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G E R M A N O S I L V A PORTO A S H I S T Ó R I A S Q U E F A L T A V A M P R E F Á C I O D E M I G U E L C A R V A L H O

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Academic year: 2021

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PORTO

G E R M A N O S I L V A

A S H I S T Ó R I A S Q U E F A L T A V A M

P R E F Á C I O D E M I G U E L C A R V A L H O

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Execução gráfica Bloco Gráfico Unidade Industrial da Maia. DEP. LEGAL 487696/21 ISBN 978-972-0-06389-2 Rua da Restauração, 365 4099-023 Porto Portugal www.portoeditora.pt

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Porto: As Histórias que Faltavam

Germano Silva

Publicado por

Porto Editora

© Germano Silva e Porto Editora Fotografia da contracapa: Patrícia Cardoso

Imagem da capa: Antiga Praça D. Pedro, atual Praça da Liberdade Frase da capa: Firmino Pereira in “O Porto d’Outros Tempos”, 1914

1.ª edição: outubro de 2021

Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora.

A cópia ilegal viola os direitos dos autores. Os prejudicados somos todos nós.

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ÍNDICE

Germano, a pele do Porto 7 Breve explicação 9 1931 11 A Fonte da Arca 17 A forca e o pelourinho 21 A Inquisição no Porto 25 A praça que nunca houve 29 A redenção dos cativos 33 A Roda dos Expostos 37 A Rua Chã 41 O sítio da Lada 45 A Casa dos Melos 49 A Rua de D. Pedro 53 A Rua do Rosário 57 Aldeia de Germalde 61 As Carvalheiras 65 As “sortes” do São João 69 Rua do Bicalho 73 Brévias monásticas 77 O Café Camanho 81 Calvário Novo 85 Casal da Regada 89

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D. Pedro V e o Porto 93 Enterros e cemitérios 97 Evitou-se um crime 101 O sítio do Ribeiro 105 Janelas com tabuinhas 109 O João do Buraco 113 Largo da Escola Médica 117 Lojistas e marçanos 121 Lordelo do Ouro 125 Massarelos 129 A Rua da Estrada 133 O monumento que falta no Porto 137 Muro dos Bacalhoeiros 141 Não vamos esquecer 145 O casino da Foz 149 O fidalgo do Bonjardim 153 Largo do Ermitão 157 O Paço Episcopal 161 A Rua da Rosa 165 O Rio Frio e a contenda entre o bispo e o rei 169 O sítio do Carmo 173 Frades cirurgiões 177 Os judeus e o Porto 181 O Muro da Trindade 185 Rua de Agramonte 189 Santo António do Penedo 193 Teatro Vasco da Gama 197 Um conde sem privilégios 201 Um sermão influente 205 Uma promessa de saque 209 A Rua dos Canos 213 A Praça da Ribeira 217

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GERMANO, A PELE DO PORTO

Se a pele é o maior órgão do corpo humano, a primeira e a melhor defesa contra agressões e interferências externas, Germano Silva é a pele do Porto.

São da sua lavra, ao longo de décadas, grande parte das camadas protetoras da nossa memória, do nosso chão e da alma da cidade que temos por certa, e onde gerações procuram causas, referências, versos, narrativas, lendas e razões para agasalhar o coração granítico de por-tuenses livres e ciosos da sua identidade, mesmo quando o país prefere a caricatura do que somos.

O Germano é, para defesa do nosso caráter e integridade, essa pele curtida à luz de muito saber calcorreado e múltiplas vozes conver-sadas. Ele e os seus escritos cuidam da cartografia humana e da geo-grafia sentimental da cidade, absorvem o choque e o impacto dos rui-dosos silêncios, da desmemória e dos esquecimentos, e protegem-nos da enxurrada – dita virtuosa – de futuros instantâneos, como se as ci-dades fossem apenas um bilhete-postal, uma cartolina e um cenário, com ruas desdobráveis, vidas descartáveis e o povo como figurante.

As páginas saídas do garimpo incansável de Germano Silva, em nome do Porto, das suas gentes e da sua história, são de carne e osso, mas também alento psicológico para nos lembrarmos do que fomos e do que somos, de resto, o melhor indicador do estado de saúde e ânimo de uma cidade. Nesta época do avesso, ler o Germano afeta, para melhor, a forma como nos pensamos e como os outros nos olham para lá de todas as máscaras.

Não se pense, porém, que ele escreve às arrecuas, como quem faz marcha-atrás à realidade e se refugia, empedernido, em recordações sépia. Na verdade, nunca ninguém o ouviu dizer que no seu tempo

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“é que era”, e sabe-se, de ciência certa, que o Germano gosta de escre-ver e andar para a frente, sem lamúrias nem saudosismos, mas guiando-nos através de um passado coletivo, sem o qual, nem o pre-sente consegue ver longe.

Por ocasião dos seus 85 anos, assisti, comovido, à entrada na gale-ria dos “eleitos” da Universidade do Porto, do rapaz magro de outrora, de solipas nos pés e calças remendadas, “operário não diferenciado”, que ainda vive dentro dele. Dos seus cabelos ralos embranquecidos, o Germano olhou para o fundo da rua que é toda a sua existência e viu-se, naquele momento, Doutor Honoris Causa, “pela primeira e única vez na sua vida entrando por cima, assentando praça em general”, como notou, na ocasião, o historiador Luís Miguel Duarte. Foi o dia em que o povo chegou à academia, mas o doutor Germano, assumindo-se “falho de meios e com não maiores virtudes”, recebeu o título “com o orgulho de quem nunca traiu os testamentos legados pelos seus maiores” e com a vaidade de ser um entre iguais. Quase seis anos volvidos, o Germano não se cansa de dar provas do seu amor incondicional ao Porto, sem lhe fugir o pé para grandezas. Agora, legou aos arquivos da cidade – ou seja, a todos nós e às gerações vindouras – setenta anos de trabalho, preser-vados através de centenas de documentos históricos, gesto de orgulho, de partilha e de reciprocidade pela cidade a que chama casa.

Quererá isto dizer que, aos 90 anos, o Germano deixará de sujar os sapatos a percorrer os recantos da cidade e as esquinas da memória para depois nos devolver esse Porto em letra redonda? Ah, desenganem-se… O escritor e amigo Álvaro Magalhães, outro gigante do pedestal tripeiro, já o disse de forma tão poética como lapidar: o Germano é “a memória viva da cidade”, a “nossa máquina do tempo”. Como tal, “deve viver para sempre” ou não tivesse ele “a idade da cidade inteira”.

Como as crónicas que aqui se publicam demonstram, o ocaso pode, pois, esperar sentado. E nós, se não arrepiarmos caminho para acompanhar a passada do Germano pelo Porto – e em nome do Porto –, é que ficaremos para trás.

Miguel Carvalho, jornalista agosto de 2021

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BREVE EXPLICAÇÃO

Quando, nos idos de noventa do século passado, comecei a publicar nas páginas do Jornal de Notícias as crónicas a que dei o título genérico de “À descoberta do Porto”, não imaginava o sucesso que esses traba-lhos jornalísticos viriam a ter.

Escrevi “trabalhos jornalísticos” porque foi dessa forma que sem-pre encarei essas prosas dominicais, não obstante a abordagem histó-rica que sempre fiz, e continuo a fazer, com total respeito pelo rigor dos factos, dos nomes e das datas. 

Pensadas e escritas para os leitores apressados da imprensa diá-ria, na sua maiodiá-ria, pouco dados a assuntos da Histódiá-ria, em geral, e muito menos da do Porto, em particular, as crónicas “À descoberta do Porto” tinham um único objetivo: ensinar sem causar enfado. 

E o grande apreço dos leitores, expresso inúmeras vezes ao autor das crónicas pelos modernos meios de comunicação, confirmam que aquele objetivo foi plenamente atingido. 

Com o rodar do tempo, e em diversas circunstâncias, fui abor-dado por muitos leitores que me perguntavam se não estaria nos meus propósitos reunir as crónicas jornalísticas em livro. Confesso que tal ideia nunca me passara pela cabeça, mas perante a insistência anuí às amáveis sugestões, e o primeiro  volume de crónicas, a que dei o tí-tulo que usava referido jornal, “À descoberta do Porto”, saiu em 1999.  Publicado com prefácio do saudoso camarada Manuel António Pina, na chancela da já desaparecida Editorial Notícias, e com a benévola bênção do meu estimado amigo e, também, bom camarada, Alexandre Manuel, que dirigia a referida editora, o livro foi um sucesso. Outros volumes se seguiram, a maior parte deles já aqui, na Porto Editora, ainda mais bem-sucedidos.

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Em 2014, a Porto Editora propôs-me outros projetos, que nos últi-mos anos levaram a minha prosa às mãos dos leitores em diferentes formatos, todos, dizem-me, bem recebidos. Mas o regresso à edição das crónicas em livro sempre esteve no horizonte e, pelo que me fui aperce-bendo, foi sendo desejada por muitos dos meus habituais seguidores.

Acresce a particularidade de este livro ser publicado no ano em que completo 90 anos, dos quais 65 dedicados ao jornalismo. Entendi, por isso, que devia iniciá-lo com um trabalho inédito em que evo-casse o ambiente do Porto em 1931 – o ano em que nasci, no dia 13 de outubro, na freguesia de São Martinho de Recezinhos, do concelho de Penafiel. Nesse mesmo ano, com apenas alguns meses de vida, cheguei ao Porto, nos braços de minha mãe, e por cá fui ficando, e aqui deitei raízes e produzi frutos.

Aqui estou, pois, a colocar nas mãos dos fiéis leitores mais uma mão-cheia de histórias. É mais um volume com algumas das mais su-gestivas crónicas da série “À descoberta do Porto”. Diria mais: são as crónicas que faltavam.

Faço a advertência que já fiz no passado: não espere o leitor bené-volo encontrar  nas crónicas  aqui reunidas um trabalho erudito. Vai encontrar, isso sim, pequenas histórias da grande História do Porto, sempre interessantes e de recordação útil e proveitosa. Como disse o enorme Garcia de Resende, “O caminho fica aberto a quem mais qui-ser dizer”…

O autor julho de 2021

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1931

Quem chegasse ao Porto no ano de 1931, encontraria uma cidade to-talmente diferente da que conhecemos hoje. Era uma urbe tipicamente comercial, com áreas de negócio muito bem definidas: carapuceiros na Rua dos Clérigos, ourives e mercadores na Rua das Flores, retroseiros em Santo António (a atual Rua de 31 de Janeiro), algibebes nas ruas do Loureiro e Mouzinho da Silveira.

Na sua origem, a Praça da Liberdade foi um mercado a céu aberto, eirado de júbilos e motins, de folganças, glórias e desesperos. Nos idos de trinta do século passado era o centro cívico da cidade, onde se concentravam as redações de alguns jornais e as sedes de ban-cos e companhias.

Não obstante, a cidade não perdera um certo ar provinciano. Ainda circulavam carros de bois pelas ruas mais centrais. Precisa-mente na década de trinta, os comerciantes e moradores da Rua dos Clérigos enviaram um abaixo-assinado aos jornais, protestando contra os incómodos que lhes causava “a infernal chiadeira do eixo dos carros de bois” e “o estrondo dos sinos das igrejas que atordoavam a cidade ainda de noite” a chamar os fiéis para a “missa da alva”.

A Cadeia e o Tribunal da Relação ainda ocupavam o imponente edifício da Cordoaria, no qual agora funciona o Centro Nacional da Fotografia. Quem não se lembra dos presos, postados detrás das gra-des, com uma lata de folha pendurada por um fio a pedir esmola a quem passava…

Ali perto, junto a uma das portas de acesso ao Mercado do Anjo, “estacionava” o homem dos sete instrumentos. Mais para as bandas do Café da Porta do Olival atuavam os propagandistas, também chamados “vendedores de banha da cobra”, com os seus macacos e as suas serpentes

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GERMANO SILVA

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Canalizações das águas dos ribeiros que sulcam o subsolo da Avenida dos Aliados.

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PORTO: AS HISTÓRIAS QUE FALTAVAM

que utilizavam para atrair a atenção dos passantes. O mais popular era o Machado, comunicador nato, que usava somente a palavra para atrair o povo, que se divertia com os seus ditos espirituosos e brejeiros.

Aquele ano também ficou marcado pela expansão da cidade para lá dos jardins da Boavista e do Marquês. Exatamente em 1931 con-cluía-se a abertura da Avenida do Gama, a que depois a Câmara daria o nome do marechal Gomes da Costa.

As praças de D. Filipa de Lencastre e de D. João I ainda não exis-tiam. Mas a Avenida dos Aliados já estava bem sortida de prédios de ambos os lados. Trabalhava-se na construção do novo edifício dos Paços do Concelho, no topo da nova artéria, e na canalização dos ri-beiros que sulcam o subsolo da avenida.

Por esse tempo, o Porto era uma cidade intimista. Acordava cedo com o silvo das fábricas a chamar os operários para as suas obrigações. Chamavam-lhe a “Manchester Portuguesa” por ser uma cidade com grande desenvolvimento industrial. Algumas das principais unidades fabris daquele tempo estavam sediadas no centro do Porto: a Fábrica de Sedas Nogueira ficava na Rua da Alegria e a Fábrica Nacional de Bicicletas funcionava na Rua do Bonjardim.

Referências

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