DESPORTO ESCOLAR

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“Talento ganha jogos mas trabalho em equipa ganha campeonatos.”

Michael Jordan

Pensar no CDE exige forçosamente que se pense nos profissionais que o constituem, que trabalham e cooperam na consecução de objetivos comuns e nas relações que se estabelecem entre eles. Na nossa perspetiva um dos pilares essenciais de qualquer organização, quando de facto envolvidas e motivadas são, sem dúvida, as pessoas. Por essa razão vamos refletir sobre esta questão já que "os recursos humanos podem ser um motor de desenvolvimento ou um entrave, se não partilharem os valores da organização." (Hill, 2001, p. 69 cit. in Cunha 2002, p. 37).

Baseando-nos na experiência enquanto CTDE pensamos que o que faz a diferença no desenvolvimento das atividades dinamizadas pelo CDE não passa só pelos recursos materiais, pela disponibilidade dos alunos mas, fundamentalmente, pela qualidade dos docentes, que, por sua vez, é a base de todas as outras potenciais qualidades do CDE enquanto organização. Esta qualidade assenta em duas componentes: "uma técnica - a da competência e habilitação, e outra humana - a das atitudes,

da atenção, da comunicação, da lealdade, do empenhamento, do inconformismo, etc. São estas duas componentes que sendo complementares, determinam a qualidade dos recursos humanos." (Damásio,

1998, p. 73). Neste trabalho vamos centrar-nos preferencialmente na componente “humana” visto que a componente “técnica” não está dentro do campo de ação do CTDE.

Enquanto CTDE, nas diferentes escolas onde exercemos esse cargo, temos procurado que os professores pertencentes ao CDE trabalhem em equipa, num esforço coordenado, de maneira a que dos esforços individuais resulte um nível de desempenho mais elevado do que o somatório dos esforços individuais. Acreditamos que a colaboração entre os elementos do grupo é fator essencial para se atingirem os objetivos e valores pretendidos. Dessa colaboração, se efetiva, resulta sempre uma aplicação mais eficiente dos recursos, talentos e forças disponíveis.

Diz-nos a experiência que para atingir a plena colaboração por parte das pessoas é necessário saber ouvir opiniões diferentes e compartilhar escolhas e alternativas com os demais; é necessário envolver os indivíduos nas tomadas de decisão para que possam entender a atividade em equipa como o resultado de um esforço conjunto em que as vitórias e fracassos são responsabilidade de todos os membros envolvidos.

As decisões tomadas por acordo são geralmente melhores que aquelas à qual a pessoa mais inteligente do grupo poderia ter chegado sozinha. Desta forma as pessoas sentem as soluções

60 encontradas como suas e estabelecem um compromisso em conduzi-las para o sucesso. Não há dúvida que com uma equipa colaborativa há mais sugestões, abertura a novas perspetivas. Como dizia Albert Einstein “duas cabeças pensam melhor que uma”.

Para além disto é muito importante criar e desenvolver um ambiente saudável e agradável pois o trabalho de equipa, por vezes, requer muitas horas de convivência e portanto respeito e harmonia entre os membros.

No entanto, e apesar de todas as inegáveis vantagens do trabalho em equipa, há alguns obstáculos que resultam, a maior parte das vezes, de dificuldades de comunicação e/ou relacionamento entre os elementos do CDE. Consideramos que o relacionamento interno é extremamente importante para que o trabalho possa fluir bem. Quando há tensões, mal-estar ou instabilidade que minem o relacionamento entre os elementos as etapas de execução das atividades/projetos são transtornadas e resulta em insatisfação para todos.

Neste ponto, como líderes do grupo, precisamos de refletir sobre o que poderá estar na origem do descontentamento e, independentemente das nossas afinidades, quando algum elemento do grupo não tem um comportamento/atitude adequada é preciso atuar abertamente sobre os pontos que precisam de ser modificados, mostrando os benefícios que a mudança pode gerar. As diferenças de opinião devem ser vistas como algo construtivo pois é delas que pode ocorrer a mudança, a criatividade, o “crescimento”. Não nos devemos deixar arrastar pela ideia de que “se eu disser alguma

coisa ele ficará contra mim”; isso é deixar avolumar o problema. Trabalhar em equipa, com pessoas

distintas, ao mesmo tempo que traz o desafio de lidar com as diferenças, traz os benefícios de aproveitar as caraterísticas e competências individuais de cada um. E é no potenciar do processo de transferência das qualidades individuais para a equipa de trabalho do CDE que está a verdadeira missão do CTDE.

A tarefa de líder do CTDE, por vezes, não se apresenta fácil: na organização das atividades de nível I não basta só sentar-se com os colegas e planear as atividades ou manter um bom relacionamento dentro da equipa de trabalho. É muito mais que isso, é trabalhar continuamente a capacidade de comunicação e acima de tudo estar disposto a ser tolerante com as ideias, opiniões, crenças, valores e princípios dos membros do grupo. Mesmo assim existem, por vezes, constrangimentos em se trabalhar em equipa considerando que nos CDE de que fomos Coordenadores encontramos vários tipos de pessoas, colegas que se podem transformar em amigos, mas que, por vezes, são tão diferentes e têm ideias tão distintas que se torna um desafio manter um ambiente sereno e produtivo. Mas são estes momentos de desafio que nos possibilitam crescer como profissionais e como homens. É, nestes

61 momentos, que devemos entender as necessidades e caraterísticas de cada indivíduo e, a partir desse conhecimento, saber qual a melhor maneira de comunicar, na perspetiva de encontrar uma solução ou uma alternativa para a situação. De acordo com Oliveira (2000, p. 52) “ a construção de uma cultura

colegial é um processo longo, não isento de dificuldades e conflitos, que requer a criação de condições várias, nomeadamente de espaços e de tempos destinados ao trabalho em comum (…)”.

Segundo Miller, (cit. por Crainer 1999, p. 129) "o melhor para se iniciar o desenvolvimento da

qualidade de uma organização é com o desempenho do indivíduo e das suas atitudes". Para que o CDE

possa funcionar na sua plenitude o CTDE, enquanto líder do grupo, deve-se esforçar para ser o reflexo de bom profissional, envolvido com as suas responsabilidades e com o seu papel na organização. Deve, por isso, estar muito atento à coerência entre o seu discurso e as suas atitudes. Entendemos que a qualidade pessoal do CTDE inicia uma reação em cadeia de aperfeiçoamentos nos outros elementos da equipa. Nesta perspetiva podemos dizer que altos níveis de qualidade pessoal contribuem para altos níveis de qualidade de trabalho nas equipas.

Nesta linha de pensamento, para que tenhamos pessoas com qualidade também necessitamos de bons líderes ou de uma boa liderança.

"O novo líder é aquele que envolve as pessoas na ação, que transforma seguidores em líderes e que pode transformar os líderes em agentes de mudança." (Bennis, cit. por Crainer, 1999, p. 126).

Liderar é influenciar pessoas para atingir os objetivos. Os líderes das organizações e os tipos de liderança são importantes para as organizações. Se a liderança de uma organização tiver qualidade, isso irá refletir-se nos resultados da mesma.

Por isso, o líder deverá ter sempre um olho na mudança, uma mão firme para a implementar, uma voz forte que articula a vontade do grupo e habilidade para inspirar os outros.

"A liderança implica visão, incentivo, entusiasmo, amor, confiança, vivacidade, paixão, obsessão, consistência, uso de símbolos, drama puro e simples (e a gestão do mesmo), criar heróis a todos os níveis (…). A liderança têm de estar presente em todos os níveis de organização." (Peters, cit. por