• Nenhum resultado encontrado

Primeiras intenções e práticas do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer 62

A proposta do PCPEL foi sendo construída à medida que era implementado. Primeiramente na Secretaria de Turismo e Esporte da Prefeitura Municipal do Recife, onde os gestores do Programa foram alocados na Diretoria Geral de Esportes (DGE).

[...] a gente encontrou quase nenhum registro de política e sim alguns registros de alguns projetos e ações, tipo Peladão [Campeonato de Futebol de Várzea da gestão anterior], apoio a uma competição A, dava troféu, medalha, mas não encontramos nenhum registro de uma política sistemática que tivesse começo, meio e fim e que pudesse ser avaliada e melhorada ao longo do tempo. Então começamos basicamente do zero a procurar sistematizar isso (Gerente de Gestão e Equipamento do GEGM-Geraldão, em 17/04/2007).

A nova proposta do Programa, em termos de política municipal de esporte (e lazer) no município, precisou abrir caminhos em direção às comunidades não realizados pelo poder público em gestões anteriores. Essas resumiam suas ações a eventos esportivos, especialmente campeonatos de futebol, com período de inscrição definido pelo órgão público competente. Os primeiros caminhos foram trilhados com uma estrutura física e de pessoal bem reduzida.

Na organização inicial você não tinha pessoas pra trabalhar, você não tinha nem estrutura física. Então, o início foi muito complicado, mas a gente queria estruturar o setor a partir desse espaço que tínhamos dentro do governo municipal (Gerente de Gestão e Equipamento do GEGM-Geraldão, em 17/04/2007).

Os responsáveis pela implementação do Programa precisaram ir às comunidades mobilizá-las, cativá-las, mostrar atividades não comuns em programas de governos anteriores, “testar” na prática o ideário do PCPEL, permanecer por um tempo nas comunidades para criar vínculos e compreender a dinâmica cotidiana de cada uma.

O Programa surge carregado com as concepções de um de seus projetos, os Círculos de Convivência Social, suas atividades sistemáticas. A vinculação de seu ideário com esse projeto é corroborada no seguinte relato de Silva (2005b, p. 100-101, grifos nossos),

o Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer teve seu nascedouro voltado especificamente para a animação de parques, praças, quadras e campos de futebol, etc, com ênfase em atividades de caráter recreativo, a partir do Projeto Arrastão do Lazer [hoje umas das linhas de ação do Projeto Círculos de Convivência Social], em outubro de 2001. Estas ações foram realizadas inicialmente pelos gestores e voluntários, e posteriormente, também, pelos oito primeiros estagiários, e tinham como objetivo

possibilitar a construção das bases para o desenvolvimento de atividades sistemáticas, organizadas sob a forma de Círculos de Convivência Social. E, para tanto, começou a ser desenhado ainda em 2001, o piloto do

que viria a ser o projeto Círculos de Convivência Social.

Confirmando também a vinculação da proposta pedagógica do Programa com o Projeto Círculos de Convivência Social, Silva e Silva (2004, p.29-30, grifos nossos) afirmam que os círculos populares são uma proposta de “reunião planejada e sistemática de círculos de convivência social que na luta concreta pelo acesso à cultura possa fazer nascer uma nova concepção de lazer e de mundo”.

No início de 2002, pautando suas primeiras ações no desenvolvimento de atividades sistemáticas, em paralelo a tentativas frustradas de atuação nos Centros Sociais Urbanos de responsabilidade da Prefeitura, o Programa consegue iniciar, em parceria com o Projeto Academia da Cidade10 seus primeiros projetos-piloto.

Nas palavras de Silva (2005b, p.103-104, grifos nossos)

O local e a ênfase da atuação foram definidos com lideranças comunitárias

e representantes de vários grupos e entidades do bairro (procedimento

sempre adotado pelo Programa para implantar e discutir a realização deste), foi definido que o projeto piloto seria voltado para o trabalho com idosos, no bairro de Brasília Teimosa.

Tendo em vista a intenção de construir uma Política realmente integrada com a Secretaria de Saúde, a equipe de professoras de Educação Física, foi formada com um perfil mais voltado para esta área, ao mesmo tempo que foi iniciado um processo de aprofundamento em estudos sobre o lazer e a educação para que esta equipe pudesse ir construindo elementos teóricos para fundamentar uma ação pela emancipação humana. E logo parte da equipe foi direcionada para outra comunidade, a partir da solicitação de

uma liderança que comandava um grupo de quase cem idosas do Jordão,

que participava do projeto Renascer (do Governo do Estado), que foi extinto. Foi a partir deste trabalho piloto que na verdade foram sendo discutidas as bases para a construção das ações sistemáticas do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer.

Assim, desenhavam-se as primeiras atividades do Projeto Círculos de Convivência Social. O trecho mostra que as atividades sistemáticas, o apoio de uma secretaria municipal com maiores recursos e o início de práticas de articulação com a comunidade, por meio de lideranças e grupos comunitários, foram fundamentais.

10

Projeto de responsabilidade da Secretaria de Saúde do Recife, implantado desde 2002 com o intuito de requalificar espaços públicos e oferecer oportunidade para prevenção de doenças por meio de atividades físicas. Os pólos da Academia da Cidade são espaços em que as pessoas têm acesso a serviços de avaliação física para a prática de exercícios, caminhada orientada, aulas de ginástica, alongamento e danças desenvolvidas por profissionais e acadêmicos da área de Educação Física. O programa é implementado por profissionais da área de educação física, sendo também campo de estágio para acadêmicos dos cursos de Educação Física, Nutrição e Medicina (Adaptação de descrição do projeto constante no site da Prefeitura do Recife. Disponível em:

Nessas primeiras ações já se identificava um anseio por uma unificação da política de esporte e lazer da cidade.

A partir [do] I Encontro de Formação Continuada, de onde se construiu um consenso em torno da viabilidade de construção de Círculos Populares de Esporte e Lazer nos Centros Sociais Urbanos, a Diretoria Geral de Esportes começou a investir [nos círculos de convivência social]. [...] Até o mês de maio do ano de 2002, os Círculos Populares de Esporte e Lazer foram lançados nos quatro Centros Sociais vinculados à Prefeitura do Recife, porém não vingaram neste momento em nenhum desses locais, pelo mesmo fundamental motivo que resultou em outros obstáculos à concretização da Política Municipal de Esporte e Lazer: a ausência de uma Política

Municipal única para o setor, já que diversos órgãos atuavam, desordenadamente, em relação ao esporte e lazer e não havia nenhuma regulação mínima que pudesse servir de parâmetro para orientar a atuação (SILVA, 2005b, p.102-103, grifos nossos).

No II Encontro Municipal de Formação Continuada, realizado em julho de 2002, dentro das ações do Projeto de Formação Continuada (SILVA, 2005b, p.105-106),

as experiências realizadas através de colônia de férias; arrastão do lazer; formação continuada e, sobretudo, do projeto piloto dos Círculos de Convivência em Brasília Teimosa e Jordão, foram apresentadas, debatidas e redefinidas para nortear o trabalho nos Círculos Populares de Esporte e Lazer.

Os círculos de convivência foram ampliados de duas para dez comunidades, aumento que se efetivou em setembro de 2002. Nesse encontro foi distribuída entre coordenadores e colaboradores (pessoas ou entidades externas ao Programa) uma primeira versão de sua proposta pedagógica. Nela estavam os conteúdos esportivos, culturais e artísticos que poderiam ser desenvolvidos nas comunidades por meio de grupos de convivência, a partir do planejamento participativo, em forma de oficinas: (a) jogos e brinquedos populares; (b) esporte – futebol, futsal, handebol, basquete e vôlei; (c) esporte alternativo – skate, patins, hip hop, rapel, trilhas; d) ginástica – olímpica, artística, aeróbica, circense; (e) luta – capoeira, judô, Karatê, Tekwondô, Aikidô; (f) Dança – clássica e popular; (g) Artes plásticas – desenho, pintura, grafitagem, guache, óleo, etc; (h) música – erudita e popular.

A, então, Diretoria Geral de Esportes (DGE) era composta por: (a) uma Diretoria Geral; (b) um Departamento de Projetos de Esporte; (c) uma Coordenação de Infância e Juventude; (d) uma Coordenação de Idosos e (e) uma Coordenação de Apoio Pedagógico. A organização em direção às comunidades foi a partir da intervenção pedagógica de um núcleo básico de educadores que poderiam ser professores e estagiários de educação física, educação artística, pedagogia e agentes comunitários de esporte e lazer voluntários. Esses agentes eram lideranças comunitárias (moradores das comunidades) que participavam de associações de

moradores, em esferas de interlocução da comunidade com o poder público e, principalmente, em atividades ligadas à prática esportiva nas comunidades e que aceitaram trabalhar sem remuneração nas primeiras ações do Programa.

Tendo como referência a proposta pedagógica do PCPEL e os conteúdos esportivos, culturais e artísticos, os círculos de convivência social voltaram-se para a infância, a juventude e os idosos. Em cada local (núcleo) de atuação na cidade, os círculos tinham coordenação própria, composta por um professor e um estagiário. Cada círculo deveria também formar um conselho gestor, ao qual caberia gerenciar e discutir, coletivamente, todos os problemas relativos ao seu funcionamento, composto pelas crianças e jovens, pelos pais, idosos, agentes comunitários, professores e monitores. No entanto, esse conselho na prática foi concretizado por participantes que se tornaram representantes dos respectivos círculos. As atividades dos círculos aconteceriam duas vezes por semana, porém um dos dias da semana para reuniões pedagógicas e os sábados para a realização de eventos (festivais), seminários e reuniões específicas.

Ainda em 2002, o Projeto Esporte do Mangue, de caráter não sistemático, iniciou ações efetivas nas comunidades, sendo objeto de tese de doutorado de um dos autores da proposta do PCPEL.

A vitória das forças democráticas e populares na cidade do Recife, em 2000, liderada [pelo] [P]refeito João Paulo Lima e Silva, representou um desafio [...]. Neste contexto, fomos convidados a ajudar na construção de uma proposta de trabalho sintonizada com os propósitos centrais da gestão de inverter prioridades, promover a participação popular e contribuir para a elevação da consciência política da população (SILVA, 2005a, p.10-11).

Um projeto que, como o anterior (o Círculos de Convivência Social), nasceu tateando caminhos e lidando com segmentos não comuns em políticas de esporte e lazer. Segmentos conhecidos pela relutância ao poder público e por sofrer preconceitos da sociedade.

Parte da intervenção que realizamos teve como público alvo os jovens praticantes de esportes radicais como skate, patins, bicicross e adeptos da cultura hip hop, os quais representavam uma parcela da população

empobrecida e discriminada, mas com uma rebeldia latente. Nosso

desafio, então, foi desencadear uma série de ações que estimulassem a

auto-organização e a participação política desses jovens e, ao mesmo

tempo, melhorassem as condições de acesso ao esporte e lazer na cidade (SILVA, 2005a, p.10-11, grifos nossos).

O Projeto Esporte do Mangue tentava reunir a rebeldia da juventude para uma ação política mais organizada inspirada num movimento político-cultural de Recife que contestava as desigualdades sociais da cidade.

Especificamente para a Juventude Radical desenvolvemos o projeto Esporte do Mangue cujo objetivo foi estimular a autodeterminação da juventude das classes populares através da prática de esportes radicais e das culturas relacionadas ao movimento manguebeat, tais como o Hip Hop, hard core, funk, rock, maracatu, punk etc. Acreditávamos na possibilidade de encontrar

nexos pedagógicos e políticos para uma ação comunitária de lazer, através

do diálogo com um movimento político cultural que catalisava toda a

rebeldia dos jovens da periferia da cidade (SILVA, 2005a, p.15-16, grifos

nossos).

No tatear e conhecer essa juventude em busca de conceber e implementar o projeto, seus executores utilizaram algumas estratégias organizativas para se articular a comunidade.

Nosso primeiro contato com o segmento se deu a partir da Federação Pernambucana de Bicicross, que ao saberem da existência de uma Diretoria Geral de Esporte (DGE) buscaram apoio para um evento de BMX [modalidade do bicicross que se pratica em circuitos fechados de corrida com diversos obstáculos] que iria acontecer no Parque da Jaqueira, situado num bairro nobre da cidade. Com o apoio da DGE, logo a notícia se

espalhou e começamos a receber reivindicações também de outras tribos.

Primeiro vieram os skatistas, dos quais recebíamos o maior número de

reivindicações. Reclamavam da falta de espaços próprios para a prática

esportiva e reivindicavam principalmente a construção de uma pista de skate. Junto com eles vieram também os jovens dos patins e do bicicross que andavam nas ruas “amocegando” os ônibus. Depois recebemos os surfistas do bairro do Ibura, que solicitavam transporte para as praias do interior em função dos freqüentes ataques de tubarão que estavam ocorrendo nas praias do Recife. Finalmente conhecemos o grupo de Hip Hop “Êxito d’rua” que solicitavam apoio para realizar um trabalho social com jovens na periferia da cidade (SILVA, 2005a, p.180, grifos nossos).

A cada conversa ficávamos sabendo também de diversos casos de violência contra os jovens, desde a apreensão dos skates por estarem correndo em lugares proibidos, até casos de espancamento policial por pura discriminação (SILVA, 2005a, p.180).

Esses primeiros contatos definiam as “‘tribos” a serem objetos de ação e as dificuldades delas no dia-a-dia. Faziam os executores do PCPEL conhecerem a realidade da juventude radical ao mesmo tempo que identificavam diferenças no que parecia convergir as linguagens alternativas e radicais do esporte. Esses primeiros contatos ajudavam também na circulação da informação de que existia uma política pública para esses seguimentos, o boca a boca foi fundamental.

Durante essas primeiras conversas como os diferentes segmentos da juventude, começamos a perceber que, apesar de se apresentarem de maneira desarticulada, existia uma identidade comum entre as diferentes tribos. Observamos que o modo de vestir, o gosto musical, os pontos de encontro e os problemas cotidianos que enfrentavam eram aglutinados pelo movimento ‘Mangue Beat’. Então tivemos a idéia de elaborar um projeto que utilizando a linguagem “mangue”, desse relevo às práticas esportivas, artísticas e sociais dessas diferentes tribos. Então a idéia de chamar o projeto ‘Esporte do Mangue’ tentou seguir o legado do ‘Movimento MangueBeat’ que foi

fruto de um grupo de jovens da periferia do Recife, provocando um estilo, uma discussão sobre os problemas sociais da cidade, através das letras das músicas, do jeito de vestir, do resgate de certos aspectos da cultura popular, que trazia na palavra mangue, uma identidade que chamava esses grupos para discutir seus problemas. A gente percebeu que os jovens demandantes, apesar da diversidade, possuíam uma identidade com o movimento mangue (SILVA, 2005a, p.181-182).

Não tínhamos um conhecimento mais aprofundado sobre o cotidiano daqueles jovens. Entender suas linguagens era sempre um desafio para nós (SILVA, 2005a, p.188).

Desses primeiros contatos foi elaborado um primeiro projeto que tinha o objetivo de

realizar um grande encontro municipal, onde os jovens pudessem vivenciar práticas esportivas e artísticas, discutir seus problemas sociais, econômicos e políticos, e organizar suas reivindicações. O encontro então teria o caráter de sensibilização para a participação dos jovens nos processos decisórios da política municipal de esporte e lazer. Sabendo da resistência desses segmentos a participarem dos mecanismos de participação tradicionais, estávamos preocupados em construir formas que se adequasse a expressão dos diversos segmentos. Assim, a realização do I Encontro

Municipal do Esporte do Mangue resumia o primeiro desafio da DGE

junto à juventude da cidade, onde tudo estava por ser construído (SILVA, 2005a, p.182-183, grifos nossos).

A decisão do encontro, advinda de quem estava à frente da implementação do Programa (do poder público), ainda à procura de caminhos para trabalhar com a juventude radical, mostrava a necessidade do Projeto Esporte do Mangue reunir mais jovens, convergir a força contestatória dos segmentos envolvidos para as instâncias de decisão do Estado e dialogar com eles para continuar a concepção, principalmente em termos organizativos, de como o projeto iria tomar corpo. Mesmo com esse caminho de articulação com a comunidade em construção, algumas práticas de organização do projeto caracterizariam as atividades não sistemáticas do Programa Círculos Populares de Esporte e Lazer.

Para a realização do I Encontro Municipal do Esporte do Mangue houve primeiramente convocações (fóruns) com o intuito de mobilizar e apresentar o projeto à juventude, e conhecer os segmentos praticantes de esportes alternativos e radicais da cidade. Essa convocação ocorreu por meio de telefonemas e distribuição de panfletos às lideranças jovens, que espalhavam a informação em suas respectivas comunidades e entre suas redes de contato. Algumas reuniões ocorreram no prédio-sede da Prefeitura no intuito de quebrar receios entre a juventude e o poder público e dialogar sobre a proposta do I Encontro, inclusive com a presença do Prefeito do Recife e do Secretário de Turismo e Esporte. Naquele momento a legitimidade do PCPEL dentro da gestão municipal também estava por ser construída.

Após a convocação da juventude, principalmente as lideranças envolvidas com as linguagens esportivas do projeto, para reuniões que resultaram num primeiro esboço de como se organizaria o I Encontro Municipal do Esporte do Mangue, os executores do Projeto Esporte do Mangue resolveram ir às comunidades.

Identificamos a necessidade de ir ainda mais perto dos jovens. Conhecer suas comunidades, os equipamentos de esporte e lazer nelas existentes, suas

condições de mobilização e organização. Era preciso conversar também

com os outros jovens que aquelas lideranças representavam. Era importante que eles também soubessem de perto o que estávamos fazendo. Muitos deles não participaram das outras reuniões [...] (SILVA, 2005a, p.194, grifos nossos).

Além de mobilizar mais pessoas, ir às comunidades tinha o intuito de aproximar os educadores do projeto e a juventude da comunidade para mobilizar, organizar e coordenar trabalhos para o I Encontro Municipal do Esporte do Mangue. Com o projeto em construção, os executores buscavam conhecer as formas de organização da comunidade que os ajudariam a mobilizar mais pessoas e realizar o Encontro. Em algumas comunidades já existiam organismos juvenis que realizavam ações semelhantes às propostas de ação do projeto.

Ir às comunidades quebrava a tradição das ações das políticas públicas de esporte e lazer, que funcionam por procura da comunidade, por períodos de inscrições para campeonatos, em que a comunidade tem que ir ao órgão do poder público. Os encontros nas comunidades, chamados de encontros regionais, obedeceram à divisão das seis regiões político-administrativas do Recife, utilizando escolas públicas e outros espaços comunitários.

Encerrados os encontros regionais tínhamos cadastrado cerca de quinhentos e oitenta jovens. Os encontros serviram também para uma melhor divulgação do projeto, o que pudemos observar através do grande número de jovens que não participaram das reuniões e procuraram a DGE para se inscrever. Entretanto, o maior saldo foi o intercâmbio que fizemos com os jovens

nos bairros (SILVA, 2005a, p.203, grifos nossos).

Depois dos encontros regionais foi então realizado o I Encontro Municipal do Esporte do Mangue fechando a seqüência de ações do projeto. Os encontros regionais nos anos seguintes se tornariam os Encontros da Juventude Radical e depois os Festivais da Juventude, ação que antecede ao Encontro Municipal do Esporte do Mangue.

Em 2002, outro projeto voltado às comunidades era o esporte popular, embrião do que viria a ser no ano seguinte o Projeto Futebol-Participativo. O Esporte popular visava apoiar ações, no âmbito de esporte e lazer, realizadas por organizações populares tais como: associações de bairro, centros esportivos populares, ligas esportivas, etc., promovendo cursos

de aperfeiçoamento técnico, de arbitragem e organização esportiva; fornecimento de material esportivo e de premiações; pagamento de arbitragem; realização de campeonatos de futebol de bairro; promoção de escolinhas esportivas; realização de eventos esportivos e de lazer em datas comemorativas (SILVA, 2005a). Em termos de ações, em 2002, houve apoio ao campeonato aberto de futebol de várzea do bairro da Macaxeira (RPA-03) dentro de um processo de retomada do Campo do União da Macaxeira, após mais de 20 anos sob a administração de um morador da comunidade.

Essas primeiras ações mostraram o Projeto Círculos de Convivência Social, como referência à proposta do PCPEL e fundamental para criar os primeiros laços com as comunidades; o Esporte do Mangue como um grande catalisador da juventude radical, vista com potencial de criar novas formas de organização coletiva na relação com o poder público, e o Projeto Futebol-Participativo, fundamentado no futebol, esporte mais presente no histórico dos programas governamentais voltados aos deporto, como uma incógnita, desenhando-se em vista de se coadunar com a proposta do Programa.

Nos anos seguintes o Projeto Círculos de Convivência Social e Projeto Esporte do Mangue continuaram como ações estratégicas de mobilização, organização e chegada às