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4.4 No discurso do Programa: os elementos transformadores 76

4.4.1 Práticas de organizar: os projetos em ação 78

Conforme desenvolvido no capítulo teórico, nesta Pesquisa, práticas de organizar são ações de organização forjadas na sociedade civil (organizada), isto é, no “ ‘corpo’ mais amplo da sociedade”, que são trazidas para uma esfera institucional de poder, mostrando potencial modificador das características tradicionais do que seja o organizar (a estrutura burocrática e seus processos) e da organização social mais ampla na relação Estado-Sociedade.

Evidenciar-se-á os três principais projetos do Programa voltados para ações diretas nas comunidades, ou seja, o Projeto Círculos de Convivência Social (de Lazer), o Projeto Esporte do Mangue e o Projeto Futebol-Participativo. Optou-se em priorizar a análise das atividades de lazer do Projeto Círculos de Convivência Social de maneira a serem contempladas nesta pesquisa todas as linguagens trabalhadas no Programa. A área esportiva foi trabalhada com a observação das ações do Projeto Futebol-Participativo; Os esportes radicais e elementos da cultura hiphop nas ações do Projeto Esporte do Mangue, e as atividades de lazer (ginástica, dança e artes) em algumas ações do Projeto Círculos de Convivência Social.

PROJETO CÍRCULOS DE CONVIVÊNCIA SOCIAL (DE LAZER)

Esse projeto iniciou as primeiras ações do PCPEL nas comunidades. É o responsável pelas atividades sistemáticas e o que mais se aproxima, em suas práticas cotidianas, da proposta pedagógica do Programa. Nele as ações sistemáticas envolvem também ações não sistemáticas (encontros, espetáculos), também conhecidas como momentos de catarse.

Nosso primeiro contato com suas atividades nas comunidades ocorreu em 2006. Antes das visitas acompanhamos a primeira reunião pedagógica11 do ano, atividade da assessoria político-pedagógica, responsável pelo Projeto de Formação Continuada. Na reunião foi entregue uma folha a todos os presentes com o seguinte título: “organização geral das atividades sistemáticas de esporte, lazer e juventude12”, que além do cronograma de reuniões (gerais e pedagógicas) e os cursos de formação continuada até o fim do ano, continha alguns encaminhamentos, entre eles o que é citado abaixo, que buscavam indicar meios para qualificar as ações das atividades sistemáticas do projeto nas comunidades.

As atividades sistemáticas dos Círculos Populares de Esporte e Lazer deverão se consolidar enquanto serviço de qualidade prestado à população do Recife, tanto do ponto de vista quantitativo (potencializando a capacidade de atendimento), quanto do ponto de vista qualitativo (perseguindo os princípios para uma intervenção emancipatória).

A qualidade (“manter e qualificar”) foi o lema, em 2006, das ações do Programa, que acompanhava diretrizes da gestão da Prefeitura Municipal do Recife.

É saber que o trabalho não tá concluído. Eu acho que João Paulo foi muito feliz quando diz que esse ano [2006] a gente tem que preservar pela

qualidade do trabalho da gente, porque trabalho já teve, já foram quatro

anos de gestão, já foi iniciado, a gente já conseguiu democratizar, já conseguiu tornar mais acessível às pessoas. E agora eu acho que é dá qualidade mesmo, como é necessário na educação, como é necessário na saúde (Diretor de Esporte Amador, em 08/02/2006).

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Criada com o intuito de ser um espaço de esclarecimento e discussão da proposta pedagógica do Programa e sua concretização na prática cotidiana dos projetos, principalmente, das atividades sistemáticas (os círculos de convivência social). O trabalho dos educadores, que estão cotidianamente nas comunidades, é o principal alvo de discussão. Porém, participam diretores, gerentes, coordenadores e educadores envolvidos com o Programa e com as atividades do Geraldão.

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Documento aprovado pelo colegiado da autarquia Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (GEGM-Geraldão). O colegiado é o instrumento organizacional, onde são tomadas as decisões mais importantes em relação às prioridades da política municipal de esporte e lazer. Dela participam, com direito a voto, o diretor-presidente, os assessores e os diretores. Todo início de ano também acontece o Planejamento Coletivo do ano (prioridades, melhorias, realização de novos projetos, entre outros) e neste participam as pessoas até o nível de coordenação (os educadores não participam). Este planejamento é realizado com base no monitoramento, no balanço coletivo realizado antes do planejamento, no plano de governo e outros materiais de apoio como Atlas do desenvolvimento humano de Recife, entre outros meios.

Esse processo fez parte de uma reorganização das atividades sistemáticas do PCPEL, que em 2006 foram desmembradas em esporte, lazer e juventude. Na reunião pedagógica predominou o debate em relação às dificuldades administrativas (operacionais) de execução do Programa.

aqui o relacionamento humano foi sobreposto ao processo burocrático. Burocracia cruel, perversa, que não foi criada com base em nossos valores [humanos] (Coordenador das linguagens artísticas da Diretoria de Lazer e Cidadania, único no GEGM-Geraldão que ocupava aquela posição e era reconhecido pela sua formação popular).

Da reunião depreendemos que no dia-a-dia de suas atividades os educadores não separavam um período para estudo e reflexão sobre os princípios do Programa e como estabelecê-los em suas práticas cotidianas. Na reunião, pela primeira vez, escutamos as pessoas que estavam cotidianamente nas comunidades, relatando experiências do dia-a-dia e as dificuldades enfrentadas nas atividades sistemáticas.

A partir de 2004 a ação do projeto em direção às comunidades mudou. Ao em vez de ir às comunidades dialogar sobre o conteúdo que os participantes desejasse, passou a oferecer atividades sistemáticas por conteúdos antecipadamente definidos. Esse processo teve relação com as dificuldades encontradas nos primeiros anos, quando os professores tentavam planejar coletivamente com os participantes dos círculos o rodízio de linguagens, mas também com mudanças de ordem organizacional com ida do PCPEL para o GEGM-Geraldão em 2005.

Quando a gente começou em 2002 [...] A gente formava os círculos de convivência na comunidade e nesses grupos a gente fazia um planejamento participativo onde os participantes escolhiam qual o conteúdo que eles queriam trabalhar. A partir do conteúdo que eles queriam trabalhar a gente ia trabalhando três em três meses cada conteúdo, desses três meses a gente fazia um festival, se a gente trabalhou o conteúdo do futebol três meses quando a gente terminava o conteúdo a gente fazia um festival de futebol, a gente chamava de festivais temáticos na época. Era exatamente o momento de catarse e a catarse ela se dava a partir dos conteúdos trabalhados (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

No início de suas ações o projeto também trabalhava com linguagens esportivas, mas foi no trabalho com linguagens artístico-culturais que os círculos de convivência social enfrentaram resistência nas comunidades, onde os participantes queriam esportes tradicionais como o futebol.

[...] a gente trabalhava planejamento participativo muito voltado pra questão do conteúdo e o conteúdo que normalmente eles se propunha a trabalhar era os conteúdos que eles tinham mais conhecimento então sempre ia recair ou no futebol, ou na ginástica, com aquela perspectiva de futebol de eu ser um jogador e na ginástica de melhorar minha performance e a gente vinha trabalhando pra que isso mudasse. [...] a questão do futebol era muito

imbuída nas comunidades e a questão da ginástica também (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

Após alguns anos de atuação, as linguagens trabalhadas voltaram-se basicamente à ginástica, à dança (popular e de salão) e às artes (teatro, percussão e artesanato). Eram essas que predominavam quando visitamos as atividades sistemáticas em 2006.

Pela cultura da cidade, pela demanda que vem construindo a partir da cultura da própria cidade; Pela objetividade dessas linguagens, objetividade que eu digo, pela facilidade que a gente tem de trabalhar [...], o próprio ponto de vista das pessoas que trabalham com a gente, que são os educadores e também pela parte administrativa que a gente tem e pela demanda que tem dentro da cidade. Essas foram as linguagens que mais se identificaram digamos assim com as comunidades (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

Essas linguagens têm suas respectivas particularidades e envolvem segmentos diferentes. A ginástica, por exemplo, é caracterizada pela grande presença de mulheres e freqüentada predominantemente por idosos. As outras linguagens voltam-se para infância e juventude.

2002 era o seguinte, a gente trabalhava com núcleos, então o núcleo, [...] tinha o professor da infância, professor da juventude, professor de adulto/idoso. Todo mundo trabalhava naquela comunidade em horários diferentes, era um núcleo que tinha mais ou menos sete pessoas e trabalhava respectivo àquela comunidade. Talvez até isso ficasse mais fácil na mobilização, porque se juntava as sete pessoas que se propunha a fazer a mobilização, ia todo mundo junto, e todos eles conheciam as comunidades, conheciam as lideranças comunitárias e era a partir das lideranças que a gente fazia a mobilização (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

Essa ação, com mobilização de pessoas nas comunidades pelas lideranças comunitárias, marcou a chegada do PCPEL nas comunidades. A mudança de atuação, não mais por núcleos, foi uma decisão dos gestores do GEGM-Geraldão, quando perceberam que poderiam atender às comunidades com um menor número de educadores. Além disso, a organização das atividades estava dispersa, não havendo controle do trabalho dos educadores, que contribuía para que alguns deles organizassem as atividades na comunidade de acordo com suas respectivas disponibilidades e não de acordo com as necessidades dos participantes. Alguns constavam como educadores, mas não compareciam às comunidades.

Esse processo de reorganização teve contribuição do sistema de monitoramento e avaliação13 do PCPEL que começou a ser implementado em meados de 2005.

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Em 2006 houve um processo de implementação mais ampla incluindo um formulário para os educadores, mas houve muitas dificuldades, principalmente por parte dos educadores populares que não conseguiam entender as linguagem formal do formulário. Atualmente o sistema não está sendo implementado.

Hoje muda um pouco isso, primeiro por que a gente trabalha por áreas e as áreas são muito mais abrangentes do que os núcleos, elas abrangem outros bairros, outras comunidades e não trabalha todo mundo junto dentro daquela comunidade. Por outro lado a gente abrangeu a nossa atuação. Hoje a gente atua em muito mais comunidades do que quando a gente atuava em núcleos. Normalmente não tem uma equipe de sete pessoas pra mobilizar aquela comunidade, normalmente é aquele professor que mobiliza pra sua turma, por outro lado o Programa é muito mais conhecido do que quando a gente iniciou em 2002 (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

A reorganização por áreas, por exemplo, nos permitiu observar as atividades sistemáticas do Projeto Círculos de Convivência Social de bairros circunvizinhos. Visitamos as atividades da Área14 3, que abrangia as seguintes localidades: Torre, Iputinga, Torrões, Engenho do Meio, Cordeiro15 e Prado (Todos na RPA-4).

Com a nova organização o professor/educador adquiriu maior responsabilidade na mobilização das comunidades. Essa forma de atuação foi viabilizada também pelo fato do projeto recrutar ao longo dos anos, além de professores de Educação Física, educadores populares advindos das comunidades. Ambos são responsáveis pela mobilização e procura de possíveis locais para as atividades, principalmente quando não existe espaço na comunidade administrado pelo GEGM-Geraldão por meio do Projeto Rede Física. Nesse processo, os educadores populares (ou sociais) se tornaram importantes elos de comunicação e articulação do GEGM-Geraldão com as comunidades. Eles geralmente têm uma experiência comunitária no conteúdo em que trabalham. No PCPEL trabalham em linguagens artístico-culturais como artesanato, dança, teatro de rua, percussão, no caso dos círculos de lazer; esportes radicais e elementos da cultura hiphop, nos círculos de juventude. Conteúdos que sofrem muitos preconceitos e para os quais é escasso o oferecimento de formação específica pela educação formal, seja em escolas, seja em universidades.

Além dos professores e educadores populares a organização dos círculos de convivência social em direção às comunidades conta com um coordenador, que semanalmente tem uma reunião específica16 com os educadores da área da cidade, ou da linguagem, no caso

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As áreas tentam seguir a divisão que a Prefeitura fez da Região Metropolitana de Recife em seis regiões político-administrativas. As diretorias fizeram algumas adaptações para facilitar a organização das suas atividades nas comunidades.

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O autor desta pesquisa mora no Cordeiro há cerca de 20 anos e a escolha da área levou em consideração não só o seu maior conhecimento dos bairros da área 3, como a própria viabilidade das visitas para o tempo que tínhamos para realizar a pesquisa de campo. Seria muito difícil fazer visitas a uma região distante e, além disso, que não tivéssemos a mínima familiaridade.

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As reuniões específicas ocorrem uma vez por semana e participam dela o coordenador da área (ou da linguagem) e os educadores que estão à frente das atividades nas comunidades. São utilizadas para planejamento e acompanhamento das atividades, para escutar as dificuldades enfrentadas pelos educadores, para repassar recomendações da diretoria e podem ser utilizadas para estudo. Pode numa mesma área, por exemplo, existir um

dos círculos de convivência de lazer, pelas quais é responsável. Essas reuniões ocorrem uma vez por semana, geralmente em espaços na comunidade após as atividades do período da manhã. O coordenador de área é uma espécie de “olho” das diretorias funcionais (esporte amador; lazer e cidadania; esporte e juventude) nas atividades dos educadores nas comunidades. Ele leva as reivindicações e dificuldades dos educadores em relação às atividades, tanto em termos administrativos como pedagógicos, para sua respectiva diretoria e traz decisões e orientações da diretoria para os educadores. Além disso, sintetizam as informações da área e as colocam no sistema informatizado de monitoramento e avaliação do PCPEL, ajudam os educadores no processo de escolha de espaços, levam reivindicações da comunidade para diretoria e ajudam na indicação de educadores comunitários existentes na comunidade para trabalhar no projeto.

O processo de avaliação das atividades é predominantemente baseado no que os coordenadores vêem nas suas visitas e no que os educadores falam para aqueles durante as reuniões específicas. A partir disso, os coordenadores preparam um relatório não-estruturado utilizado como base para as reuniões com gerentes e diretores, como também para alimentar a seção do sistema de avaliação e monitoramento pela qual é responsável. A opinião do educador combinada com o olhar do coordenador tornam-se centrais para a avaliação das ações. Os educadores são avaliados também por um diário de bordo onde colocam informações sobre conteúdo, metodologia, materiais utilizados e avaliação das atividades que realizam em suas atividades nas comunidades. Os educadores populares têm muitas dificuldades de preencher esse diário, pois não entendem os elementos formais (metodologia, objetivo) que o conformam. Para isso precisam da ajuda do coordenador e de educadores com formação superior.

A mudança de atuação nas comunidades fez com que as ações do projeto ficassem mais centralizadas no GEGM-Geraldão. Ao invés de ir às comunidades, os gestores do projeto priorizaram esperar a comunidade ir ao ginásio solicitar atividades, modificando a característica do início do projeto de ir às comunidades e, a partir do cotidiano dessas, iniciar a implementação de atividades.

E outra coisa a gente atende hoje pela demanda, então a demanda é construída antes de a gente entrar na comunidade. Pra gente encaminhar um educador pra tal comunidade normalmente vem uma liderança já com um grupo que tá querendo aulas de ginástica, já vem com uma listagem, abaixo assinado alguma coisa assim, o espaço já previsto, já com tudo previsto, a

coordenador para os círculos de esporte e outro para os de lazer. Aas reuniões podem acontecer em espaços na

gente encaminha o educador, o educador só tem mais que organizar aquele grupo. Antes não, a gente ia, construía a demanda pra construir um grupo, hoje a gente já trabalha mais ao inverso a demanda vem primeiro e o educador vai, esse tá sendo o processo de implementação pela demanda que existe no local (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

A chegada ao Geraldão é vista pelos gestores do projeto como algo positivo, principalmente, pela estrutura de trabalho proporcionada pelo ginásio, juntamente à reorganização administrativa das atividades do Projeto Círculos de Convivência Social que proporcionou às linguagens de lazer (Ginástica, Dança e Artes) uma ação mais concentrada.

[...] primeiro pela própria estrutura física do trabalho [...], hoje cada Diretoria tem a sua estrutura, isso facilita a comunicação, isso facilita até o envolvimento da gente com a comunidade, com os grupos. Também a divisão por linguagem dentro dessa estrutura daqui, digamos assim que ele condense mais, objetive mais a linguagem de lazer e cidadania, faz com que a gente tenha mais o olhar, seja mais objetivo pra aquele tipo de linguagem, pra aqueles grupos que a gente quer construir, pra o objetivo que a gente quer construir.

Essa estrutura que a gente tem a gente tem possibilidade maior de sistematização, consegue sistematizar melhor os projetos, consegue fazer uma avaliação melhor deles, consegue se reunir melhor e discutir dentro pra a partir daí a gente ter respostas pra comunidade e fazer com que eles criem esse diálogo com a gente, esse vínculo também entre a comunidade e o Geraldão, que isso ainda tá sendo construído (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

No entanto, o processo de ida para o GEGM-Geraldão gerou alguns problemas na organização cotidiana das atividades. Alguns educadores reclamaram da distância que o projeto criou com a comunidade indo para o Ginásio, outros abordaram o trabalho solitário e, principalmente os professores de Educação Física, falaram da limitação de trabalharem apenas com um conteúdo17.

Esse processo também gerou dificuldades no relacionamento com a comunidade.

Agora não, agora muito menos, mas no início as pessoas não conseguiram associar o que eles tavam fazendo na comunidade nas atividades de esporte e lazer com o Geraldão até por que isso foi uma coisa que a gente construiu a partir dessa política. E aí eles criam esse vínculo com a gente, eles vêm aqui na Diretoria, não só a gente que vai lá comunidade, que tem o dia-a-dia lá os coordenadores, os professores, mas eles criam esse elo também, eles vêm aqui, eles sabem quem procurar, dizem o que é que tão precisando, [...], então esse foi um vínculo que fica estabelecido entre a comunidade e o Geraldão (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

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Se estiverem na Diretoria de Lazer e Cidadania só podem trabalhar com lazer. Na Diretoria de Esporte Amador só podem trabalhar com conteúdos esportivos. Nas atividades sistemáticas da Diretoria de Esporte e Juventude não há professores de Educação Física.

Mesmo com a ida para o GEGM-Geraldão o projeto não deixou de lado o processo de mobilização da comunidade, no sentido de ir à comunidade e não somente esperar a solicitação de uma demanda. A ida às comunidades continua recebendo apoio de lideranças comunitárias e utiliza, em complemento, práticas cotidianas da vida comunitária como a mobilização boca a boca.

Esse processo é feito com as próprias lideranças comunitárias e com as demandas que elas vêm levantando. [...] Por exemplo, tem um espaço, a Praça do Ipiranga em Afogados, que é um espaço da Prefeitura mas tem o 14ª Batalhão do Exército que cuida da Praça, então a praça é muito bem cuidada, é uma praça que tem vários equipamentos e que não se tinha nada de atividade lá. Então a gente foi pra lá, formamos os grupos, formou um grupo de adultos e idosos lá a partir da mobilização, passagem mesmo das casas, mosquitinho, mobilização boca a boca, a gente não tem uma mobilização de carro de som, não tem uma mobilização de mídia, não tem isso, a mobilização continua a mesma coisa de boca a boca, [...] a gente forma representantes naqueles grupos também e eles se tornam lideranças, se tornam uma identidade daquela comunidade não só do grupo de convivência. Tem esse tipo de liderança e tem as lideranças que já são lideranças da própria comunidade (Diretora de Lazer e Cidadania, em 20/04/2007).

Geralmente as lideranças (representantes) dos círculos de convivência social são lideranças antigas, pessoas que têm reconhecimento na comunidade e estão envolvidas com processos tradicionais de organização comunitária. O projeto utiliza espaços na própria comunidade para implementar suas ações, mas enfrenta problemas com a falta de espaço para realização de atividades com dança e ginástica, como também para guardar com segurança os materiais utilizados.

a gente vai pros espaços que são mais adequados pra gente fazer as atividades, que são exatamente o local próximo de onde as pessoas moram, mas que esse local é uma sala que dá pra gente fazer atividade de dança, se é público, se é particular, quais as condições que a gente tem. A gente sempre procura os espaços que sejam bem localizados, que tenha um fácil acesso pras pessoas daquela localidade e normalmente que seja de visibilidade, pelo