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PIRÂMIDE DO CONSUMO SUSTENTÁVEL Uma das atrações do modelo econômico ocidental é a elevação dos padrões de vida

HERBIE 2.0 O CARRO AUTÔNOMO

Nós ainda podemos moldar o nosso futuro de uma forma que beneficie a todos. A janela de oportunidade para fazer isso é agora. Assumamos, portanto, uma

responsabilidade coletiva por um futuro em que a inovação e a tecnologia estejam focadas na humanidade e na necessidade de servir ao interesse público, e estejamos certos de empregá-las para conduzir-nos para um desenvolvimento mais sustentável. Acredito firmemente que a nova era tecnológica, caso seja criada de forma ágil e responsável, poderá dar início a um novo renascimento cultural que irá permitir que nos sintamos parte de algo muito maior que nós mesmos – uma verdadeira

civilização global.

Klaus Schwab, A quarta revolução industrial. World Economic Forum. 2016, Edipro.

Artigo de Carlos Pedro Staudt – Ecosfera 21

A princípio toda tecnologia lícita e pessoal é boa, depende do modo como fazemos uso dela. Isto é, a maneira e a intensidade pela qual a utilizamos. O exagero normalmente implica em transtornos de comportamento como no caso dos Smartphones (celulares inteligentes), que vão desde o acesso frenético das redes sociais e uso incansável do Whatsapp. Muitos jovens de uma cidade como São Paulo não sabem caminhar sem o auxílio do GPS.

O uso desmedido das tecnologias pessoais reflete a carência de humanidade e solidariedade dos seus usuários. Isso se comprova no pouco tempo que dedicamos ao convívio social e familiar, da conversa real, frente a frente. Pois é no convívio com outras pessoas que nós nos percebemos e nos

reconhecemos.

Adentrando no tema do artigo, é importante situar o carro. É definido como veículo automotor, sendo muito popular mundo afora. Também conhecido como veículo de passeio ou automóvel. Nascido há pouco mais de um século tomou conta das ruas das cidades e é o principal vilão da mobilidade, porém não é o único.

Já o carro autônomo, previsto para ser vendido comercialmente em 2025, ainda é pouco conhecido e debatido. Vale salientar que quando novos

produtos são alardeadas como sendo grandes avanços da ciência e tecnologia a favor das pessoas e dos negócios, não paramos para refletir as suas

implicações em nossas vidas, apenas queremos entender as

vantagens/benefícios que normalmente são “garantidos” pelos seus próprios fabricantes.

Nessa linha o carro autônomo parece ser um caso emblemático de inovação. O mais correto seria afirmar que como está na fase de testes ainda se trata de uma invenção, pois não se viabilizou como produto até o momento. O público em geral aguarda mais essa novidade. Porém já é tempo para pensar melhor sobre o assunto.

Antes de ser lançado o Herbie 2.0 – nome que adotei para me referir ao carro autônomo em geral – esse já traz certo deslumbramento “uma maravilha Hi- tech dos novos tempos” ,porém, pelo que já pesquisei sobre o assunto, até o momento não identifiquei nenhum benefício que realmente mereça destaque. A publicidade e os meios de comunicação são implacáveis nesse processo, pois tem força de construir necessidades artificiais.

Esse tipo de veículo dispensa motorista. Pode então se deslocar com ou sem passageiro. Podemos imaginar diversas situações, por exemplo, uma pessoa que o utiliza para ir ao trabalho e depois o manda de volta para casa. Se vai para uma reunião ou fazer compras – por falta de vaga para estacionar ou para economizar no estacionamento – pode programá-lo para dar voltas no

quarteirão…

Durante o trajeto o passageiro estaria livre para ler, falar no celular, navegar na internet. Não lhe restará tempo para observar a cidade, os parques, a chuva, o dia ensolarado, e as pessoas. Provavelmente estará preso num

congestionamento. O carro se transformará num escritório sobre rodas mas com pouca mobilidade.

Cuidado redobrado com os hackers que podem invadir o sistema e interferir na condução segura do veículo. Não podemos esquecer os experts que podem adulterar os parâmetros de segurança do sistema em nome dos seus próprios interesses ou de terceiros.

Hoje com o motorista real os acidentes normalmente ocorrem por excesso de velocidade, imprudência, imperícia, irresponsabilidade, uso de drogas e

No caso do Herbie 2.0 como se dará o enquadramento criminal / penal. Como será a legislação para o condutor virtual. A defesa poderia alegar – internet lenta, vírus, entre outras. E se o carro estiver trafegando sem passageiros? Poderá transportar passageiros menores de idade desacompanhados?

Cada vez que nos afastamos do controle da nossa vida e das coisas, nós nos alienamos, ou seja, perdemos nossa autonomia. Perda de autonomia significa perda de independência. Serei escravo da tecnologia ou a tecnologia apenas me ajudará nas tarefas do dia a dia? Devemos nos atentar para os limites do seu uso e do espaço que ela irá ocupar na nossa vida. Se a tecnologia

permear tudo, ou quase tudo em nossa vida, seremos vitimados por algum efeito colateral muito grave.

Vale lembrar o famoso filme dos estúdios da Disney “Se meu fusca falasse”. Nessa película lançada em nos cinemas em 1969 havia um carro chamado Herbie (estrela do filme). Além de ser autônomo, tinha sentimentos e faltava apenas falar. Talvez isso também possa se tornar realidade se adicionarmos aos carros autônomos em testes, uma “inteligência artificial”…

Para concluir, temos diante de nós um desafio imenso, um momento especial para refletirmos e tomarmos as rédeas do presente e pensarmos melhor o futuro de maneira coletiva, criativa e responsável. Tudo isso pelo simples fato de sermos os próprios e os únicos agentes do nosso tempo!

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