• Nenhum resultado encontrado

PROCESSO Nº TST-RR

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROCESSO Nº TST-RR"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Recorrente: WALQUIRIA MARA GRACIANO MACHADO RABELO Advogado : Dr. Darcilo de Miranda Filho

Recorrida : ELIZABETH BALBINO LIMA Advogado : Dr. Júlio Ramos Diz Júnior

Recorrido : CARTÓRIO DO 9º OFÍCIO DE NOTAS DE BELO HORIZONTE Advogado : Dr. Darcilo de Miranda Filho

D E C I S Ã O

O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região manteve a sentença quanto aos temas “julgamento extra petita”, “prescrição” e “cartório extrajudicial – regime estatutário – opção”.

A reclamada interpõe recurso de revista, com base no artigo 896 da CLT.

A Corte Regional admitiu a revista quanto ao tema “cartório extrajudicial – regime estatutário – opção”.

Razões de contrariedade foram apresentadas.

O recurso de revista é tempestivo, está assinado por advogado habilitado e o preparo foi efetuado a contento.

NULIDADE. JULGAMENTO EXTRA PETITA.

O TRT negou provimento ao recurso ordinário patronal ao fundamento de que “a pretensão de reconhecimento da unicidade contratual é inferência

lógica dos pedidos estampados à fl. 07 da exordial, notadamente o de pagamento do FGTS, desde 28.03.89 até a ruptura do pacto laboral” (fls. 280/281).

A reclamada alega a existência de julgamento extra petita, pois foi declarada a unicidade contratual sem o correspondente pedido por parte da autora. Aponta violação dos artigos 128 e 460 do CPC.

Sem razão.

Conforme ressaltado pelo TRT, a declaração de unicidade contratual não constitui julgamento extra petita, pois a concessão jurisdicional respectiva decorreu de dedução lógica a partir de pedido trazido na inicial, referente ao pagamento de FGTS desde a

(2)

Firmado por assinatura digital em 08/04/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

admissão do reclamante até a ruptura da avença efetuada entre as partes. Daí por não se pode divisar violação aos artigos 128 e 460 do CPC.

Nego seguimento.

PRESCRIÇÃO. UNICIDADE CONTRATUAL.

O TRT negou provimento ao apelo da reclamada, ao fundamento de que “mantido o reconhecimento da unicidade contratual, desde a sua admissão em 29.03.89, não há que se cogitar em prescrição bienal, sendo realmente devido o FGTS, até a ruptura do pacto laboral” (fl. 283).

A reclamada alega que a autora prestou serviços em duas ocasiões distintas: a primeira, de 28/03/1989 a 29/10/2008, e a segunda, de 03/11/2008 a 02/05/2012. Sustenta que o prazo prescricional previsto no artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal não foi respeitado quando do manejo da reclamação trabalhista. Aponta violação ao citado dispositivo constitucional.

Sem razão.

Evidenciada a unicidade contratual, o prazo prescricional deve ser contado da data da ruptura da avença havida entre as partes, o que, segundo noticia a reclamada, ocorreu em 02/05/2012. Interposta a presente ação em 29/05/2012, inexiste prescrição a ser declarada. Intacto o artigo 7º, XXIX, da CF.

Há que se observar, ainda, conforme diretriz contida na Súmula nº 362 desta Corte, que “é trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho”.

Nego seguimento.

CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. REGIME ESTATUTÁRIO.

SERVIDOR. OPÇÃO EXPRESSA.

(3)

Sobre o tema em epígrafe, o Regional consignou o seguinte:

Comungo do entendimento primeiro no sentido de que, sendo auto aplicável o art. 236 da CR/88, a relação jurídica havida entre o serventuário e o cartório extrajudicial está sujeita ao regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho.

Assim, desde a promulgação da Constituição da República de 1988, os empregados dos cartórios extrajudiciais passaram a ser regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, não havendo a possibilidade de se limitar a incidência do regime jurídico celetista tão somente a partir da opção a que alude o artigo 48 da Lei n.º 8.935/94, in

verbis:

“Os notários e os oficiais de registro poderão contratar, segundo a legislação trabalhista, seus atuais escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou regime especial, desde que estes aceitem a transformação de seu regime jurídico, em opção expressa, no prazo improrrogável de trinta dias, contados da publicação desta lei.

Parágrafo primeiro – Ocorrendo opção, o tempo de serviço prestado será integralmente considerado para todos os efeitos de direito.

Parágrafo segundo – Não ocorrendo opção, os escreventes e auxiliares de investidura ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, vedadas novas admissões por qualquer desses regimes, a partir da publicação desta lei”.

De fato, as disposições acima transcritas não podem prevalecer, sob pena de violação ao texto constitucional. Logo, embora conste do documento de fl. 71 que a relação havida entre as partes se encontra regida pelo vínculo estatutário, esta situação não pode sobrepor ao disposto nos arts. 37 e 236 da CF.

Na presente hipótese, a reclamante não se submeteu a concurso público de provas ou de provas e de títulos para que iniciasse a sua prestação laboral, requisito indispensável, nos termos do art. 37, II, da

(4)

Firmado por assinatura digital em 08/04/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Constituição Federal, e, além disso, não é remunerada pelos cofres públicos, mas pelo titular do cartório, que se equipara ao empregador.

(...)

Portanto, outra natureza jurídica não teve a relação havida entre as partes senão a de emprego, razão pela qual não tem como prevalecer o vínculo estatutário (cf. declaração de fl. 71).

(...)

Nego provimento. (fls. 281/283).

A reclamada sustenta que não é possível o reconhecimento de vínculo de emprego entre as partes, pois a reclamante, empregada de cartório extrajudicial, fez opção expressa por continuar vinculada ao regime estatutário, conforme documento de fl. 71 dos autos. Pugna sejam excluídos da condenação o pagamento de FGTS e a determinação de retificação da CTPS da autora.

Aponta violação dos artigos 236 da CF e 48 da Lei nº 8965/94. Traz arestos ao cotejo de teses.

O TRT firmou entendimento no sentido de que, desde a promulgação da CF de 1988, os servidores de cartórios extrajudiciais passaram a ser regidos pela CLT. Razão por que concluiu que a opção do servidor, por continuar regido pelo vínculo estatutário, não prevaleceria sobre a determinação do artigo 236 da Carta Magna.

O aresto de fls. 307/308, oriundo da SBDI-1 desta Corte, configura divergência específica, de acordo com a Súmula nº 296 desta Corte, pois encampa tese no sentido que o não reconhecimento da sujeição ao regime celetista não implica, de forma alguma, afronta ao artigo 236 da CF, quando o reclamante faz a opção por permanecer regido pelo regime estatutário, de forma que não pode o mesmo requerer o reconhecimento da sua condição de celetista se percebe vantagens como se estatutário fosse.

De fato, o entendimento desta Corte é no sentido de que a opção do empregado de cartório extrajudicial em continuar regido

(5)

pelo vínculo estatutário, conforme permitido pelo artigo 48, § 2º, da Lei nº 8.935/94, impede que o reclamante faça jus aos direitos previstos na CLT. À vista dessa peculiaridade, não há como divisar-se afronta direta ao artigo 236, caput, da Constituição Federal.

Nesse sentido, os seguintes precedentes:

VÍNCULO DE EMPREGO. EMPREGADO DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. Segundo o Tribunal Regional, o reclamante não fez a opção pelo regime celetista de que trata o art. 48 da Lei 8.835/94, aposentou-se pelo regime estatutário, percebendo proventos do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo - IPESP. Nesse contexto e consoante decidiu a SDI-1 (E-ED-RR - 1212/2000-093-15-00.5, Rel. Min. Maria de Assis Calsing, DEJT 24/04/2009), não há como se reconhecer a condição de empregado celetista se o reclamante percebe, em virtude do mesmo período de prestação de serviços, todas as vantagens como se servidor estatutário fosse, inclusive em relação aos proventos da inatividade. Dessa forma, em face das peculiaridades fáticas do caso, especialmente a aposentadoria do reclamante pelo regime especial, não há falar em ofensa aos arts. 236, caput, da Constituição da República e 2º, 3º e 9º da CLT. Recurso de Revista de que não se conhece. (RR - 73785-63.1994.5.15.0098, Relator Ministro João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, DEJT 27/11/2009);

EMBARGOS - SERVIDOR DE CARTÓRIO CONTRATADO ANTES DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 – OPÇÃO PELO REGIME ESTATUTÁRIO OU ESPECIAL - LEI Nº 8.935/94 - NATUREZA DO VÍNCULO. Não obstante o entendimento pacificado no Eg. TST e no E. STF seja o de que o artigo 236 da Constituição da República, ao preceituar que os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, encerra norma auto-aplicável, não há como se reconhecer o vínculo de emprego celetista na hipótese em que o trabalhador, em atenção ao disposto no artigo 48 da Lei nº 8.935/94, manifestou expressamente o interesse na manutenção do antigo regime jurídico, com os direitos e vantagens a ele inerentes. Precedentes. Embargos conhecidos e providos. (E-ED-RR -

(6)

Firmado por assinatura digital em 08/04/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

146000-37.2006.5.15.0059, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 17/09/2010);

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º 11.496/2007. REGIME ESTATUÁRIO OU

CELESTISTA. UNICIDADE CONTRATUAL. ART. 236 DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. De acordo com os fatos incontroversos dos autos, o Reclamante começou a laborar para o Reclamado em 1958, sob o regime estatutário. Em 1994, ante o advento da Lei n.º 8.935/1994, fez a opção por continuar sujeito ao regime estatutário, nos moldes do art. 48 da referida lei. No ano de 1997, aposentou-se e passou a perceber aposentadoria pelo regime estatutário, nos termos do art. 51 da retromencionada lei e, após a jubilação, firmou contrato de trabalho com o Embargado. 2. Esta Corte tem o entendimento pacífico de que o art. 236, caput, da Constituição Federal é autoaplicável, razão pela qual os empregados dos cartórios não oficializados são considerados empregados sujeitos ao regime celetista. 3. Todavia, in casu, o não reconhecimento da sujeição ao regime celetista não implica, de forma alguma, afronta ao art. 236, caput, da Constituição Federal, tendo em vista as particularidades presentes na hipótese dos autos. 4. De fato, entende essa Corte que o art. 48 da Lei n.º 8.934/1994, que estatui a opção, é meramente facultativa, razão pela qual não seria suficiente para afastar o reconhecimento do regime celetista. Entretanto, no caso dos autos, o Reclamante firmou expressamente a opção, nos moldes do referido artigo, para que continuasse a ser regido pelo regime especial estatutário e igualmente aposentou-se pelo regime estatutário, percebendo proventos do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo. 5. Ora, não pode o ora Embargante, com o argumento de ser o art. 236 da Carta Magna autoaplicável, requerer o reconhecimento da sua condição de celetista se percebe, em virtude do mesmo período de prestação de serviços, todas as vantagens como se servidor estatutário fosse, inclusive no que concerne aos proventos da inatividade. 6. Correta, portanto, a decisão turmária que não conheceu do Recurso de Revista do Reclamante. Afronta ao art. 896 da CLT não configurada. Recurso de Embargos não conhecido. (ED-RR - 121200-47.2000.5.15.0093,

(7)

Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 24/04/2009);

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. Evidenciado que o Autor estava submetido a regime estatutário, em razão da opção autorizada pelo art. 48 da Lei nº 8.935/94, não há como divisar ofensa aos arts. 114 e 236 da Constituição. Embargos não conhecidos. (E-ED-RR - 115300-77.2000.5.15.0095, Redatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 02/12/2011);

RECURSO DE REVISTA. EMPREGADO DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. NATUREZA DO VÍNCULO. ESTATUTÁRIO. OPÇÃO. Incontroverso que o reclamante foi admitido em 1963, sob o regime estatutário nos termos do Decreto Estadual nº 5.123/31 e da Portaria nº 54/67 e que, em 20/12/1994, em face do advento da Lei n.º 8.935/94, manifestou a opção por continuar sujeito ao referido regime, na forma do preceituado no artigo 48 do mencionado diploma legal, bem como que se aposentou pelo IPESP - Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, contando o tempo de serviço como servidor público estatutário e, ainda, que declarou em depoimento ter conhecimento dos documentos que serviram de amparo para sua jubilação. Ficou assinalado, também, que a natureza jurídica estatutária entre os ora litigantes foi registrada na fundamentação do pedido de providências julgado pela Vara Cível de Campinas. Não obstante esta Corte venha se posicionando no sentido de que o artigo 236, caput, da Constituição Federal é autoaplicável, motivo pelo qual os empregados dos cartórios extrajudiciais são considerados empregados sujeitos ao regime celetista, no caso vertente, o não reconhecimento da sujeição ao regime celetista não implica, necessariamente, afronta ao artigo 236, caput, da Constituição Federal, tendo em vista as particularidades presentes. In casu, o reclamante firmou expressamente opção para que continuasse a ser regido pelo regime estatutário e igualmente aposentou-se pelo mesmo regime, percebendo proventos do Instituto de Previdência do

(8)

Firmado por assinatura digital em 08/04/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Estado de São Paulo. Precedente da SBDI-1 desta Corte. Recurso de revista não conhecido. (RR - 196600-36.2001.5.15.0092, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 07/05/2010).

No presente caso, a reclamante optou expressamente por continuar regida pelo regime estatutário – conforme consignado pelo TRT - e recebe proventos de aposentadoria do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais, fato admitido pela reclamante em contrarrazões ao recurso de revista.

Em virtude da inalterabilidade de vinculação da reclamante ao regime estatutário, não faz jus a autora à retificação da CTPS e aos depósitos de FGTS, conforme decidido em sentença, vantagens cujo direito, supõe enquadramento da reclamante no regime celetista.

Nesse contexto, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região divergiu do entendimento da SBDI-1 desta Corte, de modo que deve ser dado provimento ao recurso da reclamada para excluir da condenação a determinação para proceder à retificação da CTPS da autora, bem como para providenciar os depósitos de FGTS.

Pelos fundamentos expedidos, conheço do recurso de revista quanto ao tema “CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL - REGIME ESTATUTÁRIO - OPÇÃO EFETUADA PELA RECLAMANTE”, por divergência jurisprudencial, para, no mérito, com amparo no artigo 557, § 1º-A, do CPC, dar-lhe provimento, para excluir da condenação a determinação para proceder à retificação da CTPS da autora, bem como para providenciar os depósitos de FGTS. Custas inalteradas.

Publique-se.

Brasília, 08 de abril de 2014.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006) EMMANOEL PEREIRA

Ministro Relator

Referências

Documentos relacionados

Quando a desconexão persistir por tempo superior a 10 (dez) minutos, a sessão do pregão será suspensa e terá reinício somente após comunicação expressa

Embora tenha o reclamado incorrido na hipótese do artigo 483, "d", da CLT, ao violar o princípio da boa-fé objetiva, consoante tópico transato, o pleito de indenização

NEGO seguimento ao recurso de revista." (págs. 1.153-1.156) Na minuta de agravo de instrumento, o Ministério Público do Trabalho insiste na admissibilidade do seu

Welington (motorista do caminhão) que, perdendo a direção do veículo conduzido (laudo de exame pericial às fls. 35/39) em razão da ingestão de bebida alcoólica, ensejou

Também à unanimidade, conhecer do recurso de revista, apenas quanto ao tema “AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS – NÃO RECOLHIMENTO DO

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100404BE3188574C82... multas pela interposição de embargos declaratórios,

Mais adiante, a referida testemunha declarou que ' acredita que na época em que o reclamante foi destituído do cargo de supervisor de canais, foi feito feedback com

Esta Subseção, em decisão proferida nos autos do Processo nº TST-E-ED-RR-9849840-70.2006.5.09.001, com ressalva do entendimento deste Relator, firmou o entendimento de que é inviável