Continuação da aula: Lombalgia/Ciatalgia 1
Anamnese
• A coleta de dados a partir da investigação
da história do paciente, juntamente com o
exame físico ortopédico, neurológico e,
quando necessário, radiológico, é
fundamental para o diagnóstico correto
das lombalgias e lombociatalgias.
Os seguintes itens devem ser questionados :
a) Intensidade e horário da dor
Na hérnia discal e nas lombalgias inflamatórias a dor pode ocorrer de manhã.
Na estenose de canal vertebral a dor piora com o decorrer do dia.
No osteoma osteóide a dor piora durante a noite e madrugada. Na lombalgia mecânico-degenerativa, a dor piora no final da
tarde, após o trabalho.
Nas espondiloartropatias a dor é matinal, melhorando ao longo do dia
b) Relação existente entre a dor e a atividade
corporal e repouso
Na lombalgia mecânico-degenerativa , a dor piora com os movimentos, acentuando-se com atividades físicas e trabalho
c) Associação da lombalgia e lombociatalgia
com queixas sistêmicas
d) Tipo de irradiação da dor
Nas espondiloartropatias a dor se irradia para as nádegas. Nas síndromes facetárias a dor pode irradiar para as coxas,
sem ultrapassar os joelhos.
Nas compressões radiculares, a dor obedece quase sempre um trajeto dos dermátomos.
As hérnias discais podem causar dor lombar sem irradiação para os membros inferiores, principalmente quando são
centrais.
e) Fatores psicossomáticos
O estresse emocional pode agravar a dor na lombalgia mecânico-degenerativa.
Exame Físico (examinar objetivamente)
• Inspeção:
- Avaliar postura:
- Curvas e marcha - Triângulo de Talhe - Altura dos ombros
- Se paciente apresenta claudicação
- Com paciente despido: - avaliar:
- linha espondiléia
- desnivelamento da bacia - dismetria dos membros inferiores
• Palpação: diferenciar se a lesão da coluna é óssea, ligamentar ou muscular.
- Palpar para avaliar contratura muscular, retificação da
lordose lombar e restrições funcionais;
- Realizar as manobras e procurar os sinais com a finalidade de pesquisar e avaliar as alterações
Na artrose zigoapofisária a dor lombar agrava-se com a
extensão.
Na estenose de canal vertebral lombar a dor agrava-se com a extensão, podendo após alguns minutos, manifestar ciatalgia
bilateral.
No comprometimento discal a dor piora geralmente com a flexão, devido ao aumento da pressão intradiscal, durante este movimento.
O aumento da dor com esta manobra, ou irradiação até o pé, sugerem compressão
radicular.Com o paciente na posição sentada é solicitado a realização de expiração forçada com a boca fechada e esforço semelhante ao ato de evacuar. O aparecimento ou agravamento da dor indica aumento da pressão intratecal.
A manobra é considerada positiva se houver
exacerbação da dor irradiada quando o membro inferior fizer um ângulo de 35 a 70 graus com o plano
horizontal, estando o
paciente em decúbito supino completo com extensão do quadril e joelho,
configurando a compressão radicular.
4. Manobra de Bragard
É uma sensibilização do Lasègue pela dorsiflexão do tornozelo. Positivo
quando há aumento do quadro álgico.
Sigard
é a manobra de flexão dorsal do metatarso.5. Manobra de Romberg
É considerada anormal, se o movimento compensatório do corpo for necessário para manter os pés fixos no mesmo lugar. Este sinal costuma ser positivo na estenose do canal.
Colocamos o paciente em decúbito dorsal e ao flexionarmos o quadril contra o abdome a coxa contralateral vai se manter apoiada sobre a mesa ( manobra de Thomas foi negativa).
O limite normal para a flexão do quadril é de 135°. Ao flexionarmos o
lado são elimina-se a lordose
compensatória, aparecendo a flexão da coxa do lado contralateral.
Quando ocorrer a flexão da coxa contralateral dizemos que a manobra
é positiva.
A gravidade da contratura em flexão pode ser determinada avaliando-se o
ângulo entre a mesa e a coxa do paciente.
Compressão das jugulares e pede-se que o paciente respire fundo, com isso aumenta a pressão do líquido
cefaloraquídiano (LCR) e o paciente refere dor irradiada para o(s) membro(s) superior(es) ou inferior(es).
8. Sinal das pontas.
Se o paciente não consegue andar apoiando com os calcanhares (um deles) indica compressão da raiz L5.
Se o paciente não consegue andar apoiando com as ponta dos pés (uma delas) indica compressão da raiz S1.
9. Sinal do arco de corda
Levanta-se a perna do paciente, como na manobra de Lasègue, até que a dor apareça; nesse momento, faz-se uma flexão do joelho. Positivo para hérnia discal quando há redução e/ou
desaparecimento da dor.
10.Sinais relacionados às lombalgias psicossomáticas Sensibilidade de distribuição não anatômica.
Simulação de dor lombar, realizando compressão axial no topo do crânio ou fazendo rotação dos ombros, evitando movimentar a região lombar.
Discrepâncias no sinal de Lasègue, quando pesquisado sentado ou deitado.
São dispensáveis em pacientes com lombalgia mecânica aguda. Nas situações de persistência, além da quarta semana do início da sintomatologia estão indicadas
radiografias nas incidências em PA e perfil.
Se houver suspeita da presença de um processo infamatório,
infeccioso, neoplásico ou fratura deve-se realizar radiografias na 1ª consulta em PA e perfil.
Pode ser solicitada nas
lombalgias agudas com
evolução atípica, ou se
houver evolução
insatisfatória, sem
determinação da causa
após 6 semanas de
tratamento clínico.
Permite avaliar as
alterações discais,
alterações degenerativas
dos planaltos vertebrais e
facetas articulares.
Pode ser solicitada nas lombalgias agudas com evolução atípica, ou se houver evolução insatisfatória, sem determinação da causa após 6
semanas de tratamento clínico.
É o exame de escolha para visualizar hérnias discais e processos
degenerativos precocemente. Demonstra com precocidade alterações estruturais da medula óssea.
São exames invasivos, que devem ser utilizados em casos em que a tomografia e a ressonância
magnética não foram
esclarecedoras em processos de compressão radicular.
A mielografia associada às radiografias dinâmicas permite informações adicionais nas estenoses do canal vertebral e foraminais, principalmente quando há o acometimento de mais de um nível.
5. Discografia
É um método invasivo, de indicação restrita, que pode
ser indicado para a determinação do disco que
determina o processo álgico, quando a ressonância
magnética demonstrar o acometimento de 2 ou mais
disco lombares
6. Eletroneuromiografia
Não está indicada nas lombalgias agudas e crônicas,
nem nas lombocialgias agudas.
Tem indicação restrita, podendo ser indicada nas
patologias do sistema nervoso periférico, fornecendo
informações sobre a presença de compressões agudas
ou crônicas das raízes nervosas.
Não tem indicação na lombalgia mecânica aguda;
• Exame muito sensível para a detecção precoce da
espondilólise,
• Ineficiência do tratamento conservador;
• Instabilidades vertebrais (hérnias de disco
lombar e espondilolisteses)
• Artrodese vertebral
fusão entre as
vértebras acometidas (enxerto autógeno,
particularmente do ilíaco).
Uso de coletes no PO.
• Sínteses metálicas
estabilização do
segmento de forma mais rápida.
• Hérnia de disco
laminectomia do
seguimento acometido + retirada do
núcleo pulposo.
• Compressão por estenose do canal e
espondilolisteses
liberação do canal
nas estruturas ósseas ou discais.
Associar com artrodese nas de causas
discais.
• Queixas de origens tumorais ou
infecciosas
abordagem direta nos
corpos vertebrais acometidos.
Curetagem + drenagem + artrodese
vertebral.
Tratamento da doença de base deve ser
complementar ao tratamento cirúrgico.
• Iatrogênico
–Desestabilização da coluna vertebral,
acarretando problemas de dor crônica e até
mesmo o retorno das queixas dolorosas do
pré-operatório;
• Repouso: decúbito supino com joelhos e
quadris fletidos, de forma que a coluna lombar
se retifique, reduzindo a pressão sobre os
discos intervertebrais.
• Duração: 2 a 6 dias.
Posição de
Zassirchon.
• Medicamentos:
Analgésicos;
- Paracetamol 500mg 4 a 6 vezes ao dia
dor de
intensidade discreta e moderada.
- Dipirona 500mg 4 vezes ao dia.
Aines;
Glicocorticóides;
- O uso prolongado deve ser evitado pelos efeitos
colaterais adversos.
Antidepressivos;
- Atuam ajudando a baixar o limiar da dor.
Infiltração tópica com glicocorticóides.
Reabilitação física:
1. Dor lombar de causa mecânica
Fase aguda:
Aumento da temperatura;
Baixa da temperatura;
Acupuntura;
Uso de órteses;
Manipulação ou "massagem não
fisioterápica“;
Fase crônica:
Exercícios
2. Dor lombar de causa não
mecânica ou mecânicas de ordem
infecciosa, tumoral, congênita ou
psicossomáticas: tratar fatores
• 1)TRATAMENTO DA DOR
• O alívio é sintomático e o tratamento
da dor é uma questão de ética indicado
apenas num pequeno grupo de casos
selecionados pois a dor serve como
guia para orientar o grau de atividade e
a intensidade dos exercícios.
• Dispomos de numerosos métodos
para combater a dor como aplicação de
modalidades térmicas ou elétricas e
2)ALONGAMENTO DA MUSCULATURA
PARAVETEBRAL E
FORTALECIMENTO DE
MUSCULATURA ABDOMINAL OU
CERVICAL.
• Deve ser iniciada após fase aguda, pois
previne recorrências;
• Os dois métodos mais comuns para
tratar lombalgia são os métodos
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