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Estimação das Taxas de Infecção e Cura no Processo de Contato

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Estima¸

ao das taxas de infec¸

ao e cura no

Processo de Contato

Felipe Rafael Ribeiro Melo

Rio de Janeiro 2008

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Felipe Rafael Ribeiro Melo

Estima¸c˜ao das taxas de infec¸c˜ao e cura no Processo de Contato

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Estat´ıstica do Instituto de Matem´atica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Estat´ıstica.

Orientador:

Glauco Valle da Silva Coelho

Departamento de M´etodos Estat´ısticos Instituto de Matem´atica

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Folha de exame

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Estat´ıstica do Instituto de Matem´atica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Estat´ıstica.

Banca examinadora:

Glauco Valle da Silva Coelho Instituto de Matem´atica - UFRJ

Nei Carlos dos Santos Rocha Instituto de Matem´atica - UFRJ

Valentin Sisko

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Agradecimentos

´

E com muito orgulho que escrevo esta p´agina, pois sozinhos n˜ao somos nada. Em primeiro lugar, agrade¸co a Deus, for¸ca suprema e causa prim´aria de todas as coisas, e todas as for¸cas invis´ıveis que contribu´ıram comigo para que este trabalho chegasse ao ponto que chegou; e minha fam´ılia, a base de tudo, pela confian¸ca no meu potencial, pelo apoio e incentivo que nunca deixaram de existir, e pela paciˆencia em lidar com meu stress e, por vezes, perfeccionismo, fruto do esfor¸co para obter um bom rendimento na disserta¸c˜ao.

Aos professores que passaram na minha vida, dos quais extra´ı grande parte da base intelectual que hoje possuo, desde a Tia Aldin´eia no C.A. ao meu orientador Glauco Valle. A este, um agradecimento especial, por todo o entrosamento obtido nesses aproximadamente 15 meses trabalhando juntos, pela aten¸c˜ao dedicada e pela paciˆencia com minha relativa falta de forte base matem´atica (e tamb´em de Processos Estoc´asticos). Agrade¸co ao pessoal do corpo discente da p´os-gradua¸c˜ao, em particular aos meus companheiros da turma de Mestrado de 2006, que souberam como foi viver toda a press˜ao do primeiro ano de curso. Assim como eu, Luiz, L´eo e F´abio (grande companheiro desde os tempos de UERJ, que seria de n´os se n˜ao fossem as ajudas que um oferecia ao outro nas disciplinas do Mestrado!?) continuaram para o segundo ano, mas n˜ao poderia me esquecer de companheiros que n˜ao est˜ao mais no curso, como Simone, Cleide e Flavinha. Tamb´em agrade¸co em especial a Val (que me ofereceu o preˆambulo para o relat´orio e me deu dicas para edi¸c˜ao do texto); o Vin´ıcius, com o qual tive meu primeiro contato com o Latex no minicurso que ele ministrou, al´em do divertido conv´ıvio (mesmo que em pequena escala) e da aceita¸c˜ao em otimizar meu algoritmo em C (acabou n˜ao sendo necess´ario, mas valeu a inten¸c˜ao!); o Joaquim, que veio com o minicurso de Ox na hora

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em que eu mais precisava e que me tirou algumas d´uvidas a respeito deste software; e a todos que tiveram paciˆencia com meus programas rodando no laborat´orio, pois sei que foram muitos!

Aos meus amigos Giselli, Luciana e Douglas, pessoas que mais me ajudaram quando estive fraco e desmotivado com a vida, momento que coincidiu com o come¸co da disserta¸c˜ao. A melhor forma de agradecer a vocˆes ´e mostrar que estou aqui, renascido e com uma disserta¸c˜ao pronta, pronto para me tornar Mestre!

Ao povo da sala 714 da Escola Nacional de Sa´ude P´ublica, mas em especial quero destacar a professora Mariane Branco Alves, sempre presente em minha vida acadˆemica desde 2003, seja como aluno, orientando de Projeto de Extens˜ao, orientando de monografia de Gradua¸c˜ao ou assistente de pesquisa. Algu´em que admiro muito como pessoa e profissional e que, sem ela, minha vida acadˆemica n˜ao seria a mesma. Tamb´em a todas as outras pessoas importantes que surgiram no meu caminho gra¸cas a Funda¸c˜ao Oswaldo Cruz.

A CAPES, pelo apoio financeiro.

Aos membros da comunidade do Latex no Orkut, na qual retirei muitas d´uvidas em rela¸c˜ao a esta linguagem.

Por fim, agrade¸co a todos que torceram por mim, desde os que est˜ao no Rio aos que est˜ao a muitos quilˆometros de distˆancia. Muito Obrigado!

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Resumo

Os processos de contato s˜ao modelos interessantes e ´uteis para uma variedade de problemas em Probabilidade Aplicada, como modelos que tratam de propaga¸c˜ao de epidemias, infec¸c˜oes de ordem biol´ogica em determinada estrutura celular ou crescimento de sistemas ecol´ogicos. Essencialmente, s˜ao processos de Markov a tempo cont´ınuo, onde cada ponto (s´ıtio) em uma grade d-dimensional de valores inteiros possui um de dois poss´ıveis estados: sadio ou infectado. O processo inicia-se com um conjunto n˜ao-vazio de s´ıtios infectados e desenvolve-se com a infec¸c˜ao sendo transmitida para vizinhos dos s´ıtios infectados e, independentemente, cura de s´ıtios infectados, ao longo do tempo transcorrido.

O presente trabalho traz o embasamento te´orico desta classe de processos, incluindo uma s´erie de resultados, e alternativas para a estima¸c˜ao dos parˆametros de infec¸c˜ao e cura. Tamb´em foi avaliada uma diferente classe de processos de contato onde h´a imuniza¸c˜ao de s´ıtios, uma vez que estes foram curados da infec¸c˜ao. Sugerimos uma alternativa para a estima¸c˜ao dos parˆametros deste modelo. Simula¸c˜oes computacionais foram realizadas para verificarmos empiricamente diversos pontos analisados na teoria que se desenrola ao longo dos cap´ıtulos desta disserta¸c˜ao para o processo de contato usual, assim como realizamos simula¸c˜oes dos processos com imuniza¸c˜ao, objetivando verificar se o estimador sugerido ´e razo´avel.

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Abstract

The contact processes are interesting and useful models for a variety of applied probability problems, such as models concerned with spread of epidemics, biological infection on a cellular structure or growth of ecological systems. Essentially, the contact processes are Markov processes in continuous time, which every point in a d-dimensional integer lattice is in one of two possible states: healthy or infected. The process starts with a nonempty set of infected sites and evolves with infection being transmitted to neighboring sites of infected sites and independently infected sites being cured along the time.

This dissertation brings the theoretical framework for this class of processes, including some important theoretical results and alternatives for the parameters estimation. We also study a class of models with immunization of sites once cured of its infection. We propose an alternative for the estimation of the infection parameter for this model. Computational simulations were made to check empirically various points viewed in theory over the chapters in this dissertation for the usual contact process, and the process with immunization to verify whether the proposed estimators are reasonable.

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Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares 8

1.1 Constru¸c˜ao dos processos . . . 8

1.2 Sobrevivˆencia da infec¸c˜ao: casos supercr´ıtico e subcr´ıtico . . . 14

1.3 O Teorema da Convergˆencia Completa . . . 16

1.4 O Teorema da Forma . . . 20

2 Estimadores de M´axima Verossimilhan¸ca 22 2.1 Defini¸c˜oes preliminares . . . 22

2.2 Fun¸c˜ao de Verossimilhan¸ca . . . 25

2.3 Estimadores e suas propriedades . . . 27

3 Estima¸c˜ao via um m´etodo de contagem 34 3.1 Metodologia de estima¸c˜ao . . . 34

3.2 O uso do envolt´orio convexo . . . 36

3.3 Comportamento assint´otico . . . 37

3.4 Estabelecendo o teorema . . . 40

3.5 Compara¸c˜ao de estimadores . . . 49

3.6 Resultados . . . 51

4 Processos com imuniza¸c˜ao 59 4.1 Dinˆamica do processo . . . 59

4.2 Percola¸c˜ao . . . 60

4.3 Teorema da Forma . . . 64

4.4 Resultados . . . 65 5 Conclus˜oes e Compara¸c˜oes 70

(10)

Apˆendice A: Algoritmo em Ox para simula¸c˜oes de Processos de Contato de parˆametros

(λ, 1) 75

Apˆendice B: Algoritmo em Ox para simula¸c˜oes de Processos com imuniza¸c˜ao de

(11)

Lista de Figuras

1.1 Representa¸c˜ao gr´afica do cilindro RC

(−1,1)∩ R(−3,2)∩ R(3,2). . . 9

1.2 Representa¸c˜ao gr´afica dos processos de contato no caso unidimensional. . . 13 3.1 Exemplo de contorno L1 do envolt´orio convexo da configura¸ao de s´ıtios infectados em

um determinado instante de tempo. . . 39 3.2 Amostra da configura¸c˜ao de um processo de contato com parˆametros λ = 2 e µ = 1 no

instante T = 20. . . 51 3.3 Amostra da configura¸c˜ao de um processo de contato com parˆametros λ = 3 e µ = 1 no

instante T = 20. . . 52 3.4 Amostra de um processo de contato de parˆametros (2, 1) para instantes de tempo T = 5,

T = 10 e T = 20. . . 53 3.5 Amostra de um processo de contato de parˆametros (3, 1) para instantes de tempo T = 5,

T = 10 e T = 20. . . 54 3.6 Amostra de um processo de contato de parˆametros (5, 1) para instantes de tempo T = 5

e T = 10. . . 54 3.7 Distribui¸c˜oes emp´ıricas para as estimativas sem peeling. . . 57 3.8 Distribui¸c˜oes emp´ıricas para as estimativas com peeling. . . 58 4.1 Exemplo de percola¸c˜ao para processos com imuniza¸c˜ao com infec¸c˜ao come¸cando na origem. 62 4.2 Representa¸c˜ao gr´afica de processos com imuniza¸c˜ao no caso unidimensional. . . 63 4.3 Amostra da configura¸c˜ao de um processo com imuniza¸c˜ao de parˆametro λ = 3 no instante

T = 20. . . 66 4.4 Amostra de um processo de contato com imuniza¸c˜ao de parˆametro λ = 3 para instantes

de tempo T = 5, T = 10 e T = 20. . . 67 4.5 Amostra de um processo com imuniza¸c˜ao de parˆametro λ = 5 para instantes de tempo

T = 5 e T = 10. . . 68 4.6 Distribui¸c˜oes emp´ıricas para as estimativas do parˆametro de infec¸c˜ao do processo com

(12)

Lista de Tabelas

3.1 M´edias e desvios padr˜oes amostrais das estimativas de cada grupo de amostras de processos simulados com os mesmos valores de λ e T considerando toda a grade bidimensional. . . 55 3.2 M´edias e desvios padr˜oes amostrais das estimativas de cada grupo de amostras de

processos simulados com os mesmos valores de λ e T utilizando peeling. . . 55 4.1 M´edias e desvios padr˜oes amostrais das estimativas de cada grupo de amostras de

(13)

Introdu¸

ao

Os processos de contato – e, mais genericamente, sistemas de part´ıculas interagentes – foram primeiramente estudados e apresentados por Harris [10]. O rigoroso embasamento te´orico de tais processos mostra-se ´util no tocante a provar teorias, em especial nas ´areas da F´ısica e da Biologia Te´orica. Al´em disto, s˜ao modelos interessantes e ´uteis para uma variedade de problemas em Probabilidade Aplicada. Os exemplos mais comuns s˜ao: modelos que tratam de propaga¸c˜ao de epidemias; infec¸c˜oes de ordem biol´ogica em determinado tecido/´org˜ao; crescimento de sistemas ecol´ogicos.

Para compreens˜ao do processo, primeiramente considere a grade d-dimensional de valores inteiros Zd = {x = (x

1, . . . , xd) : xi ∈ Z, i = 1, . . . , d}. Na linguagem

de sistemas de part´ıculas, tais pontos s˜ao denominados s´ıtios. Cada um desses s´ıtios possui um de dois poss´ıveis estados: sadio ou infectado. Sendo assim, tem-se, a cada instante t ≥ 0, uma configura¸c˜ao em {0, 1}Zd. No instante inicial (t = 0) o conjunto

de s´ıtios infectados ´e n˜ao-vazio e definido atrav´es de uma distribui¸c˜ao de probabilidade no espa¸co de configura¸c˜oes poss´ıveis. A dinˆamica do processo ocorre da seguinte forma: com o decorrer do tempo, a infec¸c˜ao se transmite de um s´ıtio infectado para um s´ıtio sadio (independentemente entre estes tipos de pares de vizinhos) segundo um processo de Poisson de taxa λ; por outro lado, de modo independente, cada s´ıtio infectado, independentemente um do outro, torna-se sadio segundo um processo de Poisson de taxa µ. Aqui, taxa se refere ao parˆametro da distribui¸c˜ao exponencial que representa a distribui¸c˜ao do intervalo de tempo entre a ocorrˆencia de dois pontos consecutivos no processo de Poisson. Entende-se por vizinhos dois s´ıtios tal que a distˆancia L1 entre estes

´

(14)

Zd ´e dada por |x − y| := d X i=1 |xi− yi|.

Temos assim um modelo param´etrico: o processo de contato de parˆametros (λ, µ). O principal interesse neste projeto ´e a estima¸c˜ao dos parˆametros de infec¸c˜ao λ e cura µ do referido processo. A obten¸c˜ao de tais estimadores ´e realizada atrav´es de diferentes maneiras vistas na literatura. Em algumas situa¸c˜oes, considera-se o parˆametro de cura conhecido e igual a 1, e o interesse volta-se somente `a estima¸c˜ao do parˆametro de infec¸c˜ao (isto n˜ao ´e uma grande perda, porque com uma renormaliza¸c˜ao temporal apropriada pode-se transformar qualquer processo de contato em outro processo de contato com µ = 1). Segue abaixo os principais objetivos deste trabalho.

• Compreens˜ao da teoria dos processos de contato, envolvendo desde no¸c˜oes contidas em processos estoc´asticos at´e o desenvolvimento presente, passando pelo estudo de distribui¸c˜oes de equil´ıbrio, crit´erios de convergˆencia (processos limite), entre outros conceitos.

• Estimar o parˆametro de infec¸c˜ao e o parˆametro de cura atrav´es de diferentes maneiras vistas na literatura, bem como a compara¸c˜ao destes diferentes m´etodos de estima¸c˜ao e estimadores.

• Estudo da consistˆencia e comportamento assint´otico dos estimadores encontrados. • Elabora¸c˜ao de rotinas para simula¸c˜oes de processos de contato, desta forma verificando empiricamente a teoria estudada e refor¸cando as abordagens construtivas usadas nas descri¸c˜oes de processos estoc´asticos.

• Discutir estima¸c˜ao dos parˆametros em modelos com imuniza¸c˜ao.

• Por fim, um apanhado de conclus˜oes obtidas ap´os todo o trabalho realizado envolvendo estima¸c˜oes de parˆametros em processos de contato, al´em de perspectivas de trabalhos futuros.

(15)

A abordagem deste texto ´e principalmente te´orica e nossa an´alise estat´ıstica ´e freq¨uentista. Em termos de aplica¸c˜ao e inferˆencia bayesiana, faz-se pertinente citar (em linha de racioc´ınio semelhante `a dinˆamica dos processos de contato no que diz respeito aos rel´ogios exponenciais que governam instantes de infec¸c˜ao e cura) o modelo de mistura a dois n´ıveis (two-levels mixing models) de Demiris & O’Neil [4], que ´e baseado na constru¸c˜ao de grafos aleat´orios tra¸cados entre indiv´ıduos dentro da mesma residˆencia e entre indiv´ıduos de diferentes residˆencias, utilizando abordagem bayesiana na estima¸c˜ao dos parˆamentros de infec¸c˜ao (local e global). No estudo mencionado ´e realizada aplica¸c˜ao utilizando os dados provenientes do surto do v´ırus influenza A(H3N2) na cidade de Tecumseh, no estado de Michigan, Estados Unidos.

A existˆencia de resultados te´oricos em modelos com imuniza¸c˜ao – como o modelo de incˆendio em florestas em Cox & Durrett [3] – tem prerrogativas semelhantes ao processo de contato, com a diferen¸ca da utiliza¸c˜ao de trˆes diferentes estados (al´em de sadio e infectado, tal modelo possui o estado imune, ou seja, um indiv´ıduo que, uma vez infectado, se cura, n˜ao se torna novamente sadio, mas sim imune, e permanece neste estado para sempre no sistema). Por fim, em estudos na chamada Biologia Te´orica, tamb´em existem possibilidades para aplica¸c˜ao de modelos de part´ıculas interagentes do ponto de vista probabil´ıstico. O estudo de propaga¸c˜ao c´elula a c´elula (spread cell-to-cell) do v´ırus da herpes em Lodmell et al [14] menciona que h´a pelo menos trˆes diferentes maneiras pelas quais v´ırus podem se espalhar de uma c´elula a outra: (i) propaga¸c˜ao para c´elulas pr´oximas ou distantes atrav´es de rotas extracelulares; (ii) c´elula infectada pelo v´ırus, ao entrar em processo de divis˜ao celular, gera duas c´elulas infectadas; e (iii) propaga¸c˜ao do v´ırus para c´elulas adjacentes atrav´es de pontes intercelulares. Esta ´ultima ´e a forma pela qual o v´ırus da herpes se propaga. Interpretando c´elulas como s´ıtios, c´elulas adjacentes como s´ıtios vizinhos e logo pontes intercelulares como elos ligando c´elulas adjacentes, temos um modelo semelhante ao processo de contato e, por conseguinte, caminhos para aplica¸c˜ao de modelos de part´ıculas interagentes. Al´em disto, a partir do momento no qual uma c´elula infectada se cura (pela a¸c˜ao de anticorpos), esta c´elula permanece imune a infec¸c˜ao devido ainda a a¸c˜ao destes anticorpos. Equivalentemente, do ponto de vista da evolu¸c˜ao da infec¸c˜ao, poder´ıamos ter no lugar desta imuniza¸c˜ao permanente a ocorrˆencia de morte

(16)

celular ocasionada pela permanˆencia do v´ırus na referida c´elula. Dessa forma, temos o modelo semelhante a Cox & Durrett [3], uma vez que esta a¸c˜ao imunizadora dure para sempre (caso contr´ario, temos um modelo de maior complexibilidade).

Esta disserta¸c˜ao se organiza da seguinte forma. A defini¸c˜ao, dada de maneira mais formal e matem´atica, e a apresenta¸c˜ao dos principais resultados e caracter´ısticas dos processos de contato ser˜ao destacadas no primeiro cap´ıtulo do presente trabalho. Inicialmente apresentaremos o gerador infinitesimal que implica na existˆencia de um processo de Markov chamado de processo de contato. A representa¸c˜ao gr´afica dos processos de contato, desenvolvida por Harris [10], ser´a descrita a seguir. Atrav´es desta, a dinˆamica do processo de contato pode ser compreendida, assim como ´e poss´ıvel verificar empiricamente carater´ısticas inerentes deste tipo de processo, como a atratividade e a auto-dualidade. O evento que denota o tempo de sobrevivˆencia da infec¸c˜ao tamb´em ser´a apresentado. Uma vez que este evento ´e definido e o conjunto inicial de s´ıtios infectados possui cardinalidade finita, a ˆenfase direciona-se para os casos onde a infec¸c˜ao no sistema permanece para sempre com probabilidade n˜ao-nula (caso supercr´ıtico) e onde a infec¸c˜ao desaparece (em determinado instante de tempo) com probabilidade 1 (caso subcr´ıtico). Estas ramifica¸c˜oes dependem de um valor cr´ıtico ρd que depende da

dimens˜ao d da grade de inteiros onde o processo est´a definido de forma que se λ/µ > ρd

o processo ´e supercr´ıtico, caso contr´ario ´e subcr´ıtico. Se a infec¸c˜ao desaparecer em um determinado instante de tempo (que acontece quase certamente no caso subcr´ıtico e ocorre com probabilidade positiva no caso supercr´ıtico), a configura¸c˜ao do sistema neste instante ser´a nenhum s´ıtio infectado, e assim permanecer´a para qualquer instante de tempo a seguir. Portanto, esta configura¸c˜ao sem s´ıtios infectados ´e chamada de ponto de absor¸c˜ao de um processo de contato. Quando a cardinalidade do conjunto inicial de s´ıtios infectados ´e infinita, em ambos os casos (supercr´ıtico e subcr´ıtico) a infec¸c˜ao sobrevive para sempre com probabilidade 1. Ainda no mesmo cap´ıtulo, s˜ao apresentados dois dos principais teoremas referentes aos processos de contato: o Teorema da Convergˆencia Completa e o Teorema da Forma. O Teorema da Convergˆencia Completa diz que para um instante de tempo relativamente grande, a distribui¸c˜ao do processo converge fracamente para uma distribui¸c˜ao que ´e combina¸c˜ao convexa de duas medidas extremais,

(17)

ponderadas por probabilidades relativas a sobrevivˆencia da infec¸c˜ao no sistema. A medida de probabilidade concentrada na configura¸c˜ao com nenhum s´ıtio infectado ´e ponderada pela probabilidade da infec¸c˜ao desaparecer; e, ponderada pela probabilidade da infec¸c˜ao n˜ao se exting¨uir, temos a chamada medida de equil´ıbrio superior, no sentido de que qualquer outra medida de equil´ıbrio do sistema ´e estocasticamente dominada por ela. Tal medida (tamb´em chamada de medida invariante superior, devido a estacionaridade desta) ser´a amplamente citada e estudada no decorrer deste trabalho. O Teorema da Forma (ver Bezuidenhout & Grimmett [1], Durrett [5]) assegura que, a partir de um determinado instante de tempo t suficientemente grande, para um conjunto inicial de s´ıtios infectados unit´ario e sob a condi¸c˜ao de sobrevivˆencia do processo (situa¸c˜ao poss´ıvel apenas no caso supercr´ıtico), a infec¸c˜ao se propaga linearmente a uma taxa constante e que a regi˜ao de s´ıtios infectados tem aproximadamente a forma tU no tempo t, onde U ⊂ Rd ´e um conjunto convexo, limitado e com a origem como um ponto interior. Sob a condi¸c˜ao de sobrevivˆencia do processo, a distribui¸c˜ao limite do processo ´e ν, portanto logo ap´os a infec¸c˜ao chegar em um s´ıtio, a distribui¸c˜ao na vizinhan¸ca deste s´ıtio converge para a medida de equil´ıbrio superior.

Fortemente baseado na representa¸c˜ao gr´afica dos processos de contato, constru´ımos um algoritmo que fornece amostras de um processo de contato de parˆametros (λ, 1) em um instante de tempo imputado no programa. A id´eia ´e fazer este algoritmo rodar em um tempo suficientemente grande a ponto de atingir a distribui¸c˜ao limite e as respectivas propriedades assint´oticas. Al´em da figura com a configura¸c˜ao, o programa constru´ıdo retorna o valor do estimador baseado no equil´ıbrio das taxas de crescimento/decrescimento segundo Fiocco & van Zwet [9]. Atrav´es da figura gerada pela simula¸c˜ao feita pelo algoritmo constru´ıdo, tamb´em tem-se a id´eia da forma do conjunto U citado no Teorema da Forma (ver Figuras 3.2 e 3.3). O algoritmo tamb´em ´e adapt´avel ao processo com imuniza¸c˜ao de Cox & Durrett [3].

O segundo cap´ıtulo desta disserta¸c˜ao trata dos estimadores de m´axima verossimilhan¸ca dos parˆametros de infec¸c˜ao e de cura para o processo que inicia com apenas a origem infectada. Estes estimadores s˜ao dados em fun¸c˜ao de processos de contagem (que denotam o n´umero de transi¸c˜oes de sadio para infectado e de infectado

(18)

para sadio do referido processo de contato at´e um determinado instante de tempo); e de certas taxas integradas referentes ao processo. Grandezas como a taxa de mudan¸ca em um s´ıtio e taxa total de mudan¸ca em qualquer s´ıtio s˜ao tamb´em definidas neste cap´ıtulo, e a verossimilhan¸ca do processo observado at´e determinado instante de tempo t ´e descrita de maneira anal´ıtica, considerando que o processo no intervalo [0, t] passa por exatas N transi¸c˜oes. Dado que o processo n˜ao se exting¨ue, distribui¸c˜ao e propriedades assint´oticas dos estimadores s˜ao citadas. Os estimadores de m´axima verossimilhan¸ca s˜ao consistentes, assintoticamente n˜ao-viciados e eficientes, e a distribui¸c˜ao conjunta dos estimadores de infec¸c˜ao e cura (ap´os devida normaliza¸c˜ao) ´e assintoticamente normal bivariada.

No terceiro cap´ıtulo, apresentamos a t´ecnica de estima¸c˜ao via um m´etodo de contagem. Primeiramente, seja o processo de contato de parˆametros (λ, 1) com apenas a origem infetada no instante inicial. A estimativa de λ com base na realiza¸c˜ao do processo at´e um determinado instante t depende apenas da configura¸c˜ao do processo no instante t. A id´eia principal deste estimador est´a baseada na suposi¸c˜ao de equil´ıbrio do processo para um instante de tempo suficientemente grande, ou seja, a taxa m´edia de crescimento do processo (s´ıtios sadios tornando-se infectados) ´e aproximadamente igual a taxa m´edia de decrescimento (s´ıtios infectados tornando-se sadios). Todavia, se considerarmos estas taxas em todo reticulado, o estimador sofre um v´ıcio negativo. Simula¸c˜oes computacionais confirmam que este estimador subestima λ substancialmente. O estimador n˜ao ´e calculado baseado em todo reticulado, mas no conjunto que define o envolt´orio convexo do conjunto de s´ıtios infectados no instante t. Ainda assim, os s´ıtios pr´oximos da regi˜ao de fronteira deste conjunto ainda n˜ao est˜ao no equil´ıbrio desejado, e portanto s˜ao desconsiderados na contagem. A remo¸c˜ao de certa propor¸c˜ao de s´ıtios em geral produz estimativas convincentes para λ. Assim como os estimadores de m´axima verossimilhan¸ca, este estimador tamb´em possui propriedades assint´oticas (condicional `a sobrevivˆencia do processo): consistˆencia e normalidade assint´otica.

No quarto cap´ıtulo desta disserta¸c˜ao, abandonaremos em parte o contexto visto at´e o momento sobre os processos de contato e apresentaremos um modelo diferente de propaga¸c˜ao de epidemias, baseado em Cox & Durrett [3]. Ser´a apresentada a id´eia deste processo e alguns resultados relevantes. Em tal modelo, al´em dos estados sadio

(19)

e infectado, temos tamb´em o estado imune. A dinˆamica ocorre da seguinte maneira: cada s´ıtio z ∈ Z2 est´a em um dentre trˆes estados: sadio, infectado ou imune. Como

nos processos de contato vistos at´e aqui, este processo se inicia com um conjunto n˜ao-vazio de s´ıtios infectados, estando todos os outros no estado sadio. Conforme o passar do tempo, um s´ıtio infectado, independentemente de qualquer outro s´ıtio, espera tempos exponencias independentes de parˆametro λ associados a cada um de seus vizinhos pr´oximos e, ap´os cada um desses tempos, se ainda infectado, transmite a infec¸c˜ao ao respectivo s´ıtio vizinho, o qual se torna infectado caso esteja no estado sadio. Independentemente, um s´ıtio infectado permanece neste estado por um tempo aleat´orio com distribui¸c˜ao exponencial de parˆametro 1. Uma vez terminado este per´ıodo de infec¸c˜ao, o s´ıtio torna-se imune e n˜ao pode mais contrair a infec¸c˜ao.

Por fim, o ´ultimo cap´ıtulo traz uma s´erie de conclus˜oes referentes a todo o estudo realizado, e compara¸c˜oes pertinentes, no que diz respeito `as diferentes maneiras de obter estimadores e simula¸c˜oes realizadas com diferentes taxas de infec¸c˜ao e diferentes dura¸c˜oes, inclusive dos processos vistos no Cap´ıtulo 4. Em Apˆendice, temos os algoritmos, em Ox, que geram as configura¸c˜oes das simula¸c˜oes obtidas.

(20)

Cap´ıtulo 1

Defini¸

oes e Resultados Preliminares

1.1

Constru¸

ao dos processos

Os processos de contato s˜ao processos que apresentam espa¸co de estados definido por Ω = {0, 1}Zd, onde cada configura¸c˜ao ξ ∈ Ω tem a seguinte interpreta¸c˜ao: um

s´ıtio x ´e definido como infectado se ξ(x) = 1 ou sadio se ξ(x) = 0, para todo x ∈ Zd. Em Ω, estamos sempre considerando a σ-´algebra B gerada pelos conjuntos Rx = {ξ ∈ Ω : ξ(x) = 1} (esta ´e, de fato, a σ-´algebra de Borel associada a topologia

produto), ou seja, a menor σ-´algebra contendo (Rx)x∈Zd. Todo conjunto de configura¸c˜oes

determinado pela especifica¸c˜ao da configura¸c˜ao em um n´umero finito de s´ıtios ´e chamada de cilindro. Os conjuntos Rx s˜ao cilindros e todo cilindro ´e intersec¸c˜ao de cilindros Rx

ou seus complementares.

Exemplo 1.1: O cilindro {ξ ∈ Ω : ξ(x1) = 0, ξ(x2) = 1, ξ(x3) = 1} pode ser escrito como

RC

x1∩ Rx2∩ Rx3. Para facilitar a interpreta¸c˜ao, podemos imaginar que, neste caso acima,

estamos em Z2 e os s´ıtios s˜ao x1 = (−1, 1), x2 = (3, 2) e x3 = (−3, 2), conforme exibe a

Figura 1.1. Assim, atrav´es do uso de cilindros, complementares de cilindros, uni˜oes e/ou intersec¸c˜oes, podemos definir qualquer configura¸c˜ao ξ poss´ıvel que exija certo n´umero (finito) de s´ıtios infectados e/ou sadios.

Como o espa¸co de estados em quest˜ao Ω ´e n˜ao-enumer´avel, definimos o processo de contato atrav´es do gerador infinitesimal aplicado em fun¸c˜oes cil´ındricas, ou

(21)

Figura 1.1: Representa¸c˜ao gr´afica do cilindro RC(−1,1)∩ R(−3,2)∩ R(3,2). Os pontos preenchidos em preto representam s´ıtios infectados, e o ponto em branco representa s´ıtio sadio. Todos os outros s´ıtios em Z2 podem estar em qualquer estado.

seja, f : Ω → R que seja determinada por um conjunto finito de coordenadas, isto ´e, ∃ A ⊂ Zdfinito tal que se ξ(x) = η(x), para todo x ∈ A, ent˜ao f (ξ) = f (η). Assim, se f

´

e cil´ındrica, define-se Lf em cada configura¸c˜ao ξ ∈ Ω por

(Lf )(ξ) = X x∈Zd X y:|x−y|=1 λ ξ(x)[1 − ξ(y)][f (ξy) − f (ξ)] + + X x∈Zd µ ξ(x)[f (ξx) − f (ξ)], (1.1) onde, para z ∈ Zd, ξx(z) =    ξ(z) , z 6= x, 1 − ξ(z) , z = x.

A configura¸c˜ao ξx denota a mesma configura¸c˜ao ξ exceto no s´ıtio x. O gerador descreve a varia¸c˜ao infinitesimal do processo com rela¸c˜ao ao tempo quando em determinada configura¸c˜ao. Quando situados em processos de Markov homogˆeneos a tempo cont´ınuo com espa¸co de estados finito, temos o semigrupo de matrizes de transi¸c˜ao indexado pelo tempo representando, para cada instante de tempo t, as probabilidades de transi¸c˜ao entre os diferentes estados, e o seu gerador infinitesimal L consiste na matriz obtida da derivada

(22)

no instante t = 0 em cada termo deste semigrupo de transi¸c˜ao. Mais a frente, veremos uma constru¸c˜ao mais intuitiva e geom´etrica. O gerador em (1.1) implica a existˆencia de um processo de Markov com espa¸co de estados Ω (ver Teorema 3.9 em Liggett [13]), que denotaremos por (ξt)t≥0 e chamaremos de processo de contato de parˆametros (λ, µ).

Denota-se o estado do processo no s´ıtio x em um dado instante t ≥ 0 atrav´es da vari´avel aleat´oria ξt(x), dada por

ξt(x) =

 

1 , se o s´ıtio x est´a infectado no instante t, 0 , se o s´ıtio x est´a sadio no instante t.

Tamb´em ´e comum representar o processo atrav´es da evolu¸c˜ao do conjunto de s´ıtios infectados. Assim como a fun¸c˜ao descrita acima ξt : Zd → {0, 1}, este conjunto ´e,

abusando um pouco da nota¸c˜ao, denotado por ξt, na forma

ξt= {x ∈ Zd: ξt(x) = 1}.

Aqui, retrata-se de uma bije¸c˜ao na seguinte fun¸c˜ao:

Ω → P(Zd)

ξ 7→ B(ξ) = {x ∈ Zd: ξ(x) = 1}.

A medida de probabilidade π em Ω = {0, 1}Zd ´e equivalente a medida de probabilidade, digamos, ˜π, em P(Zd) (conjunto das partes de Zd), ou seja,

˜ π(B ⊂ Zd : B ⊃ F ) = π(ξ ∈ {0, 1}Zd : ξ(x) = 1, ∀ x ∈ F ) = π  \ x∈F Rx  ,

para todo conjunto finito F , com B ∈ B.

Exemplo 1.2: Seja d = 2 e a fam´ılia de configura¸c˜oes com os s´ıtios (−2, 1) e (0, 3) infectados, ou seja, ξ ∈ R(−2,1) ∩ R(0,3). Logo, temos o conjunto F = {(−2, 1), (0, 3)}.

(23)

Ent˜ao, para todo conjunto B(ξ) ⊃ F ,

π(ξ ∈ Ω : ξ(−2, 1) = ξ(0, 3) = 1) = ˜

π(B ⊂ Zd: B ⊃ {(−2, 1), (0, 3)}) = π(R(−2,1)∩ R(0,3)).

A distribui¸c˜ao do processo de contato ξt depende de sua distribui¸c˜ao inicial, que

pode ser qualquer probabilidade no espa¸co Ω. Denotando esta distribui¸c˜ao por ξ0 ∼ π,

tem-se {ξtπ : t ≥ 0} como o processo de contato de parˆametros (λ, µ) com conjunto inicial de s´ıtios infectados distribu´ıdos conforme π. Esta distribui¸c˜ao ´e independente do desenvolvimento futuro do processo. No caso do conjunto inicial de s´ıtios infectados ser dado de forma determin´ıstica, denotaremos tal conjunto inicial por A e o processo referido por {ξtA : t ≥ 0}. Este ´e um caso particular quando π ´e a distribui¸c˜ao concentrada na configura¸c˜ao ξ0A(x) =    1 , se x ∈ A, 0 , caso contr´ario.

Temos assim um modelo param´etrico: o processo de contato de parˆametros (λ, µ). Formalmente, o processo de contato ´e um processo de Markov com espa¸co de estados Ω = {0, 1}Zd e configura¸c˜ao ξ ∈ Ω. Definido o estado inicial A ⊂ Zd de s´ıtios infectados,

a cada instante t ≥ 0, temos uma configura¸c˜ao ξA

t ∈ Ω. Obviamente, ξ0A = A. A

dinˆamica do processo ocorre da seguinte forma: com o decorrer do tempo, um s´ıtio sadio ´

e infectado independentemente por cada s´ıtio infectado entre seus 2d vizinhos segundo um processo de Poisson de taxa λ; independentemente, um s´ıtio infectado torna-se sadio segundo um processo de Poisson de taxa µ. Tal dinˆamica pode ser compreendida pela representa¸c˜ao gr´afica de Harris [10]. Para descrever esta constru¸c˜ao, considere o espa¸co (d + 1)-dimensional Zd× [0, ∞), onde as semi-retas {x} × [0, ∞) denotam o tempo

para o correspondente s´ıtio x ∈ Zd. Para cada s´ıtio x ∈ Zd define-se na semi-reta {x} × [0, ∞) marcas conforme um processo de Poisson com parˆametro µ; e para cada par de s´ıtios vizinhos x e y, define-se setas perpendiculares partindo de {x} × [0, ∞) em dire¸c˜ao a {y} × [0, ∞) conforme um processo de Poisson com parˆametro λ. Todos estes

(24)

processos de Poisson s˜ao independentes.

No instante t = 0, seja A ⊂ Zd o conjunto inicial de s´ıtios infectados. Mudan¸cas no

sistema s´o ocorrem de duas formas: a medida que o tempo passa, o estado de um s´ıtio infectado se modifica para sadio quando encontra uma marca do processo de Poisson de parametro µ; ou um s´ıtio y sadio passa ao estado infectado se receber uma seta de um s´ıtio x infectado. A Figura 1.2 traz um exemplo de representa¸c˜ao gr´afica no caso mais simples, com d = 1.

Digamos que para x0, x ∈ Zd, e t ≥ 0, um caminho ativo de x0 no instante t =

0 para o s´ıtio x no instante t = T ´e um caminho orientado no sentido crescente do tempo na representa¸c˜ao gr´afica do processo cujos segmentos verticais n˜ao contˆem pontos nos processos de Poisson de parˆametro µ. Na Figura 1.2, estes caminhos ativos est˜ao demarcados em negrito. Os caminhos ativos representam as formas pelas quais a infec¸c˜ao pode chegar do s´ıtio x0 no instante t = 0 at´e o s´ıtio x no instante, digamos, t = T . Para qualquer conjunto A ⊂ Zd, defina ξA

t como o conjunto de s´ıtios x para os quais existe

um caminho ativo do s´ıtio x0 ∈ A no tempo t = 0 para o s´ıtio x no tempo t = T . Claramente, {ξA

t : t ≥ 0} est´a distribu´ıdo como um proceso de contato com estado inicial

A (escolhendo um conjunto inicial aleat´orio com distribui¸c˜ao π, tem-se {ξtπ : t ≥ 0} como referido processo). De fato, podemos assumir que esta ´e a defini¸c˜ao do processo de contato de parˆametros (λ, µ).

A quest˜ao de sobrevivˆencia da infec¸c˜ao com probabilidade n˜ao-nula est´a ligada `a existˆencia de um “caminho ativo infinito” partindo de x ∈ A em t = 0. Isto ´e o que estuda a ´area da probabilidade chamada de Percola¸c˜ao (ver Cap´ıtulo VI em Liggett [13]). Dizemos que o sistema percola se e somente se existe tal caminho com probabilidade positiva. Como a mudan¸ca de estado de um s´ıtio sadio para infectado s´o acontece devido `

a existˆencia de pelo menos um s´ıtio vizinho anteriormente infectado, para a infec¸c˜ao n˜ao se exting¨uir deve haver, em qualquer que seja o instante de tempo, ao menos um caminho ativo que parta de um s´ıtio infectado em t = 0 na dire¸c˜ao de algum s´ıtio x ∈ Zd.

Entretanto, o sistema percola se e somente se a probabilidade de sobrevivˆencia do sistema come¸cando com um ´unico s´ıtio infectado ´e estritamente positiva, e isto ´e conseq¨uˆencia da invariˆancia por transla¸c˜ao, isto ´e, a probabilidade de existir um caminho infinito partindo

(25)

Figura 1.2: Representa¸c˜ao gr´afica dos processos de contato para d = 1: processo com estado inicial ξ0 = {..., 1, 1, 0, 1, 0, 0, 1, ...} e configura¸c˜ao ξT = {..., 1, 1, 1, 0, 1, 1, 0, ...}. As marcas 

representam os pontos onde um s´ıtio infectado se cura, e as setas partindo de s´ıtios infectados denotam infec¸c˜ao chegando ao s´ıtio que a recebe. Os caminhos ativos est˜ao representados em negrito.

do s´ıtio x ´e igual a probabilidade de existir um caminho infinito partindo do s´ıtio y, pois os processos de Poisson em cada semi-reta {z} × [0, ∞), com z ∈ Zd, s˜ao independentes

e est˜ao sujeitos a mesma parametriza¸c˜ao.

Uma das grandes vantagens da representa¸c˜ao gr´afica de Harris se d´a no tocante `

a compara¸c˜ao de processos atrav´es de acoplamento. Definindo ξtA e ξtB como dois processos de contato de parˆametros (λ, µ), ambos estar˜ao sujeitos a mesma representa¸c˜ao gr´afica. Assumiremos que todos os processos de contato s˜ao acoplados de acordo com a representa¸c˜ao gr´afica, ou seja, usaremos os mesmos processos de Poisson que definem os tempos de cura e infec¸c˜ao. Dizemos assim que os processos est˜ao acoplados conforme a representa¸c˜ao gr´afica. Com o acoplamento, temos os processos definidos em um mesmo espa¸co de probabilidade e ´e poss´ıvel verificar empiricamente propriedades dos processos de contato, como atratividade e auto-dualidade.

Lema 1.1 (Atratividade): Sejam (ξA

t )t≥0 e (ξBt )t≥0 dois processos de contato acoplados

conforme a mesma representa¸c˜ao gr´afica. Se A ⊂ B, ent˜ao ξA

t ⊂ ξBt para todo t ≥ 0.

Lema 1.2 (Auto-dualidade): Se, na representa¸c˜ao gr´afica, o tempo corre de maneira inversa e todas as setas revertem o sentido, esta nova representa¸c˜ao gr´afica tem precisamente a mesma estrutura probabil´ıstica da original. Em particular, temos a

(26)

seguinte equa¸c˜ao:

P (ξtA∩ B = ∅) = P (ξB

t ∩ A = ∅), para todo A, B ⊂ Z

d, t ≥ 0. (1.2)

1.2

Sobrevivˆ

encia da infec¸

ao: casos supercr´ıtico e

subcr´ıtico

Uma quest˜ao pertinente no estudo dos processos de contato ´e o conhecimento em rela¸c˜ao `a sobrevivˆencia do referido processo. Definimos ent˜ao a vari´avel

τA = inf{t : ξtA = ∅}

como o tempo de extin¸c˜ao da infec¸c˜ao, ou seja, o tempo que a infec¸c˜ao permanece no sistema. Se esta infec¸c˜ao sobrevive para sempre (ou seja, sempre haver´a ao menos um s´ıtio infectado para todo t ≥ 0), usamos a nota¸c˜ao τA = ∞. Logo, a nota¸c˜ao

τA < ∞ denota morte da infec¸c˜ao, mesmo n˜ao definindo o exato instante da extin¸c˜ao

desta. T´ermino da infec¸c˜ao remete em t´ermino de evolu¸c˜ao do processo, pois a partir do momento que a configura¸c˜ao n˜ao possui nenhum s´ıtio infectado, o processo permanecer´a desta forma para todo instante de tempo subseq¨uente (a infec¸c˜ao ´e transmitida apenas por s´ıtios infectados, n˜ao existem fatores externos ao sistema que causam infec¸c˜ao). A configura¸c˜ao com todos os s´ıtios sadios ´e chamada de ponto de absor¸c˜ao do processo. Matematicamente falando, se o conjunto ξA

s = ∅, temos que ξtA= ∅, para todo t ≥ s.

Nota 1.1 : Seja ρ = λ/µ a raz˜ao entre as taxas de infec¸c˜ao e cura do processo. Existe um valor ρd ∈ h 1 2d−1 ; 2 d i

, chamado de parˆametro cr´ıtico do processo de contato tal que, se ρ > ρd, a infec¸c˜ao permanece para sempre no sistema com probabilidade n˜

ao-nula. Esta situa¸c˜ao ´e chamada de caso supercr´ıtico. Se ρ ≤ ρd, temos o chamado

caso subcr´ıtico: a infec¸c˜ao se extinguir´a com probabilidade 1 se |A| < ∞, e quando |A| = ∞, a infec¸c˜ao dentro de uma caixa finita qualquer (por´em fixada) desaparecer´a com alta probabilidade para t suficientemente grande. No caso supercr´ıtico, a probabilidade de sobrevivˆencia da infec¸c˜ao depende da dimens˜ao d e do conjunto A (ver Cap´ıtulo VI em

(27)

Liggett [13]). No caso particular da cardinalidade de A, denotada por |A|, ser infinita (por exemplo, A = Zd), a probabilidade do processo sobreviver para sempre ´e igual a 1.

A quest˜ao da sobrevivˆencia da infec¸c˜ao com probabilidade 1 quando o processo tem inicialmente um n´umero infinito de s´ıtios infectados pode ser demonstrada via Lema de Borel-Cantelli. Tal demonstra¸c˜ao n˜ao faz diferencia¸c˜ao entre os casos supercr´ıtico e subcr´ıtico, isto ´e, a probabilidade de haver ao menos um s´ıtio infectado para todo t ≥ 0 tamb´em ´e verdadeira para o segundo caso, pois a infec¸c˜ao se exting¨ue com alta probabilidade para t suficientemente grande apenas no interior de caixas finitas, e n˜ao em toda a grade. Representemos o evento de interesse {τA= ∞} como uma intersec¸c˜ao

infinita de eventos decrescentes em t, ou seja,

{τA= ∞} = \ t>0

{τA> t}.

Assim, temos que P(τA = ∞) = lim t→∞P(τ

A

> t), e basta mostrarmos que P(τA > t) =

1, para todo t > 0. Sejam Tn

n=1 vari´aveis aleat´orias independentes e identicamente

distribu´ıdas que representem os tempos que o s´ıtios xn ∈ A levam para se curar pela

primeira vez. Sabemos que Tn ∼ Exp(µ). Podemos ent˜ao definir a seguinte rela¸c˜ao de

inclus˜ao: {τA> t} ⊃ ∞ [ n=1 {Tn> t}, e partindo desta, {τA > t} ⊃ ∞ [ n=1 {Tn> t} ⊃ ∞ \ n=1 [ m≥n {Tm > t} = = lim sup t→∞ {Tn > t} = [{Tn> t} infinitas vezes].

Pelo Lema de Borel-Cantelli, P(Tn > t infinitas vezes) = 1, pois ∞

X

n=1

P(Tn > t) = ∞, j´a

que os termos da soma s˜ao positivos e iguais para todo n, e dependem apenas de t e do parˆametro µ. Assim, para qualquer t ≥ 0,

(28)

ou seja, P(τA > t) = 1. Portanto, se |A| = ∞, P(τA= ∞) = lim

t→∞P(τ

A> t) = 1.

1.3

O Teorema da Convergˆ

encia Completa

Uma quest˜ao inerente em Probabilidade e Processos Estoc´aticos ´e o estudo de crit´erios de convergˆencia em distribui¸c˜ao e caracteriza¸c˜ao das distribui¸c˜oes limites. Seja πt a

distribui¸c˜ao do processo ξπ

t. Esta distribui¸c˜ao convergir´a fracamente para uma medida

limite, digamos β, quando t → ∞? Dizemos que uma fam´ılia de medidas (πt) em

(Ω, B) converge fracamente para uma outra distribui¸c˜ao β, ou seja, πt f → β, se lim t→∞πt{B ⊂ Z d : B ⊃ F } = β{B ⊂ Zd: B ⊃ F }, (1.3)

para todo conjunto finito F ⊂ Zd, com B ∈ B. Portanto, por (1.3), convergˆencia fraca

no espa¸co de probabilidades sobre (Ω, B) ´e equivalente a convergˆencia em distribui¸c˜ao de suas proje¸c˜oes finito-dimensionais. A proje¸c˜ao finito-dimensional {ξA

t (x) : x ∈ F } ´e

a configura¸c˜ao do processo apenas em um n´umero finito de coordenadas (os elementos do conjunto F ). Dada uma configura¸c˜ao em F , ela ocorre com certa probabilidade. A distribui¸c˜ao dos s´ıtios em F depende do tempo e converge em distribui¸c˜ao se pi(t)

converge para todo i = 1, ..., 2|F |(existem 2|F |configura¸c˜oes poss´ıveis em F , e pi(t) denota

a medida de probabilidade de, no instante t, o processo situar-se na i-´esima configura¸c˜ao), isto ´e, ∃ qi tal que pi(t) → qi quando t → ∞. Ent˜ao

2|F |

X

i=1

qi = 1 e q = (q1, ..., q2|F |) ´e a

distribui¸c˜ao limite. Esta distribui¸c˜ao ´e a finito dimensional de β nos s´ıtios x ∈ F . Como vimos na Se¸c˜ao 1.2, no caso subcr´ıtico, a infec¸c˜ao desaparece quase certamente (em toda grade quando |A| < ∞ e no interior de uma caixa finita fixada quando |A| = ∞). J´a no caso supercr´ıtico (genericamente falando), a probabilidade do processo nunca se exting¨uir tem probabilidade postitiva, e n˜ao quase certa. Para ambos os casos, a distribui¸c˜ao limite ´e apresentada pelo Teorema da Convergˆencia Completa. Seja δ∅ a

medida que assegura probabilidade 1 ao conjunto vazio (nenhum s´ıtio infectado); e νρ a chamada medida de equil´ıbrio superior (ou medida invariante superior),

(29)

Teorema 1.1 (Teorema da Convergˆencia Completa, Liggett [13]): Quando t → ∞, a distribui¸c˜ao do processo ξA

t converge fracamente para a distribui¸c˜ao limite

P(τA< ∞)δ∅+ P(τA= ∞)νρ.

Para simplificar a nota¸c˜ao, vamos denotar a medida de equil´ıbrio superior simplesmente por ν, o que n˜ao causa problema tendo em vista que os parˆametros est˜ao fixados. Como seu pr´oprio nome relata, a medida ν ´e invariante, ou seja, o processo ξν

t (que

possui inicialmente conjunto aleat´orio de s´ıtios infectados distribu´ıdos conforme ν) ´e estacion´ario, distribu´ıdo conforme ν para todo t ≥ 0. Matematicamente falando, ξtν ∼ ν, para todo t ≥ 0. Obviamente, pela estacionariedade, podemos representar a distribui¸c˜ao do processo ξν

t para qualquer que seja t ≥ 0 como ξν ∼ ν, ou seja,

desprezando t no tocante `a nota¸c˜ao de distribui¸c˜ao (o processo n˜ao ´e constante ao longo do tempo, e sim sua distribui¸c˜ao!). Temos que ν ´e uma medida de equil´ıbrio superior no sentido de que qualquer outra medida de equil´ıbrio do sistema ´e estocasticamente dominada por ela. Dizemos que uma medida de probabilidade µ ´e estocasticamente dominada por (ou estocasticamente menor que) uma medida de probabilidade ˜µ, o que ´e denotado por µ≤ ˜st µ, se

Eµ[f (η)] ≤ Eµ˜[f (η)] , para qualquer fun¸c˜ao n˜ao-decrescente f. (1.4)

Quando µ ≤ ˜st µ, podemos construir um par de configura¸c˜oes aleat´orias (ζ, η) em um mesmo espa¸co de probabilidade tal que ζ tem distribui¸c˜ao µ, η tem distribui¸c˜ao ˜µ e com probabilidade 1 temos que ζ ⊂ η. Baseado nisto, em certos momentos abusaremos da nota¸c˜ao escrevendo ζ ≤ η quando o par de configura¸c˜st oes aleat´orias (ζ, η) est´a definido em um mesmo espa¸co de probabilidade e com probabilidade 1 temos que ζ ⊂ η.

Como j´a citado, o Teorema 1.1 ´e v´alido para qualquer ρ ∈ (0, ∞). Para processos de contato com conjunto inicial de s´ıtios infectados com cardinalidade infinita, temos P(τA = ∞) = 1, portanto a convergˆencia da distribui¸c˜ao deste processo para a medida ν de fato acontece. Quando ρ ≤ ρd(caso subcr´ıtico) e |A| < ∞, temos que P(τA< ∞) = 1.

(30)

conjunto inicial de s´ıtios infectados finito ´e δ∅. Em contrapartida, se |A| < ∞ e o

processo sobrevive para sempre – o que s´o ´e poss´ıvel no caso supercr´ıtico – a distribui¸c˜ao do processo converge fracamente para a medida de equil´ıbrio superior ν.

Lema 1.3 (Durrett [5]): Considere os processos ξt{0} e ξZd

t , come¸cando com a infec¸c˜ao

apenas na origem e em todos os s´ıtios em Zd respectivamente. A velocidade da convergˆencia em distribui¸c˜ao de ξZd

t para ξtν pode ser expressa em termos da probabilidade

do processo ξt{0} se exting¨uir ap´os o instante t, isto ´e,

0 ≤ P(ξZd

t (x) = 1) − P(ξ ν

(x) = 1) = P(t < τ{0} < ∞) ≤ Ce−γt, (1.5)

com C e γ constantes positivas.

Para demonstrarmos o Lema 1.3, seja A = {0} e B = Zd em (1.2):

P(τ{0} < t) = P(ξt{0} = ∅) = P(ξ {0} t ∩ Zd= ∅) = P(ξZd t ∩ {0} = ∅) = P(ξZ d t (0) = 0). Portanto, 1 − P(ξZd t (0) = 0) = 1 − P(τ {0} < t) = P(ξZd t (0) = 1) = P(t < τ {0} ≤ ∞). (1.6)

Usando racioc´ınio an´alogo para t → ∞, temos

P(τ{0} < ∞) = lim t→∞P(τ {0} < t) = lim t→∞P(ξ Zd t ∩ {0} = ∅) = P(ξν ∩ {0} = ∅) = P(ξν(0) = 0). Logo, 1 − P(ξν(0) = 0) = 1 − P(τ{0}< ∞) ⇒ ⇒ P(ξν (0) = 1) = P(τ{0} = ∞). (1.7)

(31)

acoplar os processos ξZd

t e ξtν de forma que, pela atratividade, ξtν ⊂ ξZ

d

t para todo t ≥ 0,

o que implica em P(ξν(x) = 1) ≤ P(ξZd

t (x) = 1), para todo x ∈ Zd. Dotados desta

informa¸c˜ao e das equa¸c˜oes (1.6) e (1.7), facilmente chegamos em

0 ≤ P(ξZd

t (0) = 1) − P(ξ ν

(0) = 1) = P(t < τ{0} < ∞). (1.8)

Os processos ξZd

t e ξtν s˜ao espacialmente invariantes, isto ´e, suas distribui¸c˜oes n˜ao

mudam se um incremento inteiro for aplicado nos s´ıtios em Zd, ou seja, a distribui¸c˜ao

de {z ⊕ ξt : t ≥ 0} ´e independente do incremento z ∈ Zd. Finalmente, fazendo z = x,

provamos que a velocidade da convergˆencia em distribui¸c˜ao de ξZd

t para ξtν pode ser

expressa em termos da probabilidade do processo ξt{0} se exting¨uir ap´os o instante t, ou seja,

0 ≤ P(ξZd

t (x) = 1) − P(ξ ν

(x) = 1) = P(t < τ{0} < ∞).

Al´em de poder ser expressa em termos da probabilidade do processo ξt{0} se exting¨uir ap´os o instante t, a velocidade da convergˆengia de ξZd

t para ξtν ´e de ordem exponencial,

conforme descreve a ´ultima desigualdade em (1.5). Isto ´e assegurado pelo lema a seguir. Lema 1.4 (Fiocco & van Zwet [7]): No caso supercr´ıtico, existem constantes positivas C e γ tais que para todo instante t > 0 e conjunto inicial de infectados A ⊂ Zd com

cardinalidade |A|,

P(t < τA< ∞) ≤ Ce−γt, (1.9)

P(τA< ∞) ≤ Ce−γ|A|. (1.10)

A interpreta¸c˜ao da equa¸c˜ao em (1.9) ´e que a probabilidade da infec¸c˜ao se exting¨uir ap´os um instante de tempo t decai exponencialmente conforme t cresce. A equa¸c˜ao (1.10) diz respeito a rela¸c˜ao entre desaparecimento da infec¸c˜ao e a cardinalidade do conjunto inicial de s´ıtios infectados. A probabilidade da infec¸c˜ao se exting¨uir decai exponencialmente conforme aumentamos o n´umero inicial de s´ıtios infectados. Em particular, se |A| ´e infinita, ent˜ao a infec¸c˜ao sobreviver´a para sempre quase certamente

(32)

(Fiocco & van Zwet [7]), conforme provamos anteriormente, na Se¸c˜ao 1.2. Pela equa¸c˜ao em (1.9), completamos a demonstra¸c˜ao do Lema 1.3. Ainda nesta discuss˜ao, o valor esperado do processo ξtν no s´ıtio x ´e igual a probabilidade do processo ξt{0} sobreviver para sempre.

1.4

O Teorema da Forma

Outro resultado de interesse nos processos de contato ´e o chamado Teorema da Forma. Antes de enunci´a-lo, precisamos definir algumas quantidades inseridas no teorema. Defina

Ht= [ s≤t ξs⊕ [−1/2, 1/2]d , Kt= {x ∈ Zd : ξ {0} t (x) = ξZ d t (x)} ⊕ [−1/2, 1/2]d, (1.11)

ou seja, Ht ´e a uni˜ao dos cubos de hipervolume 1 centrados nos s´ıtios que, por algum

instante no intervalo [0, t], estiveram infectados no processo ξt{0}; e Kt descreve a uni˜ao

dos hipercubos centrados nos s´ıtios que apresentam o mesmo estado no instante t dos processos que come¸cam com apenas a origem infectada e com todos os s´ıtios infectados. Teorema 1.2 (Teorema da Forma, Bezuidenhout & Grimmett [1], Durrett [5]): Existe um conjunto convexo limitado U ⊂ Rdcom a origem como um ponto interior tal que para ε ∈ (0, 1) e t suficientemente grande,

(1 − ε)tU ⊂ Ht∩ Kt ⊂ Ht ⊂ (1 + ε)tU (1.12)

quase certamente no conjunto {τ{0} = ∞}.

Portanto, a id´eia que este teorema passa ´e que, no caso da infec¸c˜ao persistir para sempre, para t suficientemente grande, Ht crescer´a linearmente em todas as dire¸c˜oes e,

reescalonado por t−1, assumir´a a forma aproximada de U . Este crescimento ´e radial em torno da origem da infec¸c˜ao. As rela¸c˜oes de continˆencia deste teorema tamb´em nos dizem que os processos ξZd

t e ξ {0}

t se distribuem aproximadamente conforme a medida de

equil´ıbrio superior ν no conjunto (1 − ε)tU para t suficientemente grande, ou seja, os s´ıtios inclu´ıdos neste conjunto j´a se encontram em equil´ıbrio. Se acoplarmos os processos

(33)

ξt{0} e ξZd

t temos, pela atratividade, ξ {0} t ⊂ ξZ

d

t para todo t, mas ao mesmo tempo

ξt{0}∩ (1 − ε)tU = ξZd

t ∩ (1 − ε)tU (1.13)

quase certamente sob a condi¸c˜ao de sobrevivˆencia do processo. Pela invariˆancia por transla¸c˜ao, podemos estender este racioc´ınio para qualquer conjunto inicial de s´ıtios infectados unit´ario, ou seja, para todo z ∈ Zd, temos

ξt{z}∩ (1 − ε)t(U ⊕ {z}) = ξZd

t ∩ (1 + ε)t(U ⊕ {z})

quase certamente condicionado `a sobrevivˆencia do processo. Nestes casos, o conjunto U ´

e transladado, e logo sua simetria radial se d´a em torno da origem da infec¸c˜ao, isto ´e, em torno do s´ıtio z.

O Teorema 1.2 assegura que, com conjunto inicial unit´ario de s´ıtios infectados, a infec¸c˜ao se espalha linearmente em torno da origem da infec¸c˜ao em todas as dire¸c˜oes, assumindo a forma assint´otica tU , e pouco tempo depois desta infec¸c˜ao chegar em um s´ıtio, sua vizinhan¸ca ser´a aproximadamente distribu´ıda conforme ν.

(34)

Cap´ıtulo 2

Estimadores de M´

axima

Verossimilhan¸

ca

2.1

Defini¸

oes preliminares

Neste cap´ıtulo apresentaremos a estima¸c˜ao via m´axima verossimilhan¸ca dos parˆametros λ e µ do processo de contato. Antes de apresentar a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca e os estimadores provindos desta, ´e necess´ario definir algumas quantidades. Primeiramente, sejam

nAt = X x∈Zd ξtA(x) , ktA= X x∈Zd  (1 − ξtA(x)) X |x−y|=1 ξtA(y)   (2.1)

respectivamente o n´umero de s´ıtios infectados e o n´umero de pares de s´ıtios vizinhos pr´oximos onde um est´a infectado e outro sadio no instante t do processo com conjunto inicial finito de s´ıtios infectados A. Defina os processos de contagem (Ut)t≥0 e (Dt)t≥0,

que denotam respectivamente o n´umero de saltos ascendentes e descendentes do processo {ξ{0}s : 0 ≤ s ≤ t}. Enquanto o primeiro processo denota o n´umero de transi¸c˜oes

observadas do estado sadio para o estado infectado do processo com estado inicial A no intervalo [0, t], o segundo representa o n´umero de transi¸c˜oes observadas do estado infectado para o estado sadio do mesmo processo no mesmo intervalo. Sejam os processos

(35)

(Xt)t≥0 e (Yt)t≥0 definidos por

Xt = Ut− λFt , Yt = Dt− µGt, para todo t ≥ 0, (2.2)

onde λFt e µGt s˜ao os compensadores (ou taxas integradas) de respectivamente Ut e Dt,

com Ft e Gt definidos por

Ft = Z t 0 k{0}s ds , Gt = Z t 0 n{0}s ds.

Os processos Xt e Yt s˜ao martingais de m´edia 0. Entende-se por martingal um

processo (Zt)t≥0 com Zt integr´avel e seu valor esperado condicional ao hist´orico do

processo em [0, s] (com s ≤ t) ´e igual ao estado do processo no instante s. Formalmente, temos

E[Zt|Fs] = E[Zt|Zu, 0 ≤ u ≤ s] = Zs, s ≤ t, (2.3)

onde a σ-´algebra Fs = σ(Zu, 0 ≤ u ≤ s) representa toda informa¸c˜ao gerada pelo processo

no intervalo de tempo [0, s]. Se em (2.3) temos uma inequa¸c˜ao no lugar da igualdade, h´a dois casos de interesse:

Se E[Zt|Fs] ≥ Zs, para todo s < t, ent˜ao dizemos que Zt ´e um submartingal,

Se E[Zt|Fs] ≤ Zs, para todo s < t, ent˜ao dizemos que Zt ´e um supermartingal.

Como as taxas integradas s˜ao quantidades n˜ao-negativas, os processos de contagem Ut

e Dt s˜ao submartingais. Fica claro ent˜ao que Ut = Xt + λFt e Dt = Yt + µGt s˜ao

respectivamente as decomposi¸c˜oes de Doob-Meyer de Ute Dt(ver Varadhan [16], Teorema

5.9).

Suponha que observamos o processo {ξ{0}s : 0 ≤ s ≤ t}, ou seja, o processo que

inicia com apenas a origem infectada. Como uma cole¸c˜ao enumer´avel de processos de Poisson independentes n˜ao cont´em um par de processos tendo um ponto em comum, pela constru¸c˜ao do processo de contato n˜ao ocorre mais de uma transi¸c˜ao em um mesmo instante de tempo. Suponha tamb´em que ocorrem exatamente N transi¸c˜oes

(36)

(sadio tornando-se infectado ou infectado tornando-se sadio) neste per´ıodo, nos instantes T1 < · · · < TN, e que no instante Ti, a mudan¸ca de estado ocorre no s´ıtio xi, i = 1, ..., N .

Observe que N = Ut+ Dt, pois a cada Ti, ocorre um salto de tamanho 1 no n´umero

de s´ıtios infectados na grade, seja este salto ascendente ou descendente. ´E conveniente adotarmos T0 = 0, TN +1 = t e ξi = ξ

{0}

Ti como a configura¸c˜ao do processo no instante Ti.

Dada a configura¸c˜ao ξi−1 no instante Ti−1, definimos a taxa de mudan¸ca no s´ıtio x,

denotada por ri(x) e dada por

ri(x) =      λ X |x−y|=1

ξi−1(y) , se ξi−1(x) = 0,

µ , se ξi−1(x) = 1.

(2.4)

A parcela X

|x−y|=1

ξi−1(y) em (2.4) refere-se ao n´umero de vizinhos do s´ıtio x que est˜ao

infectados no intervalo [Ti−1, Ti), isto ´e, λ

X

|x−y|=1

ξi−1(y) ´e a taxa com que o s´ıtio x no

estado sadio durante o intervalo [Ti−1, Ti) torna-se infectado. Da mesma forma, µ ´e a

taxa com que um s´ıtio x no estado infectado em [Ti−1, Ti) torna-se sadio. O somat´orio

das taxas de mudan¸ca de todos os s´ıtios x ∈ Zd no instante T

i resulta na taxa total de

mudan¸ca no instante Ti, que denotaremos por

Ri =

X

x∈Zd

ri(x).

Note que Ri ´e finito, pois o conjunto inicial de s´ıtios infectados ´e finito. Vamos obter

uma express˜ao mais apropriada para Ri:

Ri = X x∈Zd ri(x) = X x∈Zd  I{ξi−1(x)=0}λ X |x−y|=1

ξi−1(y) + I{ξi−1(x)=1}µ

 = λX x∈Zd  I{ξi−1(x)=0} X |x−y|=1 ξi−1(y)  + X x∈Zd I{ξi−1(x)=1}µ = λX x∈Zd  (1 − I{ξi−1(x)=1}) X |x−y|=1 ξi−1(y)  + µX x∈Zd I{ξi−1(x)=1} = λX x∈Zd  (1 − ξi−1(x)) X |x−y|=1 ξi−1(y)  + µ X x∈Zd ξi−1(x) = λk {0} Ti−1+ µn {0} Ti−1. (2.5)

(37)

2.2

Fun¸

ao de Verossimilhan¸

ca

Atrav´es das defini¸c˜oes apresentadas na se¸c˜ao anterior, podemos construir a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca. A verossimilhan¸ca do processo ξs{0} observado em [0, t] ´e constru´ıda

condicional `as N transi¸c˜oes que o processo sofre neste intervalo de tempo, e remete `as chances relativas do processo atingir determinada configura¸c˜ao. Temos que (Ti− Ti−1) ´e

uma vari´avel aleat´oria que denota o intervalo de tempo que o processo permanece sem modifica¸c˜oes dado que j´a sofreu i−1 transi¸c˜oes. Este tempo aleat´orio ´e exponencialmente distribu´ıdo com parˆametro Ri, a taxa total de mudan¸ca do sistema ap´os a (i − 1)-´esima

transi¸c˜ao. Como ocorrem exatamente N transi¸c˜oes e os processos de Poisson que definem infec¸c˜ao ou cura s˜ao independentes, a verossimilhan¸ca ´e escrita da seguinte forma:

L(λ, µ) = " N Y i=1 Riexp{−Ri[Ti− Ti−1]} | {z } (∗) ri(xi) Ri | {z } (∗∗) # exp{−RN +1[t − TN]} | {z } (∗∗∗) . (2.6)

As express˜oes (∗) e (∗∗) em (2.6) representam a densidade dos instantes de salto condicional ao s´ıtio que muda de estado no processo, ou seja, (Ti − Ti−1) ∼ Exp(Ri)

dado que no instante Ti ocorre mudan¸ca de estado no s´ıtio xi. A express˜ao (∗ ∗ ∗) ´e

referente `a densidade no intervalo [TN, t], onde n˜ao ocorre transi¸c˜ao e, portanto, n˜ao

h´a condicionamento relativo a mudan¸ca de configura¸c˜ao do processo. A fun¸c˜ao de log-verossimilhan¸ca ´e dada por

log L(λ, µ) = N X i=1 log " Riexp{−Ri[Ti− Ti−1]} ri(xi) Ri # + log(exp{−RN +1[t − TN]}) = − N X i=1 Ri[Ti− Ti−1] + N X i=1 log ri(xi) − RN +1[t − TN] = − N +1 X i=1 Ri[Ti− Ti−1] + N X i=1 log ri(xi). (2.7)

Em [0, t], o processo realiza Ut mudan¸cas de sadio para infectado e Dt mudan¸cas de

(38)

N X i=1 log ri(xi) = N X i=1 loghI{ξi−1(xi)=0}λ X |xi−y|=1

ξi−1(y) + I{ξi−1(xi)=1}µ

i = X i:ξi−1(xi)=0 log  λ X |xi−y|=1 ξi−1(y)  + X i: ξi−1(xi)=1 log µ = X i:ξi−1(xi)=0 log λ + X i:ξi−1(xi)=1 log µ + X i:ξi−1(xi)=0 log X |xi−y|=1 ξi−1(y) = Utlog λ + Dtlog µ + h(ξ{0}), (2.8)

onde h(ξ{0}) depende do processo {ξs{0}: 0 ≤ s ≤ t}, mas n˜ao depende dos parˆametros λ e

µ. Aqui, Ut e Dt s˜ao os processos de contagem definidos na Se¸c˜ao 2.1 (saltos ascendentes

e descendentes, respectivamente), que tamb´em podem ser expressos da seguinte forma:

Ut = #{1 ≤ i ≤ N : ξi−1(xi) = 0} = #{1 ≤ i ≤ N : ξi(xi) = 1},

Dt = #{1 ≤ i ≤ N : ξi−1(xi) = 1} = #{1 ≤ i ≤ N : ξi(xi) = 0}.

Como TN +1= t e a configura¸c˜ao do processo se modifica apenas em T1 < · · · < TN, ou

seja, n{0}s e k {0}

s s˜ao constantes para s ∈ [Ti−1, Ti), i = 1, ..., N + 1, por (2.5), o primeiro

termo de (2.7) pode ser escrito como

N +1 X i=1 Ri[Ti− Ti−1] = N +1 X i=1

[λkT i−1{0} + µn{0}T i−1][Ti− Ti−1]

= λ N +1 X i=1 kT i−1{0} (Ti− Ti−1) + µ N +1 X i=1 n{0}T i−1(Ti− Ti−1) = λ Z t 0 ks{0}ds + µ Z t 0 n{0}s ds = λFt+ µGt. (2.9)

Finalmente, aplicando (2.8) e (2.9) em (2.7), temos a log-verossimilhan¸ca dada da forma

(39)

2.3

Estimadores e suas propriedades

Derivando a express˜ao para log-verossimilhan¸ca obtida em (2.10) em rela¸c˜ao ao parˆametro que se deseja estimar (λ ou µ) e igualando a zero, encontramos os estimadores de verossimilhan¸ca: d dλlog L(λ, µ) = −Ft+ Ut λ = 0 ⇒ ˆ λt= Ut Ft , (2.11) d dµlog L(λ, µ) = −Gt+ Dt µ = 0 ⇒ µˆt = Dt Gt . (2.12)

Note que, por (2.2), como E[Xt] = E[Yt] = 0 para todo t, temos

E[Ut] = E[λFt] ⇒ λ = E[U t]

E[Ft]

, (2.13)

E[Dt] = E[µGt] ⇒ µ = E[D t]

E[Gt]

, (2.14)

e como os processos de contagem Ute Dte as somas Fte Gts˜ao processos crescentes, uma

vez que a raz˜ao entre os valores esperados em (2.13) e (2.14) convirjam respectivamente para λ e µ, estes estimadores possuem um apelo intuitivo (ver Lema 2.1).

O estimador da raz˜ao entre as taxas de infec¸c˜ao e cura ´e a raz˜ao entre os estimadores das referidas taxas, ou seja,

ˆ ρt = ˆ λt ˆ µt = UtGt DtFt .

Ap´os devida normaliza¸c˜ao, os estimadores de m´axima verossimilhan¸ca de infec¸c˜ao e cura possuem distribui¸c˜ao assint´otica normal bivariada, e o estimador ˆρttem distribui¸c˜ao

assint´otica normal, conforme enuncia o teorema a seguir.

Teorema 2.1 (Fiocco & van Zwet [7]): Seja U o conjunto convexo limitado descrito no Teorema 1.2 e m(U ) sua medida de Lebesgue em Rd. Dado que {τ{0} = ∞}, temos que,

quando t → ∞, a distribui¸c˜ao conjunta de t(d+1)/2( ˆλ

t − λ) e t(d+1)/2( ˆµt − µ) converge

em distribui¸c˜ao para N (0, Σ), onde a matriz de covariˆancia Σ = (σij)i=1,2

(40)

σ1,2 = σ2,1 = 0 e σ1,1 = (d + 1)λ2 µ m(U )P(τ{0} = ∞) , σ2,2 = (d + 1)µ m(U )P(τ{0} = ∞). (2.15)

Sob a condi¸c˜ao de sobrevivˆencia do processo, a distribui¸c˜ao limite de t(d+1)/2( ˆρt− ρ) ´e

N (0, σ2

ρ), onde

σ2ρ= 2(d + 1)λ

2

µ3m(U )P(τ{0}= ∞).

Demonstra¸c˜ao: Precisamos demonstrar que a distribui¸c˜ao limite de t(d+1)/2( ˆλ

t− λ) ´e

N (0, σ1,1). O caminho para demonstrar que a distribui¸c˜ao limite de t(d+1)/2( ˆµt− µ) ´e

N (0, σ2,2) ´e an´alogo e n˜ao ser´a feito aqui. Pela dinˆamica do processo de contato, os

processos Ut e Dt s˜ao independentes, e condicional a {τ{0} = ∞}, os martingais Xt e

Yt s˜ao assintoticamente n˜ao correlacionados, pois s˜ao gerados a partir de processos de

Poisson independentes. Portanto, ˆλt e ˆµt s˜ao independentes, e logo σ1,2 = σ2,1 = 0.

Ent˜ao, provar a distribui¸c˜ao assint´otica de t(d+1)/2( ˆλ

t − λ) ´e suficiente para provar o

Teorema 2.1. Primeiramente, considere as nota¸c˜oes P, E∗ e Var∗ como respectivamante a probabilidade condicional, o valor esperado e a variˆancia dado {τ{0} = ∞}. Para C ⊂ Zd, defina nπt(C) =X x∈C ξπt(x) , ktπ(C) = X x∈C  (1 − ξtπ(x)) X |x−y|=1 ξtπ(y)  , (2.16) ou seja, nA

t e kAt definidos em (2.1) s˜ao iguais a respectivamente nπt(Zd) e kπt(Zd) com

distribui¸c˜ao inicial π concentrada em A. Seja U o conjunto definido pelo Teorema 1.2. Por (1.12) e (1.13), temos que, para ε arbitrariamente pequeno,

lim sup t→∞ t−d−1 Ft− Z t 0 kZd s (sU )ds = 0 (2.17)

(41)

quase certamente sob P∗, pois t−d−1 Ft− Z t 0 kZd s (sU )ds = t−d−1 Z t 0 kZd s (Z d\ sU )ds = t−d−1 Z t 0 kZd s ((1 + ε)sU \ sU )ds ≤ Cε

para todo t suficientemente grande sob P∗quase certamente, com C constante positiva e a segunda igualdade v´alida devido ao Teorema 1.2. Logo, conforme t aumenta, a express˜ao no lim sup tende a zero. Al´em disso, novamente pelo Teorema 1.2 e pelo Teorema 1.1, quando t → ∞, t−d−1 Z t 0 kZd s (sU )ds − Z t 0 E h kZd s (sU ) i ds P −→ 0. (2.18)

Combinando (2.17) e (2.18), chega-se na equa¸c˜ao abaixo:

t−d−1 Ft− Z t 0 E h kZd s (sU ) i ds P∗ −→ 0 quando t → ∞. (2.19)

De posse de (2.19), nosso foco volta-se para obter E[kν(sU )], pois pelo Teorema 1.2, as configura¸c˜oes dos processos ξZd

s e ξsν s˜ao iguais em m´edia no interior de sU para

s suficientemente grade. Quando s → ∞, o n´umero de s´ıtios em sU ´e de ordem de m(U )sd, e pela invariˆancia por transla¸c˜oes do processo ξν

s, E[kν(sU )] = X x∈sU E   X |x−y|=1 (1 − ξν(x))ξν(y)  = X x∈sU E   X |y|=1 (1 − ξν(0))ξν(y)   = X x∈sU

E[kν({0})] ∼= m(U )sdE[kν({0})].

Para o processo ξν

s, temos que sua taxa m´edia de crescimento ´e λE[kν({0})], que ´e igual

a sua taxa m´edia de decrescimento µE[nν({0})] = µE[ξν({0})] para todo s > 0, devido a

ν ser uma medida de equil´ıbrio. Portanto, por (1.8),

E[kν(sU )] ∼= µm(U )P(τ

{0} = ∞)sd

(42)

Aplicando (2.20) em (2.19), chegamos a  t−(d+1)Ft− µm(U )P(τ {0}= ∞) (d + 1)λ  P∗ −→ 0 quando t → ∞. (2.21)

Pelas defini¸c˜oes de Xt, Ft e ˆλt, temos ( ˆλt− λ) = Xt/Ft, e dotados desta informa¸c˜ao e da

convergˆencia de Ft expressa na equa¸c˜ao (2.21),

t(d+1)/2( ˆλt− λ) D∗ ∼ (d + 1)λ µm(U )P(τ{0} = ∞)t −(d+1)/2 Xt,

onde D∼ denota equivalˆencia assint´∗ otica em distribui¸c˜ao sob P∗. Agora, precisamos mostrar que t−(d+1)/2Xt ´e assintoticamente normal sob a distribui¸c˜ao condicional P∗.

Isto ´e feito atrav´es do uso de uma condi¸c˜ao tipo Lindeberg, t´ecnicas de martingais e estimativas de momentos. Sejam 0 = s0 < s1 < s2 < ... os instantes onde ocorrem

transi¸c˜oes no processo {ξs{0} : 0 ≤ s ≤ t} e seja Fsi a σ-´algebra gerada pelo processo at´e o

instante aleat´orio si, i ∈ Z+. Fiocco & van Zwet [7] apresentam os seguintes resultados:

n−1 X i=0 E∗s−(d+1)/2n (Xsi+1− Xsi)|Fsi ≈ oP∗ s −(d+1)/2 n  P∗ −→ 0 quando n → ∞, (2.22) n−1 X i=0 Var∗s−(d+1)/2 n (Xsi+1 − Xsi)|Fsi  −→P∗ µm(U )E[ξν({0})] d + 1 . (2.23) Como E[ξν({0})] = P(τ{0} = ∞) e s

n→ ∞ quando n → ∞, aplicando o valor esperado

em (2.22) e (2.23), o uso de t´ecnicas de martingais e estimativa de momentos obtemos que E∗t−(d+1)/2Xt t→∞ −→ 0, (2.24) Var∗t−(d+1)/2Xt t→∞ −→ µm(U )P(τ {0}= ∞) d + 1 . (2.25)

Resta provar que a forma desta distribui¸c˜ao assint´otica ´e normal quando t → ∞. Seja a equa¸c˜ao abaixo, descrita em Fiocco & vam Zwet [7]: Para todo  > 0,

n−1 X i=0 s−(d+1)n E∗  (Xsi+1 − Xsi) 2 In |Xsi+1−Xsi|≥s(d+1)/2n o|Fs i  P∗ −→ 0 (2.26)

(43)

quando n → ∞. Atrav´es da equa¸c˜ao (2.26), ´e poss´ıvel mostrar a normalidade assint´otica gra¸cas ao uso de uma condi¸c˜ao tipo Lindeberg, e assim por (2.24) e (2.25) temos que a distribui¸c˜ao assint´otica de t(d+1)/2( ˆλt− λ) ´e N (0, σ1,1). 

Lema 2.1 (Fiocco & van Zwet [7]): Os estimadores de m´axima verossimilhan¸ca s˜ao consistentes, assintoticamente n˜ao-viciados e eficientes.

Demonstra¸c˜ao: A consistˆencia ´e conseq¨uˆencia do Teorema 2.1. De fato, pelo Teorema 2.1 e o Teorema de Slutsky (ver Barry James [11], Teorema 6.4),

ˆ

λt− λ = t−(d+1)/2t(d+1)/2( ˆλt− λ) D

−→ 0 quando t → ∞,

e como ˆλt − λ converge para uma constante, convergˆencia em distribui¸c˜ao implica em

convergˆencia em probabilidade, logo ˆλt P

−→ λ, e assim a consistˆencia de ˆλt est´a provada.

A demonstra¸c˜ao para o estimador de m´axima verossimilhan¸ca ˆµt de µ ´e an´aloga. O

resultado da consistˆencia tamb´em ´e valido para o estimador ˆρt de ρ.

Para demonstrarmos que os estimadores de m´axima verossimilhan¸ca s˜ao assintoticamente n˜ao-viciados, utilizamos uma conseq¨uˆencia do Teorema Central do Limite, pela qual os valores esperados convergem para o valor esperado da distribui¸c˜ao normal limite, dada pelo Teorema 2.1. Ent˜ao, lim

t→∞E[t (d+1)/2( ˆλ t− λ)] = 0. Logo, para t → ∞, lim t→∞E[ ˆ λt] − λ = lim t→∞t −(d+1)/2 E[t(d+1)/2( ˆλt− λ)] = 0.

Portanto, ˆλt ´e um estimador assintoticamente n˜ao viciado de λ. O processo ´e an´alogo

para demonstrar que ˆµt ´e um estimador assintoticamente n˜ao-viciado de µ. Assim como

a consistˆencia, esta caracter´ıstica tamb´em vale para o estimador da raz˜ao das taxas de infec¸c˜ao e cura.

A demostra¸c˜ao da eficiˆencia assint´otica dos estimadores de m´axima verossimilhan¸ca ´

e mais complexa, pois envolve resultados mais sofisticados em Fiocco & van Zwet [7]. Assim como na demonstra¸c˜ao do Teorema 2.1, considere as nota¸c˜oes P, E∗ e Var∗.

Referências

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