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SUSTENTABILIDADE Ideias e Reflexões (em doze artigos + um)

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SUSTENTABILIDADE

Ideias e Reflexões

(em doze artigos + um)

Carlos Pedro Staudt

– Ecosfera 21

Jundiaí/SP - Brasil

2020

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ÍNDICE

Negócios Sustentáveis

Sustentabilidade e Inovação: a bússola dos novos negócios 3

Padrão climático

Mudanças climáticas: desafio ou alienação 18

Qualidade do ar

Poluição do ar + Estiagem: saúde pública em perigo 31

Padrão de consumo

Pirâmide do consumo sustentável 58

Tecnologia e Autonomia

Herbie 2.0, o carro autônomo 63

Mobilidade urbana

Mobilidade: sem pedestres e calçadas? 67

Padrão civilizatório

Rumo ao Ecoceno 73

Escassez de água

Gestão hídrica sustentável 79

Ecodesign

Ecodesign: Eco-Grife ou Eco-Solução 85

Qualidade ambiental urbana

A vida nas cidades e as contingências da tríade ambiental 98

Métricas

Índice de Sustentabilidade Sociambiental - ISSA Modelo de Gestão Ambiental - ECOaccounts21

112 121

Ciência do Clima

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SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO:

A BÚSSOLA DOS NOVOS NEGÓCIOS

Nenhum segmento da economia global ficará intocado pela Revolução Ambiental. Nessa

nova economia, algumas empresas serão vitoriosas e outras perdedoras. Aquelas que previrem a eco-economia emergente e se prepararem para ela sairão vitoriosas. Aquelas que se cingirem ao passado correrão o risco de se tornar parte dele.

A Feição da Eco-Economia. Eco-Economia, Lester Brown, EPI - Earth Policy Institute, 2003.

Sustentabilidade

Começo o artigo abordando o tema da sustentabilidade a partir dos dois maiores desafios da atual civilização, isto é, o enfrentamento da mudança acelerada do padrão climático e a adoção de um novo modelo de

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Mudanças Climáticas

A mudança climática é inerente ao equilíbrio dinâmico do planeta. Porém esse processo natural está sendo fortemente acelerado por uma ação antrópica, principalmente pela queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural), a partir de meados do século XX.

O gás carbônico liberado na queima desses combustíveis potencializa o efeito estufa. Daí decorre o aquecimento global, e este por sua vez acelera a

mudança do padrão climático. Os efeitos são cada vez mais perceptíveis

através dos eventos climáticos extremos, mais freqüentes e intensos: ondas de calor e de frio, chuvas torrenciais, estiagens prolongadas, furacões e ciclones. Alguns eventos ocorridos neste século merecem registro. A onda de calor que varreu a Europa ocidental no verão de 2003. Nesse episódio os termômetros registraram 42ºC na Suíça, causando milhares de vítimas fatais,

principalmente crianças e idosos.

A primeira ocorrência de um furacão no Atlântico sul se deu no Brasil, no litoral de Santa Catarina em 2004 (furacão Catarina), causou muitos estragos e vítimas. Em Mumbai na Índia em 2005 no período das monções choveu quase mil milímetros em apenas 24 horas.

Recentemente no verão de 2013/2014 no hemisfério sul, uma forte onda de calor que se prolongou por vários dias atingiu principalmente as populações da Austrália, da Argentina e do Brasil.

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Uma reversão mesmo que parcial desse processo exige mudanças radicais do atual modelo energético baseado nos combustíveis fósseis. Torna-se premente a maior participação de fontes renováveis de energia. Principalmente as fontes solar, eólica e de biomassa. Além do uso mais racional e eficiente da energia, por parte da indústria, do comércio, dos serviços e também no âmbito

residencial.

Figura 1 – Emissões per capita de CO2, para países e cidades (Fonte: Almanaque Abril).

Observa-se na Fig. 1 que os Estados Unidos em 2010 detinha a marca de 16,9 tCO2 por habitante.ano. Pode-se afirmar que este país tem um elevado padrão de consumo de energia e uma alta dependência de combustíveis fósseis.

Mesmo a União Europeia que está num patamar bem mais baixo, 8,1 tCO2 por habitante.ano, ainda está bem acima da média mundial que é da ordem de 5 tCO2 por habitante.ano.

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Nota-se que no caso do Brasil os valores apresentados não estão

considerando as emissões oriundas da mudança de uso do solo, ou seja, da derrubada e queimada da floresta, que ocorre principalmente da região amazônica.

Para que os efeitos – os eventos climáticos extremos – fossem minimizados a um patamar mais seguro, a média mundial deveria ser de 2 tCO2 por

habitante.ano. Reduzir e reequilibrar esses padrões é um mega desafio para a ONU e os seus países-membros.

A cidade de Paris sediou em dezembro de 2015 a COP 21, ou seja, a 21ª Conferência das Partes da Convenção do Clima da ONU nascida na Rio -92. Os representantes de quase duas centenas de países aprovaram por

consenso um novo acordo climático. Um passo decisivo para o enfrentamento das mudanças climáticas. O principal objetivo é manter o aquecimento global abaixo de 2°C, buscando limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, em

relação aos níveis pré-industriais. Desenvolvimento Sustentável

O Desenvolvimento Sustentável pode ser considerado uma utopia a ser perseguida. Tal e qual a busca pelo impacto socioambiental nulo das

atividades econômicas. Torna-se então necessário e urgente repensar e agir para um novo modelo civilizatório, mais harmonizado com o meio ambiente, e com menor exigência de recursos naturais. Sem esquecer das áreas já

impactadas no passado e as atuais que exigem recuperação ambiental e em muitos casos um resgate dos prejuízos socioculturais. Irei abordar o

desenvolvimento sustentável tomando como referência a pegada ecológica e o IDH.

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Pode-se calcular a pegada ecológica de um país, de uma cidade ou simplesmente de um único indivíduo. Para tal considera-se a extensão

territorial, medida em hectares para atender as suas necessidades, como estilo de vida e padrão de consumo. Quanto menor a pegada ecológica de um país, por exemplo, maior a sua sustentabilidade ambiental ao longo do tempo.

Figura 2 – Pegada ecológica e Biocapacidade, por região, em 2003. (fonte: Planeta Vivo

WWF – 2006)

Na Fig. 2 observa-se a pegada ecológica e a biocapacidade de várias regiões do planeta. Nota-se no caso da América do Norte que a sua pegada ecológica já superou em muito a sua biocapacidade. Isto significa dizer que essa região não conseguiria manter o seu atual padrão de consumo e modo de vida sem a importação de insumos e alimentos de outras regiões. Já a região da América Latina e Caribe apresenta situação inversa.

(8)

Já o IDH surgiu como um contraponto ao PIB, pois considera o índice de desenvolvimento humano de uma sociedade, considerando três dimensões: renda, saúde e educação. Quanto maior o IDH (escala de 0 a 1) maior a qualidade de vida da população.

A partir da fig. 3, verifica-se um grande descompasso entre os dois

indicadores. Ou seja, os países que detêm os maiores IDHs também carregam as maiores pegadas ecológicas. O inverso também é verdadeiro, como é o caso dos países em desenvolvimento. Para atender os critérios mínimos de sustentabilidade deveríamos ter um IDH maior que 0,8 e uma pegada

ecológica menor que 2 hectares. Na América do Norte tem-se um IDH em

torno de 0,9 e uma pegada ecológica maior que 10 ha. Reverter essa diferença não é uma tarefa simples.

Figura 3 – Comparação entre a Pegada Ecológica de cada país e o Índice de

Desenvolvimento Humano – IDH (2008). A cor dos pontos identifica a região geográfica, e o diâmetro é proporcional a sua população. (fonte: Planeta Vivo WWF – 2010)

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No mês de setembro de 2015 foi apresentado na assembleia geral da ONU em Nova York o documento elaborado a partir da RIO+20 (2012)

intitulado Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, também conhecido como Agenda 2030.

Vale destacar a declaração do conselheiro sênior de Políticas Públicas do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), Paul Ladd (antes do evento):

“Somos a primeira geração que tem os recursos e tecnologias para

eliminar a pobreza, mas somos provavelmente a última geração que pode impedir que a mudança global do clima destrua tudo o que temos.”

Isso resume a importância do atual momento frente ao desenvolvimento sustentável e inclusivo. Um marco importantíssimo para os líderes mundiais que têm uma oportunidade histórica de alavancar, ganhar escala, as

importantes transformações que já estão em curso nas áreas econômica, ambiental e sociocultural, estabelecidas nos objetivos dessa agenda. Inovação e Sustentabilidade

Desenvolver um novo produto, serviço, processo, ou modelos de gestão, pode ser uma inovação. Desde que percebido e reconhecido pelos seus usuários. A inovação pode ser de ordem incremental ou radical (disruptiva). No caso da incremental a inovação acontece de maneira contínua, representada por pequenos avanços sem uma modificação expressiva.

Já a inovação radical provoca um impacto significativo no mercado, e nos seus usuários. Se apresenta como um novo paradigma, um novo conceito. Daí

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Inovar requer profissionais que pensem fora da caixa, ultrapassando os paradigmas vigentes e os preconceitos. A cultura organizacional, o ambiente de trabalho, e estruturas enxutas são determinantes. A seleção de talentos nessas organizações é menos formal. A equipe de inovação com essas

qualidades percebe melhor as tendências e desenha cenários mais factíveis. A gestão do conhecimento é a chave para essa mudança.

Já as empresas que trabalham com altos níveis de controle, excelência nas suas operações a qualquer custo, e somado a isso tem um olhar mais voltado para dentro, apresentam riscos consideráveis em relação a sua perenidade. Vivemos um momento de transição para os negócios. Várias empresas estão aprendendo a trabalhar e valorizar ativos intangíveis (marca, reputação,

imagem, inovação conceitual). Estão percebendo que competir com base na produção de bens de uso intensivo de insumos (energia, água, matéria-prima), afeta a capacidade de reposição e impacta na poluição do meio em que

vivemos.

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A Fig. 4 apresenta as várias ondas de inovação tecnológica a partir da

revolução industrial. De lá para cá já foram 5 ondas. Agora estamos vivendo a sexta onda de inovação. Note que a sustentabilidade se apresenta como conceito e não como um avanço tecnológico.

Porém esse novo conceito está norteando os avanços em diferentes áreas, desde a tecnológica, a de gestão pública e empresarial, passando pelo nosso próprio comportamento. Não há mais espaço para avanços incrementais, e principalmente dissociados da sustentabilidade.

Negócios e Sustentabilidade

Pode-se considerar um negócio sustentável como sendo aquele que gera valores que ultrapassam a dimensão econômica chegando as dimensões ambiental, sociocultural. Ou seja, tenha um perfil ético e coerente em relação aos seus impactos sobre o planeta e na busca por reduzi-los.

As grandes empresas já incentivam e valorizam fornecedores com essas características. A própria sociedade mais informada e consciente exerce sua escolha considerando os critérios citados.

Hoje como estratégia empresarial deve-se estabelecer o diálogo e

transparência não só com os seus acionistas e parceiros comerciais mas também e sobretudo com a sociedade, mídia, governo, comunidade, entre outros públicos.

As empresas varejistas têm um papel de destaque nesse processo, pois estão mais próximas dos consumidores. Nesse sentido seus processos e atividades passam por constante avaliação e questionamento, não só através dos

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Desafios

Para falar de desafios nos campos da sustentabilidade, inovação e negócios me inspirei na ótima pesquisa de 2012 elaborada pela revista Idea Sustentável “Dez desafios da gestão sustentável nas empresas”

O primeiro grande desafio rumo à sustentabilidade é perguntar como a

empresa está agindo de maneira proativa em relação aos serviços da natureza essenciais à vida e os negócios, como o ar e água de qualidade, o solo fértil, a conservação e proteção das florestas a da biodiversidade e o aquecimento global, e também como interage com a comunidade onde atua.

Se a empresa já tem uma boa resposta para o primeiro desafio significa que a sustentabilidade já começa a fazer parte da sua estratégia. Atributos

socioambientais consistentes deverão estar embutidos nos seus produtos e/ou serviços. Essa é uma exigência crescente tanto na cadeia de valor quanto para sociedade.

A sustentabilidade ganha força dentro da empresa quando gerida de forma transversal, ou seja, todas as áreas participam do processo com

responsabilidades e contribuições. Isso potencializa a percepção e prospecção de novos negócios. Importante é entender a sustentabilidade de maneira

sistêmica, isto é, olhar para a cadeia produtiva como um todo e a interação entre os seus elos.

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Essa nova caminhada motiva e engaja todos os colaboradores, porém deve-se tomar cuidado para que o discurso não tome o lugar da ação. As ações devem ser comunicadas de maneira clara e transparente. Essa comunicação primeiro deve chegar aos colaboradores para então ser de conhecimento do público externo. Além de identificar qual é esse público externo, deve-se estabelecer um bom diálogo.

No processo de superação desses desafios ocorrerão mudanças de ordem cultural. A maneira de agir e pensar passará por uma mudança de paradigmas. Não menos importante tem-se o desafio de identificar e preparar as lideranças para conduzir essas transformações nas empresas.

A percepção de mudança vem longa data. Cinco séculos antes de Cristo o pensador grego Heráclito afirmou, “Nada é permanente, exceto a mudança.” Atualmente passamos por mudanças cada vez mais rápidas do ponto de vista do conhecimento e da tecnologia.

Porém mais do que isso tudo, mudar o modelo mental e a maneira de fazer negócios é o maior de todos os desafios, tanto para a sociedade, para os governantes, quanto para as empresas, pois os problemas são cada vez mais complexos e exigem soluções de mesma ordem.

Oportunidades (tendências dos novos negócios)

Para tratar das oportunidades nos campos da sustentabilidade, inovação e negócios me orientei pelo ótimo estudo da Next “8 tendências de

sustentabilidade para pequenas e microempresas” publicado em 2014 na revista Idea Sustentável.

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O comércio de alimentos saudáveis vem ganhando força e velocidade. O modelo de Fast Foods vem perdendo terreno, pois não reconhecem a novas exigências do consumidor bem informado e consciente sobre o efeito de certos alimentos na saúde das pessoas. Crescem então as oportunidades das redes do tipo Slow Food, por exemplo, que trabalham com lanches e refeições mais saudáveis.

Surgem também oportunidades de negócios para o comércio de alimentos mais nutritivos, menos processados (redução de aditivos) e os orgânicos (sem agrotóxicos). Cabe lembrar dos alimentos não transgênicos, apesar da

propaganda dos fabricantes de sementes transgênicas, boa parte dos consumidores prefere não arriscar e exige de maneira legitima que os

produtores e fabricantes de alimentos de origem transgênica disponibilizem essa informação na embalagem ou no local de venda.

As empresas que operam com maior consciência socioambiental reduzindo seus impactos estão sendo reconhecidas e valorizadas. Porém as estratégias de marketing devem estar alinhadas com as práticas da empresa. Muitas empresas são tentadas a valorizar em demasia, pequenas ações, ou seja, tendem a vender uma imagem fantasiosa que pode ser questionada até pelo CONAR (conselho nacional de autorregulamentação publicitária) ou até mesmo ser percebida pelo consumidor.

A responsabilidade socioambiental exige uma visão além dos limites da

empresa. Olhar para a cadeia de valor tanto a montante quanto a jusante, isto é, avaliar as práticas dos fornecedores e dos clientes respectivamente, e da logística e demais atividades envolvidas.

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Mercadorias produzidas localmente têm atraído os consumidores, pois passam a mensagem de maior autenticidade e a ideia de pertencimento. Isso valoriza a comunidade local, gera renda, transmite a cultura, as tradições e os costumes. Essas são apenas algumas das novas oportunidades de negócios inovadores e que agregam valor socioambiental.

Considerações finais

As empresas que querem avançar nesse novo século devem atentar para os novos desafios de um mundo cada vez mais complexo e de uma sociedade cada vez mais bem informada e consciente dos problemas socioambientais a serem enfrentados. Soma-se a isso a urgência que as mudanças exigem. Inovação com bases sustentáveis, pode ser considerada a bússola dos novos negócios. Isso exigirá além da capacitação, conscientização e da

sensibilização dos empresários, das lideranças e dos colaboradores, um comportamento ético e responsável diante de todas as formas de vida que habitam o planeta.

Referências

Abranches, Sérgio. Neve, calor e mudança climática. Disponível

em:< http://www.ecodebate.com.br/2014/01/24/neve-calor-e-mudanca-climatica-artigo-de-sergio-abranches/&gt;. Acesso em: junho 2015.

Almanaque Abril. Gráficos e Tabelas – Meio Ambiente. Disponível em: <https://almanaque.abril.com.br/graficos_e_tabelas/Meio%20Ambiente>. Acesso em:

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Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras – Anpei. Glossário da inovação. Disponível em:

<http://www.anpei.org.br/web/anpei/glossario-4>. Acesso: junho 2015.

Barbieri, José Carlos., Cajazeira, Jorge Emanuel Reis. Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável: da teoria à prática – São Paulo: Saraiva, 2009.

Carta Capital. Entenda a COP 21 e as disputas em jogo. Disponível

em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-grri/entenda-a-cop-21-e-as-disputas-em-jogo-5188.html>. Acesso em: junho 2015.

Dow, Kirstin., Downing, Thomas E. O Atlas da Mudança Climática – São Paulo: PUBLIFOLHA, 2007.

Fundação Dom Cabral. Infográfico – Inovações Ambientais. Disponível em: <http://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/infografico_inovacoes_am bientais.pdf>. Acesso em: junho 2015.

Kruglianskas, Isak., Aligleri, Lilian., Aligleri, Luiz Antonio. Gestão

Socioambiental:Responsabilidade e Sustentabilidade do Negócio – São Paulo: Atlas, 2009.

LSE Cities. Cidades e Mudanças Climáticas. Disponível

em: <https://lsecities.net/media/objects/articles/cities-and-climate-change/pt-br/>. Acesso

em: junho 2015.

Organização das Nações Unidas – ONU. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS. Disponível em: < http://nacoesunidas.org/pnud-lanca-video-que-explica-os-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/>. Acesso em: julho 2015.

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____________________________. Novo acordo climático adotado pelos Estados-membros na COP21. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/onu- esclarece-duvidas-a-respeito-do-novo-acordo-climatico-adotado-pelos-estados-membros-na-cop21/&gt;

Revista Idea Sustentável. Dez Desafios da Gestão Sustentável nas

Empresas. Disponível em: < http://www.ideiasustentavel.com.br/2012/01/dez-desafios-da-gestao-sustentavel-nas-empresas/> Acesso em: junho 2015.

____________________. Estudo Next – 8 tendências de sustentabilidade para pequenas e microempresas. Disponível em:

<http://www.ideiasustentavel.com.br/arquivos/IS36.pdf>. Acesso em: junho 2015. WWF Brasil. Planeta Vivo 2006. Disponível

em:< http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/wwf_brasil_planeta_vivo_2006.pdf >

Acesso em: junho 2015.

__________. Planeta Vivo 2010. Disponível em:

<http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/relatorio_planeta_vivo_sumario_rio20_fina l.pdf>. Acesso em: junho 2015.

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS:

DESAFIO OU ALIENAÇÃO

Será tarde demais para impedir um aumento da temperatura causado pelo acúmulo dos

gases de estufa? Sim. Um aumento da temperatura induzido pelo gás de estufa aparentemente já está em curso. Mas, será tarde demais para impedir um descontrole da mudança climática? Talvez não, se reestruturarmos rapidamente e economia energética. Em muitos casos, a resposta é sim, é tarde demais. Mas há uma questão mais ampla, mais fundamental: será tarde demais para reverter as tendências que acabarão por levar ao declínio econômico? Aqui, penso que a resposta é não, se agirmos rapidamente.

Acelerando a Transição. Eco-Economia, Lester Brown, EPI - Earth Policy Institute, 2003.

Introdução

A inspiração para escrever esse artigo veio da ótima palestra (disponível na internet) do renomado psicoterapeuta Paulo Gaudêncio, intitulada “A vida profissional, o entediado”. Surgiu então a seguinte indagação – Quais são as condições necessárias para caraterizar o enfrentamento das Mudanças

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Primeiro apresento brevemente o cenário indutor das mudanças climáticas que coloca o homem como seu maior protagonista. Em seguida utilizo a imagem de um navio cargueiro para ilustrar os possíveis caminhos de enfrentamento da situação. Na sequência desenvolvo a questão das competências aprendida na palestra mencionada. Por fim exemplifico as possíveis fases pelas quais uma empresa pode passar quando do enfrentamento das mudanças climáticas. 1. Cenário

Irei me pautar pela ciência compilada pelo Painel Intergovernamental de

Mudança do Clima da ONU – IPCC (sigla em inglês). Este reúne cientistas de vários países. Desde o seu primeiro relatório fica clara a responsabilidade do homem como principal vetor desse processo. Recentemente na publicação do quinto relatório essa certeza chegou a 99%.

O atual modelo civilizatório ainda é muito dependente dos combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural). Esses são utilizados na geração de energia por meio da queima (combustão). Milhares de toneladas de CO2 são liberadas diariamente aumentando em muito a concentração deste gás na atmosfera, potencializando o efeito estufa. Isso resultou num sensível aumento da temperatura média do planeta da ordem de 1° grau Celsius nos últimos 150 anos. Esse aumento de energia acabou por desencadear numa acelerada mudança do padrão climático.

Por conta disso os eventos climáticos se acentuaram, em frequência e intensidade. Tais como estiagens prolongadas, chuvas torrenciais e

localizadas, ondas de calor, verões sem chuva, entre outros. Os seus efeitos tornam a vida mais difícil e perigosa principalmente nas grandes cidades.

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Para exemplificar, moradores de diversos municípios do estado de São Paulo foram prejudicadas pela redução ou mesmo completa falta de água durante a famosa crise hídrica de 2015. Em algumas cidades se vivenciou uma

verdadeira batalha pela água. Outra situação grave são enchentes e

desmoronamentos de encostas dos morros, principalmente em áreas de risco já mapeados, afetando a vida das populações mais carentes. Isso também contribui sensivelmente para o caos no trânsito

Nos últimos anos vem sendo registradas temperaturas muito acima dos padrões históricos. Essas afetam principalmente crianças e idosos que são menos resilientes diante de situações extremas. As anomalias climáticas também estão perturbando sobremaneira os ciclos biológicos de animais e plantas.

Temos diante de nós uma grande encrenca, mas felizmente sabemos as causas, a maneira como enfrentar, e os meios necessários. Mesmo assim ainda existem grupos que negam a responsabilidade do homem nesse descontrole climático e assim parte da sociedade e das empresas menos informadas se mantêm na inação. Entre esses grupos estão alguns cientistas que procuram desmontar os argumentos científicos compilados pelo IPCC.

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Parece que existe uma importante similaridade entre os que defendem as indústrias do cigarro e do petróleo que é o mais emblemático dos combustíveis fósseis. Esse combustível e seus principais derivados, a gasolina e o Diesel, se mantém competitivos pela forte lobby desse setor. Mesmo quando

comprovados todos os seus malefícios ao clima e a saúde das pessoas. Uma exposição itinerante passou por várias cidades dos Estados Unidos. Concebida pelos médicos Robert K. Jackler e Robert N. Proctor, professores da Universidade de Stanford (EUA) . Chegou ao Brasil em 2009. Nela são apresentadas 90 peças publicitárias veiculadas nos Estados Unidos entre as décadas de 20 e 50 do século XX. De tão absurdas pareciam ser uma

brincadeira. Celebridades, médicos, crianças e até a figura de Papai Noel eram utilizadas nas campanhas (figura 1).

Tem-se porém boas notícias. Tradicionais grupos de investidores na área do petróleo já estão redirecionando investimentos para o mercado das fontes renováveis de energia. Como exemplo cito o Grupo Rockefeller. Atenção, essa mudança infelizmente não se deu pelo convencimento dos fatos, pela ciência ou mesmo pela consciência, mas sim pelas novas tendências do mercado. 2. Propostas de enfrentamento

A pergunta que fica é – por que então ainda não estamos enfrentando as mudanças climáticas de maneira mais efetiva? Pois o tempo é escasso. A seguir elenco as principais propostas, que já estão parcialmente em

andamento em alguns países:

2.1 Substituição das fontes não renováveis (combustíveis fósseis) por fontes renováveis (eólica, solar, biomassa).

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2.2 Redução do nível de CO2 na atmosfera e nos oceanos por meio de projetos de sequestro de carbono (fotossíntese).

2.3 Adaptação das megacidades e da agropecuária aos eventos extremos. A primeira proposta se refere a transição para uma nova matriz energética, impulsionada por políticas públicas de incentivo. Duas ações complementares também são significativas e devem ocorrer simultaneamente. Aumento da eficiência energética de um lado e uso consciente da energia por outro, esta em particular exige mudanças de hábitos e comportamento. Para exemplificar, cito a tecnologia das lâmpadas LED que oferecem iluminação com muito baixo consumo de energia. Saliento que nem por isso se justificam lâmpadas ligadas sem necessidade.

A proposta seguinte aponta para os projetos de redução da concentração de CO2 na atmosfera e nos oceanos, ambos extremamente saturados. Mesmo que por um passe de mágica as emissões de CO2 fóssil fossem zeradas a partir de agora, ainda assim essa ação seria necessária. Existem dois

caminhos que gostaria de evidenciar: a restauração florestal e ampliação da flora marinha. Por meio do processo de fotossíntese das florestas e das algas são capturadas as moléculas de CO2, que se quebram em C (carbono)

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Figura 2. Ilustração das hélices e da roda do leme do navio cargueiro.

Já na terceira proposta temos o processo de adaptação, não menos importante que as duas primeiras. Aí será exigido um grande esforço de adequação e reestruturação da defesa civil. Com amplo envolvimento da população local e efetivas políticas públicas de amparo a população que se encontra em condições de maior exposição e fragilidade diante dos eventos extremos.

Partindo da imagem de um navio cargueiro carregado irei ilustrar as propostas citadas. Tendo o navio uma grande inércia, não permite manobras bruscas e nem mudanças rápidas de velocidade. Navega sabidamente num mar de icebergs (eventos extremos) e sofre duras colisões. Faz-se necessário portanto um bom planejamento de viagem. No controle do navio estão dois comandantes. Diante da situação de altíssimo risco (naufrágio eminente) se estabelece em comum acordo entre eles e o timoneiro a seguinte estratégia. O comandante Dark comanda o motor da hélice cinza, que representa a

continuidade da economia baseada nos combustíveis fósseis. Começa então uma gradual redução da força desse motor.

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Por sua vez o Comandante Green comanda o motor da hélice verde, que deve iniciar a reversão de maneira gradual. As ações conjuntas dos comandantes resultam numa redução da velocidade do navio e do risco de colisão. Já ao timoneiro cabe controlar o leme com maestria de maneira a minimizar ou

mesmo evitar as colisões com os icebergs. O timoneiro representaria as ações de adaptação.

3. Competências

Gostaria de desenvolver a ideia de desafio a partir da minha reflexão sobre parte da palestra proferida pelo Dr. Gaudêncio. Partindo do gráfico da figura 3 que estabelece uma relação entre dificuldade x habilidade podemos identificar três situações.

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3.1 Grande dificuldade x Baixa habilidade

Vou exemplificar essa situação tomando como referência um profissional de uma empresa que se encontra diante de uma grande dificuldade (problema) porém com pouca habilidade (capacitação) para o enfrentamento. Neste caso não basta apenas ter boa vontade e iniciativa.

Percebendo a sua limitação e a impossibilidade de avançar na solução esse profissional entra em ansiedade (medo). É uma situação de estresse, no caso, um estresse ruim (distresse) que com o tempo pode se transformar num

estresse patológico. Como afirma Gaudêncio, o treinamento (capacitação) é profilático de estresse. O profissional aumenta a sua habilidade.

3.2 Baixa dificuldade x Grande habilidade

Numa situação inversa, o profissional está diante de uma pequena dificuldade porém dispõe de uma habilidade incomum. Nesse caso ele não se sente estimulado em enfrentar a situação. O desinteresse prolongado leva ao tédio. Com afirma o palestrante “Tédio é a ausência de medo. Uma vida sem medo é uma vida sem sal.”

3.3 Grande dificuldade x Grande habilidade.

Esta é uma situação estimulante, onde dificuldade e habilidade são do mesmo tamanho. Isso desencadeia o Eustresse (estresse bom). Aí o profissional se torna produtivo. Está operando na faixa do fluir (vide gráfico). Isso se aplicada tanto para um bom profissional da indústria, quanto para um atleta de alto desempenho, por exemplo.

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4. Fases de enfrentamento

A partir do que já foi apresentado gostaria de descrever, a seguir, as possíveis fases que uma determinada empresa poderia se encontrar diante do problema das mudanças climáticas.

4.1 Alienação

O quadro da figura 4 apresenta as quatro possíveis fases pelas quais uma empresa pode passar. Começo pela fase da alienação. Por exemplo, pode acorrer que diante da falta de informação e conhecimento mais apurado sobre o problema a empresa se encontre numa situação de alienação (fase 1). Não reconhece nenhum sinal interno vindo dos colaboradores ou de indicadores, ou mesmo algum tipo de alerta vindo de um cliente ou de um fornecedor. Tem a sensação que se trata de algo muito distante, longe do seu alcance e do seu cotidiano. Não se interessa pelo assunto e se mostra indiferente. Talvez só a experiência vivida numa situação extrema possa desencadear um processo de mudança. Por exemplo, numa situação de forte racionamento de energia ou de água que acaba por afetar total ou parcialmente os seus negócios, direta ou indiretamente.

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Figura 4. Quadro representativo das quatro fases de enfrentamento das mudanças

climáticas (3 fases associadas ao gráfico dificuldade x habilidade, mais a fase de alienação). 4.2 Apoio da Alta Direção

Vencida a fase da alienação, outra situação de insucesso pode ocorrer.

Quando a empresa reconhece o problema, mas, não lhe da a devida atenção. Toma-se a iniciativa para capacitar um grupo de colaboradores e contratar uma consultoria externa. Mas o trabalho acaba se perdendo por falta de apoio da alta direção, que até teria estabelecido uma estratégia mas não a devida continuidade.

Este é um caso típico em que o grupo envolvido diretamente irá se desmotivar (fase 2). Como já visto o desinteresse acaba por levar ao tédio. Desmotivados, alguns colaboradores podem vislumbrar novas oportunidades em outras

empresas. Pode-se reverter a situação a partir de uma maior clareza dos riscos associados a inação frente as mudanças climáticas, perspectivas de novos negócios, e também do potencial de fortalecimento da imagem e da marca.

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4.3 Capacitação da Equipe

Uma situação oposta também pode ser vivenciada. A empresa está engajada e dispõem de uma ótima estratégia de enfrentamento do problema. Nesse caso o insucesso poderá estar atrelado a falta de habilidade. Isso está representado na fase 3 (fig. 4). A superação se dará pela definição e capacitação de uma equipe, e recursos adequados.

4.4 Desafio

Por fim a situação desejada, onde a dificuldade é do tamanho da habilidade. Uma boa estratégia e determinação além de uma equipe capacitada, são

elementos para uma boa largada. Tem-se então caracterizado o desafio, que é um grande fator motivacional ao lado do reconhecimento.

Quando um objetivo / etapa for alcançada torna-se importante que a empresa reconheça o esforço da equipe e também dos demais colaboradores mesmo que tenham participado de maneira indireta. Esse reconhecimento também se dá a partir de uma organização externa, onde são classificados e premiados os melhores projetos das empresas participantes. Sempre que houver um

reconhecimento, que se faça uma ampla comunicação interna.

Empresas intensivas em energia se destacam prioritariamente como tendo maior responsabilidade e força de reação. Podem se deparar com os principais personagens do navio que ilustrei, os comandantes Dark e Green, e o

(29)

As iniciativas empresariais não podem ficar paralisadas por falta de um

arcabouço legal perfeito ou pelo medo. A coragem, a mobilização e a visão dos pioneiros será percebida pelos seus pares e pela sociedade, desencadeando novos negócios. Todos os esforços serão reconhecidos como investimento. As empresas que seguirão em atraso irão assumir custos de adequação e encarar a escassez de oportunidades.

Considerações

Tenho a convicção de que a ciência já ofereceu todas as comprovações da efetiva e preponderante participação humana no fenômeno do desequilíbrio climático. As orientações para os formuladores de políticas públicas estão disponíveis e fundamentadas. Os meios de enfrentamento são amplamente divulgados. Somos ao mesmo tempo vítimas e responsáveis pela situação. Essa transição climática afeta sensivelmente o cotidiano das pessoas e dos negócios das empresas, a qualidade e a própria possibilidade de existência da vida planeta.

Faz-se necessário uma mudança urgente de comportamento. Isso vale para todas as empresas desde as pequenas até as grandes corporações. Mas o bom exemplo das maiores será decisivo, pois operam grandes cadeias

produtivas. Não se isentam de responsabilidade as empresas do setor público e muito menos a sociedade em geral. Com certeza deve haver um esforço coordenado dos países sob a batuta da ONU. O Brasil foi o primeiro

(11/08/2016) dentre 195 países a ratificar, através do Senado, o compromisso assumido na Convenção do Clima (COP 21 – 2015 em Paris).

(30)

Deixando os interesses individuais e mesquinhos de lado, devemos pensar e agir sinceramente pelo coletivo. É o momento de superar a mais grave crise moral, social e ambiental que a humanidade já conheceu. Mudar é difícil e por vezes exigirá muito sacrifício, mas é aí que reside a maior qualidade do ser humano. Lutar pela vida num processo colaborativo é a principal marca da nossa ancestralidade, que nos garantiu a sobrevivência até os dias de hoje. Hoje temos um mundo mais complexo e além de nós humanos devemos nos aperceber da integração entre todos os seres vivos, pois estamos no mesmo navio.

PS Acordo de Paris sobre o clima começa a valer em novembro (2016)

(31)

POLUIÇÃO DO AR + ESTIAGEM:

SAÚDE PÚBLICA EM PERIGO

A mudança de um modelo baseado em automóveis para outro diversificado tem sido objeto constante de medidas de centenas de prefeitos em todo o mundo, na luta diária contra congestionamentos e poluição do ar. Eles têm criado estratégias engenhosas não apenas para limitar a circulação de carros mas também para

questionar a sua real necessidade. Se automóveis diminuírem sua presença urbana, a natureza da cidade vai mudar.

O potencial de economia de energia.Plano B 4.0 Mobilização para Salvar a Civilização, Lester Brown, EPI - Earth Policy Institute, 2009.

A imagem das três crianças atravessando a rua em meio aos carros e a

poluição é degradante e preocupante. Isso não é ficção, está acontecendo em alguma cidade do mundo civilizado. Possivelmente essa cena retrata um

centro urbano com alta concentração de veículos associada a uma condição meteorológica desfavorável à dispersão dos poluentes, a estiagem prolongada.

(32)

Atualmente estamos vivendo uma situação parecida em São Paulo, mas a poluição não está tão visível quanto à imagem acima. Os meses de agosto e setembro deste ano (2017) tem apresentado uma qualidade do ar muito ruim. O nível de poluição é sentido na ardência dos olhos, na dor de cabeça, entre outros sintomas. Mas isso não é muito divulgado pelos meios de comunicação. Diante desse aparente conformismo resolvi pesquisar mais sobre o assunto e escrever este artigo.

Introdução

As principais fontes móveis de emissão de poluentes são os veículos ciclo Otto que queimam principalmente gasolina/etanol (carros de passeio e motocicle-tas). Estes representam a maioria da frota de uma cidade. O outro grupo são os veículos ciclo Diesel, ônibus caminhões, vans, entre outros (comerciais e utilitários). Já as fontes estacionárias estão localizadas nas indústrias, que queimam óleos pesados, óleo Diesel, Gás Natural e também sobras de madei-ra e lenha.

Em se tratando de poluição do ar, os principais poluentes podem ser classifica-dos segundo a sua natureza, em material particulado e gases. O material parti-culado pode ser subdividido em PTS – partículas totais em suspensão, FMC – fumaça, MP10 – partículas inaláveis e MP2,5 – partículas inaláveis finas. Já os gases dividem-se em dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2). O maior vilão é o CO que participa com mais da metade do total.

Os carros (gasolina e álcool) são responsáveis principalmente pelas emissões de CO, NO2 e HC (hidrocarbonentos), já os veículos Diesel, caminhões e ôni-bus, emitem SO2, NO2 e material particulado (fuligem).

(33)

Em condições meteorológicas adversas a qualidade do ar piora muito, a saber – inversão térmica, ausência de chuvas e ventos por períodos prolongados, e baixa umidade do ar. Estas ocorrências são mais comuns nos meses de inver-no.

Várias doenças e enfermidades são causadas pela poluição do ar, a saber: problemas oftálmicos, doenças dermatológicas, gastrointestinais, cardiovascu-lares, e pulmonares, além de alguns tipos de câncer. Mesmo quando os polu-entes se encontram dentro dos padrões atuais de segurança ocorrem efeitos muito nocivos à saúde.

1. Evolução da poluição do ar: fontes x emissões Cenários

O modelo de poluição nas cidades mudou radicalmente nos últimos 160 anos, das maquinas a vapor aos motores de combustão interna, vide figura 1.

(34)

Cidade de São Paulo

A avançada tecnologia dos motores ciclo Otto foi determinante nos anos 1990 na medida em que houve uma importante redução da poluição do ar na cidade de São Paulo. Porem isso se perdeu em virtude do expressivo aumento da fro-ta. Veja Figura 2.

2. Ações de combate a poluição do ar

Várias ações são empreendidas pela CETESB (Agência Ambiental do Estado de São Paulo) desde a década de 1970. A principal talvez seja a “operação caça – fumaça”, que é a fiscalização de veículos diesel no que se refere a emissão de fumaça preta. Esta atividade é intensificada nos meses de inverno. Ações complementares, tais como o programa de orientação para os proprietá-rios e operadores de veículos diesel, programas de gestão ambiental e auto-fiscalização para frotistas e o programa de capacitação técnica da mão de obra nas oficinas vem apresentando resultados muito positivos.

(35)

2.1 Tecnologias de redução da poluição do ar

O “Programa de controle da poluição do ar por veículos automotores” PRO-CONVE foi instituído por meio da Resolução Conama n.18 de 1986. Hoje os avanços tecnológicos estão presentes em todos os tipos de veículos. Tem-se o gerenciamento eletrônico dos motores e a utilização de catalisadores no siste-ma de escape. Naturalmente que a redução das emissões dos veículos ciclo Diesel também está associada a qualidade do combustível. Atualmente estão disponíveis dois tipos de Diesel com menor teor de Enxofre, o S-10 e S-50 (desde 2012).

Um capítulo importante no controle das emissões veiculares nos grandes cen-tros urbanos está direcionado a motocicletas e similares. Esta frota está em franco crescimento, principalmente para atender o mercado de entregas rápi-das. Com esta preocupação foi elaborado o PROMOT Programa de redução de emissões específico para este meio de transporte. O programa é resultado de um trabalho conjunto entre CETESB e as montadoras.

3. Padrões de Qualidade do Ar (PQA)

O Padrão de Qualidade do Ar (PQA), conforme OMS, deve ser entendido como sendo o nível máximo de concentração de um poluente no ar, permitido por uma autoridade regulatória.

Veja a seguir o que diz a Resolução n.3 do Conselho Nacional do Meio Ambi-ente (CONAMA) de 1990:

PQA (primário) – “são concentrações de poluentes que, ultrapassadas, pode-rão afetar a saúde da população”.

(36)

PQA (secundário) – “são concentrações de poluentes atmosféricos que, ultra-passadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambien-te em geral”, são mais restritivos em relação aos PQAs (primário).

Os PQAs geralmente são fixados a partir de dados científicos de dose-respos-ta, obtidos por estudos toxicológicos e/ou epidemiológicos. Com o passar do tempo eles se tornam mais restritivos, resultado dos avanços do conhecimento por meio da ciência. Os padrões nacionais de qualidade do ar válidos até hoje foram fixados na Resolução CONAMA nº 3, de 1990. Vinte e três anos depois novos padrões de qualidade do ar para o Estado de São Paulo foram afixados pelo Decreto nº 59.113, de 2013, tendo por referência as diretrizes estabeleci-das pela OMS (2005).

3.1 Tempos de amostragem

As informações obtidas pelas estações (fixas ou móveis) de monitoramento da qualidade do ar são apresentadas por tempo de amostragem, a saber:

1 hora → maior concentração horária em 24 horas (dia). Figura 3: durante as 24 horas do dia ocorreu um pico de concentração, as 4 horas da manhã.

8 horas → maior média móvel de 8 horas em 24 horas (dia). Figura 3: durante as 24 horas do dia encontramos a maior média entre 1 e 8 horas da manhã.

(37)

24 horas → são as médias das concentrações horárias no período de 24 horas (um dia). Figura 3: Vale a média das 24 medições do dia.

Pode-se concluir que o valor (médio) encontrado para 1h > 8h > 24h. 3.2 Episódios agudos de poluição do ar

Na cidade de São Paulo a qualidade do ar pode ser acompanhada pela popu-lação através dos relógios de rua (também pela internet). A informação chega através de um sistema de cores associado a uma palavra, começando pelo verde “bom”, passando pelo amarelo “moderado”. laranja “ruim”, vermelho “muito ruim” e por fim o roxo, “péssimo” (conforme Índice Geral – Tabela 6). A declaração pública e definição de ações relativas ao estados de Atenção, Alerta e Emergência se dão quando associadas a condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.

Veja a seguir as ações definidas para o estado de Atenção (CETESB).

“Quando o Estado de Atenção é declarado, devido a monóxido de carbono ou oxidantes

fotoquímicos, é solicitada a restrição voluntária do uso de veículos automotores particulares. No caso do material particulado ou dióxido de enxofre, as atividades industriais como limpeza de caldeiras ou a operação de incineradores só podem ser realizadas em um período determinado do dia, assim como devem ser adiados o início de novas operações de processamentos industriais. Devem ser eliminadas imediatamente as emissões de fumaça preta por fontes estacionárias que estiverem fora dos padrões legais, bem como a queima de qualquer material ao ar livre.”

(38)

Paris sofre pior episódio de poluição invernal em uma década (2016)

Paris está sofrendo o pior e mais prolongado episódio de poluição invernal dos últimos dez anos, indicou nesta quarta-feira (7 dezembro) o organismo de vigilância de qualidade do ar na capital francesa, o Airparif.

Este episódio se deve a um aumento da emissão de partículas causado pelo tráfego e pela calefação com lenha, e por persistentes condições meteorológicas –pouco vento, tempera-turas contrastadas–, que favorecem que estes elementos permaneçam perto do chão, expli-cou a agência.

A “superação do nível de alerta por poluição com partículas”, ou seja, uma concentração su-perior a 80 microgramas/m3 de partículas finas no ar, ocorre há uma semana e se prolonga-rá na quinta-feira (8), segundo Airparif. A quinta-feira, dia 1º de dezembro, foi o dia recorde de poluição, com concentrações máximas de 146 microgramas/m3.

Pela quarta vez em 20 anos, as autoridades francesas impuseram na terça e nesta quarta-feira um dispositivo de rodízio em Paris e seus arredores, para tentar lutar contra a polui-ção. Os veículos com placas pares puderam circular na terça-feira, e os com placas ímpa-res nesta quarta, além dos automóveis com ao menos três ocupantes e os que têm alguma derrogação.

Entre outras medidas adotadas em Paris e sua região figuram a gratuidade dos transportes públicos, limitações de velocidade nos grandes eixos viários e a proibição para os cami-nhões de transitar pela capital.

A poluição também afetou na terça-feira (6) as cidades de Lyon (centro-leste), e as regiões próximas de Chambéry e Annecy. As partículas finas são especialmente nocivas para a saú-de. Podem gerar câncer, asma, alergias ou doenças respiratórias ou cardiovasculares. O di-óxido de nitrogênio, emitido sobretudo por motores a diesel, provoca asma e doenças pul-monares nas crianças.

(39)

4. Breve estudo comparativo entre padrões: CETESB, CONAMA e AIRPA-RIF

A seguir são confrontados os padrões de qualidade do ar, as tomadas de deci-são e também aos critérios para episódios agudos. Foram escolhidos os polu-entes apresentados na Tabela 3 da CETESB: MP10, MP2,5; SO2, NO2, CO e O3.

Principais Referências:

→ Padrões Estaduais – Decreto Estadual n.59113 de 2013 Tabelas 2 e 3 (Relatório CETESB – Qualidade do Ar ed. 2017) → Padrões Nacionais – CONAMA (Resolução n.3 de 1990) Tabelas 4 e 5 (Relatório CETESB – Qualidade do Ar ed. 2017)

Obs.: Foram utilizados os PQAs (secundário) do CONAMA, vide item 3. deste artigo.

(40)

→ Padrões da cidade de Paris – AIRPARIF

4.1 Material particulado (MP10)

Analisando a Tabela 1, o PQA da CETESB é pior do que o padrão secundário nacional CONAMA – 120 µg/m³ contra 100 µg/m³. Já o padrão para o estado de Atenção em vigor no Estado de São Paulo é pior que o nacional, > 250 µg/m³ contra >170 µg/m³ (esse valor foi ajustado, pois não há distinção entre MP10 e MP2,5). Veja resumo no quadro abaixo.

(41)

Pode-se afirmar que os novos padrões adotados pela CETESB ficaram piores (menos restritivos) em relação aos padrões nacionais, e estão muito defasados dos padrões de uma cidade como Paris, referência neste assunto, numa razão de 3 para 1 (aprox.), conforme apresentado na Tabela 1.

Nota: “Enquanto em cidades como Londres e Paris, o nível considerado de emergência é

80 µg/m³, em São Paulo é 500 µg/m³, igual ao da China.” Fonte: Poluição no ar mata 11 mil

por ano em São Paulo, disponível em www.metrojornal.com.br/foco/2017/08/14

Episódios Agudos – MP10 (CETESB):

Efeitos sobre a saúde, prevenção e riscos imediatos Estado de Atenção: concentrações > 250 µg/m³

No estado de Atenção a qualidade do ar é classificada como péssima.

→ Saúde: Agravamento dos sintomas respiratórios, e agravamento de doenças pulmonares, como asma, e cardiovasculares, como infarto do miocárdio.

→ Prevenção: Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crian-ças devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre; o restante da população deve evitar o esforço físico pesado ao ar livre (Tabela 7).

(42)

→ Riscos imediatos: Toda a população pode apresentar sérios riscos de mani-festações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Conforme indicado nas Tabelas 8, 7 e 6 respectivamente.

Estado de Alerta e Emergência: concentrações > 420 e > 500 µg/m³ (respecti-vamente).

→ Não existe indicação dos efeitos sobre a saúde nem sobre a prevenção e riscos imediatos.

4.2 Material particulado (MP2,5)

A concentração de partículas inaláveis finas MP2,5 estalecida para o PQA da CETESB é mais restritiva, melhor do que o padrão nacional – 60 µg/m³ contra 80 µg/m³. Já o padrão para o estado de Atenção é pior que o nacional – > 125 µg/m³ contra > 80 µg/m³ (valor ajustado, não havia distinção entre MP10 e MP2,5). Veja quadro abaixo.

Os padrões CETESB estão defasados dos padrões de uma cidade como Paris referência neste assunto, numa razão de 2 para 1, vide Tabela 2.

(43)

Nota: Na Figura 4 tem-se a ocorrência de 7 horas seguidas com concentrações da ordem

de 160 µg/m³, qual é plano de contingência para a região do aeroporto de Congonhas? A CETESB não estabeleceu padrão para tempo de amostragem de 1h. Já na cidade de Paris a concentração >110 (1h) já é considerada muito alta, veja a Tabela A.

Episódios Agudos – MP2,5 (CETESB):

Efeitos sobre a saúde, prevenção e riscos imediatos Estado de Atenção: concentrações > 125 µg/m³

No estado de Atenção a qualidade do ar é classificada como péssima.

→ Saúde: Agravamento dos sintomas respiratórios, e agravamento de doenças pulmonares, como asma, e cardiovasculares, como infarto do miocárdio.

→ Prevenção: Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crian-ças devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre; o restante da população deve evitar o esforço físico pesado ao ar livre.

→ Riscos imediatos: Toda a população pode apresentar sérios riscos de mani-festações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

(44)

Estado de Alerta e Emergência: concentrações > 210 e > 250 µg/m³ (respecti-vamente)

→ Não existe indicação dos efeitos sobre a saúde nem sobre a prevenção e riscos imediatos.

4.3 Dióxido de Enxofre (SO2)

O PQA estadual para SO2 é melhor do que o nacional, 60 µg/m³ contra 100 µg/m³. Para o estado de Atenção os padrões são os mesmos, > 800 µg/m³, portanto a CETESB manteve o padrão nacional. Veja quadro abaixo.

Interessante observar na Tabela 3. a correlação das faixas de padrões da CE-TESB e da AIRPARIF. As duas primeiras faixas da CECE-TESB são bem mais res-tritivas em relação a praticada em Paris, mas nas faixas seguintes a situação se inverte, e na faixa 4 observa-se um demasiado alargamento (> 365 µg/m³ – 800 µg/m³).

Nota: A tomada de ações pelas autoridades de Paris se dá quando a concentração de

po-luentes se encontra na faixa 4 (High). Acredito que a faixa estabelecida pela CETESB deve-ria ser revista, pois as ações de emergência (concentrações > 2.100 µg/m³) quando neces-sárias seriam tomadas tardiamente.

(45)

Episódios Agudos – SO2 (CETESB):

Efeitos sobre a saúde, prevenção e riscos imediatos Estado de Atenção: concentrações > 800 µg/m³

Já no estado de Atenção a qualidade do ar é classificada como péssima.

→ Saúde: Agravamento dos sintomas respiratórios, e agravamento de doenças pulmonares, como asma, e cardiovasculares, como infarto do miocárdio.

→ Prevenção: Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crian-ças devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre; o restante da população deve evitar o esforço físico pesado ao ar livre.

→ Riscos imediatos: Toda a população pode apresentar sérios riscos de mani-festações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Conforme indicado nas Tabelas 8, 7 e 6 respectivamente.

Estados de Alerta e Emergência: concentrações > 1600 µg/m³ e > 2100 µg/m³ (respectivamente).

→ Não existe indicação dos efeitos sobre a saúde nem sobre a prevenção e riscos imediatos.

(46)

4.4 Dióxido de Nitrogênio (NO2)

A concentração de NO2 estalecida pela CETESB é maior do que o padrão na-cional (CONAMA) – 260 µg/m³ contra 200 µg/m³. Já o padrão para o estado de Atenção CETESB é igual ao nacional, >1130 µg/m³ (vide quadro abaixo), o mesmo vale para os estados de alerta e emergência (Tabelas 3 e 5 CETESB).

Interessante observar na Tabela 4. a correlação das faixas de padrões da CE-TESB e da AIRPARIF. As três primeiras faixas da CECE-TESB são bem mais lar-gas em relação a AIRPARIF (Paris), mas nas faixas seguintes a situação fica mais extrema, na faixa 4 observa-se um demasiado alargamento (> 320 µg/m³ – 1130 µg/m³).

Nota: O episódio agudo de EMERGÊNCIA se dá para concentrações altíssimas maiores

que 3000 µg/m³ (Tabela 3 CETESB). Nesse caso as ações de emergência quando necessá-rias seriam tomadas muito tardiamente.

Episódios Agudos – NO2 (CETESB):

Efeitos sobre a saúde, prevenção e riscos imediatos Concentrações > 1130 µg/m³ – Indica estado de Atenção.

(47)

Já no estado de Atenção a qualidade do ar é classificada como péssima. → Saúde: Agravamento de sintomas respiratórios e também de doenças pul-monares, como asma, e doença pulmonar obstrutiva crônica.

→ Prevenção: Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crian-ças devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre; o restante da população deve evitar o esforço físico pesado ao ar livre.

→ Riscos imediatos: Toda a população pode apresentar sérios riscos de mani-festações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Conforme indicado nas Tabelas 8, 7 e 6 respectivamente.

Concentrações > 2260 µg/m³ e > 3000 µg/m³ – Indicam estado de Alerta e Emergência (respectivamente).

→ Não existe indicação dos efeitos sobre a saúde nem sobre a prevenção e riscos imediatos.

4.5 Ozônio (O3)

O PQA da CETESB é menor do que o padrão CONAMA, 140 µg/m³ (8 horas) contra 160 µg/m³ (1 hora). Já o padrão para o estado de Atenção é de > 200 µg/m³, metade do padrão CONAMA (> 400 µg/m³). Vide quadro abaixo. Essa razão de 1 para 2 também se aplica para os estados de alerta e emergência (Tabelas 3 e 5 CETESB).

(48)

A CETESB estabelece o tempo de amostragem de 8 horas (média móvel em 24h). O CONAMA e a AIRPARIF consideram um tempo de amostragem de apenas 1h, que acaba sendo mais restritivo. Portanto os padrões são permissí-veis. Veja exemplo no item 4. deste artigo.

Nota: Na Tabela 5. pode-se observar uma coerência muito grande entre os padrões

CE-TESB e AIRPARIF. Inclusive as três últimas faixas da CECE-TESB são mais restritivas. Episódios Agudos – O3 (CETESB):

Efeitos sobre a saúde, prevenção e riscos imediatos Estado de Atenção: concentrações > 200 µg/m³

Já no estado de Atenção a qualidade do ar é classificada como péssima. → Saúde: Agravamento de sintomas respiratórios e também de doenças pul-monares, como asma, e doença pulmonar obstrutiva crônica.

→ Prevenção: Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crian-ças devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre; o restante da população deve evitar o esforço físico pesado ao ar livre.

(49)

→ Riscos imediatos: Toda a população pode apresentar sérios riscos de mani-festações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Conforme indicado nas Tabelas 8, 7 e 6 respectivamente.

Estados de Alerta e Emergência: concentrações > 400 µg/m³ e > 600 µg/m³ (respectivamente)

→ Não existe indicação dos efeitos sobre a saúde nem sobre a prevenção e riscos imediatos.

4.6 Monóxido de Carbono (CO)

O PQA da CETESB é de 10.000 µg/m³ (9 ppm), o mesmo padrão adotado pelo CONAMA. O padrão para o estado de Atenção para São Paulo é igual ao nacional, >17.000 µg/m³ (15 ppm). Vide quadro abaixo. O mesmo acontece para os estados de Alerta e Emergência (>34000 µg/m³ e >45000 µg/m³, res-pectivamente).

Na Tabela 6 pode-se observar uma boa coerência entre os padrões CETESB e AIRPARIF. Inclusive nas duas últimas faixas (4 e 5) os padrões da CETESB são mais restritivos.

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Episódios Agudos – CO (CETESB):

Efeitos sobre a saúde, prevenção e riscos imediatos Estado de Atenção: concentrações > 15000 µg/m³

Já no estado de Atenção a qualidade do ar é classificada como péssima. → Saúde: Agravamento das doenças cardiovasculares, como infarto do mio-cárdio e insuficiência cardíaca congestiva.

→ Prevenção: Pessoas com doenças cardíacas, como angina, devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre e vias de tráfego intenso.

→ Riscos imediatos: Toda a população pode apresentar sérios riscos de mani-festações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Conforme indicado nas Tabelas 8, 7 e 6 respectivamente.

Estado de Alerta e Emergência: concentrações > 30000 µg/m³ e > 40000 µg/m³ (respectivamente)

→ Não existe indicação dos efeitos sobre a saúde nem sobre a prevenção e riscos imediatos.

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4.7 Resumo do Estudo a) Padrões PQA e Atenção

Situação CETESB (estadual 2013) em relação ao CONAMA (nacional 1990)

b) Escala de Padrões

Situação CETESB em relação ao AIRPARIF (Paris)

5. Ações de enfrentamento

Além das avaliações apresentadas, seria importante considerar um plano de contingência quando as concentrações se encontrarem na faixa 4 (qualidade do ar = muito ruim) como acontece em Paris, ou pelo menos quando do estado atenção. Isso deve estar associado a condições meteorológicas desfavoráveis, no sentido de dispersão de poluentes.

(52)

Cabe destacar que por conta das Mudanças Climáticas, eventos climáticos ex-tremos estão se tornando cada vez mais intensos e frequentes. Assim sendo as estiagens tendem a se prolongar, agravando a qualidade do ar principal-mente nos grandes centros urbanos. Portanto faz-se necessário agir para re-duzir as emissões de poluentes e em paralelo rere-duzir as queimadas, a destrui-ção das florestas e principalmente a queima de combustíveis de origem fóssil (Carvão Mineral, Diesel, Gasolina e Gás Natural).

5.1 Medidas imediatas (estado de Atenção)

No entorno das estações de medição que indicarem qualidade do ar muito ruim ou estado de Atenção:

• Restrição de circulação de veículos

• Gratuidade para os usuários do transporte público

• Comunicação efetiva com o público (Internet, rádio, televisão e redes so-ciais) e agentes da saúde diretamente com o público informando os com-portamentos inadequados (evitar esforço físico), e o que deve ser feito.

• Alerta para as unidades de saúde em relação ao sintomas e atendimento emergencial

• Suspensão da varrição de calçadas e logradouros públicos

• Incentivar o abastecimento dos veículos com Etanol.

(53)

5.2 Medidas preventivas a) Mobilidade

O incremento da mobilidade pressupõem uma maior utilização do sistema pú-blico de transportes (metro, ônibus e trem) e menor dependência do carro. Isso indiretamente acaba por reduzir as emissões de poluentes. A seguir são apre-sentadas algumas medidas:

• Ampliar o espaço público de qualidade (calçadas mais largas, seguras e arborizadas) de maneira a ampliar o número de pedestres.

• Ampliar e aprimorar o transporte público.

• Restrição da passagem de veículos (estreitamento das ruas) e ampliação do rodízio (placas final par e ímpar conforme o dia).

b) Frota e Combustíveis

Veículos mais novos trazem sistemas de motores mais eficientes, que garan-tem emissões menores e redução no consumo de combustível. A seguir são apresentadas algumas medidas:

• Programa de renovação da frota. Incentivar a troca de veículos carbura-dos por veículos com sistema de gerenciamento eletrônico. Isso também vale para os ônibus.

• Incentivar o abastecimento dos veículos com etanol (imposto flutuante maior para a gasolina nos meses de inverno, por exemplo).

• Venda exclusiva de Biodiesel B20 de tipo S10 (baixíssimo teor de enxo-fre) para toda a RMSP.

(54)

5.3 Planejamento

O mapeamento geográfico dos poluentes e suas respectivas concentrações ao longo dos anos são importantes indicadores para o desenvolvimento de políti-cas públipolíti-cas. Porém as medidas devem ser planejadas multidisciplinarmente e avaliadas quanto aos seus impactos sócio-econômicos.

O desenvolvimento deste processo exige amplas discussões, com a participa-ção de integrantes de várias áreas, tais como as áreas de saúde, planejamen-to, trânsiplanejamen-to, transporte, meio ambiente, tecnologia, combustíveis, sociedade, entre outras. Não se pode esquecer que os efeitos da poluição atmosférica e a abrangência das medidas adotadas são em regra geral transdisciplinares.

5.4 Divulgação e conscientização

Atualmente a previsão do tempo ganhou muito espaço nos telejornais, nos pro-gramas de rádio e no próprio jornal impresso. Acredito que seja o momento para incluir a divulgação de informações sobre a qualidade do ar, acompanha-da de uma análise. Aos poucos ampliaria a conscientização acompanha-das pessoas frente aos riscos que estão submetidas e a responsabilidade associada aos hábitos de transporte.

6. Motorização em jogo

Considerando que os períodos de estiagem tendem a se prolongar devido as Mudanças Climáticas fica claro que os motores a combustão estão com os dias contados. Por mais que através da tecnologia seja possível reduzir as emissões de poluentes, vamos chegar a um limite custo benefício, mesmo as-sim ainda haveria emissões de CO2, que alimentam as Mudanças Climáticas.

(55)

Pode-se fazer uma analogia com a lâmpada incandescente de Thomas Edison que por meio da eletricidade ela ilumina, sua função principal, mas também boa parte da energia se perde na forma de calor. O mesmo acontece com o motor a combustão, o combustível faz o motor girar e o veículo se mover, mas a queima do combustível também gera calor, e ainda ocorre perda de energia pelo atrito das peças móveis do motor.

A alternativa mais viável são os veículos tracionados com motores elétricos. Praticamente toda a energia elétrica aplicada ao motor é transformada em mo-vimento. Mas não adiantaria muito gerar eletricidade a partir de termelétricas (emissão CO2 fóssil). Portanto incentivar o uso do carro elétrica mas também a geração de eletricidade a partir fontes limpas: biomassa, solar e eólica por exemplo. Na verdade isso já vem acontecendo, porém num ritmo lento frente ao atual desafio civilizatório.

Cabe destacar que o carro elétrico não é uma novidade histórica. Em 1897 sur-giu o primeiro táxi elétrico em Nova York. A mesma cidade sediou o Salão do Automóvel de 1900, e os veículos elétricos eram maioria frente aos modelos a vapor e a gasolina.

Importante lembrar que mesmo com uma frota de carros elétricos o material particulado de origem física, proveniente do desgaste dos pneus, dos freios, e da ressuspensão da poeira presente no pavimento não deixariam de existir.

(56)

7. Considerações finais

Numa cidade como São Paulo os veículos, principalmente os carros, são a causa primária da poluição do ar. Apesar de toda a evolução tecnológica que reduziu fortemente as emissões de poluentes dos veículos individualmente, não foi possível reverter o nível de poluição do ar em decorrência do cresci-mento acelerado da frota, média de um carro para cada dois habitantes.

De um lado tem-se um ótimo monitoramento online (estações da CETESB es-palhadas pela cidade, informam hora a hora o mapa da poluição) de outro lado temos um paciente que não consegue reagir por si só (a população), ou seja, falta o médico (promoção e aceleração das políticas públicas de mobilidade, de combustíveis mais limpos e motorização elétrica) e por fim o terapeuta (pro-moção da educação ambiental em caráter contínuo). Por falta de um entrosa-mento entre diagnóstico, médico e terapeuta, continuamos a tratar a questão da poluição do ar como quem trata da obesidade alargando o cinto.

As vítimas dos estados agudos de poluição do ar são na maioria crianças e idosos. Muitas das vezes os casos fatais são atribuídos a condições naturais, como os infartos, quando na verdade a poluição aguda do ar potencializa esse quadro em pessoas hipertensas. Quando acreditarmos que estamos “economi-zando” por não implementar as devidas políticas públicas, a conta apenas está trocando de mão. A população paga com sua saúde e os hospitais e prontos socorros com os custos de atendimento.

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Por fim, deixando de lado o nosso ponto de vista apenas antropocêntrico, não podemos esquecer da fauna e flora que fazem parte do ecossistema e também sofrem os impactos da poluição do ar. Além dos poluentes já tratados aqui, também estão sujeitas (local e regionalmente) a chuva ácida – ácido nítrico e ácido sulfúrico: produtos da reação química dos óxidos de nitrogênio e enxofre (respectivamente), com a umidade e o oxigênio do ar.

Principais Referências

– Goldemberg, Jose., Villanueva, Luz Dondero. Energia, Meio Ambiente e De-senvolvimento. Sao Paulo: Edusp, 2003.

– Martins, Maria Helena R.B., Coordenação Geral. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2016; São Paulo: CETESB, 2017. (arquivo PDF diponível no site da CETESB).

– Philippi Jr., Arlindo., Roméro, Marcelo de Andrade., Collet, Bruna Gilda., Edi-tores. Curso de Gestão Ambiental. Barueri/SP: Manole, 2004.

– Santana, Eduardo …[et al.]. Padrões de qualidade do ar: experiência compa-rada Brasil, EUA e União Européia. São Paulo: Instituto de Energia e Meio Am-biente, 2012. (arquivo PDF disponível no site do IEMA).

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PIRÂMIDE DO CONSUMO SUSTENTÁVEL

Uma das atrações do modelo econômico ocidental é a elevação dos padrões de vida de um quinto da humanidade para um nível que nossos ancestrais nunca teriam sonhado, proporcionando uma dieta incrivelmente diversificada, níveis sem

precedentes de consumo material e mobilidade física inimaginável. Mas, infelizmente não funcionará a longo prazo mesmo para esse quinto afluente e muito menos para o resto do mundo.

Reestruturação da Economia. Eco-Economia, Lester Brown, EPI - Earth Policy Institute, 2003.

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Ato de Consumir

Diversos são os impulsos que nos levam para o consumo. Desde o mais trivial para satisfazer nossas necessidades alimentares e de higiene, até os mais inconsequentes para satisfação do nosso ego que com frequência coloca em risco nosso orçamento e a nossa capacidade de poupança.

Em todos os casos estamos exigindo sempre mais do planeta, não só naquilo que a natureza nos prove mas também na sua capacidade de lidar com os resíduos desse consumo, com freqüência descartados sem nenhum critério e controle. Ainda acreditamos no mito da grandiosidade da natureza que

absorverá todos os nossos resíduos e efluentes, encarregando-se de degradá-los.

O mundo vem ganhando escala em tudo. O consumo cresceu numa razão bem superior ao aumento da população. O padrão de conforto e comodidade tem-se elevado constantemente. Aparentemente tudo isso é muito bom e deveria ou poderia ampliar-se sempre, mas sem pensar em limites

caminhamos para um colapso socioambiental.

O que está em jogo é a capacidade do planeta continuar a atender esse padrão civilizatório. Não mais do que 30% da população mundial tem acesso as maravilhas do mundo moderno. E é exatamente essa parcela que exige cada vez mais dos bens e serviços que a natureza oferece. Não se da

conta de que já está pagando a conta, e de maneira indireta pagam também aqueles que estão fora desse processo, e todos os seres vivos sem distinção. Basta ver a crise de abastecimento de água e da oferta de energia, a poluição do ar e das águas, a contaminação dos solos e dos alimentos, e as mudanças climáticas.

Referências

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