UFPE — MA989 — 2014.1 — PROF. FERNANDO J. O. SOUZA
LISTA DE EXERC´
ICIOS 06 – v. 1.0
Assuntos: Teoria axiom´atica dos conjuntos de Zermelo-Fraenkel (ZF) – Parte I.
Orienta¸c˜ao: Dar solu¸c˜oes leg´ıveis e completas, explicando todos os passos e detalhes, e indicando as propriedades e os resultados utilizados. Caso a solu¸c˜ao de um item esteja dispon´ıvel, s´o conferi-la ap´os tentar resolvˆe-lo seri-amente. Podem ser usados os recursos da l´ogica de predicados com igualdade e, `a medida que forem introduzidos, os axiomas de ZF presentes nesta lista.
A teoria ZF (1922) ´e uma revis˜ao da teoria dos conjuntos de Zermelo (1908). Em ambas, acrescentamos a rela¸c˜ao de pertinˆencia `a l´ogica de predicados com igualdade, bem como axiomas a respeito dos objetos envolvi-dos nesta rela¸c˜ao bin´aria entre objetos ditoselementose objetos ditos con-juntos (“sets” em inglˆes). Como de h´abito, denotaremos que um elemento
a pertence a um conjunto A em ZF por a ∈ A, e sua nega¸c˜ao, ¬(a ∈ A), por a /∈ A. Apesar de ZF poder ser toda descrita por meio de pertinˆencia, desenvolvemos conceitos, nomenclaturas e nota¸c˜oes a partir dela, facilitando seu entendimento1
.
Na teoria de Zermelo, elementos podem ser conjuntos ou n˜ao. Elementos que n˜ao s˜ao conjuntos s˜ao denominados deprotoelementos2
. Na teoria ZF, apesar de n˜ao haver uma restri¸c˜ao oficial ou expl´ıcita, costuma-se assumir o axioma da pureza, que diz que todo elemento tem que ser conjunto. Isto ´e suficiente para desenvolver boa parte das teorias matem´aticas3
, mas requer que representemos objetos n˜ao-matem´aticos por objetos matem´aticos quando fazemos aplica¸c˜oes a outras ´areas e no cotidiano.
Utilizaremos, informalmente, o nome classe para designar os objetos formados segundo o esquema axiom´atico de abstra¸c˜ao4
de Frege numa teoria ingˆenua de conjuntos (n˜ao em ZF). Uma tal classe ´e a extens˜ao
de um predicado (informalmente, ´e a totalidade dos objetos que possuem
1
Como fazemos para passarmos de uma “linguagem de baixo n´ıvel” para uma de n´ıvel maior em computa¸c˜ao.
2
Em alem˜ao, um protoelemento ´e chamado de “Urelement”, e tal nomenclatura tamb´em aparece em inglˆes.
3
Algumas teorias (Ex.: a teoria das categorias) precisam de teorias que estendem ZF.
4
uma propriedade em comum): dado um predicado P(x) na vari´avel livre x, a extens˜ao de P consiste dos objetos que satisfazem (tornam verdadeiro) o predicado P(x), e ´e denotada por {x|P(x)}. Estenderemos a nota¸c˜ao de pertinˆencia a classes, expressando o axioma obtido por abstra¸c˜ao como:
∀x, x∈ {x|P(x)} ⇐⇒P(x),
ou seja, pertencer `a classe {x|P(x)}´e satisfazer P(x). Classes neste sentido podem coincidir ou n˜ao com conjuntos da teoria ZF, embora todo conjunto
A em ZF seja igual5
a uma classe neste sentido devido ao axioma da ex-tens˜ao abaixo. De fato, A ´e a extens˜ao do predicado PA(x) = x ∈ A. Em todo caso, mesmo quando for mais intuitivo descrever um conjunto em ZF como classe, devemos usar axiomas e teoremas de ZF para garantir que tal conjunto existe em ZF.
Em ZF, h´a: uma axioma (extens˜ao) que estabelece a igualdade de con-juntos; um axioma (regularidade) que limita como conjuntos podem ser, evi-tando patologias; um axioma que garante a existˆencia do conjunto vazio; e axiomas que garantem a existˆencia de certos conjuntos a partir de conjuntos dados. Assumindo o axioma da pureza, isto nos permite dizer que constru´ı-mos e reproduziconstru´ı-mos estruturas e teorias matem´aticas a partir do conjunto vazio. Faremos uma apresenta¸c˜ao de ZF com duas caracter´ısticas: evitaremos discutir a linguagem formal de ZFC, optando por uma explica¸c˜ao menos for-mal; e, onde alguns conjuntos s˜ao produzidos pela combina¸c˜ao de separa¸c˜ao (vide abaixo) e algum outro axioma, j´a enunciamos tal axioma modificado para expressar o conjunto desejado. O(a) leitor(a) interessado em vers˜oes originais, deve consultar a bibliografia recomendada.
Axioma da extens˜ao (ou da extensionalidade): Sejam A eB conjuntos em ZF. Eles s˜ao iguais se, e somente se, eles possuem os mesmos elementos. Simbolicamente:
A=B ⇐⇒ ∀x, (x∈A⇔x∈B).
O axioma da extens˜ao leva `a unicidade de alguns conjuntos cuja existˆencia vem de outros axiomas.
Defini¸c˜ao 1. (Rela¸c˜ao de inclus˜ao ou decontinˆencia). Dados os con-juntosA e B, dizemos que A´e subconjuntodeB,B ´esuperconjunto de
A, A est´a contido em de B, e B cont´em A, e denotamos tal fato por
5
A⊆ B e por B ⊇ A se, e somente se, todo elemento de A ´e elemento de B. Simbolicamente:
A⊆B ⇐⇒ ∀x, (x∈A⇒x∈B).
A ´e subconjunto pr´oprio de B, B ´e superconjunto pr´oprio de A, A est´a contido propriamente em deB, e B cont´em A propriamente, e denotamos tal fato porA(B e porB )Ase, e somente se,A⊆B∧A6=B.
Observe-se que evitamos a nota¸c˜ao⊂ porque pode significar⊆ ou(, depen-dendo do(a) autor(a). Observe-se, tamb´em, que ( n˜ao ´e a nega¸c˜ao de ⊆. Denotamos esta por*:
A*B ⇐⇒ ¬(A⊆B)⇐⇒ ∃x: (x∈A∧x /∈B).
Quest˜ao 1. Sejam A,B e C conjuntos. Provar:
1.a. (reflexividadede ⊆) A⊆A;
1.b. (antissimetriade ⊆) (A⊆B∧B ⊆A)⇐⇒A=B; (Muito usada !)
1.c. A(B =⇒(A⊆B∧B *A);
1.d. (transitividade de⊆) (A ⊆B∧B ⊆C) =⇒A⊆C;
1.e. (transitividade de() (A (B∧B (C) =⇒A(C.
Axioma do conjunto vazio: Existe um conjunto (em ZF) que n˜ao possui elemento algum. Ele ´e denominado conjunto vazio, e denotado por ∅. Sim-bolicamente: ∀x, x /∈∅.
Obs. A introdu¸c˜ao de ∅ por axioma pode ser evitada se se garantir a exis-tˆencia de algum conjunto em ZF. Da´ı, utiliza-se separa¸c˜ao (vide abaixo) para se extrair o conjunto vazio como subconjunto dele.
Quest˜ao 2. Seja A um conjunto. Demonstrar que:
2.a. O conjunto vazio ´e ´unico (e, como sua existˆencia foi garantida, est´a bem definido);
2.b. ∅⊆A. Da´ı, A⊆∅=⇒A=∅;
Axioma do par desordenado: Dados os conjuntos A e B em ZF, existe um conjunto (em ZF), denotado por {A, B} e dito “par (desordenado)A B”, cujos elementos s˜ao, exatamente, A eB. Simbolicamente:
∀x, x∈ {A, B} ⇐⇒(x=A∨x=B).
Defini¸c˜ao 2. Dado um conjunto C, definimos {C} := {C, C}, e dizemos que ele ´e um conjunto unit´ario.
Quest˜ao 3. Sejam A, B e C conjuntos. Demonstrar que:
3.a. {A, B}´e ´unico (e, como sua existˆencia foi garantida, est´a bem definido);
3.b. {A, B}={B, A};
3.c. ∀x, x∈ {C} ⇐⇒x=C;
3.d. {A, B}={C} ⇐⇒A=C =B;
3.e. Os conjuntos ∅, {∅}, { {∅} }, { {{∅}} }, {∅, {∅} }, {∅, {{∅}} },
{∅,{{{∅}}} }, { {∅}, {{∅}} }, { {∅}, {{{∅}}} } e { {{∅}}, {{{∅}}} }
s˜ao dois a dois distintos.
Axioma do conjunto das partes: Dado um conjunto A em ZF, existe um conjunto (em ZF) cujos elementos s˜ao, exatamente, os subconjuntos de
A. Ele ´e dito conjunto das partes6
de A. Denot´a-lo-emos por P(A). Simbolicamente:
∀x, x∈ P(A)⇐⇒x⊆A.
Quest˜ao 4. Sejam A e B conjuntos. Demonstrar que:
4.a. P(A) ´e ´unico (e, como sua existˆencia foi garantida, est´a bem definido);
4.b. A∈ P(A) e ∅∈ P(A);
4.c. A⊆B ⇐⇒ P(A) ⊆ P(B);
4.d. A=B ⇐⇒ P(A) =P(B).
4.e. Descrever todos os elementos de cada um dos conjuntos a seguir, justificando sua descri¸c˜ao: P(∅), P({∅}), P({∅,{∅} }) e P({ {{∅}} }).
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Esquema axiom´atico da separa¸c˜ao7
. Informalmente: dados um conjunto
Ae um predicadoP(x) aplic´avel aos elementos deA, existe um conjunto em ZF que consiste, exatamente, dos elementos de A que satisfazem P(x). Tal conjunto ´e denotado por{x∈A|P(x)}. Simbolicamente, escrevemos:
∀x, x∈ {x∈A|P(x)} ⇐⇒(x∈A∧P(x)).
Observemos que isto ´e, essencialmente, abstra¸c˜ao restrita a predicados da forma x ∈ A∧P(x) com P(x) aplic´avel aos elementos do conjunto A (em ZF), o que produziria a classe {x|x∈A∧P(x)}.
Observemos, tamb´em, que P(x) pode ter parˆametros a1, . . . , an j´a
esco-lhidos ao aplicarmos o predicado aos elementos de A. Assim, mais formal-mente, o esquema axiom´atico8
da separa¸c˜ao pode ser enunciado como: seja uma f´ormulaφ(x, A;a1, . . . , an) constru´ıda na linguagem formal da teoria ZF,
contendo exatamenten+2 vari´aveis livres9
, a saber,x,Aea1, . . . , an. Ent˜ao:
∀A,∀a1, . . . ,∀an, ∃S: ∀x, [x∈S ⇔(x∈A∧φ(x, A;a1, . . . , an) )].
O conjunto S ´e aquele cuja existˆencia ´e garantida pelo axioma referente `aquela f´ormulaφ.
O esquema axiom´atico da separa¸c˜ao ´e uma consequˆencia dos dois axio-mas anteriores juntamente com o esquema axiom´atico da substitui¸c˜ao (a ser estudado na Parte II). No entanto, separa¸c˜ao ´e t˜ao importante que costuma ser enunciada como axioma (e n˜ao como teorema). Como veremos num exer-c´ıcio abaixo, separa¸c˜ao equivale `a ideia de subconjunto.
Quest˜ao 5. Sejam A e B conjuntos, e P(x) um predicado aplic´avel aos elementos de A. Demonstrar que:
5.a. {x ∈A|P(x)}´e ´unico (e, como sua existˆencia foi garantida, est´a bem defi-nido);
5.b. {x∈A|P(x)} ⊆A(Todo conjunto obtido de Apor separa¸c˜ao ´e um subcon-junto de A);
7
ou da compreens˜ao restrita, ou da especifica¸c˜ao, ou do subconjunto.
8
Isto ´e um esquema axiom´atico porque fornece um axioma para cada f´ormula
φ(x, A;a1, . . . , an) como descrito acima. Para cada conjunto A e cada valor a1, . . . , an
para os parˆametros, temos um predicadoP(x).
9
5.c. Reciprocamente, todo conjuntoB que ´e subconjunto deApode ser reobtido por separa¸c˜ao: B ⊆A=⇒B ={x∈A|x∈B}.
Obs. Da´ı, o nome alternativo: esquema axiom´atico do subconjunto;
5.d. (Dificuldade m´edia.) A classe CA=b {x|∃a∈A: x={a}} (usualmente de-not´avel por { {a}|a∈A}) ´e extensionalmente igual a um conjunto em ZF.
Dica: Aplicar separa¸c˜ao aP(A) com um predicado apropriado;
5.e. (Bem dif´ıcil). R(A)∈/ A, onde R(A)=b {x∈A|x /∈x}.
Dica: Pensar na demonstra¸c˜ao do paradoxo de Russell;
5.f. (Dificuldade razoavelmente alta). Em ZF, n˜ao existe um conjuntoU ao qual todos os conjuntos em ZF pertencem. Da´ı, a classe dos conjuntos em ZF n˜ao ´e um conjunto em ZF.
Dica: Utilizar o Item 5.e.
Defini¸c˜ao 3. Dados os conjuntos A e B, definimos: ainterse¸c˜ao deA e B, A∩B :={x∈A|x∈B}; e
adiferen¸ca(oudiferen¸ca absoluta) entreAeB, A\B :={x∈A|x /∈B}. Dizemos queA e B s˜ao disjuntos se, e somente se, A∩B =∅.
Obs. Alguns autores denotam A\B por A−B.
Obs. Em virtude do Item 5.a, A∩B eA\B est˜ao bem definidas e, em vista do Item 5.c, s˜ao subconjuntos deA.
Quest˜ao 6. Sejam A, B e C conjuntos. Demonstrar que:
6.a. ∀x, x∈(A∩B)⇐⇒(x∈A ∧x∈B), ou seja,A∩B ´e (extensionalmente) igual `a classe {x|x∈A∧x∈B};
6.b. (comutatividade de∩) A∩B =B ∩A;
6.c. (associatividade de∩) (A∩B)∩C =A∩(B∩C);
6.d. A\B e B\A s˜ao disjuntos.
Obs. Logo, a diferen¸ca entre conjuntos n˜ao ´e comutativa;
6.e. (A\B)\B =A\B;
6.g. A⊆B ⇐⇒A∩B =A⇐⇒A\B =∅;
6.h. A⊆B =⇒A∩C ⊆B∩C; (A interse¸c˜ao preserva a inclus˜ao !)
6.i. A⊆B =⇒C\B ⊆C\A; (A diferen¸ca reverte a inclus˜ao !)
6.j. A∩∅=∅=A\A=∅\A;
6.k. A∩A=A=A\∅;
6.l. P(A∩B) =P(A)∩ P(B).
A seguir, estudamos a interse¸c˜ao de uma cole¸c˜ao n˜ao-vazia de conjuntos, isto ´e, o conjunto dos elementos comuns a todos eles, seja tal cole¸c˜ao finita ou n˜ao.
Defini¸c˜ao 4. DadoF, um conjunto10
n˜ao-vazio de conjuntos, definimos sua
interse¸c˜ao, denotada por ∩F e por11 \
F∈F
F, da seguinte maneira: como
F 6=∅, sejaFe um elemento de F fixado. ∩F :={x∈Fe|∀F ∈ F, x∈F}.
Quest˜ao 7. Sejam F um conjunto n˜ao-vazio de conjuntos, eAe B conjun-tos. Demonstrar que:
7.a. ∀x, x∈ ∩F ⇐⇒ ∀F ∈ F, x∈F, ou seja, ∩F ´e (extensionalmente) igual `a classe {x|∀F ∈ F, x∈F}.
Obs. Disto,∩F ´e independente da escolha de Fe !
Dica: Obter que ∀x, hx∈Fe∧(∀F ∈ F, x∈F)⇐⇒ ∀F ∈ F, x∈Fi;
7.b. A∩B =∩ {A, B};
7.c. ∩ P(A) =∅.
Ex.: Com o conhecimento de propriedades de R, podemos mostrar que,
dados os reais a e b tais que a < b:
\
n∈N\{0}
a− 1 n, b+
1
n
= [a, b] = \
n∈N\{0}
a− 1 n, b+
1
n
10
Para facilitar a leitura, costumamos dizer “cole¸c˜ao de conjuntos” ou “fam´ılia de con-juntos”.
11
A uni˜ao dos conjuntos numa cole¸c˜ao de conjuntos e, em particular, a uni˜ao de dois conjuntos s˜ao introduzidas por axioma.
Axioma da uni˜ao: Dada um conjunto F de conjuntos em ZF, existe um conjunto (em ZF) cujos elementos s˜ao, precisamente, os elementos que per-tencem a, pelo menos, um conjunto em F. Tal conjunto ´e dito a uni˜ao de
F. e ´e denotada por ∪F e por [
F∈F
F. Simbolicamente:
∀x, x∈ ∪F ⇐⇒ ∃F ∈ F : x∈F.
Eis aqui a uni˜ao de dois conjuntos, mais familiar:
Defini¸c˜ao 5. Dados os conjuntos A e B, A∪B :=∪{A, B}.
Quest˜ao 8. Sejam F um conjunto de conjuntos, e A, B e C conjuntos. Demonstrar que:
8.a. ∪F ´e ´unico (e, como sua existˆencia foi garantida, est´a bem definido);
Obs. Em particular, o conjunto A∪B est´a bem definido;
8.b. ∪∅=∅;
8.c. ∀x, x∈(A∪B)⇐⇒(x∈A ∨x∈B), ou seja,A∪B ´e (extensionalmente) igual `a classe {x|x∈A ∨ x∈B};
8.d. A∪A=A, ou seja, ∪{A}=A;
8.e. ParaCAdo Item 5.d, ∪CA=A, ou seja, A´e a uni˜ao dos conjuntos unit´arios formados por seus elementos;
Obs. A uni˜ao pode ser usada para formalizar a descri¸c˜ao de um conjunto finito por extens˜ao. Por exemplo, se o conjunto A consiste dos elementos
∅,{∅}e{{∅}}, ent˜ao Acostuma ser denotado por A={∅, {∅}, {{∅}} }, significando: ∀x, x∈A⇐⇒ (x=∅∨x={∅} ∨x={{∅}}). Do axioma da extens˜ao, conclu´ımos que, em ZF, A = {∅} ∪ { {∅} } ∪ { {{∅}} }, pois o predicado acima equivale `a pertinˆencia a esta uni˜ao repetida12
, como o(a) leitor(a) pode conferir. Gostar´ıamos de poder, simplesmente, afirmar que:
{a1, . . . , an}={a1} ∪. . .∪ {an}=
n
[
ı=1
{aı},
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para cada natural positivon. Por´em, para darmos sentido aNe a esta uni˜ao
sobren conjuntos comn arbitr´ario, precisamos de mais axiomas e teoremas.
Uma dica para os pr´oximos itens ´e empregar propriedades dos conectivos l´ogicos∨, ∧ e ¬combinadas com os itens 6.a e 8.c.
8.f. (comutatividade de∪) A∪B =B∪A;
8.g. (associatividadede∪) (A∪B)∪C=A∪(B∪C);
8.h. (distributividade de∩ com rela¸c˜ao a ∪) A∩(B∪C) = (A∩B)∪(A∩C);
8.i. (distributividade de∪ com rela¸c˜ao a ∩) A∪(B∩C) = (A∪B)∩(A∪C);
8.j. B ⊆A=⇒(B∪C)⊆(A∪C); (A uni˜ao preserva a inclus˜ao !)
8.k. B ⊆A⇐⇒B∪A=A. Disto, obter A∪A =A novamente, e A∪∅=A;
8.l. A\(B∪C) = (A\B)∩(A\C), e A\(B∩C) = (A\B)∪(A\C).
Dica: Usar as leis de De Morgan;
8.m. A\(B\C) = (A\B)∪(A∩C), mas
(A\B)\C = A\(B ∪C) = (A\B)∩(A\C). Dar conjuntos A, B e C que satisfazem A\(B\C)6= (A\B)\C (Em particular, eles constituem um con-traexemplo para a associatividade da diferen¸ca);
8.n. P(A)∪ P(B)⊆ P(A∪B). Dar um contraexemplo para a igualdade.
Defini¸c˜ao 6. Dado um conjunto F de conjuntos, dizemos que F ´e uma
fam´ılia disjuntade conjuntos, e que seus elementos s˜aodois a dois dis-juntos se, e somente se: ∀F ∈ F,∀G∈ F, F =6 G=⇒F ∩G=∅.
Ex.: {∅, {∅}, {{∅}} }´e uma fam´ılia disjunta de conjuntos. Por vacuidade,
∅ tamb´em o ´e. Por´em, o par desordenado { {∅, {∅} }; { {∅}, {{∅}} } }
n˜ao o ´e.
Defini¸c˜ao 7. Dada uma fam´ılia disjunta de conjuntos F, dizemos que a uni˜aoG ∪F ´e disjunta, e podemos indicar isto denotando-a por ⊔F e por
F∈F
Obs. Existe uma outra constru¸c˜ao que ´e relacionada a uni˜oes disjuntas e atende por v´arios nomes na literatura, tais como soma direta, soma livre,
uni˜ao livre, coproduto (de conjuntos) e . . . uni˜ao disjunta ! Ela ´e denotada por`, + e P mas tamb´em por ⊔ e F. Nota¸c˜ao e nomenclatura dependem do contexto.
Quest˜ao 9. Sejam A, B e C conjuntos, e F uma fam´ılia n˜ao-vazia de con-juntos. Demonstrar que:
9.a. A e B s˜ao disjuntos se, e somente se, A∪B ´e (extensionalmente) igual `a classe {x|(x∈A) ˙∨(x∈B)}.
9.b. F ´e uma fam´ılia disjunta se, e somente se, ∪F ´e (extensionalmente) igual `a classe {x|∃!F ∈ F :x∈F};
9.c. A= (A∩B)⊔(A\B);
9.d. A∪B =⊔{A\B, A∩B, B\A} (cf. itens 6.d e 9.c);
9.e. (A∪B)\B =A\B como corol´ario dos itens 9.c e 9.d.
Defini¸c˜ao 8. Dados os conjuntos A e B, sua diferen¸ca sim´etrica´e defi-nida por A∆B := (A\B)⊔(B\A) (cf. Item 6.d).
Quest˜ao 10. Sejam A, B e C conjuntos. Demonstrar que:
10.a. A△∅=A; e A△A=∅;
10.b. (comutatividade de△) A△B =B△A;
10.c. (associatividade de △) (A△B)△C =A△(B△C);
10.d. A△B = (A∪B)\(A∩B);
10.e. A△B =A\B ⇐⇒B ⊆A;
10.f. A∆B =A∩B ⇐⇒A△B =∅⇐⇒A∪B =A∩B ⇐⇒A =B;
10.h. A△B =A△C ⇐⇒B =C;
10.i. (distributividade de ∩ com rela¸c˜ao a △) (A△B)∩C= (A∩C)△(B∩C);
Os trˆes pr´oximos itens s˜ao opcionais:
10.j. (A∩B)△C ⊇ (A△C)∩ (B△C). Dar conjuntos A, B e C que levam `a continˆencia pr´opria, mostrando que △n˜ao ´e distributiva com rela¸c˜ao a ∩;
10.k. (A△B)∪C⊇(A∪C)△(B∪C) = (A△B)\C. Dar conjuntosA,B eC que levam `a continˆencia pr´opria, donde ∪n˜ao ´e distributiva com rela¸c˜ao a △;
10.l. (A∪B)△C ⊆ (A△C)∪ (B△C). Dar conjuntos A, B e C que levam `a inclus˜ao pr´opria, mostrando que △ n˜ao ´e distributiva com rela¸c˜ao a ∪.
Defini¸c˜ao 9. Dado um conjunto A, definimos a opera¸c˜ao un´aria comple-mento(ou complementar ou diferen¸ca absoluta) emP(A) por:
P(A) −→ P(A)
X 7−→Xc =A\X.
Quest˜ao 11. SejaA um conjunto com rela¸c˜ao ao qual se far´a a opera¸c˜ao de complemento c. Sejam X, Y ∈ P(A). Demonstrar que:
11.a. (c ´e uma involu¸c˜ao) (Xc)c =X;
11.b. ∅c =A, donde Ac =∅;
11.c. Xc ´e o ´unico subconjunto de A disjunto de X tal que sua uni˜ao com X ´e
igual aA. Simbolicamente:
X∩Xc =∅, X⊔Xc =A, e [(X∩Y =∅)∧(X⊔Y =A)] =⇒Y =Xc ;
11.d. (X∩Y)c =Xc ∪Yc;
11.e. (X∪Y)c =Xc ∩Yc;
11.f. X\Y =X∩Yc;
A pr´oxima quest˜ao trata de opera¸c˜oes aplicadas a conjuntos de conjuntos e, como tal, exige um pouco mais de maturidade. O primeiro item ´e dif´ıcil e fundamenta conjuntos auxiliares para os demais itens, que s˜ao de dificuldade m´edia a razoavelmente alta. O(a) estudante deve entender os enunciados destes itens e tentar resolvˆe-los mesmo se n˜ao conseguir resolver o primeiro.
Quest˜ao 12. Sejam A um conjunto, e F e G conjuntos n˜ao-vazios de con-juntos. Demonstrar que:
12.a. As classes abaixo, dadas por abstra¸c˜ao e em nota¸c˜ao usual, s˜ao (extensio-nalmente) iguais a conjuntos n˜ao-vazios de conjuntos em ZF:
CAIF =b{x|∃F ∈ F : x=A∩F}={A∩F|F ∈ F };
CAU F =b{x|∃F ∈ F : x=A∪F}={A∪F|F ∈ F };
CADF =b{x|∃F ∈ F : x=A\F}={A\F|F ∈ F };
CF IG=b{x|∃F ∈ F : ∃G∈ G: x=F ∩G}={F ∩G|F ∈ F, G∈ G};
CF U G=b{x|∃F ∈ F : ∃G∈ G : x=F ∪G}={F ∪G|F ∈ F, G ∈ G}.
12.b. A∩ \ F∈F
F = \
F∈F
(A∩F), ou seja, A∩ (∩F) =∩ CAIF;
12.c. A∩ [ F∈F
F = [
F∈F
(A∩F), ou seja, A∩ (∪F) =∪ CAIF;
12.d. A∪ \ F∈F
F = \
F∈F
(A∪F), ou seja, A∪ (∩F) =∩ CAU F;
12.e. A∪ [ F∈F
F = [
F∈F
(A∪F), ou seja, A∪ (∪F) =∪ CAU F;
12.f. A\ \ F∈F
F = [
F∈F
(A\F), ou seja,A\(∩F) =∪ CADF;
12.g. A\ [ F∈F
F = \
F∈F
(A\F), ou seja,A\(∪F) =∩ CADF;
12.h. (∩F)∩ (∩G) = \
F∈F, G∈G
(F ∩G), ou seja, (∩F)∩ (∩G) =∩ CF IG;
12.i. (∪F)∩ (∪G) = [
F∈F, G∈G
(F ∩G), ou seja, (∪F)∩ (∪G) =∪ CF IG;
12.j. (∩F)∪ (∩G) = \
F∈F, G∈G
(F ∪G), ou seja, (∩F)∪ (∩G) =∩ CF U G;
12.k. (∪F)∪ (∪G) = [
F∈F, G∈G