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Contexto social e práticas alimentares em creches públicas : comprensões e olhares de professores e pais sobre obsidade e sobrepeso em crianças

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA

MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

ÁLVARO DIÓGENES LEITE FECHINE

FORTALEZA-CE

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ÁLVARO DIÓGENES LEITE FECHINE

CONTEXTO SOCIAL E PRÁTICAS ALIMENTARES EM CRECHES PÚBLICAS: COMPREENSÕES E OLHARES DE PROFESSORES E PAIS SOBRE OBESIDADE E

SOBREPESO EM CRIANÇAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública.

Área de Concentração: Epidemiologia

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Maria Tavares Machado

Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Cristina Lindsay

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F316c Fechine, `lvaro Di genes Leite

Contexto social e prÆticas alimentares em creches pœblicas: compreensıes e olhares de professores e pais sobre obesidade e sobrepeso em crian as /`lvaro Di genes

Leite Fechine. Fortaleza, 2011.

146f.

Orientadora: Profa. Dra. MÆrcia Maria Tavares Machado Disserta ªo (Mestrado) - Universidade Federal do CearÆ. Programa de P s-Gradua ªo em Saœde Coletiva. Fortaleza, CearÆ.

1. Transi ªo Nutricional 2. Obesidade 3. Sobrepeso 4. Creches. I. Machado, MÆrcia Maria Tavares (orient.) II. T tulo.

(4)

`LVARO DI GENES LEITE FECHINE

CONTEXTO SOCIAL E PR`TICAS ALIMENTARES EM CRECHES P BLICAS: COMPREENS ES E OLHARES DE PROFESSORES E PAIS SOBRE OBESIDADE E

SOBREPESO EM CRIAN˙AS

Disserta ªo de Mestrado apresentada ao Programa de P s-Gradua ªo em Saœde

Coletiva, da Universidade Federal do CearÆ, como requisito parcial para obten ªo do grau de Mestre em Saœde Pœblica.

Aprovada em _____/_____/________.

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________________________

Prof“. Dr“. MÆrcia Maria Tavares Machado (Orientadora e coordenadora da banca)

___________________________________________________________________ Prof“. Dr“. Marly Augusto Cardoso

(Departamento de Nutri ªo da Faculdade de Saœde Pœblica /Universidade de Sªo Paulo)

___________________________________________________________________ Prof. Dr. JosØ ArimatØa Barros Bezerra

(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

Existem situa ıes na vida em que Ø fundamental poder contar com o apoio e a ajuda de algumas pessoas.

Para a realiza ªo deste trabalho de conclusªo do Mestrado, pude contar com vÆrias. E a essas pessoas prestarei, atravØs de poucas palavras, os mais sinceros agradecimentos:

professora MÆrcia Maria Tavares Machado, orientadora deste trabalho, pelos seus conhecimentos, sua aten ªo e sua boa vontade em contribuir com a minha forma ªo profissional;

s servidoras Dominik e Zenaide, secretÆrias do Mestrado em Saœde Pœblica, pela oportunidade, apoio e aten ªo;

Aos funcionÆrios da Secretaria de Educa ªo de Cedro, em especial a Coordenadora Patr cia, pela cordialidade com que me receberam em seus setores e pela presta ªo das valiosas informa ıes que serviram de estudo para o presente trabalho;

(7)

RESUMO

(8)

da zona rural. Os professores participantes do estudo reclamaram do pouco envolvimento e entusiasmo dos pais no processo educativo das crian as, uma vez que a aten ªo maior dos pais Ø em rela ªo alimenta ªo dos filhos. No nosso estudo apareceu um achado importante, o papel das merendeiras na preven ªo da obesidade infantil, jÆ que elas estªo intimamente ligadas produ ªo dos alimentos servidos na creche.Enfim, podemos constatar que o estudo nªo elucidou todos os problemas que entrela am as questıes que envolvem o sobrepeso e obesidade infantil no contexto atual, mas mostrou que existem diversos fatores que podem estar contribu do para o fen meno do crescimento da obesidade infantil no nosso meio. Assim, a creche aparece como um excelente lugar para o desenvolvimento de programas que podem intervir nos condicionantes e nos fatores de risco para a obesidade infantil.

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ABSTRACT

(10)

food served in the nursery. Finally it can be concluded that that the study did not cla all the problems that intertwine the issues surrounding childhood overweight and obesity in the current context, but it shows that there are several factors that may be contribut to the phenomenon of rising childhood obesity in our country. Thus, the nursery appear to be an excellent place for developing intervention programs to tackle the condition and risk factors for childhood obesity.

(11)

LISTA DE TABELAS

1 Principais estudos sobre a prevalŒncia da obesidade infantil no Brasil.

2 Caracteriza ªo dos grupos focais com os professores, Cedro, CearÆ, 2010.

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LISTA DE ABREVIATURAS

PROF ZU- Grupo focal dos professores da zona urbana.

PROF ZR- Grupo focal dos professores da zona rural

PZU- Grupo focal de pais da zona urbana

(13)

SUM`RIO

1 INTRODU˙ˆO...16 1.1 Aspectos gerais...17 1.2 Justificativa e relev ncia do estudo...26 2 OBJETIVOS... 2.1 Objetivo geral... 29 2.2 Objetivo espec fico...29 3 REVISˆO DE LITERATURA... 3.1 Compreendendo a educa ªo infantil no Mundo, no Brasil, no CearÆ

e em Cedro...31 3.2 Contextos, significados, e fundamenta ªo...35 3.3 Fatores contextuais do cuidado infantil que favorecem a obesidade

em crian as...36 3.4 HÆbitos alimentares e atividade f sica no desenvolvimento de

crian as em idade prØ-escolar com sobrepeso...37 3.5 Atividades f sicas e sedentarismo... 3.6 Disponibilidade e acessibilidade dos alimentos no cuidado

infantil... 42 4 METODOLOGIA...44 4.1 Metodologia... 45 4.2 Local e per odo do estudo... 4.3 Coleta dos dados ...47 4.4 Trabalho de campo: a busca de informa ıes... 4.5 Aspectos Øticos e legais da pesquisa...51 5 RESULTADOS E DISCUSSˆO ...52 5.1 Caracteriza ªo dos Grupos focais... 5.2 Apreensªo das Categorias Anal ticas Centrais... 5.3 Concep ıes dos professores quanto ao sobrepeso e obesidade

(14)

5.3.1.2 A educa ªo nutricional no ideÆrio dos professores. De quem Ø a

responsabilidade?...60 5.3.1.3 Comportamento dos alunos e professores diante de uma crian a

obesa...62 5.4 O papel da creche e da fam lia na forma ªo dos hÆbitos

alimentares saudÆveis...63 5.4.1 A pobreza extrema que faz a creche ser um minimizador da

fome...63 5.4.2 Dificuldade de acesso a frutas e verduras... 5.4.3 Preocupa ªo maior dos pais em sanar a fome dos filhos do que

com a educa ªo...66 5.4.4 A import ncia de treinamentos para as merendeiras com vistas ao

preparo de uma alimenta ªo mais saudÆvel... 68 5.5 A influŒncia do professor no est mulo a uma alimenta ªo

saudÆvel...69 5.5.1 O uso do lœdico como ferramenta importante para o est mulo a

uma vida saudÆvel...69 5.5.2 Brincadeiras de inf ncia a serem retomadas, como elementos

agregadores da atividade f sica...70 5.6 A influencia dos produtos industrializados nos hÆbitos alimentares

atuais... 72 5.6.1 A alimenta ªo industrializada e a influencia da sociedade

moderna...72 5.6.2 A alimenta ªo industrializada e guloseimas oferecida na porta da

creche...74 5.7 Preven ªo da obesidade infantil no ambiente das

creches...75 5.7.1 A forma ªo de parcerias intersetoriais com vistas ao est mulo a

(15)

5.7.2 Falta de investimentos em infraestrtura nas creches...77 5.8 Conhecimento dos pais e percep ıes da saœde nutricional dos

filhos...78 5.8.1 O aspecto f sico da crian a e sua rela ªo com o que Ø

saudÆvel... 78

5.8.2 A tradi ªo da alimenta ªo servida na mesa em fam lia...79 5.8.3 Dificuldades para manter uma alimenta ªo saudÆvel no lar 81 5.9 Concep ıes sobre sobrepeso e obesidade infantil... 5.9.1 De casa para a creche: percep ıes sobre a alimenta ªo oferecida

em casa e na creche... 82 5.9.2 Responsabiliza ªo pelo erro alimentar das crian as como

causador da obesidade infantil...83 5.10 A alimenta ªo industrializada e os alimentos regionais: das

facilidades e dificuldades...84 5.10.1 O uso de alimentos industrializados em casa e os reflexos na

saœda das crian as...84 5.10.2 Uso de alimentos industrializados no interior da creche... 85 5.10.3 O descrØdito nos alimentos servidos na creche... 5.11 Preven ªo da obesidade infantil... 5.11.1 A mªe como responsÆvel pela preven ªo do sobrepeso e

obesidade infantil...87 5.11.2 Condi ıes ambientais, nutricionais e de atividades f sicas como

formas preventivas para o sobrepeso e obesidade... 89

5.11.3 Rela ªo entre pais e professores e aspectos da nutri ªo

(16)
(17)

1 INTRODU˙ˆO

1.1. Aspectos gerais

No meio urbano, a grande dificuldade das mªes em dividir o emprego com o

cuidado infantil impulsionou a cria ªo de novos espa os institucionalizados destinado

ao atendimento das crian as em creches, que constituiu um importante recurso para

viabilizar sua participa ªo no mercado de trabalho. Este fen meno ocorreu

principalmente entre as dØcadas de 70 e 80, per odo marcado por diversas

mobiliza ıes sociais que demandavam a extensªo da educa ªo para crian as

pequenas com idade entre zero e seis anos. Assim, esta demanda por creches era vista

na perspectiva da mªe trabalhadora, principalmente das camadas mais pobres da

popula ªo, com crian as em situa ªo de risco (CAMPOS, 2006).

Uma pol tica espec fica para a Educa ªo Infantil somente teve in cio ap s a

Constitui ªo de 1988, com a inclusªo da creche no cap tulo da Educa ªo, explicitando

que a Educa ªo Infantil Ø um direito do cidadªo e dever do Estado. Outros marcos

legais tambØm devem ser citados como o Estatuto da Crian a e do Adolescente de

1990, alØm da Lei de Diretrizes e Bases da Educa ªo (LDB) de 1996. Ambas as leis

impulsionaram o crescimento e deram visibilidade a Educa ªo Infantil no Brasil

(BRASIL, 1996). Em resumo, a legisla ªo nacional passa a reconhecer que as creches

e prØ-escolas fazem parte do Sistema de Educa ªo Formal, para crian as de 0 a 6

anos de idade e como primeira etapa da Educa ªo BÆsica (BRASIL, 1996)

medida que hÆ expansªo do nœmero de creches e prØ-escolas cresce tambØm

a preocupa ªo com a nutri ªo das crian as, uma vez que elas permanecem na creche

(18)

necessidades nutricionais (BISCEGLI, 2006). Dentro deste problema inicial encontra-se

outro, num contexto maior, que Ø o fen meno da transi ªo nutricional que o Brasil

atravessa, ou seja, tem-se observado nos dias atuais uma mudan a no perfil

epidemiol gico dos distœrbios nutricionais, onde a desnutri ªo come a a declinar e

surge novo cenÆrio, com aumento da prevalŒncia de sobrepeso e obesidade infantil.

Neste sentido, a permanŒncia da crian a na creche ou prØ-escola pode contribuir para

o desenvolvimento ou a preven ªo do sobrepeso e obesidade infantil (SANTOS, 2008).

No Brasil observou-se que nas œltimas dØcadas (1985 a 2010) o perfil

epidemiol gico nutricional que caracterizou a sociedade brasileira no per odo

1930-1980, constitu do principalmente pela prevalŒncia das doen as relacionadas s

carŒncias nutricionais (desnutri ªo proteico-cal rica, hipovitaminose A, pelagra, anemia

ferropriva, b cio etc.), as quais tinham rela ªo direta com a misØria, pobreza e a

atraso econ mico, sobrepuseram-se as doen as relacionadas ao excesso nutricional

(obesidade, diabetes, dislipidemias, hipertensªo, certos tipos de c ncer etc.), esta

sua vez associadas riqueza, ao avan o tecnol gico e modernidade. Este processo

que caracterizado como transi ªo nutricional brasileira tem imprimido a necessidade de

constru ªo de novos enfoques explicativos e intervencionistas no campo da nutri ªo no

pa s (VASCONCELOS, 2007).

Assim, a obesidade vem se tornando um sØrio problema de saœde pœblica no

Brasil e no mundo, afetando crian as de todas as idades, classes sociais, ra as e

etnias (OGDEN et al., 2006).

No Brasil, apesar das diferen as regionais, o incremento do nœmero de crian as

(19)

1989, a prevalŒncia de crian as obesas menores de 5 anos era de 2,5%, passando a

4,5% em 1996. Entre adolescentes, a prevalŒncia de sobrepeso e obesidade atinge

ndices de 12,1% e 10,8% nas Regiıes Sudeste e Nordeste, respectivamente

(BOA-SORTE, 2007).

Em estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica (IBGE),

em 1996, denominado Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saœde (PNDS),

revelou-se que 4% das crian as prØ-escolares aprerevelou-sentaram sobrepeso, sendo 2,7% no

Nordeste e 5,2% no Sudeste do pa s. Em 2006, novo estudo do PNDS revelou que

situa ıes de excesso de peso em rela ªo altura foram encontradas em 7% das

crian as brasileiras menores de cinco anos, que variou de 6% na Regiªo Norte a 9% na

Regiªo Sul, indicando exposi ªo moderada e crescente obesidade infantil em todas

as regiıes do pa s. O referido estudo apontou tambØm forte rela ªo positiva entre

aumento da exposi ªo ao sobrepeso e a escolaridade da mªe, encontrando 4% de

crian as com excesso de peso nos filhos de mulheres sem escolaridade e 9% nos filhos

de mulheres com doze ou mais anos de escolaridade (BRASIL, 2010).

Em Fortaleza, capital do Estado do CearÆ, Nordeste do Brasil, foi realizado um

estudo acerca de sobrepeso e obesidade em escolas pœblicas, evidenciando a

prevalŒncia de 11,4 % nos adolescentes entre 10 e 14 anos (PEREIRA, 2002). Estudo

de corte transversal realizado no per odo de mar o a maio de 2003 com 1.158

adolescentes, sendo 571 de escolas pœblicas e 587 de escolas privadas, apontou que a

prevalŒncia total de sobrepeso e obesidade foi 19,5%. Nas escolas privadas,

sobrepeso/obesidade alcan ou 23,9%, frequŒncia maior do que nas pœblicas (18,0%) (p

(20)

Fonte: Scielo, Pubmed, LILACS, 2010

A Tabela 1 traz uma s ntese dos principais estudos realizados nos œltimos anos

relacionados a sobrepeso e obesidade infantil em vÆrias cidades das Regiıes Sudeste,

Centro-Oeste, e Nordeste, mostrando diferentes prevalŒncias de sobrepeso e

obesidade nas popula ıes estudadas, que variaram entre 11% - 26,2% e 5% - 30%

respectivamente de sobrepeso e obesidade infantil. De todo modo, considerando os

estudos realizados, nªo hÆ como negar a tendŒncia crescente de uma epidemia de

obesidade infantil no Brasil, com riscos iminentes para a saœde pœblica e para a piora

da qualidade de vida da popula ªo de um modo geral, jÆ que o problema pode se

arrastar por toda a vida.

Entretanto, na questªo da alimenta ªo e nutri ªo existem mœltiplos fatores

(21)

estudos realizados no CearÆ, que os aspectos culturais da alimenta ªo podem

influenciar no estado de saœde da crian a. As concep ıes estabelecidas no ideÆrio das

mªes de que o leite acrescido de algum complemento, como amido, Ø o alimento que

proporciona sustenta ªo e engorda a crian a, foi relatada pelas pesquisadoras. As

autoras afirmam tambØm que a utiliza ªo de alimentos industrializados, tªo comum no

mundo moderno atual, parece estar sendo disseminada nas prÆticas alimentares de

crian as, possivelmente pela praticidade, mas, tambØm, pela divulga ªo massiva da

indœstria de alimentos, inclusive com a participa ªo da m dia televisionada. Assim, ao

analisarmos o sobrepeso e obesidade infantil, devemos tambØm estar atentos sobre as

questıes relativas percep ªo dos pais, escola e comunidade sobre a alimenta ªo e

nutri ªo.

Por outro lado, Louren o e Cardoso (2009) analisaram artigos relevantes entre

1980 e 2009 a partir de estudos longitudinais que estabeleciam associa ıes entre

prÆticas de alimenta ªo infantil, crescimento e obesidade na idade adulta. Chegaram

conclusªo que a amamenta ªo pode desempenhar papel importante na preven ªo do

sobrepeso, principalmente quando avaliaram os estudos com curto per odo de

seguimento. Assim, o est mulo ao aleitamento materno durante pelo menos atØ os dois

anos de vida da crian a deve ser trabalhado pelas creches e profissionais da saœde,

haja vista que muitas crian as sªo matriculadas nestas institui ıes antes de

completarem os dois anos. Neste sentido, Ø importante que a creche, a mªe e os

profissionais de saœde estabele am estratØgias que visem manuten ªo do

aleitamento materno, mesmo no per odo em que a crian a esteja na creche.

Com um nœmero crescente de jovens crian as dispensando grande parte do seu

(22)

necessidade da realiza ªo de um profundo entendimento de como cuidar

adequadamente das crian as nesses ambientes, influenciando no seu desenvolvimento

e comportamento no in cio da atividade f sica e dos hÆbitos alimentares e, por sua vez

reduzindo o risco de obesidade.

crescente o nœmero de pais, que durante o horÆrio de trabalho confiam deixar

suas crian as, ainda muito pequenas, sob o cuidado dessas Institui ıes. Dessa forma,

esses locais tendem a se tornar muito importantes para a implementa ªo de programas

e pol ticas para auxiliar no desenvolvimento saudÆvel de crian as e consequentemente,

na preven ªo da obesidade infantil.

A exemplo disso, o acompanhamento de crian as em creches ou outras

institui ıes prestadoras de cuidados infantis pode influenciar nas prÆticas alimentare

controlando a disponibilidade e acessibilidade aos alimentos, bem como estimulando a

prÆtica de exerc cios f sicos, moldando, assim, o desenvolvimento da crian a. Embora

limitada, pesquisas atuais sugerem que essas institui ıes representam um espa o

importante e subutilizado para a implementa ªo de estratØgias de abordagem da

preven ªo precoce da obesidade infantil.

Outro aspecto que deve ser considerado Ø a percep ªo que as pessoas

envolvidas com a educa ªo tŒm sobre a nutri ªo e os alimentos oferecidos na escola.

Um estudo realizado por Bezerra (2009) em escola pœblica de Ensino Fundamental de

Fortaleza/CearÆ, sobre as representa ıes e prÆticas veiculadas a merenda escolar,

mostrou que existem formas diversas de compreender a alimenta ªo oferecida na

Escola. Enquanto os professores e gestores admitem que a merenda escolar Ø o œnico

(23)

carente necessitando de um prato de comida. Na concep ªo das mªes das crian as e

dos pr prios alunos, a merenda representa apenas um complemento, s vezes atØ

repudiado, haja vista que os alunos nªo eram consultados sobre suas preferŒncias

alimentares. Assim, as pol ticas pœblicas para merenda escolar se impregnam da

concep ªo assistencialista o que tende a aumentar a situa ªo de exclusªo social

vivenciadas pelos alunos, alØm de favorecer o desenvolvimento de distœrbios

nutricionais.

Apesar da import ncia da primeira inf ncia para os ajustes na formula ªo de

hÆbitos e comportamentos saudÆveis, hÆ uma carŒncia de estudos relacionados a esse

tema em creches. Embora limitados, estudos jÆ existentes sugerem que a qualidade

nutricional das refei ıes e lanches podem ser pobres e os n veis de atividades f sic

podem ser insuficientes (STORY et al., 2006; WILLIAMS et al., 2002; FITZGIBBON et

al., 2005).

AlØm disso, muitas vezes as oportunidades de atividades f sicas sªo perdidas ou

subutilizadas devido a vÆrios fatores, incluindo a falta de normas e problemas no

ambiente f sico, contribuindo assim, para o aumento da incidŒncia da obesidade infanti

Algumas pesquisas recentes confirmam ainda que muitos prestadores de cuidados

infantis nªo apresentam forma ªo adequada quanto a essas questıes, a fim de que

possam educar e motivar as crian as a terem comportamentos saudÆveis (STORY et

al., 2006; WILLIAMS et al., 2002; FITZGIBBON et al., 2005).

Estudo realizado por Baruki (2006) com o objetivo de avaliar o estado nutricional

e a associa ªo com o padrªo de atividade f sica em escolares da Rede Municipal de

Ensino de CorumbÆ/MS revelou que a prevalŒncia de 6,2% e 6,5% para risco de

(24)

que nos meninos. A maioria das atividades f sicas realizadas pelas crian as foi leve (<

metros) e moderada (3 a 6 metros) e nenhuma atividade f sica vigorosa (> 6 metros) f

registrada. Quanto maior a idade, menor o tempo despendido nas atividades f sicas

ativas. Constatou-se que crian as eutr ficas sªo mais ativas, praticam atividades f si

mais intensas e gastam menos tempo assistindo televisªo e jogando videogame do

que as crian as com sobrepeso.

Em decorrŒncia do crescente problema da obesidade em crian as, revela-se

necessÆrio compreender melhor as mesmas nesse contexto e os cuidados ambientais

que devem ser priorizados. A investiga ªo das pol ticas e prÆticas relacionadas com a

alimenta ªo e atividade f sica, bem como as percepıes, atitudes e comportamentos

dos prestadores de cuidados infantis sªo necessÆrias para a articula ªo desses

aspectos com a obesidade infantil (STORY et al., 2006).

AtØ a presente data, apenas alguns estudos abordaram as influŒncias desses

ambientes de cuidados infantis sobre o desenvolvimento da obesidade infantil

(WILLIAMS et al., 2002; FITZGIBBON et al., 2005;).

No entanto, realizando intensa busca em diferentes bases de dados nªo foi

identificado nenhum estudo englobando crian as prØ-escolares de baixa renda do

Estado do CearÆ.

Contudo, os poucos estudos dispon veis, apesar de suas limita ıes, indicam que

o conhecimento sobre alimenta ªo saudÆvel e atividades f sicas em crian as pode

influenciar positivamente no cuidado infantil, ajudando a reduzir o ˝ndice de Massa

Corp rea (IMC), dentre outras questıes. Estudo utilizando a abordagem qualitativa

realizada entre vÆrios centros de cuidados infantis na Carolina do Norte demonstrou

(25)

positivas no in cio de hÆbitos nutricionais saudÆveis e prÆtica de exerc cios f sic

(SHOVELIN et al., 2001).

Os programas de interven ªo precoce na obesidade pediÆtrica dependem da

participa ªo dos pais e em primeira inst ncia, da capacidade destes de reconhecerem

adequadamente a situa ªo nutricional de seus filhos. AlØm disso, a constru ªo dos

hÆbitos alimentares e padrıes de atividade f sica em crian as e adolescentes, alvo

principal do tratamento da obesidade na inf ncia, sofrem importante influŒncia do

ambiente familiar e das atitudes dos pais (ETELSON et al., 2003).

Entre as causas poss veis para explicar a nªo-percep ªo do excesso de peso

entre as mªes das crian as, pode-se citar a cren a de que a crian a gordinha tem boa

saœde e recebe um melhor cuidado dos pais. AlØm disso, muitas mªes acreditam que,

com o crescimento do seu filho, o peso tenderÆ a se distribuir melhor e este nªo s

tornarÆ um adolescente obeso (BAUGHCUM et al., 2000).

Apesar do sobrepeso e obesidade infantil ser o principal objeto de discussªo

neste estudo, nªo podemos perder de vista a questªo da desnutri ªo infantil, que

mesmo em decl nio deve ser considerada. TambØm nªo podemos esquecer o papel

dos profissionais da EstratØgia Saœde da Fam lia, principalmente ap s a implanta ªo da

AIDPI (Aten ªo Integrada s Doen as Prevalentes na Inf ncia), pol tica desenvolvid

pela Organiza ªo Mundial da Saœde (OMS) e Fundo das Na ıes Unidas para a

Inf ncia (UNICEF), a qual pretende reduzir a mortalidade infantil por meio de a ıes

para melhorar o desempenho dos profissionais de saœde, a organiza ªo do sistema de

saœde e as prÆticas da fam lia e da comunidade. Entre as a ıes estªo as orienta ıes

na Ærea de nutri ªo infantil, incluindo incentivo ao aleitamento materno e preven ªo e

(26)

(2006) em 443 munic pios do CearÆ, Para ba e Pernambuco, evidenciou iniquidades em

rela ªo implanta ªo desta importante estratØgia, pois munic pios de maior risco para

a saœde infantil apresentaram menores taxas de aplica ªo de suas a ıes. Na Ærea de

nutri ªo infantil o mesmo estudo demonstrou que apesar de se esperar que os

munic pios com altas taxas de desnutri ªo e baixa prevalŒncia de aleitamento materno

fossem priorizados, o que nªo ocorreu.

Dessa forma, esse estudo buscou responder a algumas questıes, com o objetivo

de ampliar o debate e contribuir na compreensªo do fen meno sobrepeso e obesidade

infantil:

1. Como o contexto social e as prÆticas alimentares influenciam o sobrepeso e obesidade infantil nas creches e prØ-escolas?

2. Como os professores e pais previnem o sobrepeso e obesidade das crian as assistidas em creches pœblicas?

3. Quais as concep ıes sobre obesidade e sobrepeso infantil na perspectiva de pais professores de creches?

1.2 Justificativa e Relev ncia do Estudo

O interesse nessa temÆtica surgiu pela oportunidade de compreender como o

fen meno da transi ªo nutricional pode estar influenciando o perfil nutricional da

crian as de 2 a 5 anos em Cedro/CE, alØm dos fatores relacionados ao ambiente e os

cuidados prestados por professores nos estabelecimentos escolares e pela fam lia.

Como enfermeiro, estive durante alguns anos coordenando a EstratØgia Saœde da

Fam lia (ESF) e atuando diretamente no acompanhamento s crian as em Unidades

BÆsicas de Saœde (UBS). Nesse per odo, durante as consultas de puericultura observei

(27)

pelo aumento do nœmero de crian as com sobrepeso e obesidade, motivo de

preocupa ªo daqueles que comandam a saœde pœblica local.

Por conseguinte, este estudo contribuirÆ para:

1. Aprofundar um fen meno pouco estudado (sobrepeso e obesidade em popula ªo de baixa renda), na perspectiva de professores e profissionais de creches pœblicas;

2. A constru ªo de uma reflexªo sobre as condi ıes de saœde, nutri ªo e cuidados prestados s crian as assistidas em creches pœblicas do munic pio de Cedro/CE e que poderªo subsidiar outras creches do Estado;

3. Os dados contribuirªo para que nas creches e nas comunidades os profissionais da educa ªo e saœde implementem estratØgias de educa ªo em saœde, notadamente nas prÆticas alimentares, exerc cios f sicos e nos cuidados com a crian a assistida em creches pœblicas;

4. Subsidiar o sistema de saœde municipal, estadual e nacional, com dados que promovam reflexıes e possam contribuir para a melhoria das prÆticas assistenciais das condi ıes de vida de crian as assistidas em crechespœblicas.

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(29)

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

• Compreender as percep ıes dos professores das creches e pais de crian as

assistidas, em rela ªo a sua visªo sobre os fatores que podem influenciar a obesidade e sobrepeso infantil e as formas de preven ªo utilizadas.

2.2 Objetivos Espec ficos:

• Identificar as formas de cuidados prestados em rela ªo nutri ªo infantil por

professores das creches e pais;

• Conhecer quais as formas de preven ªo utilizadas por pais e professores das

creches para evitar o sobrepeso e obesidade infantil;

• Verificar, sob a percep ªo dos pais e professores, como estes avaliam as

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(31)

3.1 Compreendendo a educa ªo infantil no mundo, no Brasil, no CearÆ e em

Cedro

A educa ªo infantil pode ser compreendida como importante e necessÆria para a forma ªo e desenvolvimento do ser humano, considerando que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais podem ser trabalhados em tenra idade, favorecendo assim, a forma ªo de indiv duos mais capazes para lidar com as questıes da vida emocional, do trabalho e sua inser ªo na coletividade.

Cada sociedade concebe de forma diferente o trato que deve ser dado s suas crian as no que diz respeito educa ªo inicial; assim, por exemplo, pa ses como Estados Unidos e a Inglaterra nªo dividem a responsabilidade da educa ªo com o Estado. Estes compreendem que a obriga ªo da formaªo deve ser exclusiva da fam lia; outros, como os escandinavos, a Fran a, a AustrÆlia, Israel, assim como algun pa ses ex-socialistas, como a Hungria, propıem que essa responsabilidade deva ser compartilhada entre as fam lias e o Estado, com a promo ªo de cuidados e educa ªo em ambientes, do tipo creche (DE SOUZA AMORIM, 2000).

No Brasil, tem-se optado pela estratØgia de ampliar os cuidados s crian as, com a inser ªo de creches pœblicas. Essa proposi ªo Ø fruto de importantes transforma ıes na sociedade como a luta das mulheres por trabalho e o avan o da democracia nas œltimas dØcadas. Tem-se observado um desenvolvimento da educa ªo infantil, onde o Estado tem dividido com as fam lias o atendimento s crian as menores de 5 anos (DE SOUZA AMORIM, 2000). Entretanto, o desafio Ø que esta educa ªo prestada pelo ente pœblico atenda aos critØrios de qualidade desejada e seja pleiteada pelas fam lias.

O panorama da Educa ªo Infantil no Brasil, embora com uma amplia ªo

historicamente percept vel, pode ser entendida como reflexo das mudan as ocorridas na segunda metade do sØculo XX, como o crescimento da urbaniza ªo e da industrializa ªo, o fen meno do Œxodo rural e as modifica ıes advindas do ingresso da mulher no mercado de trabalho (ALVES, 2007).

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fam lias, a diminui ªo dos elementos familiares, a redu ªo da rede de apoio familiar e da vizinhan a. AlØm desses elementos percebeu-se um distanciamento f sico e psicol gico entre os membros das fam lias extensas, reflexo do capitalismo e do individualismo crescente (CRUZ, 2001).

Assim, a educa ªo da crian a de 4 a 6 anos estava inserida nas a ıes do MinistØrio da Educa ªo e Cultura (MEC). PorØm, o atendimento a uma faixa etÆria mais ampla era incumbido Ærea da AssistŒncia Social do Governo Federal, que estabelecia direitos com institui ıes comunitÆrias e filantr picas que atendiam crian as de 0 a 6 anos das camadas mais pobres da popula ªo. Neste cenÆrio destaca-se a atua ªo da Legiªo Brasileira de AssistŒncia (LBA), do entªo MinistØrio da PrevidŒncia e AssistŒnc Social (MPAS), que dava apoio tØcnico e financeiro s institui ıes que desenvolviam trabalhos com creches (BRASIL, 2006).

Essa institui ªo foi extinta em 1995, prevalecendo, no entanto, o programa e dota ªo or amentÆria para creche no mbito da assistŒncia social federal. Contudo, deve ser destacado que estes programas tinham, em sua maioria, fins assistencialista Predominavam, tambØm, os cuidados em rela ªo higiene, saœde e alimenta ªo, sem se preocupar com as questıes relativas ao ensino e a aprendizagem (BRASIL, 1996).

Apenas com a Constitui ªo de 1988, mais conhecida como Carta Cidadª, a educa ªo de crian as de 0 a 6 anos foi concebida de maneira diversa, nªo mais como mero apoio assistencialista. Passa a figurar como direito do cidadªo e dever do Estado numa perspectiva educacional (BRASIL, 1996). Nesse contexto, a prote ªo integral s crian as deve ser assegurada, com absoluta prioridade, pela fam lia, pela sociedade pelo Poder Pœblico.

A Lei afirma, portanto, o dever do Estado com a educa ªo das crian as de 0 a 6 anos de idade. A inclusªo da creche no cap tulo da educa ªo explicita a fun ªo eminentemente educativa desta, da qual Ø parte intrnseca a fun ªo de cuidar. Essa inclusªo constituiu um ganho, sem precedentes, na hist ria da Educa ªo Infantil em nosso pa s (ALVES, 2007).

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adolescente... § IV. Atendimento em creches e prØ-escolas as crian as de 0 a 6 anos de idade . Ou seja, a Educa ªo Infantil Ø um dever do Estado e direito das fam lias.

Outro marco legal deve ser considerado, a Lei de Diretrizes e Bases da Educa ªo Nacional (LDB) de 1996, que ofereceu maior visibilidade e evidenciou a import ncia da Educa ªo Infantil, a qual deveria ser baseada em um trabalho pedag gico mais amplo dentro do sistema educacional, com vistas a atender as especificidades das crian as e contribuir para a constru ªo e exerc cio da cidadania (BRASIL, 1996). A Educa ªo Infantil foi dividida em duas etapas, na Se ªo II desta Lei a primeira etapa para crian as de atØ trŒs anos de idade Ø oferecida em creches ou entidades equivalentes; na segunda etapa, em prØ-escolas para crian as de quatro a seis anos de idade, sendo que o processo avaliativo das crian as se darÆ mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promo ªo, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. (BRASIL, 1996).

No CearÆ, tem-se destacado a institui ªo creche nas pol ticas pœblica do Estado desde 1987, aonde foi criado o Programa de Apoio Popula ªo Carente- PAPI, o qual repassava recursos financeiros para a constru ªo, manuten ªo e compra de equipamentos, alØm de apoio tØcnico nas propostas pedag gicas (CRUZ, 2001). De fato, o processo de expansªo do acesso se deu com a implanta ªo de creches comunitÆrias conveniadas com o governo estadual a partir da Funda ªo do Bem-Estar do Menor do CearÆ- FEBEMCE. Essa Funda ªo contribuiu bastante para o acesso da popula ªo infantil, principalmente ao longo da dØcada de 90 do sØculo passado. (CRUZ, 2001).

Hoje a Educa ªo Infantil Ø fun ªo pr pria dos municpios por for a da Lei, enquanto o Estado deve se responsabilizar pelo Ensino MØdio; jÆ o Ensino Fundamental Ø comum para ambas as esferas. de competŒncia da Uniªo o aux lio em rela ªo Educa ªo BÆsica completa (BRASIL, 1996).

Em resumo, tem-se o ente munic pio como elemento responsÆvel em coopera ªo com a Uniªo, pela constitui ªo e consolida ªo da Educa ªo das crian as de zero a seis anos.

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a sua hist ria servi os prestados pela AssistŒncia Social do Governo Federal por intermØdio da Secretaria Municipal de Cidadania e AssistŒncia Social (SEMASC) e pela SAMIC (Sociedade de AssistŒncia a Maternidade e a Inf ncia de Cedro), entidade civi sem fins lucrativos. Desde 1962, tem prestado servios na Ærea da saœde assistŒncia social (Secretaria Municipal de Educa ªo, 2009). Inicialmente, a SAMIC desenvolveu um intenso programa de Educa ªo BÆsica na zona rural do munic pio, estendendo-se depois para a prØ-escola. Atualmente tem acolhido um trabalho assistencial com finalidade educativa e de alimenta ªo s crian as carentes com idade entre 2 e 6 anos nas seis creches infantis disponibilizadas, atendendo a 459 crian as, no mbito da prØ-escola e em regime de semi-internato, com um efetivo de 31 funcionÆrios.

Entretanto, o processo de constru ªo da Educa ªo Infantil num contexto geral tem sido ainda incipiente, em virtude da carŒncia de equipamentos e dota ªo or amentÆria, da escassez de recursos humanos qualificados, alØm de situa ıes inadequadas para atender com qualidade as crian as nesta faixa etÆria.

Segundo dados de 2003 oriundos da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), apenas 37,7% do tota de crian as com idade entre 0 e 6 anos frequentam uma institui ªo de Educa ªo Infanti ou de Ensino Fundamental. Se considerarmos a divisªo das faixas etÆrias, conforme estabelece a LDB, na faixa etÆria de 4 a 6 anos, a taxa de frequŒncia institui ªo Ø 68,4%; e quanto popula ªo de 0 a 3 anos, esse percentual Ø de apenas 11,7%. O que chama a aten ªo Ø o fato de que 72% dos atendimentos encontrados nesta pesquisa, pertence rede pœblica, concentrando-se de maneira relevante no sistema municipal (66,97%). Isso pode ser explicado em decorrŒncia da maior pressªo da demanda sobre esta esfera, haja vista que estÆ mais pr xima das fam lias, alØm da responsabilidade constitucional conferida pelas Leis (BRASIL, 2006).

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m nimo de escolaridade exigido. Assim, pretende-se dar um impulso maior para a universaliza ªo do acesso a creches e prØ-escolas (BRASIL, 2006).

3.2 Contextos, significados, e fundamenta ªo

A questªo do sobrepeso na vulnerabilidade para a obesidade e as doen as cr nicas no adulto tem sido reconhecida pelas principais agŒncias nacionais e internacionais, tais como: o Departamento de Saœde e Recursos Humanos dos Estados Unidos, o Instituto de Medicina, e a Organiza ªo Mundial da Saœde (OMS) (IOM, 2005; WHO, 2000; USDA, 2000). Nos Estados Unidos da AmØrica (EUA), o acompanhamento de crian as com sobrepeso foi identificado como um dos dez principais indicadores da saœde em pessoas saudÆveis em 2010 (RITCHIE et al., 2001). Sobrepeso e obesidade, em parte, resultam de maus hÆbitos alimentares e estilo de vida sedentÆrio, o que contribui substancialmente para a incidŒncia de doen as cr nicas (VISSCHER; SEIDELL, 2001). A obesidade tem implica ıes para a saœde para alØm da inf ncia, visto que cerca da metade das crian as obesas tornam-se adultos obesos (DIETZ, 2001). O sobrepeso adquirido durante a inf ncia ou adolescŒncia pode persistir durante a idade adulta e aumentar o risco de algumas doen as cr nicas tardiamente (DIETZ & GORTMAKER, 2001; LAW et al., 2002; BARLOW & DIETZ, 2002). Reverter essa tendŒncia de aumento da adiposidade em crian as e adolescentes Ø uma importante estratØgia para a redu ªo do nœmero de adultos com sobrepeso.

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3.3 Fatores contextuais do cuidado infantil que favorecem a obesidade em

crian as

O in cio precoce de uma dieta adequada e da prÆtica de exerc cios em crian as podem contribuir para a redu ªo de riscos ligados a doen as cr nicas, o que demonstra que interven ıes imediatas nesse sentido nos programas de cuidado infantil tendem a proporcionar grandes benef cios saœde. Os hÆbitos saudÆveis e as preferŒncias pessoais aprendidas na inf ncia sªo transportados para a idade adulta. (BIRCH,1998; DAVISON, 2001; BIRCH, 2001; FISHER, 1995).

Relat rio recente apontado por (STORY et al., 2006) sugere que ajustes nos locais de cuidados infantis sªo uma importante alternativa, ainda subutilizada, par ajudar as crian as a adquirirem hÆbitos saudÆveis, prevenindo a obesidade. Relatos de profissionais tambØm apontam para o fato de que a infraestrutura jÆ existente no inter de creches pœblicas e programas de controle alimentar de adultos nos EUA. priorizam uma alimenta ªo saudÆvel e a prÆtica de exerc cios f sicos, atingindo, assim, muito indiv duos de baixa renda, bem como crian as que estªo em maior risco de obesidade (STORY et al., 2006).

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3.4 HÆbitos alimentares e atividade f sica no desenvolvimento de crian as em

idade prØ-escolar com sobrepeso

1 HÆbitos alimentares:

O desenvolvimento de hÆbitos alimentares saudÆveis na inf ncia Ø particularmente importante, visto que muitas vezes esses hÆbitos persistem na vida adulta. Estudos mostram que hÆ diferen as individuais na regula ªo fisiol gica da ingestªo de energia logo no per odo prØ-escolar (BIRCH; FISHER, 1998; BIRCH; DAVISON, 2001). BebŒs de sete meses, por exemplo, exibem padrıes alimentares semelhantes aos de crian as mais velhas e adultos (FOX et al., 2004). HÆbitos alimentares caracterizados pelo consumo elevado de frutas, legumes e verduras tŒm sido associados a vÆrios benef cios para a saœde, incluindo a diminui ªo do risco de alguns tipos de c ncer, doen as cardiovasculares, acidente vascular cerebral, diabetes obesidade. Mais recentemente, diretrizes americanas e brasileiras recomendam que os indiv duos, incluindo crian as com 2 ou mais anos de idade, consumam cinco por ıes diÆrias de frutas e legumes. Padrıes alimentares insalubres estªo sendo desenvolvidos em detrimento da ingestªo de frutas e hortali as, o que contribui para o aumento da obesidade entre lactentes e crian as. Estudo realizado por Dennison et al. (1998)

mostrou que 97% das crian as consomem menos de trŒs legumes por dia. Entre os filhos ligeiramente mais velhos, 40% das crian as com 2 anos de idade e 50% das com 5 anos de idade consomem duas por ıes ou menos de frutas, sucos de fruta, legumes diariamente, constituindo as batatas fritas, cerca de 23% de todos os legumes consumidos (DENNISON et al, 1998).

Conforme refere Silva (2008) para alcan ar uma alimenta ªo saudÆvel se faz necessÆrio interven ıes a fim de que as pessoas tenham informa ıes corretas sobre alimenta ªo e saœde (promo ªo); que as informa ıes incorretas nªo alcancem os indiv duos (prote ªo) e ao mesmo tempo, propiciar a estes mesmos indiv duos, condi ıes que tornem fact veis e executÆveis a adoªo das orienta ıes que recebem.

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peso na inf ncia, a autora descobriu que os dados sugerem influŒncia considerÆvel dos fatores ambientais, principalmente hÆbitos alimentares e inatividade f sica, no cresce aumento da prevalŒncia de excesso de peso na populaªo pediÆtrica.

2. PrÆticas alimentares infantis:

Dados atuais, embora limitados, sugerem que os comportamentos e prÆticas alimentares da crian a desempenham um papel causal no desenvolvimento das diferen as individuais no controle da ingestªo alimentar e, talvez, na etiologia d problemas relacionados ao equil brio energØtico, especialmente a obesidade infantil (BIRCH, 1998; ZIEGLER et al., 2006; BOLLELLA et al., 1999). Os resultados de estudos conduzidos ao longo dos œltimos dez anos por Birch et al. (1998; 2001; 1995) demonstraram ainda que a experiŒncia desempenha um papel importante na tendŒncia da aceita ªo de padrıes alimentares das crian as. Quatro aspectos da experiŒncia adquirida com os alimentos foram encontrados no sentido de interferir no in cio aceita ªo dos padrıes alimentares: (1) a frequŒncia de exposi ªo ao alimento; (2) associa ªo ao condicionamento de sinais fisiol gicos como consequŒncia da alimenta ªo; (3) associa ªo da alimenta ªo a um contexto social; e (4) aprendizado maior sobre os aspectos fisiol gicos, ambientais e cognitivas relevantes no in cio manuten ªo e encerramento do ato de comer.

Podemos tambØm acrescentar tambØm que existe uma necessidade de maior cuidado em rela ªo alimenta ªo das crian as pequenas e que esta decorre principalmente do fato de nessa faixa etÆria ocorrer a incorpora ªo de novos hÆbitos alimentares, implicando o conhecimento de novos sabores, texturas e cores, experiŒncias sensoriais que influenciarªo diretamente o padrªo alimentar a ser adotado pela crian a em crescimento (PHILIPPI, 2003).

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prÆticas alimentares tendem a interferir no desenvolvimento e manuten ªo de hÆbitos alimentares saudÆveis (NICKLAS et al., 2001; WILLIAMS, 2002; BOLLELA et al., 1999;

BAUGHCUM et al., 2000; BRILEY et al., 1999).

Estudos anteriores demonstraram que o planejamento do cardÆpio e de normas para a alimenta ªo infantil sªo ferramentas importantes para assegurar que os jovens e as crian as disponham de oportunidades para consumirem uma grande variedade de alimentos (BRILEY et al., 1993; BRILEY et al., 1999; POLLARD et al., 1999). O tipo de alimento e como o mesmo Ø oferecido por creches pode ter um efeito positivo no desenvolvimento dos hÆbitos alimentares da crian a de maneira precoce (BRILEY et al., 1994; BRIELY et al., 1999; FLEISCHHACKER et al., 2006). Entretanto, tem-se observado que no CearÆ, em escola pœblica de Ensino Fundamental, que ainda nªo existe esta preocupa ªo em rela ªo ao cardÆpio oferecido ao aluno, ou seja, os estudantes nªo sªo consultados sobre suas preferŒncias alimentares. Na realidade, sªo oferecidos alimentos com o objetivo principal, de matar a fome , numa visªo meramente assistencialista por parte de gestores e professores (BEZERRA, 2009).

Na verdade, a investiga ªo sugere que muitas das formas atravØs das quais pais e filhos se relacionam com os alimentos, a associaªo dos hÆbitos alimentares da crian a e o desenvolvimento da obesidade infantil estªo relacionadas aos cuidados prestados por creches. Os prestadores de cuidados infantis, assim como os pais, podem influenciar as preferŒncias alimentares das (BRICH; FISHER, 1998; BIRCH; FISHER, 1995; BIRCH, 1998; CUTTING et al., 1999), a ingestªo cal rica (BAUGHCUM

et al., 2000), a capacidade de regula ªo do consumo alimentar de acordo com os sinais internos de fome e saciedade (BRICH, 1998; BIRTH, 2000) e o peso corporal (BIRCH, 2001).

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2006; BRILEY et al., 1994; POLLARD et al., 1999). Estudos anteriores sugerem que prØ-escolares sªo mais suscept veis a imitarem os hÆbitos alimentares dos adultos. De fato, hÆ recomenda ıes para os cuidadores sentarem a mesa junto com a crian a e consumirem os mesmos alimentos.

Outra maneira de estimular hÆbitos saudÆveis Ø por meio da socializa ªo das prÆticas alimentares por parte dos professores. Assim como os pais, as preferŒncias, cren as e atitudes em rela ªo ao alimento podem moldar as prÆticas alimentares da crian a. Desse modo, prestadores de cuidados tŒm tambØm uma oportunidade para educar as crian as sobre alimentos e hÆbitos saudÆveis.

3.5 Atividades f sicas e sedentarismo

A atividade f sica Ø um componente essencial para o balan o energØtico e a preven ªo da obesidade infantil (KOLH; HOBBS, 1998). Durante a faixa etÆria prØ-escolar a atividade f sica tem uma maior influŒncia no ndice de massa corporal (IMC) do que a pr pria ingestªo nutricional. Crian as que durante os primeiros anos tŒm uma vida ativa, apresentam um risco reduzido para o aumento excessivo de peso na adolescŒncia. Estudos tŒm verificado que a atividade f sica protege contra o acelerad ganho de peso e encontra-se inversamente associada a mudan as ponderais entre as crian as com idade prØ-escolar (KLESGES et al., 1991; MOORE et al., 1995; IRWIN et

al., 2005; TROST et al., 2003).

A associa ªo entre a excessiva exposi ªo o semanalmente e a televisª redu ªo da prÆtica de exerc cios f sicos em crian as, ainda nªo foi comprovada significativamente (SALLIS et al., 1993; ROBINSON et al., 1993). Contudo, algumas pesquisas indicam que a redu ªo do tempo gasto por crian as e jovens assistindo televisªo pode reduzir o risco de obesidade (GORTMAKER et al., 1990; GORTMAKER

et al., 1996; GORTMAKER et al., 1999). Um estudo (VANDEWATER et al., 2004) com

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crian as prØ-escolares, foram identificados alguns fatores determinantes de comportamentos, dentre eles as influŒncias ambientais (FULTON, 2001). Um enfoque na promo ªo da atividade f sica na primeira inf ncia requer aten ªo particularidade das crian as, bem como, sobretudo, ao(s) cuidador (es) e aos cuidados oferecidos.

Em estudo realizado no Brasil por Baruki, (2006) sobre a Associa ªo entre estado nutricional e atividade f sica em escolares da Rede Municipal de Ensino em CorumbÆ/MS constatou que crian as eutr ficas sªo mais ativas, praticam atividades f sicas mais intensas e gastam menos tempo assistindo televisªo e jogando videogames do que as crian as com sobrepeso. Os dados evidenciam a import ncia em promover mudan as no estilo de vida com a ado ªo de hÆbitos saudÆveis, desde a inf ncia e a sua manuten ªo por toda a vida. Crianas ativas favorecem uma popula ªo adulta tambØm ativa e saudÆvel contribuindo, consequentemente, para a redu ªo da incidŒncia de morbidade e mortalidade na idade adulta.

Em recente revisªo realizada por Rinaldi (2008) de estudos que abordam as prÆticas alimentares atuais e o padrªo de atividade f sica como contribuintes do excesso de peso na inf ncia nos œltimos dez anos (1997 a 2007) revelou que a associa ªo da transi ªo epidemiol gica, demogrÆfica e comportamental e a altera ªo do hÆbito alimentar sªo apontadas como fatores causais do aumento progressivo da obesidade infantil. Identificou tambØm prÆticas alimentares caracterizadas por elevado teor de lip dios, sacarose e s dio e por reduzido consumo de cereais integrais, frutas hortali as associadas inatividade f sica decorrente do uso de computadores, jogos eletr nicos e televisores que influenciam parte considerÆvel de crian as.

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Por exemplo, em escolas que disponibilizavam um maior tempo livre para jogos entre crian as, os alunos participaram de mais atividades f sicas moderadas e vigorosas do que em escolas que permitiam as brincadeiras em um menor tempo (KOLH; HOBBS, 1998; VANDEWATER et al., 2004). AtØ a presente data, foram realizados poucos estudos que enfoquem essa temÆtica. Dessa forma, ainda Ø limitado o conhecimento acerca do modo como a ingestªo alimentar e as prÆticas de atividade f sicas podem interagir com o balan o energØtico (SHOVELIN et al., 2001;

FITZGIBBON et al., 2005).

Embora as crian as estejam predispostas a responderem ao conteœdo energØtico ingerido de acordo com o consumo, elas tambØm podem ser responsivas s tentativas de pais e educadores. Uma investiga ªo demonstrou que essas tentativas podem reorientar o filho quanto s percep ıes da fome e da saciedade e em dire ªo a fatores externos como a presen a de alimentos saborosos. As tentativas de controlar ou restringir o que as crian as comem feitas pelos pais e cuidadores podem ter efeitos prejudiciais, em longo prazo, na capacidade de autorregula ªo da ingestªo alimentar e preferŒncias alimentares de crian as. A imposi ªo e um excessivo controle podem aumentar as preferŒncias para uma alta ingestªo de gorduras, alimentos altamente cal ricos, causando possivelmente um desequil brio no controle interno da autorregula ªo da fome e da saciedade (WHITAKER et al., 2004; LINDSAY et al.,

2006).

3.6 Disponibilidade e acessibilidade dos alimentos no cuidado infantil

VÆrios estudos tŒm mostrado (KLESGES et al., 1991; MOORE et al., 1995;

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4.1 Metodologia

Em termos metodol gicos, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo explorat rio e envolve a dimensªo qualitativa quando busca compreender e aprofundar as estratØgias adotadas em creches pœblicas que atendem crian as de baixa renda, na visªo de professores e pais. Sobre os aspectos nutricionais e de atividades f sicas, v

preven ªo de sobrepeso e obesidade.

importante reconhecer que no campo da saœde coletiva coexistem dois mØtodos de pesquisa frequentemente utilizados para o estudo das popula ıes humanas: o mØtodo quantitativo, ancorado pelos dados numØricos e objetivos e o mØtodo qualitativo, mais utilizado pelas CiŒncias Sociais, pois prioriza os aspecto subjetivos (MINAYO, 2008). Por conseguinte, a pesquisa qualitativa, principalment aquelas aplicadas ao campo da saœde, devem prescindir de maior fundamenta ªo te rico-metodol gico, pois quanto maior for menta ªo das pesquisas nesta funda vertente, maior densidade e rigor cient fico terªo, contribuindo para formula ªo de conhecimentos mais facilmente aplicÆveis, mais adequados e estratØgicos (BOSI; MERCADO, 2007).

Neste sentido, como nos fala Minayo (2008) o mØtodo qualitativo Ø o que se aplica ao estudo da hist ria do homem, das rela ıes humanas, das representa ıes, das cren as, das percep ıes e das opiniıes que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Ainda segundo a mesma autora este Ø um tipo de mØtodo que tem fundamento te rico, alØm de permitir desvendar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a constru ªo de novas abordagens, revisªo e cria ªo de novos conceitos e categorias durante a investiga ªo (MINAYO, 2008, p. 57).

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dedicam seus estudos nesta Ærea, com a produ ªo de excelentes resultados. Vale ressaltar que ambos os mØtodos sªo importantes e cada um tem seu espa o, podendo conduzir a resultados importantes e vÆlidos cientificamente.

4.2 Local e per odo do estudo

O estudo, do tipo descritivo, foi realizado no munic pio de Cedro, situado na Regiªo Centro-Sul, distante 420 km de Fortaleza, capital do Estado do CearÆ, atualmente com uma popula ªo de 25.591 habitantes (IBGE- Estimativa da popula ªo-2009). Na Ærea da saœde conta com cobertura da EstratØgia Saœde da Fam lia consolidada com 10 equipes e 100% de cobertura, um NASF - Nœcleo de Apoio Saœde da Fam lia, um CAPS - Centro de Aten ªo Psicossocial, um CEO - Centro de Especialidades Odontol gicas. Possui ainda dois hospitais conveniados filantr pico que respondem pelo atendimento secundÆrio dos seus mun cipes e de cidades vizinhas.

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4.3 Coleta dos Dados

O contato inicial foi realizado com a apresenta ªo do projeto de pesquisa ao SecretÆrio de Educa ªo do munic pio de Cedro/CE, para seu conhecimento e autoriza ªo prØvia. Ap s este evento inicial, contatamos a coordena ªo das creches para esclarecer o detalhamento tØcnico da pesquisa e organizamos encontros peri dicos para discussªo de aspectos metodol gicos, a fim de contemplar todos os objetivos propostos. Neste momento, foi realizada entrevista com a coordena ªo local, que apesar de sªo ser objetivo desta pesquisa, nos subsidiou na elabora ªo do roteiro para o campo e nos instruiu de forma complexa como Ø constitu da a organiza ªo das creches no munic pio, alØm de fornecer informa ıes importantes para planejar os procedimentos da pesquisa que se seguiram.

Logo em seguida aos contatos referidos acima, adentramos no campo de estudo. Nesse momento, foram realizadas visitas frequentes s creches, a fim de observarmos como se dÆ todo o fluxo de acolhimento, de preparaªo das crian as para as aulas e principalmente como se dÆ o processo de oferta dos alimentos no per odo em que elas permanecem na Institui ªo.

Na ocasiªo, foi aplicado o Roteiro de Observa ªo (ApŒndice F) em seis creches (trŒs da zona urbana e trŒs da zona rural), sorteadas aleatoriamente dentre o universo das creches pœblicas municipais. T nhamos um check list (roteiro de observa ªo) co perguntas sobre diversos aspectos envolvendo questıes sobre a estrutura f sica do local, alimentos oferecidos, forma de preparo e utiliza ªo por merendeiras, professores e crian as, prÆtica de atividades f sicas, uso de estratØgias pedag gicas para o est mulo a alimenta ªo saudÆvel, etc.

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no desenrolar do trabalho, alØm de proporcionar uma anÆlise cr tica e pormenorizada do que ocorria no ambiente da creche, de forma que poder amos evidenciar as divergŒncias/confluŒncias nos depoimentos que posteriormente ter amos no discurso dos grupos focais, tanto dos pais como dos professores.

Utilizamos como tØcnica os grupos focais, pois responde melhor aos nossos objetivos, uma vez que aprofunda a intera ªo entre os participantes com vistas a forma um consenso. Segundo Minayo (2008), os grupos focais sªo utilizados para: (a) focalizar a pesquisa e formular questıes mais precisas, ou seja, ir do geral para particular; (b) complementar informa ıes sobre conhecimentos peculiares a um grupo em rela ªo a cren as, atitudes e percep ıes; (c) desenvolver hip teses para estudos complementares. Finalizando, a autora concluiu que essa tØcnica Ø utilizada, cada ve mais na atualidade, como tØcnica exclusiva na seara das pesquisas qualitativas.

O objetivo principal do grupo focal Ø identificar percep ıes, sentimentos, atitudes e ideias dos participantes a respeito de um determinado assunto, produto ou atividade. Assim, a essŒncia do grupo focal consiste exatamente na intera ªo entre os participantes e o pesquisador, que durante a conduªo do grupo atua como mediador. Objetiva colher dados a partir da discussªo focada em t picos espec ficos e diretivo (por isso Ø chamado grupo focal) (LERVOLINO et al., 2001).

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Outro aspecto que deve ser discutido Ø o local onde os grupos focais irªo ser realizados, pois deverem ser identificados previamente, obedecendo s caracter sticas de neutralidade, acessibilidade e silŒncio (fatores importantes para a obten ªo de fita bem gravadas), nªo movimentado e composto de uma sala com cadeiras dispostas em c rculo ou com uma mesa retangular ou oval (BORGES, 2005).

4.4 Trabalho de campo: a busca das informa ıes

Foram formados quatro grupos focais, em tempos diferentes, a saber: no primeiro momento realizamos o grupo focal com os professores da zona urbana, com a participa ªo de sete professores; na semana seguinte o grupo focal com os pais da zona urbana, com comparecimento de onze pais. Na etapa seguinte, formaram-se os grupos focais de professores da zona rural com nove professores e em seguida, o grupo focal com os pais da zona rural, com presen a de oito pais. Essa divisªo nos auxiliaria mais tarde na anÆlise das poss veis divergŒncias nas formas de percep ªo que poder amos encontrar, considerando a Ærea de residŒncia das crian as.

O recrutamento dos quatro grupos focais foi realizado levando em considera ªo informantes chaves identificadas nas creches do munic pio, bem como na comunidade, representando neste œltimo caso os pais dos alunos. Neste sentido, a composi ªo dos grupos focais dos professores foi definida em comum acordo com a coordena ªo municipal das creches, a qual foi orientada a identificar professores que tivessem maio facilidade de comunica ªo, alØm de disposi ªo e interesse em participar do estudo. Com o objetivo de evitar perdas e garantir o nœmero m nimo de pessoas nos grupos focais foi convidado um quantitativo de quinze pessoas para composi ªo de cada grupo, incluindo pais e professores de ambas as Æreas de residŒncia, pois sab amos que poderia haver alguma desistŒncia e consequente perda no nœmero final de pessoas que compareceriam.

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deslocamento, jÆ que o encontro aconteceu na sede do munic pio. Assim, nªo houve dificuldades operacionais na composi ªo dos quatro grupos focais, uma vez que a pesquisa foi amplamente divulgada no mbito da Secretaria Municipal da Educa ªo e entre os pais, houve sim, uma ansiedade dos pais e professores em participarem do estudo, pois compreendiam que poderia trazer benefcios para a comunidade escolar.

Os grupos focais (GF) foram realizados na sala de reuniıes da Secretaria Municipal de Saœde, a partir de um roteiro com questıes norteadoras do estudo (APENDICE E). Os grupos focais foram coordenados por um moderador, este ficou responsÆvel pela condu ªo das discussıes nos grupos, organizando e somente intervindo para introduzir novas questıes e facilitar o processo em curso, e um auxiliar o qual foi atribu do captura das falas dos participantes, utilizando um gravador digit Foram inicialmente acordadas as regras entre os participantes: a) s uma pessoa fala de cada vez; b)evitam-se discussıes paralelas para que todos participem; c)ninguØm pode dominar a discussªo; d)todos tŒm o direito de dizer o que pensam. Deixar as regras claras ajudou na boa condu ªo e andamento dos trabalhos.

Tivemos o cuidado de manter o local em silŒncio e climatiza ªo adequada, com os participantes organizados em c rculo ao redor de uma mesa oval, de forma que propiciasse a captura das grava ıes com qualidade de Æudio. Os discursos dos participantes foram gravados por meio de gravador digital e transcritos posteriormen na ntegra por profissional treinado. Antes do in cio dos grupos focais o pesquisador informou aos entrevistados, os objetivos do estudo e sendo amplamente aceito, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE, A, B, C, D).

Submetemos o discurso dos participantes dos grupos focais anÆlise do discurso. O objetivo da analise de discurso Ø realizar uma reflexªo sobre as condi ıes de produ ªo e apreensªo da significa ªo nos mais diferentes campos, inclusive na Ærea da saœde, visando compreender o modo de funcionamento, os princ pios de organiza ªo e as formas de produ ªo social do sentido (MINAYO, 2008).

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estudo. Terminando esta etapa, mapeamos os discursos dos participantes, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelos objetivos propostos pelo estudo). Esse agrupamento nos permitiu a apreensªo dos significados, a associa ªo de ideias e a capta ªo da variedade de pensamentos postos pelos participantes dos grupos focais.

Para facilitar o processo de entendimento e organiza ªo das falas, utilizamos as seguintes terminologias: PROF ZU - Grupo focal dos professores da zona urbana;PROF ZR - Grupo focal dos professores da zona rural; PZU - Grupo focal de pais da zona urbana; e PZR - Grupo focal de pais da zona rural.

4.5 Aspectos Øticos e legais da pesquisa

O acesso s creches se deu mediante aceita ªo prØvia do SecretÆrio Municipal de Educa ªo, o qual foi consultado e esclarecido sobre as estratØgias para condu ªo do estudo. O coordenador local foi contatado e, a seguir, a dire ªo das creches, bem como os pais dos alunos e dos professores envolvidos, para esclarecer os objetivos d pesquisa e solicitar a sua participa ªo nas entrevistas.

Para a composi ªo dos grupos focais foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos membros da escola e da fam lia, que aceitaram participar (APENDICE A, B, C, D).

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5.1 CARACTERIZA˙ˆO DOS GRUPOS FOCAIS

Os grupos focais foram organizados de forma a abranger pais e professores de todo o munic pio, incluindo neste caso, representantes da zona urbana e rural. Assim, obtivemos a composi ªo dos grupos focais conforme mostram as tabelas abaixo:

Tabela 2: Caracteriza ªo dos grupos focais com os professores, Cedro/CE, 2010.

Sexo Escolaridade Grupo Focal N. ” MØdia de idade

M F N vel MØdio Superior Incompleto Superior completo MØdia de anos de ExperiŒncia com Creche Zona Urbana

7 34,3 0 7 05 0 02 9,7

Zona Rural

9 38,9 0 9 03 01 05 4,7

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Tabela 3: Caracteriza ªo dos grupos focais com os pais, Cedro/CE, 2010.

Sexo Escolaridade

Grupo Focal

N. ”

MØdia de Idade

M F Analfabeto

1” Grau Incompleto

1” Grau Complet

o

2” Grau Completo

MØdia de Filhos

Zona Urbana

11 29 01 10 01 05 04 01 2,6

Zona Rural

08 35 01 07 01 05 01 01 2,4

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5.2 APREENSˆO DAS CATEGORIAS ANAL˝TICAS CENTRAIS

A fim de facilitar a compreensªo da anÆlise do estudo, unimos os quatro grupos focais e fragmentamos em dois grandes temas: Grupo dos Professores e Grupo dos Pais. Desta maneira, poderemos sistematizar os discursos de forma a tornar mais clara e transparente a constru ªo das categorias de anÆlise.

Assim, ap s a leitura exaustiva das falas dos grupos focais foi poss vel obtermos as seguintes categorias anal ticas centrais e suas subcategorias.

Quadro 1: Apreensªo das temÆticas centrais e subcategorias do grupo focal com os professores.

TEM`TICAS CENTRAIS SUBCATEGORIAS 1.Concep ıes dos professores quanto

ao sobrepeso e obesidade infantil

Inter-rela ªo entre crian a saudÆvel e aumento do peso;

A educa ªo nutricional no ideÆrio dos professores. De quem Ø a responsabilidade?

Comportamento dos alunos e professores diante de uma crian a obesa;

2.O papel da creche e da fam lia na forma ªo dos hÆbitos alimentares saudÆveis.

A pobreza extrema que faz a creche ser um minimizador da fome;

Dificuldade de acesso a frutas e verduras;

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3.A influŒncia do professor no est mulo a uma alimenta ªo saudÆvel;

O uso do lœdico como ferramenta importante para o est mulo a uma vida saudÆvel;

Brincadeiras de inf ncia a serem retomadas, como elementos agregadores da atividade f sica; 4.InfluŒncia dos produtos

industrializados nos hÆbitos alimentares atuais.

A alimenta ªo industrializada e a influŒncia da sociedade moderna;

A alimenta ªo industrializada e guloseimas oferecidas na porta da creche;

5.Preven ªo da obesidade infantil no ambiente das creches;

A forma ªo de parcerias intersetoriais com vistas ao est mulo a alimenta ªo saudÆvel;

Falta de investimentos em infraestrtura nas creches;

Quadro 2: Apreensªo das temÆticas centrais e sub-categorias do grupo focal com os pais.

TEM`TICAS CENTRAIS SUB-CATEGORIAS

1.Conhecimento dos pais e percep ıes da saœde nutricional dos filhos

O aspecto f sico da crian a e sua rela ªo com o que Ø saudÆvel;

A tradi ªo da alimenta ªo servida na mesa em fam lia;

Dificuldades para manter uma alimenta ªo saudÆvel no lar;

2.Concep ıes sobre sobrepeso e obesidade infantil

De casa para a creche: percep ıes sobre a alimenta ªo oferecida na creche e em casa;

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das crian as como causador da obesidade infantil;

3.A alimenta ªo industrializada e os alimentos regionais: das facilidades e dificuldades

O uso de alimentos industrializados em casa e os reflexos na saœde das crian as;

Uso de alimentos industrializados no interior da creche;

O descrØdito nos alimentos servidos na creche;

4.Preven ªo da obesidade infantil

A mªe como responsÆvel pela preven ªo do sobrepeso e obesidade infantil;

Condi ıes ambientais, nutricionais e atividades f sicas como formas preventivas para o sobrepeso e obesidade;

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5.3 Concep ıes dos professores quanto ao sobrepeso e obesidade infantil

5.3.1 Inter-rela ªo entre crian a saudÆvel e aumento do peso

Os professores compreendem que existe uma forte correla ªo positiva entre aluno saudÆvel, peso adequado e alimenta ªo correta. Neste caso, a crian a poderia ser avaliada na medida peso/altura, com o aux lio do Agente ComunitÆrio de Saœde (ACS) e o cartªo de vacina ªo, alØm do olhar atendo aos alunos em sala de aula. Assim, estas seriam as formas que os professores dispıem para saberem o estado nutricional dos seus alunos.

...porque o Agente de Saœde pesa aquelas crian as e fica pesando pra fazer aquela ba de quanto a crian a aumentou de um mŒs para o outro e da eles vªo descobrir se e aumentou o peso e tambØm na altura. (PROF ZR).

Eu pelo menos nªo tenho alunos assim obesos, mas eu percebo em rela ªo quando vocŒ ver assim muito gordinho nØ, nªo tem outros meios assim pra identificar, mas de fa quando ta aparentemente muito gordinho nØ. (PROF ZR).

JÆ a crian a saudÆvel em rela ªo ao seu estado nutricional na concep ªo dos professores Ø aquela que brinca, corre, participa das atividades, consequentemente, apreende e desenvolve-se com mais rapidez e facilidade. Considerando este aspecto, o aluno considerado saudÆvel, teria mais disposi ªo e poderia interagir melhor com seus pares:

Disposi ªo. Eu acho que Ø mais ou menos a , vocŒ observa logo de cara quando a crian a tem. (PROF ZU).

Ela interage tambØm com as crian as nØ. (PROF ZU).

Imagem

Tabela 2:  Caracteriza ªo dos grupos focais com os professore s, Cedro/CE, 2010.
Tabela 3:  Caracteriza ªo dos grupos focais com os pais, Cedr o/CE, 2010.  Sexo  Escolaridade  Grupo  Focal  N

Referências

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