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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

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Academic year: 2018

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USO OPTIMAL DO TERRITÓRIO DE BACIA HIDROGRÁFICA

COM FUNDAMENTOS NO CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS

AGRÁRIAS E AMBIENTAIS – BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Reitor

João Luiz Martins

Vice-Reitor

Antenor Barbosa Júnior

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Tanus Jorge Nagem

ESCOLA DE MINAS

Diretor

José Geraldo Arantes de Azevedo Brito

Vice-Diretor

Marco Túlio Ribeiro Evangelista

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Chefe

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(5)

CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – SÉRIE M - VOL. 44

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Nº 256

USO OPTIMAL DO TERRITÓRIO DE BACIA HIDROGRÁFICA COM

FUNDAMENTOS NO CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS AGRÁRIAS E

AMBIENTAIS – BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE RIBEIROS NO VALE DO

RIO PARACATU.

Lawrence de Andrade Magalhães Gomes

Orientador

Paulo Pereira Martins Júnior

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito

parcial à obtenção do Título de Mestre. Área de Concentração: Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais

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Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br Escola de Minas - http://www.em.ufop.br

Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/

Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita

35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais

Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br

Os direitos de tradução e reprodução reservados.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.

ISSN 85-230-0108-6

Depósito Legal na Biblioteca Nacional Edição 1

Catalogação:

sisbin@sisbin.ufop.br

G633u Andrade, Lawrence Magalhães Gomes.

Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais [manuscrito]: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu / Lawrence de Andrade Magalhães Gomes.

xxviii, 191 f. : il. color.; grafs.; tabs.; mapas. (Contribuições às ciências da terra, Série M, v.44, n. 256,)

ISSN: 85-230-0108-6

Orientador: Prof. Dr. Paulo Pereira Martins Júnior.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais.

1. Geociências - Teses. 2. Ciências ambientais - Teses. 3. Bacia hidrográfica - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

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“Soluções que não levam em conta as reações do coração humano ou são nocivas, ou são simplórias”

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Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, minha irmã, e todos os familiares pelo amor, apoio, carinho, força e compreensão durante essa etapa da minha vida. Sem a ajuda deles nada disso teria sido possível. Amo vocês!

À Paula, meu amor, por alegrar incomensuravelmente minha vida, pelo companheirismo, afeto, ternura, e por ser minha fonte de inspiração, e minha luz brilhante nas noites mais escuras.

Um agradecimento especial ao meu orientador, Paulo Martins, pela sugestão do tema da dissertação e por ser responsável pelo grande salto de conhecimento conseguido no decorrer deste trabalho, tanto do ponto de vista científico e, sobretudo, humanístico, além do exemplo de determinação, bondade e de existência.

À Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), Setor de Recursos da Água (SAA), pela disponibilização de infra-estrutura, pelo apoio institucional e logístico, buscando a interação entre Universidade e Fundação no desenvolvimento da pesquisa aplicada no estado, através do programa de pesquisas coordenado pelo orientador.

À equipe e amigos do CETEC, dentre eles Leandro Arb, pelo grande auxílio na produção cartográfica, Marcos Brito, pela normatização e tratamento final de algumas imagens cartográficas, Danilo Paiva, Vitor Vieira, Rafael Franca, Cláudio Diniz, Kristoffer, Juan Soria, Daniel Campolina, Jairo Cambraia, Marco Aurélio, João Álvaro, Marco Antônio e Luis Felipe.

À Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Departamento de Geologia (DEGEO) pela oportunidade de desenvolver o trabalho de dissertação.

Na UFOP, agradeço aos professores Mariângela Garcia, Frederico Sobreira, Paulo de Tarso, André Danderfer, pelos ensinamentos e por sempre se prontificaram a comentar e tirar dúvidas durante o desenvolvimento da dissertação.

Aos funcionários Édson e Aparecida pela cordialidade e prestatividade, além do grande auxílio logístico fornecido na secretária da Pós-Graduação.

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Sou incalculavelmente grato ao carinho, receptividade e cuidados provenientes da Tia Lúcia, Miriam, e minha prima Natália que me hospedaram em sua casa em Mariana-MG durante o meu percurso e realização das cadeiras em Ouro Preto.

À Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): ao Instituto de Geociências (IGC), ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) e ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB), pela realização de algumas disciplinas e principalmente aos professores Cristiane Valéria Oliveira, Nilo Nascimento e Leila Nunes Menegasse que contribuíram enormemente para o aprendizado no mestrado.

À REDEMAT pela possibilidade de cursar a disciplina Epistemologia Fundamentadora, ministrada pelo Professor e Orientador desta dissertação, Paulo Martins.

Aos amigos, a família que nos foi possível escolher, sejam os de infância, de faculdade ou constituídos no decorrer da vida: Alexandre, Cibele, Digo, Guilherme, Hellerman, Hugo, Mariana, Sal, Érica, Fernando Gomes Braga, Fernando César, Marco (Polo), Paulo Roberto Braga, André, Gabriela, Bruna, Lucas, Allan, Alex, entre outros tantos, pela companhia nos momentos de descontração, pelo apoio de uma maneira geral e por enriquecerem minha vida.

Um agradecimento especial aos Professores convidados a compor a Banca Examinadora, na qual estão presentes a Professora Mariângela Garcia Leite, do DEGEO/UFOP, e a Professora Cristiane Valéria Oliveira, do IGC/UFMG, além é claro do Professor e Orientador Paulo Martins (DEGEO/UFOP). É de grande satisfação e honra ser avaliado por Professores tão competentes e cordiais.

Por fim, e de suma importância para concretização deste estudo, agradeço ao Fundo Setorial CT-Hidro do Ministério de Ciência e Tecnologia pelo fornecimento de uma bolsa de estudos, através do CNPq, bem como pelo financiamento deste ao Projeto de Conservação de Recurso Hídrico no Âmbito da Gestão Ambiental e Agrícola de Bacia Hidrográfica (CRHA), que teve ainda o apoio financeiro da FINEP, sendo este Projeto, fundamental e responsável por recursos disponibilizados, principalmente quanto aos materiais, análises e trabalhos de campo.

Se eu me esqueci de alguém, mil desculpas, mas pode ter certeza que a sua ajuda foi de grande valia e importância.

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Sumário

AGRADECIMENTOS... ...ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES... xv

LISTA DE TABELAS... xix

LISTA DE QUADROS ... xxi

LISTA DE ANEXOS... xxiii

RESUMO ...xxv

ABSTRACT ... xxvii

CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS ... 1

1.1. Introdução e Fundamentação do Problema ... ...1

1.2. Objetivos ... 4

1.3. Localização ... 5

1.4. Métodos Utilizados e Propedêutica... 7

CAPÍTULO 2. CORREDORES FLORESTAIS ECOLÓGICO-ECONÔMICOS – UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 11

2.1. Definições Primárias. ... 12

2.2. Geometria de Corredores. ... 14

2.3. Procedimentos e Técnicas de Plantio para o Resgate de Espaços Florestais ... 17

2.3.1. Chuva de Sementes ... 17

2.3.2. Dispersão de Sementes... 18

2.3.3. Transposição de Solos... 19

2.4. Algumas Limitações na Implantação de Corredores... 22

2.5. Processos de Sucessão e Outros Métodos de Nucleação... 22

2.6. Alguns Comentários Sobre Espécies Invasoras. ... 30

2.7. Questões Seqüenciais Sobre Viabilidade ... 32

2.7.1. Introdução de Espécies de Valor Econômico e Subsistência... 32

2.7.2. Escolha de Espécies Ecológico-Econômicas ... 36

2.7.3. Aspectos Geomórficos ... 36

CAPÍTULO 3. CONCEITOS PARA O DESENVOLVIMENTO ECO-SUSTENTÁVEL EM ÁREAS RURAIS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS... 39

3.1. Conceito de Geociências Agrárias e Ambientais. ... 40

3.2. Ecologia Economia - O Binômio Desejável... 40

3.3. Modelos de Conservação de Recursos Hídricos ... 41

3.4. Modelos de Florestas – As Florestas Ecológico-Econômicas... 42

3.5. Ordenamento do Território... 44

(12)

3.7. Cenários Ambientais e Monitoramento Ambiental Contínuo ... 47

3.8. Unidades Geoambientais ... 49

3.9. Zonas de Recarga de Aqüíferos e Áreas Precisas de Recarga... 50

3.10. Geovulnerabilidade Ambiental... 51

3.11. Política de Uso Optimal do Solo ... 52

3.12. Produção Rural em Agro-Negócio e em Pequenas Propriedades... 53

3.13. Políticas de Fomento ... 55

3.14. Mapeamento dos Instrumentos Legais ... 55

CAPÍTULO 4. ASPECTOS GERAIS E CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA BACIA HIDROGRÁFICA EM ESTUDO... 59

4.1. Geologia Regional ... 59

4.2. Geomorfologia... 64

4.3. Pedologia ... 68

4.4. Clima ... 72

4.5. Rede Hidrográfica ... 73

4.6. Hidrologia... 78

4.7. Hidrogeologia ... 82

4.8. Aspectos Bióticos ... 83

4.8.1. Cobertura Vegetal ... 83

4.8.2. Fauna ... 86

4.9. Processo de Ocupação da Região ... 89

4.10. Contexto Sócio-Econômico ... 91

CAPÍTULO 5. CENÁRIO ATUAL DA BACIA – PRINCIPAIS DESCONFORMIDADES ... 95

5.1. Desmatamento Extensivo ... 95

5.2. Problemas Hídricos – Consumo Elevado da Água e Conflitos no Uso da Irrigação, Contaminação e Ocupação de Zonas de Recarga de Aqüíferos... 106

5.3. Degradação do Solo... 113

5.4. O Projeto de Colonização Paracatu Entre Ribeiros e a Atual Situação de Grande Parte dos Agricultores da Bacia... 116

CAPÍTULO 6. PROPOSTA DE ZONEAMENTO EM UNIDADES GEOAMBIENTAIS MORFOGEOPEDOLÓGICAS... 119

6.1. Unidade 1 – Áreas de Superfície Tabular Elevada... 124

6.2. Unidade 2 – Áreas de Cristas e Vertentes. ... 125

(13)

6.5. Unidade 5 – Áreas de Superfície Tabular Intermediária... 128

6.6. Unidade 6 – Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada. ... 128

6.7. Unidade 7 – Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo... 129

6.8. Mapa de Unidades Geoambientais da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros. ... 130

CAPÍTULO 7. CENÁRIO ALTERNATIVO – A PROPOSIÇÃO DO USO ORDENADO E OPTIMAL DA BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE RIBEIROS ... 133

7.1. Proposta de Conservação, “Reconstrução” e Integração do Bioma com os Corredores Florestais Ecológico-Econômicos em Entre Ribeiros. ... 134

7.2. Outras Medidas de Mitigação para a Situação dos Produtores, Conservação do Solo e da Água. ... 138

7.3. Conclusões. ... 142

CAPÍTULO 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 149

ANEXOS ... 155

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(15)

Lista de Ilustrações

Figura 1.1- Localização da Região em Estudo... 6

Figura 2.1- Estrutura e Composição Geral dos Corredores Florestais Ecológico-Econômicos Propostos para um Cenário em que as Variáveis Físicas e Sociais se Mostrem Favoráveis.. 15

Figura 4.1- Perfil Geológico Esquemático da Região em Estudo... 61

Figura 4.2- Carta Lito-Estratigráfica da Área da Bacia de Entre Ribeiros... 63

Figura 4.3- Carta de Geomorfologia da Área da Bacia de Entre Ribeiros... 65

Figura 4.4- Modelo Digital de Elevação do Terreno da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros... 68

Figura 4.5- Carta de Pedologia da área da bacia de Entre Ribeiros ... 69

Figura 4.6- Balanço Hídrico Climatológico da Bacia do Rio Paracatu – 1961-1990 ... 73

Figura 4.7- Carta da Rede Hidrográfica da Área da Bacia de Entre Ribeiros... 74

Figura 4.8- Carta da Rede Hidrográfica da Área da Bacia de Entre Ribeiros sob o Ordenamento de Canais de Strahler... 75

Figura 4.9- Vista do Ribeirão Entre Ribeiros... 77

Figura 4.10- Hidrograma Representando a Contribuição de Todas as Sub-Bacias na Vazão Total do Rio Paracatu... 79

Figura 4.11- Hidrograma Representando as Vazões Médias Mensais no Médio Paracatu entre 1940 e 1994... 80

Figura 4.12- Hidrograma Representando a Contribuição de Todas as Sub-Bacias na Vazão do Médio Paracatu ... 80

Figura 4.13- Hidrograma Representando a Contribuição Percentual das Sub-Bacias na Vazão do Médio Paracatu ... 81

Figura 4.14- Carta de Aqüíferos da Área da bacia de Entre Ribeiros ... 82

Figura 4.15- Exemplo do Ecossistema de Veredas na Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ... 86

Figura 4.16- Espécie Hydrochaerus hidrochaeris (Capivara) em uma Lagoa Represada da Bacia ... 88

Figura 5.1- Exemplo de Desmatamento Extensivo Devido à Agricultura Intensiva em Entre Ribeiros ... 97

(16)

Figura 5.3- Exemplo de Retirada da Vegetação do Curso d’Água (Mata Ciliar) para dar Lugar à Pastagem... 102

Figura 5.4- Exemplo de Degradação de um Ambiente Aquático, no caso uma Lagoa Marginal Represada ... 102

Figura 5.5- Uso do solo em Entre Ribeiros. Vegetação e Atividades Antrópicas com destaque para a “Descontinuidade Floral do Bioma”... 104

Figura 5.6- Exemplo Típico de uma Área Cultivada Irrigada por Pivô Central na Foz do Ribeirão Entre Ribeiros. A topografia favorece bastante este método de manejo, entretanto, o uso intenso e a supressão de todo o ecossistema natural comprometem o tempo de uso, os recursos hídricos e, conseqüentemente, o futuro econômico da região... 105

Figura 5.7- Exemplo da Magnitude dos Pivôs Centrais em Entre Ribeiros ... 106

Figura 5.8- Caso Típico de Irrigação por Aspersão com Pivô Central no Vale de Entre Ribeiros em que Ocorre uma Elevada Perda por Evaporação. Neste caso ainda é possível visualizar quatro espécies oportunistas da avifauna adaptadas às intervenções antrópicas, caracterizando uma situação adaptativa ... 107

Figura 5.9- Exemplo de um dos Extensos Canais de Irrigação no Vale de Entre Ribeiros. A exposição demasiada à insolação e às temperaturas elevadas acarreta em grandes perdas de água por evaporação... 108

Figura 5.10- Barragem Construída sobre o Ecossistema de Vereda. Percebe-se claramente a descontinuidade e o comprometimento deste ambiente com a elevação do nível d’água.... 109

Figura 5.11- Represamento de um Ecossistema de Veredas em um Estágio Mais Avançado . 109

Figura 5.12- Exemplo de uma Ocupação Intensiva, Favorecida pelas Características Físicas, em uma Possível Área de Recarga de Aqüífero na Porção Oeste da Bacia ... 110

Figura 5.13- Imagem de Satélite Evidenciando a Magnitude dos Projetos Agrícolas na Foz do Ribeirão Entre Ribeiros ... 112

Figura 5.14- Erosão Laminar em Área de Agricultura de Sequeiro Abandonada e Tomada pela Pastagem... 115

Figura 5.15- Erosão Laminar em Conseqüência da Retirada da Vegetação Natural e Agravada pelo Gado ... 115

Figura 6.1- Mapa com a Proposta de Unidades Geoambientais da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros na Escala de 1:250.000 ... 131

(17)
(18)
(19)

Lista de Tabelas

Tabela 5.1- Largura da Faixa Marginal Considerada Área de Preservação Permanente em Função da Largura dos Cursos d’Água... 100

Tabela 5.2- Largura da Faixa Marginal Considerada Área de Preservação Permanente em Função da Localização das Lagoas Marginais... 101

Tabela 6.1- Resultado Simplificado do Cruzamento Entre as Classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia ... 121

Tabela 6.2- Matriz de Correlação Entre as Classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia Destacando os Valores Relativos de Incidência em Relação à Área Total da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros... 122

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(21)

Lista de Quadros

Quadro 4.1- Litoestratigrafia da Bacia de Entre Ribeiros... 62

Quadro 4.2- Formas Mórficas da Bacia de Entre-Ribeiros... 66

Quadro 4.3- Unidades Pedológicas da Bacia de Entre-Ribeiros... 70

(22)
(23)

Lista de Anexos

Anexo I- Modalidades Cósmicas segundo Martins Jr. (2002) baseado em

Dooyeweerd (1958) ... 155

Anexo II- Rodas de Correlação presentes nos Sistema Orci ... 157

Anexo III- Carta de Curvas de Nível da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros... 159

Anexo IV- Carta de Altimetria da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros... 161

Anexo V- Lista das Espécies de Fauna Presentes na Bacia por Nome Científico e Popular.... 163

Anexo VI- Tabela com os cálculos de Cobertura Vegetal Atual da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ... 165

Anexo VII- Carta de Fraturas sobre as Unidades Geomorfológicas da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ... 171

Anexo VIII- Síntese da Tabela de cálculos das Matrizes e a denominação de Unidades ... 173

Anexo IX - Mapa com os pontos visitados nos trabalhos de campo realizados entre Outubro de 2005 e Setembro de 2006... 181

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(25)

Resumo

A agricultura oferece um desafio à humanidade não somente no que diz respeito à produção, mas, sobretudo à não destruição dos sistemas naturais nos quais está inserida e faz parte, a saber, a bacia hidrográfica e os ecossistemas associados.

Nesse sentido, faz-se necessário adotar e perseguir modos de conjugação da atividade econômica com a geo-ecologia para um processo de sustentação tanto dos sistemas naturais quanto dos aspectos econômicos inerentes e desenvolvidos nestas regiões.

A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, pertencente ao Vale do Rio Paracatu, afluente da margem esquerda no médio curso do Rio São Francisco, ocupada basicamente pela atividade agrícola, é um caso claro onde uma intervenção abrupta sobre o ambiente natural foi proferida, haja visto que várias condições geo-ambientais não foram e não têm sido devidamente contempladas e respeitadas.

Os reflexos, em decorrência do intenso e, muitas vezes, inadequado uso, apresentam, atualmente, um baixo grau de conservação ambiental, com conseqüências sobretudo nos recursos hídricos, na vegetação e na fauna. Soma-se a isso, o fato de que a maior parte dos produtores rurais da bacia se encontra, hoje, em uma situação econômica extremamente delicada, fruto de crises conjunturais passadas e de intensos investimentos e empréstimos que ainda não foram amortizados.

Diante deste quadro, este estudo visou fornecer e projetar, a partir do levantamento sistemático das características de formação e da avaliação das condições atuais da bacia, algumas medidas e proposições de solução e mitigação frente aos principais desequilíbrios, no intuito de alcançar um ordenamento territorial e, conseqüentemente, conferir a possibilidade de usar o terreno de maneira ótima e inteligente.

Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico com ênfase em técnicas de plantio e conceitos para aplicação de corredores florestais com vistas a compreender e indicar medidas que conciliem o binômio ecologia-economia.

(26)

O passo seguinte foi a geração de uma proposta de zoneamento através de Unidades Geoambientais homogêneas, visto que esta permite uma compreensão ampliada e aplicada dos processos e favorece a gestão territorial. Tal proposta culminou na criação de 7 Unidades tendo como base o cruzamento das classes de Geomorfologia, Pedologia e Lito-Estratigrafia associado à análise do uso antrópico do território.

Ao final, apresentou-se um cenário alternativo com propostas de mitigação sob o conceito de “ecologia-economia” tendo como medida base a introdução de corredores ecológico-econômicos. Assim foram evidenciados vários benefícios que os mesmos poderiam acarretar à região. Destacou-se ainda que tal proposição quando aliada às medidas “tradicionais” de conservação, como conservação do solo e da água, além de um maior subsídio aos produtores, permitem uma ampla possibilidade de alcançar o ordenamento territorial, bem como resguardar o amplo espectro de suas funções ecológico-econômicas. Dessa forma, o uso optimal pode ser auferido.

A posse desse estudo e de outros mais específicos, constitui-se a base para se tomar decisões e para orientar programas de organização e ordenamento do território que sejam compatíveis com a dinâmica viva do ambiente e a sua organização sistêmica. Além disso, deve-se contar com um processo contínuo de monitoramento para que se observe a aplicação das medidas desenvolvidas, bem como a demanda para novas soluções de acordo com a modificação do espaço e ambiente.

(27)

Abstract

Agriculture not only offers a challenge to the humanity in what concerns to the its production, but, mostly to the destruction of the natural systems in which it's inserted and it is part of, precisely, the watershed and the ecosystems associated.

In this sense, it's necessary to adopt and to pursue ways of conjugating the economic activity with the geo-ecology one reaching the natural systems sustainability as like as the inherent development of economic aspects in these regions.

The Entre Ribeiros watershed, belonging to the Valley of the River Paracatu, tributary of the left edge in the River San Francisco's average course, is a visible case example of an abrupt intervention on the natural environment, since several geo-ambient conditions had not been established and they have not been duly contemplated and respected.

The repercussion, in result of the intense and, many times, inadequate use of the watershed's area, is, currently, a low degree of natural environment conservation, with consequences all over the water resources, the vegetation and the fauna. Adding to this idea it is important to assert that most of the agricultural producers of the watershed are, today, in extremely delicate economic situation, as a result of last conjunctural crises and intense investments and loans that had still not been amortized.

Ahead this situation, this study aims to supply and project some measures and propositions of solutions and mitigations facing the most important territorials' imbalances through systematical research of the watershed's composition and the evaluation of its recent conditions, achieving, thus, a territorial's organization and, consequently, making possible the use of territory in a optimal way.

In this context, the first step was a careful bibliographic research with emphasis in plantation techniques and concepts for application of forest corridors with aim to understand and to indicate measures that conciliating the binomial ecology-economy.

(28)

The next step, the conception of a proposal of zoning through homogeneous Geo-ambient Units, since this allows an extended understanding of the processes and its applications and favors the territory's management. Such proposal culminated in the creation of 7 Units basing in the crossing of the classrooms of Geomorphology, Pedology and Estratigraphic-Rocks associated with the analysis of the human use of the territory.

In the end, an alternative scene with proposals of mitigation under the concept of "ecology-economy" was presented having as measure base the introduction of ecological-economic corridors. Such proposal when allied to "the traditional" measures of conservation, as conservation of the soil and the water, beyond a bigger subsidy to the producers,allows a great possibility to reach the territorial order, besides protecting the ample specter of its ecological-economic functions, achieving the optimal use.

The ownership of this study and the other most specific ones consisted a base to help on making decisions and to guide programs of territory's organization and ordainment that are compatible with the alive dynamics of the environment and its systemic organization. Moreover, a continuous process must be its monitoring so that the observing of the application of the developed measures, as well as the demand for new solutions in accordance with the modification of the space and environment can be made.

(29)

CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS

1.1 – INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROBLEMA.

O início da atividade agrícola é considerado como um dos marcos da história da civilização. Atualmente o pensamento científico, voltado, por exemplo, a explicar a lógica do sistema econômico, historicamente organizado pelo homem, vem reduzindo, enquanto paradigma teórico conceitual, a agricultura a um papel de ramo do setor industrial. Assim há de um lado a lógica econômica da maximização do lucro configurada, como bem demonstrou Romeiro (1992), pelo desenvolvimento tecnológico conhecido como "revolução verde". Ressalta-se que esta lógica demanda um desenvolvimento tal que propicie condições de produção adequadas para viabilizar uma forma de subordinação da atividade agrícola à industrial. Por outro lado, há uma política ambiental que estabelece restrições a este desenvolvimento ao fortalecer os mecanismos de participação da sociedade em busca da redução da degradação do meio natural e social. Baseia-se, fundamentalmente, no processo de reeducação através da formação de uma nova consciência acompanhada de medidas reguladoras que delimitam os direitos individuais, em termos do interesse coletivo: interpessoal e intergerações.

Em termos práticos e / ou aplicativos a agricultura se depara com um grande desafio de dupla via: Atender à humanidade no que diz respeito à produção, principalmente ao se verificar que as projeções referentes ao aumento populacional mostram valores altamente preocupantes. Todavia, deve, concomitantemente, preocupar-se em não destruir ou desequilibrar os sistemas naturais e os ecossistemas nos quais está atividade se desenvolve.

(30)

Diante dessa necessidade, esta dissertação parte em busca do desenvolvimento e aplicação de técnicas que conciliem o binômio: ecologia-economia, tendo, como exemplo neste caso, a proposta de implementação de projetos de silvicultura ecológico-econômicos a partir da avaliação das condições geoambientais que favoreçam os mesmos. Tais projetos aliados às medidas de mitigação “tradicionais” podem conferir a possibilidade de reorganização da paisagem, com a conservação do meio ambiente e dos recursos hídricos, bem como fomentar um avanço econômico resguardando, ou sem ameaçar, o equilíbrio ambiental. Com isso, o terreno para projetos agrícolas pode ser utilizado de uma maneira economicamente eficiente e ecologicamente sustentável e, desta maneira, auferir o uso optimal.

Este trabalho foi inserido no contexto de um programa de pesquisa do Projeto de Conservação de Recurso Hídrico no Âmbito da Gestão Ambiental e Agrícola de Bacia Hidrográfica – CRHA (Martins Jr. et al. 2006) em parceria do Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC com a Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP aprovado pelo Fundo Setorial CT-Hidro do Ministério de Ciência e Tecnologia.

A área escolhida, como campo de estudos para o desenvolvimento deste projeto, foi a bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, pertencente ao Vale do Rio Paracatu, afluente da margem esquerda no médio curso do Rio São Francisco, inserida no Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006).

De acordo com os levantamentos, desenvolvidos no projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006) e durante esta dissertação, várias condições geo-ambientais não foram e não têm sido devidamente contempladas e respeitadas nesta bacia, onde existem extensivas plantações do que se denomina “fronte agrícola”. Os reflexos, em decorrência do intenso e, muitas vezes, inadequado uso, apresentam, hoje, um baixo grau de conservação ambiental, com conseqüências, sobretudo, nos recursos hídricos, na vegetação e na fauna.

Nesse contexto, a ausência de diretrizes políticas para a conservação do meio ambiente, no geral, e na área da bacia de Entre Ribeiros, em particular, agravada pela pequena articulação institucional local, permitiu que o uso intensivo, a que foi submetida a região, acarretasse na descontinuidade de matas sobre grandes áreas devido a supressão de grande parte da cobertura vegetal nativa e, conseqüentemente, a perda, em abundância e diversidade, tanto da vegetação quanto da fauna local. Ademais, é possível perceber uma deterioração, bem como um comprometimento dos ambientes aquáticos (veredas e lagoas marginais) e de boa parte da vegetação ciliar, além de possíveis impactos sobre os aqüíferos e logo, o estabelecimento de conflitos no uso de recursos hídricos. Soma-se a tudo isso, o aparecimento, mesmo que de forma pontual na bacia, da erosão laminar e em sulcos.

Complementarmente, pode-se constatar como decorrência da ausência de instrumentos de política ambiental específicos para a região, um reduzido número de áreas com status legal de proteção e conservação ambiental, não se caracterizando como amostras efetivas da biodiversidade regional.

(31)

Assim, a mudança deste cenário antinômico implica em considerar os diversos aspectos modais inerentes a área em estudo. Estes têm como base a Teoria das Modalidades Cósmicas (Dooyeweerd, 1958) identificadas como um “conjunto de coisas e de relações que guardam coerência própria, unidade e que são perceptíveis de modo distinto de outra modalidade (possuem soberania), embora sendo totalmente inter-relacionadas” (Martins Jr., 2002).

Destarte, o espectro da realidade é composto por quatorze modalidades descritas abaixo de forma abrangente: Numérica; Espacial; Cinemática; Física; Biótica; Psico-sensorial; Lógico-analítica; Histórica; Lingüística; Social; Econômica; Estética; Jurídica; Moral; Pística.

A partir desta breve conceituação epistemológica fundamentada na Teoria das modalidades Cósmicas e, sendo a bacia hidrográfica sob a lógica das geociências, objeto de estudo da presente dissertação, pode-se inferir que a mesma se propôs a estudá-la como sujeito da modalidade lógico-analítica.

Desta maneira, é possível realizar análises da região dentro dos campos das demais modalidades seguindo suas Leis Típicas e Modais.

Logo, é possível relacionar os diversos problemas ambientais da região às suas respectivas modalidades cósmicas como pelos exemplos a seguir:

A descontinuidade de matas sobre grandes áreas (supressão de grande parte da cobertura vegetal nativa) devido a expansão da atividade agrária (Modalidade Biótica versus Modalidade econômica);

Impactos sobre os corpos d’água como assoreamento e contaminação; diminuição da vegetação ciliar; pressão sobre as veredas e, sobretudo, conflitos de uso d’água para a agricultura irrigada (Modalidade Física e/ou Modalidade Biótica e/ou Modalidade Social e/ou Modalidade Econômica);

Impactos sobre aqüíferos e destarte o comprometimento das zonas de recarga, além de uma possível contaminação por uso excessivo de agrotóxicos (Modalidade Física e/ou Modalidade Biótica e/ou Modalidade Social e/ou Modalidade Econômica);

Impactos sobre a vegetação e a fauna com a perda em abundância e diversidade (Modalidade Biótica);

Impactos sobre o solo com o aparecimento da erosão laminar e em sulcos (Modalidade Física);

Reduzido número de áreas com status legal de proteção e conservação ambiental (Modalidade Jurídica e Modalidade Biótica versus Modalidade Econômica);

Situação econômica extremamente delicada da maioria dos produtores rurais (Modalidade social e Modalidade Econômica).

(32)

1.2 - OBJETIVOS.

Diante do quadro apresentado e tendo como base o conceito de Geociências Agrárias e Ambientais, uma vez que o mesmo propõe a interação e integração de diversas áreas do conhecimento, este estudo visou fornecer e projetar, a partir do levantamento sistemático das características de formação e da avaliação das condições atuais da bacia, algumas medidas e proposições de solução e mitigação frente aos principais desequilíbrios. O mesmo teve como base uma visão epistemológica e o intuito de gerar um produto que seja compreensível aos diferentes grupos de atores presentes e atuantes nessa região. A intenção foi a de alcançar um ordenamento territorial e, conseqüentemente, conceder a possibilidade de usar o terreno de maneira ótima e inteligente.

A partir de análises regionais na bacia, também foram selecionadas áreas para a inserção de corredores, para o desenvolvimento do tema de florestamento com as justificativas geo-ambientais pertinentes.

Ressalta-se que tendo em vista que este espaço possui um caráter topológico, fez-se necessário considerar o maior número de variáveis inerentes possíveis, além de suas principais inter-relações, assim como evidenciar orientações atemporais, no que diz respeito aos possíveis usos da região.

Reitera-se também, que a região em estudo abarca um variado espectro de campos do saber e, dessa forma, um entendimento significativo da mesma só se torna factível se o estudo disciplinar for conectado a outras disciplinas, emergindo assim os conceitos de pluridisciplinaridade e de interdisciplinaridade.

Outros objetivos de grande importância podem ser decodificados separadamente, para melhor entendimento, a saber:

Objetivo geral:

Avaliar as atuais condições geoambientais da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu e, a partir disto, apresentar um esboço regional, na escala de 1:250.000, com a proposição de inserção de corredores florestais ecológico-econômicos, bem como indicar ademais correções desejáveis (ações mitigadoras) para as distorções atualmente existentes nas relações geo-ambientais e agrícolas no intuito de estabelecer uma proposta para o uso optimal da bacia.

Objetivos específicos:

(33)

2 - Realizar a extração do índice de vegetação para as relações entre as formações vegetais e áreas desmatadas, isto é, tipos de vegetação existentes pelas áreas totais da bacia para avaliar as atuais condições de estabilidade e de geovulnerabilidade.

3 – Apresentar e rever técnicas para a implementação de corredores florestais ecológico-econômicos como possíveis medidas de reparação e/ou conservação com produção agro-ecológica.

1.3 LOCALIZAÇÃO.

A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, inserida no Vale do Rio Paracatu, localiza-se na porção noroeste do estado de Minas Gerais, sendo compreendida no quadrilátero formado pelas coordenadas UTM: 276000 – 373000 e 8175000 – 8090000 e pelas coordenadas geográficas: 46º10'0"W - 47º10'0"W e 16º30'0"S - 17º20'0"S, em uma área de, aproximadamente, 3.900 km², dos quais 100% estão em Minas Gerais, entre os municípios de Paracatu e Unaí (Martins Jr. et al. 2004), conforme poder ser visto na figura 1.1.

(34)
(35)

1.4 – MÉTODOS UTILIZADOS E PROPEDÊUTICA.

Todas as etapas dessa dissertação, desde a escolha do tema, passando pela elaboração de sua estrutura até as conclusões, foram direcionadas com base em uma abordagem epistemológica (Martins Jr. 2002). A metodologia foi apresentada pelo orientador dessa dissertação, Prof. Dr. Paulo Pereira Martins Junior, durante o Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006) e no Mestrado, com a disciplina “Epistemologia Fundamentadora”.

Inicialmente, foram realizadas pesquisas e revisões bibliográficas sobre o tema florestamento/reflorestamento através de corredores florestais, com um viés ecológico-econômico. O intuito foi apresentar e rever algumas medidas para a implementação dos corredores e destacar alguns condicionantes e benefícios, além da sua aplicabilidade como possíveis medidas de reparação e/ou conservação com produção agro-ecológica.

Paralelamente, o mesmo processo foi conferido aos conceitos norteadores para o desenvolvimento eco-sustentável e a sua prática nas Geociências agrárias e ambientais. Nesta fase da pesquisa foram analisados e introduzidos alguns dos conceitos produzidos durante o Projeto CRHA (Martins Jr. et al.

2006), bem como por outros autores, sendo estes, preponderantes para uma proposta de desenvolvimento eco-sustentável em áreas rurais, agrícolas e florestais, com ênfase na conjugação do binômio: ecologia e economia.

Em seguida, partiu-se para a coleta de informações sobre o local de estudo, como o espectro dos componentes básicos do meio físico (geologia, geomorfologia, solos, clima, drenagem, hidrologia, hidrogeologia e aspectos bióticos), além de dados históricos, sócio-econômicos, demográficos entre outros sobre a bacia, obtidos principalmente em CETEC (1981) e Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998).

(36)

Em um momento seqüente, foi planejado e realizado o primeiro trabalho de campo para o reconhecimento da área e pontos de interesse, além do registro e referenciação dos principais pontos através da determinação de suas coordenadas por GPS, bem como para averiguar questões pendentes nas análises de imagens.

A partir disso, foi possível realizar uma análise mais elaborada do meio físico, através de estudos ambientais existentes, além de interpretações das imagens (cartas, fotos aéreas, imagens ópticas e orbitais), possibilitando uma descrição e síntese dos dados da bacia regionalmente.

Essas informações reunidas, aliadas à interpretação dos dados do trabalho de campo, propiciaram, na etapa seguinte, o início das análises sobre o atual uso da bacia e, a partir disso, foi elaborado um mapa do uso e ocupação do solo, através do cruzamento entre os mapas produzidos por CETEC (1981), dados do IEF (1994) e imagens de satélite atuais, para verificar as condições geoambientais das áreas e suas evidentes distorções e desconformidades vigentes.

Concomitantemente a esta etapa, ocorreu um segundo trabalho de campo para verificação e constatação dos principais impactos, além de análises de descontinuidade floral territorial e entre maciços e a pré-escolha dos locais para a inserção de corredores, no intuito de promover uma política geo-ambiental de florestamento ecológico-econômico. Nesse período, também foram estabelecidos contatos com algumas associações locais, com o Comitê de Bacia, a Prefeitura de Paracatu e empresas.

Nesse contexto, foram avaliadas as atuais condições de estabilidade e segurança dos locais estudados em face aos projetos agrícolas e realizada a extração do índice de vegetação para as relações entre as formações vegetais e áreas desmatadas, isto é, tipos de vegetação existentes pelas áreas totais da bacia.

Complementarmente, foram coletados e inseridos outros dados secundários sobre os principais projetos agrícolas presentes na bacia, com o intuito de ilustrar a atual e sensível situação dos produtores, além de comprovar a magnitude dos processos modificadores.

Posteriormente, foi conferido o cruzamento, através de matrizes de correlação, entre as classes de morfotemas x rochas x solos, e a partir desta associatividade, bem como de análises sob um enfoque fisiográfico e interpretações de trabalhos de campo, foi possível estabelecer uma proposta de áreas homogêneas ou unidades geoambientais com o intuito de auxiliar na gestão territorial.

(37)

Esse elenco de correlações, análises e sínteses, permitiu compartimentar a área em unidades territoriais homogêneas caracterizadas pela convergência de semelhanças dos componentes físicos, bióticos e de suas dinâmicas, sem deixar de destacar o uso antrópico e suas principais conseqüências. Dessa maneira foi realizada a Vetorização e os cálculos das áreas das unidades geoambientais e, conseqüentemente, produziu-se um mapa de Zoneamento Geoambiental na escala de 1:250.000.

Ressalta-se que o capítulo 5, o qual poderia ser integrado ao capítulo 6, não o foi em função de que alguns dos principais problemas identificados na bacia transpassam as Unidades Geoambientais definidas.

A continuidade do estudo se deu através da realização do terceiro trabalho de campo para conferência e constatação dos locais escolhidos para inserção dos corredores e das principais medidas de mitigação. Além disso, foi realizado um seminário com a população local para discussão e apresentação de alguns temas referentes à presente dissertação.

Em seguida, partiu-se para a proposta de um novo cenário, através da organização do enfoque regional para a decisão de florestamento e reflorestamento a partir das áreas escolhidas para inserção dos corredores com a elaboração de um esboço regional na escala de 1:250.000 e da proposição de soluções mitigadoras dos problemas regionais existentes nas relações geoambientais e agrícolas.

Conseqüentemente, tem-se uma proposta de uso optimal e ordenado da bacia ancorado nos conceitos de eco-sustentabilidade e no binômio ecologia-economia.

Dessa forma, a presente dissertação se estrutura apresentando, de início, uma breve revisão bibliográfica contendo conceitos e técnicas para a introdução de corredores florestais, além do estabelecimento de alguns de seus fatores positivos e limitantes.

Na seqüência, são apresentados alguns dos conceitos norteadores para o desenvolvimento eco-sustentável e a sua prática nas Geociências Agrárias e Ambientais.

A partir da contextualização histórica e da definição desses conceitos, partiu-se para uma análise da bacia hidrográfica em estudo. Em um primeiro momento foram descritos os aspectos físicos, o processo de ocupação, características sócio-econômicas e outros elementos concernentes, de maneira geral, na região.

(38)

Levantadas tais desconformidades, os esforços foram direcionados para a busca de soluções visando uma mudança desta realidade.

Contudo, com o objetivo de subsidiar soluções concernentes às distorções, além da finalidade de racionalizar a ocupação foi efetuado, primeiramente, um zoneamento, em unidades geoambientais. Este foi esboçado a partir do cruzamento e associação entre as formas de relevo, as rochas e os solos, bem como através da análise de processos ambientais bastante semelhantes que acometem cada uma dessas unidades. A interação entre as variáveis estudadas permitiu dividir a bacia em 7 unidades, definidas como: (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada; (2) Áreas de Cristas e Vertentes; (3) Áreas de Colinas e Vertentes; (4) Áreas Associadas ao Calcário; (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária; (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada; e (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo.

Após o zoneamento, partiu-se de fato, para a análise de medidas de mitigação e correção das distorções. Nesse contexto, verificou-se a possibilidade da implementação de corredores florestais ecológico-econômicos como uma proposição bastante coerente. Assim, procurou-se apresentar um cenário alternativo engendrando soluções ecológico-econômicas aliadas a um conjunto de medidas mitigadoras no intuito de se aproximar a um uso optimal da bacia.

Por fim, destacam-se as principais conclusões e apresentam-se algumas sugestões para futuros trabalhos.

(39)

CAPÍTULO 2

CORREDORES FLORESTAIS ECOLÓGICO-ECONÔMICOS – UMA

BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A grande área territorial brasileira nem sempre tem sido aproveitada racionalmente, embora

disponha de um grande potencial turístico, agropecuário, imobiliário e industrial, dentre outros aspectos

(Costa,1995).

A expansão e modernização da agricultura, por exemplo, apesar de contribuírem

significativamente para o aumento da produção e da produtividade agrícola e pecuária, provocaram grande

redução da cobertura florestal e diminuição da oferta de produtos florestais, causando alterações no

funcionamento dos ecossistemas naturais, especialmente no que se refere ao desequilíbrio no regime das

águas e do clima.

A sociedade brasileira necessita cada vez mais de soluções que permitam a expansão da produção

agrícola e de produtos florestais, associados à preservação ambiental, além de alternativas de emprego e

renda, particularmente para os pequenos e médios produtores rurais (Rodigheri, 1997).

Diante desse panorama, torna-se importante a adoção de medidas que assegurem o aumento da

oferta de produtos agrícolas e florestais, acompanhadas da conservação e recuperação dos solos, da

despoluição da água e da preservação da floresta nativa remanescente.

Nesse contexto, a implementação de corredores florestais passa a ser uma alternativa interessante,

pois visa promover a recuperação da vegetação nativa, ao interligar fragmentos isolados importantes e

prioritários, além de aumentar a conexão entre eles. Garante, também, a manutenção dos recursos hídricos,

o deslocamento de várias espécies da fauna, seja para reprodução, seja para a busca de alimentos, e

promove uma maior propagação das espécies da flora, entre outros benefícios ambientais. Além disso,

visa estimular o desenvolvimento de atividades sustentáveis como a agrossilvicultura que traria ganhos

consideráveis aos produtores (Martins Jr. et al. 2006).

Assim, a seguir são apresentados algumas definições, conceitos e procedimentos para uma futura

(40)

2.1 – DEFINIÇÕES PRIMÁRIAS

Uma série de definições é necessária para se estabelecer uma linguagem adotada e bem definida

como base de conhecimentos com os quais essa reflexão é desenvolvida. Assim, entende-se por:

(1) Corredores - um sistema florestal cuja geometria apresenta maior comprimento do que a

largura, em geral, e servem para unir maciços florestais e/ou florais próximos ou sobre grandes extensões

do território, como também sobre a totalidade de um bioma, unindo os maciços a corpos d’água e a Matas

Ciliares e a outras florestas.

No Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente do IBGE (2004) o “corredor é um

termo adotado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que abrange as porções de ecossistemas naturais ou semi-naturais que interligam unidades de conservação e outras áreas naturais, possibilitando o fluxo de genes e o movimento da biota entre elas, facilitando a dispersão de espécies, a recolonização de áreas degradadas, a preservação das espécies raras e a manutenção de populações que necessitam, para sua sobrevivência, de áreas maiores do que as disponíveis nas unidades de conservação”.

Para Dean (1996), a criação de Corredores Florestais implica no uso de uma técnica conhecida

como sistema agroflorestal, que conjuga o plantio de espécies nativas, de interesse também para a fauna,

com cultivos arbóreos e agrícolas de interesse comercial para o homem. Desta forma o fazendeiro está

assegurando uma via de locomoção para os animais e gerando alguma renda adicional, demonstrando mais

uma vez que é perfeitamente possível a conjugação da conservação ambiental com práticas de

desenvolvimento rural.

Por sua vez corredor florestal ecológico-econômico é todo corredor que articula vegetação natural e plantada, seja com plantas nativas e exóticas de caráter econômico. Outra característica é a combinação das plantas nativas obedecerem aos aspectos de associações sociológicas e

(41)

(2) Estrutura de corredores - é o conjunto de possibilidades de organização florestal das espécies,

desde o ponto de vista da solução ecológico-econômica, em se combinar espécies nativas, árvores

frutíferas, árvores de madeiras de lei e energéticas, à geometria dos corredores, que deve obedecer a uma

concepção geral que por sua vez deverá obedecer às particularidades de cada situação (Martins Jr. et al.

2006);

(3) Conservação florestal – é a condição de uso da floresta com permanência de sua estrutura e

das redes de relações fito-sociológicas, alteradas, mas não o suficiente para romper relações (Martins Jr. et al. 2006);

(4) Conservação das relações plantas / solos / água – essa relação tripla é fundamental para a

estabilidade de florestas, savanas, campos, veredas e quaisquer outros tipos de formações vegetais; é o

tipo de relação mais fundamental que suporta a preservação natural dinâmica de quaisquer ecossistemas e

das bacias hidrográficas (Martins Jr. et al. 2006);

(5) Integração da fito-sociologia em florestamento e reflorestamento – a noção de fito-sociologia

implica na associação e inter-relações entre populações de diferentes espécies vegetais cujas

características podem ser de vizinhança espacial, limitada por distanciamentos médios específicos,

proximidade associativa efetiva, favorecimento de relações com o mundo biótico (animal,

micro-organismos, simbiose, etc.) e com o mundo abiótico (relações de sombreamento / luz, temperatura, água,

proteção contra excesso relativo de energia, etc.) (Martins Jr. et al. 2006);

(6) Permacultura – método de implantação de propriedades rurais produtivas em que o binômio da

“conservação ambiental x economia” é associado à “organização da produção” (OP), que se faz por meio

da eficiência termodinâmica, do desenvolvimento de relações ecológicas, da recuperação de terras, da

cooperação sistêmica entre vegetais + vegetais , animais + animais , animais + vegetais , animais +

animais + vegetais  (pressupondo-se que “x ” representa um conjunto aberto, formado por x

combinações reais de conexões fauna-flora-solos. A partir da associação desse trinômio à OP é possível

desenvolver um sistema de produção que seja, ao mesmo tempo, estável e, cresça como um sistema

ecológico de produção maturo, no intervalo produtivo ininterrupto de 1 a 50 anos; tal sistema agrega

agricultura, silvicultura e zoocultura em propriedades rurais (Mollisson & Holmgren, 1983); e

(7) Inclusão social – a inclusão social é entendida como o processo de integração do homem em

sua sociedade e desta com o meio natural, de modo a cultivá-lo, com obtenção de renda efetiva, entrada no

(42)

2.2 – GEOMETRIAS DE CORREDORES

Por geometrias de corredores, entende-se o conjunto de relações de extensão, largura, estrutura

interna das plantas nativas e exóticas e as relações entre plantas, solos, disponibilidade hídrica, clima,

formas do terreno, altitude, fito-sociologia, e também as técnicas e as questões de seqüência temporal e

sucessão floral (Martins Jr. et al. 2006).

Assim as várias geometrias implicam nos conceitos de espaço euclidiano (extensão, largura,

altitude topográfica) e de espaço topológico de relações (condições geotécnicas, fito-sociologia,

disponibilidade hídrica, clima, relações plantas-água-solos, tipos de solos, formas do terreno, seqüência e

sucessão floral).

As geometrias dos corredores envolvem ainda, especificadas aqui por uma geometria principal,

diversas geometrias variantes que podem surgir em função do substrato rochoso / geomórfico / pedológico

e das variações climáticas e de disponibilidade hídrica em uma massa florestal de extensão sobre dezenas

ou centenas de km.

De acordo com os estudos desenvolvidos em Martins Jr. et al.(2006), o corredor ideal, estrutura-se de uma faixa central composta de plantas nativas ao bioma e aos ecossistemas locais, respectivamente, e

de três faixas de plantas arbóreas, a serem conjugadas de modo a formarem dois paredões protetores

externos ao longo da faixa central, como uma geometria geral, sem se considerar especificidades locais.

A sucessão de várias espécies econômicas deverá obedecer às condições geo-ambientais

necessárias a sua viabilidade, e implicam idealmente em uma faixa interna, contígua à faixa central de

plantas nativas, margeada por uma faixa de árvores frutíferas. Em seqüência a essa 2ª faixa de frutíferas,

uma 3ª faixa mais externa poderá ser de árvores de madeira de lei, que possuem um tempo de maturação

mais elevado e, conseqüentemente, terão uma retirada mais tardia. Em seqüência a essa 3ª faixa, uma 4ª

faixa mais externa ainda, de plantas de madeiras energéticas como o eucalipto, que se enquadram nesta

borda por possuírem um tempo de retirada mais curto que a anterior, e também arbustíferas como mamona

e pinhão manso, bons exemplares de plantas oleaginosas. Essa configuração geométrica é geral, e terá

tantas variações quanto as condições geo-ambientais do substrato o determinem, no sentido das

viabilidades ecológica e econômica. É preciso se ter em mente que podem ocorrer casos em que não se

poderá obter sucesso algum com plantio de árvores, em função do estado avançado de perda de solos e/ou

(43)

A figura 2.1 ilustra a composição e estrutura proposta para os corredores florestais

ecológico-econômicos.

Figura 2.1 – Estrutura e composição geral dos corredores florestais ecológico-econômicos propostos para um cenário em que as variáveis físicas e sociais se mostrem favoráveis.

Fonte: Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006)

Vale dizer que a largura do corredor e suas respectivas faixas também estão sujeitas às variações

do terreno e substrato, bem como aos interesses econômicos específicos dos proprietários balizados em

planos de viabilidade econômica. Todavia devem buscar salvaguardar uma largura média do eixo central

(composto pelas plantas nativas) estimada em torno de 70 metros, para que a mesma possa cumprir suas

funções conservacionistas.

Todavia, uma situação problemática que poderá ocorrer, até com certa freqüência, em

reconstituição de paisagens com matas nativas, em áreas de extensos desmatamentos, é a relação dos solos

tratados quimicamente com o replantio de plantas nativas. Este assunto necessita de pesquisas para ser

(44)

Uma outra questão que se coloca é a do plantio de espécies econômicas, sendo que muitas dessas

podem ser exóticas, em especial as árvores de madeiras energéticas, madeiras de lei, plantas da

farmacopéia e frutíferas. Essas plantas devem, em princípio, serem plantadas segundo a lógica sistêmica

das diversas situações locais e para tanto, deve-se adotar os seguintes princípios gerais:

- oferecer proteção à parte central do corredor, que deve ser constituída de árvores, arbustos,

briófitas e pteridófitas, sendo as plantas mais notáveis de preservação do bioma e de seus ecossistemas

locais, para propiciar interligação da flora e da fauna sobre vastas áreas;

- permitir a estabilidade do substrato com a adequação dos projetos de florestamento,

reflorestamento e de corredores ecológico-econômicos de modo articulado com a realidade geotécnica,

pedológica e geomorfológica dos terrenos.

A proteção esperada para os corredores consiste nas seguintes situações: (1) manutenção das áreas

sensíveis do corredor fora do alcance de animais domésticos (2) evitar, por longo tempo, a freqüência do

homem àquelas partes, ou atuação em sua vizinhança imediata (3) proteção dos percursos territoriais da

fauna nativa (4) escalonamento dos plantios exóticos econômicos como modos de acessos mínimos ao

núcleo do corredor, sobretudo em se tratando de árvores para corte, como é no caso das árvores de

madeiras energéticas e de madeiras de lei e, finalmente, (5) a razão econômica que sustente uma política

regional de bacia hidrográfica e de propriedades rurais para o sucesso de implantação desses corredores.

Eis, portanto, a estrutura básica desse paradigma florestal:  os corredores ecológico-econômicos são

construções de curta, média e longas extensões sobre áreas desmatadas, ou em áreas de conexões entre

maciços florestais e entre corredores já existentes, com fins de integrar espécies nativas em reconstituição

de ambientes nativos, protegidos por ambientes mistos voltados para a produção florestal e agroflorestal.

Outra característica bastante relevante na implementação de corredores com esta configuração, diz

(45)

Nesse sentido, a ordem para os plantios e plantas, já proposta, implica nos seguintes aspectos: (1)

a faixa interna central não contribui de modo notável para captura de CO2 pela tendência a funcionar em

regime após ter se desenvolvido; (2) a faixa de frutíferas contribui muito com a captura de CO2 com

longos tempos de residência do gás nessas plantas, que não são para serem cortadas; quanto aos frutos

esses também retêm em parte o CO2 dado que são consumidos e entram em outros circuitos; (3) a faixa de

madeiras de lei contribui de modo notável por crescer ao longo de mais anos, e ao serem cortadas darem

espaço para novos plantios, e assim refazer-se o processo de retenção do CO2; ademais essas árvores são

para serem aplicadas na construção civil, na indústria moveleira e mesmo na indústria de papel; (4) a faixa

mais externa com árvores e arbustos energéticos retém o CO2 na terra, nos resíduos dos cortes, que viram

húmus, e no ciclo do uso da madeira na forma de carvão vegetal e/ou de óleos combustíveis, em

substituição parcial ao uso de combustíveis fósseis. Esses espectros de possibilidades estabelecem, de fato,

as duas condições fundamentais gerais, que são a adequação geoambiental e a viabilidade

ecológico-econômica (Martins Jr. et al. 2006).

2.3 - PROCEDIMENTOS PARA O RESGATE DE ESPAÇOS FLORESTAIS

Dadas as características geométricas e de composição dos corredores, este estudo passa a enfocar

algumas técnicas e procedimentos de plantio para que os mesmos possam ser implementados no intuito de

resgatar os espaços florestais.

Dessa forma, são descritas, a seguir e de modo sucinto, algumas possibilidades e dentre as quais

estão (1) a chuva de sementes, (2) a dispersão de sementes e (3) a transposição de solo.

2.3.1 - Chuva de Sementes

A chuva de sementes (seed rain), também estudada por Caldato et al. (1996) e Vieira (1996), representa a quantidade de sementes que chega em determinada superfície do solo, em um tempo

conhecido. Ela é formada pelo conjunto de propágulos que uma comunidade recebe através das diversas

formas de dispersão, propiciando a chegada de sementes que têm a função de colonizar áreas em processo

(46)

A chuva de sementes é fator chave na dinâmica dos ecossistemas e, portanto, é procedimento

importante quando se almeja a regeneração daqueles. O estudo da chuva de sementes é muito recente e a

literatura disponível ainda restrita. No entanto estudos clássicos de dispersão de sementes são básicos para

seu conhecimento, pois a mesma é resultado das diversas formas e comportamentos de dispersão dentro de

um ecossistema (Reis, 2004).

Conhecendo os mecanismos que propiciam a chegada natural de sementes dentro das

comunidades, é possível tentar reproduzi-los e, assim, transpor uma das principais barreiras da

regeneração natural: a falta de propágulos que possam originar novos indivíduos em uma área após sua

degradação (Reis, 2004). Um procedimento, na utilização de chuva de sementes, para transpor a

dificuldade de obtenção de sementes nativas, é a colocação de coletores de sementes sob a vegetação de

um fragmento preservado, semelhante ao ecossistema original da área a ser “restaurada”, ou estruturado

como um corredor florestal. Recolhendo-se o material dos coletores mensalmente, pelo período de pelo

menos um ano, e colocando-o na área do corredor florestal, realiza-se uma semeadura direta com as

sementes presentes no fragmento preservado. Assim, é possível garantir uma alta biodiversidade e

espécies que intercalam sua produção de sementes ao longo de todo o ano. Isto é muito importante para a

manutenção dos dispersores na área em processo de implantação de um corredor estritamente ecológico

(Reis, 2004).

2.3.2 - Dispersão de Sementes

As plantas necessitam enviar propágulos a locais distantes para evitar condições adversas ao redor

da planta-mãe, como o ataque de inimigos naturais, a intensa competição intra-específica e o

endocruzamento (Janzen, 1970, Connel, 1971). Além disso, a dispersão é uma maneira de aumentar a

probabilidade de encontrar locais com melhores condições para o desenvolvimento da prole (Willson,

1992).

Segundo Pijl (1982), os propágulos podem ser transportados pelo vento (anemocoria), por animais

(endozoocoria, epizoocoria e sinzoocoria), pela água (hidrocoria), por mecanismos explosivos (autocoria),

(47)

Janzen (1970) e Connel (1971) sugerem que as sementes tendem a se concentrar perto da

planta-mãe e se diluem gradativamente, apresentando uma distribuição leptocúrtica (mais “concentrada”). Dentro

de uma comunidade os focos de concentração de sementes são importantes recursos para os consumidores,

tanto para patógenos de plantas adultas como para os consumidores que concentram suas atividades em

regiões de alta concentração desse recurso. Regiões de menor densidade de propágulos são zonas de maior

recrutamento para a planta, devido ao menor ataque de consumidores. Por este motivo, alcançar essas

regiões é extremamente necessário, principalmente para as espécies que não apresentam outras defesas

contra os ataques acima referidos (Janzen, 1970).

A curva de dispersão de cada espécie nem sempre segue essa tendência leptocúrtica, pois depende

de fatores abióticos e bióticos, principalmente do comportamento dos dispersores animais, já que os locais

de chegada de propágulos estão relacionados com as atividades destes animais (Willson, 1992).

2.3.3 - Transposição de Solos

A técnica de transposição de solos auxilia na reestruturação do solo e no estabelecimento de

espécies pioneiras que se encontravam no banco de sementes desta porção de solo transposta. Aliada à

técnica de transposição de chuva de sementes, esta também contribui para o restabelecimento do banco de

sementes da área em recuperação. Restabelecer essa diversidade, garantindo a disponibilidade de recursos

para as populações animais durante o ano todo é aspecto chave para o sucesso desta recuperação. O

método de transposição de solos é o mais atual e completo conceito para recuperação, ou para mitigação

de áreas em vários estágios de alteração (Reis, 2004).

Winterhalder (1996) aplicou esta técnica, que chamou de “plantação de blocos de solo”, na

“restauração” de uma paisagem industrial perturbada em Sudbury – Ontário (Canadá), e comprovou a

eficácia desse método. A transposição criou uma ilha de fertilidade, permitindo dobrar o papel da

nucleação. A transposição de pequenas porções (núcleos) de solo não-degradado representa grandes

probabilidades de recolonização da área com microorganismos, sementes e propágulos de espécies

vegetais pioneiras. O objetivo desta técnica é a reabilitação do solo, componente de grande importância

nos ecossistemas, responsável pela sustentação da vegetação, embora, muitas vezes, pouco enfocado nos

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Com a transposição de solo, reintroduz-se populações de diversas espécies da micro, meso e

macro fauna/flora do solo (microrganismos decompositores, fungos micorrízicos, bactérias nitrificantes,

minhocas, algas, etc.), importantes na ciclagem de nutrientes, reestruturação e fertilização do solo. A

fauna desempenha diversas funções no solo: predação, controle biológico, parasitismo de plantas e

animais, processamento da serrapilheira através de sua fragmentação que aumenta a área de superfície

exposta ao ataque dos microorganismos, distribuição da matéria orgânica, de nutrientes e

microorganismos (transporte da superfície para as camadas mais profundas), alteração das propriedades

físicas do solo pela construção de galerias, ninhos e câmaras e alteração nas taxas de decomposição da

matéria orgânica e de mineralização de nutrientes (Moreira & Siqueira, 2002; Assad, 1997).

A transposição de solo consiste na retirada da camada superficial do horizonte orgânico do solo,

horizonte constituído por material orgânico em propor superior ao especificado para o horizonte mineral

(geralmente a serapilheira mais os primeiros 5 cm de solo) de uma área com sucessão mais avançada. Reis

et al. (2003 apud Martins Jr. et al. 2006) sugerem a utilização de solos de distintos níveis sucessionais para que seja reposta uma grande diversidade de micro-, meso- e macro-organismos no ecossistema a ser

recuperado.

Quando um “novo” banco de sementes é disposto na área degradada, grande parte das sementes de

espécies pioneiras, que, originalmente estavam enterradas no solo, ficam na superfície e tendem a

germinar, já que em geral são fotoblásticas positivas1. As sementes que após a transposição continuarem

enterradas e não germinarem, irão compor o novo banco de sementes na área degradada.

No caso de empreendimentos que envolvem a degradação de grandes áreas, a transposição da

camada fértil do solo merece ser planejada no sentido de haver transposição concomitante ao processo de

remoção e degradação. Em hidrelétricas, onde toda a área do lago terá o solo inundado, as áreas

degradadas com a formação de áreas de empréstimo e bota-fora, podem ser cobertas com o solo fértil

disponível na área do futuro lago. Esta ação é parte integrante de um programa de resgate da biota, pois

representa uma forma eficiente de garantir a sobrevivência de muitas populações de micro-, meso- e

macro- organismos que vivem no solo (Martins Jr. et al. 2006).

Imagem

Figura 4.1: Perfil geológico esquemático da região em estudo.
Figura 4.2: Carta lito-estratigráfica da área da bacia de Entre Ribeiros.
Figura 4.3: Carta de Geomorfologia da área da bacia de Entre Ribeiros.
Figura 4.4: Modelo Digital de Elevação do Terreno da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros
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Referências

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