Via do Acetato-Malonato
Prof. Marcelo J. Pena Ferreira
BIB 0315 – Metabólitos Vegetais: Origem, Diversidade e Aplicações 2016
CO2 + H2O GLICOSE PIRUVATO 3-FOSFOGLICERATO (3-PGA) VIA DO METILERITRITOL-FOSFATO (MEP) ACETIL-CoA VIA DO ACETATO-MEVALONATO TERPENÓIDES MONOTERPENOS (C10) SESQUITERPENOS (C15) DITERPENOS (C20) TRITERPENOS (C30) ESTERÓIDES CAROTENÓIDES CICLO DE KREBS VIA DO ACETATO-MALONATO DERIVADOS DE ÁCIDOS GRAXOS CUTINA SUBERINA CERAS FOSFOENOLPIRUVATO ERITROSE-4-FOSFATO VIA DO CHIQUIMATO SUBSTÂNCIAS FENÓLICAS SUBSTÂNCIAS FENÓLICAS AMINOÁCIDOS AROMÁTICOS AMINOÁCIDOS ALIFÁTICOS METABÓLITOS NITROGENADOS ALCALOIDES GLICOS. CIANOGÊNICOS GLUCOSINOLATOS POLIAMINAS FLAVONÓIDES
•
Precursora de policetídeos: cadeias poli-
-ceto
•
Compreende as seguintes classes de metabólitos:
•
Ácidos graxos;
•
Poliacetilenos;
•
Prostaglandinas;
•
Antibióticos macrolídeos;
•
Várias substâncias aromáticas:
xantonas, antraquinonas, tetraciclinas....
Via do acetato-malonato
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Via do acetato-malonato
Formação da cadeia poli--ceto: ocorre com a carboxilação da Ac-CoA à malonil-CoA (na presença de ATP, HCO3- e coenzima biotina)
acetil-CoA -CO2
malonil-CoA
acetoacetil-CoA poli--ceto-éster
malonil-CoA -CO2
aromáticos
macrolídeos ácidos graxos sem redução dos
grupos ceto desidratação redução/ ceto reduzidos todos grupos -cetoéster hidroxiéster
redução desidratação
éster conjugado redução
éster reduzido
Via do acetato-malonato – Ácidos graxos e derivados
1. Ácidos graxosBiossintetizados pela enzima ácido graxo sintase (do inglês: FAS) Animais e fungos: FAS tipo I – proteína multifuncional com sete domínios funcionais
Plantas e bactérias: FAS tipo II – conjunto de enzimas separadas codificadas por sete genes diferentes
Malonil-CoA Malonil-CoA
acetil-CoA acetil-CoA
Unidade
Iniciadora Unidades extensoras Ácido palmítico (16:0) Iniciadora Unidade Unidades extensoras Ácido esteárico (18:0)
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Via do acetato-malonato – Ácidos graxos e derivados
1. Ácidos graxosFrequentemente possuem n° par de C e esterificados ao glicerol
Triglicerídeos: Lipídeos de reserva de plantas oleaginosas Geralmente presentes em:
Sementes: legumes, cereais, palmeiras; Frutos: oliva, abacate G L I C E R O L ÁCIDO GRAXO ÁCIDO GRAXO ÁCIDO GRAXO
Importante reserva energética para o embrião
Saturados
Aves e mamíferos Insaturados Graxas e gorduras Vegetais: óleos
1. Ácidos graxos
Espécies vegetais e peixes contém predominantemente triglicerídeos de ácidos graxos insaturados.
Ácido oleico - 18:1 (9c)
Espécies de clima frio produzem % de ácidos graxos poliinsaturados
manter a fluidez.
Óleo de Colza – Brassica napus
[ ] C20, C22 (ácido erúcico) e de
glicosinolatos
Variedades genetica//e modificadas: Canola “Canadian oil low acid”
% de -3 e -6
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1. Ácidos graxosOrganismos eucariontes: 9-desaturase Espécies vegetais
Ácido oleico - 18:1 (9c)
Espécies animais – dieta: ácido linoleico
prostaglandinas tromboxanos
Oenothera biennis – Onagraceae
Sementes: óleo de prímula
Óleo: suplemento alimentar
glicerídeos de ácido -linolênico (7-14%) glicerídeos do ácido linoleico (65-80%)
Usos adicionais:
tratamento tensão pré-menstrual esclerose múltipla
mastalgia
Dilinoleil--linolenil-glicerol: tratamento da neuropatia e retinopatia relacionadas ao diabetes
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Ricinus communis - Euphorbiaceae
ácido oleico ácido ricinoleico oleato 12-hidroxilase PL: fosfolipídio ácido undecenóico
Óleo de rícinio: purgante, base de emolientes e fabricação sabões
1. Ácidos graxos
Fosfolipídeos: Componentes estruturais de membranas celulares; Constituído por diacil-éster do glicerol 3P: ácido fosfatídico O grupo fosfato pode estar ligado a colina, etanolamina, serina, mioinositol formando fosfatidilcolina , ...
Fosfatidilcolina: lecitina
Lipossomos: potencial interesse em sistemas “drug delivery”.
PAF (fator agregação plaquetária): ativa plaquetas sanguíneas; contribui para efeitos como trombose, alergias e inflamações.
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2. Ceras cuticulares
Constituída por longas cadeias alifáticas tais como n-alcanos, alcoóis graxos (1° e 2°), aldeídos e cetonas, ácidos graxos livres e ésteres. Também encontrados: triterpenos e esteróides.
Lamela média (pectinas) Parede celular 1ª Cera epicuticular
Matriz de cutina
Matriz de cutina “embebida” por ceras:
Cera intracuticular
Capa cuticular: cutina + celulose aderida a lamela média
Cutícula (cutina + ceras): Um dos fatores para a
conquista do ambiente terrestre
Via do acetato-malonato – Ácidos graxos e derivados
Cutícula
Constituída por cutina (biopolímero de estéres de ácidos graxos C16 ou C18) e 2 tipos de ceras:
epicuticular: depositada sobre a superfície da cutina intracuticular: incorporada a matrix de cutina
...O-(CH2)15-C-O-(CH2)9-CH-(CH2)7-C....
(CH2)7-CH-(CH2)9-O-C-(CH2)7-CH-(CH2)9-O-C....
O... O...
Estrutura parcial da molécula de cutina
Cutina: Principal constituinte da cutícula que recobre as paredes celulares externas da epiderme dos órgãos aéreos
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Funções da Cutícula
A: Redução da perda de água não estomática e difusão de gases;
B: Evita acumulação de água e pó; E: Camada fotoprotetora; C: Participa da interação planta-inseto; F: Promove suporte mecânico D: Participa da tradução de sinais para ativação de genes específicos;
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Hidrofobicidade da cutícula depende da composição relativa das frações de hidrocarbonetos, álcoois e aldeídos (mais relacionada com as ceras);
Fig. 3 – Evaporation rates (E) in Whatman paper discs impregnated with constituents separated from foliar epicuticular waxes of species from caatinga and cerrado. Empty symbols correspond to triterpenoids. () ursolic acid, () hentriacontan-16-one, () lupeol, () lupeol + β-amyrin, () epifriedelinol, ()n-alkanes. Values correspond to means ± sd (n = 30), obtained at 25◦C and 65% relative humidity.
alcanos são mais eficientes que terpenóides como barreiras a perda de água
Oliveira et al. Epicuticular waxes from caatinga and cerrado species and their efficiency against water loss. Anais da Academia Brasileira de Ciências (2003) 75(4): 431-439
Via do acetato-malonato – Ácidos graxos e derivados
3. PoliacetilenosObtidos pela desaturação de ácidos graxos insaturados
Atuam como componentes de defesa nas espécies produtoras
Atividades: Inseticida
Supressora alimentação de insetos Fitoalexinas
Efeitos fototóxicos
ácido oleico - 18:1 (9c)
ácido linoleico - 18:2 (9c,12c)
ácido crepenínico - 18:2 (9c,12a)
ácido deidrocrepêninico - 18:3 (9c,12a,14c)
18:3 (9c,12a,14a)
18:4 (9c,12a,14a, 16a) ácido deidromatricaria - 10:4 (2t,4a,6a,8a)
-oxidação e isomerização
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Via do acetato-malonato – Ácidos graxos e derivados
3. PoliacetilenosOcorrência: especialmente comuns em Asteraceae e Apiaceae; Fungos basidiomicetos
Geralmente, substâncias altamente tóxicas
+ de 10.000 ocorrências em Asteraceae
POLIACETILENOS
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aromáticos
macrolídeos ácidos graxos sem redução dos
grupos ceto desidratação redução/ ceto reduzidos todos grupos -cetoéster hidroxiéster
redução desidratação
éster conjugado redução
éster reduzido
Via do acetato-malonato – Policetídeos
Via do acetato-malonato – Policetídeo sintases
Tipos de PKS’sPKS – tipo I: proteínas multifuncionais muito grandes com domínios funcionais individuais, podendo esses ser iterativos ou não.
Responsáveis: biossíntese de macrolídeos Unidade iniciadora: Ac-CoA ou Pro-CoA Unidade extensora: Mal-CoA ou Me-Mal-CoA Ocorrem: fungos e bactérias
PKS – tipo II: complexo proteínas monofuncionais iterativas. Responsáveis: biossíntese de aromáticos
Unidade iniciadora: pode variar Unidade extensora: Mal-CoA Ocorrem: restritas a bactérias
Ambos tipos utilizam proteínas carreadoras de grupos acila (ACP) para ativar substratos e realizar crescimento intermediário policetídico.
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Via do acetato-malonato – Policetídeo sintases
Propionil-CoA
9x malonil-CoA
Tetraciclinas
Acetil-CoA Malonil-CoA Metil-Malonil-CoA Anfotericina B
Macrolídeos
Tipos de PKS’s
PKS – tipo III: proteínas homodiméricas que empregam os dois sítios ativos funcionalmente independentes para realizar as reações.
Responsáveis: biossíntese de vários PN aromáticos Ocorrem: fungos, bactérias e espécies vegetais Unidade iniciadora: variável
Unidade extensora: Mal-CoA
Subtipos de acordo com o iniciador:
Benzoil-CoA: bifenil-sintase (BIS) e benzofenona-sintase (BPS) Coumaroil-CoA: chalcona sintase (CHS) e estilbeno sintase (STS) Antraniloil-CoA: acridona sintase (ACS); ...
Somente utilizam ésteres de CoA ao invés de ACP para realizar crescimento intermediário policetídico.
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Via do acetato-malonato – Policetídeo sintases
Evolução das PKS-III Diversidade: relacionada modificações fora da tríade catalítica
Reação inicial Descarboxilação do malonil Extensão policetídica
duplicação e posterior refuncionalização gene chave para explicar a diversidade metabólica
Phytochemistry 2009, 70, 1719-1727
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PKS-III funcionalmente diferentes de CHS
acetil-CoA malonil-CoA poli--cetoéster Caminho B Caminho A ácido orselínico acetofenonas Iniciador: Acetil-CoA
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Via do acetato-malonato – Policetídeos aromáticos
1. AntraquinonasCrisofanol-antrona Crisofanol
Aloe-emodina Reína
Produzidas por espécies vegetais e fungos Famílias: Fabaceae, Rhamnaceae,
Polygonaceae, Xanthorrhoeaceae
acetil-CoA malonil-CoA 7x
Via do acetato-malonato – Policetídeos aromáticos
1. AntraquinonasSenosídeos: Cassia angustifolia e C. senna
Estimulam movimento peristáltico do intestino Cascarosídeos: Rhamnus purshianus
Reína antrona
tautomerismo ressonância
Reína diantrona Senosídeo A/B
Acoplamento
radicalar O-glicosilação
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Via do acetato-malonato – Policetídeos aromáticos
1. AntraquinonasXanthoria parietina
1. Antraquinonas
Hypericum perforatum – Hypericaceae : Erva de São João: Antidepressivo
Emodina Emodina antrona
Hipericina
Hiperforina Floroglucinol
MEP ou MEV
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Via do acetato-malonato – Policetídeos aromáticos
2. Floroglucinóis : precursor aas.Hiperforina 3x malonil-CoA Isobutiroil-CoA Floroisobutirofenona DMAPP DMAPP GPP Isovaleroil-CoA Floroisovalerofenona Deoxiumulona Humulona 3x malonil-CoA
Via do acetato-malonato – Policetídeos aromáticos
3. Benzofenonas e Xantonas : precursor benzoil-CoA.benzofenona
-mangostin benzoil-CoA
malonil-CoA
Fenilalanina: chiquimato
Distribuídas principalmente em Clusiaceae e Gentianaceae
preniladas polioxigenadas
MEP ou MEV
BPS
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Via do acetato-malonato – Policetídeos aromáticos
4. Flavonóides e Estilbenos: precursor coumaroil-CoA.Chiquimato p-coumaroil-CoA 3x malonil-CoA Estilbeno Flavonóide Chiquimato Chiquimato Acetato-Malonato Acetato-Malonato
BIOSSÍNTESE MISTA !!!
Referências Bibliográficas
• P.M. Dewick, Medicinal Natural Products – A Biosynthetic
Approach. 3th Ed., 2009.