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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

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Academic year: 2021

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PROCESSO N. : 14751-89.2012.4.01.3400

AÇÃO ORDINÁRIA/SERVIÇOS PÚBLICOS – CLASSE 1300

AUTOR (A): ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ESPECIALISTAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL

RÉ: UNIÃO

SENTENÇA TIPO “A”

Trata-se de ação de conhecimento de rito ordinário proposta pela

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ESPECIALISTAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL – ANESP contra a UNIÃO, com pedido de antecipação

dos efeitos da tutela, objetivando o restabelecimento da parcela do terço de férias devida à remuneração dos servidores filiados à ANESP e afastados em virtude de curso de pós-graduação no país ou no exterior.

Consta da inicial que: a) a autora detém legitimidade ativa para demandar como substituta processual, tendo em vista a previsão estatutária e a autorização obtida em assembleia geral da entidade; b) os substituídos nesta demanda são os servidores da carreira de Especialista em Política Públicas e Gestão Governamental que demonstrarem a titularidade do direito a ser executado (filiados da ANESP e se amoldarem ao dispositivo do título); c) a Lei nº 8112/90 assegura o afastamento de servidor público para realização de estudo no exterior ou no país, com a respectiva remuneração, que inclui o adicional de férias, fato atualmente ignorado pela ré; e) o período de afastamento para estudo é contado para todos os efeitos; f) viola o princípio da isonomia diferenciar o servidor que se encontra afastado para estudo do servidor que se encontra no desempenho de suas funções, quanto ao recebimento do adicional de férias.

Documentos apresentados nas fls. 13/40.

(2)

A antecipação dos efeitos da tutela foi indeferida, fl. 42 e verso.

A União contestou nas fls. 49/57, argüindo: a) preliminarmente, a ilegitimidade ativa, vício de representação processual e limitação territorial dos substituídos; b) no mérito, que a Portaria Normativa SRH de n. 2/1998 estabelece que o servidor licenciado ou afastado fará jus às férias ao exercício que retornar; c) a pretensão não encontra amparo legal. Pugnou pela limitação de apenas 10 filiados na presente ação, com a intimação para juntada de autorização específica e individualizada, acaso não reconhecida a ilegitimidade ativa e pela improcedência do pedido.

Réplica, fls. 61/72.

É o breve relatório. Decido.

Detém a ANESP legitimidade ativa para o feito, especialmente considerando-se a juntada dos documentos de fl. 18 (ata da assembleia geral aprovando o ajuizamento da ação) e a previsão em seu estatuto de representar os associados e defender seus interesses, inclusive em juízo (art. 4º, V - fl. 20). Preliminar que se REJEITA.

Desnecessária a autorização individual dos substituídos, ou listagem indicativa dos beneficiários, pois a autora detém legitimidade para propor ação coletiva visando a proteção de direitos individuais homogêneos da categoria1.

1 (AgRg nos EDcl no AREsp 147.572/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 01/04/2013)

(3)

No mérito, a Lei nº 8.112/90 prevê afastamentos para estudo ou missão no exterior, e para participação em programa de pós-graduação stricto sensu no Brasil (artigos 95 a 96-A).

No artigo 95, que trata de afastamento para estudo no exterior, a lei estabelece que os aspectos relativos à remuneração serão disciplinados em regulamento:

Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.

§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência.

§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira diplomática.

§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97).

Grifos nossos.

Já o art. 96-A expressamente assegura a remuneração, sem ressalvas ou condicionantes, quando o servidor obtiver licença para participar de programa de pós-graduação stricto sensu no país (leia-se, mestrado, doutorado ou PhD):

Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº

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11.907, de 2009)

Ora, se o afastamento sempre estará condicionado ao interesse da administração, é forçoso reconhecer que o estudo, seja no Brasil, seja no exterior, representa uma das formas de trabalho do servidor público.

Havendo trabalho, portanto, não há fundamento para a supressão do adicional de férias, constitucional e legalmente assegurado a todos os servidores públicos federais.

E não há fundamento para a diferenciação entre estudo no Brasil ou no exterior, pois em ambos os casos, o servidor estará afastado no exercício de atividade de interesse público.

É o que expressamente reconhece o art. 102, IV e VII, da Lei nº 8.112/90:

Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:

I - férias;

I - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal;

III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente da República;

IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)

V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;

VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;

VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

(...)”.

(5)

Portanto, julgo procedente o pedido formulado na inicial para condenar a União a pagar aos substituídos da ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ESPECIALISTAS EM

POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL – ANESP o adicional de um

terço de férias, quando afastados no interesse da Administração para participarem de estudos no exterior ou pós-graduação stricto sensu (mestrado, doutorado e PhD) no Brasil.

O risco de dano irreparável se observa no caso, pois o não pagamento da verba ao tempo da concessão das férias exigirá execução contra a Fazenda Pública, cuja tramitação e requisitos (RPV ou precatório) são incompatíveis com as necessidades alimentares que a parcela pretendida visa a atender, podendo comprometer o sustento do servidor e seu grupo familiar.

Nesse ponto, defiro a antecipação dos efeitos da tutela para imediato cumprimento em relação às férias vincendas a contar do exercício de 2013.

Condeno a União ao pagamento do adicional de férias aos substituídos que a ele fizeram jus no período posterior a 28 de março de 2007. Tais valores deverão ser corrigidos/atualizados com observância do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e do disposto no art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a nova redação dada pela Lei n. 11.960/2009, a partir da sua vigência2.

Condeno ainda a União ao pagamento de honorários advocatícios, estes fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos do artigo 20, §4º, CPC, bem como ao 2 Ainda não há declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/2009. O precedente trazido refere-se a contratos, que não é o caso dos autos.

(6)

reembolso das custas judiciais.

No que diz respeito à limitação territorial dos efeitos da sentença, prevista no art. 2º-A da Lei n. 9.494/97, com redação dada pela MP n. 2.180-35/01, não se aplica às causas coletivas propostas no Distrito Federal contra a UNIÃO, quando o jurisdicionado ali não seja domiciliado, pois se trata de ressalva prevista no art. 109, § 2º, da Constituição da República.

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição. Publique-se, registre-se e intime-se.

Brasília, 18 de abril de 2013.

TÁRSIS AUGUSTO DE SANTANA LIMA

Juiz Federal Substituto da 16ª Vara/SJDF

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