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Discursos transformadores e possibilidades para um novo organizar na política de esporte e lazer do Recife

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Academic year: 2021

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(1)Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Ciências Administrativas Programa de Pós Graduação em Administração - PROPAD. Bruno César Santos de Alcântara. Discursos transformadores e possibilidades para um ‘Novo Organizar’ na política de esporte e lazer do Recife. Recife, 2007.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E DISSERTAÇÕES. Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco é definido em três graus: - "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas); - "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada; - "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia; A classificação desta dissertação/tese se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área da administração. ___________________________________________________________________________. Título da Monografia: Discursos transformadores e possibilidades para um ‘Novo Organizar’ na política de esporte e lazer do Recife. Nome do Autor: Bruno César Santos de Alcântara. Data da aprovação: 15 de junho de 2007.. Classificação, conforme especificação acima: Grau 1 Grau 2 Grau 3. Recife, 15 de agosto de 2007 --------------------------------------Assinatura do autor.

(3) 2. Bruno César Santos de Alcântara. Discursos transformadores e possibilidades para um ‘Novo Organizar’ na política de esporte e lazer do Recife Orientadora: Profa. Dra. Cristina Amélia Pereira de Carvalho. Dissertação apresentada como requisito complementar para a obtenção do grau de Mestre em Administração, área de concentração em Gestão Organizacional, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco.. Recife, 2007.

(4) Alcântara, Bruno César Santos de Discursos transformadores e possibilidades para um novo organizar na política de esporte e lazer do Recife. / Bruno César Santos de Alcântara. – Recife : O Autor, 2007. 196 folhas : fig. , tab. , abrev. e quadro. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Administração, 2007. Inclui bibliografia, apêndice e anexo. 1. Teoria organizacional. 2. Administração. 3. Administração pública – Participação do cidadão. 4. Políticas públicas. 5. Recife - Lazer. I. Título. 658. CDU (1997). 658. CDD (22.ed.). UFPE CSA2007-077.

(5) 2.

(6) 3. Dedico este trabalho aos meus pais, Zeca, também conhecido por José Pedro, pelo apoio incondicional e Cristina, para alguns, Tereza, minha melhor amiga, e ao meu avô Antônio pelo exemplo de vida..

(7) 4. O desenvolvimento das forças econômicas sobre novas bases e a instauração progressiva da nova estrutura sanearão as contradições que não faltarão e, tendo criado de baixo um novo “conformismo”, permitirão novas possibilidades de autodisciplina, isto é, liberdade individual. (Antonio Gramsci em Notas sobre Maquiavel. Trechos selecionados por Emir Sader em Gramsci: poder, política e partido).. A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática ativismo. (Paulo Freire em Pedagogia de Autonomia).. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos. (Paulo Freire em Pedagogia de Autonomia)..

(8) 5. Agradecimentos Nessa jornada, iniciada em 2003, quando aluno especial do PROPAD, merecem meus agradecimentos: - Profa. Cristina Carvalho, pela oportunidade, pela insistência, pela confiança e finalmente pela paciência. Por junto com os professores Marcelo Milano, Rosimeri Carvalho, Eloise Dellagnelo, ainda que distantes, transmitirem, para um jovem iniciante em pesquisa, a seriedade e o compromisso necessário com a vida pública. - Sueli Goulart, grande amiga, fundamental nos momentos difíceis que passei, quando quase desisti. Muitas saudades de nossas conversas. Rodrigo Gameiro, grande amigo, com quem muito aprendi, mudei, morei. - A quem esteve e está no Observatório da Realidade Organizacional, pelo aprendizado e apoio contínuos, especialmente nos momentos difíceis. Em particular, ao longo desses anos, Gustavo Madeiro, Julio Cesar, Paulo Magalhães, Távia, Michelle Menezes, Thiago Dias, Profa. Débora, Flávia, Alba, Myrna, Elias, e mais recentemente Caropul, Ana Luiza, Raquel, Michelaine, Luciana e Profa. Maristela. - Profa. Ruth Vasconcelos pela grande leitura do projeto, que contribuiu sobremaneira para os rumos deste trabalho. Profa. Jackeline Amantino pela iniciação no mundo da Política, pelas ótimas conversas que tivemos. - Prof. Gustavo Tavares, pelas primeiras lições sobre política pública (local) no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE. - Prof. Nelson Marcellino e Profa. Leila Mirtes Pinto pelos textos e dicas sobre o setor de esporte e lazer. - Aos professores do PROPAD, em particular ao Prof. Pedro Lincoln Mattos. Irani, pelo apoio. - Guilherme Moura, Roberta Medeiros e Julio Cesar pelo inestimável apoio quando ainda aluno da graduação arriscando-me no mestrado. Agradeço ainda o grande apoio do amigo Gustavo Madeiro. - Alessandra, Ana Beatriz, Ana Márcia, Daniel, João Gratuliano, Marcelo Lima, Marcelim Vieira, Milka, Vinícius, Sérgio, Renata, Walter por marcarem minhas lembranças da Turma 11. - Do período no Rio Grande do Sul, Profa. Maria Ceci; Prof. visitante Steffen Böhm; Prof. Clézio Saldanha; Profa. Aida Lovison pelo apoio e contribuições valorosas. Os alunos da Escola de Administração Lucas, Romualdo, Duarte, Fabiane, Joyce, Rafael Flores e Rafael Vecchio, pelo apoio. Particularmente, Guilherme Camara, pela acolhida num momento difícil. Cristiane Almeida, pelo apoio amigo, pela culinária nordestina, pelas músicas da terra que tanto inspiraram a redação deste trabalho. - Emerson Sobral, Jamerson Almeida, Katharine Ninive, Raphael D´Castro, Cezar Lobo, Antonino Fernandes, Thiago de Alencar, Josuel Salvador, Marconi B.boy e muitos outros que organizam o Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer, pela oportunidade que me faz hoje um outro cidadão. - CAPES e FACEPE pelo fundamental apoio financeiro..

(9) 6. - Meus familiares, que tanto torceram e esperaram. Meus irmãos, Eduardo e Bruna; Minha Tia Etiene; Meus avós queridos; Meus tios e primos, alguns tão distantes. Meus amigos por compreenderem minhas ausências, particularmente Quinho e Zé Inaldo; - Hayana, meu amor, pelo companheirismo, paciência, equilíbrio e pelos cuidados quase médicos. Seus familiares pelo apoio, particularmente Célia, pelos remédios que tanto me ajudaram na reta final, Deyse pela ajuda com as imagens e fotos..

(10) 7. Resumo. Desde a década de 30, esporte e lazer se caracterizaram pelo caráter interventor do Estado brasileiro. A partir do reconhecimento do lazer como direito social, pela Constituição Federal de 1988, ambos ganharam novos contornos nas ações do poder público. A prerrogativa da Constituição repercutiu em políticas públicas de esporte e lazer preocupadas com o resgate de valores comunitários por meio de atividades lúdico-desportivas, principalmente em governos do Partido dos Trabalhadores. Em 2002, foi criado, pela Prefeitura Municipal do Recife, o Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer para conscientizar crítica e politicamente e elevar culturalmente as comunidades da periferia da cidade de modo a restaurar vínculos comunitários que estimulassem ações (políticas) (auto)organizadas. Em suas ações, o Programa acrescentou aos conteúdos esportivos tradicionais, como o futebol, manifestações artístico-culturais, assim como elementos dos esportes radicais e da cultura hip hop. Neste trabalho foi analisado como os elementos transformadores do discurso do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer se concretizaram nas práticas de organizar de seus projetos nas comunidades. Da pesquisa de campo, entre junho de 2005 e abril de 2007, as entrevistas e a observação participante, com uso de notas de campo, subsidiaram a análise da concretização dos projetos. Para o tratamento e análise dos dados utilizou-se abordagem qualitativa. Foram identificadas novas possibilidades de organização entre poder público e sociedade civil na implementação dos projetos estudados. Porém, os projetos que mostraram maior potencial para criar novas possibilidades de organização foram, ao longo dos anos, perdendo prioridade nas ações da política de esporte e lazer do Recife. Palavras-Chave: Teoria Organizacional. Práticas de Organizar. Esporte e Lazer. Esporte. Lazer. Políticas Públicas. Avaliação de Políticas Públicas. Observação Participante..

(11) 8. Abstract Since the 1930´s, sport and leisure activities were characterized by the interventionist character of the Brazilian state. Since the recognition of leisure as a social right by the Federal Constitution of 1988 both gained new roles in public policies. The prerogative of the Constitution reflected on public policies of sport and leisure concerned with the redemption of communitarian values through athletic-playfully activities. These took place mainly when the Workers’ Party was in power. In 2002, the Popular Circles of Sport and Leisure Program was created in Recife. This program was implemented to integrate communities and to foster political and cultural awareness of Recife’s periphery communities, primarily by restoring communitarian bonds aimed at stimulating self-organized autonomous political actions. The Program added to traditional contents, like soccer, cultural-artistic demonstrations, different sports, and elements of the hip hop culture. In this work, we analyze how the elements of discourse of the Popular Circles of Sport and Leisure Program came true in organizing of its community projects. The fieldwork, conducted between June 2005 and April of 2007, interviews and the participant observation, with the use of field’s notes, subsidized the analysis of the realization of the projects. For the treatment and analysis of the data a qualitative approach was used. New possibilities of organizing were identified between public power and civil society in the implementation of the studied projects. However, the projects that showed superior potential to create new possibilities of organizing have been losing priority in sport and leisure policies of Recife municipal government.. Key words: Organization Theory. Practices of organizing. Sport and leisure. Sport; Leisure; Assessment of public policy. Public Policy; Participant Observation..

(12) 9. Lista de Figuras Figura 1 (3) – Nota de Campo 1 da Roda de Diálogo do Festival da Juventude 2007 de Brasília Teimosa [RPA 6] ......... 48 Figura 2 (3) – Nota de Campo 2 da Roda de Diálogo do Festival da Juventude 2007 de Brasília Teimosa [RPA 6] ......... 49 Figura 3 (4) - Organograma do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães ............................. 74 Figura 4 (4) – Questionando a comunidade sobre o que é lazer. Ação do Projeto Animação de Parques e Praças – Parque 13 de maio [RPA1] 2006 ............................................................ 88 Figura 5 (4) – Mobilização das pessoas que estavam no Parque. Ação do Projeto Animação de Parques e Praças 2006 ...................................................................................................... 88 Figura 6 (4) – Folder (em preto e branco) entregue no dia do Espetáculo de Dança, realizado no Teatro Armazém (Recife Antigo) [RPA1] ........... 92 Figura 7 (4) – Foto do Espetáculo – coreografia de dança usando Maracatu ...... 92 Figura 8 (4) – Foto do Espetáculo – teatralizando o dia-a-dia das comunidades no ônibus 92 Figura 9 (4) – Foto do Espetáculo – teatralizando o cemitério de uma comunidade ......... 92 Figura 10 (4) – 3º (e último) Encontro Municipal do Esporte do Mangue – Cais da Aurora 2004 [RPA 1] ........ 95 Figura 11 (4) – Foto Apresentação de bandas do Festival da Juventude do Totó 2004 [RPA 5]......................................................................................................................... 95 Figura 12 (4) – Foto de apresentação de grupo de breakdance no Fórum Esporte do Mangue 2004, no Armazém 12 [RPA 1] .............................................................................................. 95 Figura 13 (4) – Cartaz (em preto e branco) de divulgação dos Festivais da Juventude 2007 102 Figura 14 (4) – Panfleto recebido pelo autor no dia da visita às atividades do Festival da Juventude da Aurora [RPA 1] ............ 106 Figura 15 (4) – Foto da seletiva do V Campeonato Popular de Skate .. . 106 Figura 16 (4) – Foto da Oficina de Percussão ....................................................................... 106 Figura 17 (4) – Foto da seletiva do V Campeonato Popular de Skate 106 Figura 18 (4) – Foto do Aulão de Frevo do Festival da Juventude da Macaxeira [RPA 3] 2007 – Palco fruto da Parceria da Prefeitura com empresa eventos ....... 110 Figura 19 (4) – Foto de apresentação de bandas no Festival da Juventude da Macaxeira 2006 Palco da parceria do GEGM-Geraldão com a comunidade................................................... 110 Figura 20 (4) – Panfleto recebido pelo autor no dia da Roda de Diálogo do Festival da Juventude da Macaxeira [RPA 3] ....................................................................................... 113 Figura 21 (4) – Foto da Roda de Diálogo .......................................................................... 113 Figura 22 (4) – Foto da seletiva do VI Campeonato Popular de Skate ............ 113 Figura 23 (4) – Foto da Oficina de Grafite .. .. 113 Figura 24 (4) – Primeira página do (primeiro) Fanzine Satélite ......................... ... 116 Figura 25 (4) – Segunda página do (primeiro) Fanzine Satélite ......................... ... 117 Figura 26 (4) – Panfleto recebido pelo autor no dia da Roda de Diálogo do Festival da Juventude de Areias [RPA 5]................................................................................................. 120 Figura 27 (4) – Nota de Campo 1 da Roda de Diálogo do Festival da Juventude de Areias 120 Figura 28 (4) – Nota de Campo 2 da Roda de Diálogo do Festival da Juventude de Areias 120 Figura 29 (4) – Nota de Campo 3 da Roda de Diálogo do Festival da Juventude de Areias 120 Figura 30 (4) – Foto 1 (em preto e branco) da Reunião de Unificação do Regulamento da Competição Masculina do Projeto Futebol-Participativo 2006. Sala de reuniões do GEGMGeraldão [RPA 6] .................................................................................................................. 129 Figura 31 (4) – Foto 2 (em preto e branco) da Reunião de Unificação do Regulamento da Competição Masculina do Projeto Futebol-Participativo 2006 ............ 129.

(13) 10. Figura 32 (4) – Fase regional do Projeto Futebol-Participativo. Jogo em campo nas comunidades ... . 133 Figura 33 (4) – Jogos finais do Projeto Futebol-Participativo 2004 em estádio de futebol 133 Figura 34 (4) – Jogo final masculino do Projeto Futebol-Participativo 2004 em estádio de futebol .................................................................................................. 133 Figura 35 (4) – Cerimônia de diplomação do ProJovem com presença do Presidente da República em reportagem de capa de um dos principais jornais de Pernambuco ........163 Figura 36 (4) – Cerimônia de diplomação do ProJovem, com presença do Prefeito do Recife, em reportagem de capa de um dos principais jornais de Pernambuco ...........................163 Figura 37 (4) – Cerimônia de diplomação do ProJovem, com presença do Governador do Estado e outras autoridades, em reportagem de capa de um dos principais jornais de Pernambuco.............................................................................................................................163 Figura 38 (5) – A proposta do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer................. 176 Figura 39 (5) – A prática no Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer ............ 178.

(14) 11. Lista de Quadros Quadro 1 (2) - Dimensões básicas do velho organizar e suas práticas organizacionais........ 31 Quadro 2 (4) - Princípios Pedagógicos do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer 53 Quadro 3 (4) - Formas de organizar do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer.... 56 Quadro 4 (4) - Diretrizes para formulação dos planos de governo municipais nas eleições de 2004......................................................................................................................................... 70 Quadro 5 (4) - Assuntos freqüentes nas reuniões do Projeto Futebol-Participativo............. 131 Quadro 6 (4) - Dos projetos em ação: práticas de organizar e práticas organizacionais...... 136 Quadro 7 (4) - Ações dos projetos em relação ao ideário do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer....................................................................................................................... 153 Quadro 8 (4) - Temas/Ações para votação nas plenárias temáticas de Juventude (2003-2006) do Orçamento Participativo................................................................................................... 164.

(15) 12. Lista de abreviaturas (CND) Conselho Nacional de Desportos (CLT) Consolidação das Leis do Trabalho (DGE) Diretoria Geral de Esportes (GEGM-Geraldão) Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (JCA) Jovens Conscientes do Alto (PT) Partido dos Trabalhadores (PCPEL) Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer (PMR) Prefeitura Municipal do Recife (PROCAD) Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (RPA) Região Político-Administrativa (SESI) Serviço Social da Indústria (SESC) Serviço Social do Comércio.

(16) 13. Sumário 1Introdução ............................................................................................................................. 14  2Caminhos teóricos (contextualiz(ação) ............................................................................... 18  2.1Uma breve introdução ao pensamento administrativo ........................................................ 18  2.2A abordagem tradicional de compreensão do organizar ..................................................... 21  2.3Como pensar possibilidades do organizar de outra maneira? ............................................. 24  2.3.1Algumas alternativas de compreensão crítica do organizar nos estudos organizacionais ... ................................................................................................................... 27  2.4Formas novas de organização e novas possibilidades de compreender o organizar ........... 30  2.5Desporto e Lazer: ações de Estado e concepções para uma política pública para o tempo livre ........................................................................................................................ 34  3Metodologia........................................................................................................................... 44  3.1Instrumentos e técnicas de coleta de dados ......................................................................... 46  3.2Análise e interpretação dos dados ....................................................................................... 50  4Apresentação e Análise dos dados....................................................................................... 52  4.1Em Recife: uma política setorial de esporte e lazer............................................................. 52  4.2Primeiras intenções e práticas do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer.......... 62  4.3O Programa numa (velha) estrutura organizacional ............................................................ 72  4.4No discurso do Programa: os elementos transformadores .................................................. 76  4.4.1Práticas de organizar: os projetos em ação....................................................................... 78  4.5Limites e contradições entre discurso e prática................................................................. 138  4.5.1O Programa dentro dos anseios da gestão municipal ..................................................... 154  5(Em) Conclusões ................................................................................................................. 170  Referências ............................................................................................................................. 185  APÊNDICE A - Atividades Durante a Pesquisa .................................................................... 190  APÊNDICE B - Lista de Entrevistados.................................................................................. 192  APÊNDICE C - Roteiro de Entrevistas.................................................................................. 193  APÊNDICE D - Estrutura das Notas de Campo..................................................................... 194  ANEXO A - Mapa Geopolítico da Região Metropolitana do Recife..................................... 195 .

(17) 14. 1 Introdução [Foi Recife] em baixo dos pés e a minha mente na imensidão (Da Letra da Música ‘Mateus Enter’ de Chico Science. Álbum ‘Afrociberdelia’ - Chico Science & Nação Zumbi). [Foi] só uma cabeça equilibrada em cima do corpo Escutando o som das vitrolas, que vem dos mocambos Entulhados à beira do Capibaribe na quarta pior cidade do mundo Recife cidade do mangue Incrustada na lama dos manguezais Onde estão os homens caranguejos (Da Letra da Música ‘Antene-se’ de Chico Science e Nação Zumbi. Álbum ‘Da Lama ao Caos’ - Chico Science & Nação Zumbi).. Após quase duas décadas de experiências de governos populares nos níveis municipais e estaduais de governo do Brasil, que culminou na chegada ao Governo Federal do Partido dos Trabalhadores (PT) em 2002, reeleito recentemente para o segundo mandato (2007-2010), faz-se importante uma avaliação de como, as ‘camadas populares’, ‘as camadas desfavorecidas socialmente’, ou melhor, a sociedade civil brasileira no caminho de uma maior organização, contribui naquilo que chamaremos neste trabalho de ‘Novo Organizar’. Recife é uma das recentes cidades do país onde o PT conseguiu interromper a seqüência políticoinstitucional tradicional de governos, que caracteriza não só o histórico do município, como do Estado de Pernambuco. Quando esta pesquisa foi iniciada em 2005, o Partido dos Trabalhadores encontrava-se em seu segundo mandato no Recife, primeiro ano da segunda gestão. No Governo Federal era o terceiro ano do primeiro mandato. No entanto, sua concepção, já se desenhava desde o final do ano de 2004, quando a população brasileira, e particularmente a do Recife, renovavam suas esperanças com a possibilidade de governos voltados para as camadas populares e programas sociais. No Recife, essa esperança se refletiu nas eleições municipais de 2004, quando o PT ganhou com ampla margem de votos no primeiro turno. Nesse sentido, o embate entre uma nova possibilidade de organizar, pela ascensão ao poder do Partido dos Trabalhadores, com o velho organizar, que caracteriza as ações institucionais do Estado, torna-se aspecto central desta pesquisa, porque o que foi sendo forjado, ao longo da década de 90, pelos governos populares do país, chega finalmente ao.

(18) 15. topo do poder, de onde o velho organizar (governar) concebe (e concebeu) suas tramas intelectuais, sócio-políticas e organizativas. Nesta pesquisa, analisaremos as ações organizativas da política de esporte e lazer do Recife, particularmente, a ação de três projetos do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer. A pesquisa de campo que subsidiou as análises ocorreu entre junho de 2005 e abril de 2007. O Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer (PCPEL) propõe pautar suas ações pela oposição ao esporte e lazer apropriado pela lógica do mercado de oferta e procura, à indústria cultural, ao individualismo, à ganância da quebra de recordes. Em contrapartida, busca resgatar a centralidade dos seres humanos na construção da cultura corporal para uma conscientização crítica e política e elevação cultural das comunidades da periferia do Recife de modo a restaurar vínculos comunitários que estimulem ações (políticas) (auto)organizadas. Nesse sentido, propõe respeitar as iniciativas das comunidades da periferia da cidade, acrescentando aos conteúdos esportivos tradicionais, como o futebol praticado nos campos de várzea, atividades ligadas a conteúdos artístico-culturais como teatro, dança, artesanato, percussão, assim como elementos dos esportes radicais, e da cultura hiphop. Mesmo na área de organizações, não interessou somente, neste trabalho, a análise da configuração organizacional que suporta as ações PCPEL em suas ações cotidianas nas comunidades, mas também a análise das práticas de organização comunitárias que permeiam as ações dos projetos do PCPEL. Como pano de fundo fez-se uma retomada histórica do tratamento e compreensão do desporto através da interpretação das ações do Estado brasileiro na área, assim como mudanças de significado na noção de lazer, enfatizando a história político-institucional brasileira a partir de 1930. Uma ênfase maior é dada à década de 80, principalmente após a Constituição de 1988, quando emergem as principais iniciativas locais de governo populares no setor de esporte e lazer, influenciando outras iniciativas que a sucederam, inclusive uma das mais recentes, o Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal do Recife. Ao campo teórico, pretendeu-se contribuir com um fazer acadêmico não estéril, sem medo de se contaminar com a realidade social, já que o autor tem sua história de vida e compartilha um determinado contexto histórico e social, que influenciaram, não somente a escolha do objeto de estudo e sua problematização, mas a linha de argumentação desta pesquisa. Foi escolhida uma abordagem teórica que proporcionou um olhar político-crítico e, portanto, analítico da questão de pesquisa. Procurou-se um caminho alternativo ao mainstream da área de organizações, sendo necessário recorrer a fontes das ciências sociais não aplicadas. A contribuição teórica estende-se ao campo crítico dos estudos.

(19) 16. organizacionais, principalmente, sobre o caráter dominador das formas tradicionais de organização que têm como características a hierarquia, a impessoalidade, o formalismo (o que está escrito) a ênfase na especialização técnica, subsidiando assim uma forma dominante de organização social que preza pela eficiência, eficácia, competitividade, produtividade, mesmo em campos não afeitos a esses elementos, como são as manifestações culturais. No campo das políticas públicas é comum o discurso do novo, mas é importante verificar se as propostas de ação desse campo, tendo aqui como objeto o PCPEL, concretizam (ou não) os (novos) discursos propostos, assim como a relação entre discurso e prática, seus limites e potencialidades. Nesse sentido, esta pesquisa traz como problema a concretização de novas práticas de organização social através de propostas de governo envolvendo agentes do Estado e segmentos da sociedade civil organizada, particularmente, no âmbito do esporte e do lazer. Esta pesquisa é um esforço na politização do estudo das organizações, em que predomina o aprimoramento de ferramentas gerenciais que se adequam aos anseios das organizações formais, particularmente as empresariais. No contexto de pobreza em que se situa Recife, é urgente pensar em outras possibilidades de organização social. Aqui, o pensar sobre o organizar tem como foco o embate entre o poder instituído do Estado e o poder das iniciativas da sociedade civil, que habita a periferia do Recife.. Assim, esta pesquisa responde à seguinte questão:. Como os elementos transformadores do discurso do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer se concretizam nas práticas de organizar dos círculos populares (seus projetos)?. O objetivo central é analisar como os elementos transformadores do discurso do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer se concretizam nas práticas de organizar dos círculos populares (seus projetos).. Os passos intermediários até se chegar à resposta da questão da pesquisa são:. - Caracterizar as ações do Estado no campo de esporte e lazer desde 1930 até as iniciativas de governos locais de administrações populares e progressistas do Partido dos Trabalhadores (PT)..

(20) 17. - Descrever e caracterizar o Programa Círculos Populares de Esporte Lazer, identificando os fundamentos de suas ações e os projetos que o constituem.. - Identificar os elementos transformadores no discurso do Programa.. - Identificar as práticas de organizar do Programa a partir da observação da execução dos projetos estudados.. - Verificar como os elementos transformadores presentes no discurso do Programa se concretizam nas práticas de organizar dos projetos estudados.. - Analisar se as características e práticas de organizar do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer indicam a possibilidade de um novo organizar.. Este trabalho faz parte de uma investigação maior que reúne pesquisadores de Pernambuco e do Rio Grande do Sul sob um projeto que no plano institucional busca fortalecer a área de Estudos Organizacionais dos Programas de Pós-graduação em Administração das Universidades Federais dos dois Estados. O referido projeto propõe no plano de investigação a: (1) identificar as características das práticas alternativas de gestão em organizações nos Estados de Pernambuco e do Rio Grande do Sul; (2) identificar as características estruturais e as práticas administrativas dessas organizações e verificar se indicam o surgimento de formatos de gestão alternativos ao modelo empresarial e (3) verificar de que forma esses formatos podem ser caracterizados como práticas de gestão apropriadas ao contexto nacional (Projeto PROCAD 1- n. 0158054, intitulado ‘Outras formas organizacionais: o estudo de alternativas ao modelo empresarial na realidade brasileira’).. 1. Programa Nacional de Cooperação Acadêmica. O projeto envolve pesquisadores dos Programas de Pósgraduação em Administração das Universidades Federais de Pernambuco e do Rio Grande do Sul..

(21) 18. 2 Caminhos teóricos (contextualiz(ação)) Neste capítulo apresentam-se, num primeiro momento, as origens do campo de estudo em que este trabalho se encontra; a abordagem tradicional do organizar nos estudos organizacionais e o caminho teórico escolhido para compreender a possibilidade de um novo organizar. Num segundo momento serão caracterizadas as ações do Estado no campo das políticas desportivas, retomando os entendimentos de esporte e lazer desde 1930 e as concepções de lazer dos anos 80. Em seguida serão aprofundadas as concepções de esporte e lazer e as iniciativas de governos locais de administrações populares e progressistas do Partido dos Trabalhadores (PT), abrindo caminho para a análise da experiência do Recife.. 2.1 Uma breve introdução ao pensamento administrativo De natureza funcionalista e instrumental o pensamento administrativo é fruto de uma época em que o mundo ocidental passou por um processo de modernização que se refletiu na “substituição progressiva da economia feudal baseada na autoridade tradicional dos nobres, dos senhores feudais e das autoridades religiosas e patriarcais por uma economia industrial baseada na autoridade racional-legal, fundamento das organizações burocráticas” (MOTTA; VASCONCELOS, 2003, p. 21). Em ‘A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’, Weber (2004) traz como ponto central a explicação dos fundamentos do “espírito” do capitalismo nas premissas do protestantismo. Esse “espírito” ou ethos, que para Weber se tornaria força motriz da empresa capitalista moderna e cuja adequação recíproca (“espírito” e empresa) foi, para ele, inigualável na história. Além disso, Weber analisa historicamente nessa obra, um dos mais prementes elementos do espírito capitalista moderno como também da própria cultura moderna, ou seja, a conduta de vida racional fundada na idéia de profissão como vocação. Weber afirmava que a superação da economia tradicional, regra geral, não se deveu a um afluxo de dinheiro novo, mas sim à entrada em cena do “espírito do capitalismo.

(22) 19. moderno”. Alertava-nos que “para saber quais as forças motrizes da expansão do capitalismo moderno não se precisa pôr em primeiro lugar a questão da origem das reservas monetárias valorizáveis como capital, e sim antes de mais nada a questão do desenvolvimento do espírito capitalista” (WEBER, 2004, p.61). Com seu olhar voltado para os EUA, Taylor com seus estudos científicos, em ‘Princípios de Administração Científica’, procurava superar o que definiu por Administração por Iniciativa e Incentivo, predominante nas organizações americanas, onde o operário tinha autonomia na forma como organizava e desempenhava seu trabalho, sem necessidade de um planejador de tarefas. A contribuição de Taylor foi exatamente à introdução de métodos científicos na administração de maneira a separar quem planeja o trabalho de quem o executa (de uma única e melhor maneira), que denominou de Administração Científica. Assim, Taylor foi um dos principais responsáveis pela criação de ferramentas administrativas que retiraram a autonomia do trabalho dos homens do chão de fábrica, que passaram a ser considerados meros executores de tarefas. Conceber e planejar atividades se tornaram atribuições de dirigentes com qualificação profissional. Seu trabalho foi importante em termos de criar ferramentas administrativas dentro de um contexto da modernidade em que se exige maior eficiência, produtividade e profissionais especializados. O trabalho de Taylor tinha uma preocupação não somente com a eficiência e a eliminação de desperdício em uma empresa ou tarefa particular, mas de toda uma nação, os Estados Unidos. Buscou contribuir pelo fim dos desperdícios que poderiam ser muito caros ao seu país. O objetivo primeiro de seu trabalho era “indicar, por meio de uma série de exemplos, a enorme perda que o país vem sofrendo com a ineficiência de quase todos os nossos atos diários” (TAYLOR, 1986, p.27). Seu trabalho foi uma espécie de concretização específica da análise histórica que Weber fez da relação entre a ética protestante e a ascensão do capitalismo na passagem do século XIX para o XX no ocidente. A educação religiosa com base na ética protestante proporcionaria a capacidade de concentração, a retidão e o domínio de si, fundamentais para o desempenho no trabalho. O trabalho deveria ser encarado como um dever e um fim em si mesmo (uma missão – “vocação profissional”). Nesse sentido afirma Tragtenberg (1971, p.15-16), “Taylor, oriundo de uma família de quakers, foi educado na observação estrita do trabalho, disciplina e poupança. Educado para evitar a frivolidade mundana, converteu o trabalho numa autêntica vocação”. Max Weber na Alemanha e Frederick Taylor nos Estados Unidos contribuíram para os primeiros saltos no campo de estudos das organizações. Relacionar o trabalho de Taylor,.

(23) 20. considerado pai da administração, a uma das obras de Weber mostrou-se importante nesta breve introdução para reforçar a grande importância das análises históricas de Weber às origens do pensamento administrativo. Nesse sentido, Weber ganha neste trabalho destaque especial, principalmente por seus escritos sobre o tipo ideal burocrático, formulação teórica que fundamentou interpretações predominantemente prescritivas de sociólogos e teóricos das organizações. No início do séc. XX já vislumbrava o processo de racionalização do mundo moderno, que contribuiria para desumanizar e engessar as relações sociais da sociedade ocidental. A partir de então o tipo ideal da burocracia seria o parâmetro para se vislumbrar formas de organização social. A ação (social) racional ajustada a fins, racionalidade instrumental, prevaleceria e o capitalismo avançaria como forma de organização social baseado predominantemente nessa razão. Weber estava inserido numa sociedade moderna na qual percebia que aspectos tradicionais da vida comunitária e da relação social se modificavam em detrimento de um avanço da racionalidade baseada no cálculo utilitário das conseqüências. Aspectos tradicionais como carisma, parentesco e hereditariedade perdiam sentido e importância. Assim, Motta e Vasconcelos (2003, p. 20, grifos nossos) enfatizam que, O pensamento administrativo surge como conseqüência do processo de modernização da sociedade e é a expressão da lógica burocrática, baseada no controle da atividade humana por meio da regra objetivando o aumento de produtividade e a geração de lucro na sociedade industrial.. Na próxima seção abordaremos como um sistema de dominação, a burocracia, tornase um sistema social de organização (estratégia de administração), que serve de modelo para a compreensão das formas de organização do mundo moderno pelos estudos organizacionais..

(24) 21. 2.2 A abordagem tradicional de compreensão do organizar O mundo moderno, marcado pela ascensão do capitalismo como ordenamento social, emerge ávido por mudanças que consolidem a sociedade industrial e o domínio da razão humana sobre a natureza e a “escuridão” das crenças religiosas características da idade média. Nesse contexto a dominação tradicional, baseada em costumes e tradições passados de geração a geração, que se legitimou predominantemente nas sociedades antigas e no feudalismo, perde legitimidade. No processo de racionalização do mundo não há espaços para privilégios baseados na tradição e escolhas pessoais de patriarcas, senhores feudais ou reis. Apesar de ser uma dominação de tipo personalista, a autoridade carismática permanece no mundo moderno na representação da imagem do líder. Nela há uma devoção afetiva a um indivíduo e suas qualidades naturais, como, por exemplo, suas faculdades mágicas, revelações ou heroísmos, sabedoria, poder de oratória. Os tipos mais puros são as dominações do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo. Apesar de ser uma das grandes forças revolucionárias na história, esse tipo de dominação em sua forma pura tem caráter eminentemente autoritário e dominador (WEBER, 2003). No entanto, é a dominação legal que dará fundamento às transformações que os arranjos organizacionais e políticos sofrem no processo de modernização das sociedades em vias de industrialização. É ela que irá predominar na sociedade industrial. “A burocracia constitui o tipo tecnicamente mais puro” dessa dominação. Algumas características a conformam (WEBER, 2003, p.129-130, grifos nossos): a) “Obedece-se não à pessoa, mas à regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer”; b) “O tipo daquele que ordena é o ‘superior’, cujo direito de mando está legitimado por uma regra estatuída, no âmbito de uma competência concreta, cuja delimitação e especialização se baseiam na utilidade objetiva e nas exigências profissionais estipuladas para a atividade do funcionário”; c) “O tipo do funcionário é aquele de formação profissional, cujas condições de serviço se baseiam num contrato, com um pagamento fixo, graduado segundo a hierarquia do cargo e não segundo o volume de trabalho, e direito de ascensão conforme regras fixas”; d) O funcionário é um burocrata, especialista com alto padrão de qualificação técnica. Há agora uma separação entre a vida pública e vida privada do ocupante. “Sua administração é trabalho profissional em virtude do dever objetivo do cargo. Seu ideal é proceder sine ira et studio, ou seja, sem a menor.

(25) 22. influência de motivos pessoais e sem influências sentimentais de espécie alguma, livre de arbítrio e capricho e, particularmente, de modo estritamente formal segundo regras racionais ou, quando elas falham, segundo pontos de vista de conveniência ‘objetiva’”;. e) “O dever de obediência está graduado numa hierarquia de cargos, com subordinação dos inferiores aos superiores, e dispõe de um direito de queixa regulamentado. A base do fundamento técnico é a disciplina do serviço”.. Esses primeiros parágrafos procuram revelar as acepções ideais (puras) de Weber sobre os tipos de dominação. Weber enxergou na burocracia uma estrutura de organização dentro de um sistema de dominação mais amplo, equivalente a outras formas de dominação como o patrimonialismo, o patriarcalismo, o feudalismo e o carismatismo. Todas elas pensadas enquanto idéias, abstrações, sem grau de correspondência plena na realidade (MOTTA; BRESSER PEREIRA, 1986). No entanto, por este trabalho se tratar de um estudo que trabalha com a compreensão do organizar será preciso abordar a burocracia enquanto uma forma de organização, que se adaptou como nenhuma outra aos anseios de expansão e intensificação do capitalismo. No mundo das organizações as características da burocracia se concretizam em estruturas administrativas caracterizadas pela hierarquia (ordens de cima para baixo), pelas decisões baseadas. em. critérios. predominantemente. racionais. que. exigem. alto. grau. de. profissionalização e especialização técnica de seus funcionários; em que cada um tem seu lugar definido por normas escritas em uma hierarquia e a função de seus cargos predeterminada; um grau de impessoalidade que busca reduzir favoritismos e clientelismos em favor do mérito e da competência técnica. A burocracia é uma solução organizacional que procura organizar as atividades humanas de maneira estável para que objetivos organizacionais sejam atingidos. É uma forma de rotinizar o trabalho humano em vista de minimizar incertezas, conflitos e riscos comuns à vida coletiva. Motta (1990, p.38, grifos nossos) afirma que, Em seu sentido contemporâneo, a burocracia fundamenta-se em regras de caráter geral, impessoal e altamente abrangente, expressando-se numa forma de conduta organizada segundo rotinas preestabelecidas, à qual repugna o novo e o inesperado. Segue-se também uma divisão metódica de trabalho, que se traduz em papéis bem definidos, cujo desempenho se dá de acordo com uma descrição precisa de direitos e deveres, que é, entretanto, estabelecida e modificada pelos ocupantes dos níveis mais altos do próprio grupo..

(26) 23. Não se pode perder de vista, que longe de ser uma forma de organização neutra “a burocracia está, de qualquer forma que seja vista, vinculada à sociedade de classes”, em que “alguns detêm os meios de produção e outros não” (MOTTA; BRESSER PEREIRA, 1986, p.245). A organização burocrática é a estrutura de organização que predomina nas sociedades modernas, em detrimento de formas menos racionais e hierárquicas de organização social como clãs, tribos, pequenas empresas familiares de caráter artesanal e eventualmente comercial, sem preocupações finalísticas e racionais, presentes em grande número nos países desenvolvidos até o início da revolução industrial. A lógica racional da burocracia invadiu o Estado, os clubes, as escolas, as igrejas, as associações de classe e outras formas de associações humanas que nunca precisaram profissionalizar sua prática espontânea. Nesse sentido, neste trabalho, analisaremos as ações organizativas do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer, tentativa do Estado preservar a espontaneidade das práticas de esporte e lazer da cidade do Recife através da educação de quem participa de seus projetos para uma reivindicação política organizada. Como salientam Motta e Bresser Pereira (1986, p.21), “o desejo de racionalização do homem moderno atingiu todos os setores de sua vida, inclusive o da estrutura dos sistemas sociais de que participa. [...] racionalizados através de métodos administrativos”. O que distingue fundamentalmente a organização burocrática da organização espontânea de certas ações coletivas é exatamente a racionalização de suas atividades. Nela é premente o ato racional que “represente o meio mais adaptado para se atingir um determinado objetivo, na medida em que sua coerência em relação a seus objetivos se traduza na exigência de um mínimo de esforços para se chegar a esses objetivos” (MOTTA; BRESSER PEREIRA, 1986, p.22, grifos nossos). Seu princípio fundamental é a eficiência. Nesse sentido, ato eficiente é aquele que não é só coerente com os fins visados, como também exige o mínimo de esforços, o mínimo de custos, para um máximo de resultados. Organização, como burocracia, pode reunir as seguintes conceituações (MOTTA; BRESSER PEREIRA, 1986, p.23): a) “Sistema social em que a divisão do trabalho é sistemática e coerentemente realizada, tendo em vista os fins visados”; b) “Sistema social em que há procura deliberada de economizar os meios para se atingir os objetivos”; e ainda; c) “Sistema social que se administra segundo o critério da eficiência, no qual as decisões são tomadas sempre tendo em vista o aumento da produtividade”..

(27) 24. Dessa maneira, foi a partir das características da burocracia enquanto estrutura de organização que pudemos compreender o aparato administrativo que subsidia as ações do programa de governo objeto de estudo desta pesquisa. No entanto, para se pensar outras possibilidades de organizar a compreensão da burocracia enquanto estrutura de organização se mostrou insuficiente para compreender de maneira mais ampla o organizar do Programa em estudo, já que a abordagem tradicional restringe o entendimento da organização a “um tipo de sistema social”, “uma instituição objetivamente existente”, ou como “a forma que determinada coisa se estrutura, inclusive o modo pelo qual as organizações em seu primeiro sentido se ordenam” (MOTTA; BRESSER PEREIRA, 1986, p.19). Dessa maneira não nos permitindo sair do âmbito formal e reificado de compreender um processo de ação organizacional que, no caso desta pesquisa, envolve tanto ações organizativas e internas do Estado, como das comunidades participantes da ação governamental em estudo.. 2.3 Como pensar possibilidades do organizar de outra maneira? O estudioso das organizações deve, antes de mais nada, estar atento às razões e às conseqüências do tipo de pesquisa em que se envolve, ao tipo de conhecimento que produz e a quem esse conhecimento serve (MOTTA, 1990, p.17).. Caso o pensamento administrativo continue privilegiando a visão dominante que rege seus pressupostos, ele estará “sob o risco de se tornar uma ciência vazia, desprendida da realidade social e presa a antigas referências locais e formais de análise” (BRONZO; GARCIA, 2000, p. 86). Nesse sentido uma abordagem teórico-crítica de pesquisa, no campo das ciências sociais aplicadas, tem que pelo menos considerar as categorias centrais da crítica, quais sejam: “criticar o positivismo como forma estabelecida de conhecimento e o mercado como forma estabelecida de vida coletiva” (VIEIRA; CALDAS, 2006, p. 61, grifos nossos). De acordo com os autores, em Administração “[...] essa é uma informação fundamental, pois a partir daí podemos separar de forma definitiva quem produz teoria crítica de quem não a produz e apenas se apropria indevidamente dela”..

(28) 25. Esses mesmos autores enunciam dois princípios básicos da teoria crítica (VIEIRA; CALDAS, 2006, p. 62, grifos nossos): Orientação para a emancipação do homem na sociedade. Permite compreender a sociedade e agir. Não se limita a compreender o mundo, mas examina-o visando possibilidades; Manutenção do comportamento crítico. O teórico crítico mantém e realimenta seu comportamento crítico frente a tudo que existe, sem se conformar com o que é dado como descrição do real.. Assim, a teoria crítica não admite a neutralidade positivista, vendo na distinção entre cientista e cidadão uma impossibilidade lógica. Diante disso, retomar as potencialidades interpretativas dessa abordagem parece fundamental, pois [...] a tarefa primordial da Teoria Crítica desde sua primeira formulação na obra de Marx é a de compreender a natureza do mercado capitalista. Compreender como se estrutura o mercado e de que maneira o conjunto da sociedade se organiza a partir dessa estrutura significa, simultaneamente, compreender como se distribui o poder político e a riqueza, qual a forma do Estado, que papéis desempenham a família e a religião, e muitas outras coisas mais (NOBRE, 2004, p.25).. No campo da Administração compreender “como se estrutura o mercado” e “de que maneira o conjunto da sociedade se organiza” é antes entender a burocracia enquanto estratégia de organização (administração). É entender sua expressão enquanto um tipo de sistema social, a organização burocrática. Conforme Motta e Bresser Pereira (1986, p.11, grifos nossos), No processo de desenvolvimento capitalista, à medida que cresciam as empresas, a classe capitalista verificou que uma condição essencial para a continuidade desse crescimento e, portanto, para a manutenção do próprio processo de acumulação de capital era a estruturação das empresas na forma de organizações burocráticas. Definiu-se assim uma estratégia de administração baseada nas organizações burocráticas.. Os mesmos autores afirmam que, apesar da burocracia ser a negação da liberdade, “é um desafio que precisa ser vencido em todos os níveis em que se manifesta. E, se os obstáculos são colocados historicamente, também sua superação se dá historicamente”. Essa superação não pode ser vista como uma utopia no sentido de algo irrealizável. Para quem se preocupa com um novo compreender do organizar, utopia é um projeto que aponta o caminho da história (MOTTA; BRESSER PEREIRA, 1986, p.10, grifos nossos). Neste trabalho, a superação em questão é a compreensão das formas de organização apenas enquanto burocracia..

(29) 26. Nobre (2004, p. 31, grifos meus) esclarece que “o esforço analítico de Marx está fundamentalmente na perspectiva da superação da dominação capitalista e ancorado na realização da liberdade e da igualdade, que, sob o capitalismo, permanecem apenas aparentemente reais”. Enganar-se-ia aquele que pensa nessa perspectiva como algo ideal, que esteja apenas no plano da imaginação teórica. Ela é “uma possibilidade real, inscrita na própria lógica social do capitalismo”. O capitalismo abriga dentro de sua própria lógica a possibilidade de sua superação. A ‘possibilidade real’ “[...] não é obra da teoria que a descortina, mas da prática transformadora que a torna real. Assim, a Teoria Crítica só se confirma na prática transformadora das relações sociais vigentes”. A importância da prática para a transformação da ordem vigente não quer dizer que a há abandono da teoria. Conforme Nobre (2004, p.31-32, grifos nossos) a teoria na Teoria Crítica permite compreender que, [...] o delineamento de tendências do desenvolvimento histórico ganha extraordinária importância: tanto com relação ao diagnóstico do tempo presente a partir da lógica do capital – lógica que é estruturante do conjunto da sociedade capitalista - como com relação aos prognósticos que podem ser derivados a partir desse diagnóstico.. Pois, é com base nas tendências estruturais da lógica social do capitalismo e no exame dos arranjos históricos concretos em que essa lógica se expressa – com base no diagnóstico do presente, portanto - que se desenham as perspectivas do sentido do desenvolvimento histórico- os prognósticos, em suma- que orientam o sentido das ações transformadoras por empreender.. Respeitando o primeiro princípio básico da Teoria Crítica, a orientação para a emancipação, procurou-se não fazer com que a teoria se limitasse à descrição do mundo social, mas “examiná-lo sob a perspectiva da distância que separa o que existe das possibilidades melhores nele embutidas e não realizadas, vale dizer, à luz da carência do que é frente ao melhor que pode ser” (NOBRE, 2004, p. 32-33, grifos nossos). Assim, nos questionamos: será que na organização social capitalista não há “possibilidades melhores [nela] embutidas e não realizadas” de outras práticas de organização (de organizar)? O organizar tradicional pode ser “a carência do que é”, mas onde estão as possibilidades reais do “melhor que pode ser” o organizar? A orientação para a emancipação guarda em seu seio o segundo princípio, pois essa orientação “exige que a teoria seja expressão de um comportamento crítico relativamente ao conhecimento produzido sob condições sociais capitalistas e à própria realidade social que esse conhecimento pretende apreender” (NOBRE, 2004, p.33)..

(30) 27. Nesse sentido, os princípios básicos da teoria crítica nos pareceram importantes para, a partir das características da organização burocrática, enxergar os obstáculos de superá-la enquanto (velha) compreensão do organizar. Foi dessa maneira que se tornou possível, nesta pesquisa, compreendermos outras possibilidades do organizar analisando a implementação de projetos do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer. Como já nos diziam Motta e Bresser Pereira (1986, p.09), Se tantos percebem a história como caminho de libertação do homem consciente de seu destino, então é preciso perceber os auxílios e os entraves que a própria história coloca. É preciso entender, mas não basta entender. Se precisamos entender a burocracia, precisamos também aprender a superá-la.. Uma contribuição, nesse sentido, é vislumbrar um novo compreender do organizar.. 2.3.1 Algumas alternativas de compreensão crítica do organizar nos estudos organizacionais Conforme Guerreiro Ramos (1989, p.1, grifos nossos), A teoria da organização, tal como tem prevalecido, é ingênua. Assume esse caráter porque se baseia na racionalidade instrumental inerente à ciência social dominante no Ocidente. Na realidade, até agora essa ingenuidade tem sido o fator fundamental de seu sucesso prático. Todavia, cumpre reconhecer agora que esse sucesso tem sido unidimensional e, [...], exerce um impacto desfigurador sobre a vida humana associada.. Os estudos críticos em Administração iniciam na década de 90 na Grã-Bretanha com o livro de Alvesson e Willmott (1992) ‘Critical Management Studies’. De acordo com Davel e Alcadipani (2002, p. 5) os estudos críticos em Administração estão se aliando a áreas como marketing, estratégia, contabilidade e tecnologia da informação, principalmente, os estudos desenvolvidos no contexto anglo-saxão. Nesse sentido há um esforço desconfigurador da perspectiva ampla da teoria crítica, pois uma teoria da sociedade é apropriada para o âmbito microorganizacional do cotidiano das organizações. Cabe aqui retomar as idéias de Alberto Guerreiro Ramos, autor brasileiro que deu grande contribuição ao surgimento de um pensamento crítico no estudo das organizações. Contrário à possibilidade de atualização humana dentro da esfera organizacional, Guerreiro Ramos (1989, p.99, grifos nossos) fez a seguinte asserção: Se uma pessoa permite que a organização se torne a referência primordial de sua existência, perde o contato com sua verdadeira individualidade e, em vez.

(31) 28. disso, adapta-se a uma realidade fabricada. [...] as organizações formais, têm metas que, só acidentalmente e secundariamente, consideram a atualização humana.. Conforme as palavras do mesmo autor, “os momentos autênticos da vida individual são precisamente aqueles em que os comportamentos corporativos estão suspensos” (p.72). Segundo Guerreiro Ramos (1989) a essência do ser humano estava em suas características de ser social e político e não no que era exigido ao homem de organização. Ele defendia que, mesmo com o advento da administração científica, na sociedade ainda havia espaço para aqueles que não queriam se tornar um homem de organização. Como teórico crítico, o autor, em seu livro ‘A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações’, teve como objetivo central “[...] contrapor um modelo de análise de sistemas sociais e de delineamento organizacional de múltiplos centros ao modelo atual centrado no mercado [...]” (GUERREIRO RAMOS, 1989, p.11). Não era um problema de organização sua preocupação, mas um problema de organização da sociedade. O seu livro “[...] nada mais é que uma enunciação teórica preliminar da nova ciência das organizações [...] para transformar a nova ciência num instrumento de reconstrução social” (GUERREIRO RAMOS, p.197, grifos nossos). Muito diferente de restringir as preocupações do estudo das organizações ao nível organizacional, o autor entendia que um “cientista” seja ele das ciências sociais ou da Administração, deve preocupar-se com as mazelas da sociedade e propor “soluções” nesse âmbito. O modelo alternativo de ciência social que esboça em seu livro não buscou ser “antimercado” (GUERREIRO RAMOS, 1989, p.195) ou, antiempresa, mas sim redimensionar esse sistema social (o mercado) na vida humana associada. Para ele o mercado não poderia ser o sistema hegemônico de organização social. Ao adotarmos essa perspectiva de crítica nos estudos organizacionais, trazemos como preocupação subjacente a emancipação do ser humano em uma sociedade governada por organizações burocráticas. Misoczky e Amantino-de-Andrade (2005, p.204-205, grifos nossos) trazem importantes reflexões acerca da responsabilidade dos estudos organizacionais em desenvolver estudos críticos a serviço da emancipação do ser humano e da subversão da ordem vigente, enfatizando que: orientar os estudos [críticos] para a emancipação implica em criticar o capitalismo e sua expressão na sociedade de mercado [...]. Implica, ainda, reconhecer que a teoria e a prática administrativas têm responsabilidade para com a constituição e reprodução do sistema vigente, bem como com suas conseqüências: o fato massivo da pobreza, a exclusão social da grande maioria da população do planeta, a destruição progressiva do próprio planeta..

(32) 29. Esse tipo de crítica social recebe influências da Teoria Crítica desenvolvida pela primeira fase da Escola de Frankfurt, preocupando-se em pensar a sociedade e suas mazelas (miséria, fome, alienação), pois a pergunta que os pensadores daquela Escola colocavam “no centro de suas reflexões” era “como criticar as teorias da sociedade” (MISOCZKY; AMANTINO-DE-ANDRADE, 2005, p.197, grifos nossos). Colocar a materialidade da vida como referência ética para a realização de estudos críticos em administração implica em enfatizar a relação entre a teoria e a prática da administração e as formações sociais em que estas se realizam, entre aspectos culturais/cognitivos e aspectos econômicos da realidade econômica e política, entre configurações (formas de controle e estruturas) e construções sociais historicizadas. Implica assumir a concepção materialista da história em sua inevitável relação com a materialidade da vida (MISOCZKY; AMANTINO-DE-ANDRADE, 2005, p.204-205, grifos nossos).. Como enfatizam as mesmas autoras, “o sentido da produção do conhecimento crítico está na sua orientação para a transformação, na superação da posição de cumplicidade com o sistema que gera vítimas e no compromisso prático com estas vítimas” (p.205). Essa compreensão da crítica proporcionou um olhar contextualizado e apropriado ao contexto nacional e local, subsidiando a problematização deste trabalho no que se refere à compreensão de outras possibilidades do organizar..

(33) 30. 2.4 Formas novas de organização e novas possibilidades de compreender o organizar O capitalismo traz uma forma específica de organização, a empresa. Esse tipo de organização tem como ente subjacente o tipo ideal burocrático, construção teórica de Max Weber. Cooper e Burrell (2006, p. 88, grifos nossos) expõem que “Weber nos fez ver a organização moderna como um processo que simbolizava a racionalização e a objetivação da vida social”. Essa visão baseia a análise organizacional ortodoxa, em que se compreende a organização como um sistema social limitado, que possui estruturas e objetivos específicos e atua de maneira mais ou menos racional e coerente. Dessa forma, “o próprio conceito de organização funciona como um metadiscurso para legitimar a idéia de que a organização é uma ferramenta social e uma extensão do agente humano” (COOPER; BURRELL, 2006, p. 95). Como também nos lembra Cooper e Burrell (2006, p. 98-99), “[...] o assunto da análise organizacional é a organização formal. Não é a organização propriamente dita que exige análise, mas é o seu caráter ‘formal’ [...]”. Nesse sentido, o “formal” ganha o significado de próprio, metódico e meticuloso. No entanto, no contexto das organizações, das instituições formais, ele não é apenas o próprio e o metódico, mas também o “oficial”, alçado ao nível da lei e da verdade pública. Daí o que é formalmente organizado assume a virtude de uma ordem moral. Nesse sentido, na tradição dos estudos organizacionais quando se fala em formas novas de organização toma-se como base os aperfeiçoamentos das características burocráticas (formais, oficiais) da organização moderna e suas práticas organizacionais (o velho compreender do organizar). No Handbook de Estudos Organizacionais, por exemplo, o assunto encontra-se no subtítulo ‘Da burocracia à fluidez: novas formas organizacionais’ em capítulo assinado por Clegg e Hardy (1999), voltado a discussões do mundo empresarial das organizações modernas. “Novas Formas Organizacionais” está associado a “cadeias”, “conglomerados”, “redes” e “alianças estratégicas”. Organizações que adotam essas formas novas de organização caracterizam-se pela descentralização, distribuição (rede de divisões ou unidades internas ligadas pelo avanço da tecnologia da informação) e (camuflam a) eliminação de hierarquia, sendo compreendidas pela visão tradicional do organizar por sua maior abertura, empowerment e compromisso na relação com seus empregados e clientes..

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