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O plano operacional de respostas integradas no concelho de Vila Real: dos consumos às políticas de intervenção

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Academic year: 2021

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Anexo I

Grelha 1 – Perfil do território

1- Condições geográficas e ambientais

Fontes: Câmara Municipal, Tipificação das Situações de Exclusão em Portugal

Continental (ISS, IP), Junta de Freguesia, INE Censos

Descrição Dimensão do território (área: km 2; ha)

Enquadramento do território (É uma freguesia? Enquadra- se numa freguesia? É um bairro? Enquadra-se em algum bairro? Identificação de zonas limítrofes ruas, etc.) Caracterização das acessibilidades (rede viária, transportes públicos, situações de isolamento)

Condições habitacionais (tipo de habitações – prédio, moradias, barracas, etc; cobertura de saneamento básico, de electricidade, de água, etc.)

Espaços públicos de lazer (Existem? Quais as suas características?)

Características urbanísticas (existência de iluminação pública, espaços amplos ou exíguos, ghetos, etc)

Representações existentes sobre o território Comentários

2- Caracterização demográfica da população

Fontes: Câmara Municipal, Junta de Freguesia, INE Censos, O País em Números Número População Total

Grupos etários (poderão ser apresentadas mais faixas etárias) 0-4 5-9 10 – 14 15 – 19 20 – 24 …

Existem grupos de várias origens ou etnias? Se sim, quais? Portuguesa Cabo-Verdiana Brasileira Ucraniana Chinesa … Existem grupos onde se destaca o uso de outras

línguas/dialectos? Se sim, quais são?

… … …

Existência de mobilidade da população (migrações, turismo) Informação qualitativa Comentários (sobre quais os aspectos mais relevantes Informação qualitativa

(2)

3-Educação

Fontes: Escolas locais, Agrupamentos escolares, INE Censos Descrição População Total

Níveis de Escolaridade (completos)

Sem saber ler nem escrever 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Secundário Formação profissional (níveis 1 a 3) Níveis de Escolaridade (completos) Superior O abandono escolar é um problema relevante no

território? Se sim, quais os grupos populacionais mais afectados? Qual a faixa etária? Existem números disponíveis? Quais as principais causas? Absentismo – utilizar as questões acima referidas Insucesso Escolar – utilizar as questões acima referidas

Analfabetismo – utilizar as questões acima referidas

...

Comentários

4- Infra -estruturas, segurança social e economia

FONTES: Câmara Municipal, Junta de Freguesia, IEFP, Associações locais, INE Censos, Forças de Segurança

Descrição

Existência de Infraestruturas e Tipo de serviços prestados

Serviços ao nível de apoio social (Segurança Social, Câmara Municipal, beneficiários do RSI, de pensão social, etc.)

Associações locais (desportivas, culturais, ATL, Comissão de Moradores, Religiosas, etc.)

Instituições Privadas de Solidariedade Social Forças de Segurança (PSP, GNR)

Equipamentos culturais (biblioteca, teatro, salas de exposição, etc.)

Comércio local

Desempregados (procura 1.º emprego, desempregado de longa duração, de muito longa duração)

Empregados (Principais sectores de actividade) Situação face ao Emprego

(3)

5 - Na área da Saúde

FONTES: Centro de Saúde, Hospital, Clínicas, Farmácias, Bombeiros, INEM Descrição Existência de infra-estruturas e tipo de serviços prestados

Principais problemas de saúde associados ao consumo de substâncias psicoativas Dependência de substâncias Lícitas Álcool Tabaco Medicamentos (...) Ilícitas Heroína Cocaína Canabinoides Ecstasy LSD (...) Doenças Infecto-contagiosas

Doenças Sexualmente Transmissíveis Gravidez

Prostituição …

Comentários

Grelha 2 – Análise da influência dos factores estruturais do território

Níveis de caracterização do território Grupos populacionais vulneráveis (quais?) Problemas (nível individual, social, económico, de saúde, etc .) No desenvolvimento de intervenções

Que condições geográficas e ambientais têm impacto... Quais as características sócio-demográficas da população que têm impacto...

Quais os problemas identificados ao nível da Educação que têm impacto... Quais as condições e respostas das infra- estruturas identificadas que têm impacto... Quais as necessidades e/ou respostas existentes ao nível da segurança social que têm impacto...

Quais as características da economia que afectam... Quais as necessidades e/ou respostas existentes ao nível da Saúde que têm impacto...

(...)

(4)

Grelha 3 – Caracterização dos grupos e dos contextos identificados Grupos identificados N.º de indivíduos Caracterização qualitativa Contextos associados Principais problemas identificados (vários níveis: individual, social, económico, saúde, etc.) Métodos e fontes utilizados Utilizadores de drogas injetáveis 15 Adultos entre 30-45 anos;> homens; Toxicodependent es; Droga principal: heroína; Arrumadores; (…)

Centro histórico Desemprego, alguns sem- abrigo, não se dirigem a serviços de apoio, não existem estruturas que os apoiem localmente. (…) Observação Contatos informais com a PSP Adolescentes que abandonaram a escola (+ ou –) 25 Idades entre os 13 e 16 anos; Existem mais rapazes do que raparigas; Gostam de andar de skate. Parque ao ar livre Abandonaram a escola e não estão inseridos em nenhuma atividade. Frequentam regularmente o parque onde andam de skate. A maioria pertence a famílias problemáticas… Observação Contactos com professores

Quando o ponto de partida para a caracterização é a identificação dos contextos:

Contextos identificados

Caracterização

qualitativa Grupos associados N.º indivíduos de que os frequentam Principais problemas identificados (vários níveis: individual, social, económico, saúde, etc. Métodos e fontes utilizados Jardim À noite ocorrem situações de violência Toxicodependentes; Prostitutas (+ou-15) Relatos de situações de violência, criminalidade, prostituição, tráfico e consumo de drogas, etc. Observação contactos informais PSP

(5)

Grelha 4 – Análise das consequências para a saúde Co lu n as p re en ch id as n a Gre lh a 3 Grupos

identificados Utilizadores de drogas injetáveis N.º de indivíduos 15

Caracterização qualitativa

Adultos entre 30-45 anos> homens; Toxicodependentes; Droga principal: heroína; Arrumadores; (…)

Contextos

associados Centro histórico Problemas de

saúde identificados

Abcessos, características físicas que apontam para patologias hepáticas (ex: olhos amarelos), subnutrição, etc. Comportamentos

de risco identificados

Partilha de material de injeção

Comportamentos saudáveis identificados

Ainda não identificados

Métodos e fontes

utilizados Contacto com alguns utilizadores e Hospital

Grelha 5: Exemplos de fatores de risco e de proteção

DOMÍNIOS FATORES DE RISCO FATORES DE PROTEÇÃO

Individual/ Pares

- Comportamento anti-social precoce e persistente;

- Início precoce de consumo de substâncias psicoativas;

- Atitudes favoráveis quanto ao consumo de substâncias psicoativas; - Relação com pares que consomem substâncias psicoativas, que se envolvem em comportamentos problemáticos, delinquentes, etc; - Suscetibilidade à pressão (negativa) de pares; - Relações negativas com adultos. (…)

- Comportamento anti-social precoce e persistente;

- Início precoce de consumo de substâncias psicoativas;

- Atitudes favoráveis quanto ao consumo de substâncias psicoativas;

- Relação com pares que consomem substâncias psicoativas, que se envolvem em comportamentos problemáticos, delinquentes, etc;

- Suscetibilidade à pressão (negativa) de pares; - Relações negativas com adultos. (…)

Família

-Famílias com comportamentos de elevado risco, como por exemplo, pais toxicodependentes;

- Violência na família;

- Inexistência de regras consistentes e adequadas; - Fraco vínculo entre pais e filhos;

- Falta de acompanhamento e de supervisão por parte dos adultos; (…)

- Forte vínculo afectivo entre pais e filhos; - Dinâmicas familiares positivas;

- Aplicação de regras de forma consistente e adequada à idade dos filhos;

- Capacidade da família para resolver os seus conflitos; - Acompanhamento e supervisão por parte dos adultos; (…)

Escola - Absentismo e abandono escolar; - Fraco compromisso com a escola. - Comportamento anti-social precoce e persistente; (…)

- Ambiente institucional positivo;

- Boa relação e acompanhamento por parte dos professores e profissionais com os alunos; - Sucesso no aproveitamento escolar;

- Cooperação entre professores e pais dos alunos; (…)

Comunidade

- Disponibilidade de drogas;

- Privação económica e social extrema; - Fraca ligação ao bairro e desorganização da comunidade; - Discriminação;

- Desemprego e emprego não qualificado. (…)

- Oportunidades de participação enquanto elementos ativos na comunidade;

- Diminuição o aceso às substâncias;

- Normas culturais que definam expectativas elevadas relativamente aos jovens;

- Existência de redes de trabalho social e sistemas de suporte na comunidade. (…)

(6)

Grelha 6: Análise dos fatores de risco e de proteção Co lu n as p re en ch id as n a Gre lh a 3

Grupos identificados Adolescentes que abandonaram a escola N.º de indivíduos (+ ou –) 25

Caracterização qualitativa

Idades entre os 13 e 16 anos;

Existem mais rapazes do que raparigas; Gostam de andar de skate.

Contextos associados Parque ao ar livre

Fatores de risco identificados

Atitudes favoráveis quanto ao consumo de substâncias psicoactivas;

Relações negativas com adultos (pais, professores); (…)

Fatores de proteção identificados

Inseridos em famílias;

Abandonaram a escola recentemente;

Apesar de terem abandonado o ensino, gostavam de permanecer no espaço escola (…)

Métodos e fontes utilizados

Grupos focais: - Elementos do grupo de jovens - Antigos professores da escola secundária; (…)

Grelha 7: Análise das consequências sociais

Grelhas Preenchidas na Grelha 3 Grupos

identificados Problemas sociais

Consequências sociais identificadas Fatores que potenciam ou inibem as consequências sociais identificadas Métodos e fontes utilizados Utilizadores de drogas injetáveis Desemprego, alguns sem-abrigo, não se dirigem a serviços de apoio, não existem estruturas que os apoiem localmente. (…) Situação económica extremamente precária; recurso a furtos, mendicidade, sem apoio familiar.

Alguns têm qualificações profissionais, estão recetivos a apoio social e a mudanças de comportamentos de risco (por exemplo: troca de material de injeção) Inexistência de estruturas de proximidade Grupo focal: - Elementos do grupo em análise Adolescentes que abandonaram a escola Abandonaram a escola e não estão inseridos em nenhuma atividade. Frequentam regularmente o parque onde andam de skate. A maioria pertence a famílias problemáticas(…) Dificuldades acrescidas no ingresso no mercado de trabalho – não têm habilitações nem qualificação profissional. Aumento de situações de conflito com os pais.

Existe uma área de interesse (skate) que poderá ser explorada… As famílias estão preocupadas com a situação e recetivas a colaborar e receberem apoio nesse sentido. O gosto pelo espaço da escola que frequentavam também pode ser explorado. Os responsáveis pela escola não estão sensibilizados para o problema. Grupo focal: -Elementos do grupo em análise; Pais e familiares; -Responsáveis da escola e professores

(7)

Para sistematizar a informação propõe-se a utilização das seguintes grelhas: 8 e 9

Grelha 8: Levantamento das intervenções existentes

Intervenções a decorrer Descrição e a quem se dirige Objetivos

São abrangidos grupos ou Contextos identificados? Se sim quais?

Benefícios desvantagens Métodos e fontes utilizados

Grelha 9: Análise das intervenções

Grupos identificados Contextos identificados Necessidades identificadas Intervenções a decorrer

Alterações necessárias às intervenções a decorrer

(8)

Anexo II

Guião da entrevista realizada à Enfermeira Eva Madeira, Diretora do CRI de Vila Real.

1- O PORI potenciou a integração a articulação entre os serviços?_____________ 2- Quais os serviços que se articularam com o PORI mais frequentes? _________ 3- Quais os perfis de consumo mais representativo suportados no PORI?_________ 4- Tinha essa perceção antes do PORI? __________________________________ 5- Quais os contextos associados ao consumo? _____________________________ 6- Tinha essa perceção antes da elaboração do PORI? _______________________ 7- Com o PORI ou na sequência dele, desenvolveram-se alguns PRI? ___________ 8- Considerou importante atingir como resultado o desenvolvimento de PRI? ____ 9- Quais as áreas territoriais que mais justificam PRI? _______________________ 10- A abordagem metodológica do ORI foi adequada? ________________________ 11- Que mudança trouxe o diagnóstico PORI para o concelho? ________________ 12- Que recursos externos se mobilizaram no seguimento do PORI? ____________

(9)

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

O Plano Operacional de Respostas Integradas no

Concelho de Vila Real: Dos consumos às políticas de

intervenção

Dissertação de Mestrado em

Serviço Social

Maria Clotilde Pereira Ribeiro Teixeira Valente

Orientadora: Professora Doutora Hermínia Gonçalves

Co-Orientador: Professor Doutor Chris Gerry

(10)

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

O Plano Operacional de Respostas Integradas no

Concelho de Vila Real: Dos consumos às políticas de

intervenção

Relatório apresentado pela aluna Maria Clotilde Pereira Ribeiro Teixeira Valente, para a obtenção de grau de Mestre em Serviço Social, sob a orientação da Professora Doutora Hermínia Gonçalves e Co-orientação do Professor Doutor Chris Gerry

(11)

Dedicatória

Hoje lá no céu as estrelas brilham A mais brilhante e a que mais se destaca Só eu sei quem é

Para mim essa estrela és tu PAIZINHO. Ao Meu Pai in memoriam

(12)

Agradecimentos

É minha obrigação deixar aqui expressa a sincera gratidão e amizade aos que me incentivaram e ajudaram na concretização desta dissertação.

Cumpre-me assim agradecer:

A duas pessoas que acreditaram em mim e aceitaram desde início o meu projeto para me orientar.

À Senhora Professora Doutora Hermínia Gonçalves minha orientadora por todo o seu rigor, profissionalismo, nas sugestões com a maior disponibilidade eficiência e conselhos amigos dispensados que muito ajudaram a ultrapassar incertezas e dúvidas.

Ao Senhor Professor Doutor Chris Gerry, por toda a confiança que sempre depositou em mim, pela ajuda, pelo incentivo e por todos os conselhos sempre ponderados e oportunos; foram os melhores orientadores que alguma vez pensei ter;

À Enfermeira Eva Madeira pela sua garra, espirito amigo e diligente que desde início sempre acreditou que iriamos conseguir elaborar o diagnóstico do concelho e pela sua disponibilidade na colaboração da entrevista;

Às colegas do grupo de trabalho do diagnóstico, Professora Elza Lemos da Escola de Enfermagem de Vila Real, Daniela Matos e Marlene Coelho do CRI de Vila Real, pelo espírito de equipa e entreajuda, pois, só desta forma conseguimos vestir a camisola para cumprir o nosso objetivo;

A todas as Instituições do concelho de Vila Real que colaboraram com o nosso grupo e nos facultaram toda a informação que foi necessária para a elaboração do Diagnóstico;

Aos colegas dos outros grupos: de Chaves, Lamego, e Peso da Régua, também pela partilha de conhecimentos que no momento tudo foi bem-vindo.

Às minhas colegas de trabalho Laura Rainho e Fernanda Magalhães, por toda a vossa amizade e preocupação,

Para finalizar, mas não por menos consideração nem tão pouco por último, ao meu marido, Fernando Valente pelo seu carinho, amor, paciência, por todo o apoio e força que me tem prestado. E às minhas filhotas Sara Eliana e Ana Isabel, por toda a colaboração e pelo sacrifício, compreensão e carinho nas minhas horas amargas e de desalento.

À minha mãe e irmã pelo carinho sempre demonstrado. A todos o meu muito OBRIGADA.

(13)

i

Índice

Índice de Figuras ... iii

Índice de Gráficos ………... iii

Índice de Quadros ... iv

Lista de Siglas ………. vi

Introdução ………. 1

Procedimento Metodológico da investigação ………... 5

Capítulo I - Consumos, Contextos e perceções da Toxicodependência ... 10

1.1-Probemática dos Consumos ………. 10

1.2-Contextos de Consumo ……… 25

1.3-Perceções sobre o consumo e sobre a intervenção na área da Toxicodependência ... 27

Capítulo II - O Estado, Políticas e Desafios de Intervenção na área da Toxicodependência ………... 35

2.1- As Funções do Estado ………. 35

2.1.1- Evolução das políticas e da Intervenção na área Toxicodependência: As últimas 3 décadas ………. 38

2.2-Estratégia Europeia para a Inclusão Social ……….. 43

2.3- O estado e as Políticas Sociais na Toxicodependência ………... 46

2-3-1- A Politica de Redução de Danos ………. 49

2.3.2- A Politica de reinserção social dos Toxicodependentes ……….. 55

2.4-As Políticas suportadas em Diagnósticos Locais ………. 57

(14)

ii

Capítulo III - A Abordagem do PORI na construção do Diagnóstico Analítico das Dependências

do Concelho de Vila Real ……….. 64

3.1- Os Modelos de intervenção social na Toxicodependência ………. 64

3.2 – O Plano Operacional de Respostas Integradas: níveis de análise, processo e abordagem ……… 74

3.3- O Processo e a metodologia utilizadas na elaboração do Diagnóstico Nacional/Distrital ……… 77

3.4- O consumo de drogas no concelho de Vila Real ……… 84

3.4.1 – Resultados do Diagnóstico do Território do Concelho de Vila Real ……….. 88

3.5- Dos consumos às políticas locais de Intervenção ……….. 104

Capítulo IV - Considerações Finais ………. 110

4.1- Conclusões limitações e sugestões para futura investigação ……… 110

Bibliografia ………... 121

Anexos ……….. 130 Anexo I - Grelhas do Guião do Diagnóstico

Anexo II - Guião da entrevista

Anexo III - Ofício nº 1697/Ministério da Saúde sobre do orçamento para as políticas de combate à Toxicodependência e alcoolismo para 2013

(15)

iii

Índice de Figuras

Figura 1- Objetivos comuns da Estratégia Europeia para a Inclusão ………... 44

Figura 2 - Estratégias Nacionais de Luta Contra a Droga na Europa ………... 51

Figura 3 – Evolução das Políticas Europeias em Matéria de Droga ………...….……. 52

Figura 4- Os Espaços de Inclusão Social ……….……. 56

Figura 5-Os níveis de Análise da Intervenção no âmbito dos consumos de substâncias Psicoativas ………...…….………... 75

Figura 6- Esquema Operacional do PORI ………...….……… 81

Figura 7- Mapa do concelho de Vila Real ………...….……… 85

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Taxa de desemprego no concelho de Vila Real e respetivas freguesia no ano de 2011………...……… 91

Gráfico 2 – População do concelho de Vila Real que se encontra desempregada e à procura do 1º emprego………...………. 92

Gráfico 3 – população do concelho de Vila Real que se encontra desempregada e à procura de novo emprego……….……..…... 93

(16)

iv

Índice de Quadros

Quadro 1 – Objetivos e Instrumental metodológico da dissertação ……….…….. 6

Quadro 2- Abordagem metodológica da investigação ……… 8

Quadro 3 – O modelo da abordagem do medo e abordagem sistémica nos consumos de substâncias psicoativas ……… 11

Quadro 4 - Síntese estimativa do consumo das principais drogas ilícitas na Europa na população total e população jovem entre 2004-2010 ………...……….. 17

Quadro 5 - Prevalência do consumo na população Portuguesa por tipo de Droga na população total e população jovem entre 2001 e 2007 ………... 19

Quadro 6 - Prevalências de consumo na população total, população jovem adulta, 3º ciclo e Secundário de qualquer droga ilícita por região de Portugal em de 2007 ………... 21

Quadro 7 – Níveis de fatores de risco e de proteção da toxicodependência em crianças e jovens ………... 31

Quadro 8- Fatores de natureza macroambiental do Estado (modelo de análise PEST) ... 36

Quadro 9- Classificação das funções do Estado ………... 37

Quadro 10 - Alteração Estrutural da Segurança Social ………... 41

Quadro 11 – Modelo de intervenção centrados no individuo ………... 54

Quadro 12- As orientações Estratégicas e modelos de Implementação e configuração das Políticas Sociais na Sociedade ………….. 58

Quadro 13- Os níveis e os problemas da intervenção Descentralizada ...………. 61

Quadro 14- Fatores que influenciam a mudança do paradigma da Administração Pública para a Governação Pública ……….…….... 62

Quadro 15 – Principais caraterísticas e níveis de análise da Comunidade ………... 67

Quadro 16- Modelos de intervenção social e sua aplicação no contexto da Toxicodependência e critérios para a Ação ……… 68

Quadro 17- Acontecimentos causadores de stress e respostas na intervenção em Crises ………... 72

Quadro 18- Categorias de classificação dos tipos de problemas com os quais o trabalho centrado em tarefas é Eficaz ……….………… 73

Quadro 19- Tipo das entidades envolvidas no Diagnóstico Nacional ……….. 76 Quadro 20- O Modelo de intervenção nacional do PORI para

(17)

v

a implementação do PRI …... 79 Quadro 21- Diagnóstico Analítico das Dependências do concelho de Vila Real ….…….... 82 Quadro 22- População residente no concelho de Vila Real e

nas três freguesias entre 2001 e 2011 ………... 88 Quadro 23- População Residente no Concelho de Vila Real por

sexo e por grupo etário ………..……….. 90 Quadro 24- População do concelho de Vila Real

segundo os níveis de escolaridade ………... 93 Quadro 25- Os contextos de intervenção no concelho de Vila Real ……….………... 97 Quadro 26- O Perfil dos consumos no contexto de Vila Real ……….. 98 Quadro 27- Fatores de risco e de proteção e de problemas

no concelho de Vila Real ……….………... 100 Quadro 28- Instituições/ serviços disponibilizados à toxicodependência

do concelho de Vila Real ………...…….……….……. 101 Quadro 29- As respostas sociais do concelho de Vila Real ………...……. 103 Quadro 30 – Percepções sobre o PORI/Vila Real ………..……...……. 108

(18)

vi

Lista de Siglas/Abreviaturas

ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica CDT – Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência CEE – Comunidade Económica Europeia

CEJ – Centro de Estudos da Juventude

CIJD – Centro de Investigação Judiciária da Droga CLA – Comissões Locais de Acompanhamento CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens CRI – Centros de Respostas Integradas

CRS – Complexo Relacionado com SIDA

EMCDDA – European Monitoring Center for Durgs and Addiction (Observatório Europeu da Drogs e da Toxicodependência)

ESPAD – Inquérito Europeu sobre o Consumo de Álcool e Outras Drogas EU – União Europeia

FAD – Fundacion de Ayuda contra la drogadicción (Fundação contra a toxicodependência HIV – Human Immunodeficiency Virus ou Virus da Imunodeficiencia Humana

IDT – Instituto da Droga e da Toxicodependência IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional INME – Inquérito Nacional em Meio Escolar

NIDA – National Institute on Drug Abuse NLI – Núcleos Locais de Intervenção

OEDT – Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência OMS – Organização mundial de Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas PA – Portadores Assintomáticos

PEST – Political Economical social and Tecnological PIF – Programa Intervenção Focalizada

PLA – Problemas Ligados ao Álcool

PNCDT – Plano Nacional Contra as Drogas e a Toxicodependência

POEFSD – Programa Operacional Emprego Formação e Desenvolvimento Social PORI – Plano Operacional de Respostas Integradas

(19)

vii

PRI – Plano de Resposta Integrada PVE – Programa Vida-Emprego RD – Redução de Danos

REAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal RMG – Rendimento Mínimo Garantido

RRMD – Redução de Risco e Minimização de danos RSI – Rendimento Social de Inserção

SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

SNS – Serviço Nacional de Saúde

(20)

1

Introdução

Para a maioria das pessoas a droga está associada a uma substância perigosa que afeta a saúde e a vida da pessoa humana, podendo mesmo levar à morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde O.M.S. (1971) droga é toda a substância que introduzida no organismo altera o normal funcionamento do sistema nervoso central e provoca algum tipo de dependência (física, psicológica ou funcional). Esta definição engloba substâncias lícitas, como o álcool, tabaco, café, chá e certos medicamentos e, igualmente, as ilícitas como a cocaína, LDS, ecstasy, opiáceos, entre outras.

Santos & Carrapato (2010) associam ao séc XX a contemporaneidade da droga, pelo aparecimento dos meios de comunicação social, e a produção industrial em larga escala e, ainda, com o advento do capitalismo onde a sociedade se torna um empreendedor para o comércio ilícito de drogas.

Sabe-se que existem milhões de dependentes de drogas em todo o mundo e a difusão dos consumos, para além de outras causas, está associada aos estilos de vida e aos contextos, e estes são cada vez mais motivo de preocupação para a comunidade, uma vez que, os problemas relacionados com consumos inadequados, não só prejudicam a saúde e o bem-estar, do consumidor, como o das pessoas que o rodeiam. Tal como referem Pita (2011) e Morais (2010), além das implicações nocivas no indivíduo, a dependência física e psicológica da droga pode tomar dimensões coletivas, quando esse comportamento afeta a sociedade como um todo, visto que o consumo e a dependência de substâncias psicoativas alteram o comportamento dos indivíduos, acabando por ter repercussões, tanto na sua vida pessoal, social, económica, cultural, como na comunidade que os rodeia. Em Barros (2007:33), é confirmado também que “os efeitos negativos na sociedade podem provocar uma redução do bem-estar das pessoas devendo ser identificado como um custo para a sociedade”.

Referindo, ainda, Andrade (1994) citado em Marques (2008), as drogas, só por si, não constituem um problema, mas, o simples fato de existirem e de produzirem um determinado tipo de sensações vai ser determinante para o risco da dependência. Contudo, para Vinagre & Lima (2006) na maioria das situações, quanto maior for o envolvimento das pessoas nos consumos, menor a perceção de risco, assim como dos resultados negativos. Percebendo-se, este, como um problema multifatorial onde estão envolvidos determinantes de ordem individual e contextual.

(21)

2

Contemporaneamente, o fenómeno da toxicodependência pode ser considerado um problema macrossocial, porque a ela estão relacionados fatores individuais, familiares, económicos, políticos e sociais. Sendo este talvez um dos problemas mais graves da atualidade, uma vez que afeta diretamente a sociedade e todos aqueles que, mesmo não tendo uma relação direta com a droga, acabam por ser envolvidos pela criminalidade e por problemas a ela associados. (Sousa & Abraão, 2007)

Para Carvalho (2007), a toxicodependência caracteriza-se pelo empobrecimento da rede de relações, torna a pessoa mais isolada, sem recursos de suporte, sem partilha de identidade e de pertença a outros grupos da sociedade.

Neste sentido, na Europa foi criado o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), sendo este o organismo responsável por facultar à União Europeia e aos estados membros uma imagem objetiva dos problemas europeus relacionados com droga. Paralelamente fornece uma base científica e promove o debate sobre a droga na Europa e explora a compreensão desta complexa problemática. (OEDT, 2012)

Em Portugal, tal como no resto da Europa, a toxicodependência, atingiu contornos preocupantes, estando este fenómeno a apresentar dimensões assustadoras se tivermos em conta as problemáticas implícitas a estas realidades. Assim, o Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodependências (PNCDT) levou à organização dos serviços, em torno de intervenções inter-serviços para obter respostas abrangentes, através de uma rede de ação coerente, limitando as fronteiras artificiais entre a prevenção, dissuasão, redução de riscos e minimização dos danos, tratamento e reinserção. Este Plano coloca ao dispor da comunidade uma estrutura de saberes que lhes permite garantir a complementaridade entre as diferentes abordagens em cada território. (PNCDT, 2005-2012)

Na sequência do PNCDT 2005-2012, foi criado o Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI) em 2006-2007, constituindo este uma medida estruturante ao nível da intervenção integrada relativamente ao consumo de substância psicoativas, que procura potenciar sinergias disponíveis no território. (IDT, 2006/2007)

Enquadrado no panorama nacional, também Vila Real tem assumido esta preocupação com uma intervenção nos contextos de consumo, na prevenção do abuso de substâncias e também na ocorrência de situações de risco, associadas a esses mesmos consumos. (CRI, 2011) Desta forma, todas as atividades desenvolvidas no âmbito do PORI são coordenadas e supervisionadas pelo Centro de Respostas Integradas (CRI) de Vila Real. No âmbito desta orientação, elaborou-se o Diagnóstico Analítico das Dependências do

(22)

3

Concelho de Vila Real, baseando-se no pressuposto do envolvimento dos vários parceiros, que direta ou indiretamente têm intervenção no fenómeno das dependências de substâncias psicoativas. (PORI, 2012)1

Apesar das questões relacionadas com os consumos de substâncias psicoativas serem objeto de frequente investigação científica na Europa e em Portugal, existem poucos estudos que retratem esta problemática social, que, uma vez que está em constante desenvolvimento e complexificação. Para Becker (1989:89) citado em Rebelo (2007:8) “nenhuma investigação pode esgotar a elaboração de conhecimento científico, porque este está em permanente evolução, de acordo com os próprios pressupostos da ciência”.

É neste contexto que surge o presente trabalho, no qual se pretende fazer uma reflexão sobre os consumos, os contextos e as orientações estratégicas para o concelho de Vila Real, a partir do Diagnóstico Analítico das Dependências do PORI do mesmo concelho. Ao longo desta investigação refletiram-se as seguintes questões de partida:

 O PORI foi considerado uma medida estruturante ao nível da intervenção integrada no concelho de Vila Real e potenciou a articulação de serviços?

 Através do PORI ficamos a conhecer a realidade do concelho de Vila Real em termos de consumos de substâncias lícitas e ilícitas? Quais os principais contextos de consumo?  A metodologia utilizada no diagnóstico das dependências do PORI foi eficaz quanto à

coordenação de recursos? Qual a metodologia para a recolha da informação?

 A política social que engloba a educação, a saúde, habitação, a segurança social, e o emprego permitem uma atuação integrada sobre a problemática dos consumos das substâncias psicoativas?

 O PORI está direcionado para a problemática do consumo de substâncias psicoativas. Qual é o seguimento no concelho de Vila Real em termos de PRI?

A nível da sua composição, esta dissertação encontra-se estruturada em três capítulos:

No primeiro capítulo, expõe-se o enquadramento teórico da problemática em estudo, em especial sobre os consumos de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, as prevalências de consumos e os contextos de consumo, na Europa, seguidamente em Portugal e, por fim, no concelho de Vila Real. Além disso, serão abordadas as perceções sobre o consumo e sobre a intervenção na área da toxicodependência.

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A autora deste relatório participou na equipa que elaborou o Diagnóstico Analítico das Dependências do Concelho de Vila Real.

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No segundo capítulo, é feita uma abordagem sobre as políticas como resposta às necessidades sociais de intervenção na área das toxicodependências, com o objetivo de contextualizar e apresentar de uma forma mais descritiva as políticas sociais ativas e facilitadoras dos processos de reinserção social em Portugal, por comparação com a Europa, enquadrando-as também no concelho de Vila Real.

No terceiro capítulo, procede-se à análise do diagnóstico analítico das Dependências do Concelho de Via Real, fazendo-se uma abordagem aos Modelos de Intervenção Social na área da Toxicodependência para, posteriormente, se complementar com o enquadramento, a descrição e análise dos resultados do PORI, as várias fases da sua implementação, o processo e a metodologia utilizadas na seleção do diagnóstico nacional, os resultados do diagnóstico dos territórios e a sua operacionalização. Apresentam-se, também, os resultados obtidos, na quarta fase do Diagnóstico Analítico das Dependências do Concelho de Vila Real, na vertente qualitativa de acordo com a proposta desta dissertação, assim, se refletem as conclusões retiradas desse diagnóstico, as limitações e as propostas para futuras investigações.

A presente investigação surge integrada no Mestrado em Serviço Social na Vertente Intervenção em Contextos de Risco, realizado na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro. O tema desta dissertação centra-se no Plano Operacional de Respostas Integradas no Concelho de Vila Real: Dos consumos às políticas de intervenção.

Esperemos que este trabalho nos conceda uma oportunidade para concretizar uma reflexão e que com a mesma faça surgir novos conhecimentos úteis e interessantes aos leitores do mesmo.

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Procedimento Metodológico da Investigação

“O conhecimento é de dois tipos: o que é ouvido e o que é absorvido. E o que é ouvido não tem importância se não for absorvido”

Ali Ibn Talib

Esta investigação teve por base o Diagnóstico Analítico das Dependências do Concelho de Via Real, e a parceria entre o Centro de Respostas Integradas (CRI) de Vila Real e a Escola de Ciências Humanas e Sociais da UTAD, da qual a autora fez parte integrante. O tema da pesquisa refere-se ao Plano Operacional de Respostas Integradas de Vila Real que, enquanto metodologia, tem contornos de investigação-ação, na medida em que é levada a cabo a partir da consideração da situação real, e tem contornos de investigação-participação, uma vez que o seu propósito foi a recolha e análise dos dados com o fim de facilitar as tomadas de decisão, ou seja, a implementação do Plano Respostas Integradas (PRI) no Concelho de Vila Real.

A metodologia adotada no âmbito do diagnóstico favorece a articulação entre a teoria e a prática, o trabalho coletivo em torno da construção de conhecimento, a articulação da intervenção com a investigação, o rigor metodológico para a ação reflexão, assim como a prossecução e concretização dos objetivos propostos. Para a análise desta abordagem no âmbito da presente dissertação seguiremos o método qualitativo, por consideramos ser o mais adequado para as análises em profundidade.

De acordo com esta investigação foi necessário utilizar algumas práticas de investigação, que nos permitiram obter uma leitura profunda na operacionalização do modelo de análise, foram utilizadas as seguintes práticas de investigação: o estudo de caso, o método qualitativo, suportado em observação e entrevistas. Paralelamente, procedeu-se a uma extensa revisão bibliográfica e à análise documental dos instrumentos produzidos no âmbito do PORI de Vila Real.

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Desta forma, permitiu-nos obter um conhecimento mais aprofundado sobre fenómeno dos consumos e contextos, e perceber a conduta do Estado Social nas respostas a esta problemática, partindo do conjunto das políticas nacionais e regionais para a concretização do objetivo da coesão social nesta área. Esta investigação consiste num processo reflexivo sobre os consumos, os contextos e as políticas governamentais direcionadas para as toxicodependências, utilizando como meio de reflexão o PORI do concelho de Vila Real.

Por conseguinte, no quadro 1 destacam-se como objetivos deste trabalho: Quadro 1 – Objetivos e instrumental metodológico da dissertação.

Objetivos Instrumental metodológico

Explicitar os padrões de consumo evidenciando os grupos vulneráveis, os consumos de substâncias psicoativas e os contextos associados ao consumo no concelho de Vila Real

Análise documental de fontes secundárias: Relatório do PORI (2006-2007);

Relatório do PORI de Vila Real (2012); Relatórios do IDT (2011 e outros); Relatório do Final PNCDT (2012); Relatório OEDT (20 e 2012);

Relatório do Ministério da Educação (2007); Relatório do IEFP de janeiro de 2013; Relatórios de Mestrado;

Catálogo Assistencial do CRI de Vila Real, (2011) Outros autores;

Pesquisas na net; (relacionadas com os temas e INE) Observação

Analisar as orientações político-governamentais em matéria de drogas, dependência e álcool e da sua observância no plano estratégico do concelho de Vila Real

Análise documental e do discurso formal:

- Leis: (RCM nº 115/2006; Decreto Lei nº 221/2007, Portaria nº 648/2007, Portaria nº 131/2008 e Despacho Normativo nº 51/2008),

Artigos (sobre os consumos e políticas de intervenção)

Relatórios:

- Alguns relatórios de tese sobre a problemática da toxicodependência

- (OEDT, 2010 e 2012;

- Plano Estratégico 2013-2015 do SICAD; - Relatório do INE de 2011;

- Plano estratégico do concelho de Vila Real Observação

Avaliar o PORI para o concelho de Vila Real, no que diz respeito à orientação estratégica das parcerias

relativamente à definição conjunta das metas da intervenção, à negociação, envolvimento dos

stakeholders e à sua eficácia

Análise das orientações política estratégica para a coordenação de recursos e trabalho de parceria Análise documental do PORI, (Diagnóstico Analítico das Dependências) do concelho de Vila Real)

Observação do trabalho efetuado pelo CRI de Vila Real

O estudo inicia-se com uma revisão bibliográfica sobre os principais conceitos e comportamento associados aos consumos de substâncias psicoativas, explorando as orientações políticas nesta área. Numa 2ª fase, a investigação centra-se no PORI explicitando a sua origem, objetivos e fases de intervenção. Toda a fase de recolha de informação bibliográfica para realizar o enquadramento teórico foi complementada com contactos formais

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com a equipa do CRI de Vila Real. Paralelamente foram estabelecidos contactos com atores chave Câmara Municipal de Vila Real, GNR, Projeto Homem, CPCJ, Segurança Social, Agrupamento Escolas, UTAD entre outras. A reflexividade desenvolvida ao longo desta investigação beneficiou da experiência vivida na problemática do alcoolismo durante o estágio curricular no Centro de Saúde Santa Marta de Penaguião no âmbito da Licenciatura em Ciências Sociais, Área Vocacional em Política Social, no ano de 2007, bem como da experiencia mais recente, de participação como parceiro com a equipa do CRI, na elaboração do diagnóstico do território para a elaboração do PORI para o concelho de Vila Real.

Desta forma, e após a reflexão sobre os dados da observação e das reuniões de trabalho com os membros da equipa do CRI, partiu-se para a pesquisa bibliográfica e para o desenho metodológico, tendo em conta os objetivos propostos, assim como a revisão da literatura sobre a temática em estudo. Os resultados obtidos através do preenchimento das grelhas do Guião para o Diagnóstico do Território serviram como ponto de partida para uma reflexão sobre os consumos de substâncias psicoativas, os contextos e as políticas sociais na área da toxicodependência.

Esta investigação insere-se no âmbito da 4ª fase do Diagnóstico Analítico das Dependências do Concelho de Vila Real enquadrado no PORI, está organizado sob a forma de um estudo de análise crítica e reflexiva sobre os resultados deste diagnóstico no Concelho de Vila Real.

Os resultados decorreram da implementação dos PRI em cada conselho, por meio de parcerias institucionais para a definição de metas de intervenção e apoio na gestão de todo o processo de diagnóstico. A análise crítica e reflexiva resulta da análise dos resultados obtidos no diagnóstico analítico das dependências no conselho de Vila Real, uma vez que se verifica um défice de informação relativamente aos grupos vulneráveis e contextos em que se inserem, tronando-se determinante a análise das orientações político-governamentais direcionadas para tais realidades.

Assim, nesta investigação foram utilizados, três métodos distintos de análise na recolha dos dados: observação, entrevistas semi-diretivas, pesquisa bibliográfica e análise documental, conforme se apresentada no Quadro 2.

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Quadro 2- Abordagem metodológica da investigação.

Técnicas utilizadas

Modo de aplicação, Atores Envolvidos e fontes

de Recolha de Informação Objetivos

Observação

Utilizada inicialmente para compreender e percecionar a intervenção que é feita com os utentes do CRI de Vila Real.

Foi também utilizada na compreensão das grelhas do guião para a elaboração do diagnóstico do território.

Posteriormente, esta técnica é utilizada com o intuito de compreender melhor as relações estabelecidas entre os atores de intervenção assim como percecionar os problemas, necessidades e potencialidades da população-alvo bem como os recursos existentes.

Esta técnica foi considerada pertinente para compreender o contexto de ação e a população-alvo, permitindo captar formas de estar e de reagir.

Entrevista semi-diretiva

A informadores chave implicados na problemática da toxicodependência que possuíam informação pertinente para a elaboração do diagnóstico concelho de Vila Real.

Com estas entrevistas foi possível recolher informação necessária para o preenchimento das grelhas do guião e acumular um conjunto de informações e perspetivas importantes sobre a situação da problemática da toxicodependência no concelho de Vila Real.

Pesquisa bibliográfica e análise documental

Para a realização de um trabalho de investigação é necessário e pertinente proceder à pesquisa, seleção e leitura de vários documentos relacionados cuja temática aborda a problemática dos consumos de substâncias psicoativas, assim como os relatórios do PORI.

Através desta análise documental foi possível adquirir conhecimentos para uma compreensão mais profunda dos dados recolhidos.

Com esta técnica foi possível traçar um quadro teórico de referência sobre a temática em estudo.

Ao promover a consciencialização, dos vários participantes, no que se refere à identificação, das vulnerabilidades e potencialidades existentes num determinado contexto, sobre o fenómeno dos consumos de substâncias psicoativas o diagnóstico constitui, assim, a primeira etapa do próprio processo de intervenção. Neste sentido, a realização do diagnóstico constitui o acionamento de uma metodologia de pesquisa-ação e de dinamização comunitária, permitindo, ainda, desenhar um quadro real de suporte ao planeamento da ação, cujo objetivo consiste em alterar a realidade existente tendo em consideração o contexto local, nacional e internacional, enquadrado no conjunto das suas dimensões sociais, económicas, políticas, culturais e das políticas globais e setoriais que ocorrem sobre esse território. (Silva, 2008)

Quanto à tipologia das entidades envolvidas no diagnóstico Nacional foram entidades Públicas e Privadas, nomeadamente: Autarquias, Educação, Rede Social, Saúde, Segurança Social, CPCJ, IEFP, Segurança Pública, Governo Civil, DGS/EP, entre ouros considerados informadores chave para a recolha de informação necessária para a elaboração do Diagnóstico Analítico das Dependências do concelho de Vila Real.

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Ao envolver estas entidades no diagnóstico o IDT, no âmbito do PORI, demostra a preocupação de desenvolver uma atuação integrada e sistémica, desde a conceção.

É de referir que este processo decorreu através de uma lógia de horizontalidade, de cooperação e de responsabilidade partilhadas, permitindo obter um maior conhecimento dos diferentes serviços e, ainda, se verificou uma partilha mais aberta entre instituições.

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Capitulo I- Consumos, Contextos e Perceções da Toxicodependência

1.1-Problemática dos Consumos

“Um consumidor de drogas pára de crescer sob o ponto de vista interior e fica com a mentalidade que tinha quando iniciou os consumos. Isto acontece porque as drogas travam o seu amadurecimento pessoal. O que pensam depende em grande parte da fase de consumo em que se encontram. Quanto mais se consomem menos capacidade têm para parar de consumir, de facto a droga (ressaca), provoca um sofrimento físico e ou moral muito grandes”

Hapetian I. Entender a Toxicodependência

Sabe-se que o Ser Humano sempre foi aliciado para o consumo de substâncias que lhe transmitissem sensações de alívio ou prazer, para esquecer situações desagradáveis da sua vida ou simplesmente por curiosidade na experimentação. Através de uma revisão da literatura, verifica-se que o fenómeno do consumo de substâncias psicoativas é uma herança do século XIX.

Segundo Cruz (2001), até à segunda metade do século XIX, a utilização destas substâncias baseava-se unicamente como mais uma das muitas práticas sociais/culturais, não sendo concetualizada de forma depreciativa nem estigmatizante como um problema, nem preocupação ou mediatização sociais e, também, não era controlada pelos governos.

Porém, o consumo das substâncias psicoativas começa a ser considerado uma preocupação para a sociedade, quando a sua utilização se torna num problema social. Para (Pacheco et al.,2009:34), o problema não está verdadeiramente nas drogas, mas sim na relação estabelecida entre o consumidor e a droga, já que “esta relação pode ser de abuso ou de dependência, considerando-se droga toda a substância que uma vez introduzida no organismo provoca mudanças na perceção, nas emoções, no psiquismo ou nos comportamentos e pode gerar no consumidor a necessidade de continuar a consumi-la”.

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Domostawski (2011) acrescenta, ainda que, o suporte constitucional do direito à saúde, o discernimento das escolhas de vida e as circunstâncias sociais do reconhecimento e da necessidade de respeito pela dignidade humana serviram de base à alteração de abordagem da problemática do consumo de drogas2. Do ponto de vista da política portuguesa, a toxicodependência deverá ser encarada como uma doença que urge prevenir, e os toxicodependentes deverão ser considerados doentes que necessitam de assistência e não criminosos que deveriam ser encarcerados.

Desta forma, a política foi pensada de forma a obter resultados positivos, quando todos os seus componentes funcionassem em pleno. Tinha, pois, que ser abrangente e incluir todas as questões relacionadas, direta e indiretamente com o consumo de drogas, onde as principais áreas seriam: prevenção, dissuasão, redução de riscos e danos, tratamento e reinserção social. (Domostawski, 2011)

As duas abordagens apresentadas no quadro 3 ajudam-mos a perceber as diferenças fundamentais entre a abordagem de dissuasão centrada no medo e a abordagem da dissuasão centrada na visão sistémica.

2 A Estratégia Nacional de Luta contra a Droga de 1999, estipula que: “A garantia do acesso ao tratamento de todos os

toxicodependentes que se desejem tratar é uma prioridade absoluta desta estratégia nacional de luta contra a droga. De acordo com o Plano estratégico 2013-2015, o SICAD cuja missão é promover a redução do consumo de substâncias psicoativas, a prevenção dos comportamentos aditivos, a diminuição das dependências. Constituir-se, ainda, como uma entidade que garante da sustentabilidade das políticas e intervenções, no âmbito das substâncias psicoativas, comportamentos aditivos e dependências, com o reconhecimento nacional e internacional. O princípio humanista em que esta estratégica se baseia, reconhece à pessoa a sua plena dignidade humana, ao se propor a compreender a complexidade e relevância da sua história pessoal, sendo a dependência considerada uma doença. Assumir que o/a dependente é uma pessoa doente representa a aceitação incondicional de que o outro, mesmo num estado de rutura com valores fundamentais da vida em sociedade, deve ser alvo de um olhar de compreensão e empatia que lhe permita um movimento de mudança, e inovação e pragmatismo para produzir conhecimento de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida do cidadão, e promover a inovação das atividades, antecipando-se aos desenvolvimentos do fenómeno.

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Quadro 3 – O modelo da abordagem do medo e abordagem sistémica nos consumos de substâncias psicoativas.

Enfoque do Medo Enfoque Sistémica

Redução da oferta

Preocupação em controlar a oferta de drogas ilícitas, com pretensão de acabar com estas substâncias.

Redução da procura

Preocupação em reduzir a procura das drogas, lícitas e ilícitas aplicando limites para crianças e jovens no acesso a estas.

Controle externo

Criminalizar o consumidor de drogas, com abordagem policial centrada nas drogas ilícitas.

Autonomia

Conscientizar as pessoas sobre o uso das substâncias psicoativas.

Ampliação da violência que gera insegurança e paralisia

Enfase no medo e nas ameaças, promovendo a impotência e a estagnação.

Ampliação do conhecimento e competência para a ação

Dando enfase à auto-estima e autoconfiança, através do desenvolvimento de ações e promovendo iniciativas e soluções criativas.

Abordagem isolada

Problema é reduzido ao produto, é dado poder à substância sem considerar o sujeito e o contexto.

Abordagem integrada

Problema da pessoa visto como um produto no contexto sociocultural.

Repressão

Prevenção é centrada na fuga do problema, através de um discurso estereotipado e amedrontador, impondo posturas e decisões autoritárias.

Educação

Prevenção deve se centrada no conhecimento da realidade, e sem preconceitos, reconhecendo as situações de risco, através da promoção e da opção pela saúde e pela vida da pessoa.

Questão individual

O Envolvimento com drogas é tratado como um processo patológico individual e visto como um problema pessoal,.

Questão relacional

Envolvimento com drogas sociais devendo ser visto como um problema de relações, tratado como processo de mudanças no contexto social e familiar.

Soluções hierarquizadas e parciais

Isolamento dos consumidores do convívio social, transferindo o problema para técnico.

Soluções participativas e contextualizadas

Mobilizações dos recursos existentes na comunidade devem ser através da construção de vínculos afetivos, redes sociais e na integração dos diferentes atores sociais.

Fonte: (Sudbrack, 2006)

A abordagem do medo relaciona-se com o controle das drogas na tentativa de que as pessoas se afastar dos consumos através de uma criminalização e repressão através de uma prevenção que se centra na fuga ao problema com um discurso amedrontador e impondo decisões autoritárias.

A abordagem sistémica é citada regularmente com uma abordagem eficiente no tratamento de famílias onde existam situações relacionadas com a dependência de substâncias psicoativas. Silva (2007) encara o consumidor como um doente e promove uma abordagem integrada centrada na educação, no reforço das redes sociais primárias, através de uma prevenção e consciencialização para os riscos decorrentes ao uso de drogas.

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No âmbito desta abordagem, citando Silva, (2007:189), “fica claro o esforço constante para abordar o fenómeno do consumo de drogas, dentro de uma perspetiva que abrange fatores intra-familiares, intra-individuais e socioculturais de forma sistémica”.

Para Fernandes (2009:5), a primeira fase de ocorrência de droga enquanto “problema social” revela claramente a forma como se estava a entrar em crise e no modo de funcionar das sociedades do capitalismo avançado: o trabalho e a família. Consequentemente, estas duas instâncias tornam-se a base dos esforços terapêuticos, principalmente na reinserção social pelo trabalho e no envolvimento da família nas terapias. É certo, que o trabalho e a família são duas realidades em que é possível encontrar relações de causalidade com a droga, ou seja, a droga faz mal à família (sofrimento familiar em torno do toxicodependente), mas, a crise atual da família, também pode ser uma causa para a droga (o toxicodependente é com grande frequência oriundo de famílias monoparentais, de pais divorciados, de famílias desestruturadas…). Por sua vez, a droga também prejudica trabalho (síndrome a motivacional do fumador de cannabis, absentismo do junkie, comportamentos anti-sociais no posto de trabalho…), mas a crise atual do trabalho também é causa para os consumos de droga (a crise do mercado de trabalho, o desemprego de longa duração, atingem os utilizadores de drogas onde a desocupação lhes deixa oportunidade para fazerem das economias paralelas um modo de vida e a dependência da heroína/droga, um modo para ir aguentando o passar do tempo). (Fernandes, 2009).

Esta relação entre consumo e substância “permite a emergência do fenómeno da toxicodependência como um produto do desenvolvimento da sociedade” (Marques, 2008:1). A este propósito, Santos, et al., (2004) realça que 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, independentemente da idade ou do sexo e nível de instrução. Citando (Morales, 2012:17) “as crianças que vivem no meio de padrões de consumo adquirem uma internalização de normalidade nos seus comportamentos sobre as drogas, o que influenciará diretamente o seu futuro”.

Na atualidade, convivemos com um crescimento significativo do consumo de substâncias psicoativas e o seu uso verificado em idades cada vez mais precoces. Este consumo existe sem distinção de raça ou classe social, e nos dias de hoje adquire condições para o aumento da sua difusão causando graves problemas tanto para a saúde como para a sociedade. (Azevedo, 2000)

Cumulativamente surgem, nas sociedades os problemas que advêm dos consumos abusivos da droga que têm sido alvo de alarme e preocupação por parte dos diferentes

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governos, entidades públicas e privadas, investigadores, famílias, e serviços de saúde. Filho (2005) realça que, o uso de substâncias psicoativas, nomeadamente na região Europeia é, atualmente um dos grandes responsáveis pelos problemas de saúde em quase todas as regiões do mundo, tendo em conta todas as implicações que isso acarreta para os serviços de saúde. Morais (2010) salienta, ainda, que estes fenómenos não são uma questão isolada de uma sociedade, mas constituem um caráter transnacional que afeta muitas coletividades requerendo estratégias conjuntas, tanto a nível internacional como local, tornando-se, este, centro de atenção mundial dada a dimensão que o seu impacto adquiriu nas sociedades contemporâneas.

Em Portugal, subscrevendo Gomes (2006), a relação que se verifica entre as condições sociais de pobreza e que estão relacionadas com os consumos e tráfico de drogas assumem configurações muito específicas, estando concentrando-se em bairros de uso e narcotráfico de drogas no contexto das grandes cidades de Lisboa e Porto, assim como, também, o aparecimento de novas zonas de consumo no interior do país associadas, em grande medida, aos fenómenos de concentração juvenil, dada a localização das universidades no território nacional e, também, ao efeito de fronteira com Espanha, como é o caso do distrito de Vila Real ou de outros distritos na região do Alentejo.

A prevalência de consumo de droga entre as populações é avaliada através de inquéritos representativos, que fornecem estimativas da percentagem de pessoas que experimentaram alguma droga, consumiram ou consomem na atualidade e em determinados períodos. Existem alguns estudos sobre a realidade dos consumos de substâncias psicoativas, comportamentos aditivos e dependência pelo que segundo o Plano Estratégico do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) (2013-2015), é possível identificar as tendências e as necessidades de intervenção e através da sua evolução é possivel orientar as opções estratégicas.

Relativamente aos consumos têm sido efetuados estudos representativos da população Portuguesa e Europeia em geral e específicos para as populações escolares3 no que diz respeito às prevalências e às tendências de consumo nos diferentes contextos.

A nível Europeu, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) é organismo responsável pelas estimativas e prevalência de consumos elaborando todos os anos o Relatório Anual sobre a evolução do fenómeno da droga a nível da Europa. (OEDT,

3 Dos quais se destacam Balsa, C., Vital, C. Pascueiro L. (2008). Inquérito nacional ao consumo de Substancias Psicoativas na população em geral. Lisboa: IDT, I.P.; Inquérito Escolar Europeu sobre o consumo de álcool e de outras Drogas (European Scool Survey and Other Drugs ESPAD- Portugal 2011).

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2010)

Em Portugal, o IDT é organismo responsável pelas estatísticas de consumos a nível nacional, elaborando todos os anos o Relatório Anual sobre a situação do País em Matéria de Drogas. Este Relatório apresenta não só uma caraterização da população como também fornece elementos de apoio fundamentais para as decisões políticas e ainda, planificação e intervenção. (OEDT, 2010)

Recentemente, e com a extinção do IDT foi criado o SICAD, que assume a mesma responsabilidade acrescentando uma posição sistemática de concentração e alianças estratégicas, designadamente com envolvimento de parceiros responsáveis pela operacionalização das políticas e intervenções para respostas integradas nos territórios.

De acordo com o Relatório do Comité Nacional Consultivo Francês de Ética para as Ciências da Vida e da Saúde sobre as toxicodependências, a distinção feita entre as drogas lícitas e ilícitas não assenta em nenhuma base científica, quer sob o ponto de vista do modo de ação, quer dos efeitos causados o sistema nervoso central4, esclarecendo, ainda, que “as drogas não proibidas são potencialmente tão perigosas no seu conjunto com as drogas proibidas” (Marques, 2008:10).

De acordo com o OEDT, o fenómeno mundial dos consumos e o tráfico de drogas ilegais constituem uma ameaça para a saúde e para a estabilidade social. Estatisticamente, aproximadamente, um em cada três jovens europeus já experimentou uma droga ilegal e, salienta, ainda, que a cada hora que passa, morre um indivíduo vítima de overdose de droga.

Cumulativamente, a constante alteração dos padrões de oferta e de procura exigem um acompanhamento contante e respostas cada vez mais dinâmicas. (OEDT, 2010)

No entanto, o consumo de várias substâncias psicoativas, é atualmente muito comum entre os consumidores de droga Europeus onde o álcool é incluído em quase todos os padrões de policonsumo. Para o Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependêndia, e do

European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA), Dr. João Goulão,

destaca-se o facto de em 2009 ter sido oficialmente notificado um número recorde de novas

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Segundo Castro (2001) as substâncias psicoativas podem ser classificadas como: depressoras: diminuem e inibem a atividade do sistema nervoso central, a atividade motora, a reação à dor e à ansiedade, sendo frequente um efeito euforizante inicial (diminuição das inibições) e posteriormente um aumento da sonolência. Os principais depressores do sistema nervoso central são: álcool, opiáceos e fármacos sedativo-hipnóticos; estimulantes: aumentam o estado de alerta e a aceleração dos processos psíquicos, a atividade do sistema nervoso central e, como consequência, a taxa metabólica do organismo. São exemplos: anfetaminas, cocaína, nicotina e cafeína; perturbadoras: são substâncias que levam ao aparecimento de diversos fenómenos psíquicos anormais como alucinações e delírios, sem que haja inibição ou estimulação global do sistema nervoso central. Modificam o curso do pensamento e as perceções sensoriais e podem provocar hiperestesias e ilusões de movimento. Estas drogas, também chamadas psicadélicas, alteram a nossa perceção do mundo. O LSD e os canabinóides são exemplos desta categoria.

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drogas, num total de 24, considerando que, para o mesmo, é necessário haver um reforço nas estratégias de atuação de todos os Estados-membros na definição de prioridades de intervenção, no entanto, e devido ao período de austeridade económica está presente o receio de que os crescentes níveis de desemprego entre os jovens possa ser a causa para levar a um aumento das formas problemáticas de consumo de droga. O mesmo cita o fato de, na União Europeia: cerca de 13 milhões de pessoas consomem, ou já consumiram em algum momento, cocaína; os consumidores de ecstasy são cerca de 10 milhões e os de canábis atingem o número alarmante de 70 milhões; e entre 1,2 e 1,5 milhões de europeus são consumidores problemáticos de opiáceos; o mesmo acrescentou que em cada hora morre um cidadão da UE vítima de overdose. De: http://saude.sapo.pt/noticias/saude-medicina/policonsumo-e-drogas-emergentes-preocupam-uniao-europeia.html consultado em 21/02/2013

De acordo com Morais (2010:5), “estima-se que 200 milhões de pessoas no mundo sejam consumidores de alguma substância ilícita, 1,1 milhão fumem cigarros e cerca de 2 biliões sejam consumidores de bebidas alcoólicas”.

Os resultados apresentados pelo OEDT 2010 e 2012 sobre as estimativas de consumo de droga na Europa, entre 2004-2010 na população total (15-64) e jovem (15-34) são visíveis no Quadro 4.

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Quadro 4 - Síntese estimativa do consumo das principais drogas ilícitas na Europa na população total e população jovem entre 2004-2010.

População Período de consumo Pre v a lência

Cannabis Cocaína Ecstasy Anfetaminas

Anos Anos Anos Anos

2004 -2008 2008 -2010 2004-2008 2008-2010 2004-2008 2008-2010 2004-2008 2008-2010 TOTAL 15-64 Anos Ao longo da vida Europa (milhões) 75,5 80,5 14 15,5 11 11,5 12 13 Média Europeia (%) 22,5 23,7 4,1 4,6 3,3 3,4 3,7 3,8 Último ano Europa (milhões) 23 23 4 4 2,5 2 2 2 Média Europeia (%) 6,8 6,8 1,3 1,2 0,8 0,6 0,6 0,6 ADULTA 15-34 Anos Ao longo da vida Europa (milhões) 42 42,5 8 8 8 7,5 7 7 Média Europeia (%) 31,6 32,5 5,9 6,3 5,8 5,7 5,2 5,5 Último ano Europa (milhões) 17 16 3 3 2,5 1,5 1,5 1,5 Média Europeia (%) 12,6 12,4 2,3 2,1 1,7 1,3 1,2 1,2 Fonte: Relatório do Anual (OEDT, 2010 e 2012)

O OEDT apresenta-nos as estimativas das taxas de prevalência dos consumos especificando os dados de acordo com os grupos etários (15-64 anos- população total e 15- 34 anos população jovem), permite-nos conhecer o consumo de droga na Europa, e em cada país.

Assim e tal como se verifica no quadro 4, o consumo de cannabis teve um aumento em todos os períodos de consumo.

A prevalência e padrões de consumo de cannabis entre a população em geral (15 aos 64 anos), a cannabis foram consumidos pelo menos uma vez (prevalência ao longo da vida) por cerca de 80,5 milhões de Europeus, ou seja, quase uma em quatro pessoas 23,7% dos adultos europeus.

Pela análise do Relatório do Anual de 2012 do OEDT verifica-se a ocorrência de uma forte mudança ao nível do mercado Europeu de cannabis, em virtude de uma tendência global para a substituição das importações, (produtos de cannabis importados são substituídos pelos cultivados em território europeu), estando a Europa a tornar-se num grande produtor de cannabis, porém o seu consumo intensivo suscita preocupação. Dos 30 países que

Imagem

Figura 1- Objetivos comuns da Estratégia Europeia para a Inclusão.
Figura 2 - Estratégias Nacionais de Luta Contra a Droga na Europa.
Figura 3 – Evolução das Políticas Europeias em matéria de droga.
Figura 4- Os Espaços de Inclusão Social
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Referências

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