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Ginástica laboral e a influência sobre a prevenção da incidência dos casos de ler/dort

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RAFAEL JEAN BATISTA

GINÁSTICA LABORAL E A INFLUÊNCIA SOBRE A PREVENÇÃO DA INCIDÊNCIA DOS CASOS DE LER/DORT

Palhoça 2010

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GINÁSTICA LABORAL E A INFLUÊNCIA SOBRE A PREVENÇÃO DA INCIDÊNCIA DOS CASOS DE LER/DORT

Relatório de Estágio apresentado ao Curso de Educação Física e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física e Esporte.

Orientador: Prof. Erasmo Paulo Miliorini Ouriques, Msc

Palhoça 2010

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GINÁSTICA LABORAL E A INFLUÊNCIA SOBRE A PREVENÇÃO DA INCIDÊNCIA DOS CASOS DE LER/DORT

Este relatório de estágio foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Educação Física e Esporte e aprovado em sua forma final pelo Curso de Educação Física e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 25 de Novembro de 2010 ___________________________________

Professor e Orientador Prof: Erasmo Paulo Miliorini Ouriques, Msc Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

__________________________ Fabiana Figueiredo de Ribeiro, Msc

Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL ___________________________________

Guilherme Felício Mülbersted Coelho, Msc Magni Brazil Preservação da Saúde

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Agradeço primeiramente a Deus por me proteger e me sustentar pelos momentos mais difíceis da minha vida.

Agradeço aos meus pais, Valter e Nazaré, primeiramente pela minha vida, por seu zelo e seu amor incondicional. E agradeço principalmente por entenderem minhas preocupações e apoiarem minhas decisões. Indicando, com seus conselhos e atitudes, como escolher o melhor caminho a seguir e me tornando uma pessoa melhor.

Obrigado a minhas irmãs, pela compreensão da distância neste ano tão importante para mim.

Agradeço a todos os meus professores, desde o início dos meus estudos, tantos anos atrás, até os que conviveram comigo pelos últimos quatro anos, marcando tanto os meus anos de Faculdade. Todos tão importantes ajudando de uma forma ou outra, a moldar meu futuro e sempre farão parte da minha vida.

Agradeço de coração ao meu orientador Prof. Erasmo, por me conduzir por este ano neste caminho difícil e por esclarecer minhas idéias quando achava que não as possuía mais.

Obrigado aos meus colegas de estudo, com quem tive o prazer de conviver quatro anos: lutamos juntos, todos buscando um mesmo objetivo.

Agradeço sinceramente à diretoria da empresa em que estagiei, ao setor de Recursos Humanos e ao setor de Saúde e Segurança do Trabalho, por acreditarem na minha idéia e me permitirem realizar esta pesquisa em suas dependências. Agradeço a todos os funcionários que participaram como voluntários, tornando possível a realização de um projeto de tanto impacto na minha trajetória.

Obrigado ao meu orientador de campo, Guilherme: todos os seus conselhos, ensinamentos e informações foram bem aproveitados.

E obrigado a você Fernanda, por ser a síntese de todos em uma única pessoa. Por me aconselhar e me ajudar quando eu estava perdido, e minhas dúvidas não me deixavam seguir. Pela sua força e determinação que me inspiraram. Por me mostrar meus erros quando os cometia e me apoiar em minhas decisões. Obrigado por me compreender neste ano tão complicado, onde sua presença e seu companheirismo

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objetivos. Por dar sentido à minha vida. Que com seus carinhos e suas palavras me apontaram razões tão importantes para jamais desistir.

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Esta pesquisa teve como objetivo avaliar se as seções de ginástica laboral auxiliam na prevenção ou na diminuição da incidência dos casos de Lesões por Esforço Repetitivo. Fizeram parte da amostra 58 sujeitos oriundos de 4 setores, com funções distintas entre si, divididos conforme as atividades que executam em uma indústria de embalagens plásticas da Grande Florianópolis. Os dados analisados foram os dias de afastamentos ocorridos no decorrer dos anos de atividades da empresa, buscando relacionar os dias de afastamento com as doenças originadas no trabalho. Buscou-se uma análise sobre os desconfortos a que estão sujeitos durante os turnos de trabalho. Para a verificação dos índices de desconforto/dor foi utilizado o diagrama de Corlett e Manenica, (1980) e foi feita a análise da flexibilidade lombar, através do Teste de Sentar e Alcançar para descobrir se a postura de trabalho limita os movimentos. Os resultados obtidos indicam que o programa de Ginástica Laboral vem alcançando os objetivos propostos. Obtendo uma diminuição dos casos de LER/DORT de uma média de 11,86% dos 1458 dias perdidos por afastamentos em 2003 para 9,53% dos 4604 dias perdidos em 2009. Com uma diminuição constante quando os setores foram analisados separadamente. Juntamente com estes dados foi verificada também a relação entre uma maior incidência de desconforto/dor com o menor grau de flexibilidade dos colaboradores. Como conclusão, precisamos que a LER não é a única responsável pelo índice de afastamentos, mas que deve-se relacionar a rotatividade de trabalhadores durante os períodos de crescimento estrutural da empresa, o crescimento da estrutura física da empresa e os casos de afastamento. Juntamente com as alterações posturais e o desconforto ou a dor causada pelos movimentos repetitivos.

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This study aimed to evaluate whether sections of gym work helps in preventing or reducing the incidence of cases of RSI. The sample included 58 subjects from the four sectors, with functions distinct from each other, divided according to the activities they perform in a plastic packaging industry in Greater Florianópolis. The data analyzed were the days of leave occurring during the years of its operations, seeking to relate the days away with related illnesses at work. Sought a review of discomfort they may face during the work shifts. For checking the levels of discomfort / pain diagram was used Corlett and Manenica and analysis of lumbar flexibility through the Sit and Reach Test to find out if your working posture restricts your movement. The results indicate that the program of Gymnastics has been reaching those goals. Getting a decrease of cases of RSI from an average of 11.86% of 1458 days lost through absenteeism in 2003 to 9.53% of 4604 days lost in 2009. With a steady decrease when industries were analyzed separately. Along with these data were also recorded for the relationship between a higher incidence of discomfort / pain with the lowest degree of flexibility of employees. In conclusion, we had to take into consideration that the RSI is not solely responsible for the content of removals, but must take into account a relationship between employee turnover during periods of structural growth of the company, the growth of the physical structure the company and the cases of expulsion. Together with the postural changes and discomfort or pain caused by repetitive motion.

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Gráfico 1. Evolução do Absenteísmo e das LER/DORT – 2003/3009... 56 Gráfico 2. Comparação de afastamentos antes e após Aplicação do Programa de Ginástica Laboral...59 Gráfico 3. Valores médios gerais de desconforto das regiões corporais... 62 Gráfico 4. Valores médios de desconforto dos colaboradores do setor das injetoras... 64 Gráfico 5 Valores médios de desconforto dos Auxiliares de Produção ...65 Gráfico 6 Valores de desconforto de cada região corporal das Inspetoras ...66 Gráfico 7. Valores médios de desconforto de cada região corporal dos Operadores... 68

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Tabela 1 Avaliação - Teste Sentar e Alcançar. Protocolo de Nieman (1999)...52

Tabela 2 Comparação dos afastamentos por setor ... 60

Tabela 3 Índice de flexibilidade da região lombar ... 70

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Figura 1. Banco de Wells... 52 Figura 2. Execução do Teste de Sentar e Alcançar... 52

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1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ... 14

1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO ... 15 1.2.1 Objetivo Geral ... 15 1.2.2 Objetivos Específicos ... 16 1.3 JUSTIFICATIVA ... 16 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 19 2.1 O HOMEM E O TRABALHO ... 19 2.1.2 Os anos pós Taylorismo/Fordismo ... 22 2.1.3 Conceitos de saúde ... 23 2.2 GINÁSTICA LABORAL ... 26

2.2.1 Histórico da Ginástica Laboral ... 26

2.2.2 Conceitos de Ginástica Laboral ... 29

2.2.3 Benefícios da Ginástica Laboral ... 31

2.2.4 Objetivos da Ginástica Laboral ... 32

2.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS ... 34

2.3.1 LER/DORT ... 34

2.3.2 Formas clínicas de LER/DORT ... 37

2.3.3 Fatores que causam LER/DORT ... 39

2.3.4 Tratamento da LER/DORT ... 39

2.4 LOMBALGIAS ... 40

2.4.1 Tratamento das Lombalgias ... 41

2.5 ESTRESSE ... 42

2.5.1 Conceito de Estresse ... 43

2.5.2 Controle do Estresse ... 44

2.6 ESTUDOS SOBRE GINÁSTICA LABORAL ... 44

3 MÉTODO ... 50

3.1 TIPO DE PESQUISA ... 50

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3.3.1 Analise documental ... 52

3.3.2 Escala de desconforto de Corlett e Manenica (1980) ... 52

3.3.3 Teste de sentar e alcançar (Banco de Wells, 1980) ... 53

3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ... 55

3.5 ANÁLISE DOS DADOS ... 55

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 57

4.1 ANÁLISE DOS AFASTAMENTOS ... 57

4.1.1 Comparação anual dos afastamentos ... 60

4.1.2 Relação de afastamentos por setor ... 62

4.2 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE DESCONFORTO ... 64

4.2.1 Injetoras ... 66

4.2.2 Auxiliares de Produção ... 67

4.2.3 Inspetoras ... 69

4.2.4 Operadores ... 70

4.3 ANÁLISE DA FLEXIBILIDADE ... 72

4.3.1 Relação desconforto x Flexibilidade ... 73

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES ... 76

REFERÊNCIAS ... 79

APÊNDICES ... 83

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

Sabe-se que desde os primórdios da raça humana, o que o destacava dos outros animais era a capacidade de utilizar afetivamente as mãos e produzir ferramentas que pudessem ser utilizadas para diversas finalidades. A partir do momento que o homem produzia ferramentas, conseguia um novo patamar na qualidade dos seus produtos, todos construídos artesanalmente como uma obra de arte. Como todo artista, esse trabalhador precisava manter o segredo da produção para si, trabalhando, na maioria das vezes sozinho, quando muito com a pequena ajuda de um aprendiz. Este tipo de trabalho necessitava de movimento constante, pois o artesão transformava a matéria prima em produto final (FIGUEIREDO, 2008).

Este artesão vivia em constante movimento pela sua área de trabalho. Isto ocorreu até a Revolução Industrial Inglesa no século.XVIII. Quando a manufatura deu lugar às grandes indústrias, que mudaram radicalmente o modo de vida dos trabalhadores. Após esta revolução o trabalhador passa a ficar preso ao local de trabalho, sempre executando a mesma ação (CAÑETE, 1996).

Trabalhando estaticamente, em um ambiente muitas vezes insalubre, com descanso inadequado, pouco ou às vezes nenhum descanso, o trabalhador fica sujeito a novas patologias. Uma das que vem aumentando gradativamente desde o início da Revolução Industrial, e ainda é uma das doenças que mais afeta os trabalhadores atualmente são as LER – Lesões por Esforço Repetitivo – que são um dos vários sintomas dos DORT - Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. As LER possuem origem nos movimentos repetitivos e pode causar desde uma leve sensação de dor até a incapacitação do trabalhador (POLITO E BERGAMASCHI, 2006).

O que é visível no mundo de hoje, muitas vezes guiado pelas novas tecnologias, é que as pessoas passam a permanecer por longos períodos na mesma

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posição, ou em casos específicos executando o mesmo movimento repetidamente trazendo prejuísos, desconforto, dor e a fadiga física e mental. (SANTOS, 2003).

Assim, em virtude do surgimento das doenças associadas ao trabalho, a Ginástica Laboral vem ganhando destaque no Brasil e é utilizada como uma importante ferramenta para melhorar a qualidade de vida no trabalho. E de acordo com Longem (2003) a Ginástica Laboral é arte de exercitar o corpo e a mente do trabalhador, através da utilização de exercícios de fácil execução, e que causam prazer ao funcionário, aumentando assim, sua disposição na execução das tarefas que lhes são propostas.

A prevenção de lesões é o fator diferencial para o sucesso das organizações, pois através de ações neste sentido terá trabalhadores saudáveis e preparados para as solicitações musculares diárias, o que refletirá beneficamente tanto no desempenho da empresa quanto na qualidade de vida do trabalhador (FIGUEIREDO, 2008).

Desta forma, a presente pesquisa tem por objetivo analisar os dados apresentados e responder a questão: as sessões de Ginástica Laboral influenciam ou não na diminuição dos casos de afastamento por Lesões por Esforço Repetitivo?

1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar se as sessões de Ginástica Laboral auxiliam na prevenção ou diminuição da incidência dos casos de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) / Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) nos colaboradores do setor Industrial.

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1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar em quais dos setores pesquisados na empresa os colaboradores apresentam maior e menor índice de desconforto/dor.

- Verificar o índice de flexibilidade lombar em cada um dos setores pesquisados.

- Comparar e avaliar o índice de desconforto com o grau de flexibilidade encontrado nos colaboradores de cada um dos setores pesquisados.

1.3 JUSTIFICATIVA

O médico italiano Bernardino Ramazzini pesquisou e descreveu em sua obra várias patologias identificadas e diagnosticadas por ele como tendo origem nos movimentos repetitivos, e foi o primeiro a fazer uma relação dessas patologias com o trabalho que estas pessoas executavam. Ramazzini descreveu essas relações em seu livro De Morbis Artificum Diatriba que teve a primeira edição publicada em Módena, Itália, em 1700, o que o lhe valeu o epíteto de “Pai da Medicina do Trabalho”, ilustrando que as Lesões por Esforço Repetitivo inquietam os profissionais que lidam com a saúde desde muito antes da Revolução Industrial (ESTRELA, 1999).

Sobre as doenças dos escribas e notórios, Ramazzini descreve:

As causas das doenças dos notários e escreventes são três: primeira, contínua vida sedentária; segunda, contínuo e sempre o mesmo movimento da mão; e terceira atenção mental para não mancharem os livros e não prejudicarem seus empregadores. Esses operários carecem dos benefícios que um moderado exercício promove, mas que não podem se dedicar, mesmo que queiram. A necessária posição da mão para fazer correr a pena sobre o papel ocasiona um grave dano que se comunica a todo o braço, devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões, e com o andar do tempo diminui o vigor da mão. Conheci um homem, notário de profissão

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que dedicou à vida toda a escrever, lucrando muito com isso; primeiro começou a sentir grande lassidão em todo braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu uma completa paralisia do braço direito. Para reparar o dano, tentou escrever com a mão esquerda; porém a cabo de algum tempo, esta também apresentou a mesma doença (RAMAZZINI, 1999¹, p. 235-237).

Bernardino Ramazzini viveu pouco antes da Revolução Industrial, que mudou a forma com que o homem lidava com o trabalho e seu próprio estilo de vida ficou à mercê da imposição dos proprietários das indústrias. Com o maciço crescimento do setor industrial, as organizações procurara o aumento da produtividade, e maior eficácia do trabalhador. Desta forma os problemas físicos dos trabalhadores descobertos em 1700 seriam quase uma unanimidade, se não houvessem medidas que impedissem este acontecimento. Um programa de Ginástica Laboral na empresa pode ser uma solução eficiente. Mas é necessário que haja uma avaliação dos benefícios deste programa, levando em conta juntamente, a visão dos colaboradores em relação à implantação do mesmo (SAKATA, 2010).

A Ginástica Laboral colabora com o aumento da satisfação dos funcionários de uma corporação, melhorando a qualidade de vida no trabalho. Ela proporciona vários benefícios tanto para o trabalhador quanto para a empresa (FIGUEIREDO, 2008).

O trabalhador ao executá-la consegue melhor utilização das estruturas musculoesqueléticas, previne-se e combate as doenças profissionais, melhora a flexibilidade, a força, a coordenação, o ritmo, a agilidade e a resistência, se torna mais disposto, reduz a sensação de fadiga no final da jornada de trabalho, recebe estímulos preparatórios, compensatórios e relaxantes para o corpo humano, bem como os principais benefícios fisiológicos relacionados ao exercício sobre os sistemas cardíaco, respiratório e esquelético, além de combater as tensões emocionais e melhorar a atenção e concentração nas atividades desempenhadas (CAÑETE, 1996; POLITO E BERGAMASCHI, 2006).

Assim, pretende-se com a implantação deste programa que os colaboradores melhorem sua qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho e a empresa venha a reduzir seus casos de afastamento médico e substituição de

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pessoal, diminuição de queixas, acidentes, dores e lesões, além da melhoria da imagem da instituição junto aos empregados e À sociedade. Como benefícios sociais são evidentes a melhoria das relações interpessoais, o favorecimento do relacionamento social e o trabalho em equipe, pois na execução do programa existirá momentos de descontração, onde todos estarão se relacionando, desta forma alcançando os objetivos propostos.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo tem como objetivo apresentar um embasamento teórico sobre os temas abordados nesta pesquisa. Pretende-se, através deste conteúdo proporcionar uma melhor compreensão das questões relacionadas com o trabalho e das características envolvidas em sua elaboração.

2.1 O HOMEM E O TRABALHO

Para entender os processos que atualmente interferem na qualidade, no modo de vida dos trabalhadores, é preciso investigar a evolução do processo de industrialização, passando pela criação da linha de montagem e a atualidade dos processos trabalhistas.

Os economistas clássicos foram os primeiros a abordar, na teoria, os problemas da organização do trabalho. E é conhecida a analise que Adam Smith (1723-1790) aborda em seu livro Investigação sobre a natureza e as causas das

riquezas das nações, que primeiro sistematizou o que é conhecido como

“Economia”, e foi quem primeiro definiu alguns conceitos da iniciante sociedade capitalista, divisão do trabalho, classes sociais, relação de valor e trabalho pra as mercadorias etc. indicando que o inicio da divisão do trabalho é uma resposta à complexidade e mecanização industrial e militar (FIGUEIREDO, 2008).

Segundo Cañete (1996) a Revolução Industrial, foi também uma Revolução Social, causada pelos conhecimentos dos novos meios de produção. Este processo deu-se gradativamente na Europa a partir do século XVIII, mas em 1870 propagou-se por todo mundo ocidental.

Smith (1776) (apud FIGUEIREDO 2008) defendia a idéia de que o desenvolvimento da destreza dos trabalhadores aumenta, infalivelmente, a quantidade de trabalho que eles podiam realizar. Defendia também que a divisão do

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mesmo, reduzindo a intervenção de cada um, a uma simples operação e transformando esta única ação em um trabalho único por toda a vida.

Vargas (1979) (apud FIGUEIREDO 2008) afirma que em alguns locais o trabalho já era parcelado, rompendo um pouco a tradição feudal. Mesmo as organizações do trabalho já sendo objeto de estudo desde o século XVIII, foi somente com Taylor que uma gerencia teve formulação completa, de forma a eliminar os traços de um modo de produção anterior e adequar o trabalho às necessidades da acumulação de capital que surgiram no século XX. Mas antes de Taylor é preciso definir os Princípios da Administração de Fayol.

O engenheiro frances, Henry Fayol, era diretor de uma empresa de mineração de carvão no inicio do século XX e concluiu que a administração de uma empresa deveria ser desvinculada das demais funções, ou seja deveria haver a separação das funções de produção, comercial e financeira. Conforme Chang Júnior (1995) (apud FIGUEIREDO 2008, p.22) Fayol foi o primeiro a definir administração como sendo um processo de planejar, organizar, dirigir e controlar. Formulou então seus 14 princípios da administração:

1) Divisão do trabalho – cada indivíduo com tarefas especificas, com separação de poderes;

2) Autoridade e responsabilidade; 3) Disciplina

4) Unidade de comando – cada indivíduo tem somente um superior direto;

5) Unidade de direção;

6) O interesse geral é mais importante que o particular; 7) Remuneração;

8) Centralização; 9) Hierarquia; 10) Ordem;

11) Equidade – todas as pessoas devem ser tratadas de forma idêntica, com benevolência e jistiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários;

12) Estabilidade pessoal; 13) Iniciativa;

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14) União de pessoal.

Figueiredo (2008) indica que os princípios de Fayol, deixam claro como deveria ser as funções administrativas de uma empresa da sua época.

Já em 1911, outro engenheiro, este americano, publicou um livro chamado Princípios de Administração Científica, que adquiriu toma fama mundial, e cujos princípios influenciaram e muito a organização do trabalho daquela época, com repercussões até os dias atuais. Frederick Taylor, em sua proposta de administração foca a mecanização do homem. Para ele existe somente interesse na capacidade física de trabalhar. E o operário precisa separar as atividades intelectuais do trabalho diário, pois seus movimentos devem ser automatizados (CAÑETE 1996 e FIGUEIREDO 2008).

Simultaneamente à consolidação do chamado Taylorismo, Henry Ford desenvolveu uma nova proposta de gestão da produção, a linha de montagem. O chamado Fordismo.

Ford nasceu em 1863, nos EUA, e inaugurou a Ford Motor Company em 1903. Consegue a maioria das ações da fabrica em 1908, mas somente em 1913 pode aplicar pela primeira vez seus princípios sobre a linha de montagem. Figueiredo (2008 p. 26), aponta Ford estabeleceu seus princípios em:

a) -Sempre que possível, o trabalhador não dará um passo supérfluo; b) -Não permitir que ele se canse inutilmente, em caso algum, com

movimentos à direita ou à esquerda, sem necessidade ou proveito algum;

c) -Tantos as peças, quanto os trabalhadores devem ser dispostos na ordem natural das operações, para que toda operação percorra o menor caminho possível durante a montagem;

d) -Empregar esteiras com plano inclinado ou aparelhos similares, para que o empregado possa sempre colocar o objeto no mesmo lugar sempre ao seu alcance. (FIGUEIREDO, 2008 p. 26-27).

Segundo Fleury e Vargas, 1983 (apud FIGUEIREDO, 2008), o sucesso desta nova organização apareceu nos resultados da produção, quando o tempo de produção de um chassi reduziu-se de 12 horas e 8 minutos para 1 hora e 33 minutos. Toda a operação de montagem ficou separada em 45 operações simplificadas.

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Cañete (1996) afirma que Ford reforçou os princípios criados por Taylor, no fordismo o homem ficava fixo em seu local de trabalho e executava movimentos mecanizados, que obedeciam a uma ordem pré-determinada. E o trabalhador qualificado, que precisava dominar toda a técnica de produção, foi substituído por um que não precisava saber nada além de que fazer movimentos repetitivos, que não exigiam conhecimento profissional. Como Ford entendia que o trabalho era uma fonte de riqueza não permitia nenhum desperdício. Acreditava que os funcionários não deveriam ter contatos interpessoais durante o expediente. Que deveriam cumprir seu horário e voltar para casa. Que a fábrica não era lugar de conferencias.

O que os pensadores da administração clássica apoiavam era a disciplina, a ordem, a obediência, a hierarquia, diferença de classes, separação dos papeis de criação, a desconfiança com relação ao assalariado e o individualismo. Quanto ao trabalhador, concordaram que ele não deve ser consultado, nem expressar suas opiniões, muito menos, compartilhá-las (AKTOUF, 1996 apud FIGUEIREDO, 2008).

Essas tendências acabaram por sobreviver até hoje, por várias razões, entre elas o medo, por parte dos diretores de perder o que a tradição sempre lhes conferiu: prestigio e poder absoluto. E para garantir isso agiram considerando o trabalhador como um custo e tendem a mantê-los numa situação de obediência e submissão (AKTOUF, 1996 apud FIGUEIREDO, 2008).

2.1.2 Os anos pós Taylorismo/Fordismo

Figueiredo (2008) explica que diante da revolta dos trabalhadores insatisfeitos com as condições em que eram realizados os trabalhos, surgiram novas propostas a respeito das organizações do trabalho, que eram contrárias ao taylorismo e ao fordismo. Esta escola nasceu de uma reação à Administração Científica de Elton Mayo, um pesquisador australiano, que criou uma nova filosofia administrativa chamada: Relações Humanas no Trabalho. Que passa a ver o trabalhador, não como uma maquina, mas como um ser humano com necessidades a serem satisfeitas. Os princípios de Ford e Taylor não foram completamente abandonados, mas reorganizados para uma racionalizar o trabalho.

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Nos anos 50, surge o conceito da Administração da Qualidade Total, criado pelo Dr. Armand V. Feingenbaum e aperfeiçoado no Japão. Nele a conformidade com os padrões de qualidade passam a ser responsabilidade de todos. Então o trabalho passa a ser atribuído ao grupo a não ao indivíduo. Essa forma de organização permite ao trabalhador escolher a quantidade de trabalho que irá realizar. Com isso, se as ações do indivíduo forem prejudiciais ao grupo, ele pode ser excluído pelo próprio grupo, e isso na filosofia japonesa equivale a ser excluído da própria vida (FIGUEIREDO, 2008)

Por outro lado, na Europa e nos EUA, começam a ocorrer os primeiros sinais de que o fordismo entrava em crise. A crise que se abateu no final dos anos 70 na Europa e nos EUA, levou a criação de um novo modelo de Administração: o

Pós-fordismo, que posteriormente seria conhecida como Administração Participativa,

a qual se baseia na participação ativa dos trabalhadores nas decisões da empresa. Essa participação criativa, em todos os níveis, é imprescindível para as empresas manterem-se em cena. No Brasil as empresas que adotam esses novos instrumentos de relacionamento com o trabalhador, conseguem resultados próximos dos níveis internacionais de produtividade e qualidade (CAÑETE, 1996).

2.1.3 Conceitos de saúde

Segundo Vieira (1996) para a Organização Mundial da Saúde (OMS) (1947), saúde é um estado de completo bem-estar, físico, social e mental, e não somente a ausência de doenças. Dejours (1992) afirma que saúde é para cada homem, mulher ou criança ter meios de traçar um caminho pessoal e original, em direção ao bem-estar físico, psíquico e social. Martins e Duarte (2000) enfatizam que o entendimento de saúde é multidimensional, considerando as necessidades fisiológicas, afetivas, motoras e intelectuais do homem, de maneira mais ampla, profunda e dinâmica.

Alvarez (2002) descreve sua visão de saúde como a capacidade ou a

responsabilidade de aperfeiçoar seu senso de bem-estar e auto-estima, para criar condições de prevenir doenças. Isto indica que a saúde não é algo que se adquira

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num tempo específico e garantido por toda a vida. Portanto não é uma conquista definitiva e sim um resultado de um equilíbrio dinâmico que deve ser mantido e às vezes restabelecido. E o estilo de vida é forma que cada indivíduo conduz suas atividades diárias, que refletirão diretamente na sua saúde física e mental. Sendo que o estilo de vida engloba o trabalho, a família, o lazer, enfim tudo que cerca as pessoas no seu dia-a-dia e influencia diretamente na sua saúde.

Segundo Vieira (1996), o homem, como sendo parte de um sistema, que está interligado a outros, e deles recebem influencia, saúde é o equilíbrio do indivíduo entre seus sistemas e o seu meio ambiente.

Com o homem sendo um grande sistema complexo, Cañete (1996), descreve o trabalho como parte da vida o homem, e a ele se incorpora onde estiver, sentindo sua influência. O trabalho esta inserido a cada momento da vida do homem e é a marca da sua existência. Por ter implicações sociais, ambientais e sociais é um fator decisivo para sua saúde.

A Constituição da República Federativa do Brasil, (Brasil, 1988) de 05 de outubro de 1988, prevê, no artigo 7º, item XXII, redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, isto é, pela saúde ocupacional. Com base nestes dados, completa Vieira (1996), a saúde dos trabalhadores é um campo específico da área da saúde pública, que procura atuar através de procedimentos próprios, com a finalidade de promover a saúde das pessoas envolvidas no exercício do trabalho.

Cañete (1996) declara que para manter a saúde dos trabalhadores é preciso ações interdisciplinares com medidas de alcance coletivo, onde, alem da Medicina do Trabalho, são importantes dos conhecimentos de campos como: Engenharia, Psicologia, Enfermagem, Administração, Sociologia, e Ergonomia, entre outros. Estes conhecimentos visam compreender as relações entre a saúde e o trabalho.

Cañete (1996) afirma ainda que a saúde do trabalhador depende de três fatores: Legal, Educacional e Técnico.

O fator Legal refere-se às leis que obrigam os empresários a cumprirem as regras de segurança e de saúde no trabalho;

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O Educacional é a conscientização dos empregados para o controle dos riscos no ambiente e no modo de produção, e a instrução dos mesmos quanto aos riscos e à prevenção;

O fator Técnico é relativo à aplicação de conhecimentos de Engenharia e do comportamento humano para obtenção de ambientes e procedimentos de trabalho seguro.

Cañete (1996) declara que os resultados neste campo dependem, fundamentalmente, da capacidade de integração e de cooperação dos membros de uma instituição em torno de um objetivo comum.

Com o campo da Medicina do Trabalho preocupado em conferir à saúde do trabalhador um papel mais apropriado da consideração do homem no trabalho, e define para a melhora da saúde ocupacional, os seguintes itens( CAÑETE, 1996)

Medicina do Trabalho: segundo Cañete (1996), é o ramo da medicina que visa à saúde física e mental do trabalhador, tendo em vista protegê-lo dos riscos de agentes nocivos, lutando contra o absenteísmo e reduzir ao mínimo os acidentes de trabalhos e sua gravidade. Vieira (1996) acrescenta que a medicina do trabalho deve, basicamente, assumir a postura de estar à frente da situação, diagnosticando os casos o mais precocemente possível, tentando se antecipar aos problemas;

Higiene do trabalho: segundo Vieira (1996), é a ciência ou a arte de reconhecer, avaliar e controlar os riscos profissionais capazes de ocasionar alterações na saúde do trabalhador ou afetar o seu conforto e eficiência;

Segurança do Trabalho: é definido como uma série de medidas técnicas, médicas e psicológicas, destinadas a prevenir os acidentes profissionais, educando os trabalhadores para evitá-los. (VIEIRA, 1996). Segundo Cañete (1996), a consciência com a prevenção de acidentes por parte dos trabalhadores, é exatamente proporcional à atitude adotada pela empresa, e afirma ainda que os acidentes ocorrem não só pela falta de uso dos equipamentos de segurança, ma porque não se preocuparam empresa e funcionário, em preveni-lo.

Ergonomia: entre os contornos exigidos das empresas, surgiu a ergonomia. Segundo Figueiredo (2008), a ergonomia é uma disciplina cientifica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à disposição de teorias, princípios, dados e métodos,

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projetos a fim de aperfeiçoar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.

Todos estes conceitos estão envolvidos na manutenção da saúde do trabalhador, melhoria da sua qualidade de vida dentro do trabalho, e a prevenção de doenças relacionadas à falta ou má disposição dos mesmos. E uma destas formas de prevenção é a ginástica laboral (CAÑETE, 1996).

2.2 GINÁSTICA LABORAL

Nesta sessão do trabalho, serão abordadas as questões históricas, técnicas e fisiológicas envolvendo a Ginástica Laboral e a sua relação com a saúde dos trabalhadores.

2.2.1 Histórico da Ginástica Laboral

Cañete (1996) indica que a procura desenfreada pela produtividade, aliada com a mecanização, automação e a industrialização têm imposto condições prejudiciais a saúde humana como um todo. É certo que a competitividade moderna torna a vida cada vez mais distressante, comprometendo a qualidade de vida e a saúde do trabalhador. Entretanto como indica a Portaria Nº 1.125/GM de 6 de julho de 2005 (Ministério da Saúde, 2005); é dever da empresa zelar pela saúde integral dos trabalhadores, devendo promover ambientes saudáveis e processos de trabalho que não causem danos aos mesmos.

Cañete (1996) afirma que esta portaria deixa uma pergunta no ar: Como aumentar a competitividade, sem prejudicar e até contribuir para melhorar a saúde do pessoal, e, ainda sem aumentar os custos? Desta forma, é observado que as empresas deveriam adotar medidas para enfrentar esses problemas.

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As atividades físicas realizadas durante o período de trabalho, não são um conceito muito recente. Existem relatos destas atividades em 1925, destinada para os operários, inicialmente na Polônia, onde foi chamada de Ginástica de Pausa. Depois na Holanda, a Veldkamp fez experiências após 1925. Na Rússia, 150 mil empresas, praticavam Ginástica adaptada para cada cargo em cerca de 5 milhões de trabalhadores. Bulgária, Alemanha Oriental e outros países, na mesma época. (CAÑETE, 1996; POLITO e BERGAMASCHI, 2006)

É aceito pelos especialistas que a Ginástica Laboral como a conhecemos teve início no Japão e foi implantada em 1928 com os trabalhadores do correio. Após a Segunda Guerra Mundial, o programa se espalhou por todo o país, e hoje, mais de um terço dos trabalhadores japoneses exercitam-se diariamente, tendo obtido como resultados, em 1960, a diminuição dos acidentes de trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria do bem-estar geral dos trabalhadores. Esta grande difusão deve-se à adaptação de um programa da Radio Taissô (CAÑETE, 1996; POLITO E BERGAMASHI, 2006; FIGUEIREDO 2008).

Em japonês Taissô significa “ginástica”, portanto Rádio Taissô em português “ginástica transmitida através do radio”. Foi instituída em 1928, como comemoração à posse do Imperador Showa. O objetivo era a manutenção da saúde e da felicidade do povo. A iniciativa foi do Ministério das Comunicações e apoio da NHK (Nippon Hosso Kyukai), que enviou um requerimento ao Ministério da Educação e à associação de Seguros de Vida, solicitando o planejamento de formatos para a Radio Taissô e sua Divulgação (CULTURA JAPONESA, 2010).

Assim, foram escolhidos especialistas das instituições acima citadas a fim de compor uma comissão para planejar e transmitir através do radio os exercícios, com os seguintes objetivos:

1-Poder praticar onde for e em qualquer lugar, sem distinguir sexo ou faixa etária;

2-Praticar com alegria, com auxílio de música rítmica;

3-Exercitar-se com simplicidade, sem precisar de instrumentos (RÁDIO TAISSÔ, 2010)

Com essas regras simples, a rádio entrou em funcionamento no dia 1º de novembro de 1928, e devido à sua popularidade, evoluiu para uma segunda fase que visava a faixa etária de 20 a 40 anos. Com a participação do Japão na Segunda

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Guerra Mundial, o funcionamento da Rádio Taissô retornou, apenas em 1946. Com a participação dos mesmos órgãos governamentais citados anteriormente. (MATUURA, 2010).

A partir de 1952 a prática objetivada pela rádio passou a ser tão popular, que se tornou um hábito da população. Mas com o aumento da quantidade de pessoas da terceira idade, a Rádio Taissô entrou na sua terceira fase em 1998, com uma transmissão voltada especificadamente para a terceira idade. Deste modo criou-se a chamada Ginástica do Povo, que objetivava movimentar o corpo inteiro com balanceamentos, sem brusquidão e que o cidadão pudesse se exercitar como normalmente não faria (CULTURA JAPONESA, 2010).

No Brasil, a Rádio Taissô teve seu início no dia 18 de junho de 1978, em comemoração aos 70 anos de imigração japonesa, é coordenada pela Federação de Rádio Taissô do Brasil. Existem nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul mais de 70 associações e entidades filiadas, empresas, bancos, hospitais e instituições religiosas, totalizando mais de 10.000 ouvintes (MATUURA, 2010).

A Ginástica Laboral chegou ao Brasil através de executivos japoneses em 1969, nos estaleiros Ishikawajima. Mas o primeiro experimento com base científica foi realizado em 1973 pela Federação dos Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul (FEEVALE): com elaboração de exercícios baseados em análises biomecânicas, para relaxamento dos músculos agônicos pela contração dos antagônicos, em face da exigência funcional unilateral. Este projeto foi intitulado: “Educação Física Compensatória e Recreação”, com finalidade de esclarecer duvidas e qualificar o projeto de implantação da Educação Física em núcleos fabris (CAÑETE, 1996; POLITO E BERGAMASCHI, 2006; FIGUEIREDO, 2008).

Em 1978, conforme Cañete (1996), a FEEVALE - Federação dos Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul (FEEVALE) e a Associação Pró-ensino Superior em Novo Hamburgo (ASPEUR), em conjunto com o Serviço Social da Industria - SESI, iniciaram a implantação do projeto denominado “Ginástica Laboral Compensatória”.

O projeto teve início em 23 de novembro de 1978, envolvendo cinco empresas do Vale dos Sinos e tinha caráter experimental, com objetivo de

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aprofundar os estudos nesta área e combater uma doença que no princípio era chamada de tenossinovite (inflamação da bainha sinovial e do tendão que passa nessa bainha), mais popularmente conhecida como Doença dos Digitadores. Esta foi à primeira patologia causada por movimentos repetitivos a ser reconhecida como doença profissional. Isto em 1987 por meio da portaria nº 4602 do Ministério da Previdência e Assistência Social (CAÑETE, 1996; FIGUEIREDO, 2008).

Cañete (1996) indica que após a experiência do Vale dos Sinos, a Ginástica Laboral ficou no esquecimento por um longo período. Somente no final da década de 80 que a Ginástica Laboral começa a ser retomada, mas ganha força realmente a partir da década de 90 (POLITO e BERGAMASCHI, 2003)

Os fatores que influenciaram as empresas a implantarem os projetos de Ginástica Laboral segundo Dias (1994) apud Cañete (1996) foram à implantação da qualificação empresarial ISO 9000, que influenciou muito o aumento das empresas envolvidas, pelas suas exigências para ser ratificado. Em seguida diminuir os casos de acidentes de trabalho e seus respectivos afastamentos e por ultimo a melhora da qualidade de vida no trabalho e a prevenção de patologias a ele relacionadas.

2.2.2 Conceitos de Ginástica Laboral

A ginástica laboral é conceituada conforme a visão que os profissionais adotaram em suas pesquisas. Abaixo estão listados alguns destes conceitos:

São exercícios realizados no local de trabalho, atuando de forma preventiva no caso de LER, sem levar o trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e enfatizar o alongamento das estruturas musculares envolvidas nas tarefas ocupacionais diárias, conssiderando o automatismo dos movimentos e a prevenção da integridade do corpo (CAÑETE, 1996; FIGUEIREDO, 2008.).

Outra definição de Ginástica Laboral segundo Polito e Bergamashi (2006), são exercícios físicos diários que visam normalizar capacidades e funções corporais para o desenvolvimento do trabalhado, diminuindo a possibilidade de comprometimento da integridade do corpo.

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Cañete (1996) entende esta atividade como a criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade, exercer uma variedade de exercícios físicos que estimulem o autoconhecimento e levem a ampliação da auto-estima e, proporcionem um melhor relacionamento consigo, com o outro e com o meio.

Segundo Kooling (1980), a Ginástica Laboral é conhecida também como Ginástica Laboral Compensatória, devendo atuar sobre as sinergias musculares antagônicas às que se encontram ativas durante o trabalho. Este tipo de atividade visa proporcionar a compensação e o equilíbrio funcional, assim como também atuar com a recuperação ativa, de forma a aproveitar as pausas regulares durante a jornada de trabalho para exercitar os músculos correspondentes e relaxar os grupos musculares que estão em contração durante o trabalho, com o objetivo de prevenir a fadiga.

A Ginástica Laboral, para Dias (1994), é definida como Ginástica Laboral Preparatória e visa a realização de exercícios específicos dentro do local de trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica. Esta definição baseia-se em um projeto de ginástica em uma empresa realizado em 1989, que foi desenvolvido com exercícios preventivos e terapêuticos realizados no ambiente de trabalho, proposto, sobretudo, como mecanismo de prevenção de doenças por traumas cumulativos.

Consiste de uma série de exercícios que prepara o indivíduo para o trabalho de velocidade, força ou resistência. Visa o aquecimento da musculatura e das articulações que serão utilizadas. E inclui alguma atividade física no trabalho diário, a fim de proporcionar a oportunidade para uso diversificado do sistema locomotor e para selecionar uma relação apropriada entre o trabalho e o repouso, permitindo uma boa recuperação durante o trabalho (PIMENTEL, 1999),

Pulcineççe (1998) apud Figueiredo (2008) justifica o uso da Ginástica Laboral por não ser constante o desempenho do trabalhador. Quando do inicio do turno, o organismo começa a adaptar-se fisiologicamente às exigências do trabalho. Passado esse período de adaptação, gradativamente o corpo “segue” rumo ao seu ápice de rendimento, que dura aproximadamente duas horas. Após esse período, devido à fadiga ou ao cansaço, o desempenho do trabalho começa a decair.

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Levando em consideração esses períodos, existem três momentos para a aplicação das sessões de Ginástica Laboral:

Ginástica de Aquecimento ou Preparatória – conjunto de exercícios realizados no início da jornada de trabalho, preparando o indivíduo para suas necessidades laborais, podendo ser: de velocidade, de força ou de resistência, aperfeiçoando as coordenações e sinergias (CAÑETE, 1996);

Ginástica de Pausa ou de Compensação – é praticada durante as pausas obrigatórias no meio do expediente, objetiva o impedimento da instalação de vários vícios de postura, também realizar o fortalecimento muscular, interromper a monotonia operacional e acima de tudo, promover exercícios específicos de compensação para esforços repetitivos, estruturas e posturas sobrecarregadas durante o trabalho (CAÑETE 1996; FIGUEIREDO, 2008);

Ginástica de Relaxamento – aplicada no fim ou após o final do expediente de trabalho, e tem por objetivo relaxar, muscular e mentalmente os trabalhadores (POLITO E BERGAMASCHI, 2006; FIGUEIREDO 2008).

Descritos estes conceitos, para Cañete (1996); Polito e Bergamaschi (2006) e Figueiredo (2008), pode-se concluir que, considerando os três aspectos (físico, psicológico e social), a Ginástica Laboral constitui-se de séries de exercícios diários, realizados no local de trabalho, durante a jornada, que visam atuar na prevenção das lesões ocasionadas pelo trabalho, normalizar as funções corporais e proporcionar um momento de descontração e socialização dos colaboradores.

2.2.3 Benefícios da Ginástica Laboral

Para Cañete (1996) e Figueiredo (2008) os avanços tecnológicos alcançados pela modernidade, e a busca incessante por produtividade trouxeram grande pressão para o contexto do trabalho, acabando por gerar desequilíbrios físicos, mentais e emocionais. Assim faz-se necessário proporcionar equilíbrio neste ambiente.

Por envolver coletividade, a Ginástica Laboral, além dos benefícios físicos propriamente ditos, gera momentos de descontração e um desligamento

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momentâneo dos problemas laborais. Neste momento, independente de cargos e funções, todos os funcionários são iguais, seres humanos em busca da saúde, bem-estar e qualidade de vida dentro do trabalho (FIGUEIREDO, 2008).

Polito e Bergamaschi (2006) enfatizam que é difícil colocar no papel os benefícios da Ginástica Laboral que dizem respeito ao aumento da produtividade, pois existem vários fatores que podem influenciá-los: as máquinas, a velocidade de produção, o número de funcionários, entre vários outros. Então neste ponto encontra-se um dos maiores problemas na implantação de um programa de Ginástica Laboral, pois os empresários esquecem que a prevenção é um importante fator para a melhora da saúde e conseqüentemente a qualidade de vida do ser humano.

Mas Figueiredo (2008) lembra que é preciso uma conscientização dos diretores quanto a mudanças na organização do trabalho e a medidas a serem tomadas. Parece complicado falar em aumento de produtividade sem um investimento em qualidade de vida.

Baseadas nisso, Polito e Bergamashi (2006), indicam que as sessões de Ginástica Laboral contribuem nesta melhora de qualidade de vida, pois quebra o ritmo, a rigidez e a monotonia do trabalho. Quando os funcionários passam a participar das aulas, percebem que este momento pode ser o único no seu dia de trabalho em que ele pode ser eles mesmos. Podem conversar com os colegas, saindo de suas “posturas robotizadas”. E o programa “preenche a carência” de valorização das pessoas, mostrando um caminho de humanização dentro do ambiente de trabalho.

2.2.4 Objetivos da Ginástica Laboral

Figueiredo (2008) cita que de acordo com o Ministério da Educação (1990), o objetivo principal da ginástica na empresa é possibilitar um aquecimento muscular capaz de atenuar a incidência de acidentes de trabalho causados por esforço físico sem preparação. Os exercícios devem ser aplicados de forma que se obtenha a oxigenação necessária para melhoria do estado físico geral. Ainda

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conforme o Ministério da Educação (1990), o programa de ginástica na empresa envolve outros objetivos como promover maior disposição para o trabalho, maior capacidade respiratória, vitalidade muscular e mental, alem de descontração no ambiente de trabalho.

Figueiredo (2008), Polito e Bergamaschi (2006), definem que a Ginástica Laboral visa:

 -Diminuir o numero de acidentes de trabalho;  -Prevenir ou reduzir a fadiga muscular;  -Promover a integração dos colaboradores.

 -Melhora da flexibilidade, força, coordenação, agilidade e resistência;  -Motivação por novas rotinas;

 -Melhora da auto-imagem;

 -Desenvolvimento da consciência corporal

 -Melhora da concentração nas atividades desempenhadas.

Dias (1994) apud (FIGUEIREDO, 2008) afirma ainda que a Ginástica Laboral visa prevenir doenças originadas por traumas cumulativos e melhorar a disposição do trabalhador para iniciar ou retornar ao trabalho.

Lima (2003) comenta que as sessões de Ginástica Laboral, contribuem para uma manutenção da postura.

Sharcow apud Cañete (1996) afirma que o ser humano nasceu para movimentos globais, e as condições de trabalho atuais, com alta repetitividade e monotonia limitam a natureza humana. Logo um dos objetivos da Ginástica Laboral é a criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre vontade, exercer atividades variadas e exercícios que estimulem o autoconhecimento, a ampliação da consciência, melhoria da auto-estima e, conseqüentemente, proporcionar um melhor relacionamento consigo, com os outros e com o meio.

A aplicação de exercícios físicos por meio de um Programa de Ginástica Laboral como visto, tem por objetivo principal prevenir as doenças de origem ocupacional. Então nos próximos capítulos far-se-á a apresentação das doenças relacionadas ao trabalho, com resultados físicos e psicológicos.

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2.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS

Para melhor compreender os objetivos desta pesquisa, esta sessão visa esclarecer sobre as doenças com origem no trabalho, suas principais causas e conseqüências, e quais os riscos que elas representam na vida do trabalhador.

2.3.1 LER/DORT

Segundo Sakata (2010), as lesões inflamatórias já eram conhecidas desde a Antiguidade. Os processos inflamatórios foram descritos desde a época de Cícero, no Império Romano a cerca de 50 anos A.C. Na Idade Média, havia a “Doença dos Escribas”, que nada mais era do que uma tenossinovite, praticamente desaparecendo com a invenção da imprensa. Bernardo Ramazzini (o pai da Medicina do Trabalho), já fazia em 1700, relação entre instrumentos de trabalho mal construídos e a movimentação anormal a certas doenças e sintomas.

Ainda segundo Sakata (2010) informa que a lesão por esforço repetitivo foi descrita pela primeira vez por Ramazzini, em 1717, como lesão decorrente de uso repetido da mão, em pacientes que trabalhavam sentados e com excessivo esforço mental. Em 1825, Velpeau relatou o termo tenossinovite e, em 1887, Poore's descreveu a lesão em pianistas. Com o passar do tempo essas doenças foram classificadas como DORT.

O termo LER (Lesões por Esforços Repetitivos), foi classificado no Código Internacional de Doenças (CID, versão 1975, n 727-0/2) e introduzido pela primeira vez no Brasil em 1986, durante o I Encontro Estadual de Saúde de profissionais de processamento de dados, no Rio Grande do Sul, pelo médico Mendes Ribeiro. São patologias que podem afetar os tendões, músculos, nervos, fáscias, ligamentos, isolada ou associadamente, com ou sem degeneração dos tecidos, atingindo a maioria das vezes a região dos membros superiores, por uso repetitivo ou postura inadequada. E foram reconhecidas como “doenças do trabalho” em 1987, através da

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portaria n° 4.062, de 6 de Agosto de 1987, pelo Ministério da Previdência Social (MONTEIRO & BERGAMINI, 1998).

A LER é considerada doenças epidêmicas no Brasil, um país que tem registrado 30 mil casos por ano, tornando-as mais que um problema de saúde e mais um problema para as empresas que perdem funcionários, por afastamento; e ainda para os órgãos públicos que arcam com o pagamento de benefícios a estes trabalhadores (OLIVEIRA, 2006).

As causas das LER são multifatoriais. E a combinação de fatores que, individualmente são toleráveis, e que juntos causam lesões. A lesão tissular é causada por força aplicada externamente que em evento único não provoca lesão, mas com aplicação repetida sim. Como conseqüência dos movimentos altamente repetitivos ou uma má postura por longos períodos, os músculos, tendões, e terminações nervosas, sofrem ou uma constante compressão ou permanecem por muito tempo contraídos. Em ambas as ocasiões podem ocorrer inflamações em uma ou todas essas estruturas ao mesmo tempo. Com o movimento compressivo, as estruturas respondem com deformação. Essa deformação é decorrente da tensão elástica dos feixes de fibras. Já a contração forte e prolongada ou movimentos em alta freqüência conduzem a fadiga muscular, que resulta na incapacidade do processo contrátil e metabólico da fibra muscular (MONTEIRO, BERGAMINI, 1998).

Segundo Sakata (2010) existem inúmeros fatores que podem acelerar o aparecimento das LER. São eles:

a) Fatores ocupacionais: fatores relacionados ao trabalho, que interferem quando são feitos de forma excessiva, intensa, com alterações bruscas na rotina de trabalho, posição ou equipamento inadequado para a função;

b) Fatores ergonômicos e biomecânicos: toda a incidência de lesões pode ser reduzida se o mobiliário for adequado para a função que a está destinado;

c) Fatores ambientais: calor, local desconfortável, pressão competitiva, instabilidade no emprego, frio, iluminação, barulho, falta de descanso, mau relacionamento com os demais, estresse. Esses fatores aumentam a contração dos músculos durante a jornada e favorecem o surgimento de lesões.

Ainda existem os fatores não ocupacionais que interferem tanto quanto os ocupacionais para o surgimento das LER. São vários: idade, sexo, peso, estatura, capacidade física, trauma agudo, constituição física, alteração anatômica, doença e

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alteração hormonal. Certas doenças alteram a tolerância ao estresse. Doenças sistêmicas, como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, gota, hipotiroidismo e diabetes facilitam o aparecimento da lesão (MONTEIRO e BERGAMINI, 1998).

Com base nestas informações Polito e Bergamaschi (2006), indicam que os profissionais da área da saúde que atuam diretamente com esses trabalhadores, devem ficar atentos a alguns sintomas da presença de LER/DORT:

 - Dor: a maioria dos pacientes tem história de dor leve e que, com o tempo, torna-se intensa e extensa. Habitualmente a dor é prolongada, durando meses ou anos. Pode ser em aperto, queimação, choque ou pontada;

 -Formigamento, dormência;

 -Tremor: ocorre principalmente nos dedos;  -Fadiga, cansaço do local afetado;

 -Diminuição da força;  -Cãimbra;

 -Diminuição da mobilidade ou rigidez articular;  -Tensão, contratura muscular;

 -Atrofia muscular;

 -Alteração da coordenação motora da área afetada;  -Deformidade da mão;

 -Alteração da temperatura, da sudorese e da cor e edema;  -Alterações psicológicas como depressão e ansiedade.

Segundo Monteiro e Bertagni (1998) o diagnóstico só pode ser feito de forma clínica, com uma boa anamnese ocupacional. Mesmo os exames de ultra-sonografia e eletro-miografia podem atestar falsos positivos ou falsos negativos. Com o aparecimento dos sintomas citados anteriormente, a Norma Técnica do INSS considera quatro graus para a LER/DORT:

a) GRAU I

Sensação de peso ou desconforto no membro afetado. Dor espontânea localizada nos membros superiores ou cintura escapular, com pontadas ocasionais que não interferem na produtividade. Melhora com o repouso. Sinais clínicos

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ausentes, com a dor podendo manifestar-se durante exames clínicos mediante compressão do local envolvido. Tem bom prognóstico de recuperação.

b) GRAU II

A dor é mais persistente e mais intensa, aparece durante a jornada de trabalho de forma intermitente, ainda é tolerável e permite o desempenho da atividade profissional, mas já com reconhecida perda de produtividade. A dor é localizada e pode ser acompanhada de formigamento e perda leve de sensibilidade. A recuperação é mais demorada e mesmo em repouso a dor pode aparecer, ocasionalmente fora do trabalho, durante outras atividades. Ainda são ausentes os sinais de modo geral e o prognóstico ainda é favorável.

c) GRAU III

A dor torna-se persistente, o repouso atenua, mas não faz desaparecer por completo. Há freqüentes crises de dor, principalmente durante a noite. É freqüente a perda de força muscular e a produtividade é seriamente afetada. Os sinais clínicos são aparentes, o edema é freqüente e recorrente, a hipertonia muscular e a perda de movimentos são quase sempre presentes. Nos quadros de comprometimento neurológico compressivo, a eletromiografia pode estar alterada. Neste estágio o retorno à atividade produtiva é problemático. Prognóstico reservado.

d) GRAU IV

A dor é forte, contínua e por vezes insuportável, levando o paciente a um intenso sofrimento. Os movimentos acentuam a dor, que em geral se estende por todo o membro afetado. A perda de força e do controle dos movimentos é constante. Podem aparecer deformidades, atrofia, principalmente dos dedos. A capacidade de trabalho é anulada e a invalidez se estabelece pela impossibilidade de produzir. Neste estagio são comuns se estabelecer alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angustia.

2.3.2 Formas clínicas de LER/DORT

Cañete (1996), Oliveira (1998) e Figueiredo (2008), relatam que as lesões por esforço repetitivo mostram-se de várias formas. Algumas das mais comuns são:

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 - Tendinites: Inflamação própria nos tecidos dos tendões, com ou sem degeneração. É um termo com muita abrangência, aplicado a todo e qualquer processo inflamatório dos tendões, em qualquer lugar do corpo. Devem vir com determinação clinica sobre o local exato da inflamação.

 - Epicondilites: Afeta o epicôndilo lateral do úmero com processo inflamatório originado no extensor radial longo e curto do carpo e do supinador, localizado no epicôndilo lateral, junto à cápsula articular do cotovelo e ao ligamento anular.

 - Bursite: Processos inflamatórios que acometem as bursas, estruturas colágenas localizadas em vários pontos anatômicos, que sofrem fricção constante, geralmente próximas a inserções articulares e tendinosas. Devido às atuais formas de trabalho, é mais comum acometer os ombros, (bolsa subacromial) causando dor durante os movimentos de abdução, rotação externa e elevação dos membros superiores.

 - Síndrome do Túnel do Carpo: Ocorre com a compressão do nervo mediano ao nível do carpo, pelo ligamento anular do carpo. Neste ponto existe muita resistência ao trânsito livre dos flexores dos dedos, pois existe um estreitamento do espaço ao nível do carpo.

 - Síndrome do Pronador Redondo: Compressão do nervo mediano entre as duas cabeças do músculo pronador redondo, próxima à fossa cubital em frente ao músculo braquial e atrás da aponeurose de inserção do bíceps.

Estas são as patologias mais comuns relacionadas ao trabalho, mas não são as únicas. Uma variedade de outras complicações acarreta os trabalhadores, ocasionadas pelo esforço repetitivo, pela má postura durante o trabalho ou pela inadequação das maquinas ao trabalhador.

Entretanto, Oliveira (1998) afirma que ainda assim existem várias contradições na literatura, pois alguns autores acreditam que a LER/DORT é causada pelo trabalho e outros problemas não. Os pontos de discordância são: a possibilidade das atividades profissionais causarem a doença ou as doenças serem causadas por problemas emocionais ou físicos na amplificação e prolongamento dos sintomas profissionais.

Dependendo de qual aspecto se faça a análise, psicossocial ou físico, as discussões tornam-se mais acirradas ou menos intensas, pois no primeiro caso as

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questões se tornam muito abstratas e de difícil compreensão (POLITO E BERGAMASCHI, 2006, OLIVEIRA, 1998).

2.3.3 Fatores que causam LER/DORT

Segundo Oliveira (1998) existem alguns fatores que causam ou que agravam o aparecimento das doenças ocupacionais. São eles:

Fatores agravantes: ausência de pausa durante a jornada de trabalho; traumatismos anteriores; ambientes de temperaturas baixas ou muito altas.

Fatores que contribuem: sustentação de peso com ou sem transporte; jornada prolongada de trabalho; postura estática; tensão excessiva e característica; móveis e equipamentos inadequados; postura inadequada.

Fatores biomecânicos: ritmo acelerado de trabalho; força excessiva com as mãos; repetitividade de um mesmo movimento.

Fatores ergonômicos: equipamentos inadequados; equipamentos de trabalho mal ajustados.

2.3.4 Tratamento da LER/DORT

Segundo Oliveira (1998), são duas as maneiras utilizadas para tratar as LER/DORT: conservadora e cirúrgica, baseando-se nas formas da apresentação clínica da patologia.

A conduta terapêutica conservadora baseia-se em:

a) Repouso (imobilização + afastamento): no início do tratamento, imobilização do membro afetado é indicada por um período de 10 a 15 dias. Com a retirada da imobilização, deverá ser realizada outra avaliação clínica. Geralmente os afastamentos ocorrem quando o estágio da lesão está em grau III ou IV; Medicação com uso de antiflamatórios, analgésicos, vitaminas e medicações sintomáticas;

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b) Exercícios físicos como prevenção: Reeducação Postural Global (RPG), Hidroterapia e alongamentos específicos.

Como recuperação: Roberband. Ex.: exercícios com elásticos, e fortalecimento muscular. Terapia ocupacional: métodos e técnicas terapêuticos e recreacionais com finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade mental do paciente (OLIVEIRA, 1998).

2.4 LOMBALGIAS

Mesmo com todas as facilidades que a vida moderna concede ao homem, ainda é preciso que ele pague um preço muitas vezes com a sua saúde. Devido à vida moderna, passamos muito tempo sentados: dirigindo, trabalhando em escritórios, quando nos alimentamos ou mesmo no lazer, em frente ao computador. Esse hábito de sentar-se, próprio do homem, é também a causa de maior risco para a sua coluna vertebral (VIEL e ESNAUT, 1999).

A coluna vertebral é a estrutura mecânica que sustenta o ser humano durante toda a sua vida, desafiando a gravidade e permitindo que o homem possa ficar em pé, sentar-se, inclinar-se, balancear, voltar-se, ou seja, proporcionar toda mobilidade necessária para uma existência satisfatória. É uma estrutura móvel, formada por unidades motoras sobrepostas e equilibrada sobre uma base chamada sacro. Separadas entre si pelos discos intervertebrais responsáveis pelo amortecimento do impacto (CAILLIET, 2002).

A região lombar, segundo Viel & Esnaut (1999) e Cailliet (2002), por estar em constante atividade e sofrer demasiada pressão, é responsável por causar dor em oitenta por cento da população. Mesmo a dor não impedindo o trabalhador de executar suas tarefas, torna a sua rotina de trabalho incômoda e dolorosa.

A lombalgia é estudada conforme seus conceitos, classificações ou etimologias. Existem diferentes tipos de lombalgias, de agudas às crônicas, com diagnóstico complicado requerendo laboratórios e imagens para certeza do resultado. É um dos maiores males que afetam a humanidade, e possuim diversas

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origens, incluindo postura inadequada, sobrecarga, trauma, doença inflamatória, infecciosa ou metabólica (MEIRELLES, 2003).

Segundo Cecin (2003), lombalgia é uma condição de dor localizada na região do dorso inferior, em uma área entre o último arco costal e a prega cutânea. Podem ser localizadas ou apresentadas em forma de irradiação em um ou ambos os membros inferiores. Por acometer a região do segmento lombar, e esta região ser extremamente inervada, torna difícil determinar o local exato da dor. Exceto em contraturas musculares que não apresentam lesões aparentes, e, por serem raramente cirúrgicas, há poucos relatos das estruturas possivelmente comprometidas, tornando difícil sua interpretação.

Para Meirelles (2003), a incidência de lombalgia excede os 70% da população, e ocorre na maioria das nações industrializadas, e apesar da alta incidência, apenas 3% da população afetada procura assistência médicas sendo considerado um problema de saúde pública nos Estados Unidos. A ocorrência de lombalgia afeta mais as mulheres. E a incidência é maior na população negra.

A falta de movimentação, principalmente na vida profissional, onde muitos trabalhadores acabam passando grande parte do seu tempo na posição sentada, pode ser um dos fatores associado a estes resultados A importância no desenvolvimento da flexibilidade está associada ao aumento da qualidade e quantidade dos movimentos, a melhora da postura e o favorecimento de maior mobilidade para realização de atividades diárias. O sedentário tende a ter menor grau da flexibilidade que o indivíduo ativo e com o passar dos anos isto favorece o aumento dos riscos de lesões, dores, problemas posturais e a realização das atividades diárias (WERLANG, 1997).

2.4.1 Tratamento das Lombalgias

O tratamento das lombalgias pode ser feito de maneira conservadora ou radical. O tratamento conservador consiste em repouso, que não pode ser muito prolongado, pois a inatividade possui ação degenerativa sobre o sistema locomotor.

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Assim que o paciente puder deambular, o tempo de repouso deve ser encurtado, e o paciente deve ser estimulado a retornar às suas atividades (CECIN, 2003).

Por manter os músculos em constante tensão, é recomendável como tratamento sessões de alongamentos periódicos. Esses exercícios aliviam a dor e permitem um maior movimento da coluna lombar. Esses exercícios são divididos em duas categorias. Os passivos, que são exercícios feitos para os músculos, executados com auxílio de um profissional. E os ativos são exercícios de extensão e flexão feitos pelo próprio paciente. Dentro desta categoria ainda podem ser aplicados sessões de massagem, que buscam através de movimentos de pressão manual sobre o local inflamado, a vascularização e a diminuição do nível de dor (CAILLIET, 2002).

Segundo Cecin (2003) as lombalgias ainda podem ser tratadas com medicamentos, buscando a diminuição da dor e controlar e extirpar a infecção, variando o tipo de medicamento de acordo com a classificação da lombalgia. O tratamento pode ocorrer desde formas leves até as crônicas.

Para Cailliet (2002), a cirurgia é indicada quando o paciente apresentar evidências de lesões nos nervos, que não melhoram após um período de tratamento conservador. E a dor não pode ser o único motivo para a intervenção cirúrgica, quando não apresentado sinais de lesões nos nervos próximos. Torna-se mais urgente a intervenção quando o paciente apresentar perda de função intestinal ou da bexiga urinária.

2.5 ESTRESSE

Com relação ao estresse, o texto a seguir discorre sobre esse tema partindo do pressuposto da necessidade de entendermos suas origens e qual a sua relação com as doenças ocupacionais.

Referências

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