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As sociedades modernas enfrentam novos problemas e riscos sociais, que na opinião de Ramalho (2009), levam a novas orientações políticas na União Europeia, onde é urgente uma intervenção de âmbito nacional. Desta forma, a definição da Estratégia Nacional para a Inclusão Social constitui-se como um desafio e uma responsabilidade que é colocada a toda a sociedade, através de uma mobilização ativa dos diversos mediadores, e dos próprios destinatários, objetivando construção de uma sociedade mais equitativa mais justa e mais coesa.

Nos dias de hoje há desafios, que são colocados à Europa causados pelos processos de Globalização das novas formas de regulação do trabalho, emprego, sistema de relações profissionais e da promoção do desenvolvimento da coesão social (Ramos, 2003)

O termo Globalização tem sido muito utilizado, como forma de pressão política e como defesa dos argumentos da fraqueza e da crise dos Estados, sabe-se que na atual conjuntura económica, o estado não consegue, somente, cobrir todos os riscos sociais.

Subscrevendo, Mouro & Simões (2001), o novo contrato social que é imposto pelo processo de globalização, consiste em tornar a pessoa menos segura, menos protegida, mais competitiva no mercado, com menos ou nenhuma garantia de direitos os fundos públicos são substituídos pelos privados, a responsabilidade social do estado passa para as famílias e o

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estado pelo mercado. Sendo este justificado pelo mundo inteiro no discurso da competitividade.

Segundo Atouguia (2010), como resposta à crise das décadas de 70 e 80, que ocorreu da intensificação do processo de globalização, do avanço tecnológico e as crises petrolíferas, o pensamento neoliberal impôs-se e com ele surge o reforço do laissez faire ou do mercado livre, e a modificação do Estado de Bem-Estar.

A falar de política social, é falar segundo Mouro & Simões (2001) das ações e das posições tomadas pelo estado enquanto primeira instituição de autoridade e de coletividade, esta pode ser considerada como uma espécie de contrato social entre um governo e os cidadãos. Esta nova abordagem para Hespanha (2008), implica uma atitude mais ativa, tanto por parte do estado como dos cidadãos, através de uma intervenção baseada em projetos e a utilização de princípios de gestão por objetivos e partilha de responsabilidades através da parceria.

Subscrevendo Atouguia (2010), o objetivo estratégico que ficou definido no conselho Europeu de Lisboa (março de 2000), consistiu em tornar a Europa até 2010, o espaço económico mais dinâmico do mundo, baseado no conhecimento, com pleno emprego e maior coesão social, como se pode analisar na figura 1.

Figura 1- Objetivos comuns da Estratégia Europeia para a Inclusão.

Fonte: Conselho Europeu de Nice, dezembro 2000 cit in Ramos (2003:142)

Os anos de 2010 e 2011 marcam o auge da crise, que foi agravada pelo endividamento tanto das famílias e pelo endividamento público, de grande parte dos países europeus. A recessão económica, e os efeitos sociais desta crise são verificados

Política Social

Qualidade social/Coesãosocial

Política Económica

Competitividade/Dinamismo

Política de Emprego

Pleno Emprego/Qualidade do Emprego (Novo contexto político na sequência do Conselho Europeu de Lisboa)

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nomeadamente no aumento dos níveis de desemprego, precariedade do trabalho e ausência de expectativas dos jovens, levando ao crescimento da criminalidade. (Miranda, 2011)

Segundo o Eurostat (2013), o emprego está cada vez mais a diminuir, na comunidade Europeia a taxa de desemprego, em fevereiro de 2013, era de 26.338 milhões de pessoas, das quais 19.071, milhões na zona Euro, em Portugal a taxa de desemprego era 17,5%, mantendo a terceira maior taxa de desemprego da União Europeia.

Em síntese, para Botelho (2010) o modelo de Estado-Providência que vigorou sustentado, no pleno emprego, na proteção social apoiada em serviços universais ou quase universais, num período de expansão económica que defendia um patamar mínimo de condições de vida, viu o seu crédito posto em causa, devido a um quadro de recessão, provocado pelo aumento da procura da proteção do Estado pelo aumento do desemprego e na velhice, ligada a uma diminuição das contribuições que suportavam o sistema quer pelo desemprego, quer pelo envelhecimento demográfico da população europeia. Subscrevendo Caeiro (2008), é reforçada esta questão ao afirmar que os direitos sociais, políticos e civis, tradicionalmente defendidos no âmbito do Estado-Providência, têm vindo a ser contestados pelas populações, nomeadamente na Europa Ocidental, levando ao aparecimento de novos esquemas de proteção social, novas medidas de inclusão social e novos métodos de correção das desigualdades.

Para Caeiro (2008), o problema colocado ao Estado-Providência, no domínio da sua crise, advém da quebra de comunicação e articulação entre os três subsistemas (político, público e administrativo), que deveriam funcionar em interação e correção mutua. Marques (2007-2008) refere, que a crise está relacionada com o sistema de emprego e com a ausência da função integradora do trabalho, que conduz a uma conversão da crise do emprego em crise social.

Neste contexto surgem novos problemas e desafios que originaram uma alteração na questão social própria da modernidade, onde é imposto ao Estado-Providência uma reconfiguração. De entre as diferentes alternativas são destacadas as que repõem o Estado como ator primordial nas reformas, nomeadamente um Estado-incentivador, Estado- animador, Estado impulsionador, capaz de partilhar, sob o princípio da subsidiariedade, com os atores privados o progresso de políticas públicas. Nesse sentido, na atualidade impõem-se, uma redefinição do Estado-Providência que se torne mais eficiente e capaz de enfrentar todos os riscos sociais, de modo a garantir a justiça social (Marques, 2007-2008).

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