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A inter-relação entre o indivíduo, o meio ambiente e a tarefa, determinará o estado ou a eficácia de um individuo num determinado momento; ou seja, o organismo desenvolve- se em função das interações com os contextos em que se insere. (Lewontin, 1997, Referenciando o Modelo Ecológico de Bronfenbrenner

Já em 1979 Helen Nowlis afirmava que “existem três elementos fundamentais no uso de qualquer droga, legal ou ilegal, medicinal ou não medicinal: a substância o individuo que a utiliza, o contexto social ou cultural em que a utilização da droga se insere” (Santos, 2010:6).

Firmando, (Cruz, 2011) os locais de consumo tendem a ser distintos em função do tipo a substância psicoativa que é usada e os padrões problemáticos tendem a acontecer em zonas urbanas degradadas e marginalizadas, espacial e socialmente. Porém, os consumos que não se enquadram neste tipo de perfil ocorrem de forma expressiva em contextos de recreação noturna, como discotecas e bares, ou ainda, em residências privadas dos próprios ou de terceiros. Subscrevendo Lomba et al., (2011) analisar, compreender e dar protagonismo aos ambientes recreativos é crucial para fazer frente aos problemas associados à frequência dos consumos nestes locais. Segundo o OEDT (2012) a popularidade do ecstasy está associada a contextos de música e dança. Para Cruz (2011), prazer, diversão e curiosidade são motivos frequentemente atribuídos pelos consumidores à utilização de drogas.

A prevalência do consumo de substâncias psicoativas é particularmente significativa entre frequentadores de contextos de recreação noturna OEDT (2012). Nestes contextos costumam ainda constatar-se padrões de policonsumo recreativo, que envolvem a ingestão de diferentes substâncias ílegais misturadas com álcool SICAD (2013-2015). No entanto, subscrevendo Lomba et al., (2011:3) “é neste contexto que se assiste à propagação e normalização dos consumos de substâncias psicoativas bem como à adoção de outros comportamentos de risco a ela associados”. Para Mendes Mendes (2011) os contextos recreativos e vida noturna entre outros desempenham um papel fundamental na vida moderna que funcionam como uma componente relevante da recreação dos jovens constituindo também cada vez mais uma fonte de emprego para estes e ainda o desenvolvimento económico, turismo para as cidades e comunidades.

Porém nas noites de fins-de-semana, festivais de verão e concertos tornaram-se contextos sociais importantes onde os jovens adquirem o seu capital social. No entanto, estas

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atividades da vida noturna, também, geram um conjunto de problemas de saúde e sociais, incluindo o abuso de álcool e de outras drogas ilícitas, comportamentos anti-sociais e crime.

O problema agora é que os jovens tendem a ficar intencionalmente bêbados e a beber desenfreadamente começa a tornar-se um problema sério nas cidades Europeias. (Mendes &Mendes, 2011) Porém, a embriaguez, o consumo de drogas ilegais e o seu uso leva a comportamentos de risco que estão mais associados à vida noturna, existindo também uma relação com outros comportamentos de risco, incluindo: sexo sob a influência de drogas ilegais, de álcool e/ou de sexo potencialmente arriscado, ou involuntário, a condução sob a influencia de álcool e/ou de drogas ilícitas, violência, perturbação social (por exemplo: ruído), consumo de álcool na rua e vandalismo. (Mendes &Mendes, 2011) e (Lomba et al., (2011)

Para Cruz, Machado & Fernandes, (2010) a evidência demonstrada sobre o policonsumo sugere a necessidade de serem adaptadas as estratégias de intervenção neste fenómeno, pelos riscos concretos que eles podem acarretar. Além disso, a emergência da associação entre os hábitos recreativos de vida noturna e o consumo de drogas ilícitas aponta para a necessidade de uma a intervenção (inclusive de redução de danos) nesses atores e contextos. No entanto, Cruz & Machado, (2010) referem que, em investigações recentes os utilizadores de substâncias ilícitas têm consciência dos potenciais prejuízos do consumo, incluindo ao nível da saúde.

Desta forma, se percebe que os contextos recreativos são locais onde deve haver intervenção, para a redução de riscos e minimização de danos.

Neste contexto e também o estudo efetuado no concelho de Vila Real por Carvalho

et al., (2004-2005), asseguram que os locais privilegiados para os consumos de drogas ilícitas

parecem ser os bares/discotecas, a própria escola e a rua. Subscrevendo Vinagre & Lima (2006), a alteração nos padrões de consumo constitui uma ameaça à saúde, bem-estar e qualidade de vida.

Os consumos em locais recreativos noturnos está associado segundo Mendes & Mendes (2011:5) ao “desenvolvimento de ambientes de diversão noturna” onde é considerado uma prioridade crescente na Europa, devolver a segurança a estes locais, em Portugal, o IDT tem sido um dos organismos a atuar nestes contextos, nomeadamente, em festivais, semanas académicas, promovendo um maior conhecimento sobre as drogas e os seus riscos e recolhendo dados sobre as estratégias interventivas mais eficazes. (IDT, 2011)

O mesmo se pode dizer em relação ao CRI de Vila Real, que intervêm nestes contextos festivos/recreativos equipas de rua atuando na prevenção do consumo de

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substâncias psicoativas ou em contextos de rua, objetivando uma inserção na comunidade, e constituindo-se como fator de mudança desta. CRI, 2011)

Desenvolve, ainda, a sua intervenção em contextos académicos, participando na semana académica e do caloiro em Vila Real e Chaves, promove ainda ações de sensibilização/formação a reclusos residentes nos estabelecimentos de Chaves, e Lamego e Vila Real. (CRI, 2011)

Relativamente aos dados apresentados no relatório Final do PNCDT (2005-2012), sobre os consumos da população reclusa, nas prisões Portuguesas, indicam a existência de percentagens superiores de consumo em relação às de Espanha em todas as substâncias psicoativas ilícitas, particularmente no caso da cocaína (9,9% e 3% respetivamente) e da heroína (13,4% e 5% respetivamente). No entanto, entre 2001 e 2007 verificou-se em Portugal um decréscimo acentuado nas prevalências de consumo em todas as drogas nestes contextos.

1.3- Perceções sobre o consumo e sobre a intervenção na área da