Cap´ıtulo 5
Diel´
etricos e Capacitores
Neste cap´ıtulo vamos come¸car apresentando uma por¸c˜ao de fenˆomenos j´a con-hecidos da maior parte de vocˆes e vamos relacion´a-los tentando, ao sistematiz´a-los, produzir f´ormulas matem´aticas que os expressem.
5.1
Rigidez Diel´
etrica
J´a vimos anteriormente a diferen¸ca entre um diel´etrico e um condutor. Nos diel´etricos (ou isolantes) os el´etrons est˜ao presos aos n´ucleos dos ´atomos e portanto, ao contr´ario dos metais, n˜ao existem el´etrons livres nessa substˆancia.
Dado isto, sabemos que se um campo el´etrico for aplicado a um diel´etrico, vai haver uma tendˆencia de afastar os el´etrons de seus n´ucleos devido `a for¸ca externa. Mas o que acontece se aumentarmos muito o campo el´etrico externo? ´E claro que a for¸ca que age em cada el´etron vai aumentando tamb´em, proporcionalmente. Isto pode chegar ao ponto em que a for¸ca externa fica maior do que a for¸ca externa que liga o el´etron ao seu n´ucleo. Quando isto acontece, os el´etrons passar˜ao a ser livres - TRANSFORMANDO ENT ˜AO UM DIEL´ETRICO EM UM CONDUTOR!!!
Esse processo pode ocorrer com qualquer isolante e o campo el´etrico aplicado que o transforma em condutor vai depender da estrutura de cada material.
O valor m´ınimo do campo el´etrico que deve ser aplicado a um diel´etrico para tranform´a-lo em condutor ´e denominado RIGIDEZ DIEL´ETRICA. Cada ma-terial tem seu valor pr´oprio de rigidez diel´etrica, dadas as diferentes estruturas
microsc´opicas de cada um deles.
Verifica-se experimentalmente que a rigidez diel´etrica do vidro ´e 14× 106N/C
(unidade de campo el´etrico!!) enquanto a da mica pode atingir 100× 106N/C. A
rigidez diel´etrica do ar em contrapartida, ´e bem menor, 3× 106N/C.
5.2
Compreendendo centelhas el´
etricas a partir
do fenˆ
omeno da rigidez el´
etrica
Consideremos duas placas eletrizadas com cargas de sinais contr´arios, sepa-radas por uma camada de ar. Se o campo el´etrico criado por essas placas for inferior a 3× 106N/C, o ar entre elas permanecer´a isolante e impedir´a que aja passagem de uma placa `a outra. Entretanto, se o campo exceder esse valor, a rigidez diel´etrica do ar ser´a rompida e o ar se transfromar´a em um condutor.
As cargas, neste momento, ficar˜ao livres e ser˜ao atra´ıdas para as placas com cargas opostas a elas. Isso ocasiona uma descarga el´etrica entre as placas.
Mais fenomenologia: esta descarga vem acompanhada de emiss˜ao de luz e um estalo que ´e causado pela expans˜ao do ar que se aquece com a descarga el´etrica.
A F´ısica e nosso dia a dia:
1) Cada vez que observamos uma fa´ısca el´etrica saltar de um corpo para outro (do pente para o cabelo, entre os terminais de um interruptor el´etrico, etc) podemos concluir que a rigidez diel´etrica do ar situado entre esses corpos foi ultrapassado e ele se tornou um condutor.
2) Outro fenˆomeno comum ligado `a rigidez diel´etrica ´e o raio em uma tem-pestade, que vem acompanhado de um relˆampago e um trov˜ao. Pilotos (corajosos!) verificaram que durante uma tempestade, ocorre uma separa¸c˜ao de cargas nas nu-vens, ficando as nuvens mais baixas eletrizadas negativamente e as mais altas, pos-itivamente.
Ent˜ao ´e f´acil imaginar que vai haver um campo el´etrico entre essas nuvens. Al´em disso, a nuvem mais baixa (carregada negativamente) vai induzir uma carga positiva na superf´ıcie da Terra e estabelece-se entre essas duas tamb´em um campo
Figura 5.1: Nuvens carregadas
el´etrico. Estamos prontos para entender os raios: `a medida que cargas el´etricas v˜ao se acumulando nas nuvens, as intensidades dos campos el´etricos v˜ao aumentando e ultrapassam a rigidez diel´etrica do ar. Quando isso acontece, o ar torna-se condutor e aparece um relˆampago, que nada mais ´e do que uma enorme centelha el´etrica que salta de uma nuvem para outra, ou de uma nuvem para a Terra. Essa descarga el´etrica aquece o ar, provocando uma expans˜ao que se propraga na forma de uma onda sonora, originando o trov˜ao.
Mais fenomenologia: Como funcionam os p´
ara-raios?
Os p´ara-raios foram inventados pelo cientista americano Benjamim Franklin no s´eculo XVIII. Ele observou que os relˆampagos eram muito semelhantes ´as centelhas el´etricas que se vˆe saltarem entre dois corpos eletrizados em laborat´orio. Suspeitou ent˜ao, que os raios fossem enormes centelhas causadas por eletricidade, que por algum processo desenvolviam-se nas nuvens. Para verificar suas id´eias ele realizou uma experiˆencia que ficou famosa: durante uma tempestade Franklin empinou um papagaio de papel tentando transferir a eletricidade que ele acreditava existir nas nuvens para alguns aparelhos do seu laborat´orio. Ligando a linha do papagaio `a esses aparelhos, Franklin verificou que eles adquiriam carga el´etrica, comprovando sua hip´otese!
Com esse conhecimento e ainda a verifica¸c˜ao experimental (que pode ser hoje comprovado teoricamente) de que quando temos objetos carregados as cargas costu-mam acumular-se nas pontas, resolveu construir assim um aparelho para “atrair” os raios e n˜ao causar os danos que causariam se ca´ıssem aleatoriamente. Assim nasceu
o p´ara-raios, um objeto bastante pontudo, ligado ao solo, de preferˆencia em ligares onde poucos danos seriam produzidos. Funcionou, como sabemos!!
Agora que vocˆe j´a aprendeu a essˆencia de alguns fenˆomenos el´etricos, vamos testar se vocˆe consegue transferir esses conhecimentos para outras situa¸c˜oes:
5.3
Quest˜
oes Desafios
1) Qual a explica¸c˜ao para o fato de a mica ter sido usada durante muito tempo como isolante el´etrico em diversos aparelhos?
Por ter Rigidez Diel´etrica muito elevada.
2) Vocˆe poderia usar um vidro Pirex como isolante el´etrico em um aparelho no qual ele estaria submetido a um campo el´etrico de 2.0× 107N/C? Por quˆe?
N˜ao. Sua rigidez el´etrica ´e menor que este valor. Consulte uma tabela.
3) Sabe-se que quando uma esfera condutora no ar recebe uma carga el´etrica que vai sendo aumentada gradualmente, h´a um limite para o valor da carga que a esfera pode reter. Ap´os esse limite ser atingido
a) O que acontece com a carga que ´e transferida `a esfera? Escoa para o ar.
b) O que se pode afirmar sobre o campo el´etrico na superf´ıcie da esfera? ´
E superior `a rigidez diel´etrica do ar.
5.4
Capacitores
Um capacitor ´e um dos muitos tipos de dispositivos usados em circuitos el´etricos de r´adios, computadores, etc. Capacitores microsc´opicos formam a mem´oria dos bancos de dados dos computadores. A importˆancia dos capacitores est´a princi-palmente na sua propriedade de armazenar energia el´etrica. Pode-se fazer com que eles armazenem e liberem energia em conjuga¸c˜ao com outras fun¸c˜oes do circuito.
A defini¸c˜ao mais precisa de um capacitor ´e a que ele consiste em dois condu-tores que est˜ao pr´oximos, por´em isolados um do outro.
Capacitˆancia ´e a quantifica¸c˜ao do poder que tem um capacitor de armazenar energia. Mais precisamente, a capacitˆancia ´e a raz˜ao entre o m´odulo Q da carga em cada placa e a diferen¸ca de potencial entre as placas.
C = Q
∆V
Por conven¸c˜ao, as grandezas nessa equa¸c˜ao s˜ao positivas; Q se define como o m´odulo da carga em cada placa e ∆V ´e o m´odulo da diferen¸ca de potencial entre as placas. Consequentemente, a capacitˆancia C ´e sempre positiva.
Outro ponto importante a ressaltar ´e que a capacitˆancia ´e uma propriedade associada `a geometria do arranjo formado por condutores e ao meio que existe entre eles. A unidade de capacitˆancia no SI ´e o Faraday
1F = 1C 1V
Os capacitores usuais tem capacitˆancias da ordem de microfaradays
1µF = 1× 10−6F
1) Calcule a capacitˆancia de um capacitor plano paralelo de ´area A e distˆancia
L entre os planos no v´acuo. Discuta o que acontece quando esse capacitor ´e preenchido por um diel´etrico em duas situa¸c˜oes:
a) O capacitor plano paralelo de ´area A que tem inicialmente o v´acuo entre os planos e est´a submetido a uma diferen¸ca de potencial V , quando adquire uma carga Q. Esse capacitor ´e desconectado de fios externos sendo mantido isolado antes da introdu¸c˜ao do diel´etrico.
b) idem, mas mantendo a diferen¸ca de potencial fixa.
A diferen¸ca de potencial entre duas placas condutoras depende da carga nestas placas. ´E conveniente portanto primeiro obter a express˜ao para a diferen¸ca entre os potenciais el´etricos dos dois planos.
∆V =| − E · L| Onde L ´e o vetor na dire¸c˜ao normal e
E = µ |Q| 2²0A − |Q| 2²0A ¶ n = |Q| ²0An
Figura 5.2: Capacitor de placas paralelas
E, ∆V = QL ²0A Portanto C = |Q| |∆V | = ²0A L
Note a dependˆencia dos fatores geom´etricos A e L e vˆe-se portanto que a capacitˆancia cresce com a ´area e decresce com a distˆancia. Isso nos mostra duas possibilidades de alterar a capacitˆancia de dispositivos em geral. Mas existe ainda uma outra maneira, que ´e muito usada por ser eficiente: colocar um diel´etrico entre as placas do capacitor. As placas condutoras podem ser fixadas no diel´etrico. Porque colocar um diel´etrico altera a capacitˆancia? O campo el´etrico entre as placas num meio diel´etrico ´e dado por
E = |Q|
²A
Onde ² ´e a permissividade do meio. Como ²²
0 ´e, para os materiais usualmente utilizados, maior que 1, o campo el´etrico diminui. Isso provoca automaticamente uma diminui¸c˜ao na diferen¸ca de potencial e assim um aumento na capacitˆancia
C = ²A L
´
E interessante notar tamb´em que o m´odulo da rigidez diel´etrica dos materiais utilizados ´e maior do que a do ar, o que tem como consequˆencia imediata que esse tipo de capacitor pode ser submetido a campos mais intensos do que o ar. Quando a rigidez diel´etrica do material ´e atingida, o capacitor ´e danificado pois, como discutimos anteriormente, como no caso dos raios, haver˜ao descargas el´etricas de um condutor a outro. Portanto, colocar um diel´etrico dentro de um capacitor torna-o mais est´avel.
Podemos tornar essas id´eias mais quantitativas. A capacitˆancia de um capac-itor plano no v´acuo, como vimos, ´e dada por
C0 = ²0A
L
Nessas condi¸c˜oes, suponhamos que este capacitor seja desconectado de fios externos e seja mantido isolado. Agora tomemos um diel´etrico de permissividade
² e colocamos em seu interior, preenchendo todo o seu volume. A capacitˆancia vai mudar para
Cd=
²A L
E a raz˜ao entre as duas capacitˆancias
C0 Cd
= ²0
² = K
Onde K > 1 ´e chamado constante diel´etrica. A nova capacitˆancia Cd, pode
ainda ser escrita como
Cd =
Q Vd
Uma vez que a carga n˜ao mudou. O que ser´a que acontece com o potencial? Podemos calcular Vd da seguinte maneira
Cd= Q Vd = Q V0 V0 Vd
Onde V0´e a diferen¸ca de potencial do capacitor C0. Mas sabemos que VQ
0 = C0. Ent˜ao, temos
Cd= C0
V0 Vd
Usando aqui o que acabamos de descobrir sobre a capacit˜ancia, ie,
Cd= KC0 Temos que KC0 = C0V0 Vd −→ V0 Vd = K
Isto ´e, a diferen¸ca de potencial diminui pelo mesmo fator K quando preenchemos o capacitor com um die´etrico.
Toda essa discuss˜ao que fizemos ´e v´alida porque o capacitor est´a isolado do meio externo e as cargas est˜ao fixas nas placas. Mas o que aconteceria se fix´assemos o potencial ao inv´es das cargas como antes? As capacitˆancias C0 e Cds˜ao as mesmas
que antes, pois como vimos, s´o dependem de fatores geom´etricos e da permissividade do meio ²0 e ². Portanto continua sendo verdade que a capacitˆancia, na presen¸ca do diel´etrico, vai aumentar da mesma forma
Cd= KC0
Agora, dado que o potencial ´e fixo, podemos nos perguntar o que acontece com as cargas. Para descobrir isto escrevemos
C0 = Q V Cd = Qd V = Qd Q Q V = Qd Q C0
Portanto, uma vez que Cd= KC0, teremos
Qd
Q = K
ie a carga acumulada no capacitor vai tamb´em aumentar por um fator igual `a constante diel´etrica.
2) Vamos considerar agora o caso de duas esferas concˆentricas e condutoras de raios Ra e Rb (Ra ¡ Rb) com cargas +Q e−Q respectivamente. Qual a capacitˆancia
desse capacitor esf´erico?
Como a capacitˆancia ´e, por defini¸c˜ao dada por
C = |Q| |∆V |
Precisamos calcular, antes de mais nada, o campo el´etrico existente entre essas placas, para depois obter ∆V . A melhor forma de obter o campo el´etricoem casos assim sim´etricos ´e usar a lei de Gauss.
I E· ndS = Q ²0 Rb Ra Rp Q – Q E r n ^=^
Figura 5.3: Capacitor esf´erico de placas paralelas
As cargas est˜ao nas superf´ıcies dos condutores e portanto o campo el´etrico para R < Ra ´e nulo. Entre os capacitores h´a um campo el´etrico orientado como na
figura, radialmente. Pela lei de Gauss temos I
En· ndS = Q
²0
O campo el´etrico ´e constante sobre a superf´ıcie de Gauss, e portanto
E I dS = Q ²0 −→ E4πR 2 P = Q ²0 E = Q 4π²0R2Pr ∆V =− Z E· dl = − Z Rb Ra E· dr |∆V | = Q 4π²o Z r· dRPr R2P = Q 4π²0 Rb − Ra RaRb E, consequentemente C = Q Q 4π²0 Rb−Ra RaRb = 4π²0RaRb Rb− Ra
Outra vez notamos o aparecimento de qunatidades envolvidascom a geometria do problema e a constante diel´etrica em quest˜ao, no caso o v´acuo.
Quando Rb >> Ra, podemos obter uma express˜ao mais simples para a
ca-pacitˆancia e que pode ser ´util eventualmente. A express˜ao para a capacitˆancia, como est´a escrita, n˜ao ´e adequada para fazer esse limite. Uma regra geral para efetuar aproxima¸c˜oes em f´ısica ´e antes de mais nada, descobrir qual o parˆametro
que ´e pequeno e escrever a express˜ao em termos desse parˆametro. Depois disso, faz-se uma expans˜ao em torno do valor zero para o parˆametro. Esse parˆametro ´e em geral adimensional, dado que freq¨uentemente ´e expresso como uma raz˜ao entre
duas grandezas f´ısicas F1 e F2, sendo que F1
F2 << 1 ou vice versa. No nosso caso essa grandeza f´ısica ´e o raio. Ent˜ao nosso parˆametro “pequeno” ser´a Ra
Rb.
Vamos agora reescrever a express˜ao para C em termos desse parˆametro
C = 4π²0RaRb Rb − Ra = 4π²0RaRb Rb Rb−Ra Rb = 4π²0Ra 1− Ra Rb
Na express˜ao acima vˆe-se claramente que quando nosso parˆametro tende a zero
CRB→∞ = 4π²0Ra
Tente fazer agora, seguindo os mesmos passos, o problema an´alogo para um capacitor feito de dois cabos coaxiais de comprimento L, de raios Rae Rb(Ra< Rb),
e cargas Q (em R0) e −Q (em Rb). A solu¸c˜ao desse problema ´e C = ln R2π²20/RL1. O que
acontece no limite R2 >> R1 neste caso?
5.4.1
Associa¸
c˜
ao de Capacitores:
Quando falamos em circuitos el´etricos, os capacitores s˜ao certamente disposi-tivos importantes nos mesmos. Al´em disso, ´e frequentemente ´util construir circuitos com capacitores ligados entre si. ´E por isso importante saber qual a capacitˆancia equivalente dessa associa¸c˜ao. Existem essencialmente duas maneiras de conectar capacitores: em s´erie ou em paralelo. No primeiro caso,
x – + – + C1 C2 y z – + C x z
Figura 5.4: Associa¸c˜ao em s´erie de capacitores
uma das placas ´e conectada, por meio de fios condutores `a placa (com carga oposta `a do primeiro) de um outro capacitor. Isso forma uma liga¸c˜ao em s´erie.
Podemos calcular a capacitˆancia equivalente a esses dois capacitores C − 1 e
C− 2 ligados como mostra a figura.
A diferen¸ca de potencial entre as placas do primeiro capacitor ´e
∆V1 = Vy − Vx
∆V2 = Vz− Vy
A diferen¸ca de potencial entre z e x ´e
∆V = ∆V1+ ∆V2 = Vz − Vx
Assim, aprendemos que para capacitores em s´erie, a diferen¸ca de potencial entre os pontos z e a ´e dada pela soma das diferen¸cas do potencial em cada capacitor. Portanto o capacitor equivalente deve estar submetido a essa diferen¸ca de potencial. O que acontece com as cargas? N˜ao ´e dif´ıcil ver que, em m´odulo, as cargas em todas as placas deve ser a mesma. Se n˜ao fosse assim, o campo produzido pelas placas externas n˜ao seria completamente anulado pelos campos produzidos pelas placas internas e haveria campo el´etrico na regi˜ao que liga os dois capacitores.
Como calcular a capacitˆancia equivalente? Usamos a id´eia acima, ie, que o capacitor equivalente deve ter a mesma carga Q que os capacitores em s´erie, Q. Portanto ∆V = Q C = ∆V1+ ∆V2 = Q C1 + Q C2
Portanto, a capacitˆancia equivalente obedece a equa¸c˜ao
1 C = 1 C1 + 1 C2
e portanto menor do que a capacitˆanciados capacitores individuais. E os capacitores em paralelo? Quanto vale a capacitˆancia equivalente? No caso anterior vimos que capacitores em s´erie tem uma coisa em comum que ´e a carga Q. Os capacitores em paralelo tem em comum a diferen¸ca de potencial.
C1 = Q1 ∆Vxz
e C2 = Q2 ∆Vxz
A carga total nas placas dos capacitores ´e a soma das cargas nos capacitores individuais
Q = Q1+ Q2 E essa ´e a carga do capacitor equivalente
– + C x z – + – + C1 C2 x z
Figura 5.5: Associa¸c˜ao em paralelo de capacitores
C = Q ∆Vxz = C1∆Vxz+ C2∆Vxz ∆Vxz Ou seja C = C1+ C2
E a capacitˆancia do capacitor equivalente ´e sempre maior do que as ca-pacitˆancias individuais.
5) Calcule a capacitˆancia equivalente entre os pontos A e B do circuito mostrado na figura abaixo nas seguintes condi¸c˜oes
a) A chave S est´a aberta
C1 C4 C2 C3 A B C D S
Nos exerc´ıcios envolvendo v´arios capacitores a primeira coisa a fazer ´e identi-ficar quais est˜ao ligados em s´erie e quais est˜ao ligados em paralelo. No caso acima, com a chave S aberta, vemos imediatamente que C1 e C4 est˜ao em s´erie e C2 e C3 tamb´em est˜ao em s´erie. Os capacitores equivalentes a C1 e C4 e a C2 e C3estar˜ao em paralelo. Ent˜ao, primeiro precisamos das capacitˆancias equivalentes dos capacitores em s´erie 1 C1,4 = 1 C1 + 1 C4 e 1 C2,3 = 1 C2 + 1 C3
O que nos leva indiretamente a
C1,4= C1C4
C1 + C4 e C2,3 =
C2C3 C2+ C3
Agora esses novos dois capacitores C1,4e C2,3devem ser associados em paralelo. Portanto a capacitˆancia final resultante ´e dada por
C = C1,4+ C2,3 = C1C4
C1+ C4 +
C2C3 C2+ C3
Note que se todos os capacitores tiverem a mesma capacitˆancia C1 = C2 =
C3 = C4 = C0, teremos C = C 02 2C0 + C02 2C0 = C 0
Fazer limites simples para testar a resposta a qual chegamos ´e sempre uma boa t´atica para achar erros de conta. Se houver algum erro de conta, em boa parte das vezes, ele pode ser detectado fazendo-se um limite conhecido.
b) A chave S est´a fechada.
O que muda quando fechamos a chave S? A diferen¸ca de potencial entre C e
D ser´a a mesma, nessas condi¸c˜oes. Isto implica imediatamente que o conjunto (C1 ,
C2) estar´a em paralelo, assim como o conjunto (C3 , C4). Os respectivos capacitores equivalentes estar˜ao em s´erie uma vez que a diferen¸ca de potencial entre eles deve ser a soma das diferen¸cas de potencial dos capacitores equivalentes.
Calculemos ent˜ao, primeiro a capacitˆancia equivalente entre C1 e C2 e entre
C1,2 = C1+ C2 e C3,4 = C3+ C4 E pelo racioc´ınio acima
1 C = 1 C1,2 + 1 C3,4 = 1 C1+ C2 + 1 C3+ C4 Ap´os um pouco de ´algebra simples obtemos
C = (C1+ C2)(C3+ C4)
(C1+ C2+ C3+ C4)
Note que, outro vez, o limite de todos os capacitores iguais (e iguais a C0) nos fornece
C = C0
6) Considere o capacitor semipreenchido por um diel´etrico mostrado na figura
d1 D d2
x z
Figura 5.7: Capacitor semipreenchido por diel´etrico
A ´area do capacitor plano ´e A, a distˆancia entre as placas ´e L = d1+ D + d2 e a espessura do diel´etrico ´e D. O resto do volume do capacitor ´e ocupado pelo ar. Qual ´e a capacitˆancia desse capacitor?
Podemos pensar no capacitor resultante como sendo composto por uma associa c c˜ao em s´erie de trˆes capacitores. O primeiro que envolve a distˆancia d1 e tem ar entre as placas tem capacitˆancia
C1 = ²0A
O segundo, formado pelo diel´etrico,
C2 = ²A
D
E o terceiro correspondente a um capacitor com ar entre as placas, cuja distˆancia ´e d2
C3 = ²0A
d2
A capacitˆancia resultante ´e
1 C = 1 C1 + 1 C2 + 1 C3 = d1+ d2 ²0A + D ²A
Podemos ainda introduzir a distˆancia L = d1+ D + d2 da seguinte forma
1 C = L− D ²0A + D ²A = ²(L− D) + ²0D ²²0A E, portanto C = ²²0A ²(L− D) + ²0D = ²A K(L− D) + D Onde usamos ²² 0 = K.
Um aspecto interessante da express˜ao acima ´e que aprendemos que a ca-pacitˆancia resultante N ˜AO DEPENDE da posi¸c˜ao do diel´etrico entre as placas (d1 e d2), mas apenas da sua espessura.
Ser´a que isto est´a certo? Podemos fazer um limite que conhecemos bem, que ´e fazer D −→ 0, ou seja, preencher o espa¸co interior completamente por ar. Neste caso, podemos fazer diretamente D −→ 0 na express˜ao acima. Teremos
C −→ ²A KL =
²0A
L (D −→ 0)
(Como deveria ser!)
Podemos tamb´em testar o caso em que o capacitor est´a completamente preenchido pelo diel´etrico, i.e, D −→ L. Esta express˜ao tamb´em conhecemos bem. Ent˜ao
C = ²A
K(L− D) + L −→ ²A
(Como esper´avamos!)
7) Calcular a capacitˆancia equivalente do conjunto apresentado na figura 5.8.
ε
1ε
2 yε
3 x d DFigura 5.8: Capacitor com diel´etricos
A ´area correspondente ao diel´etrico ²3 ´e A. A correspondente ao diel´etrico ²1 ´e a.
Discuta os seguintes limites
a) a−→ 0 b) a−→ A c) ²1 −→ ²2 d) ²1 −→ ²3
e) ²1 = ²2 = ²3 = ²
Como ´e o arranjo dos capacitores como os quais estamos lidando? O capacitor
C3 (correspondente a ²3) est´a em s´erie com o capacitor resultante da combina¸c˜ao em paralelo de C3 e C1 (correspondentes a ²2 e ²1, respectivamente).
Vamos, neste caso deixar a ´algebra para vocˆe e escrever a resposta
C = ²3A[²1a + ²2(A− a)] d[²1a + ²2(A− a)] + ²3AD
Esta express˜ao ´e uma fun¸c˜ao complicada dos parˆametros do problema, at´e porque eles s˜ao muitos. Essa ´e a desvantagem. A vantagem ´e que temos tamb´em v´arios limites para testar a express˜ao. Vamos l´a
a) a−→ 0
C −→ ²3A²2A d[²2A] + ²3AD =
²3²2A d²2+ ²3D
Isto deve ser igual `a capacitˆancia em s´erie de C3 e C2. Vamos ver se ´e?
1 C3,2 = 1 C3 + 1 C2 = d ²3A + D ²2A = d²2+ ²3D ²2²3A Portanto C3,2 = ²2²3A d²2+ ²3D
Confirmando que a resposta geral obtida est´a correta nesse limite.
b) a −→ A. (Este deixamos para vocˆe. ´E completamente an´alogo ao caso anterior).
c) ²1 −→ ²2. Neste caso, teremos dois capacitores em s´erie C3 e C2. A f´ormula geral nos fornece
(²1 −→ ²2) C −→ ²3A[²2A + ²2(A− a)] d[²2a + ²2(A− a)] + ²3AD = ²3²2A[2A− a] d²2[A] + ²3AD = ²3²2(2A− a) d²2+ ²3D
Estar´a correto? Para isso calculemos diretamente o caso ao qual o limite cor-responda. O que significa ²1 −→ ²2? Significa que temos outra vez tr˜es capacitores,
C3 e os outros dois diferem apenas na ´area.
C1 −→ C20 = ²2D
a e C2 = ²2D
Se vocˆe calcular a capacitˆancia resultante desse conjunto, vai encontrar exata-mente a express˜ao acima.
d) ²1 −→ ²3. ´E bem parecido com o caso anterior. Deixamos para vocˆe! e) ²1 = ²2 = ²3 = ². A express˜ao geral nos fornece
C −→ ²A[²a + ²(A− a)] d[²a + ²(A− a)] + ²AD =
²2A[A] d²[A] + ²AD = ²A d + A = ²A d + D = ²A L