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Ensino de leitura em língua inglesa através das histórias em quadrinhos

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Academic year: 2021

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ANA MARIA SCHUSTER

ENSINO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Ijui (RS), 2014

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ANA MARIA SCHUSTER

ENSINO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Letras - Língua Inglesa e suas respectivas Literaturas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI.

Orientador: Professor Mestre Anderson Amaral de Oliveira

Ijui (RS) 2014

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DEDICATÓRIA

A Deus, que com sua luz guiou meu percurso acadêmico e que, com seu braço forte me ergueu quando os percalços da caminhada tentaram me derrubar.

E Jesus disse: “No caminho da sabedoria, te ensinei e, pelas carreiras direitas, te fiz andar.” Provérbios 4:11

Ao meu esposo Rudinei Luis que me ajudou a semear ousadia e coragem para iniciar

mais este curso e, que agora está na expectativa para me ajudar colher os resultados desta

plantação. Deixo aqui meu reconhecimento.

Aos mus pais Ivo e Clarice, pelos mais sinceros desejos de sucesso, pelas

palavras de segurança tanto nos momentos firmes, quanto nos momentos

trêmulos. Compartilho com vocês a minha conquista. Obrigada por me ensinar o

caminho do bem. Tomara que eu consiga educar os meus filhos com o mesmo amor

e incentivo.

À irmã Gládis pelo apoio e carinho. Ao cunhado Paulo que me assessorou

durante a formatação deste trabalho. Obrigada por dispor os seus

conhecimentos em prol dos meus.

A querida avó Adelaide (in memorian), que o tempo jamais apagará da minha lembrança, porque o amor quando é verdadeiro, não se apaga e nem se esquece.

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AGRADECIMENTOS

De todo meu coração, agradeço ao meu professor orientador Anderson

Oliveira Amaral. Mestre que com sabedoria e competência soube

acompanhar cada parte deste trabalho. Obrigada

pelas

contribuições teóricas, pela leitura criteriosa e pela paciência com

minhas limitações.

... Que Deus lhe abençoe.

Muito Obrigada.

Aos alunos do terceiro ano do ensino médio politécnico, que com

dedicação e carinho , tiveram suas contribuições

para que a concretização do quinto

capítulo dessa monografia,

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“A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional.”

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RESUMO

O objetivo deste estudo é discutir sobre a importância da leitura na língua materna e da segunda língua. Esta pesquisa mostra possíveis estratégias que podem contribuir e facilitar a compreensão dos alunos quanto à leitura das Histórias em quadrinhos em Língua Inglesa. O ensino das estratégias de leitura oportunizou a produção de muitos textos desse gênero textual. Os resultados foram satisfatórios, pois considerações importantes a respeito da aprendizagem da língua estrangeira foram obtidos.

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ABSTRACT

The study aims is discuss about the Reading importance in native language and in second language. This research shows possible strategies that can contribute and facilitate the comprehension of the pupils in relation the reading of the comic strips in English. The teaching reading strategies chanced the production many texts in this genre text. The results were satisfactory, as important considerations about the learning of a foreign language were obtained.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...09

1 CONSTRUINDO E RECONSTRUINDO O CONHECIMENTO ATRAVÉS DA LEITURA...12

1.1 A leitura escolar na era contemporânea ... 14

1.2 A propósito do gênero textual: História em Quadrinhos ... 17

2 COMO ENSINAR A LEITURA DOS GÊNEROS TEXTUAIS EM LÍNGUA INGLESA?...21

3 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO...39

3.1 Metodologia ... 39

3.2 Instrumentos de pesquisa ... 39

3.3 Sujeitos da pesquisa ... 39

3.4 Procedimentos de análise dos dados ... 40

4 O PRIMEIRO GRANDE PROCESSO PRÁTICO: A ATIVIDADE DE LEITURA ... 1

4.1 O Resultado das aulas ... 41

5 O SEGUNDO GRANDE PROCESSO PRÁTICO: A ATIVIDADE DE PRODUÇÃO ... 1

CONCLUSÕES ... 50

BIBLIOGRAFIA ... 51

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INTRODUÇÃO

O professor é o tempo todo mediador entre o aluno e esse mundo tão diverso. A ele cabe a responsabilidade de desdobrar dificuldades em sonhos. Na perspectiva de transformar desejos em realidades, é que o professor debruça-se sobre seu trabalho e tenta trilhar o mesmo caminho do aluno, a fim de compartilhar o mesmo resultado, dividindo a mesma emoção.

É exatamente com este propósito que percebemos a importância do trabalho em questão, uma vez que a prática da leitura deve ser constante para que formemos cidadãos aptos a entender e questionar a realidade social, bem como posicionar-se perante resoluções de conflitos e situações adversas, que porventura, requerem decisões com argumentos consistentes.

A aptidão à leitura deve ser compreendida em um sentido mais amplo do que apenas o treinamento para a leitura, possibilitando que o aluno possa desenvolver suas próprias ferramentas de percepção e intervenção no mundo através de textos escritos e falados, dados as infinitas possibilidades de gêneros textuais cujo espaço de sala de aula torna-se conhecidamente limitado.

Desta forma, a introdução de uma gama variada de gêneros textuais permite que a interação com textos de diferentes naturezas despertem no leitor a necessidade de compreender não somente a forma, mas também os meandros da significação, a intencionalidade por meio do qual aquele texto está permeado, não realizando uma leitura pueril sob o risco iminente de reproduzir discursos perigosos, cujos produtores nem tão ingênuos, não atingem facilmente o leitor crítico e atento. O diferencial deste leitor que queremos formar é o olhar mais maduro e inquieto, que possibilitará que se discorde, concorde e questione as estruturas sociais, políticas, ideológicas, filosóficas, religiosas entre outros muitos níveis atingidos pelo ato ilocucional crítico.

A linguista Irandé Antunes (2003) escreve que o professor deve providenciar materiais diversificados de leitura para seus alunos, não só na escola, mas fora dela também. Ao sugerir gêneros textuais divergentes, ela comenta sobre as oportunidades que eles terão em aprender a interpretação e as estratégias de leitura.

Este trabalho se justifica e se consolida na necessidade de se desempenhar em sala de aula estratégias de leitura em língua materna e estrangeira que aproximem as diferentes formas de expressão por meio da palavra a universos

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conhecidos e apreciados pelos alunos, colocando-os também na posição de produtores de uma realidade ficionalizada, usando recursos gráficos e códigos diversos que constroem um todo organizado dotado de sentido e intencionalidade. Usa-se a língua, bens culturais são consumidos e também produzidos, errando, corrigindo, re-fazendo, interagindo com o idioma e solucionando problemas práticos de utilização de códigos linguísticos distintos, através dos quais podem os alunos, também, testar os limites do gênero proposto.

Sendo assim, selecionamos o gênero Histórias em Quadrinhos (HQs), mais especificamente a charge e as tirinhas, escritas em Língua Inglesa, com as quais faremos um processo analítico sob a ótica de diversos teóricos, como também sob a ótica dos estudantes de 3º ano do Ensino Médio. No que tange o mal-entendido como sendo o conteúdo a ser percebido, verificaremos como ensinar a ler um texto sob diversos pontos de vista, e também, como eles estão sendo lidos por nossos estudantes.

Diante da atividade de leitura, traremos, então, instruções para a captação da ideia do autor em confronto com as experiências de mundo do leitor, para que passo a passo se constitua um todo interpretativo.

Por conseguinte, há uma expectativa de que é agradável para o aluno aprender a ler por meio de estratégias, já que estas são indispensáveis para uma compreensão textual aproveitando também o conhecimento de mundo dos sujeitos leitores.

Conforme Marcuschi (2008, p.229), “compreender bem um texto não é uma atividade natural nem uma herança genética; nem uma ação individual isolada do

meio e da sociedade em que se vive. Compreender exige habilidade, interação e trabalho”.

A proposta não traz soluções, mas sim reflexões sobre a prática dos docentes que trabalham com a Língua inglesa. Num gesto de ajuda, é que pesquisaremos quais são as contribuições que podemos trazer até a sala de aula em termos de leitura. Segundo Ticks (2005, p.41)

Ao desconstruir e reconstruir textos verbais e não-verbais, a partir de uma concepção da linguagem enquanto gênero, no contexto de ensino da LE, alunos e professores estarão trabalhando não apenas a aquisição do idioma, mas aprendendo a identificar valores e ideologias, a se relacionar e se construir enquanto cidadãos em sociedade.

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O trabalho está dividido em cinco capítulos: o primeiro capítulo discorre sobre a importância da leitura, visando a busca do conhecimento por meio do gênero textual - HQs. O segundo capítulo se detém em analisar as HQs, no que diz respeito ao ensino do ato de ler. O terceiro e o quarto capítulos conferem o resultado de como acontece a leitura por parte dos alunos, ou melhor, serão mostradas as estratégias de leitura acionadas por eles, com as mesmas HQs do segundo capítulo. Já no quinto capítulo serão apresentadas algumas produções, para que possamos visualizar a leitura empírica (leitura de mundo) que eles têm.

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1. CONSTRUINDO E RECONSTRUINDO O CONHECIMENTO ATRAVÉS DA LEITURA

Na certeza de que a escola exerce um papel fundamental na formação dos cidadãos, é de extrema importância que ela ofereça um ensino público de qualidade, uma vez que o acesso às oportunidades para a maioria dos estudantes brasileiros se faz graças aos estudos e aprendizagens que são construídas ao longo das etapas da educação básica.

Enquanto bons professores, precisamos preparar os jovens para enfrentar uma sociedade exigente e complexa, neste caso o desafio do professor é incentivá-los e incluí-incentivá-los de forma eficaz, no exercício de suas escolhas da vida pessoal e profissional.

Numa perspectiva atual, podemos destacar os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) como importante conjunto de orientações escolares, cujo objetivo é pensar a escola a partir da sua própria realidade, além é claro de privilegiar o trabalho coletivo dos docentes.

O presente estudo trata a língua inglesa como língua adicional e afirma que aprender a mesma é direito de todo cidadão. Também destaca que ao aprender a English as a Foregn Language (Inglês como Língua Estrangeira), doravante EFL, o aluno expande seus conhecimentos comunicativos, percebendo outros contextos, com outras pessoas, por exemplo. Enfim, acredita-se que deve o aprendiz, saber discernir as características entre a língua estrangeira e a língua materna. Esse discernimento é possível, porque o conhecimento que uma pessoa tem da língua vernácula, com certeza é bem maior do que uma segunda língua, seja ela, qual for.

A partir desse ponto de vista, convém comentar que cada falante deveria conhecer satisfatoriamente a sua língua, e esse conhecer pode ser o básico, uma vez que o nativo ao aprendê-la desde criança a aperfeiçoa ao longo da vida. O estudo dos autores em questão nos faz entender que a pessoa, ao manifestar o desejo de adquirir uma segunda língua, precisa estudar muito e se esforçar ao máximo para aprender, talvez não a fluência, mas conhecer mais profundamente como de fato ela acontece.

Nesse sentido, os PCNs (BRASIL, 1998) destacam as atividades de leitura como sendo de grande valia, pois ao serem aplicadas no ensino, tal exercício consiste em construir sentidos, além, é claro, de perceber informações que estão

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implícitas, bem como o contexto em questão, o conhecimento de mundo e, se forem associados desenhos à escrita, que sejam percebidos numa relação mútua que auxilie a compreensão, além, é claro, do conhecimento gramatical . Também é lembrado que, a leitura além de questionamentos, também gera reflexões. Para tanto, inseridos nos PCNs estão vários autores que comprovam teoricamente o quanto é importante a realização de atividades referentes à leitura, são eles: Morin(2000), Paiva (2005), Bordieu(1977), entre outros.

Assim, através da leitura o aluno compreende melhor o lugar onde vive, pois procedendo assim (fazendo questionamentos e refletindo sobre as respostas) é capaz de desenvolver seu processo de percepção, se está incluído ou excluído e qual é o seu papel na sociedade.

Também é importante ressaltar que, ano após ano, são feitas pesquisas nas escolas estaduais que, conforme os Parâmetros Curriculares de Educação têm a finalidade de verificar se estão acontecendo avanços na qualidade da educação, pois acredita-se que tais investigações permitem um repensar constante sobre o ensino, tanto de leitura, quanto de escrita. Da mesma forma, permitem também uma reorganização curricular nas escolas e formação de professores.

Conforme Antunes ( idem, p.70):

A atividade da leitura favorece, num primeiro plano, a ampliação dos repertórios de informação do leitor. Na verdade, por ela, o leitor pode incorporar novas ideias, novos conceitos, novos dados, novas e diferentes informações acerca das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, do mundo em geral.

De acordo com a autora, a leitura amplia nossos conhecimentos, como também nos possibilita outros, que talvez, nem sabíamos que pudessem existir. Um sujeito leitor está sempre atualizado sobre tudo o que está acontecendo ao seu redor ou distante de si, pois consegue experimentar e descobrir outras realidades que não a sua, ou melhor, expande outras vivências, sem comprometer aquela em que vive.

Conforme já exposto acima, os estudos dos PCNs (idem) também abordam a leitura como uma prática responsável na construção de conhecimentos, uma vez que alarga os conhecimentos culturais divergentes. Ainda no mesmo raciocínio, convém destacar então que, além de o aluno conhecer a pluralidade sociocultural do Brasil, também deve ser lhe dada, a oportunidade de conhecer aspectos

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socioculturais de outros povos através da diferença e não com o juízo de valor de melhor ou pior, mas como essas relações ocorrem.

Logicamente, não basta que os leitores conheçam a gramática, é necessário ressignificar o conhecimento de mundo para que a leitura garanta o sucesso da compreensão. No contato com o conhecido, a leitura nos oferece prazer, facilitando essa compreensão de maneira bem mais agradável.

O caráter dialógico de um texto deve ser reparado pelo educando não só no que está embutido no seu cotidiano, mas também em outras culturas que, por sua vez, estão sendo exploradas para que, ao serem manifestas, sejam conhecidas. Cabe então ao aluno estar apto a confrontar, relacionar, preservar e respeitar as interações comunicacionais que, ao se tratar de costumes de outra nação, precisam ser vistos como uma diversidade social e histórica. Nesse sentido, a leitura permite, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem, uma visão de mundo que precisa ser aperfeiçoada para que os significados sejam preenchidos indiferentemente da língua, já que cada uma contempla sua especificidade.

1.1 A LEITURA ESCOLAR NA ERA CONTEMPORÂNEA

Atualmente, muitos são os gêneros textuais que circulam na mídia. Na verdade, não temos pretextos para não ler, pois sempre encontraremos algum que nos agradará, isto é, que é do nosso interesse.

De acordo com Marcuschi (idem, p.20):

[...] não é difícil constatar que nos últimos dois séculos foram as novas tecnologias, em especial as ligadas à área da comunicação, que propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais. Por certo, não são propriamente as tecnologias per se que originam os gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias [...]

Em contato com a mídia, cada leitor procura ler de acordo com suas capacidades e preferências, uma vez que cada gênero textual é singular na maneira de atrair o seu público. Antunes (2003) lembra-nos que a escolha dos gêneros textuais deve acontecer de acordo com o grau de desenvolvimento do aluno, ou seja, deve acontecer de maneira gradativa; vencida uma etapa, já terá condições de assumir a próxima.

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Na sala de aula, conforme o documento dos PCNs (ibidem) orienta, o professor de língua estrangeira deve estimular a prática da leitura oral contextualizada, pois ao ensiná-la, estará provocando em si próprio uma reflexão sobre a sua prática de ensino. A leitura do professor é pré-requisito da leitura do aluno. No momento que ele organiza novas formas de trabalhar está enfrentando desafios, pois com isso pode rever suas ações no intuito de verificar a confiança e o autoconhecimento, quanto ao que lhe cabe ensinar, seja no âmbito escrito ou oral.

Reforçamos que o grande diferencial que deve contemplar o programa da língua estrangeira é a comunicação oral, ainda que aos concluintes do Ensino Médio possa ser o caminho oposto das necessidades muitas vezes impostas por testes de ingresso ao ensino superior, como vestibulares e ENEM, que não contemplam a proficiência oral dos concluintes, enfatizando a possibilidade de interação pela escrita.

É importante que todos nós saibamos que o ensino da língua estrangeira deve ser pensado num currículo do mercado tecnológico, que ao incluir propostas digitais, possa atender a demanda de exigências externas, com auxílio escolar.

Segundo os PCNs (id.), a comunicação mediada pelo computador constantemente vai descobrindo novos gêneros textuais. Por vezes, pode tornar ainda mais complexas as leituras, uma vez que é permeada por imagens e sons. Nesse caso, torna-se a leitura multifacetada, porque o leitor pode optar se quer ler (escrita) ou ler (visualizando ou ouvindo imagens). De acordo com Bazerman (2007, p.69),

[...] a vida contemporânea possui uma grande quantidade de relacionamentos sociais à distância que são quase totalmente regulados por textos (incluindo os textos eletrônicos), em que a interação face a face de fato não é muito mais do que a interface entre dois terminais de computadores.

As atividades em torno da leitura devem ser habituais ao longo dos anos da vida escolar, preferencialmente bons textos, não só ao que compete à gramática, mas também ao que compete um excelente encadeamento, bem ordenado, claro e interessante.

A leitura escolar na era contemporânea consiste em o aluno ler uma vasta gama de gêneros textuais, pois essa prática possibilita ao aluno conhecer a multiplicidade de usos e de funções da língua. A tarefa do professor, nesse caso, é

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auxiliar o aluno na percepção de tais diferenças, já que cada gênero apresenta características bem peculiares uns dos outros. Conforme Arroyo (2000, p.103),

Uma visão otimista dos novos tempos está invadindo o pensamento educacional. Podemos continuar tendo como horizonte de nossa docência a inserção no mundo do trabalho, os níveis de excelência do mercado competitivo, uma vez que o mundo da produção mudou, se humanizou, se

intelectualizou. Consequentemente valoriza saberes abertos,

personalidades polivalentes.

Trazemos ao encontro do nosso estudo, as contribuições teóricas de Swales (1990) quando defende que os alunos devem conhecer os gêneros textuais e suas características, além de possíveis construções de texto. Para o autor, o texto deve ser visto dentro de um contexto. Ao analisar gêneros textuais, preocupa-se não só com o contexto, mas também com estrutura, conteúdo e características, além é claro de preocupar-se também com o ensino da língua inglesa.

Swales (idem), ao comentar sobre gêneros textuais, afirma que interpretar um texto em si próprio não basta, assim como não basta entender em si o seu contexto, mas é preciso que o conhecimento seja além. Esse conhecimento além implica no estudo quanto às variedades funcionais do inglês, usos de estratégias de leitura (entender a ideia geral ou os detalhes) e a pesquisa na área da aprendizagem.

No entanto, o autor se detém no ensino da Língua Inglesa para fins específicos, como por exemplo, o profissional. Sua visão quanto aos gêneros textuais se difere dos demais estudiosos, pelo fato de entender que estes são muito complexos e que a sua realização se faz através do discurso.

Pensar sobre a utilização dos diferentes gêneros textuais no processo de ensino-aprendizagem é ajudar nosso aluno a ativar e explorar sua capacidade de leitura, no caso, em língua inglesa.

Marcuschi (2008) contribui com o presente estudo, defendendo que são três as fases pelas quais os gêneros textuais perpassaram. A primeira, sob o olhar de uma observação histórica, os gêneros eram limitados. Na segunda fase, já com o surgimento da escrita, os gêneros se multiplicaram. Agora estamos vivendo a terceira fase, pois com o surgimento da cultura impressa os gêneros expandiram-se de tal forma que dificulta a definição de cada um. Para entendermos melhor, essa é a cultura eletrônica, uma vez que essa explosão de novos gêneros está acontecendo devido ao telefone, rádio, televisão, computador (internet), etc.

Nessa visão, o professor inicia um trabalho que ao resgatar o gosto pela leitura, ainda pode explorar, além dos sentidos, os recursos da gramática da língua.

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Partindo então do já sabido, ou seja, numerosos são os gêneros textuais e, difícil é o trabalho para distingui-los, é que nos propusemos a entender melhor as HQs, não só porque em muitos casos são as preferidas das crianças e adolescentes, mas também porque é um gênero textual já consagrado (popular e conceituado) e que merece destaque especial na sala de aula (atividades pedagógicas), para um ensinar e um aprender de forma mais lúdica, divertida e descontraída.

Largamente difundidas na mídia e vista a partir do século XXI como grande aliada na formação da educação é que devemos ficar atentos às mensagens e valores que nos querem ser transmitidas.

O entrelaçamento para uma compreensão textual de sucesso fica a cargo de muitos fatores como o tamanho e a clareza das letras, a cor e a textura do papel, o comprimento das linhas, nada de excesso no que diz respeito às abreviações. Quanto à era contemporânea, que privilegia o recurso digital, é fundamental também a qualidade e o funcionamento correto dos dispositivos escolhidos para a interação. Os fatores elencados quando em perfeita harmonia, conseguem propiciar ao texto, independente do gênero textual, uma excelente legibilidade e possibilidades de interação.

Assim sendo, um bom texto precisa acompanhar a demanda com qualidade quando a questão é a tecnologia. Precisa o autor proporcionar uma impressão positiva ao leitor, pois ao consultar seu trabalho, seja para fins de ensino didático (professor) ou para fins de aprendizagem (aluno), deve, além de ser bem apresentável, ainda facilitar o que o usuário busca pesquisar.

O leitor deve se deixar fascinar pela leitura, escolher aquela que lhe convém (gênero textual) rumando ao seu encontro, pois a necessidade de sermos atuantes socialmente não nos permite ficarmos acomodados sem por em funcionamento a criticidade de cidadãos ativos que devemos ser.

1.2 A propósito do gênero textual: História em Quadrinhos

A peculiaridade primordial do gênero Histórias em Quadrinhos (HQs) se dá exatamente pela sequência de quadros, e estes, por sua vez, são compostos por desenhos, balões e legendas. Conforme explica Mendonça (2002, p.195), as HQs são bastante complexas, pois quando comparado a outro gênero, podemos perceber

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que também acarreta uma multiplicidade de enfoques, pois, da mesma forma, são exigidas sistematizações que demandam um trabalho cognitivo.

Ler HQs consiste numa combinação harmoniosa entre linguagem verbal (escrita) com a linguagem não verbal (imagens), além, é claro, de relacionar significados, acionando um alto grau de conhecimento prévio para conseguirmos participar da construção dos sentidos. Ainda é preciso mobilizarmos nossa criticidade, pois só assim compreenderemos o que o texto quer nos revelar. Como se não bastasse, outro fator importante que deve estar presente nas leituras é a percepção do implícito.

Mendonça (idem, p.202) ainda comenta que com o avanço das pesquisas linguísticas e educacionais é verdadeira a premissa de que as HQs demandam estratégias de leitura bem sofisticada. A autora também afirma que a utilização desse gênero deveria constituir o trabalho dos professores de todas as áreas do conhecimento.

O cotidiano escolar deve reconhecer e explorar a quadrinização como um recurso didático tão eficiente quanto qualquer outro. A complexidade do gênero permite todo um trabalho de explícitos e implícitos. Com certeza, é desenvolvida uma habilidade de dosar a informação explícita e implícita, ora na escrita, ora nos desenhos, além de que os recursos gráficos empregados como diferentes tipos de frames (estruturas dos quadros), de balões e onomatopeias fora destes implicam em ganhos consideráveis de significados.

As HQs devem ser incentivadas também no contexto extraescolar, pois ao mesmo em tempo que é um facilitador da aprendizagem, ainda consegue atingir diferentes graus de letramento, recorrendo também a afinidade dos leitores, e o caráter informal de sua composição.

Os letramentos, conforme Araújo e Dieb (2009, p.141), podem ser assim classificados: “o letramento digital, o letramento computacional, o letramento informacional, o letramento visual, o letramento midiático, entre outros. Segundo os autores, cada um abrange uma habilidade diferente para o uso em situações específicas de letramento.”

Para Bazerman (idem, p.84) “a evolução do letramento vai de mãos dadas com a evolução das interações e participações sociais que realiza.”

Portanto, os diferentes tipos de letramento realizam diversas convergências dentro do gênero analisado, cujas características abrangentes possibilitam, por

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exemplo o acesso a HQs do mundo inteiro com infindáveis temáticas mediadas pelo computador, que também pode ser por meio de softwares adequados, uma interessante ferramenta de criação e divulgação, acenando inclusive para a intertextualidade.

Ao longo do trabalho nos deteremos mais em dois subtipos das HQs, sendo a tira e a charge. Através desses textos, podemos expressar nossas ideias e opiniões, uma vez que abordam os mais variados assuntos. Podemos citar alguns exemplos como: política, economia, esporte, crenças, educação, situações sociais peculiares, etc.

As tirinhas de humor e a charge estão em circulação em diversos veículos midiáticos, pois o sucesso alcançado está cada vez mais ganhando espaço e seduzindo leitores a cada publicação. Em jornais e revistas, as tirinhas buscam a empatia de um público leitor bastante heterogêneo. O que determina a divulgação em determinados espaços de tempo, permanência ou exclusão é a apreciação do público-alvo, de modo que personagens que abrangem temáticas ofensivas ou ainda consideradas impróprias pela grande mídia recorrem a outros meios de divulgação, como a mídia alternativa, internet ou publicações independentes.

A tira humorística, em língua inglesa, é denominada comic strips, especificamente, é composta de no máximo quatro quadrinhos, é de caráter sintético. Mendonça (ibidem, p.198) divide as tiras em dois subtipos,

a) tiras-piada, em que o humor é obtido por meio das estratégias discursivas utilizadas nas piadas de um modo geral, como a possibilidade de dupla interpretação, sendo selecionada pelo autor a menos provável; b) tiras-episódio, nas quais o humor é baseado especificamente no desenvolvimento da temática numa determinada situação, de modo a realçar as características das personagens.

Acreditamos que a leitura das tiras humorísticas são extremamente saudáveis para estimular a imaginação e o raciocínio do público leitor, independente da faixa etária do leitor, em função dos diferentes níveis de significação possíveis. Em sua especificidade, assim como a tira humorística, a charge também possui caráter visual desenhado, pois ao ser associada à linguagem verbal, torna mais acessíveis temáticas complexas.

A charge é denominada em língua inglesa cartoon, é formada por um único quadro e tem como elemento principal a caricatura. A caricatura modifica exagerada e propositalmente as características dos humanos, animais ou coisas. Enquanto

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representação ou símbolo, a caricatura – através do ridículo, pode satirizar tanto os aspectos positivos quanto os aspectos negativos do caricaturado.

Através da caricatura o homem pode rir e refletir, pois o desenhista trabalha com a intenção de representar, nos traços exagerados, uma profunda compreensão da temática que está sendo transmitida. A caricatura através do humor revela os assuntos sociais da realidade tanto nacional, quanto internacional.

Ao criticar e denunciar fatos cotidianos, a tira e a charge trazem o diálogo dos personagens inserido nos balões, que, por sua vez, possuem os mais variados formatos, podemos citar alguns como: balão-fala, balão-pensamento, balão-cochicho, balão-grito, balão-encadeado, balão uníssono, etc. Vale ressaltar ainda que os balões ainda podem trazer sinais, desenhos e grafemas.

Os outros dois componentes dos quadros que merecem destaque são a legenda e as onomatopeias. O primeiro desempenha o papel do narrador, cuja função é ficar fornecendo informações para que haja ligação entre os quadros. O segundo tem a função de transmitir ruídos e/ou sons específicos e, na maioria dos casos, está associada a uma figura para facilitar a interpretação do leitor. Iannone & Iannone (1994, p.81) salientam que,

O enorme poder de comunicação das histórias em quadrinhos é inegável. Hoje elas frequentam os bancos escolares, servindo de material didático auxiliar para inúmeros exercícios e configurando uma alternativa interessante às atividades pedagógicas mais tradicionais.

Nessa perspectiva, elegemos o gênero textual HQs, para se fazer presente em nosso trabalho (teoria) e posteriormente na sala de aula (prática) para que, através dele, possamos ensinar a língua inglesa, aplicando estratégias de leitura, estratégias estas que tentaremos descobrir estudando ao longo do próximo capítulo.

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2 COMO ENSINAR A LEITURA DOS GÊNEROSTEXTUAIS EM LÍNGUA INGLESA?

Ao realizarmos a leitura de um texto em língua estrangeira, indiferente do gênero em questão, o nosso principal objetivo é compreendê-lo de tal forma que, se não conseguimos executá-la totalmente, que ao menos tenhamos noção sobre a mensagem que o texto intenciona transmitir. Convém lembrar que cada pessoa, ao realizar sua leitura, depende de meios que no momento estão disponíveis ao seu alcance para se organizar e se orientar, para conseguir, assim, desenvolver uma leitura competente.

Explicando melhor, esses meios disponíveis são os recursos que temos junto conosco nos auxiliando para o desempenho da correta compreensão textual. Nesse processo, precisamos ser capazes de saber usá-los para atingir com sucesso nosso objetivo.

Esses meios disponíveis ou recursos (material de apoio – dicionário, conhecimento de mundo, vocabulário mais complexo, desenhos, saber ler nas entrelinhas ...) é o que chamamos de estratégias de leitura.

De acordo com Aebersold & Field (1996, p.73),

Previewing introduce various aspects of the text,helps readers predict what they are going to read, and gives them a framework to help make sense of the information. Several features in the text, which are usually distinct from the running text, aid the readers’ ability to predict. These are particularly useful when previewing long texts:

The title;

The author, source Subtitles;

Subheadings;

Photographs, drawings; Graphs, charts, tables;

Spacing (extra space between paragraphs); Print that is different in size, darkness, or style;1

1

Introduz vários aspectos do texto, ajuda na leitura a ser lida, dá estrutura para a informação fazer sentido. Alguns aspectos no texto, os quais são usualmente diferentes da leitura contínua , acrescentam habilidades para ler. Essas são as particularidades usadas para ler textos longos: o título; o autor, fonte; subtítulos; cabeçalho; fotos; desenhos; gráficos; tabelas; espaços extras entre parágrafos; impressões de diferentes tamanhos, tons e estilos;

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A aula de Língua Estrangeira tende a se projetar num ensinar e num aprender mútuo, onde não são confrontados somente conhecimentos, mas também experiências, cujos sujeitos (professor e aluno) contribuem um com o outro, contemplando saberes específicos que permitem reflexões e/ou aprofundamentos enquanto a prática de leitura. Precisamos reconhecer que teoricamente o aluno pode não saber o que são estratégias de leitura, mas as usa de modo bastante eficaz.

Koch (2006, p.39) nos ensina que

Na atividade de leitura e produção de sentido, colocamos em ação várias estratégias sócio cognitivas. Essas estratégias por meio das quais se realiza o processamento textual mobilizam vários tipos de conhecimentos que temos armazenados na memória.

Todos os textos são criados com uma intenção específica para atingir uma audiência tal, sejam eles na língua materna ou estrangeira, por isso os leitores devem construir e reconstruir ideias, assim, ao mesmo tempo que adquirem informações, aplicam seu conhecimento.

Na verdade, ler significa desenvolver processos mentais para descobrir a nossa própria potencialidade, ou seja, essa habilidade determinará tanto o nosso nível de sucesso, quanto o nosso nível de dificuldade perante os textos que temos em mãos.

Koch (2002, p.40) garante que o processamento textual se dá por meio de sistemas de conhecimento. São eles: conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico e conhecimento interacional.

O primeiro gênero textual a ser selecionado, é uma charge, ela faz referência ao conhecimento enciclopédico.

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TEXTO 1

O conhecimento enciclopédico, conforme a autora, é o conhecimento de mundo. No entanto, esse conhecimento nada mais é do que as nossas vivências pessoais. Sendo assim, a produção de sentidos acontece no momento que sabemos e entendemos a realidade que está próxima a nós, ao nosso alcance. Uma compreensão textual fica comprometida, caso o leitor não entenda alguma expressão, que porventura, possa fugir do seu vocabulário.

No caso, a charge acima traz uma situação em que a filha, ao ser questionada pelo pai de como estava a aula daquele dia, ela responde a ele que poderia ler sobre o que quer saber em seu blog. É importante comentar que não sabemos se o pai entende de tecnologias ou não. Caso o pai não entenda, não saberá o que é blog.

O pai não obteve a resposta que esperava, portanto percebemos que a relação entre pai e filha pode estar se distanciando devido a esse recurso virtual, talvez deixando de lado o diálogo tradicional, responsável pelo desenvolvimento afetivo.

Da mesma forma, se o leitor desse texto não tem esse conhecimento enciclopédico, não conseguirá entender o sentido da mensagem transmitida.

Podemos definir o blog como uma página da internet onde são publicadas informações regulares para serem comentadas por várias pessoas. Em outras palavras, o blog é uma espécie de diário online.

(24)

Assim sendo, a compreensão do texto ocorre de modo satisfatório, a partir do instante em que o leitor ativa esse conhecimento de mundo. Essa é uma estratégia que permite uma leitura com muita rapidez, sem a necessidade de consultar outros meios, como por exemplo, os dicionários.

O conhecimento de mundo pode ser enriquecido a cada dia. Podemos adquiri-lo na escola, no trabalho, na convivência social. Segundo Freire (2002), “sem a curiosidade que nos move na busca, não aprendemos, nem ensinamos.”

Refletindo sobre isso, devemos ser professores e alunos curiosos, interessados em pesquisar, com o objetivo de expandir a nossa realidade. Não podemos ser acomodados e nos conformar com o que sabemos, ou melhor, somente com as coisas que acontecem ao nosso redor, no que diz respeito a nossa realidade, mas sim devemos ampliar nossos conhecimentos, não só com o que chega pronto até nós, mas descobrindo outros que nos levem a buscar o que ainda não sabemos, inovando tanto o ensino (professor) quanto a aprendizagem (aluno).

O conhecimento de mundo propicia uma leitura coerente, cujo sentido é construído de forma global e eficiente.

É oportuno e cabível reforçar que a charge acima exposta retrata exatamente essa situação cotidiana atual, onde o computador, exatamente nesta época, é uma ferramenta inseparável para inúmeros cidadãos.

A mensagem da charge é tão épico que foi produzida no século XXI, no ano de 2011, o que mostra o autor aliado a esta realidade. O blog, enquanto um canal de comunicação, pode sim ser considerado um recurso pedagógico, isto é, não deixa de ser uma tarefa escolar que contribui para a leitura dos educandos, pois desenvolve a criatividade e a criticidade.

Para Bakhtin (2003, p. 364),

Os gêneros têm um significado particularmente importante. Ao longo de séculos de sua vida, os gêneros (da literatura e do discurso) acumulam formas de visão e assimilação de determinados aspectos do mundo. Para o escritor- artesão, os gêneros servem como chavão externo, já o grande artista desperta neles as potencialidades de sentido jacentes. Shakespeare usou e inseriu em suas obras os imensos tesouros dos sentidos potenciais que em sua época não puderam ser descobertos e conscientizados em toda a sua plenitude. O próprio autor e os seus contemporâneos vêem, conscientizam e avaliam antes de tudo aquilo que está mais próximo do seu dia de hoje. O autor é um prisioneiro de sua época, de sua atualidade. Os tempos posteriores o libertam dessa prisão, e os estudos literários têm a incumbência de ajudá-lo nessa libertação.

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É necessário que o professor de língua estrangeira ensine aos seus alunos estratégias de leitura. Devem ser ensinadas aos alunos maneiras de ler, que facilitem a compreensão do texto. Tratando-se nesse estudo de HQs, são muitos os elementos fundamentais para que a mensagem a ser transmitida tenha êxito por parte do leitor: além do conhecimento prévio, o aluno deve associar o verbal com o não verbal, vocabulário, estrutura gramatical da língua e contexto.

Sabemos que muitos alunos encontram dificuldades para ler em inglês,

pelo fato de não fazer uso desses meios. A partir do momento que o aluno se tornará deles conhecedor, com certeza conseguirá interagir com o texto de forma mais integradora, pois assim sendo, desempenhará uma leitura mais eficiente. leiman (2004, p.49)

Quando falamos de ESTRATÉGIAS DE LEITURA, estamos falando de operações regulares para abordar o texto. Essas estratégias podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua vez é inferida a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor, isto é, do tipo de respostas que ele dá a perguntas sobre o texto, dos resumos que ele faz, de suas paráfrases, como também da maneira com que ele manipula o objeto: se sublinha, se apenas folheia sem se deter em parte alguma, se passa os olhos rapidamente e espera a próxima atividade começar, se relê.

O segundo texto a ser selecionado é uma tira humorística, pois assim como a charge, também é veiculada tanto na mídia impressa quanto na mídia eletrônica.

TEXTO 2

Como o próprio nome desse gênero textual deixa evidente, a tira humorística abaixo leva em conta o humor. O dicionário Aurélio (p.1065) define o humor como “capacidade de perceber, apreciar ou expressar o que é cômico ou divertido.”

Sendo esta a intencionalidade do autor, é interessante que prestemos atenção na organização narrativa do texto. Está escrita de uma forma bastante simples, cujo impacto acontece quando remetemos o olhar para o segundo quadrinho.

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Esse texto traz uma relação estreita entre a escrita e o desenho, pois as duas linguagens se complementam, à medida que lemos no primeiro quadrinho dirty feet e visualizamos no segundo quadrinho a imagem do Cascão caminhando com as mãos e a mãe de joelhos limpando o piso.

Marcuschi (2008, p.126) propõe que,

O critério da intencionalidade, centrado basicamente no produtor do texto, considera a intenção do autor como fator relevante para a textualização. Tanto assim, que se costuma indagar: o que é que o autor deste texto pretende? Resta saber se esta indagação é sobre a intencionalidade do autor ou sobre os conteúdos transmitidos pelo texto.

Engajados neste estudo entendemos que a intenção do autor Mauricio de Sousa foi trazer o humor aos seus interlocutores a partir de um conteúdo corriqueiro, uma mãe que limpa a casa e pede para o filho não sujar.

A estratégia de leitura a ser mobilizada pelo leitor é fazer essa relação da linguagem verbal com a linguagem não verbal. Ligeiramente cumprida essa tarefa, é preciso salientar que o humor se faz exatamente por essa harmonia. A rigor, a mensagem do texto não seria compreendida se não tivesse o recurso escrito, como da mesma forma, não seria engraçada se não tivesse o recurso visual. Graças a essa combinação, o autor consegue deixar clara a sua pretensão.

De acordo Motta-Roth (1998, p.16),

À medida que cada detalhe visual vai sendo incorporado à leitura do aluno, este vai construindo um contexto possível para o texto e, assim, vai produzindo significados “em zigue zague”, ou seja, das informações visuais para as textuais e vice-versa.

Convém acrescentar também que o texto se torna ainda mais sarcástico porque o filho é o personagem Cascão. Indivíduo este conhecido por uma característica bem marcante: não gosta de tomar banho. Mas apesar desta mania, é um garoto amigável e carinhoso. Em inglês, esse personagem é chamado de Smudge, nome atribuído a ele propositalmente por significar sujeira.

Mauricio de Sousa, consagrado escritor paulista, consegue associar de forma admirável, a expressão dos rostos dos personagens de acordo com o sentimento que devem deixar transparecer. O menino transmite um sentimento de satisfação por achar que está obedecendo a sua mãe. Por sua vez, a mãe transmite um sentimento de surpresa, espanto ou desaprovação quanto à atitude do filho.

Na inocência de menino, ele não percebe o que está fazendo, já que o humor se dá exatamente no momento em que ele vai deixando no piso, as marcas das mãos sujas. Por outro lado, temos a mãe que deve estar se culpando pela própria

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ignorância, pois ela disse apenas, que ele deveria tomar cuidado com os pés sujos, mas não explicou que não era para ele entrar.

Como já referimos, a tira humorística traz o texto inserido nos balões. Dos tipos de balões já citados, essa tira humorística apresenta o balão encadeado e o balão fala. No primeiro quadrinho, está inserida a fala da mãe, quando ela faz recomendações ao filho. Nesse caso, a personagem está ausente, mas é revelada ligeiramente no segundo quadrinho.

Conforme Iannone & Iannone (1994, p.70)

Os balões podem vir encadeados, com ou sem rabicho. São os balões encadeados ou balões duplos, indicativos de que um único personagem está falando, seguidamente, várias coisas. Nesses casos, a existência de rabichos entre os balões significa que há uma pausa entre uma fala e outra.

É exatamente assim que a fala está distribuída no balão encadeado, primeiro ela recomenda que ele não deverá caminhar com os pés sujos no piso, depois da pausa, ela avisa que está limpando o mesmo.

No segundo quadrinho, temos a resposta do garoto inserida no balão fala. Enquanto a mãe no primeiro quadrinho fazia as devidas recomendações, ele ouvia e ao mesmo tempo, pela sua expressão facial, pensava numa outra forma de entrar, provavelmente em casa, sem usar os pés que, segundo a mãe, estavam sujos. De acordo com Iannone & Iannone (idem), “O balão fala apresenta todo contorno, inclusive o rabicho, em linha contínua. É um dos formatos mais comuns.”

Acreditamos que nas aulas de Língua Inglesa, os recursos icônicos são de grande valia, pois ao mesmo tempo em que interessa, motiva e diverte o educando, ainda auxilia na construção e na reconstrução dos sentidos. Assim sendo, os educadores tornam tanto o ensino quanto a aprendizagem, uma experiência prazerosa e sintonizada entre o texto e o contexto, através do lúdico.

De acordo com Antunes (2003, p.45),

Uma atividade é interativa quando é realizada, conjuntamente, por duas ou mais pessoas cujas ações se interdependam na busca dos mesmos fins. Assim, numa inter-ação (“ação entre”), o que cada um faz depende daquilo que o outro faz também: a iniciativa de um é regulada pelas condições do outro, e toda decisão leva em conta essas condições. Nesse sentido, a escrita é tão interativa, tão dialógica, dinâmica e negociável quanto a fala.

É certo que o professor deve propor, ao seu aluno, textos flexíveis, isto é, que estão de acordo com o seu nível escolar (linguagem, temática), para que sejam capazes de estabelecer conexões entre o que está escrito e o que deve ser

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compreendido, relevantes à realidade e desafiadores de acordo com o peculiar senso crítico da faixa etária em questão.

O terceiro texto que compõe o corpus desse trabalho é uma tirinha de Calvin e Haroldo (Brasil) ou Calvin and Hobbes (Portugal), inquestionavelmente os personagens mais populares dos últimos tempos. Calvin é um garoto de apenas seis anos de idade, porém muito inteligente e cheio de personalidade. Haroldo é um tigre de pelúcia, mas Calvin o vê como sendo de verdade, com características humanas.

Escritos pelo norte-americano Bill Watterson, geralmente seus quadrinhos trazem aventuras criativas de ambos os personagens pelos subúrbios americanos.

TEXTO 3

Esta tira apresenta uma sequência de três quadros, embora o primeiro não contenha bordas e o último não contém fala. Dispostos em tamanhos diferentes, notamos que a mensagem a ser transmitida aos interlocutores acontece de maneira completa.

A mensagem aborda um texto ora com explícitos, ora com implícitos. Os explícitos, como o próprio nome já diz, é ler o que está exposto, é a execução de uma leitura fácil, o texto traz ideias claramente expressas. Os implícitos, muito pelo contrário, requerem uma leitura nas entrelinhas para descobrir de forma bem mais difícil e delicada, o que de fato está sendo explorado no discurso. Interpretar o implícito exige uma maturidade intelectual do leitor, já que este tem que dialogar com o autor para que o texto se faça coeso e coerente.

Motta–Roth (1998, p.17)

A coesão é basicamente, o processo de tessitura ou a relação de interdependência entre as informações de um texto, de tal forma que, para a compreensão de uma parte do texto, devemos recorrer a outras ideias constantes em outros pontos de desenvolvimento do mesmo texto.

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Para Fávero (1998, p.88) “A coerência se dá pelo fato de os enunciados produzidos na conversação se apresentarem mutuamente ligados de maneira ordenada e significativa.”

Notemos aqui a coesão e a coerência como fatores que devem estar sempre unidos para que sejam garantidos os processos de formação de sentido, para que o texto aconteça num todo significativo, independente de sua extensão ou complexidade.

Calvin, ao dizer que é um homem de poucas palavras, quis obviamente engrandecer sua própria imagem, pois todo orgulhoso acredita ser alguém capaz de descrever bem as coisas e fazer grandes observações usando poucas palavras. Na verdade, ele fez um elogio a si próprio. Por outro lado, houve um mal entendido, porque não foi bem assim que Haroldo interpretou. Haroldo entendeu Calvin como sabedor de poucas palavras, com um vocabulário restrito. Sugeriu que lesse mais, talvez assim seu vocabulário pudesse aumentar.

Entendemos que o discurso de Calvin é implícito. Ao proferir suas palavras, deu margem a outras interpretações possíveis porque não se preocupou em explicar ao ouvinte o que realmente queria dizer. Haroldo, por sua vez, usou seu conhecimento de mundo, e se apropriou de informações não inseridas na conversação para construir o seu efeito de sentido. Identificamos, então, o discurso de Haroldo explícito, pois o mesmo não permite uma segunda interpretação, o que explica a revolta de Calvin.

Ao obter uma resposta inesperadamente desagradável, Calvin não gostou e o último quadro é apresentado em movimento, pois o menino corre atrás do tigre. A cena nos remete à certeza de que Calvin está realmente correndo em direção a Haroldo, porque o autor do texto deixa propositalmente um pedacinho do rabo do tigre aparecendo, para auxiliar o interlocutor tanto na busca do desfecho quanto na descoberta da graça.

Concordando com Cançado (2012, p.150), “[...] As inferências conversacionais são feitas a partir do contexto. O ouvinte participa ativamente na construção do significado do que ouve, preenchendo lacunas que o falante deixa em seu discurso [...]”

Inferir significa tirar conclusões, isto é, deduzir o que o autor quis dizer. Isso só é possível a partir do conhecimento de mundo ou do contexto em que o

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interlocutor está inserido, caso contrário não será capaz de perceber uma segunda interpretação, como aconteceu com os amigos Calvin e Haroldo.

Haroldo construiu um texto coerente, pois se aproveitou do implícito para fazer um discurso explícito. Ao inferir outra interpretação, que não a desejada por Calvin, Haroldo o deixou chateado. Podemos conferir na expressão facial do personagem, que no primeiro quadrinho se apresenta de aspecto tranquilo, enquanto no segundo quadrinho é nítida uma fisionomia de espanto e/ou susto.

Haroldo foi irônico com Calvin, pois fez questão de satirizá-lo, inferindo um outro entendimento, já que este fora conveniente para desviar o dito popular que com certeza, todos os leitores conhecem que explica mais ou menos o seguinte: para quem tem um vocabulário bem elaborado, consegue se expressar com poucas palavras, ou melhor, não é redundante.

São estas as estratégias de leitura fundamentais que o aluno precisa mobilizar para ler e entender os textos, por isso a importância de o professor ensinar inglês concomitante com o pictórico. Para Mendonça (2007, p.207),

Os desenhos associados à sequência narrativa funcionam como recursos didáticos poderosos, tornando tanto mais acessíveis quanto mais “palatáveis” tópicos complexos , com os quais os professores têm dificuldade na prática docente.

O desenho, quando entendido pelo interlocutor como um recurso que complementa a escrita, deixa o acesso interpretativo muito mais fácil, uma vez que, associados, implicam numa relevante construção de sentidos. Marcuschi (2008, p. 249) escreve que,

A contribuição essencial das inferências na compreensão de textos é funcionarem como provedoras de contexto integrador para informações e estabelecimento de continuidade do próprio texto, dando-lhe coerência. As inferências funcionam como hipóteses coesivas para o leitor processar o texto. Funcionam como estratégias ou regras embutidas no processo. Não se pode, pois definir e medir a compreensão pela quantidade de texto reconstruído pelo leitor, pois ler compreensivamente não é apenas reproduzir informações textuais, nem parafrasear. [...]

Entendemos que, para compreendermos um texto, seja ele complexo ou não, precisamos de condições lógicas, semânticas, pragmáticas e cognitivas. Tais condições propiciam a nós, leitores, identificarmos informações novas a partir das já existentes. As inferências são informações textuais responsáveis indicadoras de possíveis ações que porventura estejam acontecendo dentro de uma sequência narrativa.

(31)

Sem dúvida, as inferências também são estratégias que fazem parte do ensino de inglês, pois ao mesmo tempo em que exigem o raciocínio do interlocutor, são atividades que propiciam a reconstrução e a criatividade para o entendimento textual. A atividade inferencial une duas informações: as contidas no próprio texto e as de conhecimento pessoal do interlocutor (conhecimento enciclopédico, prévio ou de mundo).

Vejamos a seguir outro exemplo, cuja tirinha é de autoria de Jim Davis. O personagem Garfield se chama assim, devido ao nome do avô do autor ser Jim Garfield Davis.

TEXTO 4

Ao analisarmos a tirinha acima, identificamos as informações não explícitas nas sentenças, mas que devem ser inferidas. A compreensão do texto se dá a partir de um olhar geral sobre a ilustração. A estratégia de leitura nesse caso é observar que o discurso entre os envolvidos acontece por meio de deduções.

Garfield entrega uma caixa vazia a Jon, na expectativa de que o mesmo lhe devolva com um presente. Garfield constrói apenas mentalmente o que deseja, ou melhor, conversa com seu ego. Ao receber a caixa, Jon não capta o que fora mentalizado pelo gato, obviamente. Pelo nosso conhecimento de mundo, percebemos que os personagens estão vivendo a época do Natal, data esta em que as pessoas costumam presentear umas às outras. Jon entende que, por algum motivo (talvez financeiro ou por falta de tempo), o amigo não pôde lhe dar um presente, o que lhe bastou pelo menos ser lembrado. Para Kleiman (idem, p.92),

Perceber a estrutura do texto é chegar até o esqueleto, que basicamente é o mesmo para cada tipo textual. Processar o texto é perceber o exterior, as diferenças individuais superficiais; perceber a intenção, ou melhor, atribuir uma intenção ao autor, é chegar ao íntimo, à

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personalidade através da interação. É uma abstração que se fundamenta nas outras.

Composta por três quadrinhos, a tirinha traz nos dois primeiros o que Garfield está pensando, usando seu balão específico. Conforme Iannone & Iannone (idem) “A característica principal do balão-pensamento é o rabicho em forma de pequenas bolhas.”

É importante lembrarmos que existem várias maneiras de interpretarmos um texto, mas devemos saber que é bom tomarmos cuidado para não fazê-lo de maneira incorreta ou impossível, ou seja, não podemos forçar uma interpretação contrária, que entre em contradição com a verdade do que está sendo tratado. A interpretação do interlocutor deve ser compatível com a interpretação do autor.

Toda a leitura, independente do gênero textual, exige um investimento muito grande de conhecimento pessoal. Este conhecimento nada mais é do que uma estratégia para percebermos a intenção do texto, exercitando a habilidade cognitiva e aprofundando a capacidade não só para compreender como também para produzir textos, de toda natureza. Antunes (2003, p.69) contribui com nosso trabalho destacando que,

Em síntese, os sinais (palavras e outros) que estão na superfície do texto são elementos imprescindíveis para sua compreensão, mas não são os únicos. O que está no texto e o que constitui o saber prévio do leitor se completam nesse jogo de reconstrução do sentido e das intenções pretendidos pelo texto. É preciso que o professor entre pelo conhecimento da pragmática, para “abrir” os horizontes com que vai perceber esse jogo da linguagem.

Na sequência, selecionamos outro texto: os quadrinhos de Mafalda, personagem criada por Quino, renomado cartunista argentino.

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TEXTO 5

O vocabulário que faz os quadrinhos de Mafalda é bem acessível, porém o que dificulta a leitura podem ser as abreviações do mesmo. Acreditamos que a grande maioria dos alunos do Ensino Médio conhece sim bastante palavras em inglês, mas o problema é que esquecem de qual palavra surgiu tal abreviação e, nesse impasse, o leitor fica impedido de compreender o que está sendo transmitido.

No texto acima, temos muitos casos, como por exemplo: I’M, I’LL, IT’S, YOU’RE,

WHAT’S, DON’T. Ainda podemos afirmar que os alunos ao pesquisar algumas palavras

no dicionário, não devem encontrar devido ao plural, como por exemplo em LADIES, quando sabemos que encontraremos somente o singular LADY. Por causa destas especificidades da língua, é que a maioria dos nossos estudantes diz não entender inglês, acham difícil e por vezes ficam chateados por não conseguir dominá-lo. Também é importante salientar que a posição do adjetivo/substantivo também é outra regra que merece destaque, no texto temos como exemplo: BIG HOUSE, PRETTY CAR, IMPORTANT THINGS, IMPORTANT LADIES.

Conforme Leffa (p.30, 2000),

Para um ensino adequado do vocabulário dois aspectos precisam ser inicialmente analisados. Primeiro, é preciso saber o que significa uma palavra . Em segundo lugar, é também importante saber como evolui esse conhecimento.

Quanto ao vocabulário, é importante destacar que depende do interesse do aluno pesquisar para aprender palavras novas para expandir seu léxico. Acreditamos que seja através da escola que esse processo de aprendizagem se inicia, não só para o significado das palavras, mas também para a forma linguística.

(34)

Ainda de acordo com Leffa (idem, p.18),

[...] constata-se com facilidade que na aprendizagem da língua estrangeira, a aquisição do vocabulário é um dos aspectos mais importantes do processo. O léxico é o único conhecimento que pode ser aumentado, geralmente para o resto da vida, já que sempre é possível aprender novas palavras.

Assim sendo, além do conhecimento empírico e do saber ler o verbal associado com o icônico, ainda vemos que é preciso o conhecimento linguístico, que é responsável pela estrutura lexical. Ao utilizar esse conjunto de estratégias de leitura, o aluno desvenda com mais facilidade o que deve ser realmente entendido.

Os quadrinhos de Mafalda trazem um contraste entre o desenho e o discurso. O desenho nos reporta a uma menina de apenas seis anos de idade, mas o seu discurso não condiz com esta faixa etária.

Conforme Umberto Eco (2014)

Mafalda vive em um contínuo diálogo com o mundo adulto. Mafalda é um ‘herói’ do nosso tempo, é um testemunho do momento social: e na Mafalda vemos refletidas as tendências de uma juventude irrequieta. Não nos parece imprudente tratar a Mafalda com o respeito que se deve a um personagem real.

De acordo com o autor, percebemos que a narrativa dos quadrinhos que selecionamos, revela nitidamente o ponto de vista maduro de Mafalda, quando, ao conversar com Susanita, a alerta que, já que os tempos estão mudando as mulheres devem fazer suas contribuições com outras coisas importantes (para a sociedade) e não somente se voltar ao seio familiar (se casar, ter filhos, ser dona de casa, ter netos...), como requer uma cultura mais antiga e/ou tradicional. Umberto Eco (idem) define Susanita como “beatamente doente de espírito materno, narcotizada de sonhos pequeno-burgueses”.

Observando o sexto e o sétimo quadrinho da narrativa, visualizamos o quanto Mafalda está empolgada ao defender a própria ideia: são os dois únicos momentos que ela aparece gesticulando de forma entusiasmada para convencer a outra de que o seu ponto de vista é o certo, induzindo-a a seguir este caminho.

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Existem ainda outras duas técnicas de leitura. Ao definir tais técnicas, Aebersold & Field (idem, p. 76) escrevem que:

Scanning is useful in the prereading stage to build knowledge. Teachers can have students zero in on one topic by asking them a specific question and having them scan to answer that question. This familiarizes them with the text. Another possible prereading use the scanning is to check predictions that students make about the contents of the text to be read. Scanning is also a useful strategy after having read a text as well. The process is still the same: Students can review the text to find a specific piece of information. The difference is that as a post-reading activity, readers have the advantage of having read the text and thus remembering various parts.2

Outra dimensão do processo de leitura, complementar e não excludente, é chamada de Skimming de modo que, (idem, p. 76)

Skimming is usually defined as a quick, superficial reading of a text in order to get the gist of it. Although there is some question about exactly what readers do when they skim, it does appear to be strategy for getting clues to the main ideas, divisions, points, or steps in an argument.3

Como já fora mencionado no primeiro capítulo, é importante não esquecermos que o aluno do Ensino Médio deve estar preparado para enfrentar o mercado de trabalho. No que tange o ensino/aprendizado durante a vida escolar, é preciso que, em se tratando de línguas, o aluno consiga ler e compreender textos dos mais variados gêneros.

É de responsabilidade do professor apresentar, ao seu educando, textos divergentes para que estes consigam despertar o interesse pela leitura, habilidade esta básica para a resolução das atividades cotidianas dos cidadãos.

Queremos formar alunos que saibam identificar quando um discurso é formal ou informal. É nossa obrigação orientá-los explicando o conceito de contexto. Eles preisam saber que o discurso depende da situação, isto é, cada momento exige um nível de formalidade diferente.

2

Scanning é usado no estágio de pré-leitura para construir conhecimento. A pré-leitura é uma possibilidade usada no scanning para conferir o que os estudantes podem fazer com o conteúdo do texto para ler. Scanning é também uma estratégia usada para depois de ter lido o texto. O processo é o mesmo: os alunos podem rever o texto para encontrar partes específicas da informação. A diferença da atividade pós-leitura, é a mesma ter a vantagem de lembrar das várias partes.

3 Skimming é definido como rápido/ágil, é uma leitura superficial do texto para pegar a essência/o fundamental

(36)

Trazemos ao encontro do nosso estudo a charge abaixo na qual, o candidato, ao apresentar seu currículo numa empresa, é questionado a respeito de saber se comunicar ou não em outra língua, mais especificamente, a língua inglesa.

TEXTO 6

A charge nos mostra que o candidato sabe sim algumas palavras, todas relacionadas às redes sociais. Na verdade, a graça da tira se faz pelo fato de o candidato achar que, por conhecer estas palavras já é o suficiente, pois o seu largo sorriso deixa transparecer que, se depender deste requisito, então a vaga está garantida para ele.

Provavelmente não é esta a resposta que o contratante esperava ouvir. Dono de uma postura bastante séria, percebemos que não achou a resposta nada engraçada. Com certeza, o candidato deveria responder que sim ou não, mas não mencionar palavras isoladas como fez, pois o contratante queria que o candidato fosse capaz de conversar com enunciados elaborados.

É claro que o contratante usou a expressão alguma coisa, o que talvez remeteu a essa resposta tão espontânea. Sendo assim, não foi usado o conhecimento de mundo, pois o candidato deveria saber que a expressão usada talvez nem exigiria uma resposta de que ele falasse fluentemente, mas quem sabe pedisse apenas uma resposta de que tivesse noções básicas da língua. De acordo com Meurer (p.26),

(37)

A identidade imbrica-se com as representações das realidades que os indivíduos criam em seus textos e com os relacionamentos sociais que os indivíduos articulam. Ao recompor identidades, procuramos problematizar tal imbricamento, explicitando as características identitárias dos participantes e o seu posicionamento social representado no texto.

Ao pronunciar a frase falo muito, o candidato mostra que interage com o mundo tecnológico de forma assídua, navega nas redes sociais e entende bastante sobre a internet, que aliás é outro recurso tido como requisito para se candidatar às vagas de trabalho. A identidade desse cidadão reflete exatamente o meio social no qual ele convive, pois seu discurso revela a sua realidade.

O presente texto traz outro recurso importante: a legenda. De forma criativa está grifado no papel do suposto chefe, a palavra currículo e grifado junto ao balcão de atendimento as palavras Recursos Humanos. Iannone & Iannone (idem, p.73) afirmam que no quadrinho

A legenda desempenha papel equivalente ao do narrador na televisão, no rádio ou num filme. É a voz ‘exterior’, que descreve algum fato ou informa algo importante. Suas funções mais comuns relacionam-se com o início da história (informações preliminares ou introdução) e com a ligação (sequência) entre um quadro e outro. As legendas podem ser apresentadas de várias formas, mas em geral aparecem dentro de um quadrado ou retângulo, com texto em letra de imprensa comum.

Assim sendo, a legenda da palavra currículo nos leva a compreender que o moço entrega ao senhor sua identificação pessoal com todos os dados da sua pessoa física. Dando sequência na construção narrativa, a legenda da palavra Recursos Humanos nos leva a compreender que o moço está em uma sala, cujo senhor é o responsável por entrevistar com intuito de conhecer melhor as pessoas que estão em busca de um trabalho.

Enquanto leitores da charge exposta, observamos que vale orientar nosso aluno a estas questões solicitadas nas mais diversas oportunidades de emprego: conhecer a língua inglesa e interagir com a tecnologia. Conforme Araújo e Dieb (idem, p.99)

[...] o avanço tecnológico vem processando infindáveis transformações em nosso cotidiano; as tecnologias tornaram-se parte integrante de nossas vidas, modificando pensamentos, atitudes, percepções e comportamentos, gerando novos letramentos.

A globalização, esse fenômeno mundial, tem uma grande colaboração no que diz respeito ao ensino. No entanto, já sabemos que os alunos têm uma grande oferta de gêneros textuais, online ou não, cabendo a ele decidir qual chama mais sua

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