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Calibração Espaço-Temporal de Previsões Numéricas do Modelo de Mesoescala Eta para Velocidade do Vento em Minas Gerais

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Calibra¸

ao Espa¸

co-Temporal de Previs˜

oes

Num´

ericas do Modelo de Mesoescala Eta

para a Velocidade do Vento em Minas

Gerais

Luiz Eduardo da Silva Gomes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Matem´

atica

Departamento de M´etodos Estat´ısticos

2018

(2)

Calibra¸

ao Espa¸

co-Temporal de Previs˜

oes

Num´

ericas do Modelo de Mesoescala Eta

para a Velocidade do Vento em Minas

Gerais

Luiz Eduardo da Silva Gomes

Disserta¸c˜ao de Mestrado submetida ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Estat´ıstica do Instituto de Matem´atica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Estat´ıstica.

Orientadoras: Profa. Dra. Thais C. O. Fonseca

Profa. Dra. Kelly C. M. Gon¸calves

Rio de Janeiro, RJ - Brasil 2018

(3)

Calibra¸

ao Espa¸

co-Temporal de Previs˜

oes

Num´

ericas do Modelo de Mesoescala Eta

para a Velocidade do Vento em Minas

Gerais

Luiz Eduardo da Silva Gomes

Disserta¸c˜ao de Mestrado submetida ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Estat´ıstica do Instituto de Matem´atica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Estat´ıstica.

Aprovada por:

Profa. Dra. Thais C. O. Fonseca

UFRJ – Orientadora

Profa. Dra. Kelly C. M. Gon¸calves UFRJ – Co-orientadora

Profa. Dra. Marina S. Paez

UFRJ

Prof. Dr. Marcos O. Prates UFMG

Prof. Dr. Gustavo S. Ferreira ENCE/IBGE

Rio de Janeiro, RJ - Brasil 2018

(4)
(5)
(6)

“Seja quem vocˆe for, seja qualquer posi¸c˜ao que vocˆe tenha na vida, n´ıvel alt´ıssimo ou mais baixo social (sic), tenha sempre como meta muita for¸ca, muita determina¸c˜ao e sempre fa¸ca tudo com muito amor e com muita f´e em Deus, que um dia vocˆe chega l´a.

De alguma maneira, vocˆe chega l´a.” Ayrton Senna.

(7)

Agradecimentos

` A Deus.

Aos meus amados pais que sempre fizeram de tudo para que eu pudesse chegar at´e aqui. Obrigado pelo suporte, educa¸c˜ao e apoio que vocˆes me proporcionam. Sem vocˆes, grande momentos como este, n˜ao seriam poss´ıveis. Eu continuarei orgulhando vocˆes. At´e o fim. Eu amo vocˆes. Incondicionalmente.

`

A Iuna Alves, minha velha amiga que tornou-se rec´em companheira. Vocˆe ´e incr´ıvel (e engra¸cada). Obrigado por sempre mostrar-me o lado bom da vida e me fazer sorrir em dias chuvosos e ensolarados. Te amo.

`

As minhas orientadoras Thais Fonseca e Kelly Gon¸calves pelo aux´ılio e disponibilidade oferecidos durante o desenvolvimento do trabalho. O conhecimento compartilhado por vocˆes foram primordiais no meu desenvolvimento acadˆemico.

Aos amigos que fiz durante o curso, em especial, Rafael Erbisti, Rebecca Souza, Renato Gomes, Rodrigo Lassance e Victor Eduardo. Foi um prazer compartilhar afli¸c˜oes, notas de aula e conceitos (nem t˜ao bons assim) com vocˆes.

Aos amigos que fiz previamente e tamb´em estavam l´a, em especial, ao Marcel, meu antigo orientador de IC na Fiocruz, e `a Ra´ıra Marotta, uma gradua¸c˜ao inteira n˜ao foi o suficiente n´e? Aos velhos amigos, em especial, `a “uni˜ao do transporte coletivo” formada em per´ıodos colegiais por Bruno Delgado, Filipe Steikofp, Patrick Martins e Rom´ario Paiva. N´os estaremos sempre juntos!

`

A Profa. Marina Paez e ao Prof. Marcos Prates por aceitarem integrar a banca.

Ao Prof. Gustavo Ferreira por, ainda, ser um exemplo profissional e pessoal para mim. Obrigado pela oportunidade de ir al´em do esperado (no passado) e ter chegado at´e aqui. Como proposto por mim no fim da gradua¸c˜ao, obrigado por tamb´em compor a atual banca.

`

A Ramiro C´adernas por auxiliar na coordena¸c˜ao do projeto maior o qual, meu projeto est´a aninhado, e pela disponibiliza¸c˜ao dos dados necess´arios para este trabalho.

(8)

Resumo

Previs˜oes de vari´aveis meteorol´ogicas provenientes de modelos num´ericos est˜ao, sistematicamente, sujeitas `a erros. Tais erros, devem-se `a tentativa de simular deterministicamente processos termodinˆamicos da atmosfera a partir de suas condi¸c˜oes correntes por meio de sistemas de equa¸c˜oes diferenciais. Al´em disto, estes sistemas s˜ao solucionados em uma grade discreta, apresentando previs˜oes uniformes para toda regi˜ao pertencente `a mesma c´elula desta grade. Por consequˆencia, previs˜oes procedentes de modelos num´ericos podem n˜ao ser representativas em locais espec´ıficos (Chou et al.,

2007). Assim, t´ecnicas de p´os-processamento estat´ıstico s˜ao apropriadas para a calibra¸c˜ao destas previs˜oes, minimizando poss´ıveis distor¸c˜oes (Glahn e Lowry, 1972).

O presente trabalho tem por objetivo minimizar os erros das previs˜oes do modelo de mesoescala Eta para a velocidade do vento a 10 metros do solo no Estado de Minas Gerais atrav´es do desenvolvimento de extens˜oes aprimoradas dos principais modelos de p´os-processamento estat´ıstico para campos meteorol´ogicos. Os modelos propostos foram estruturados atrav´es da t´ecnica de aumento de dados (Tanner e Wong, 1987) e dos Modelos Lineares Dinˆamicos (MLD, West e Harrison,1997).

Palavras-Chaves: velocidade do vento; modelo de mesoescala Eta; calibra¸c˜ao; modelos lineares dinˆamicos espa¸co-temporais; t´ecnica de aumento de dados.

(9)

Abstract

Forecasts of meteorological variables from numerical models are systematically subject to errors. Such errors are due to the attempt to simulate deterministically thermodynamic processes of the atmosphere from their current conditions through systems of differential equations. In addition, these systems are solved in a discrete grid, presenting uniform forecasts for every region belonging to the same grid cell. Consequently, forecasts from numerical models may not be representative at specific locations (Chou et al.,

2007). Thus, statistical post-processing techniques are appropriate for calibration of these forecasts, minimizing possible distortions (Glahn e Lowry, 1972).

This work aims to minimize the errors of Eta mesoscale model’s forecasts for the wind speed at 10 meters above the ground in the State of Minas Gerais through the development of improved extensions of the main statistical post-processing models for meteorological fields. The proposed models were structured by the data augmentation technique (Tanner e Wong, 1987) and Dynamic Linear Models (MLD, West e Harrison,

1997).

Keywords: wind speed; Eta mesoscale model; calibration; dynamical spatio-temporal linear models; data augmentation technique.

(10)

Sum´

ario

Lista de Figuras xiii

Lista de Tabelas xix

1 Motiva¸c˜ao e Introdu¸c˜ao 1

1.1 Previs˜ao Num´erica em Minas Gerais . . . 2

1.2 Previs˜ao Num´erica do Tempo . . . 8

1.2.1 Hist´oria . . . 8

1.2.2 Aplica¸c˜oes . . . 9

1.2.3 Classifica¸c˜ao dos modelos . . . 14

1.2.4 Ensembles . . . 14

1.2.5 Fontes de incerteza . . . 16

1.2.6 Aperfei¸coamento dos modelos . . . 17

1.3 P´os-Processamento Estat´ıstico . . . 18

1.4 Modelo de Mesoescala Eta . . . 18

2 Modelos de P´os-Processamento Estat´ıstico 21 2.1 M´etodos de Calibra¸c˜ao Univariados . . . 21

2.1.1 Model Output Statistics . . . 21

2.1.2 Ensemble Model Output Statistics . . . 22

2.2 M´etodos de Calibra¸c˜ao Espaciais . . . 23

2.2.1 Geostatistical Output Pertubation . . . 23

(11)

2.3 M´etodos de Calibra¸c˜ao Espa¸co-temporais . . . 25

2.3.1 Geostatistical Output Pertubation Dinˆamico . . . 26

2.3.2 Ensemble Model Output Statistics Espa¸co-temporal . . . 29

3 Aplica¸c˜ao `a Previs˜ao da Velocidade do Vento em Minas Gerais 31 3.1 Descri¸c˜ao do Conjunto de Dados. . . 31

3.2 Sele¸c˜ao de Covari´aveis e Defini¸c˜oes dos Modelos . . . 33

3.3 Modelos Propostos . . . 37

3.4 Resultados . . . 40

3.4.1 Aplica¸c˜ao: Di´aria . . . 43

3.4.2 Aplica¸c˜ao: Hor´aria . . . 50

3.4.3 Aplica¸c˜ao: Interpola¸c˜ao Espacial . . . 58

3.5 Conclus˜oes . . . 60

4 Considera¸c˜oes Finais e Trabalhos Futuros 65 Referˆencias Bibliogr´aficas 68 A Outros Modelos de P´os-Processamento Estat´ıstico 76 A.1 Bayesian Model Average . . . 76

A.2 Bayesian Model Average Espacial . . . 77

B Crit´erios de Compara¸c˜ao de Modelos 79 B.1 Raiz Quadrada do Erro Quadr´atico M´edio . . . 79

B.2 Erro Absoluto M´edio . . . 79

B.3 ´Indice de Concordˆancia de Willmott. . . 79

B.4 Interval Score . . . 80

C Distribui¸c˜oes Condicionais Completas 81 C.1 Vetor param´etrico β . . . 81

C.2 Parˆametro φ . . . 81

C.3 Parˆametro λ . . . 82

(12)

C.5 Processo Espacial latente Ut(s) . . . 83

D Algoritmo Robusto-Adaptativo de Metropolis 84 E Modelos Dinˆamicos 86 E.1 Modelo Linear Dinˆamico . . . 86

E.2 Filtro de Kalman . . . 87

E.3 Distribui¸c˜oes de Previs˜ao . . . 88

E.4 Fatores de Desconto . . . 89

E.5 Esquema de Amostragem para MLD . . . 89

E.6 MLD com Covariˆancias Estoc´asticas e Aprendizado por Descontos . . . . 90

F Resultados Adicionais 93 G Simula¸c˜ao dos Modelos Propostos 103 G.1 Scripts . . . 103

(13)

Lista de Figuras

1.1 Localiza¸c˜oes das esta¸c˜oes de monitoramento meteorol´ogico em Minas Gerais e vizinhan¸ca. Triˆangulos s´olidos representam as esta¸c˜oes. Linhas cont´ınuas representam a grade discreta utilizada pelo modelo de mesoescala Eta. . . 3

1.2 Representa¸c˜ao da interpola¸c˜ao bilinear feita na grade discreta com c´elulas 15km × 15km utilizada pelo modelo Eta para obten¸c˜ao de previs˜oes num´ericas nos locais de observa¸c˜ao. . . 3

1.3 S´erie temporal da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das esta¸c˜oes do ano iniciado `as 12 UTC. . . 5

1.4 FAC da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das esta¸c˜oes do ano iniciado `as 12 UTC. . . 6

1.5 Histograma da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das esta¸c˜oes do ano. . . 7

1.6 Distribui¸c˜ao espacial de previs˜oes da refletividade (em dBZ) durante a passagem do Furac˜ao Gustav. Oceano Atlˆantico, 2008. . . 8

1.7 Exemplos de grade horizontal com diferentes resolu¸c˜oes. . . 14

1.8 Representa¸c˜ao das trajet´orias das previs˜oes num´ericas inicializadas com distintas condi¸c˜oes iniciais. Adaptado de Wilks (2006). . . 15

1.9 Organiza¸c˜ao dos membros do ensemble conforme sua classifica¸c˜ao: (a) Defasados e (b) Tradicional. Adaptado de Warner (2010).. . . 15

(14)

1.10 Ensemble de previs˜oes para a rota do furac˜ao Katrina. Inicializado em 26 de agosto de 2005, 00 UTC (a) e 12 UTC (b). Adaptado de Leutbecher e Palmer (2008). . . 16

1.11 Diagrama do processo de calibra¸c˜ao para ensemble de previs˜oes da temperatura de superf´ıcie. Adaptado de Warner (2010). . . 19

1.12 Representa¸c˜ao da topografia pela coordenada vertical eta (η). Adaptado de Mesinger et al. (1988). . . 19

3.1 Diagrama de dispers˜ao relacionando distintos membros do ensemble de previs˜oes num´ericas da velocidade do vento a 10 m em 01 de abril de 2016, 12 UTC. . . 33

3.2 Crit´erios de compara¸c˜ao de modelos na aplica¸c˜ao di´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano. . . 44

3.3 Crit´erios de compara¸c˜ao de modelos na aplica¸c˜ao di´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano para os modelos propostos. . . 44

3.4 Interval Score na aplica¸c˜ao di´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano. . . 45

3.5 M´edia a posteriori e intervalos de credibilidade de 95% para o vetor param´etrico est´atico do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao di´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano. . . 47

3.6 Diagrama de dispers˜ao com valores previstos versus observados na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de janeiro de 2016, 12 UTC. . . 48

3.7 Previs˜ao 1 a 4 dias `a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura em janeiro de 2016, 12 UTC. . . 48

3.8 Diagrama de dispers˜ao com valores previstos versus observados na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. . . 49

3.9 Previs˜ao 1 a 4 dias `a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura em outubro de 2016, 12 UTC. . . 50

3.10 Crit´erios de compara¸c˜ao de modelos na aplica¸c˜ao hor´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano. . . 51

(15)

3.11 Crit´erios de compara¸c˜ao de modelos na aplica¸c˜ao hor´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano para os modelos propostos. . . 52

3.12 Interval Score na aplica¸c˜ao hor´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano.. . . 53

3.13 Mediana a posteriori e intervalos de credibilidade de 95% para o vetor param´etrico est´atico do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao hor´aria ao longo das esta¸c˜oes do ano. . . 54

3.14 Diagrama de dispers˜ao com valores previstos versus observados na aplica¸c˜ao hor´aria de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC. . . 54

3.15 Previs˜ao at´e 24 horas `a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC. . . 56

3.16 Diagrama de dispers˜ao com valores previstos versus observados na aplica¸c˜ao hor´aria de 20 de agosto de 2016, 13 UTC a 21 de agosto de 2016, 12 UTC.. . . 56

3.17 Previs˜ao at´e 24 horas `a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura de 20 de agosto de 2016, 13 UTC a 21 de agosto de 2016, 12 UTC.. . . . 57

3.18 Previs˜ao at´e 24 horas `a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC obtidos a partir da interpola¸c˜ao espacial. Esta¸c˜oes de monitoramento A505, A517, A550 e A560 fora da amostra. . . 59

3.19 Previs˜oes 6, 12, 18 e 24 horas `a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura para o Estado de Minas Gerais. PN: Previs˜ao num´erica proveniente do modelo Eta. PP: Previs˜ao pontual calibrada proveniente do ajuste do modelo GOP dinˆamico. ME: Margem de erro, definida como metade do comprimento do intervalo de credibilidade 95% da previs˜ao probabil´ıstica. 61

3.20 Mapa contendo a localiza¸c˜ao das regi˜oes enumeradas. . . 62

F.1 Cadeias MCMC para os parˆametro est´aticos do modelo EMOS espacial na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha tracejada vertical representa o per´ıodo de aquecimento. . . 93

(16)

F.2 Cadeias MCMC para os parˆametro est´aticos do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha tracejada vertical representa o per´ıodo de aquecimento. . . 94

F.3 Cadeias MCMC para os parˆametro est´aticos do modelo GOP dinˆamico na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha tracejada vertical representa o per´ıodo de aquecimento. . . 94

F.4 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos do modelo EMOS espacial na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 95

F.5 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 95

F.6 Trajet´oria a posteriori estimada para os parˆametros dinˆamicos do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha cont´ınua representa a m´edia a posteriori. Area´ sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 96

F.7 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos do modelo GOP dinˆamico na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 96

F.8 Trajet´oria a posteriori estimada para os parˆametros dinˆamicos do modelo GOP dinˆamico na aplica¸c˜ao di´aria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. Linha cont´ınua representa a m´edia a posteriori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 97

F.9 Cadeias MCMC para os parˆametro est´aticos do modelo EMOS espacial na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha tracejada vertical representa o per´ıodo de aquecimento. . 98

(17)

F.10 Cadeias MCMC para os parˆametro est´aticos do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha tracejada vertical representa o per´ıodo de aquecimento. . . 99

F.11 Cadeias MCMC para os parˆametro est´aticos do modelo GOP dinˆamico na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha tracejada vertical representa o per´ıodo de aquecimento. . 99

F.12 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos do modelo EMOS espacial na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. 100

F.13 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori. Area sombreada representa o intervalo de´ credibilidade de 95%. . . 100

F.14 Trajet´oria a posteriori estimada para os parˆametros dinˆamicos do modelo EMOS espa¸co-temporal na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha cont´ınua representa a m´edia a posteriori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 101

F.15 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos do modelo GOP dinˆamico na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. 101

F.16 Trajet´oria a posteriori estimada para os parˆametros dinˆamicos do modelo GOP dinˆamico na aplica¸c˜ao hor´aria para 20 de de outubro de 2016, 13 UTC a 21 de outubro, 12 UTC. Linha cont´ınua representa a m´edia a posteriori. ´Area sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. 102

(18)

G.1 Tra¸cos das cadeias MCMC dos parˆametros est´aticos (simulados) do modelo GOP dinˆamico. Linha vermelha representa o valor verdadeiro. . . 103

G.2 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos (simulados) do modelo GOP dinˆamico. Linha vermelha representa o valor verdadeiro. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori e linha cont´ınua, a distribui¸c˜ao a posteriori. Area sombreada representa´ o intervalo de credibilidade de 95%. . . 104

G.3 Trajet´oria a posteriori estimada para os parˆametros dinˆamicos (simulados) do modelo GOP dinˆamico. Linha vermelha representa o valor verdadeiro. Linha tracejada representa a m´edia a posteriori. Area sombreada´ representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 104

G.4 Tra¸cos das cadeias MCMC dos parˆametros est´aticos (simulados) do modelo EMOS espa¸co-temporal. Linha vermelha representa o valor verdadeiro. . 105

G.5 Distribui¸c˜ao a posteriori estimada para os parˆametros est´aticos (simulados) do modelo EMOS espa¸co-temporal. Linha vermelha representa o valor verdadeiro. Linha tracejada representa a distribui¸c˜ao a priori e linha cont´ınua, a distribui¸c˜ao a posteriori. Area sombreada´ representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 106

G.6 Trajet´oria a posteriori estimada para os parˆametros dinˆamicos (simulados) do modelo EMOS espa¸co-temporal. Linha vermelha representa o valor verdadeiro. Linha tracejada representa a trajet´oria estimada. Area´ sombreada representa o intervalo de credibilidade de 95%. . . 107

(19)

Lista de Tabelas

3.1 Configura¸c˜ao dos membros do ensemble para previs˜oes 24 horas `a frente `

as 12 UTC. . . 32

3.2 Rela¸c˜ao dos crit´erios de compara¸c˜ao de modelos para diferentes blocos de covari´aveis e horizontes obtidos nas previs˜oes realizadas na aplica¸c˜ao piloto. 36

3.3 Informa¸c˜oes acerca das cadeias MCMC para os modelos propostos em diferentes aplica¸c˜oes. . . 42

3.4 Tempo m´edio consumido (em minutos) para aplica¸c˜ao dos modelos propostos. . . 42

(20)

Cap´ıtulo 1

Motiva¸

ao e Introdu¸

ao

As previs˜oes num´ericas do modelo de mesoescala Eta (Mesinger et al., 1988; Black,

1994) s˜ao ´uteis para a previs˜ao de fenˆomenos clim´aticos no Brasil. Esses sistemas s˜ao solucionados em uma grade discreta, i.e., apresentam previs˜oes uniformes para toda regi˜ao pertencente `a mesma c´elula desta grade. Como cada previs˜ao ´e obtida com base em dados m´edios da regi˜ao (e.g. altitude m´edia e vegeta¸c˜ao predominante), a representatividade das previs˜oes em locais com orografia1 complexa e vegeta¸c˜ao densa se torna deficiente devido `as diferen¸cas nas caracter´ısticas reais da superf´ıcie com a homogeneiza¸c˜ao feita por este modelo. Dessa forma, previs˜oes geradas pelo modelo Eta podem n˜ao ser representativas em um local espec´ıfico (Chou et al., 2007).

Para produzir previs˜oes em pontos distintos, minimizando estas e outras limita¸c˜oes que este tipo de modelo est´a sistematicamente submetido, t´ecnicas de p´os-processamento estat´ıstico s˜ao apropriadas e auxiliam na melhor acur´acia das estimativas num contexto probabil´ıstico (Glahn e Lowry,1972).

Especificamente, a metodologia proposta neste trabalho tem como principal objetivo corrigir potenciais diferen¸cas verificadas entre valores medidos e previs˜oes num´ericas da velocidade do vento no Estado de Minas Gerais de dezembro de 2015 `a novembro de 2016.

(21)

1.1

Previs˜

ao Num´

erica em Minas Gerais

Minas Gerais situa-se na regi˜ao Sudeste do Brasil, sendo inteiramente formado por planaltos. O relevo acidentado confere ao Estado um recurso h´ıdrico privilegiado, abrigando grandes potenciais hidrel´etricos. A vegeta¸c˜ao predominante ´e a do Cerrado consistindo em grandes varia¸c˜oes na paisagem entre as esta¸c˜oes chuvosa e seca, resultando uma influˆencia sazonal da rugosidade aerodinˆamica do terreno2 no deslocamento dos

ventos. Toda a por¸c˜ao leste do Estado ´e coberta pela Mata Atlˆantica, sendo a vegeta¸c˜ao permanentemente verde e densa (Minas Gerais, 2018).

O clima em Minas Gerais varia desde o quente semi´arido at´e o mesot´ermico ´umido. De maneira geral, a distribui¸c˜ao das chuvas em Minas Gerais ´e desigual com o norte apresentando longos per´ıodos de estiagem. Nas ´areas de maior altitude do sul, o regime pluviom´etrico ´e mais intenso. A sazonalizade tamb´em exerce influˆencia nas temperaturas, onde predominantemente as maiores m´edias ocorrem no ver˜ao. Periodicamente, na maior parte do territ´orio mineiro, predominam ventos mais intensos no inverno e na primavera (Amarante et al., 2010).

Ao longo de Minas Gerais e seu entorno, h´a 59 esta¸c˜oes de monitoramento meteorol´ogico, onde s˜ao recolhidas, de hora em hora, informa¸c˜oes instantˆaneas sobre a velocidade do vento a 10 metros de altura, umidade relativa do ar, temperatura de superf´ıcie, press˜ao atmosf´erica e precipita¸c˜ao, distribu´ıdas conforme a Figura 1.1. Devido `a irregularidade do espa¸camento das esta¸c˜oes meteorol´ogicas e a grade discreta consideravelmente fina, as previs˜oes num´ericas para os locais de observa¸c˜ao s˜ao obtidas, usualmente, por meio de interpola¸c˜ao bilinear. M´etodos de interpola¸c˜ao mais complexos podem ser aplicados, no entanto, ´e pouco prov´avel que haja ganhos consider´aveis (Gel et al., 2004). A Figura 1.2 ilustra esta interpola¸c˜ao para previs˜oes num´ericas da velocidade do vento a 10 metros de altura em Minas Gerais.

Assim, h´a a possibilidade de analisar o erro pontual destas previs˜oes, principalmente em locais que s˜ao afetados por aspectos de posicionamento geogr´afico (e.g. latitude,

2A rugosidade aerodinˆamica do terreno ´e a altitude em que a velocidade do vento cai a zero com base

(22)

Figura 1.1: Localiza¸c˜oes das esta¸c˜oes de monitoramento meteorol´ogico em Minas Gerais e vizinhan¸ca. Triˆangulos s´olidos representam as esta¸c˜oes. Linhas cont´ınuas representam a grade discreta utilizada pelo modelo de mesoescala Eta.

(a) Previs˜ao Num´erica (b) Interpola¸c˜ao Bilinear

Figura 1.2: Representa¸c˜ao da interpola¸c˜ao bilinear feita na grade discreta com c´elulas 15km × 15km utilizada pelo modelo Eta para obten¸c˜ao de previs˜oes num´ericas nos locais de observa¸c˜ao.

longitude e altitude), de proximidade com corpos d’´agua e de vegeta¸c˜ao regional. Pode-se citar algumas esta¸c˜oes com estas caracter´ısticas como a esta¸c˜ao meteorol´ogica A507

(23)

– Uberlˆandia, pertencente `a regi˜ao do Triˆangulo Mineiro localizada na parte oeste do Estado, a qual possui majoritariamente vegeta¸c˜ao de cerrado, A530 – Caldas, localizado ao sul do Estado, no qual h´a grande quantidade de registros de velocidade do vento baixas, A537 – Diamantina, localizada na regi˜ao central, possuindo a maior altitude (1359 metros) com rela¸c˜ao ao n´ıvel do mar dentre todas as esta¸c˜oes; A543 – Espinosa, localizada no extremo norte, fazendo fronteira com o Estado da Bahia, onde registra-se maiores m´edias da velocidade do vento comparado `a Minas Gerais e inclusive, cont´em instala¸c˜oes de parques e´olicos; e A547 – S˜ao Rom˜ao, localizada pr´oximo as margens do Rio S˜ao Francisco, o qual forma um corredor canalizando o vento. As poss´ıveis influˆencias sazonais tamb´em s˜ao relevantes e ent˜ao, a Figura1.3ilustra a s´erie temporal da velocidade do vento a 10 metros e de suas respectivas previs˜oes num´ericas ao longo da esta¸c˜oes do ano.

´

E poss´ıvel observar que n˜ao h´a um padr˜ao seguido pelas diferentes localidades. Esta¸c˜oes meteorol´ogicas como A507 e A547 apresentam m´edias maiores durante a primavera. Para as mesmas esta¸c˜oes durante o outono, ocorre o menor erro m´edio das previs˜oes num´ericas, no entanto, para A543, a periodicidade da previs˜ao ao longo de um dia aparenta invers˜ao. Em ordem de visualizar este padr˜ao peri´odico existente, a Figura

1.3 ilustra a fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao (FAC) para a s´erie temporal das mesmas esta¸c˜oes exibidas pr´eviamente.

H´a padr˜oes peri´odicos bem definidos durante algumas esta¸c˜oes do ano. As esta¸c˜oes A537, A543 e A547 n˜ao registraram este padr˜ao durante a primavera, diferentemente de A507 e A530. Estes padr˜oes peri´odicos s˜ao efeitos sazonais devido ao for¸camento solar o qual, tem influˆencia direta na velocidade do vento. Uma melhor abordagem sobre as consequˆencias desta atua¸c˜ao no comportamento e nas previs˜oes da velocidade do vento ser´a dada na Se¸c˜ao1.2.5.

Majoritariamente em Minas Gerais, as previs˜oes num´ericas do modelo de mesoescala Eta sobrestimam a velocidade do vento a 10 metros. Uma grande limita¸c˜ao destas ´e a ausˆencia de previs˜oes com velocidades baixas e iguais a zero, mesmo sendo observada uma grande propor¸c˜ao destes casos, como ´e evidenciado na Figura 1.5 que apresenta os histogramas da velocidade do vento a 10 metros de altura para as esta¸c˜oes meteorol´ogicas

(24)

(a) A507 - Ver˜ao (b) A507 - Outono (c) A507 - Inverno (d) A507 - Primavera

(e) A530 - Ver˜ao (f) A530 - Outono (g) A530 - Inverno (h) A530 - Primavera

(i) A537 - Ver˜ao (j) A537 - Outono (k) A537 - Inverno (l) A537 - Primavera

(m) A543 - Ver˜ao (n) A543 - Outono (o) A543 - Inverno (p) A543 - Primavera

(q) A547 - Ver˜ao (r) A547 - Outono (s) A547 - Inverno (t) A547 - Primavera

Figura 1.3: S´erie temporal da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das esta¸c˜oes do ano iniciado `as 12 UTC.

A517 – Muria´e, A549 – ´Aguas Vermelhas, A557 – Coronel Pacheco e F501 – Belo Horizonte (Cercadinho). Esta ´ultima destoa significativamente das demais, apresentando m´edias mais elevadas. De forma geral, a distribui¸c˜ao da velocidade do vento a 10 metros

(25)

(a) A507 - Ver˜ao (b) A507 - Outono (c) A507 - Inverno (d) A507 - Primavera

(e) A530 - Ver˜ao (f) A530 - Outono (g) A530 - Inverno (h) A530 - Primavera

(i) A537 - Ver˜ao (j) A537 - Outono (k) A537 - Inverno (l) A537 - Primavera

(m) A543 - Ver˜ao (n) A543 - Outono (o) A543 - Inverno (p) A543 - Primavera

(q) A547 - Ver˜ao (r) A547 - Outono (s) A547 - Inverno (t) A547 - Primavera

Figura 1.4: FAC da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das esta¸c˜oes do ano iniciado `as 12 UTC.

em Minas Gerais ´e assim´etrica com grande variabilidade possuindo ponto de massa em 0 e atingindo velocidade m´axima de 12 m/s.

(26)

(a) A517 - Ver˜ao (b) A517 - Outono (c) A517 - Inverno (d) A517 - Primavera

(e) A549 - Ver˜ao (f) A549 - Outono (g) A549 - Inverno (h) A549 - Primavera

(i) A557 - Ver˜ao (j) A557 - Outono (k) A557 - Inverno (l) A557 - Primavera

(m) F501 - Ver˜ao (n) F501 - Outono (o) F501 - Inverno (p) F501 - Primavera

Figura 1.5: Histograma da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das esta¸c˜oes do ano.

Com a breve descri¸c˜ao dos erros e limita¸c˜oes das previs˜oes num´ericas, considera-se a calibra¸c˜ao destas por meio de modelos estat´ısticos e portanto, o principal objetivo deste trabalho ´e propor modelos de p´os-processamento estat´ıstico considerando dinˆamica espa¸co-temporal para a distribui¸c˜ao assim´etrica da velocidade do vento a 10 metros em Minas Gerais de forma que minimize o erro sistem´atico das previs˜oes num´ericas do modelo de mesoescala Eta devido `as suas limita¸c˜oes intr´ınsecas.

(27)

A seguir, uma vis˜ao geral de aspectos importantes no contexto da previs˜ao num´erica de fenˆomenos meteorol´ogicos como aplica¸c˜oes, p´os-processamento e informa¸c˜oes acerca do modelo Eta ser´a fornecida.

1.2

Previs˜

ao Num´

erica do Tempo

3

Previs˜oes num´ericas de vari´aveis clim´aticas s˜ao baseadas em modelos matem´aticos que fazem previs˜oes determin´ısticas com base nas condi¸c˜oes atmosf´ericas correntes. Baseada na teoria da dinˆamica dos fluidos, essas vari´aveis clim´aticas podem ser vistas como um sistema de equa¸c˜oes diferenciais que n˜ao possuem solu¸c˜ao anal´ıtica e utilizam-se da integra¸c˜ao num´erica para simular processos f´ısicos, dinˆamicos e termodinˆamicos da atmosfera dependendo de suas condi¸c˜oes correntes, sendo poss´ıvel a solu¸c˜ao do sistema para qualquer instante de tempo posterior (Krishnamurti, 1995). Na Figura 1.6 ´e ilustrada a forma fluida como a atmosfera se comporta.

Figura 1.6: Distribui¸c˜ao espacial de previs˜oes da refletividade (em dBZ) durante a passagem do Furac˜ao Gustav. Oceano Atlˆantico, 2008.

1.2.1

Hist´

oria

No in´ıcio do s´eculo XX, o meteorologista norueguˆes Vilhelm Bjerknes propˆos que a previs˜ao do tempo poderia ser baseada nas leis da f´ısica e ent˜ao, desenvolveu um conjunto de equa¸c˜oes, conhecidas como equa¸c˜oes primitivas, cuja solu¸c˜ao, a princ´ıpio, previa movimentos atmosf´ericos em grande escala.

3Historicamente, a express˜ao “previs˜ao num´erica do tempo” foi utilizada para descrever todas as

(28)

Em 1922, o matem´atico inglˆes Lewis Fry Richardson desenvolveu um m´etodo diferente para analisar as equa¸c˜oes, simplificando-as antes de resolvˆe-las numericamente (Richardson, 1922), sendo este o primeiro sistema de previs˜ao num´erica de vari´aveis clim´aticas. No entanto, somente na d´ecada de 1950, com o advento da computa¸c˜ao e pleno funcionamento do Computador Integrador Num´erico Eletrˆonico (ENIAC), primeiro computador digital eletrˆonico de grande escala, surgiram resultados efetivos de previs˜oes meteorol´ogicas computadorizadas sob idealiza¸c˜ao do matem´atico h´ungaro, naturalizado estadunidense, John von Neummann (Charney et al., 1950). Inicialmente, von Neummann, sob dias de p´os-Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), acreditava que essa modelagem pudesse levar ao conhecimento antecipado de fenˆomenos clim´aticos, podendo ser usada como arma de guerra contra a, ent˜ao, Uni˜ao Sovi´etica (URSS) (Kwa,

2001).

1.2.2

Aplica¸

oes

Al´em de aplica¸c˜oes militares, h´a uma gama de modelos num´ericos de previs˜ao meteorol´ogica que possuem distintas aplica¸c˜oes ambientais, epidemiol´ogicas, agr´arias, na seguridade dos meios de transportes e nas ind´ustrias de gera¸c˜ao de energia. Detalhadamente, algumas delas s˜ao:

1. Altura das ondas: A dire¸c˜ao e a velocidade do vento pode influenciar a altura das ondas formadas nos oceanos e em outros corpos d’´agua (Bidlot et al., 2002).

– Atividades mar´ıtimas: A altura das ondas impacta a seguran¸ca das atividades mar´ıtimas recreativas e comerciais e, portanto, devem ser previstas. Tamb´em ´e desej´avel se calcular a probabilidade de ocorrˆencias de vagalh˜oes4.

– Energia maremotriz: A a¸c˜ao das ondas nas zonas litorais pode ser usada para gerar eletricidade e, portanto, as previs˜oes de ondas est˜ao relacionadas `as previs˜oes de energia maremotriz.

(29)

2. Doen¸cas Infecciosas: A atmosfera pode influenciar a propaga¸c˜ao de doen¸cas infecciosas humanas e agr´ıcolas (Thomson et al., 2000).

– Sa´ude dos pat´ogenos: A sa´ude dos organismos que transmitem doen¸cas pode estar relacionada a vari´aveis atmosf´ericas, como temperatura, umidade relativa, intensidade da radia¸c˜ao ultravioleta e precipita¸c˜ao.

– Vetores de doen¸cas: Doen¸cas podem se espalhar atrav´es de vetores, como pulgas, mosquitos ou roedores, e a quantidade e vitalidade dos vetores podem depender da temperatura, umidade relativa, verdor da vegeta¸c˜ao e umidade do solo.

– Comportamento animal: O comportamento animal est´a relacionado `as condi¸c˜oes atmosf´ericas (e.g. para humanos, a quantidade de tempo gasto em interiores na proximidade de outras pessoas devido a baixas temperaturas externas), podendo influenciar a propaga¸c˜ao de doen¸cas.

– Transporte e´olico: O vento pode transportar vetores de doen¸cas e expor novas popula¸c˜oes.

– Inunda¸c˜oes: Pode aumentar a incidˆencia de diversas doen¸cas como resultado do comprometimento do abastecimento de ´agua doce, migra¸c˜ao for¸cada e a produ¸c˜ao de um ambiente favor´avel para vetores de doen¸cas.

3. Seguran¸ca e eficiˆencia do transporte: Opera¸c˜oes em aeroportos, roteamento de aeronaves pelos controladores de tr´afego a´ereo e as decis˜oes tomadas pelos pilotos, bem como o tr´afego rodovi´ario e ferrovi´ario s˜ao afetados pelas condi¸c˜oes clim´aticas (Sharman et al., 2006).

– Turbulˆencia: Resulta de uma variedade de situa¸c˜oes meteorol´ogicas, como convec¸c˜ao e cisalhamento do vento, afetando a seguran¸ca na avia¸c˜ao.

– Forma¸c˜ao de gelo em aeronaves: A crosta de gelo formada em aeronaves s˜ao causas significativas de acidentes e possui rela¸c˜ao com a umidade relativa, temperatura na altura de voo e velocidade vertical do vento.

(30)

– Visibilidade: A capacidade do aeroporto, em termos de espa¸camento m´ınimo das aeronaves na aproxima¸c˜ao e partida, ´e geralmente uma fun¸c˜ao da visibilidade prevalecente a qual, depende da precipita¸c˜ao e umidade relativa local. Al´em disso, ´e importante para o fechamento de autoestradas quando n˜ao h´a condi¸c˜oes m´ınimas de dire¸c˜ao segura, evitando potenciais acidentes. – Log´ıstica de precau¸c˜ao: Implanta¸c˜ao de equipamentos de remo¸c˜ao de neve

antes de uma tempestade de inverno, evacua¸c˜ao do p´ublico antes de um furac˜ao, estimar regi˜oes em que as linhas ferrovi´arias e rodovias inundar˜ao como resultado de fortes precipita¸c˜oes e pr´e-posicionamento de m˜ao de obra qualificada para reparos ap´os alguma cat´astrofe natural, como tempestades, furac˜oes e maremotos.

4. Agricultura: Eventos clim´aticos podem influenciar o desempenho e vida ´util de colheitas (Mera et al., 2006).

– Planta¸c˜ao e colheita: Requer condi¸c˜oes secas e o planejamento necess´ario ´e baseado em previs˜oes meteorol´ogicas entre 12 a 72 horas. O uso de modelos adequados de solo, juntamente com modelos de predi¸c˜ao atmosf´erica, pode permitir o diagn´ostico de tr´afego terrestre por m´aquinas agr´ıcolas.

– Aplica¸c˜ao de pesticidas: Sistemas integrados de manejo de pragas exigem que os produtos qu´ımicos sejam aplicados um n´umero espec´ıfico de horas antes da precipita¸c˜ao e em temperaturas e umidades apropriadas. Condi¸c˜oes de vento fraco tamb´em permitem uma aplica¸c˜ao mais precisa.

– Aplica¸c˜ao de herbicidas: Herbicidas n˜ao devem ser deixados `a deriva com o vento em ´areas em que ocorrer˜ao danos n˜ao intencionais `a vegeta¸c˜ao.

– Aplica¸c˜ao de fertilizantes: Fertilizantes qu´ımicos ou naturais n˜ao devem ser aplicados com grande antecedˆencia da precipita¸c˜ao pois, o fertilizante pode escoar para vias naveg´aveis, contaminando-as com produtos qu´ımicos.

(31)

– Movimento de insetos: Insetos que podem prejudicar as culturas s˜ao transportados pelos ventos de suas ´areas de reprodu¸c˜ao para ´areas agr´ıcolas e previs˜oes dos padr˜oes clim´aticos podem permitir a avalia¸c˜ao deste risco. – Sele¸c˜ao de colheita: Para ´areas agr´ıcolas as quais, a ´agua de irriga¸c˜ao n˜ao

est´a dispon´ıvel, as culturas podem ser selecionadas para planta¸c˜ao que ser˜ao apropriadas para as condi¸c˜oes clim´aticas que se esperam durante a esta¸c˜ao de crescimento.

5. Aplica¸c˜oes Militares: Al´em das utilidades semelhantes `as citadas, algumas atividades espec´ıficas requerem a tomada de decis˜ao antecipada com rela¸c˜ao a vari´aveis clim´aticas (Liu et al., 2008).

– Tr´afego terrestre de ve´ıculos militares: Ve´ıculos pesados tˆem dificuldade em operar em solos ´umidos. Tipos especiais de modelos de superf´ıcie terrestre, denominados modelos de tr´afego de solo, empregam an´alises e previs˜oes de vari´aveis meteorol´ogicas que afetam a umidade do substrato (precipita¸c˜ao, temperatura, velocidade do vento e umidade) e s˜ao usados para estimar a capacidade do substrato para suportar diferentes tipos de ve´ıculos.

– Trajet´orias de m´ısseis guiados e n˜ao guiados: Os ventos, a turbulˆencia e a densidade do ar afetam a trajet´oria dos m´ısseis. O impacto aerodinˆamico das condi¸c˜oes meteorol´ogicas observadas e modeladas nas trajet´orias ´e calculado usando um modelo de trajet´oria.

6. Ind´ustria de energia: A log´ıstica para abertura de comportas em usinas hidrel´etricas, a venda de energia e´olica no mercado energ´etico e a avalia¸c˜ao do potencial impacto `a sa´ude publica de lan¸camentos de gases na atmosfera pelas instala¸c˜oes nucleares dependem de previs˜oes meteorol´ogicas com boa acur´acia (Landberg et al.,2003).

– Demanda energ´etica: Como os provedores de energia el´etrica se beneficiam com a capacidade de antecipar a demanda de energia gerada por diferentes

(32)

fontes (e.g. hidrel´etrica, e´olica e solar), usam modelos para estimar a quantidade de muitos fatores governamentais meteorol´ogicos e n˜ao meteorol´ogicos. As vari´aveis meteorol´ogicas relevantes s˜ao a nebulosidade, velocidade do vento, precipita¸c˜ao, temperatura e a umidade.

– Avalia¸c˜ao de recursos de energia e´olica: A prospec¸c˜ao dos recursos de energia e´olica envolve a gera¸c˜ao de rean´alises do clima pr´oximo `a superf´ıcie. Os resultados permitem que os desenvolvedores de parques e´olicos determinem onde a instala¸c˜ao de turbinas seria economicamente bem-sucedida. Idealmente, rean´alises regionais de alta resolu¸c˜ao s˜ao desej´aveis, pois a velocidade do vento de baixa altitude varia muito devido `as diferen¸cas na paisagem, no entanto, s˜ao demasiadamente custosas em termos computacionais.

– Previs˜ao de energia e´olica: A energia e´olica dispon´ıvel ´e uma fun¸c˜ao da velocidade do vento, em geral, em alturas entre 80 e 100 metros, nos parques e´olicos onde os aerogeradores est˜ao instalados. Portanto, as estimativas de energia futura requerem previs˜oes de velocidade do vento nestas alturas. A velocidade de previs˜ao do vento ´e traduzida para a produ¸c˜ao de energia usando um algoritmo baseado no n´umero de turbinas que operam no parque, a mistura de seus tipos e a eficiˆencia de cada. S˜ao necess´arias previs˜oes de produ¸c˜ao de energia e´olica para equilibrar a carga entre as v´arias fontes dispon´ıveis, como termoel´etricas, hidrel´etricas, solares e nucleares. `A medida que a energia e´olica possui maior porcentagem na fonte de energia total, as previs˜oes do modelo devem tornar-se cada vez mais precisas para evitar apag˜oes (ou blecautes) quando a velocidade do vento diminui inesperadamente e impedir o desperd´ıcio de combust´ıveis f´osseis, liberando gases de efeito estufa desnecessariamente, quando a velocidade do vento aumenta abruptamente. Devido ao car´ater sin´otico dos modelos num´ericos, h´a um desafio de produzir previs˜oes acuradas para essas localiza¸c˜oes pois, locais vantajosos para parques e´olicos est˜ao em terrenos complexos e zonas litorˆaneas.

(33)

1.2.3

Classifica¸

ao dos modelos

Operacionalmente, sistemas de previs˜oes num´ericas meteorol´ogicas s˜ao solucionados em uma grade discreta. A Figura1.7ilustra diferentes resolu¸c˜oes de grade, demonstrando as potenciais diferen¸cas que a amplitude de suas c´elulas causa nas previs˜oes.

Figura 1.7: Exemplos de grade horizontal com diferentes resolu¸c˜oes.

Conforme a extens˜ao de seu dom´ınio espacial de previs˜ao, os modelos num´ericos podem ser classificados como globais, quando descrevem a atmosfera em escala global, identificando fenˆomenos meteorol´ogicos de escala sin´otica (e.g. trajet´oria de ciclones, tornados e furac˜oes) ou modelos de mesoescala, quando possuem escalas regionais, permitindo a an´alise de fenˆomenos meteorol´ogicos de mesoescala (e.g. brisas mar´ıtimas e terrestres).

Dada a natureza ca´otica da atmosfera, os modelos num´ericos podem apresentar distor¸c˜oes em suas previs˜oes devido a anomalias captadas nas condi¸c˜oes iniciais necess´arias para a solu¸c˜ao de seus sistemas de equa¸c˜oes. A Figura 1.8 esquematiza a potencial mudan¸ca na trajet´oria das previs˜oes num´ericas empregando distintas condi¸c˜oes iniciais (Wilks, 2006).

1.2.4

Ensembles

Como previs˜oes ´unicas n˜ao descrevem completamente o fenˆomeno, considera-se a produ¸c˜ao de ensembles (ou conjuntos) de previs˜oes. O ensemble pode ser interpretado como uma forma de an´alise de Monte Carlo, visando uma gama de poss´ıveis estados

(34)

Figura 1.8: Representa¸c˜ao das trajet´orias das previs˜oes num´ericas inicializadas com distintas condi¸c˜oes iniciais. Adaptado deWilks (2006).

futuros da atmosfera, a partir de diferentes estados atmosf´ericos iniciais. M´ultiplas simula¸c˜oes s˜ao realizadas com objetivo de minimizar incertezas nas previs˜oes (Epstein,

1969). Os ensembles s˜ao classificados como defasados, quando previs˜oes s˜ao feitas at´e determinado horizonte e se sobrep˜oem conforme o regime de funcionamento do modelo, ilustrado intuitivamente na Figura 1.9(a) e tradicionais, quando utilizam condi¸c˜oes iniciais ou suposi¸c˜oes distintas para uma mesma solu¸c˜ao do sistema, ilustrado na Figura

1.9(b).

(a) (b)

Figura 1.9: Organiza¸c˜ao dos membros do ensemble conforme sua classifica¸c˜ao: (a) Defasados e (b) Tradicional. Adaptado de Warner (2010).

Ensembles s˜ao mais proficientes do que previs˜oes individuais pois, a m´edia de seus membros ´e, geralmente, mais precisa do que uma previs˜ao singular. A dispers˜ao entre

(35)

seus membros pode indicar maior incerteza associada `a previs˜ao pontual. A distribui¸c˜ao de frequˆencia emp´ırica formada fornece informa¸c˜oes sobre eventos extremos (Grimit e Mass, 2007). O realismo da dispers˜ao depender´a de qu˜ao bem as fontes de incerteza est˜ao sendo representadas pelo modelo. Um exemplo da variabilidade da dispers˜ao ´e apresentado na Figura 1.10 que equipara dois ensembles consecutivos para a rota do furac˜ao Katrina. O ensemble inicializado em 26 de agosto de 2005, 00 UTC exibe uma grande dispers˜ao a qual, ´e substancialmente reduzida no ensemble inicializado doze horas mais tarde. A verdadeira trajet´oria do furac˜ao foi pr´oxima `a m´edia do ensemble mais recente.

(a) (b)

Figura 1.10: Ensemble de previs˜oes para a rota do furac˜ao Katrina. Inicializado em 26 de agosto de 2005, 00 UTC (a) e 12 UTC (b). Adaptado deLeutbecher e Palmer(2008).

1.2.5

Fontes de incerteza

De acordo com Warner (2010), h´a uma variedade de fontes conhecidas de erros que acometem as previs˜oes dos modelos num´ericos, brevemente, pode-se citar:

– Incerteza sobre as condi¸c˜oes iniciais: M´a calibra¸c˜ao e localiza¸c˜ao inadequada dos instrumentos, pouca representatividade da regi˜ao e condi¸c˜oes atmosf´ericas anˆomalas implicam em varia¸c˜oes nas previs˜oes.

– Incerteza sobre a superf´ıcie: Depress˜oes e corpos d’´agua s˜ao sub-representados devido `a homogeneiza¸c˜ao da superf´ıcie feita pelo sistema.

(36)

– Incerteza nos algoritmos num´ericos: As equa¸c˜oes diferenciais que comp˜oem o sistema s˜ao solucionadas a partir de aproxima¸c˜oes lineares e consequentemente, h´a erros de truncamento.

– Incerteza na parametriza¸c˜ao dos processos f´ısicos e dinˆamicos: A dinˆamica

atmosf´erica possui alta complexidade e fenˆomenos de pequena escala

s˜ao representados indiretamente pois, elevariam demasiadamente o custo computacional.

A existˆencia de varia¸c˜ao diurna e sazonal do for¸camento solar na superf´ıcie e na atmosfera da Terra impacta diretamente o comportamento de muitas vari´aveis previstas por esses sistemas. Al´em das fontes de erros sistem´aticos, existem aspectos naturais que podem causar varia¸c˜ao na qualidade das previs˜oes. S˜ao eles:

– Variabilidade regional e climatol´ogica: O padr˜ao clim´atico de uma regi˜ao depende de sua localiza¸c˜ao geogr´afica, orografia e a proximidade com o oceano. Previs˜oes para regi˜oes com padr˜ao clim´atico inconstante requerem ferramentas mais avan¸cadas.

– Variabilidade sazonal: Pode haver queda de desempenho nas previs˜oes devido `as diferen¸cas regionais existentes entre as esta¸c˜oes do ano.

– Dependˆencia do regime clim´atico: Alguns fenˆomenos naturais (e.g. El Ni˜no e La Ni˜na) causam anomalias no padr˜ao clim´atico global, podendo ocasionar distor¸c˜oes nas previs˜oes.

1.2.6

Aperfei¸

coamento dos modelos

Novos m´etodos de assimila¸c˜ao de dados, atualiza¸c˜ao dos algoritmos num´ericos, reparametriza¸c˜oes de processos f´ısicos e o aumento da resolu¸c˜ao da grade horizontal fornecem melhorias aos sistemas de previs˜ao num´erica. No entanto, ´e uma tarefa ´ardua representar fenˆomenos de pequenas escalas em modelos com car´ater sin´otico. Aumentar sua complexidade eleva demasiadamente os custos financeiros e computacionais para

(37)

a operacionaliza¸c˜ao desses sistemas e, ainda sim, com possibilidade de queda no desempenho das previs˜oes devido `a inser¸c˜ao de mais erros sistem´aticos (Kalnay, 2003). Uma alternativa `as melhorias diretamente feitas no modelo ´e o p´os-processamento estat´ıstico das previs˜oes num´ericas.

1.3

os-Processamento Estat´ıstico

O p´os-processamento estat´ıstico, ou calibra¸c˜ao, das sa´ıdas operacionais do modelo de previs˜ao num´erica (i.e., ensembles) ´e ´util na remo¸c˜ao dos erros sistem´aticos presentes e pode resultar em avan¸cos equivalentes `a melhorias elaboradas no modelo (Glahn e Lowry,1972). Relativamente menos dispendioso do que outras abordagens tradicionais de melhoria (e.g. aumento da resolu¸c˜ao do modelo), esse refinamento deve ser implementado como parte integrante do sistema de modelagem para aplica¸c˜oes operacionais (Warner,

2010). Historicamente, os m´etodos de p´os-processamento estat´ısticos foram utilizados para predizer vari´aveis que n˜ao eram preditas explicitamente pelos modelos num´ericos de baixa resolu¸c˜ao relacionando-as estatisticamente (Klein et al.,1959). Atualmente, com os modelos bem desenvolvidos, o uso de algoritmos estat´ısticos ´e empregado como uma forma de downscaling5 relacionando aspectos locais (e.g. orografia) para reduzir erros

sistem´aticos. Alguns dos principais bem estabelecidos m´etodos de p´os-processamento estat´ıstico ser˜ao apresentados e comentados no Cap´ıtulo 2. A ilustra¸c˜ao do processo de calibra¸c˜ao do ensemble de previs˜oes para temperatura de superf´ıcie se encontra na Figura

1.11, sendo esquematizada a remo¸c˜ao do erro sistem´atico (i.e., remo¸c˜ao do vi´es na m´edia) e o ajuste da dispers˜ao (i.e., remo¸c˜ao do vi´es na variˆancia).

1.4

Modelo de Mesoescala Eta

O modelo de mesoescala Eta ´e um modelo num´erico de ´area limitada desenvolvido inicialmente na d´ecada de 1970. Ap´os algumas modifica¸c˜oes, entrou em opera¸c˜ao no

5Downscaling ´e o procedimento que faz inferˆencia sobre informa¸oes em alta resolu¸ao a partir de

(38)

Figura 1.11: Diagrama do processo de calibra¸c˜ao para ensemble de previs˜oes da temperatura de superf´ıcie. Adaptado de Warner (2010).

Centro Americano de Previs˜ao Ambiental (NCEP) durante a d´ecada de 1980 (Black,

1994). A principal caracter´ıstica deste modelo ´e a introdu¸c˜ao da coordenada vertical eta (η), homˆonima ao modelo, visando a redu¸c˜ao dos erros nas derivadas horizontais sobre relevos montanhosos (Mesinger et al., 1988). Desta maneira, o terreno passa a ser representado sob a forma de degraus discretos, onde o topo coincide com a interface do relevo. A Figura 1.12 ilustra essa discretiza¸c˜ao.

Figura 1.12: Representa¸c˜ao da topografia pela coordenada vertical eta (η). Adaptado de

Mesinger et al. (1988).

Operacionalmente, o modelo Eta vˆem sendo utilizado pelo Centro de Previs˜ao de Tempo Estudos Clim´aticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desde 1996 com o intuito de fornecer previs˜oes do tempo de curto `a longo prazo para o Brasil. Seu dom´ınio engloba toda a Am´erica do Sul. Suas vari´aveis progn´osticas s˜ao temperatura do ar, componentes zonal e meridional do vento, umidade espec´ıfica e

(39)

press˜ao na superf´ıcie. A partir destas, s˜ao derivadas as demais vari´aveis previstas pelo modelo. Sua atual resolu¸c˜ao horizontal ´e de 5 km. O funcionamento do modelo ocorre duas vezes ao dia (00 UTC e 12 UTC) disponibilizando sa´ıdas a cada hora para um horizonte de previs˜ao de at´e 72 horas (INPE/CPTEC,2018). Os resultados operacionais s˜ao disponibilizados em http://previsaonumerica.cptec.inpe.br/eta05.

(40)

Cap´ıtulo 2

Modelos de P´

os-Processamento

Estat´ıstico

Os modelos descritos neste Cap´ıtulo tˆem por objetivo comum minimizar os erros sistem´aticos presentes nas previs˜oes num´ericas, como discutido no Cap´ıtulo 1. Basicamente, exploram padr˜oes estat´ısticos nas rela¸c˜oes entre observa¸c˜oes e previs˜oes, buscando melhor representatividade local.

A Se¸c˜ao2.1apresenta os precursores m´etodos univariados. Na Se¸c˜ao2.2, as extens˜oes espacias s˜ao listadas. E por fim, a Se¸c˜ao2.3 prop˜oe novas extens˜oes espa¸co-temporais.

2.1

etodos de Calibra¸

ao Univariados

Nesta se¸c˜ao ser˜ao apresentados os principais modelos de p´os-processamento estat´ıstico os quais, foram desenvolvidos para calibra¸c˜ao em localiza¸c˜oes fixas, supondo independˆencia entre estas, produzindo previs˜oes probabil´ısticas calibradas para as mesmas em um horizonte pr´e-determinado, sem possibilidade de interpola¸c˜ao espacial.

2.1.1

Model Output Statistics

A abordagem precursora de p´os-processamento estat´ıstico ´e conhecida como o m´etodo Model Output Statistics (MOS, Glahn e Lowry, 1972). Nesta abordagem,

(41)

relaciona-se estatisticamente as previs˜oes feitas pelo modelo com as observa¸c˜oes correspondentes de uma mesma vari´avel, a fim de quantificar os erros sistem´aticos para cada ponto de observa¸c˜ao e corrigir futuras previs˜oes atrav´es de um modelo de regress˜ao linear m´ultipla (Montgomery e Peck, 1982), dado por:

Y = θ0+ θ1F1+ ... + θmFm+ ε. (2.1)

Este modelo sup˜oe uma rela¸c˜ao linear entre a vari´avel clim´atica de interesse Y a qual, deseja-se minimizar o erro sistem´atico em sua previs˜ao, com seu ensemble de m membros F1, ..., Fm adicional de um termo de erro aleat´orio ε para o qual, assume-se:

E(ε) = 0, V ar(ε) = σ2. (2.2)

Os m´etodos de inferˆencia para estima¸c˜ao dos coeficientes da regress˜ao θ0, ..., θm e do

parˆametro de variˆancia σ2 s˜ao baseados no m´etodo dos m´ınimos quadrados e est˜ao descritos em Glahn e Lowry (1972).

Com o passar dos anos, a aplica¸c˜ao de ensembles se tornou usual nas opera¸c˜oes e ent˜ao, o m´etodo MOS recebeu diversas vers˜oes que diferem, em geral, no tamanho do per´ıodo de treinamento (e.g. Updatable MOS (UMOS, Wilson e Vall´ee, 2002)), na modelagem direta do erro de previs˜ao (e.g. MOC (Mao et al.,1999)) e na distribui¸c˜ao da vari´avel resposta (e.g. Piani et al., 2010) por meio dos Modelos Lineares Generalizados (MLG,Nelder e Baker,1972). Uma das extens˜oes mais avan¸cadas em termos estat´ısticos, conforme discutido emGneiting (2014), ´e o m´etodo Ensemble MOS, utilizado como base para os modelos que ser˜ao propostos na Se¸c˜ao2.3.

2.1.2

Ensemble Model Output Statistics

O m´etodo Ensemble MOS (EMOS, Gneiting et al., 2005), tamb´em conhecido como modelo de regress˜ao n˜ao homogˆenea, ´e uma extens˜ao do m´etodo MOS (Se¸c˜ao 2.1.1) aplic´avel `a ensembles. A diferen¸ca para o seu antecessor se encontra na incorpora¸c˜ao da dispers˜ao dos membros do ensemble ao coeficiente de variˆancia, em vista que, existe uma rela¸c˜ao positiva entre a amplitude dessa dispers˜ao com o erro absoluto de previs˜ao. Discuss˜oes sobre essa rela¸c˜ao, conhecida na literatura como rela¸c˜ao dispers˜ao-proficiˆencia

(42)

(spread-skill relationship), podem ser encontradas em Whitaker e Loughe (1998). Este m´etodo utiliza o modelo de seu sucessor MOS descrito em (2.1) com o erro aleat´orio ε seguindo as seguintes suposi¸c˜oes:

E(ε) = 0, V ar(ε) = σ2 = β0+ β1S2, (2.3)

com S2 representando a variˆancia amostral dos membros do ensemble e o vetor

β = (β0, β1)0, coeficientes lineares n˜ao negativos. Para a estima¸c˜ao dos parˆametros

desconhecidos do m´etodo EMOS calibrando a temperatura de superf´ıcie e a press˜ao ao n´ıvel do mar,Gneiting et al.(2005) sup˜oem normalidade na distribui¸c˜ao do erro aleat´orio e utilizam a minimiza¸c˜ao do escore probabil´ıstico de posto cont´ınuo (CRPS, Matheson e Winkler, 1976) que neste caso, pode ser obtido de forma anal´ıtica. Mais aplica¸c˜oes deste m´etodo para outros tipos de vari´aveis clim´aticas (e.g velocidade, rajada e dire¸c˜ao do vento) supondo distintas distribui¸c˜oes de probabilidade para o erro aleat´orio, podem ser encontradas em Thorarinsdottir e Gneiting(2010),Thorarinsdottir e Johnson(2012) e Schuhen et al. (2012), respectivamente.

2.2

etodos de Calibra¸

ao Espaciais

Nesta se¸c˜ao ser˜ao apresentados as principais extens˜oes dos modelos de p´ os-processamento estat´ıstico univariados as quais, foram desenvolvidas de forma que haja intera¸c˜ao espacial da informa¸c˜ao, i.e., produzem previs˜oes probabil´ısticas calibradas para campos meteorol´ogicos com horizonte pr´e-determinado.

2.2.1

Geostatistical Output Pertubation

O m´etodo Geostatistical Output Pertubation (GOP, Gel et al., 2004) ´e uma extens˜ao do m´etodo MOS que considera a existˆencia de correla¸c˜ao entre as medi¸c˜oes de um fenˆomeno meteorol´ogico medido em diferentes localiza¸c˜oes possibilitando previs˜oes para campos meteorol´ogicos. Foi o m´etodo de p´os-processamento estat´ıstico pioneiro no contexto espacial. Seja {Y (s), s ∈ S} um campo meteorol´ogico aleat´orio e Ys =

(y(s1), ..., y(sn)) 0

(43)

Considere m membros do ensemble para estas mesmas localiza¸c˜oes, representados por Fs1 = (F1(s1), ..., F1(sn))

0

, ..., Fsm = (Fm(s1), ..., Fm(sn))

0

. A forma geral desse modelo ´e dada por:

Ys = θ01n+ θ1Fs1 + ... + θmFsm+ ε, (2.4) com 1n representando um n-vetor completo por 1’s, θ = (θ0, ..., θm)0, o vetor param´etrico

da regress˜ao e ε = (ε(s1), ..., ε(sn)) 0

, observa¸c˜oes de um Processo Gaussiano {ε(s), s ∈ S}, com as seguintes suposi¸c˜oes:

E(ε) = 0n, Cov(ε(si), ε(sj)) = Σi,j = σ2C(si, sj), i, j = 1, ..., n. (2.5)

com 0n representando um n-vetor completo por 0’s. As entradas de C(.) dependem de

uma estrutura de correla¸c˜ao v´alida para Processos Espaciais (veja Cressie (1993)). Para a estima¸c˜ao dos parˆametros desconhecidos do modelo GOP calibrando a temperatura de superf´ıcie, Gel et al. (2004) prop˜oem um m´etodo de estima¸c˜ao em trˆes est´agios que se aproxima de uma abordagem de m´axima verossimilhan¸ca completa. Os autores indicam a estima¸c˜ao dos parˆametros por uma abordagem totalmente Bayesiana devido `as previs˜oes num´ericas serem realizadas em uma grade discreta, enquanto que as observa¸c˜oes correspondem a locais irregularmente espa¸cados, o chamado problema de mudan¸ca de suporte, e esta abordagem tem a vantagem de lidar explicitamente e de forma coerente com tal adversidade. Para mais detalhes sobre mudan¸ca de suporte, consulte Gelfand et al. (2001).

Uma desvantagem desse m´etodo ´e o fato de que n˜ao foi desenvolvido para uso de ensembles como o EMOS. Extens˜oes naturais combinando estes m´etodos com o GOP ser˜ao apresentadas na sequˆencia.

2.2.2

Ensemble Model Output Statistics Espacial

O m´etodo Ensemble Model Output Statistics espacial (EMOS espacial, Feldmann et al., 2015), tamb´em conhecido como modelo de regress˜ao espacial n˜ao homogˆenea, combina os m´etodos EMOS (Se¸c˜ao 2.1.2) e GOP (Se¸c˜ao 2.2.1). Este m´etodo utiliza o

(44)

mesmo modelo que o m´etodo GOP descrito em (2.4) com {ε(s), s ∈ S} sendo um Processo Gaussiano com ε = (ε(s1), ..., ε(sn))

0

seguindo as seguintes suposi¸c˜oes:

E(ε) = 0n, Cov(ε(si), ε(sj)) = Σ∗i,j = Di,iC(si, sj)Dj,j, i, j = 1, ..., n, (2.6)

onde D = diag(pβ0+ β1S12, ...,pβ0 + β1Sn2) ´e uma matriz diagonal de dimens˜ao n com

Si2representando a variˆancia amostral dos membros do ensemble para a i-´esima localidade e C(.) ´e uma matriz de correla¸c˜ao espacial baseada no m´etodo GOP. Para a estima¸c˜ao dos parˆametros do EMOS espacial calibrando a temperatura de superf´ıcie, Feldmann et al.

(2015) consideraram primeiro ajustar o modelo EMOS original de forma semelhante `a feita em Gneiting et al. (2005). Dado as estimativas para os parˆametros do EMOS, o modelo GOP ´e ajustado igualmente como feito em Gel et al.(2004). N˜ao h´a dispon´ıveis aplica¸c˜oes com este modelo para a calibra¸c˜ao de vari´aveis assim´etricas (e.g. velocidade do vento e chuva) para campos meteorol´ogicos completos na literatura.

2.3

etodos de Calibra¸

ao Espa¸

co-temporais

Comumente nos modelos apresentados, a estima¸c˜ao dos parˆametros ´e feita atrav´es de uma janela m´ovel que consiste de um passado recente de valores observados e previstos pelo modelo num´erico, usualmente chamado, no contexto do p´os-processamento estat´ıstico, de per´ıodo de treinamento. Conforme discutido emGneiting(2014), `a medida em que os per´ıodos de treinamento s˜ao mais longos, permitem, a princ´ıpio, uma melhor estimativa com menor incerteza. No entanto, como abordado na Se¸c˜ao 1.2.5, podem tamb´em introduzir distor¸c˜oes devido aos efeitos sazonais provindos do for¸camento solar e de aspectos geogr´aficos (e.g. localiza¸c˜ao geogr´afica, orografia e proximidade com o oceano). Gneiting et al.(2005) e Raftery et al. (2005) analisam como o comprimento do per´ıodo de treinamento afeta a estima¸c˜ao e incerteza dos parˆametros, observando que h´a ganhos com o aumento at´e 25 dias, especificamente em sua aplica¸c˜ao. Tamb´em comentam que, provavelmente, diferentes comprimentos deste per´ıodo sejam melhores para outros tipos de aplica¸c˜oes deste modelo (e.g. tipos de vari´aveis, ciclos, regi˜oes, horizontes, etc.) e ressaltam a importˆancia do desenvolvimento de modos autom´aticos de decis˜ao. Em

(45)

geral, a sazonalidade de fenˆomenos meteorol´ogicos ´e bem definida (e.g. for¸camento solar – 24 horas, esta¸c˜oes do ano – 3 meses), tornando o uso do Filtro de Kalman (Kalman,

1960) usual para este tipo de aplica¸c˜ao, contornando a limita¸c˜ao do comprimento do per´ıodo de treinamento e permitindo a dinˆamica temporal dos parˆametros de tendˆencia. Nesta se¸c˜ao ser˜ao apresentados novas extens˜oes para os principais m´etodos de p´ os-processamento estat´ıstico apresentados anteriormente as quais, foram desenvolvidas com a adi¸c˜ao da componente temporal por meio dos Modelos Lineares Dinˆamicos (MLD,

West e Harrison, 1997), de forma que tamb´em haja intera¸c˜ao espacial da informa¸c˜ao, produzindo previs˜oes probabil´ısticas calibradas para campos meteorol´ogicos completos com possibilidade de previs˜ao em um horizonte intervalar, nomeadas, respectivamente, por Geostatistical Output Pertubation Dinˆamico (Se¸c˜ao 2.3.1) e Ensemble Model Output Statistics Espa¸co-temporal (Se¸c˜ao 2.3.2).

2.3.1

Geostatistical Output Pertubation Dinˆ

amico

Um modelo que mostrou-se adequado para descri¸c˜oes de fenˆomenos meteorol´ogicos com distribui¸c˜ao assim´etrica de forma simples (e.g. precipita¸c˜ao em Bardossy e Plate (1992)) em diferentes escalas de tempo ´e o modelo Normal Truncado (Stidd,

1973; Hutchinson, 1995). Seja {Yt(s), s ∈ S ⊂ R2, t = 1, ..., T } um campo meteorol´ogico

aleat´orio no tempo discreto t. Assumindo que o vetor de observa¸c˜oes deste campo em n localiza¸c˜oes Yt,s = (yt(s1), ..., yt(sn))0 possui distribui¸c˜ao Normal Truncada, tem-se que:

Yt(s)|λ =    BC−1(Xt(s); λ) , se BC−1(Xt(s); λ) ≥ c, c∗, se BC−1(Xt(s); λ) < c. (2.7)

onde c e c∗ s˜ao constantes conhecidas, λ ´e o parˆametro desconhecido desta transforma¸c˜ao espec´ıfica, Xt(s) ´e um Processo Gaussiano e BC(.; λ) representa a Transforma¸c˜ao

Box-Cox (Box e Cox,1964) definida por: BC(y; λ) =    yλ− 1 /λ, se λ 6= 0 e y > 0, log y, se λ = 0 e y > 0,

Assim, sup˜oe-se que Xt(s) ´e um Processo Gaussiano latente que coordena um outro

(46)

fam´ılias de transforma¸c˜oes foram utilizadas em Glasbey e Nevison (1997) e Sans´o e Guenni (1999).

A estrutura¸c˜ao dada em (2.7) baseia-se na t´ecnica de aumento de dados (Tanner e Wong, 1987) e lida de forma natural e intuitiva com dados ausentes, eventualidade corriqueira quando estuda-se simultaneamente um grande n´umero de localiza¸c˜oes ao longo do tempo, e com a suposta “censura” do Processo Espacial assim´etrico quando Yt(s) < c,

com adi¸c˜ao de outros Processos Espaciais latentes da seguinte maneira:

Xt(s) =          Ut(s), se Yt(s) ´e ausente, BC(Yt(s); λ), se Yt(s) ≥ c, Zt(s), se Yt(s) < c. (2.8)

A extens˜ao proposta para o modelo GOP (Se¸c˜ao 2.2.1), nomeada por Geostatistical Output Pertubation Dinˆamico (GOP dinˆamico) combina este com uma dinˆamica temporal de seus coeficientes lineares a partir da adapta¸c˜ao de MLDs. Portanto, GOP dinˆamico ´

e um MLD com covariˆancias estoc´asticas e aprendizado por descontos a partir de uma evolu¸c˜ao estoc´astica Beta-Gama (veja Se¸c˜ao E.6 do Apˆendice E). Sequencialmente com (2.7), o modelo GOP dinˆamico ´e dado por:

Xt,s= F0t,sθt+ εt, εt∼ N (0n, Σt), (2.9a)

θt= Gtθt−1+ ωt, ωt∼ Tnt−1(0p, Wt), (2.9b) onde Xt,s = (xt(s1), ..., xt(sn))

0

, F0t,sθt descreve a tendˆencia polinomial com a matriz

F0t,s de dimens˜ao n × r (r ≥ m) composta por covari´aveis explicativas (e.g. ensemble de previs˜oes, latitude, longitude e altura das localiza¸c˜oes) e θt representando o vetor de

parˆametros de estados de dimens˜ao r, Gt´e a matriz de evolu¸c˜ao de dimens˜ao r, ωt´e o erro

de evolu¸c˜ao com distribui¸c˜ao t-Student com nt−1 graus de liberdade com vetor de m´edias

nulo e matriz de forma Wt. Os graus de liberdade nt−1 s˜ao definidos atrav´es da evolu¸c˜ao

estoc´astica Beta-Gama. A partir do Processo Gaussiano {εt(s), s ∈ S, t = 1, ..., T },

assume-se que εt = (εt(s1), ..., εt(sn)) 0

segue as seguintes suposi¸c˜oes: E(εt) = 0n, Cov(εt(si), εt(sj)) = Σti,j = σ

2

(47)

Construiu-se C(.) com base na fun¸c˜ao de correla¸c˜ao exponencial dada por C(si, sj) =

exp(−φksi− sjk) com φ > 0 representando a taxa de decaimento exponencial e ksi− sjk,

a distˆancia euclidiana entre as localiza¸c˜oes si e sj, i, j = 1, ..., n.

Para a estima¸c˜ao dos parˆametros desconhecidos do modelo GOP dinˆamico, opta-se pela abordagem Bayesiana devido `a incorpora¸c˜ao das incertezas nas estimativas dos parˆametros serem levadas em considera¸c˜ao na inferˆencia preditiva atrav´es de suas distribui¸c˜oes a posteriori. Utiliza-se a t´ecnica de fatores de desconto como aux´ılio na especifica¸c˜ao de W1:T. Mais detalhes sobre fatores de desconto podem ser encontrados na

Se¸c˜aoE.4do ApˆendiceE. Assim, seguindo o Teorema de Bayes, a distribui¸c˜ao a posteriori do vetor param´etrico Θ = (θ1:T, σ21:T, φ, λ)

0 ´e proporcional `a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca

p(Y1,s, ..., YT ,s|θ1:T, σ21:T, φ, λ) multiplicada pela distribui¸c˜ao a priori p(θ0, σ02, φ, λ). Para

o modelo espa¸co-temporal GOP dinˆamico apresentado em (2.7) a (2.9), a distribui¸c˜ao a posteriori do vetor param´etrico Θ = (θ1:T, σ1:T2 , φ, λ)0 ´e dada por:

p(θ1:T, σ1:T2 , φ, λ|Y1,s, ..., YT ,s) ∝ T Y t=1 |Σt|−1/2 × exp ( −1 2 T X t=1 (Xt,s− F0t,sθt)0Σt−1(Xt,s− F0t,sθt) ) × exp ( −1 2 T X t=1 (θt− Gtθt−1)0Wt−1(θt− Gtθt−1) ) × Y {i,t:Yit>c} Yitλ−1× p(θ0, σ20, φ, λ). (2.11) Para obter amostras aproximadas da distribui¸c˜ao a posteriori do vetor param´etrico Θ = (θ1:T, σ1:T2 , φ, λ)

0, a qual n˜ao possui forma anal´ıtica conhecida, m´etodos de Monte

Carlo via Cadeias de Markov (MCMC, Gamerman, 1997) s˜ao aplic´aveis. A partir de (2.11), obt´em-se as distribui¸c˜oes condicionais completas dos parˆametros de interesse. A descri¸c˜ao completa das distribui¸c˜oes condicionais completas poder˜ao ser encontradas no Apˆendice C. De forma espec´ıfica para os parˆametros deste modelo, amostras para (θ1:T, σ1:T2 )

0 ao obtidas atrav´es do procedimento Forward Filtering Backward Sampling

(FFBS,Fr¨uhwirth-Schnatter,1994;Carter e Kohn,1994) e para (φ, λ)0, usa-se o algoritmo Robusto-Adaptativo de Metropolis (RAM, Vihola, 2012). Mais detalhes acerca do

(48)

procedimento FFBS podem ser encontrados na Se¸c˜aoE.5 do ApˆendiceE e do algoritmo RAM, no ApˆendiceD. Informa¸c˜oes acerca das distribui¸c˜oes a priori, fatores de desconto utilizados e detalhes computacionais ser˜ao dados durante sua aplica¸c˜ao no Cap´ıtulo 3.

2.3.2

Ensemble Model Output Statistics Espa¸

co-temporal

An´alogo ao m´etodo GOP dinˆamico, o m´etodo Ensemble Model Output Statistics espa¸co-temporal (EMOS espa¸co-temporal) combina o m´etodo EMOS espacial (Se¸c˜ao

2.2.2) com MLDs. Portanto, EMOS espa¸co-temporal ´e um MLD Normal Multivariado (veja Se¸c˜aoE.1 do Apˆendice E).

Com a estrutura¸c˜ao dada em 2.8, o modelo EMOS espa¸co-temporal ´e,

sequencialmente, dado por:

Xt,s= F0t,sθt+ εt, εt∼ N (0n, Σ∗t), (2.12a)

θt= Gtθt−1+ ωt, ωt∼ N (0p, Wt), (2.12b)

onde, diferentemente do modelo apresentado anteriormente, ωt ´e o erro de evolu¸c˜ao

Normalmente distribu´ıdo com vetor de m´edias nulo e matriz de covariˆancia Wt. A partir

do Processo Gaussiano {εt(s), s ∈ S, t = 1, ..., T }, assume-se que εt = (εt(s1), ..., εt(sn)) 0

segue as seguintes suposi¸c˜oes:

E(εt) = 0n, Cov(εt(si), εt(sj)) = Σ∗ti,j = Dti,iC(si, sj)Dtj,j, (2.13) onde Dt = diag(

q

β0+ β1S1,t2 , ...,

q

β0+ β1Sn,t2 ) ´e uma matriz diagonal de dimens˜ao n

com Si,t2 representando a variˆancia amostral dos membros do ensemble para a i-´esima localidade no tempo t e C(.) ´e uma matriz de correla¸c˜ao espacial constru´ıda de mesmo modo que o modelo GOP dinˆamico (Se¸c˜ao 2.3.1). Faz-se uso da t´ecnica de fatores de desconto para a especifica¸c˜ao de W1:T.

(49)

A estima¸c˜ao dos parˆametros do EMOS espa¸co-temporal tamb´em ´e feita sobre a abordagem Bayesiana. A distribui¸c˜ao a posteriori do vetor param´etrico Θ∗ = (θ1:T, β, φ, λ)0 ´e dada por: p(θ1:T, β, φ, λ|Y1,s, ..., YT ,s) ∝ T Y t=1 |Σ∗t|−1/2 × exp ( −1 2 T X t=1 (Xt,s− F0t,sθt)0Σ∗t −1 (Xt,s− F0t,sθt) ) × exp ( −1 2 T X t=1 (θt− Gtθt−1)0Wt−1(θt− Gtθt−1) ) × Y {i,t:Yit>c} Yitλ−1× p(θ0, β, φ, λ). (2.14)

De forma espec´ıfica para os parˆametros deste modelo, amostras para θ1:T s˜ao obtidas

atrav´es do procedimento Forward Filtering Backward Sampling (FFBS, Fr¨ uhwirth-Schnatter, 1994; Carter e Kohn, 1994) e para (β, φ, λ)0, atrav´es do algoritmo Robusto-Adaptativo de Metropolis (RAM, Vihola, 2012). Informa¸c˜oes acerca das distribui¸c˜oes a priori utilizadas e detalhes computacionais tamb´em ser˜ao dados durante a aplica¸c˜ao no Cap´ıtulo 3.

No cap´ıtulo a seguir, alguns dos modelos de p´os-processamento estat´ıstico para calibra¸c˜ao de campos meteorol´ogicos completos exibidos nas Se¸c˜oes 2.2 e 2.3 ser˜ao testados e comparados conforme o desempenho na calibra¸c˜ao feita nas previs˜oes num´ericas da velocidade do vento a 10 metros em Minas Gerais providas pelo modelo Eta.

Referências

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