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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC SABRINA MORAIS COELHO

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO.

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIENCIAS ECONOMICAS

POLITICAS PÚBLICAS DO TURISMO SUSTENTÁVEL:

O CASO DA PRAIA DO CUMBUCO, CEARÁ.

SABRINA MORAIS COELHO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

SABRINA MORAIS COELHO

POLITICAS PÚBLICAS DO TURISMO SUSTENTÁVEL:

O CASO DA PRAIA DO CUMBUCO, CEARÁ.

Monografia apresentada à faculdade de economia, administração, atuária, contabilidade e secretariado executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos

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SABRINA MORAIS COELHO

POLITICAS PÚBLICAS DO TURISMO SUSTENTÁVEL:

O CASO DA PRAIA DO CUMBUCO, CEARÁ.

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Data da aprovação _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

______________________________ Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC) ______________________________ Prof.ª Dra. Sandra Maria dos Santos Universidade Federal do Ceará (UFC)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta caminhada. Agradeço minha mãe, meu pai, minhas irmãs (Rebeca, Mayara e Raquel), meus tios e minhas primas que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram quando eu mais necessitei. Agradeço ao meu amor Tarciso pela paciência, pelo incentivo, pela força e principalmente pelo carinho. Agradeço aos meus amigos da AACC que dedicaram atenção e me apoiaram na conclusão deste trabalho.

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RESUMO

Para desenvolver o turismo de forma sustentável é de fundamental importância à avaliação dos impactos causados ao meio onde este é exercido a fim de se elaborar politicas que façam dessa atividade uma auxiliadora na busca pela sustentabilidade. Neste cenário o papel do poder público municipal juntamente com a população local e empresários é fundamental na busca por politicas que minimizem os impactos negativos do turismo e maximizem os impactos positivos. O trabalho tem como objetivo mostrar quais as politicas públicas que podem ser aplicadas para que o turismo seja um instrumento de desenvolvimento sustentável, Foi escolhida como base para análise a praia de Cumbuco, que está situada no litoral do município de Caucaia no Estado do Ceará. Esta praia foi objeto de estudo em razão das grandes modificações ocorridas após o advento do turismo na localidade e também por ser um dos destinos turísticos mais visitados no litoral cearense. Os resultados da pesquisa mostraram que a região do Cumbuco sofreu grandes modificações positivas e negativas com o advento do turismo, e que os impactos negativos ainda necessitam de ações governamentais através de politicas públicas envolvendo ações de agentes da administração pública juntamente com a sociedade civil como uma forma de alcançar e manter o desenvolvimento do turismo sustentável com base local.

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ABSTRACT

To develop tourism in a sustainable way, the evaluation of the impacts in the environment where it is practiced is crucial in order to establish policies that make this activity a collaborator in the search of sustainability. In this scenario, the role of municipal government together with local people and businesses is essential in the pursuit of policies that minimize the negative impacts of tourism and maximize the positive ones. The Research aims to demonstrate which public policies can be applied to tourism as an instrument of sustainable development within a region with great touristic potential. Cumbuco beach, which is situated in the coast of Caucaia in Ceará, was chosen as the basis for analysis. This beach was the object of study due to major changes it has suffered with the advent of tourism in the locality and also for being one of the most visited touristic destinations in Ceará. With this study, it was concluded that the region of Cumbuco has undergone positive and negative changes with the advent of tourism, and that the adverse impacts still require government actions through public policies involving actions of both public service employees and with civil society as a way to achieve and maintain sustainable tourism development based on location.

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Receitas Cambiais do Turismo Mundial ... 17

Figura 2.Setores da Atividade Turística ... 19

Figura 3. Efeito multiplicador do turismo ... 22

Figura 4. Antiga moradia de palha dos primeiros moradores do Cumbuco ... 42

Figura 5.Poços usados pela população no inicio da praia ... 42

Figura 6. Primeiras casas da praia. ... 43

Figura 7. Governador Adauto Bezerra cumprimentando o comandante Paulo ... 44

Figura 8. Praia do Cumbuco no ano de 1978 ... 44

Figura 9. A praia do Cumbuco atualmente ... 45

Tabela 1 Sistema de esgoto...49

Figura 10. Praia do Cumbuco ... 67

Figura 11. Vila do Cumbuco ... 67

Figura 12. Praça do Cumbuco ... 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Os impactos das atividades turísticas ... 29

Quadro 2. Níveis de Satisfação dos Turistas em Cumbuco ... 53

Quadro 3. Impactos econômicos do turismo ... 55

Quadro 4. Impactos ambientais do turismo ... 56

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Aspectos positivos do turismo ... 51

Gráfico 2. Ponto positivo do Cumbuco ... 51

Gráfico 3. Aspectos negativos do turismo ... 52

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 12

1.1.Justificativa ... 12

1.2.Objetivo ... 14

1.3.Metodologia ... 14

1.4.Estrutura do Trabalho ... 15

2. O TURISMO E SEUS IMPACTOS ... 16

2.1.Os impactos do Turismo ... 20

2.1.1.Os impactos do turismo na economia ... 21

2.1.2.Os impactos do turismo na sociedade ... 23

2.1.3.Os impactos do turismo no meio-ambiente ... 27

3. AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO ... 30

3.1. O Turismo e a Sustentabilidade ... 30

3.2. Politicas públicas e a sustentabilidade do turismo ... 35

4. PRAIA DE CUMBUCO ... 41

4.1. Evolução histórica ... 41

4.2. A praia do Cumbuco e o turismo ... 46

5. EVIDÊNCIAS ENCONTRADAS NA PESQUISA ... 48

5.1. Aspectos Metodológicos ... 48

5.2. Avaliação dos dados ... 48

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 59

REFERÊNCIAS ... 61 APÊNDICES A – QUESTIONÁRIO – POPULAÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

A atividade turística, como qualquer outra atividade econômica, está sujeita a ocasionar impactos na região onde é desenvolvida. Esses impactos atingem diferentes aspectos da vida humana, como a economia, o meio ambiente e a sociedade. A importância de se avaliar e considerar a relevância destes impactos dentro do desenvolvimento de uma região e elaborar politicas que auxiliem o desenvolvimento sustentável por meio desta atividade é um tema atualmente muito difundido entre estudiosos contemporâneos, que visam atividades mais responsáveis pela sustentabilidade.

O desenvolvimento sustentável é um objetivo a ser alcançado em todos os aspectos da sociedade, e o turismo como uma atividade que atua em diversos setores e ambientes, pode tornar-se um auxiliador na busca por este tipo de desenvolvimento. Mas, no bojo desse tema, vem à tona uma contradição decorrente do desenvolvimento provocado pelo turismo, que por muitas vezes é essencialmente insustentável no que diz respeito aos seus aspectos ambientais, econômicos e sociais.

A ênfase no turismo, como objeto de pesquisa, deve-se à sua crescente participação na economia mundial, particularmente, no estado do Ceará. Esta atividade vem se mostrando cada vez mais ligada a sustentabilidade, o que nos leva a analisar até que ponto esta atividade é benéfica para uma região e como os seus impactos podem influenciar na busca pela sustentabilidade.

1.1. Justificativa

O desenvolvimento da tecnologia de informação, comunicação, meios de transportes e uma maior procura por lugares de descanso e lazer contribuíram para transformar o turismo em um dos setores mais promissores da economia mundial. Esta atividade movimenta um grande volume de renda e emprega várias pessoas ao redor do mundo, sendo tida por alguns autores como uma grande indústria e segundo projeções da OMT1, até o ano de 2020, irá alcançar status de maior indústria do planeta (OMT, 2012).

Esta atividade em razão da grande interação entre turista, população local e meio receptor pode ocasionar impactos positivos e negativos de aspectos sociais, econômicos e ambientais. Estes impactos se não forem planejados e acompanhados por quem exerce a

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atividade pode fazer com que impactos negativos ocasionados façam desta atividade um meio contrário à busca pelo desenvolvimento sustentável de regiões.

Até década de 90 o turismo tinha como principal foco a ampliação da demanda turística, mas com o passar do tempo e a evolução das ideias de sustentabilidade a conscientização e a preservação do meio ambiente invadiram a esfera da gestão do turismo voltando este para o papel de apoiar o desenvolvimento sustentável.

Segundo Ruschmann (1997), um planejamento de longo prazo com medidas quantitativas que conduzam à qualidade ideal do produto turístico e que tragam desenvolvimento para região é algo necessário, principalmente para regiões que, com a falta de planejamento, já se apresentam saturadas, onde o excesso de demanda criou uma oferta desordenada causando assim danos por muitas vezes irrecuperáveis. Um planejamento turístico adequado deve conter ações que busquem maximizar os impactos positivos e necessários à região e a minimização os impactos negativos, garantido o bem estar socioeconômico e a preservação do meio ambiente.

O Estado do Ceará atualmente é destaque no cenário turístico nacional e tem como principal destino o distrito de Cumbuco, segundos dados do Ministério do Turismo. Este é composto por uma extensa faixa de areia e coqueirais situada a 35 km de Fortaleza, capital do Ceará, sendo a primeira parada da Costa do Sol Poente que é composta por vários atrativos de lazer e belezas naturais. Esta região com o passar dos anos ganhou destaque dentro do contexto “sol e praia” no estado se tornando um dos destinos mais visitados pelos turistas que visitam o Ceará e com o advento desta atividade sofreu grandes mudanças tantos positivas como negativas.

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1.2. Objetivo

Objetivo Geral deste estudo é avaliar as políticas públicas que vem sendo utilizadas para incrementar o turismo na região da praia do Cumbuco, aferindo as suas externalidades positivas e negativas num ambiente de litoral, que tem intensa demanda nos períodos da chamada Alta Estação do Ceará.

Objetivos Específicos

a) Identificar as potencialidades turísticas da praia do Cumbuco no Ceará;

b) Aferir os indicadores sociais, econômicos e ambientais da região do Cumbuco que possam servir de subsídios para a elaboração de políticas públicas que incrementem o turismo no Cumbuco, Ceará, sem provocar externalidades negativas;

c) Inferir a satisfação do turista com relação ao estágio atual da Praia de Cumbuco, no que concerne à estrutura hoteleira, de deslocamento com segurança, lazer, infraestrutura;

d) Identificar as políticas públicas que foram implantadas em Cumbuco. Problemática

• Como era o distrito de Cumbuco antes do turismo e como este se encontra atualmente? Quais políticas podem ser implementadas na região para o desenvolvimento sustentável do turismo? Quais politicas devem ser ainda ser aplicadas na região?

1.3. Metodologia

Delimitação do universo de estudo

Levando-se em consideração a área pesquisada, optou-se por trabalhar na vila do Cumbuco, destacando o conjunto de propriedades familiares que se localizam próximo a faixa de praia, juntamente com o comércio local e os turistas que se instalam nessa região. Este é o público que constitui o universo deste trabalho.

Instrumentos de coleta de dados

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Perfil das pessoas do universo de trabalho

a) População local que vive há mais tempo na região; b) associação de empresários do setor;

c) Administração pública municipal; d) Turistas visitantes da praia no período.

Plano de coleta dos dados

- A primeira tarefa foi realizar pesquisa de dados junto à prefeitura de Caucaia com a finalidade de ser obter dados referentes à vila de Cumbuco;

- Em seguida uma pesquisa da evolução histórica da cidade junto à população mais antiga e as escolas e entidades ligadas à região;

- Logo após a efetivação das entrevistas junto à população, turistas e associações e transcrição das mesmas, e visita aos locais de turismo da região.

Análise dos dados

Os dados foram ordenados em gráficos e quadros para análise. Os resultados das entrevistas foram utilizados ao longo do trabalho e em especial nas considerações finais.

1.4. Estrutura do Trabalho

Para tanto, apresenta-se primeiramente qual o problema da pesquisa e seu objetivo. Logo após, na segunda seção, analisa-se os principais impactos gerados pelo turismo nos aspectos econômico, ambiental e social.

Na terceira seção é apresentada uma discussão que tentará mostrar a importância do turismo na busca pela sustentabilidade e qual o papel das politicas públicas na busca deste. Na seção se apresenta a praia de Cumbuco, juntamente com suas especificações de localização, evolução histórica e representatividade dentro do cenário turístico estadual.

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2. O TURISMO E SEUS IMPACTOS

O turismo é uma atividade que vem alçando destaque e se desenvolvendo econômica e socialmente no decorrer dos anos, pois demanda uma grande quantidade de pessoas e movimenta um grande volume de renda em todo o mundo. Esta ocupa um lugar de destaque, pois é utilizada como ferramenta nas relações internacionais e no desenvolvimento econômico tanto em âmbito nacional, regional e local.

O turismo é um dos setores que apresenta os mais elevados índices de expansão no contexto mundial, esta atividade triplicou seu tamanho e seus impactos econômicos nos últimos 50 anos, segundo dados da OMT. Esta se apresenta nos cinco continentes e a sua consolidação como uma atividade de relevância econômica vem se concretizando no âmbito internacional nos últimos anos, com destaque nos países em desenvolvimento que apresentam potencialidades para o setor. Atualmente países como Espanha, França, Estados Unidos veem esta atividade como uma “salvação” em suas economias, pois mesmo em meio a crises externas essa apresenta saldos positivos.

Segundo dados do WTTC2, o ano de 2012 será marcado pela grande contribuição que esta atividade fará a economia mundial, pois seu impacto direto através de suas atividades, considerando a geração de empregos, os gastos de visitantes e os investimentos públicos e privados, deverá ultrapassar US$ 2 trilhões e 100 milhões de empregos. A indústria do turismo deverá crescer 2,8% em 2012, ligeiramente mais rápido do que a taxa global de crescimento econômico mundial, previsto para ser de 2,5%. O turismo é responsável direto por 5% do PIB mundial, 6% das exportações totais e do emprego de uma em cada 12 pessoas tanto nas economias avançadas quanto nas emergentes (WTTC, 2009).

Segundo evidencias mostradas pela Organização Mundial do Turismo, o fluxo internacional de turistas vem crescendo significativamente, no ano de 2011 atingiu um total de 980 milhões de chegadas internacionais, valor este 4% acima do total do ano anterior. Vale ressaltar que, para 2012, tem-se como meta bater a marca histórica de um bilhão de chegadas internacionais em todo mundo (OMT, 2012).

As receitas cambiais geradas pelo turismo também apresentam crescimento nos últimos anos, saltando de US$ 445 bilhões (1999) para US$ 919 bilhões (2010), como pode-se obpode-servar a pode-seguir:

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Fonte: OMT, 2012.

Nos últimos anos identifica-se que a evolução nos meios de transporte, na comunicação, nos equipamentos turísticos, na longevidade da população, na eliminação de vistos, no maior tempo livre, dentre outros fatores, auxiliaram o crescimento desta atividade, mas deve-se ressaltar que esta tem o perfil de atender a necessidade humana da busca por lazer. Praticar o turismo, por muitas vezes é à realização de sonhos, e acaba por se tornar uma resposta a necessidade de descanso ou a de adquirir mais conhecimentos. Viajar é algo essencial na vida humana, onde incorporada mercadologicamente entra no rol das necessidades básicas do homem. (RODRIGUES, 1999).

Por definição, segundo Wahab citado por Trigo (1999, p.12), a atividade turística:

é uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como ligação da interação entre os povos, tanto dentro de um mesmo país como fora dos limites geográficos dos países... para o país receptor o turismo é uma indústria cujos produtos são consumidos no local formando exportações invisíveis.

Para se satisfazer a necessidade humana de lazer o turismo se mostra como uma resposta a um determinado preço, estabelecendo assim uma relação entre turismo e economia. O turismo, conforme Boullón (1997) é uma forma de consumo, pois quando um turista chega a determinado lugar este interage com a população e gasta o seu dinheiro numa ampla variedade de mercadorias e serviços de diversos setores, tais como: transporte, acomodação, alimentos, bebidas, comunicação, entretenimento, artigos em geral, a fim de atender suas necessidades.

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necessidade de lazer o turista passa a ejetar na economia local uma demanda por produtos derivada da sua poupança. O potencial de sua demanda somado ao seu efeito multiplicador faz com que o turismo se torne um dos setores mais atrativos para investimentos na economia globalizada, tornando-se um instrumento modificador de economias e sociedades.

Por ser uma atividade que engloba diversos setores e necessita de muita mão de obra, o turismo consegue obter resultados sobre vários ramos da economia ocasionando efeitos como: aumento de consumo local, a criação de novos produtos, geração de emprego e renda, valorização do ambiente e entrada de novas divisas.

O turismo possui diversas modalidades, onde cada uma possui características próprias de público e finalidades de viagem. Os tipos de turismo podem ser classificados de acordo com os seus aspectos culturais ou por suas motivações, como se segue (SEBRAE, 2010, citado em BRASIL, 2011):

- De acordo com aspectos culturais

Turismo cultural, Turismo étnico, Turismo religioso, Turismo de peregrinação, Turismo histórico, Turismo educacional, Turismo científico, Turismo espacial, Turismo astronômico, Turismo de congresso, Turismo de intercâmbio, Turismo gastronômico e Turismo de áreas naturais (Ecoturismo). - De acordo com a motivação

Turismo de negócios, Turismo de compras (consumo), Turismo de incentivo, Turismo de eventos, Turismo de lazer, Turismo balneário, Turismo de sol e mar, Turismo termal, Turismo náutico, Turismo de férias, Turismo de repouso, Turismo de saúde, Turismo médico, Turismo termal, Turismo de montanha, Turismo desportivo, Turismo esportivo, Turismo de aventura, Turismo de pesca e Turismo sexual.

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(empresas que prestam serviços aos fornecedores diretos do turismo) e por fim setores de apoio (setores que apoiam a atividade turística). Como exemplo desses setores:

Figura 2.Setores da Atividade Turística

Fonte: SEBRAE, 2010, citado em BRASIL, 2011, p.12.

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Estudiosos como Lage e Milone, Wahab, Rodrigues, dentre outros, mostram que o turismo acarreta não somente efeitos positivos, mas também efeitos negativos na economia, sociedade, cultura e ambiente, se este não for bem planejado e administrado. O controle dos impactos do turismo e a busca por tornar essa atividade uma atividade sustentável é algo muito difundido nos dias atuais. O uso do turismo bem planejado, onde os impactos positivos são imensamente superiores aos negativos, contribuem decisivamente para a preservação do meio cultural e ambiental, fazendo desta atividade uma peça chave para o desenvolvimento sustentável em uma região. A seguir identificam-se os principais impactos do turismo e seus efeitos:

2.1. Os impactos do Turismo

Os benefícios do turismo no setor econômico vêm sendo destacado por muitos anos, mas devemos reconhecer que o desenvolvimento da atividade turística leva consigo uma série de custos para o destino. Lage & Milone (2001), demonstram que o turismo pode apresentar efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, podendo estes apresentar características positivas ou negativas aos envolvidos.

Afinal, como qualquer atividade capitalista, esta tem um perfil contraditório, onde ao mesmo tempo em que pode gerar benefícios a alguns pode também acarretar problemas e custos para outros, agindo de uma forma desigual na distribuição de benefícios e custos dentro de uma região. Dependendo do tamanho da região e do seu grau de desenvolvimento os impactos ocasionados pelo turismo pode apresentar diferentes graus de intensidade.

Os impactos ocasionados pela atividade turística, segundo Ruschmann (1997), referem-se à gama de modificações ou a sequência de eventos provocados pelo processo de desenvolvimento turístico nas localidades receptoras. Estes impactos podem acontecer em vários aspectos e, consequentemente, podem ser observados tanto por quem vive na região, como pelos próprios visitantes.

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2.1.1. Os impactos do turismo na economia

O turismo na perspectiva econômica é analisado com base em sua demanda, ou seja, a quantificação deste dependerá das escolhas de consumo dos visitantes. Os consumidores desta atividade possuem características diferenciadas, e sua forma de consumo, poder monetário, motivações e condições locais se apresentarão também de formas distintas. Pode-se colocar que esta atividade não gerará um produto comum, mas será uma atividade econômica com características próprias e com função diferenciada das demais (Boullon, 1998).

Para se exercer o turismo em uma região é necessário uma gama de serviços e produtos para satisfazer o cliente. O turismo passa a ser uma “teia de relações”, onde o visitante necessita de diversos equipamentos, como: transportes, meios de hospedagem, agenciamento de viagens, práticas de lazer, esportes radicais, redes de alimentação, centro culturais, dentre outros, gerando assim uma série de empregos e renda para diversos setores ligados a este.

Com base no que foi colocado identifica-se que o turismo possui diversos tipos de produtos e consumidores, e o turista ao sair do seu lugar de vivencia habitual consome diversos produtos e serviços em atividades econômicas que produzam, pelo menos, um produto característico do turismo. Os gastos com esses diversos produtos e serviços faz com que o turismo seja um gerador de renda, sendo este um dos principais impactos do turismo na economia.

Além deste efeito no consumo, também deve ser destacado que todo gasto advindo do turismo gera riquezas que, consequentemente, são investidas em outros setores que não são primordialmente direcionados ao turista, pois a moeda circula na economia no processo de compra e venda, investimentos, contribuição fiscal, dentre outros.

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Figura 3. Efeito multiplicador do turismo

Fonte: BARBOSA, 2002. Pag.21

A atividade turística, por ser uma atividade que lida eminentemente com a prestação de serviços, esta demanda um grande número de pessoas para que venha a se desenvolver em uma determinada região (FERNANDES, COELHO, 2002). O turismo é capaz de gerar novas colocações em vários setores da economia acarretando geração de emprego aos mais diversos tipos de trabalhadores.

Quando a atividade turística começa a injetar renda em uma determinada localidade, esta ação auxilia no aumento da renda circular da região que, consequentemente, se gera uma pressão dentro da variação de preços e no valor da moeda local. Quando tal impacto acontece, este pode ser explicado pela inteira relação que alguns produtos demandados pelos visitantes também são demandados pela população, e assim se inicia o aumento da demanda, em uma oferta basicamente estacionária, ressaltando que por muitas vezes a moeda dos visitantes possui um poder de comprar maior que a dos moradores. Com a junção desses fatores se nota um aumento nos preços dos produtos demandados, surgindo assim uma pressão inflacionária (LAGE E MILONE, 2000).

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aumentado assim a inflação. Outro fator é a movimentação da mão de obra dentro desta economia, pois trabalhadores que antes do turismo se dedicavam as atividades do setor primário passam a se deslocar para as atividades ligadas ao setor de serviços, que com o turismo oferecem maiores remunerações aos seus trabalhadores.

Em sua maioria, essa pressão inflacionária tende a atingir bens e serviços de primeira necessidade, como alimentação, habitação, transportes e vestuário. O aumento nos preços destes bens fragiliza as condições de vida da população, que tem que se deslocar para regiões vizinhas, onde o preço das mercadorias é menor, para realizar suas compras (RODRIGUES, 1999).

Outro impacto importante do turismo no âmbito econômico é a especulação imobiliária, pois com o crescimento do turismo em uma localidade os preços dos imóveis se tornam cada vez mais valorizados, por terem uma demanda muito alta de empresários e estrangeiros na região a procura de imóveis para comprar (RODRIGUES, 1999).

Com a especulação imobiliária a região fica cada vez mais descaracterizada do seu original, e a tendência é ficar cada vez mais cheia de pessoas de outras regiões, desalojando assim os moradores tradicionais, direcionando-os para as regiões mais distantes e pobres (CALVENTE apud SANTOS, 2006).

2.1.2. Os impactos do turismo na sociedade

O turismo é uma atividade que envolve pessoas em suas mais diferentes características e culturas e dentro de sua execução apresenta impactos sociais de várias formas e resultados diferenciados. Esta consegue trazer uma forte disseminação de valores e novos hábitos e ainda tem como um dos seus principais impactos o aumento da tolerância e um aumento da compreensão mundial.

Tão relevante quanto o aspecto econômico da atividade turística, é a dimensão social e cultural que o abriga. O turismo é um fenômeno de aproximação ou de afastamento das pessoas. Através do contato que promove entre as diferentes culturas, uma vez que coloca ao mesmo tempo em um espaço temporariamente compartilhado a pluralidade cultural da humanidade. (PIRES, 2004, p.15)

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a) Em relação ao turista: os impactos ao visitante da região; b) Em relação ao residente: impactos aos residentes do local;

c) Na relação da interação ente turista e anfitrião: os impactos referentes ao contato entre os envolvidos e suas consequências.

Quando um turista chega ao local de visita, este leva todos os seus hábitos e comportamentos de consumo para a região de destino. O residente passa então a absorver esses hábitos, atitude essa conhecida por “efeito-demonstração”:

O comportamento também é copiado, levando grupos da população residente a procurar viver e comporta-se de acordo com o modelo simbolizado pelos visitantes. São particularmente influenciados os jovens, que buscam imitar os visitantes tanto na posse de bens, como no comportamento associado a eles. (DIAS, 2003, p.131)

Para Santos (2006), o efeito-demonstração ocorre quando o turista torna-se modelo para os moradores, que passam a adotar seus comportamentos como o de consumo, os valores culturais e sociais tornando-os tornar parte da vida dos residentes daquele local.

Deve-se destacar que por muitas vezes a sociedade local passa a assimilar tais costumes estrangeiros não só por vontade própria de se igualar aos visitantes, mas também como uma forma de se aumentar a interação com estes que estão usufruindo daquele local, para fazer com que se sintam em sua terra natal, ou seja, é uma forma de negociação cultural.

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falta destes.

O turismo também é visto como uma forma de se valorizar a cultura da sociedade receptora, que em algumas regiões é vista como antiquada e sem importância. Com o turismo esses costumes passam a ser valorizados por outros, como algo exótico. “[...] Quer acolhendo-a festivamente, incorporando-a a paisagem como algo exótico ou pelo retorno do lirismo ou da retórica econômica do potencial turístico.” (SAWAIA, 2006, p.108)

Com o turismo, a valorização da cultura e o envolvimento da população em eventos que mostrem a cultura local acabam por fortalecer a identidade da população com o renascimento de antigas formas de arte deixadas de lado pelos moradores mais jovens da região (DIAS, 2003).

Outro impacto ocasionado pelo turismo é a existência de sentimentos xenofóbicos. A xenofobia se refere ao sentimento de repulsa de uma população ou indivíduos em relação a estrangeiros, onde a população local passa a demostrar um sentimento de inferiorização perante aos que visitam a região. Uma das justificativas para esse tipo de sentimento nos residentes de uma região turística é o fato de que quando um turista visita uma região, por muitas vezes, este se encontra em uma posição privilegiada gozando de certo poder aquisitivo que acaba por se traduzir como um aspecto de superioridade perante aos residentes, o que pode desenvolver, ao longo do tempo, sentimentos xenofóbicos na população local (RODRIGUES, 1999).

O sentimento xenofóbico é um impacto social muito importante em regiões turísticas, pois se este chegar a um estágio de grande proporção pode ocasionar danos à atividade turística podendo até atrapalhar o desenvolvimento desta, ocasionando o aumento do conflito social e étnico com o aparecimento de manifestações etnocêntricas danosas a sociedade e a paz da região.

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comercialização, como exemplo pode-se notar a comercialização de artigos pertencentes à identidade local como o artesanato.

As atividades ligadas ao turismo ocasionam a formação de novos recursos humanos, promovendo oportunidades para pessoas de diferentes qualificações que por muitas vezes não encontravam vaga no mercado de trabalho (LAGE E MILONE, 2000). Além da formação de recursos humanos na região, a comunidade também começa a valorizar atividades que antes do advento do turismo na região não tinha quase nenhum valor, como a mão-de-obra ligada ao artesanato.

Outro impacto social de grande relevância é o aumento da prostituição e da criminalidade. As motivações dos visitantes por muitas vezes possuem perfis de exploração. De acordo com Dias (2003), os comportamentos danosos mais observados nas regiões turísticas são: o aumento do consumo de drogas (presença de traficantes para suprir os turistas que as utilizam); a prostituição e o turismo sexual e o aumento da taxa de criminalidade, impulsionado pela presença de grande número de turistas com o dinheiro para gastar.

Os impactos sobre a saúde do turista quase sempre são negligenciados nas estruturas existentes para atrair turistas. Talvez a motivação dessa negligência esteja associada ao fundamento quem viaja é saudável, o que não precisa ser necessariamente verdadeiro. O aparecimento de novas doenças em regiões em razão do deslocamento de pessoas pelo espaço geográfico é um enorme desafio para controlar as endemias (doenças próprias de um lugar e seus habitantes) e as epidemias (doenças eventuais que têm caráter de visitação), que podem ser ocasionadas por este. Algumas das doenças veiculadas pelo turismo, sobretudo em áreas carentes, são as sexualmente transmissíveis. Isso porque, nessas áreas há muita atração para o turismo sexual que precisa ser combatido com veemência, mas nem sempre os resultados são bem sucedidos (DIAS,2003).

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2.1.3.Os impactos do turismo no meio-ambiente

Nos dias atuais os temas relacionados ao meio-ambiente e a sua degradação, vem alcançando destaque dentro da sociedade em geral. E o turismo como uma atividade que tem como um dos seus principais atrativos a natureza, deve buscar a preservação e a sustentabilidade deste.

Segundo o CONAMA3, a definição jurídica de impacto ambiental se baseia no art. 1° da resolução n°.1, do dia 23 de janeiro de 1986 onde se considera como impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam (BRASIL, 1986):

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.

O turismo é uma atividade econômica que para o seu desenvolvimento necessita lidar diretamente com o meio ambiente, sendo esta relação a de atratividade que leva o agente “explorador”, o turista, a visitar tal região, como ressalta Coriolano, (1999, p.95-96):

A atividade turística está verdadeiramente ligada atrelada ao meio ambiente, o turista busca paisagens diferentes onde está seu hábitat, e quanto mais nativa e natural for esta paisagem maior será sua atratividade.

Dentre os impactos causados pelo turismo no meio ambiente, temos: a valorização das paisagens, destruição ecológica, aumento da temperatura e o aumento da poluição.

Quando o turismo começa a ser exercido em uma determinada região, esta começa a ser vista com outros olhos, tanto pelos moradores como pelo governo, se inicia o processo

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de valorização da paisagem. O sentimento de orgulho começa a fluir dentro dos moradores da região em razão da atratividade que a sua região desperta nos visitantes.

O desenvolvimento do turismo em ambientes naturais [...] Promove-se a descoberta e a acessibilidade de certos aspectos naturais em regiões antes não valorizadas, a fim de desenvolver o seu conhecimento por meio de programas especiais (turismo ecológico). (RUSCHMANN, 1997, p.56)

Apesar de o turismo trazer a valorização aos ambientes que antes não despertavam tal atenção, este também tem como um dos seus principais efeitos a destruição causada às condições ecológicas, pois esta atividade depende da exploração deste.

O meio ambiente é um elemento de fundamental importância para o turismo, pois com a deterioração dos ambientes urbanos da atualidade, pela poluição sonora, visual e atmosférica, o aumento da violência, os congestionamentos e as doenças por muitas vezes provocadas pelo desgaste psicofísico das pessoas, estas começam a buscar a fuga destes ambientes nocivos. A “busca do verde” nas viagens de férias e de fim de semana passa a ocasionar degradações aos ambientes alheios (RUSCHMANN, 1997).

Outro impacto importante no meio-ambiente é a formação de “ilhas de calor”, ou seja, regiões onde a urbanização ainda não se encontravam em estágio avançado, começa após o turismo a serem invadidas por construções desordenadas que causam vários problemas. Essas alterações na paisagem ocasionam construções de prédios de alturas elevadas, criando assim barreiras artificiais que condicionam o confinamento do ar causando um aumento na temperatura da região. Começa a se desenvolver verdadeiras “ilhas de calor” por falta de áreas verdes livres, (RODRIGUES, 1999).

O aumento da poluição também é algo muito frequente em áreas turísticas mal planejadas, onde a contaminação do ar pela concentração de veículos em núcleos turísticos de densa ocupação, a poluição das praias pelo acúmulo de lixo e insuficiência na rede de esgoto doméstico é algo a ser combatido. Segundo Ruschmann (1997) os principais agentes causadores do aumento da poluição através do turismo são:

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funcionamento dos sistemas de tratamento, descargas de esgotos de iates de recreio e os gases emitidos por barcos a motor e etc;

c) Poluição de locais de piquenique – falta ou coleta inadequada de lixo; d) Poluição sonora – motores de veículos, ruídos dos turistas e dos entretenimentos criados para eles.

Como resumo dos principais impactos apresentados nesta seção, segue um quadro, segundo as suas dimensões:

Quadro 1. Os impactos das atividades turísticas Dimensão econômica

1. Geração de renda

2. O efeito multiplicador do turismo 3. Aumento do número de empregos 4. Pressão inflacionária

5. Especulação imobiliária

Dimensão social

1. Mudança de valores culturais, sociais e hábitos de consumo. 2. Prioridade nos investimentos

3. A valorização da cultura 4. Sentimentos xenofóbicos 5. A saturação da infraestrutura;

6. A formação de novos recursos humanos 7. Aumento da prostituição e da criminalidade 8. Problemas de saúde

Dimensão ambiental 1. Valorização das paisagens

2. Destruição ecológica 3. Aumento da temperatura 4. Aumento da poluição

Fonte: Ruschmann (1997); Rodrigues, (1999); Lage e Milone, (2001); Rabahy, (1990); Barbosa, (2002).

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3. AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO

A busca por tornar o turismo uma atividade que apoie a sustentabilidade é algo muito pesquisado nos dias atuais, passando até a ser meta de ONG’s e associações de diversos setores ligados ao turismo, mas como conseguir este objetivo? Como fazer com que o turismo se torne esse auxiliador à frente de tantos impactos que são ocasionados?

No decorrer desta sessão seguirá quais as ligações do turismo e a sustentabilidade, as politicas públicas do turismo e como essas podem auxiliar na busca por tornar esta atividade um auxilio a busca do desenvolvimento sustentável.

3.1. O Turismo e a Sustentabilidade

O desenvolvimento sustentável atualmente é uma palavra chave para debates e estudos de diversos setores e governos. Este tem como principio a busca por construir uma sociedade que satisfaça suas necessidades no presente, sem diminuir as chances de iguais privilégios para as gerações futuras.

A ideia de sustentabilidade vem sendo discutida desde os anos 70, com a inclusão deste tema em fóruns mundiais, mas foi a partir dos anos 80 que o mundo começou então a se questionar sobre qual seria a alternativa para se conciliar o desenvolvimento econômico e a conservação do meio ambiente, colocando então o sistema de desenvolvimento utilizado na época em cheque sobre seu verdadeiro resultado para as gerações futuras (LOURENÇO,2003).

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Com a percepção de então formular novas visões de desenvolvimento, vários estudiosos levantaram novos modos de pensar a respeito do assunto. Um dos primeiros e grandes estudiosos sobre o assunto, Ignacy Sachs, trouxe várias contribuições para o que hoje se conhece como desenvolvimento sustentável. Sua participação começou no ano de 1972 na primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento na cidade de Estocolmo com o conceito de eco desenvolvimento.

A partir das ideias de Ignacy Sachs e de outros pesquisadores, em 1987 a então primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, apresentou um novo conceito de desenvolvimento que prima pela sustentabilidade, este novo conceito foi apresentado no relatório da comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento, que era presidida pela mesma, este ficou mundialmente conhecido como relatório Brundtland4. A partir da criação deste relatório começa um novo conceito de desenvolvimento que passa então a ser chamado de desenvolvimento sustentável. Este novo conceito se contrapõe a antiga visão como mostra a pesquisadora Lourenço (2003, p. 28):

O novo paradigma se contrapõe ao modelo dominante, de base estritamente economicista, alicerçado apenas no crescimento do PIB e no avanço tecnológico. Este modelo já não é capaz de responder aos desafios e problemas econômicos, sociais e ambientais da atualidade.

Sachs, em 2006, afirmou que o desenvolvimento sustentável é a universalização efetiva do conjunto dos direitos humanos, e que estes não são só os direitos cívicos, mas também os direitos econômicos, culturais, sociais e todo conjunto de direitos coletivos, e a busca por este desenvolvimento deve ser socialmente includente, que busque acabar com a exclusão social, distribuindo riquezas, e conservando e garantindo recursos naturais para esta e as futuras gerações. “informação oral5”

Os princípios sugeridos por esta nova ideia de desenvolvimento ainda é algo difícil de ser encontrado nos dias atuais, pois ainda encontramos uma sociedade arraigada à busca por lucros e a acumulação a qualquer custo. A busca por uma sociedade includente e

4 Relatório Nosso Futuro Comum

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garantidora dos recursos naturais e preocupada com a exclusão social e a distribuição de riquezas é ainda uma ideia contraria aos objetivos atuais de muito agente econômicos ainda presos à lógica dos preceitos econômicos do mercado soberano:

Dessa maneira, segundo ainda as sugestões do Relatório de Brudtland, as entidades internacionais adotariam esta nova concepção de desenvolvimento, que tentava compatibilizar eficiência econômica, com justiça social, e com prudência ecológica. Tornar compatível estas concepções, se mostra de difícil praticidade, na medida em que eficiência econômica significa maximização de lucro e acumulação de capital. E justiça social e prudência ecológica caminham em direções opostas a estes objetivos.... Assim, parece-nos ser esta uma tentativa bastante difícil de acontecer dentro dos preceitos da economia, em que o mercado está soberano, e acima de quaisquer lógicas ou interesses mais gerais das populações como um todo, sobretudo daquelas mais carentes. (LEMOS, 2007, p.32)

Para o desenvolvimento dos novos preceitos ligados a sustentabilidade é necessário se buscar atividades que primem pela preservação ambiental, social e econômica para se desenvolver, e a atividade turística com sua incontestável relação com o meio ambiente e a sociedade se tornar como uma alternativa na busca pelo desenvolvimento sustentável.

A idéia de um turismo devidamente responsável e autossustentado começou a surgir a partir dos anos 80. O turismo sustentável atualmente é compreendido como um segmento que se apresenta cada vez mais como uma alternativa para a sociedade mundial exercer a responsabilidade social e ambiental. O turismo sustentável compõe-se de uma estratégia para que a sustentabilidade seja alcançada por regiões de diversos tipos, onde a valorização das características dos recursos naturais e culturais sejam preservadas, sustentando-as para futuras gerações de comunidade, visitantes e empresários. (RODRIGUES, 1999).

A Organização Mundial do Turismo (2012) define como turismo sustentável aquele que é ecologicamente sustentável, de longo prazo, economicamente viável, assim como ética e socialmente equitativo para as comunidades locais. Exigindo uma integração com o meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando o frágil balanço que caracteriza a ligação entres os agentes desta atividade.

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ecologicamente sustentáveis e um turismo com maior contato com a natureza, sem agredi-la, torna-se cada vez mais procurado por viajantes de todo o mundo. Como exemplos desta nova visão do turismo, o turismo ecológico, mais conhecido como ecoturismo, se mostra como uma nova alternativa de se exercer o turismo, onde o planejamento deste se baseia na preservação do meio ambiente e na valorização deste.

Os impactos negativos da atividade turística são fatores preponderantes para que haja um novo planejamento nesta atividade, os impactos que ocorrem em âmbito tanto social, econômico e ambiental passaram a fazer desta atividade um contraposto à sustentabilidade local. Busca-se então um turismo que bem planejado, com politicas direcionadas e objetivos compatíveis com a sustentabilidade, possa contribuir substancialmente para a promoção do desenvolvimento econômico e social, para a proteção do meio ambiente e da diversidade cultural, estimulando os impactos positivos.

Segundo Swarbrooke (2000, p. 3), o turismo possui seis atores essenciais, onde cada um possui papeis determinantes na busca por um turismo responsável, sendo estes: o setor público (inclusive órgãos supragovernamentais, os governos nacionais, as autoridades locais e organizações quase governamentais), os empreendimentos voltados ao turismo, organizações do setor voluntário (especialmente entidades profissionais), a comunidade local, a mídia e o turista.

O papel que deve ser exercido por cada um desses atores dentro da busca da sustentabilidade do turismo é diferenciado, mas ao mesmo tempo dependentes. A busca por empreendimentos devidamente responsáveis, por turistas conscientes, por uma mídia que auxilie a promoção da sustentabilidade, por uma comunidade consciente de seu papel e defensora da sustentabilidade, por organizações que procurem conscientizar setores e por governos que busque através de politicas voltadas para o turismo sustentável desenvolver e promover esta nova visão; são papeis que devem ser exercidos e incentivados em regiões turísticas.

Dentro da ação desses atores, segundo a WWF (2012) - Brasil6, no ano de 2004, em seu artigo sobre turismo responsável, é necessário à adoção de medidas especificas, sendo estas:

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•O apoio a esquemas de certificação para se estabelecer ou ampliar a qualidade e a sustentabilidade no consumo e nos negócios.

•O estabelecimento de políticas e regulamentos em todos os níveis governamentais, regidos por uma política nacional de turismo sustentável;

• A adoção de uma visão de planejamento integrado entre os diferentes agentes do turismo, públicos ou privados;

•A definição de linhas diferenciadas em incentivos e financiamentos, voltados para o pequeno e médio empreendedor;

•A adoção de códigos de conduta e de ética nos negócios;

•A realização de campanhas de educação aos visitantes;

Das medidas apresentadas, uma se destaca pelo estagio de desenvolvimento que se encontra dentro do contexto mundial, sendo esta a certificação sustentável do turismo. Os programas de certificação em turismo têm por objetivo criar um sistema de acreditação internacional em turismo sustentável a empreendimentos ligados ao turismo. Estes certificados passam a ser referencias conhecidas e confiáveis para se avaliar a sustentabilidade na escolha de empreendimentos para as viagens, onde a adoção voluntária de normas operacionais que visem aprimorar o desempenho socioambiental do empreendimento e seu entorno são avaliadas e certificadas.

Conforme a 7Ecobrasil (2009), a certificação do turismo sustentável faz parte de uma tendência mundial de se estabelecer produtos realmente sustentáveis, de atender ao consumidor mais consciente e aos novos princípios de conscientização empresarial. As certificações e os parâmetros de qualidade estão sendo incorporados às políticas públicas como instrumentos de diferenciação. Já existe uma crescente demanda da sociedade por ofertas turísticas associadas à utilização sustentável dos patrimônios natural e cultural.

Atualmente a criação do Programa de Responsabilidade Ambiental Hóspedes da Natureza – PHN da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH é um dos exemplos da adequação do parque hoteleiro brasileiro a critérios de sustentabilidade.

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É importante salientar que a certificação dos empreendimentos é somente uma das ferramentas para se chegar à sustentabilidade, pois é somente uma das medidas necessárias para se obter um turismo devidamente responsável. Dentro da atividade turística, é necessário que se trabalhe não somente um dos atores, mas sim os seis atores envolvidos no turismo, principalmente o setor público, pois é a partir das ações deste que serão norteadas as ações para um turismo planejado e baseado na sustentabilidade.

Encontrar o equilíbrio para se desenvolver um planejamento do turismo que apoie a sustentabilidade é algo que depende de critérios, valores subjetivos e de uma politica ambiental e turística adequada. Abaixo será identificado qual o papel das politicas públicas do turismo na busca pela sustentabilidade e como se encontra esta dentro do contexto nacional.

3.2. Politicas públicas e a sustentabilidade do turismo

Políticas públicas é o conjunto de ações executadas pelo Estado, enquanto sujeito, dirigidas a atender às necessidades de toda a sociedade, (DIAS 2003, p.2), ou seja, é como um conjunto de regras e ações que tem por intuito o beneficio da população, sendo estas executadas pelo governo.

A Organização Mundial do Turismo atribui a implementação das políticas públicas de turismo aos setores governamentais e privados. A iniciativa privada participa da infraestrutura por meio de organizações que compatibilizam e defendem seus interesses particulares. Cabe ao poder público: a política, o planejamento e a pesquisa do turismo.

[...] oferecendo a infra-estrutura básica, desenvolvendo alguns atrativos turísticos, fixando e administrando padrões para serviços e instalações, estabelecendo e administrando os regulamentos referentes ao uso da terra e à proteção ambiental, determinando padrões para a educação e o treinamento para o turismo, além de estimulá-los, mantendo a segurança e a saúde públicas e responsabilizando-se, ainda, por algumas funções de marketing (OMT, 2003, p. 85).

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intervenção do Estado é muito importante para o próspero desenvolvimento do turismo (LICKORISH, 2000, p.20).

O setor público tem o poder de influenciar na direção do desenvolvimento turístico. Além de dar assistência ao setor privado e regulamentá-lo, os governos intervêm na atividade turística através da coordenação das ações, do planejamento, da legislação e regulamentação das atividades, de incentivo e de marketing, pois a iniciativa privada não é capaz de atender todos os objetivos da política de turismo de um país.

O papel do governo no planejamento do turismo de forma sustentável é de vital importância, pois este tem o papel de estabelece parâmetros de desenvolvimento para a atividade ressaltando as suas prioridades nos impactos sociais, ambientais e econômicos que afetam o bem estar da população. Beni (2001, p. 177) afirma que:

a política de turismo é a espinha dorsal do “formular” (planejamento), do “pensar” (plano), do “fazer” (projetos, programas), do “executar” (preservação), conservação, utilização e ressignificação dos patrimônios natural e cultural e sua sustentabilidade, do “reprogramar” (estratégia) e do “fomentar” (investimentos e vendas) o desenvolvimento turístico de um país ou de uma região e seus produtos finais.

A atuação do Estado no turismo pode variar em decorrência dos direcionamentos das políticas locais, mas em geral os fatores econômicos são os que mais influenciam nas decisões políticas, pois são os impactos mais destacados dentro desta atividade.

O uso do turismo como um instrumento que promova o desenvolvimento com qualidade, melhorando a condição de vida da população e respeitando o meio ambiente, deve se basear na inclusão deste tema em agendas governamentais nacionais. Segundo Ruschmann (2000, p. 157-158) dentro da formulação de politicas públicas sustentáveis do turismo deve incluir os seguintes temas:

Política do desenvolvimento físico - utilização do solo e zoneamento territorial; controle dos estilos e das dimensões dos equipamentos, englobando também as políticas de proteção do ar, da qualidade da água e dos padrões necessários à saúde pública, dentre outras;

Política de acesso e de inacessibilidade - planejamento dos transportes para determinados recursos com base nos padrões ideais de sua capacidade;

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desenvolvimentistas, dentre outras;

Políticas de conservação da natureza - visam à proteção e à administração do patrimônio natural, a fim de manter suas características e sua qualidade;

Políticas culturais e educativas - interpretação, conhecimento e entendimento dos meios urbano e natural, da herança cultural e de seus mecanismos de suporte (escolas, cursos, palestras etc).

Dentro da busca por elaborar politicas públicas na área do turismo sustentável, foi criado, a nível mundial o Global Partnership for Sustainable Tourism (Parceria Global para o Turismo Sustentável) durante reunião da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável, em Nova York no ano de 2010. Esta parceria atualmente é liderada pelo governo francês e sediada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Composta por 18 governos nacionais, cinco organizações das Nações Unidas, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), 17 organizações internacionais do setor de negócios, assim como 16 organizações não governamentais tem por finalidade transformar o setor do turismo mundial ao adotar políticas bem sucedidas de sustentabilidade e investimentos (CARDOSO, 2009).

Entre as medidas iniciais o GPST tem a criação de uma força-tarefa para produzir um guia para o turismo sustentável, no qual estarão descritas 4,5 mil práticas bem sucedidas nesta área, que será entregue à indústria turística, este se concentra em sete áreas temáticas: 1) diretrizes políticas, 2) mudanças climáticas, 3) biodiversidade e meio ambiente, 4) alívio da pobreza, 5) patrimônio cultural e natural, 6) práticas de turismo sustentável para o setor privado e 7) finanças e investimentos. Vale ressaltar que este ainda está em fase de elaboração.

A Organização Mundial do Turismo (2012) nos últimos 20 anos elaborou três importantes documentos - Desenvolvimento do turismo sustentável: Guia para planejadores locais (1983), Agenda 21 para a “Indústria de Viagem e Turismo para o Desenvolvimento Sustentável” (1994) e o Guia de desenvolvimento do turismo sustentável (2003) - que tem por base definir a responsabilidades dos agentes do turismo e levantar propostas de direcionamento das ações para um desenvolvimento sustentável do setor.

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municípios no desenvolvimento da atividade turística. Tornando mais especificas as políticas do turismo, pois governos locais conseguiam identificar melhor quais as necessidades do setor (BRASIL, 2011).

No ano de 2003, o Brasil começou a conta com o Plano Nacional do Turismo (PNT), que tem como base promover, descentralizar e regionalizar o turismo, estimulando Estados, Distrito Federal e Municípios a planejar, em seus territórios, as atividades turísticas de forma sustentável e segura, inclusive entre si, com o envolvimento e a efetiva participação das comunidades receptoras nos benefícios advindos da atividade econômica. Atualmente a regionalização prevista no Plano ainda se encontra em desenvolvimento, as ações ainda estão concentradas as macrorregiões político-administrativas e ao objetivo de desenvolver o turismo em âmbito nacional.

Outro instrumento criado no Brasil para o auxilio na criação de politicas de desenvolvimento sustentável foi o Conselho Nacional de Turismo (CNT). Este é formado por 63 membros, representantes de todos os segmentos do setor, sendo 24 de instituições públicas e 39 do setor privado e sociedade civil organizada. Tem por objetivo coordenar, ordenar e estabelecer uma política de nível nacional representando cada área de atividade junto aos poderes políticos, econômicos e institucionais, com vistas à defesa e ao desenvolvimento ordenado e sustentável do conjunto ou de cada área representada, ressaltando-se que este conselho atualmente pouco funciona e quase não ver o trabalho deste em alguns estados (BRASIL, 2011).

Atualmente o CNT busca criar um manual ecológico, onde serão apresentadas questões pontuais para a construção e reforma de equipamentos, planos e insumos ecológicos, com enfoque em alimentos naturais e sazonais, e o controle do uso e manuseio de materiais biodegradáveis entre outros na área do desenvolvimento sustentável do turismo.

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Apesar disto, deve-se ressaltar que já existem cidades que conseguiram adotar práticas sustentáveis em suas atividades ligadas o turismo, e um desses exemplos é a cidade de Bonito, situada no Mato Grosso do Sul, sendo um dos grandes destaques do turismo nacional, pois adotou uma política sustentável a partir dos anos 90, quando começou a ser mais visitado e sentiu a necessidade de colocar regras no turismo para que não destruísse seus bens naturais (ABREU, 2010).

O papel dos governos locais no desenvolvimento das politicas públicas do turismo é essencial, pois quando estas são direcionadas para as localidades menores, onde a população passa a fazer parte como agente auxiliador na criação de politicas direcionadas, o turismo devidamente responsável passa a ser mais fácil de ser obtido.

Na perspectiva da construção de politicas de desenvolvimento sustentável a questão da participação da população na criação desta é algo muito importante. Onde o poder público deve saber valorizar diferentes experiências de cada setor social e agregá-las ao processo de construção da democracia participativa, onde se devem criar conselhos para gerenciar as ações do setor turístico compostos por representantes do poder municipais, ONGs, empresários e outros setores.

A democracia participativa dentro do planejamento turístico é vista por Hall (2001, p. 57), como uma alternativa de “[...] ajudar residentes e visitantes no longo prazo, satisfazendo desejos locais de controlar o índice de mudança, se houver, e atendendo o interesse do visitante na manutenção dos atributos únicos do destino”.

No Estado do Ceará destaca-se como exemplo de turismo participativo a Prainha do Canto Verde, localizada esta a 126 km da capital, no litoral leste, cuja comunidade elaborou um Projeto de Turismo Comunitário no ano de 1997, que alcançou destaque dentro do cenário turístico estadual como um exemplo a ser seguido na sua forma de administrar os empreendimentos turísticos e na participação da população dentro das ações executadas. Os moradores participam da elaboração de politicas públicas, com a finalidade de evitar um turismo de massa que comprometeria a integridade ambiental e o respeito a sua cultura (MENDONÇA, 2004).

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locais e a busca pela sustentabilidade. A integração entre os atores do turismo é algo indispensável para habilitação do processo de preparação para o desenvolvimento.

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4. PRAIA DE CUMBUCO

Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Turismo do Ceará, a praia de Cumbuco se encontra no Município de Caucaia, na porção norte do Estado do Ceará. Esta fica a 28 km da cidade de Fortaleza, capital do Estado, inserindo-se no raio de influência de sua região metropolitana. Cumbuco é a primeira parada da Costa do Sol Poente do Estado. Além da praia ainda esta oferece outros atrativos naturais, como as lagoas do Banana, do Cauípe e do Parnamirim.

4.1. Evolução histórica

Segundo pesquisa feita na região8, a origem do nome Cumbuco deriva do tupi-guarani que significa “onda longa e baixa”, segundo informações dos próprios nativos da região. Esta região foi citada em documentos somente no ano de 1872 e era uma fazenda antiga, pertencente a Sra. Caetana Tereza das Maravilhas e era composta por um conjunto de casas de moradores que trabalhavam na fazenda. Após o abandono desta propriedade o povoado se dividiu em dois, sendo estes denominados na época de Parnamirim e Jabaquara.

No ano de 1976, viviam nessa praia de pescadores 79 famílias. Quase todos moravam em barracas feitas de palha de coqueiro, sem infraestrutura básica disponível. Apesar da proximidade com os grandes centros do Estado, esta ainda era uma região isolada, que não possuía estradas e nem comunicação efetiva com outras regiões.

Nesta época, não havia água tratada, energia, telefone, posto médico, escola pública. A população dependia de poços para sobreviver. A taxa de analfabetismo era de quase 100%. Os nativos contam que nessa época a taxa de mortalidade infantil chegava a 80%, durante o primeiro ano de vida e a taxa de mortalidade de parturientes era altíssima, devido à falta de higiene no parto e no pós-parto, além da falta de assistência médica.

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Figura 4. Antiga moradia de palha dos primeiros moradores do Cumbuco

Fonte: pesquisa de campo.

Nos casos de doenças graves os moradores precisavam andar quase 20 km por cima das dunas, transportando o doente numa rede ou no lombo do cavalo e geralmente chegavam tarde demais no hospital mais próximo, em Caucaia. No ano de 1972, o engenheiro João Bosco Aguiar dias conheceu a região, se encantou pela beleza do local, e viu a potencialidade turística da região e também a falta de urbanização do local.

Fonte: pesquisa de campo.

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João Bosco, no ano de 1966, havia defendido sua tese de mestrado no IME (Instituto Militar de Engenharia) com o tema “Urbanização de uma área na cidade de Lajes, em Santa Catarina" e assim resolveu por em prática sua teoria apresentada. No Cumbuco, principalmente na região da praia. Entre os anos de 1974 e 1977 este passou a reconhecer melhor a área e manteve contato com os nativos. Este propôs para a população uma melhoria na qualidade de vida com a construção de casas dignas, e em troca disto os moradores nativos teriam de negociar com ele os terrenos de praia.

Em 1977 se iniciaram as obras de construção das casas, escola, posto médico e dentário, maternidade, posto policial, e posto telefônico. A estrada asfaltada e a energia pública e domiciliar também foram de iniciativa privada. As residências eram em alvenaria compostas por sala, dois e três quartos, banheiro e cozinha. Deve-se ressaltar que os pescadores receberam casas com escritura pública de doação.

Fonte: pesquisa de campo.

No dia 08 de janeiro do ano 1978 a nova praia do Cumbuco e a oficial colônia de pescadores Z-7 de Cumbuco foram criadas, que até então não era reconhecida pela capitania dos portos. A inauguração contou com a presença do então governador do Estado do Ceará, Adauto Bezerra e do comandante da capitania dos portos, Paulo Gustavo.

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Fonte: pesquisa de campo.

No mês de agosto do mesmo ano ocorreu a venda do primeiro lote do loteamento praia do Cumbuco. Nesta época a praia contava com cerca de 1200 pessoas. Os serviços de educação eram bem precários, pois a praia somente contava com uma professora que era responsável tanto por ensinar as crianças como os adultos, sendo paga pela própria população. Esta moradora, dona Iraci, atualmente ainda reside na praia e é reconhecida por todos da região.

No dia 08 de janeiro de 2012 a praia completou 34 anos de existência. Passados esses 30 anos, as mudanças foram muitas. Atualmente, a praia do Cumbuco é um dos destinos mais procurados dentro do turismo no Estado, a praia sofreu modificações urbanísticas perdendo assim grande parte das suas características originais.

Figura 8. Praia do Cumbuco no ano de 1978

Fonte: pesquisa de campo.

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Fonte: http://www.portalcumbuco.com.br/

A faixa da praia atualmente conta com cerca de 170 casas. Já na região do Cumbuco se identificam cerca de 300 residências construídas e algumas em processo de construção. A população total a região do Cumbuco é de aproximadamente 4000 pessoas, segundo dados da prefeitura de Caucaia. Dos anos 70 até os dias atuais, a população de Cumbuco cresceu em torno de 233 %, passando de 1200 para os atuais 4000 habitantes.

Dentre as casa localizadas na praia, algumas são utilizadas para a exploração do comércio de bares e restaurantes e outras para o aluguel de veraneio. Na praia, a comunidade encontra disponível o serviço de transporte, possuindo linhas de ônibus para a Caucaia a cada 30 minutos, auxiliando assim no transporte tanto dos nativos para a sede do Município como para a cidade de Fortaleza.

A região da praia conta atualmente com uma escola de ensino fundamental, onde estão matriculados cerca de 880 alunos e conta com um quadro de 15 professores. Na área de saúde á nível local, a praia conta com um mini posto de saúde, onde a população é servida de atendimento de primeiros socorros e acompanhamento de gestantes e ajuda nutricional para as crianças.

Como apoio as reivindicações da população, a comunidade criou a Associação Comunitária dos Amigos do Cumbuco com apoio de cerca de 130 sócios. Existem também a Associação de Bugueiros do Cumbuco e a Associação da Colônia de Pescadores Z-7. A economia da região atualmente baseia-se principalmente no desenvolvimento do comércio,

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como também ligado ao setor de serviços e na atividade pesqueira. O turismo é a principal atividade que movimenta a economia na região.

O crescimento da atividade turística na região atualmente é bastante representativo em termos de atividade econômica dentro da comunidade. As opções de passeios, os serviços ao turista e hospedagens oferece um bom retorno financeiro e assim auxiliam na geração de renda na região.

4.2. A praia do Cumbuco e o turismo

A localidade de Cumbuco destaca-se como um dos principais destinos do Ceará, motivado pela propaganda voltada ao turismo de “sol e praia” 9, que é um dos principais exercidos no estado. A praia do Cumbuco é conhecida mundialmente, não somente pela sua paisagem natural (lagoas, rios, dunas, entre outros) e pelas novelas lá filmadas, mas ultimamente, destacam-se os esportes náuticos, como o kitesurf, surf, entre outros (MORAIS, L. F.S; COSTA, C.R.R; CORIOLANO, 2008).

A praia do Cumbuco atualmente é um dos destaques dentro do cenário turístico do Estado. A região do Cumbuco é considerada pela Prefeitura Municipal de Caucaia como sendo área de interesse turístico. Esta denominação tem sua definição na lei federal n° 6.513/77, como segue:

Área de interesse turístico são trechos do território nacional, inclusive suas águas, a serem preservadas e valorizadas no sentido cultural e natural, e destinados à realização de planos e projetos de desenvolvimento turísticos. (BRASIL, 1977. art.3°).

O Cumbuco é hoje um dos mais importantes polos de turismo do Estado do Ceará, por sua proximidade com a capital e pela grande oferta de opções de lazer. Atualmente é uma das praias mais visitadas do Estado do Ceará e segundo dados da SETUR-CE10 é uma das mais lembradas pelos visitantes da região.

Nos anos de 1980 a ocupação litorânea de Caucaia sofreu um grande crescimento tendo como um dos principais fatores o advento do turismo na região. Com o passar dos anos

Imagem

Figura 2.Setores da Atividade Turística
Figura 4. Antiga moradia de palha dos primeiros moradores do Cumbuco
Figura 6. Primeiras casas da praia.
Figura 8. Praia do Cumbuco no ano de 1978
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Referências

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