• Nenhum resultado encontrado

20º Congresso Brasileiro de Sociologia 12 a 17 de julho de 2021 UFPA Belém PA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "20º Congresso Brasileiro de Sociologia 12 a 17 de julho de 2021 UFPA Belém PA"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

20º Congresso Brasileiro de Sociologia 12 a 17 de julho de 2021

UFPA – Belém – PA

GT 10 - MOVIMENTOS SOCIAIS, PROTESTOS E ATIVISMOS EM CONTEXTOS DE CRISE: ABORDAGENS ANALÍTICAS E EMPÍRICAS

SENTIDOS DE AUTONOMIA NA CONSTRUÇÃO DO CALENDÁRIO AGRÍCOLA DA TEIA DOS POVOS DA BAHIA

Naira Reinaga de Lima

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade (PPGES) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) / bolsista CAPES

(2)

SENTIDOS DE AUTONOMIA NA CONSTRUÇÃO DO CALENDÁRIO AGRÍCOLA DA TEIA DOS POVOS DA BAHIA

Resumo: Este trabalho tem como ponto de partida a construção de um calendário agrícola desenvolvido junto à Teia dos Povos, uma rede que busca articular diferentes movimentos sociais da Bahia em torno de um eixo comum, pautado na luta pela terra, território e agroecologia. Desenvolvido em uma de suas comunidades (Assentamento Terra Vista / Arataca - BA), o calendário agrícola tem como base os relatos de agricultores que usam as fases da lua e outros conhecimentos tradicionais para guiar suas atividades de plantio e colheita, de modo a contribuir com os processos de reconhecimento e valorização dos saberes tradicionais dos povos e comunidades da Teia dos Povos. A partir da experiência em torno da construção do calendário, procuro compreender de que modo as ações e projetos da Teia dos Povos apontam para um sentido de autonomia que aparece tanto como valor como nas práticas que acompanham a construção dessa rede. Dentro de um quadro mais geral de transformações para os movimentos sociais nos últimos anos, busco ainda analisar como os sentidos de autonomia são mobilizados na Teia dos Povos a partir de uma dimensão do cotidiano, atrelados aos modos de vida e aos conhecimentos tradicionais como parte dos processos de luta travados no dia a dia dos movimentos sociais na região.

1 Introdução

Este trabalho busca apresentar e discutir o processo de construção de um calendário agrícola desenvolvido junto à Teia dos Povos, uma rede que busca articular desde 2012 diferentes movimentos sociais da Bahia, principalmente da região sul e extremo sul do estado. Desenvolvido em uma de suas comunidades (Assentamento Terra Vista / Arataca - BA), o calendário agrícola tem como base os relatos de agricultores que usam as fases da lua e outros conhecimentos tradicionais para guiar suas atividades de plantio e colheita, de modo a contribuir com os processos de reconhecimento e valorização dos saberes tradicionais dos povos e comunidades integrantes da Teia dos Povos.

A partir da experiência em torno da construção do calendário, procuro compreender de que modo as ações e projetos da Teia dos Povos apontam para um sentido de autonomia que aparece tanto como valor como nas práticas que acompanham a construção dessa rede de movimentos sociais, articulada em torno de um eixo comum pautado na luta pela terra, território e agroecologia.

No processo de construção do calendário agrícola, busco relacionar como a Teia dos Povos mobiliza sentidos específicos de autonomia que acompanham

(3)

sua própria construção, sentidos que estão ligados a uma dimensão do cotidiano, aos modos de vida e aos conhecimentos tradicionais que fazem parte dos processos de luta travados no dia a dia dos movimentos sociais que compõem essa rede.

Busco traçar ainda algumas reflexões sobre como a construção da Teia dos Povos dialoga com o quadro mais geral de transformações para os movimentos sociais no cenário mais recente. São análises sobre as formas com que os movimentos sociais respondem às recentes mudanças do cenário político, e como algumas ressignificações e releituras em torno do sentido de autonomia aparecem nesse percurso.

Na primeira parte do trabalho, apresento a construção do calendário agrícola e a Teia dos Povos, de forma a situar o contexto geral no qual se inserem os projetos e ações dessa rede de movimentos sociais. A seguir, discuto como o processo de construção do calendário agrícola tem em seu horizonte a afirmação da autonomia como valor e prática das comunidades que compõem a Teia dos Povos, interligando-se ao seu mote de luta pela terra, território e agroecologia.

Para finalizar, abro a discussão sobre as relações que se estabelecem entre autonomia e movimentos sociais a partir da experiência de construção do calendário agrícola, abrindo pontos de diálogo com o debate mais recente que analisa as relações entre Estado e movimentos sociais.

2 A Teia dos Povos e a construção do calendário agrícola

A Teia dos Povos é uma rede de movimentos sociais formada a partir da I Jornada de Agroecologia da Bahia (2012), com a proposta de articular diferentes grupos e atores sociais que têm nos processos de luta pela terra, território e agroecologia o seu fundamento. Inicialmente formada para conectar movimentos sociais da região sul e extremo sul da Bahia, mais recentemente essa rede busca ampliar-se, agregando movimentos e experiências coletivas de outras regiões. Os principais grupos que a compõem atualmente são formados por

pescadoras, marisqueiras, ribeirinhos, povo de fundo e fecho de pasto, povos de terreiros, pequenos agricultores, sem-terra, sem-teto, indígenas de muitas nações, quilombolas, povo negro, extrativistas e os muitos elos que apoiam e constroem a Teia a partir da solidariedade (TEIA DOS POVOS, 2019).

(4)

A Teia dos Povos agrega ainda organizações sociais e apoiadores que contribuem e comprometem-se com as demandas desses grupos, além de professores, estudantes e pesquisadores que colaboram com a construção de sua rede de articulação.

É importante destacar que a Teia dos Povos não se define como um movimento social ou uma nova organização, mas sim como um espaço de articulação que busca fortalecer e contribuir com as lutas específicas de diferentes movimentos sociais, conectando diferentes atores sociais envolvidos nesse processo. Os vínculos identitários estabelecidos entre distintos atores são centrais para compreendermos como se formam as redes (Abers e Bülow, 2011), aspecto que se complementa ao tomarmos as identidades ligadas aos processos de territorialização como característica das redes de movimentos sociais na América Latina (Scherer-Warren, 2008).

No seu percurso, a Teia dos Povos vai traçando propostas e projetos para as comunidades que a integram, através de encontros que reúnem os grupos que dela fazem parte. São encontros compostos por uma diversidade de ações, como rodas de conversa, mutirões de plantio, trocas de sementes, feiras, jornadas de agroecologia, oficinas de reciclagem e outras atividades1, sempre reafirmando o eixo da terra, território e agroecologia como mote.

A aprendizagem, a troca e a produção de conhecimentos são uma das principais características dessas ações. Nesse sentido, pode-se dizer que a força política dessa rede reside no seu caráter articulador e na formação dos intercâmbios que é capaz de promover (Scherer-Warren, 2010).

A valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos e comunidades que fazem parte da Teia configura-se como um de seus pilares, e é seguindo essa perspectiva que se insere a proposta de construção do calendário agrícola, de forma a contribuir com esse processo de valorização que acompanha a construção e consolidação da Teia dos Povos.

A construção do calendário agrícola acompanha minha inserção na Teia dos Povos como pesquisadora2, quando passei a acompanhar alguns de seus encontros e reuniões em 2018. O convite para construir o calendário agrícola,

1 Mais ações da Teia dos Povos podem ser conferidas em: http://teiadospovos.com.br/historia/

2 O trabalho aqui apresentado é um recorte da minha pesquisa de doutorado, na qual abordo as relações entre educação e autonomia na Teia dos Povos.

(5)

feito por uma liderança da Teia dos Povos em uma dessas reuniões, segue a perspectiva colaborativa que a Teia estabelece com estudantes, pesquisadores e professores, que apoiam o desenvolvimento de suas ações e projetos.

A proposta inicial era construir um calendário agrícola tendo como inspiração os calendários milenares de povos antigos, trazendo conhecimentos que utilizam as fases da lua, as épocas do ano e outros saberes ancestrais para guiar as atividades de plantio e de colheita. O processo de construção do calendário agrícola direcionou-se assim por escutar, sistematizar e materializar os saberes tradicionais de cultivo, tendo como base os relatos dos agricultores do assentamento Terra Vista3, que foi a comunidade integrante da Teia dos Povos escolhida para essa tarefa. O assentamento Terra Vista é um dos principais núcleos da Teia dos Povos, e é a partir dele que se organizam e articulam diversas de suas atividades e encontros.

Sistematizar e materializar em um calendário agrícola os conhecimentos tradicionais envolvidos no plantio também faz parte de uma preocupação da Teia em valorizar uma sabedoria que pode se perder, na medida em que só alguns agricultores a dominam, geralmente os mais velhos; como decorrência, a materialização desses saberes possibilitaria que fossem mais facilmente difundidos para os que não o conhecem. A transmissão desses conhecimentos por meio do calendário agrícola teria, portanto, uma finalidade educativa.

A construção do calendário agrícola direcionou-se pelo diálogo estabelecido com os agricultores do assentamento Terra Vista e com lideranças e outros integrantes da Teia dos Povos, buscando seguir o princípio de construção coletiva que orienta seus projetos. Desse modo, a construção do calendário foi o elemento mediador que permitiu a aproximação com os sujeitos que participaram desse processo4.

No decorrer de 2018 realizo visitas ao assentamento Terra Vista, dando início à coleta de informações que serviriam de base para o calendário, etapa que se estendeu pelo ano seguinte. Pude conhecer e conversar com três agricultores

3 O Terra Vista é um assentamento fundado pelo MST em Arataca, no sul da Bahia, e é considerado pioneiro na região, com seu projeto de reflorestamento e adoção do modelo agroecológico. Atualmente, vivem lá cerca de 55 famílias.

4 A partir da construção do calendário, são lançadas as bases da pesquisa participante que orientam a investigação, e devido aos limites desse trabalho, não será possível abordar essa discussão em seu caráter metodológico.

(6)

do assentamento Terra Vista que acolheram minha demanda para dar início ao calendário, topando participar dessa construção. A elaboração do calendário se deu durante os anos de 2019 e 2020, e somente em 2021 o calendário pôde ser finalizado5.

Durante a etapa de coleta de relatos, pude acompanhar um pouco do trabalho que os agricultores desenvolviam na roça, enquanto me explicavam que haviam aprendido a plantar seguindo as fases da lua por meio de seus antepassados: seus pais e seus avós também dominavam esse conhecimento, transmitido de geração em geração.

As informações sobre o que plantar em cada época do ano ou em cada lua, como fazer o cálculo correto da lua e outras informações mais detalhadas referentes ao cultivo foram anotadas e posteriormente agrupadas e organizadas em uma tabela, contendo cerca de 40 culturas plantadas de acordo com os conhecimentos tradicionais dos agricultores.

Essas informações foram organizadas em três grupos principais: o cultivo guiado pelas fases da lua, o plantio guiado pelas épocas do ano e o plantio independente de fases da lua ou época do ano, guiado pelo sistema de contagem em dias para transplante. São basicamente esses três planos de informações que compõem o calendário agrícola, com imagens e tabelas que traduzem as informações sobre o plantio de cada cultura.

Essa primeira parte corresponde a uma busca de representação do que foi escutado na fase da coleta dos relatos, sendo que um primeiro esboço do calendário foi feito e levado para verificação e confirmação das informações junto aos agricultores, que trouxeram sugestões em relação à disposição das imagens e mais informações e detalhes a serem acrescentados.

Uma outra apresentação foi feita às lideranças do assentamento e da Teia dos Povos. Nesse encontro, surge a ideia de se elaborar um material suplementar para acompanhar o calendário agrícola, o que acarretou, nos meses seguintes, na produção de uma espécie de livreto/cartilha, onde as informações que serviram de base para o calendário podem ser conferidas de forma mais detalhada6.

5 Devido ao período de isolamento social decorrente da pandemia de coronavírus em 2020, a etapa de finalização do calendário passou por uma interrupção, sendo retomada em 2021. A previsão é que o calendário agrícola seja publicado pela Teia dos Povos ainda este ano.

6 A previsão é que esse material acompanhará a publicação do calendário pela Teia dos Povos.

(7)

A construção do calendário agrícola, complementada posteriormente pela cartilha que aparece como seu desdobramento, buscou destacar a importância dos conhecimentos e práticas tradicionais para a agroecologia, trazendo para primeiro plano as informações dos agricultores referentes à contagem da lua e ao cultivo. Na cartilha, destacou-se ainda a história de outros calendários utilizados por diferentes povos em diferentes tempos, de modo a contextualizar o calendário da Teia dos Povos, figurando ao lado de outros calendários que também usavam conhecimentos tradicionais para guiar e auxiliar as atividades agrícolas.

A intenção é que esses materiais possam ser usados para disseminar informações e técnicas de plantio tradicionais entre as comunidades da Teia dos Povos, tendo por isso uma finalidade didática, servindo como auxiliar nas atividades agrícolas, e ao mesmo tempo destacando que os conhecimentos tradicionais são um ponto de partida importante para a agroecologia.

O processo de construção do calendário agrícola e do material que aparece como desdobramento dessa experiência permitem refletir sobre os projetos e ações prefigurados pela Teia dos Povos, ligados aos seus princípios pautados no eixo da terra, território e agroecologia. Busco compreender a partir daí os sentidos de autonomia que aparecem nesse processo, visibilizando essa construção coletiva como parte da dinâmica referente à construção da própria Teia dos Povos e suas propostas gerais de transformação social tecidas por meio de sua rede.

3 Autonomia como valor e como prática na Teia dos Povos

Em seus princípios, a Teia dos Povos afirma a autonomia como um valor fundamental, que direciona seus projetos e suas ações, ligando-se ao eixo da terra, território e agroecologia. Esses princípios fazem parte da própria organização de sua rede e são apresentados a seguir, a partir da análise de seus documentos – cartas, manifestos e outras publicações. Seus fundamentos são definidos em três grandes pontos:

I. Terra e alimento como princípio filosófico e de vida, que se constrói através da solidariedade irrestrita aos movimentos pela defesa da territorialidade, tendo como instrumento a pedagogia do exemplo.

(8)

II. O trabalho e o estudo para liberdade que possibilite a construção de um novo modo de vida, desconstruindo a herança dos modelos capitalista, racista e patriarcal.

III. Reafirmar o olhar ancestral na edificação de um novo tempo, contextualizado à nossa forma. (TEIA DOS POVOS, 2014)

A proposta de se colocar como um espaço de articulação aponta a autonomia como uma parâmetro ligado ao respeito pela identidade específica de cada grupo social que compõe sua rede:

A Teia não se coloca como movimento, e sim uma articulação, um espaço para os diferentes povos e movimentos discutirem ações e estratégias para a defesa dos territórios, a luta pela terra e agroecologia.

Que respeita a individualidade e característica de cada movimento [...]

(TEIXEIRA et al., 2018, p. 5).

Destaca-se que a questão das identidades são definidas pelos próprios atores sociais, e nesse sentido, a autodefinição também traz um sentido de autonomia que deve ser ressaltado (Abers e Bülow, 2011). A forma de organizar diferentes grupos e povos através da formação e consolidação de uma rede representa um salto na forma como atuam e se organizam os diferentes movimentos e grupos que a compõe.

Na Teia dos Povos, os aspectos ligados à sua organização e às identidades dos movimentos que formam sua rede não podem ser compreendidos de forma separada, pois sua organização toma a questão identitária como uma de suas bases7. Sua capacidade de articulação reside no reconhecimento de uma base comum, analisada como exercício de tradução sobre o qual assenta o potencial contra-hegemônico das redes de movimentos (Santos, 2007 apud Sherer-Warren, 2008).

Para pensarmos a rede da Teia dos Povos com base neste exercício de tradução, podemos dizer que a inteligibilidade entre as distintas experiências dos movimentos que a integram fundamenta-se no eixo da terra, território e agroecologia, estabelecendo as ligações entre os distintos povos, comunidades e

7 Essa compreensão permite transitar entre diferentes enfoques teóricos dos Novos Movimentos Sociais, tanto aqueles que priorizam as identidades, como os que privilegiam as ações dos atores nas teorias dos processos políticos (Abers e Bülow, 2011; Alonso, 2009).

(9)

outros elos da Teia, enquanto busca de um elemento comum, capaz de representar a unidade na diversidade.

A constituição de redes, para Abers e Bülow (2011), apresenta a capacidade de romper fronteiras entre distintos atores e organizações. Através das redes, há a potencialização das lutas já empreendidas pelos movimentos sociais dentro de um projeto mais amplo (Scherer-Warren, 2008), o que na Teia dos Povos se dá pelo seu eixo articulador, no qual a autonomia está sempre mobilizada:

Estamos construindo uma forma de organização entre os povos que busca autonomia política e financeira, através das ações de fortalecimento das experiências agroecológicas em cada território que compõe a Teia, na busca de autogestão e do autofinanciamento.

Estamos trabalhando para atuar adequadamente levando em consideração as especificidades de nossas crianças, jovens, homens, mulheres e idosos. Mas não teremos como conquistar essa saúde e autonomia, que representa na verdade novas formas de vida, política e militância, sem garantir nossos territórios e a vida de nosso povo e nossas lideranças (TEIA DOS POVOS, 2013).

A seleção desses trechos busca mostrar como a autonomia aparece portando diferentes sentidos na Teia dos Povos, remetendo não apenas a um horizonte a ser alcançado, mas também como parte das práticas e formas de vida das comunidades que integram essa rede. É desse modo que o calendário agrícola pode ser compreendido, mobilizando a autonomia integrada à valorização dos conhecimentos tradicionais e ancestrais, em uma dimensão mais prática e ligada ao dia a dia dos movimentos sociais e sua luta pela terra, território e agroecologia.

A busca por um sentido comum perpassa a questão das formas de conhecimento e de saberes inerentes aos distintos sujeitos coletivos que compõem a Teia dos Povos, que se traduzem nas formas específicas de organização de cada povo, cada qual com suas concepções e formas próprias de se perceber e de perceber o mundo. Os encontros promovidos pela Teia, nesse sentido, podem ser pensados pelo parâmetro da ecologia de saberes (Santos, 2007), onde o reconhecimento do comum não compromete a autonomia das diferentes formas de conhecimento inerentes a cada povo, o que constitui-se como premissa para o estabelecimento de diálogos horizontais entre eles. Suas

(10)

diferenças podem ser compreendidas, nestes termos, como relações de complementaridade (Santos, 2007; Scherer-Warren, 2008).

Retomo então alguns objetivos do calendário agrícola apontados durante a solicitação pela sua construção, para mostrar como esse aspecto ligado a autonomia aparece. Um primeiro ponto diz respeito a como a materialização dos conhecimentos no calendário deveria mostrar a importância de uma sabedoria que, muitas vezes, os próprios agricultores não reconheciam devidamente. O calendário deveria então reforçar que os conhecimentos próprios e mais antigos na lida com a terra e o território são o ponto de partida para a agroecologia.

Outro ponto trazido na solicitação pelo calendário referia-se a como outros povos, em outros momentos históricos, haviam desenvolvido seus calendários agrícolas, indicando com maior precisão as épocas de plantio e colheita com base em fatores relacionados aos ciclos solares e lunares. O calendário agrícola deveria mostrar os saberes específicos que os agricultores possuem na atualidade em relação a esses ciclos, e como são utilizados como guia para suas atividades de cultivo, assim como outros povos em outros tempos o fizeram.

Um terceiro ponto destacado na solicitação pelo calendário referia-se à própria linguagem que este deveria usar, clara, simples e objetiva, voltada para os agricultores, sendo acessível e adequada ao contexto das comunidades da Teia dos Povos. Esse ponto destaca que era necessário evitar o uso de uma certa linguagem acadêmica, carregada de termos que poderiam ser de difícil compreensão. Sua linguagem deveria, portanto, representar o conhecimento dos agricultores, e não conhecimentos acadêmicos considerados exteriores e fora de contexto.

Nesses três pontos que direcionam os objetivos do calendário, vemos que a autonomia aparece como um valor a ser reafirmado, mostrando que os conhecimentos tradicionais direcionam práticas que já fazem parte do modo de vida dessas comunidades. Por sua vez, esses conhecimentos revelam formas específicas de lidar com a terra, o território e a agroecologia, processo que se mostrou durante a construção do calendário.

Assim, para os agricultores que participaram dessa construção, plantar seguindo a lua traz um conhecimento que se traduz como algo muito óbvio, no qual o próprio nome da lua já diz tudo, conforme suas explicações. O que se

(11)

planta na lua cheia também fica cheio e redondo, como, por exemplo, os pés de alface, couve e outras hortaliças, que ficam bem abundantes e arredondadas. A lua nova, como o nome indica, remete à força daquilo que é novo e está nascendo, e, portanto, é a lua que traz força, então é hora de plantar cacau, cupuaçu e os cítricos, para não pegar pragas. Na transição da lua crescente para a lua cheia, temos a fase boa para plantar o que cresce rápido e para cima, como vários tipos de banana e a mandioca. Já a lua minguante é a ideal para plantar tomate e abóbora, pois assim não dá lagarta, além de ser a lua propícia para tirar e guardar sementes, que depois serão armazenadas para o próximo ano ou para serem trocadas, já que nesta lua as sementes colhidas têm maior durabilidade e não estragam.

Ainda segundo os agricultores, é só prestar atenção no nome da lua que você já sabe o que deve ser plantado, em um conhecimento que para eles já está internalizado e aparece como natural, pois a própria natureza indica o que plantar.

Para os agricultores, o plantio seguindo as fases da lua é a base da agroecologia, porque é somente usando esta técnica que é possível plantar sem veneno, sem dar praga. O uso de sementes crioulas não transgênicas para serem armazenadas ou trocadas entre as comunidades também é outro aspecto importante que se relaciona a este conhecimento, pois envolve a questão da soberania alimentar (Teia dos Povos, 2018).

Embora os agricultores reconheçam que é possível plantar qualquer coisa em qualquer lua, é somente usando o conhecimento certo para a planta certa que é possível dispensar o uso de agrotóxicos, usando as técnicas tradicionais e promovendo as práticas preconizadas pela agroecologia. Foram essas explicações e conhecimentos que permearam a construção do calendário agrícola, visibilizando formas específicas de lidar com a terra, o tempo e a natureza.

Trazendo ainda como finalidade a transmissão e circulação desses saberes, a construção do calendário buscou contribuir com os projetos e ações da Teia dos Povos para suas comunidades, mobilizando temas como a ancestralidade, a territorialização, o autossustento e a soberania alimentar, ligados à identidade dos povos que dela participam. Essa valorização também se

(12)

refere a como os conhecimentos e saberes ancestrais dos diferentes povos que integram a Teia se articulam ao eixo da terra, território e agroecologia.

Nesse processo, a autonomia apresenta-se em um sentido específico, ligada às formas de conhecimento tradicionais e outras práticas presentes no dia a dia das comunidades da Teia, traduzindo modos de vida e de cultura tecidos no cotidiano dos diferentes povos na sua luta diária. Contudo, o contexto que leva à solicitação pelo calendário agrícola mobiliza também outros sentidos de autonomia, ao mesmo tempo em que permite olhar para o cenário atual desde a perspectiva da Teia dos Povos e dos movimentos sociais dedicados a construir alternativas frente aos modelos de desenvolvimento hegemônicos. A parte seguinte busca apresentar esse contexto, abrindo pontos de diálogo com os alguns estudos que abordam os sentidos da autonomia para os movimentos sociais.

4 Autonomia e movimentos sociais no contexto atual

Em meados de 2018, quando me aproximo da Teia dos Povos, tenho a possibilidade de acompanhar um momento de autocrítica da parte dos movimentos que participam de sua rede, o que se reflete, entre outras coisas, na reafirmação da autonomia como valor e parâmetro a ser seguido. É nesse contexto que o calendário agrícola é solicitado, tendo a autonomia como ponto de partida e como elemento que permeia toda sua construção.

Nesse ponto, abro a discussão tentando estabelecer pontos de diálogo com algumas análises que se dedicam a interpretar as recentes mudanças representadas pelo retorno de governos conservadores após o período que na América Latina ficou conhecido como guinada à esquerda. Isso porque, nos últimos anos, novas formas de compreensão da autonomia se dão a partir das relações que os movimentos sociais travaram com o Estado nesse período.

No atual cenário que atravessamos, marcado pelo retrocesso democrático e perda de direitos, as relações estabelecidas entre movimentos sociais e Estado nos últimos anos são analisadas por diferentes prismas. Mais especificamente, as relações que diversos movimentos sociais conseguiram estabelecer na arena institucional durante os governos progressistas latino-americanos revelam uma complexidade dessa relação, mas há um certo consenso sobre o esmorecimento

(13)

dos trabalhos de base que caminhou junto a esse processo, no qual a perda da autonomia é uma de suas expressões (Zibechi, 2017).

No Brasil, os esforços empreendidos por parte das organizações dos movimentos sociais para participar da política por meio de cargos assumidos nos quadros administrativos governamentais e outras formas de participação institucional levaram a leituras de que a autonomia teria perdido sua força nos movimentos sociais, que privilegiaram estratégias focadas nas vias institucionais como forma de participação e interdependência com o Estado (Avritzer, 2012).

Para Meza e Tatagiba (2016), essa leitura expressa um desencanto com a política institucional, que passa a ser vista pela falta de aspiração em implementar mudanças democráticas, e é nesse sentido que se atribui o caráter inconcluso da democracia na América Latina, ao mesmo tempo em que o caráter autônomo dos movimentos sociais é visto como sua essência. A autonomia, então, é um valor e uma forma estratégica de posicionamento dos movimentos sociais e suas formas de organização, que apontariam para formas de participação que, por sua vez, se ligam a mudanças e transformações mais democráticas (Meza e Tatagiba, 2016).

De acordo com Oliveira e Dowbor (2018), novas abordagens procuram desconstruir as visões que marcaram toda uma tradição de estudos sobre os movimentos sociais, vistos como antagônicos em relação ao Estado. É necessário então ressaltar a complexidade que permeia esse contexto, principalmente no reconhecimento das conquistas que os movimentos sociais alcançaram a partir de suas aproximações e interações com o Estado nos últimos anos.

É um balanço delicado, e algumas análises buscam justamente destacar que as relações entre movimentos sociais e Estado nesse período não foram isentas de tensões e conflitos, ao mesmo tempo em que ocupar espaços da política institucional não significou o esvaziamento dos movimentos (Abers e Bülow, 2011). São avanços teóricos que problematizam a autonomia como característica essencial dos movimentos sociais, demonstrando que seus sentidos podem envolver diferentes dimensões. Deste modo, as formas de atuação dos movimentos sociais direcionadas à institucionalização não implicam necessariamente na perda da autonomia em relação ao Estado (Lavalle e Szwako, 2015; Meza e Tatagiba, 2016; Oliveira e Dowbor, 2020).

(14)

As mudanças no cenário político implicaram novas revisões sobre essas relações. No Brasil, o novo governo que assumiu após o impeachment, em 2016, demonstrou seu empenho em desmontar e extinguir secretarias, cargos, espaços de participação, projetos e programas sociais que representavam conquistas empreendidas pelos movimentos sociais, sendo que esse processo de desmonte segue em curso atualmente.

As possibilidades dos movimentos sociais manterem sua participação a partir da política na arena institucional tornam-se significativamente reduzidas no novo cenário. Para os movimentos sociais, isso repercute na rediscussão de suas estratégias e formas de atuação e organização, na qual a reconstrução dos trabalhos de base aparece como um caminho a ser retomado, diante de uma visão na qual as relações com ou a partir do Estado tornaram-se significativamente reduzidas em relação ao ciclo aberto anteriormente.

Nesse quadro, o reforço de uma visão na qual o Estado passa a ser visto como antagonista e não mais aberto para as negociações possíveis de outrora (Serafim, 2019) faz com que o discurso da autonomia se reative nesse novo contexto. Na Teia dos Povos, essas discussões também aparecem, ressignificando a autonomia diante do novo contexto. As críticas a um governo de esquerda que atendeu apenas parcialmente as demandas dos movimentos sociais, sobretudo no tocante às situações de desigualdade relacionadas à questão da terra no nosso país, tendem a reforçar a compreensão sobre a fragilidade do Estado em promover transformações mais estruturais. Embora algumas conquistas importantes nesse sentido fossem reconhecidas, as políticas voltadas para comunidades e povos tradicionais mostravam-se muitas vezes insuficientes para assegurar condições de vida nos seus territórios.

Nessa análise, um dos pontos abordados refere-se a como o trabalho de base dos movimentos sociais havia enfraquecido de modo geral, na medida em que parte de suas organizações direcionou seus esforços para estabelecer relações com a política institucional. As discussões sobre a autonomia remetem aqui a uma dimensão de perda, em como os movimentos sociais haviam diminuído nos últimos anos sua capacidade de atuar e organizar-se por conta própria.

(15)

Essa interpretação reforçava o posicionamento de esperar menos do governo e agir mais por conta própria, o que tocava na questão da reconstrução dos trabalhos de base, focando e retomando essa parte da organização dos movimentos sociais. Isso incluía, por sua vez, desenvolver ações e projetos que estivessem estreitamente vinculados aos modos de vida das comunidades e povos integrantes da Teia dos Povos, em sintonia com o eixo da terra, território e agroecologia.

No que pese o sentido de contraposição ao Estado com que a concepção de autonomia é mobilizada nesse contexto, havia outros sentidos em torno desse conceito, nos quais a autonomia aparece como um valor e como uma prática, direcionando os projetos e ações da Teia dos Povos para suas comunidades.

É nesse sentido que a solicitação pelo calendário agrícola pode ser contextualizada, trazendo um sentido de autonomia vinculado aos conhecimentos tradicionais e aos modos de vida das comunidades da Teia. Esse é o primeiro ponto que orienta a construção do calendário: ele deveria contribuir para o reconhecimento dos conhecimentos tradicionais como um ponto de partida. Isso corresponde, entre outros aspectos, a um olhar para dentro do movimento, valorizando os agricultores locais na medida em que reforça a importância de saberes próprios e específicos na lida com a terra, o território e a agroecologia.

Com efeito, a valorização das formas de conhecimento ancestrais e tradicionais dos povos figura como um dos alicerces dos projetos da Teia dos Povos. O eixo da terra, território e agroecologia por onde giram seus princípios referem-se a ancestralidade, a valorização dos conhecimentos tradicionais e outros temas ligados à autonomia que estão implicados nesse processo e acompanham a construção dessa rede.

Pensando a construção do calendário agrícola como parte dessa dinâmica, busquei perceber que o sentido de autonomia aparecia em uma dimensão que remete aos modos de vida e ao cotidiano das comunidades e seus territórios.

Reforçando que os conhecimentos e práticas tradicionais de cultivo usados no dia a dia das comunidades devem ser devidamente reconhecidos e valorizados, o calendário contribui para compreender que a autonomia não é só um projeto: ela é uma prática, afinal, situada no plano da ação, e não apenas na caracterização da Teia dos Povos enquanto rede de movimentos sociais.

(16)

5 Considerações finais

Diante do panorama traçado, podemos questionar quais os sentidos de autonomia que estão em jogo, na medida em que ela volta a ganhar força enquanto direcionadora da atuação dos movimentos sociais na atualidade. Para Oliveira e Dowbor (2020), a autonomia retoma sua força como categoria analítica, na medida em que se interliga tanto ao contexto mais recente de crise do capitalismo a partir de 2008, assim como ao contexto latino-americano e seus governos progressistas, com a forma como diversos movimentos e experiências coletivas buscaram responder a esse contexto.

Para esses autores, a autonomia sempre aparece em referência ao Estado, seja em termos de negação ou de construção. Um dos sentidos acerca da autonomia que exemplifica essas relações diz respeito à dimensão do cotidiano, na qual

a luta do movimento social para a transformação do status quo se dá a partir da criação de vivências que traduzem a visão de mundo do movimento e nas quais não se busca e/ou se rejeita a interferência do Estado e de suas instituições. Situando-se na zona periférica do sistema, os movimentos conseguem lançar novos temas, novas formas de vida e interpretar valores de modo diferente sem com isso querer substituir o poder do sistema (OLIVEIRA E DOWBOR, 2020, p. 7).

A autonomia, enquanto conceito analítico, é portadora de múltiplos sentidos e significados, incluindo concepções e representações que são construídas pelos próprios sujeitos e atores sociais que participam dos movimentos sociais. É seguindo esse viés que a construção da Teia dos Povos reafirma a autonomia não apenas como um valor, mas também como uma prática já presente nas suas comunidades. A partir da construção do calendário agrícola da Teia dos Povos e o contexto geral em que se insere, é possível pensar em diferentes sentidos que se constroem acerca da autonomia, ampliando uma concepção na qual é compreendida principalmente como contraposição ao Estado.

Diante do atual momento de balanço crítico para diversos movimentos sociais, e frente aos retrocessos que a atual conjuntura política impõe, o contexto no qual se insere a produção do calendário agrícola permite repensar sobre a reativação e rearticulação que se dá em torno do debate sobre autonomia desde

(17)

múltiplos sentidos, situando-se em diferentes esferas do cotidiano dos movimentos sociais.

Para Abers e Bülow (2011), no Brasil e na América Latina em geral, historicamente os movimentos sociais têm lutado tanto para transformações dos comportamentos sociais, como para influenciar políticas públicas, cruzando, portanto, as fronteiras que separavam Estado e sociedade civil. Para as autoras, durante os governos progressistas latino-americanos, ampliaram-se as possibilidades de participação dos movimentos sociais junto ao Estado, processos acompanhados por tensões e polêmicas que sempre acompanharam essas relações. Nesse sentido, interessa ver como os movimentos sociais respondem às mudanças das recentes configurações e podem ajudar a compreender as relações entre Estado e movimentos sociais e seus processos de interação.

No caso da Teia dos Povos, a dinâmica dos processos políticos com os quais dialoga leva a pensar a autonomia desde o ponto de vista dos sujeitos envolvidos na construção dessa rede. A autonomia pode ser compreendida como parte da sua organização, seus projetos e ações, assim como é reconhecida como parte do dia a dia dos movimentos sociais, nos saberes e práticas tradicionais presentes no cotidiano da luta diária pela terra, território e agroecologia.

REFERÊNCIAS

ABERS, R.; BÜLOW, M. Movimentos sociais na teoria e na prática: como estudar o ativismo através da fronteira entre Estado e sociedade? Sociologias, v. 13, p.

52-84, 2011 (Porto Alegre).

ALONSO, Angela. As teorias dos novos movimentos sociais: um balanço do debate. Lua Nova, São Paulo, n. 76, 2009, p. 49-86.

AVRITZER, L. Sociedade civil e Estado no Brasil: da autonomia à interdependência política, Opinião Pública, Campinas, vol. 18, n 2, novembro, p.

383–398, 2012.

LAVALLE, A. G; SZWAKO, J. Sociedade civil, Estado e autonomia: argumentos, contra-argumentos e avanços no debate. Opinião pública, Campinas, v.21, n.1, abr, 2015 p. 157-187.

(18)

MEZA, Humberto; TATAGIBA, Luciana. Movimentos sociais e partidos políticos: as relações entre o movimento feminista e o sistema de partidos na Nicarágua (1974-2012). Opinião Pública, Campinas, v. 22, n. 2, ago 2016, p. 350-384.

OLIVEIRA, G. M.; DOWBOR. M. W. (2018) As relações entre movimentos sociais e Estado pelo prisma da autonomia: uma revisão da bibliografia recente. Anais do 42° Encontro Anual da ANPOCS, n. 42, 2018, Caxambu.

OLIVEIRA, Gustavo M.; DOWBOR. Monika W (2020). Dynamics of Autonomous Action in Social Movements: From Rejection to Construction. Latin American Perspectives, Issue XXX. v. XX, n. XXX, Month 201X, 1-13.

SANTOS, Boaventura de Souza. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estudos. Cebrap N. 79. São Paulo, 2007.

SCHERER-WARREN, Ilse. Redes de movimentos sociais na América Latina – caminhos para uma política emancipatória? Cadernos CRH, Salvador, v. 21. n.

54, set/dez 2008, p. 505-517.

SCHERER-WARREN, Ilse. Movimentos sociais e pós-colonialismo na América Latina. Ciências Sociais Unisinos, S. Leopoldo, v. 4, n. 1, jan/abr 2010, p. 18-27.

SERAFIM, Lizandra. Sobre resistências, medo e esperança: os desafios para os movimentos sociais em tempos de crise da democracia. Argumentum, Vitória, v.11, n. 1, jan./abr. 2019, p. 33-41.

TEIA DOS POVOS. A TEIA. Teia dos Povos (2014?). Disponível Em

<http://teiadospovos.redelivre.org.br/a-teia> Acesso em: 20 abr 2018.

TEIA DOS POVOS. CARTA da II Jornada de Agroecologia da Bahia (2013).

Disponível em <http://povosdamata.org.br/rede/ii-jornada-de-agroecologia-da- bahia/> Acesso em: 20 abr 2018.

TEIA DOS POVOS. CARTA da III Jornada de Agroecologia da Bahia (2014).

Disponível em <http://povosdamata.org.br/rede/iii-jornada-de-agroecologia-da- bahia/> Acesso em: 20 abr 2018.

TEIA DOS POVOS. CARTA final da VI Jornada de Agroeologia da Bahia (2019).

Disponível em <http://teiadospovos.com.br/agroecologia/carta-da-iv-jornada-de- agroecologia-da-bahia-2019-teia-dos-povos/> Acesso em: 05 mai 2020.

TEIXEIRA, Carine. A; SANTOS, Sálvio. O; OLIVEIRA, Joelson. F; BRITO, Solange. S. A Teia dos povos a aliança e unidade dos povos e movimentos do campo e da cidade. Cadernos de Agroecologia. Anais do VI CLAA, X CBA e V SEMDF – Vol. 13, N° 1, Jul. 2018.

ZIBECHI, Raul. Movimientos sociales em América Latina: El “mundo outro”

em movimiento. Bogotá: Ediciones Desde Abajo, 2017.

Referências

Documentos relacionados

Ao adotar o índice de crescimento sustentável dos municípios, ICSM, como ferramenta para analisar o impacto do avanço do agronegócio na qualidade de vida das pessoas, o estudo

Outros fatores podem ser levados em consideração para explicar a formação do grupo, como: a memória de um passado considerado mais bem sucedido, sobrevivência dos espaços

Foram elencados, no item anterior deste artigo, ao menos cinco fatores preponderantes de degradação ambiental da Baía de Guanabara ao longo da ocupação histórica da

(2005), o preço estabilizado passou a ser um referencial de comparação entre alternativas e permitiu associar-se o conceito de valor como diferencial entre produtos similares.

a chegada ao cinema, a fila, o momento da espera, a compra do bilhete, a estada na sala. Notamos que novos paradigmas orientam as sociabilidades desempenhadas nesse equipamento

Para este estudo destaco a análise de duas peças publicitárias da empresa O Boticário, veiculadas em homenagem ao Dia do Homem, com o intuito de compreender como os enunciados

É esta trabalhadora “de ontem”, cujas situações de trabalho decorrem do entrelaçamento entre divisão social, sexual e racial do trabalho atravessadas pelas estratégias racistas

• The definition of the concept of the project’s area of indirect influence should consider the area affected by changes in economic, social and environmental dynamics induced