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Rev. esc. enferm. USP vol.14 número2

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Academic year: 2018

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E D I T O R I A L

Lembrando Ana Néri

A n a Justina Ferreira Néri nasceu na antiga vila Cachoeira do Paraguaçu, no Estado da Bahia, a 13 de dezembro de 1 8 1 4 , tendo falecido na cidade d o R i o de Janeiro, na tarde de 20 de maio de 1 8 8 0 . Berço de heróis e terra de civismo, a Bahia foi q u e m nos deu a primeira enfermeira, abandonando o sossego d o lar para dirigir-se ao campo de batalha, na guerra do Paraguai. Foi ela a precur-sora, entre nós, da Cruz Vermelha Brasileira. O n o m e de A n a Néri, dado à Escola de Enfermagem da Universidade Federal do R i o de Janeiro, fundada em 1923 graças a Carlos Chagas e Eurico Villela, reflete o justo reconhecimento nacional à mulher que primeiro praticou, ao clamor das batalhas, o dever de acudir os feridos, c o m indómita coragem e admirável solicitude. Casada c o m o capitão de fragata Isidoro A n t o n i o Néri, teve três filhos, u m dos quais dedicou-se à carreira das armas. Havendo os mesmos seguido para as lutas nas terras para-guaias, n u m gesto de altruísmo, A n a Néri, a 8 de agosto de 1 8 6 5 , dirige-se ao então presidente da Província, D r . Manoel Pinto de Souza Dantas, colocando-se à disposição de sua Pátria. D e imediato, foi a ilustre dama incluída entre os 1 8 . 7 2 5 heróis baianos que participaram da guerra d o Paraguai. A 13 de agosto de 1865 partia para as longínquas terras dominadas por Solano Lopez. Durante cinco anos assistiu nossos irmãos, servindo à Pátria c o m elevado zelo e humani-dade superior. Por muito tempo foi chamada a " M ã e dos Brasileiros", acudindo aos soldados e m Corrientes, Salto, Humaitá e Assumpción.

Perdeu u m de seus filhos, Justiniano, cirurgião da Armada, n o campo de batalha, b e m c o m o u m sobrinho, o j o v e m alferes Artur Ferreira. A 5 de j u n h o de 1 8 7 0 , acompanhada de quatro órfãos de guerra, regressa a Salvador, rece-bendo excepcionais homenagens, salientando-se a oferta de uma coroa de louro e brilhantes e a tela elaborada por Vitor Meirelles, para o edifício d o P a ç o Muni-cipal. O Governo Imperial confere-lhe, de imediato, n u m gesto de reconheci-mento, pensão anual de u m conto e duzentos mil réis, além da "Medalha Huma-nitária de 2 .a

Classe e de Campanha, c o m passador de ouro n.° 5 " . P o u c o tempo depois voltou para o R i o de Janeiro, onde faleceu, tendo sido enterrada no Cemi-tério de São Francisco Xavier. Felizmente, os brasileiros não esqueceram seu nome, imortalizando-a entre os lídimos heróis nacionais. A "Sociedade Brasileira de Educação e Integração", presidida pelo D r . Bueno de Azevedo Filho, profundo conhecedor da vida e obra e A n a Néri, reverenciará condignamente, e m São Paulo, a memória da ilustre baiana, patrona daquela Associação.

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A Enfermagem de hoje tem ciência no seu conteúdo e arte, na aplicação, mas, c o m o e m Medicina, os valores transcendentais da assistência aos que sofrem, esses precisam ser preservados, porque fazem parte d o "ethos" da própria pro-fissão. P o r isso, tenho sempre afirmado que a Enfermagem, c o m o a Medicina, constituem u m estado de espírito, u m ideal de vida, uma destinação, uma di-mensão alta da própria existência humana.

Felizes os que escolheram a Enfermagem para amá-la.

A o evocar a figura d e A n a Néri, c o m o atual diretor da Escola de Enfer-m a g e Enfer-m da U S P , e seu antigo professor de Microbiologia e IEnfer-munologia, louvo o esforço e a dedicação de todos os enfermeiros nos cuidados q u e oferecem aos doen-tes, trabalhando sempre, dia e noite, servindo a seu semelhante, na eterna luta do h o m e m contra a doença e contra a morte. E , finalmente, que a frase milenar de Hipocrates, aplicada também à Enfermagem, encerre esta m i n h a crônica, exortando a todos os profissionais desta área de saúde ao cumprimento d o seu dever: " A vida é curta, mas a arte é longa e, para dominar a arte e acrescentar-lhe ao patrimônio humano alguma coisa, é necessário antes de tudo que a brevidade da vida se multiplique n o trabalho, se enriqueça n o amor, se ilumine n o ideal e se retempere na luta."

Referências

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