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Advogados : Rodrigo Barbosa Marques do Rosário (OAB/RO 2.969) e outros

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(1)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA

2ª Câmara Cível

Data de distribuição :27/08/2008

Data de julgamento :24/09/2008

100.001.2008.009163-5 Apelação Cível - Rito Sumário

Origem : 00120080091635 Porto Velho/RO (5ª Vara Cível)

Apelante : Bradesco Seguros S/A.

Advogados : Rodrigo Barbosa Marques do Rosário (OAB/RO 2.969) e outros

Apelado : Raimundo Nonato Pereira

Advogadas : Elivana Muniz de Carvalho(OAB/RO 3.438) e outra

(2)

Relator : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia

RELATÓRIO

Bradesco Seguros S/A recorre de sentença proferida pelo Juízo da 5ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho/RO, que julgou procedente os pedidos articulados em ação de cobrança de seguro obrigatório movida por Raimundo Nonato Pereira, condenando a empresa securitária ao pagamento do valor de R$16.000,00 a título de indenização pelo seguro obrigatório DPVAT em razão de morte, acrescido de juros 1% ao mês e, correção monetária, a partir da sentença.

A apelante recorre suscitando inicialmente preliminar de ilegitimidade ativa, uma vez que o apelado não comprovou a qualidade de companheiro da vítima acidentária. Aduz que devido a falta de comprovação o processo merece ser extinto sem julgamento de mérito por

ilegitimidade ativa.

A apelante argui ainda preliminar de falta de interesse processual, aduzindo que a apelada não apresentou requerimento administrativo perante a seguradora.

No mérito discorre sobre o não-cumprimento do art. 476 do CC e sobre o correto valor das indenização de seguro DPVAT em acidentes ocorridos após o ano de 2007.

Impugna a fixação de honorários de advogado, alegando que a fixação foi efetivada em percentual exacerbado.

Ao final pede o provimento do recurso.

VOTO

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DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA

Preliminares

Por questão de ordem processual analiso inicialmente a preliminar de ilegitimidade ativa.

De plano cabe afirmar que, a condição de o apelado ser beneficiário da vítima, ficou plenamente comprovada pelos documentos dos autos.

Os autos demonstram que o autor da demanda é filho da vítima do acidente, e que a sua mãe também é falecida . Não há notícia dos autos de outros beneficiários, e a empresa securitária não trouxe prova em sentido contrário.

A empresa securitária não trouxe nenhuma prova que pudesse contrapor tais fatos,

limitando-se a afirmar sua imprestabilidade, sem contudo trazer a contraprova, ou seja, prova dos fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor.

A Lei n. 6.194/74, com as alterações da Lei n. 8.441/92, é clara ao dispor que o beneficiário da vítima tem legitimidade para propor ação de cobrança de seguro obrigatório, e esta Corte já decidiu no sentido de que, tendo a beneficiária do seguro obrigatório comprovado que era companheira do instituidor do benefício, cabe à seguradora o ônus probatório, caso alegue a existência de outros beneficiários (Apelação n. 03.002959-7 e Apelação Cível n.

00.001.2003.008595-0).

Diante disto, afasto a presente preliminar.

Superada a presente preliminar, passo a analisar a preliminar de ausência de interesse processual e razão da não-apresentação de requerimento administrativo à seguradora.

(4)

Inicialmente se analisa a alegação de necessidade de prévia interposição de pedido administrativo.

A obrigação de esgotamento prévio da via administrativa para a propositura da ação judicial tem-se como irrelevante e incompatível com o princípio colacionado no inc. XXXV do art. 5º da Constituição da República, que não estabeleceu como condição de acesso à Justiça que a parte acione ou esgote as vias administrativas.

Ademais, a previsão expressa da Carta Magna tem prevalência sobre qualquer legislação ordinária, porque retrata as garantias fundamentais que visam resguardar os direitos individuais e coletivos contra a arbitrariedade do próprio Poder Público.

É entendimento solidificado na Câmara Especial que o acesso à Justiça independe do uso prévio da via administrativa:

Seguro obrigatório. Ausência de requerimento nas vias administrativas. Irrelevância. Obrigação de indenizar inalterada com o advento da Lei n. 8.441/92.

A ausência de pedido administrativo ou de comunicação do sinistro não obsta a que o pleito seja encaminhado por via judicial, mesmo porque há preceito constitucional que assegura a análise, pelo Judiciário, de qualquer lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV) (Apelação Cível n. 97.000748-5, Relatora Desembargadora Zelite Andrade Carneiro, 30/5/1997).

O vasto número de recursos que tramitam sobre o mesmo tema e a resistência demonstrada pela recorrente faz evidente prescindir do pedido administrativo, já que provavelmente seria negado.

Em primeiro lugar, já ressalvo que não merecem aplicabilidade a MP 34/2007 e a sua

sucessora Lei n. 11.482/2007, visto que o acidente ocorreu antes da entrada em vigor destes normativos (27/10/2006)

(5)

Mérito

O princípio que regula a aplicabilidade da lei no tempo é o tempus regit actum, sendo a lei aplicável aos fatos e atos ocorridos posteriormente à sua entrada em vigor, sendo vedada, via de regra, sua retroatividade pelo ordenamento civil.

Neste sentido a jurisprudência pátria já se manifestou:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT.

INAPLICABILIDADE DAS NOVAS DISPOSIÇÕES. LEGITIMIDADE ATIVA DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE. 1. Versando a demanda sobre cobrança do seguro obrigatório DPVAT, cujo sinistro ocorreu na vigência da Lei antiga, inaplicáveis se mostram as novas disposições relativas ao seguro obrigatório DPVAT implementadas pela Lei 11.482/2007. [...] (Agravo de Instrumento Nº 70021153507, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Scarparo, Paulo Sérgio, julgado em 30/8/2007)

No mesmo sentido:

EMENTA: ACAO DE COBRANCA. SEGURO OBRIGATORIO - DPVAT. ACIDENTE DE TRANSITO. INVALIDEZ PERMANENTE. PRELIMINARES AFASTADAS. INDENIZAÇÃO DEVIDA. I. A lei n. 6.194/74 não faz diferenciação em graus de invalidez, sendo desnecessária a produção de prova pericial. II. A preliminar de falta de interesse processual não merece guarida, uma vez que a constituição federal, em seu artigo 5º, inciso XXXV, faculta ao cidadão o acesso à justiça sem a necessidade de prévio requerimento na via administrativa. III. Não incidência da Lei 11.482, que somente é aplicada aos casos que se realizarem após a data de sua publicação. IV. [...] (Recurso Cível Nº 71001394014, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Carlos Eduardo Richinitti)

Esse tema já chegou a ser apreciado por esta corte, na ocasião do julgamento do Recurso de Apelação n. 100.005.2006.009305-1, de minha relatoria, julgado na sessão do dia 17/10/2007, em que, por unanimidade, ficou decidida a inaplicabilidade da Lei n. 11.482/2007 em acidentes anteriores à sua entrada em vigor.

(6)

Assim sendo, em razão da não-aplicabilidade da Lei n. 11.482/2007, deve incidir no caso presente a Lei n. 6.194/74 e as alterações advindas da Lei n. 8.441/1992.

A Lei n. 8.441/92, que regulamenta o Seguro Obrigatório, alterou a Lei n. 6.194/74 apenas nos arts. 4º, 5º, 7º e 12, portanto o art. 3º da lei anterior permanece inalterado e limita a

indenização do seguro DPVAT em caso de morte em 40 (quarenta) salários mínimos vigentes.

Assim, para que haja uma alteração nesta lei, deverá ser obedecida a hierarquia das normas, sendo vedado pelo ordenamento jurídico pátrio a revogação de uma lei por resolução

administrativa exarada pelo Conselho Nacional de Seguro Privado.

Este entendimento é uníssono na jurisprudência deste Tribunal de Justiça, a saber:

Cobrança. Seguro obrigatório. Limite máximo.

Em se tratando de recebimento de seguro DPVAT, deve ser obedecido o limite estabelecido na legislação vigente. Sendo inadmissível, então, que resoluções administrativas se sobreponham à lei, em razão da hierarquia das normas (Apelação Cível n. 100.001.2003.017319-0, rel. Des.

MONTENEGRO, Eurico, j. 1/6/2005).

No mesmo sentido veja-se Apelação Cível n. 02.008910-4, rel. então Juiz Convocado Paulo Kiyoshi Mori, j. em19/3/2003.

Exemplificando a solidificação do entendimento deste tema no âmbito deste Tribunal, veja-se julgado da relatoria do Desembargador Sansão Saldanha Apelação Cível n. 03.002959-7, julgada em 27/8/2003.

Quanto ao argumento de que ocorreu o pagamento, o documento trazido pela seguradora não comprova que a parte contrária efetivamente recebeu os valores, inclusive porque sequer consta assinatura de Francisco ou Gilberto.

(7)

No que concerne ao argumento de proibição da fixação do valor da indenização com base no salário mínimo, conforme o art. 3º da Lei n. 6.194/74, em razão das Leis n. 6.205/75 e

6.423/77, também se verifica que não merece acolhida.

A Lei n. 6.205/75, assim como a Lei n. 6.423/77 estabelecem a descaracterização do salário mínimo como fator de correção monetária, não impondo óbice em sua utilização como base para quantificar o valor da indenização em decorrência de seguro obrigatório. Portanto, o art.

3º, inc. a, da Lei n. 6.194/74 não foi revogado e está em plena vigência.

Este entendimento também é sedimentado na jurisprudência desta corte, conforme a disposição da Súmula n. 7, cujo texto se transcreve:

A indenização decorrente do seguro obrigatório por danos pessoais pode ser estabelecida em valor equivalente ao salário mínimo, vedada tão-só sua utilização como fator de correção monetária"

Assim, a sentença estabeleceu valor correto para indenização em razão do seguro DPVAT, devendo ser mantida neste particular.

Inaplicável ainda o art. 486 do CC, porque não se pode vincular a instância administrativa ao acionamento da jurisdição.

Os honorários de advogado estão fixados em patamar correto, com caracteres correspondente à presente demanda.

Quanto ao juros e correção monetária, não se verifica interesse recurso para a apelante.

Ante ao exposto, nego provimento ao recurso.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA

Tribunal de Justiça

2ª Câmara Cível

Data de distribuição :27/08/2008

Data de julgamento :24/09/2008

100.001.2008.009163-5 Apelação Cível - Rito Sumário

Origem : 00120080091635 Porto Velho/RO (5ª Vara Cível)

Apelante : Bradesco Seguros S/A.

Advogados : Rodrigo Barbosa Marques do Rosário (OAB/RO 2.969) e outros

Apelado : Raimundo Nonato Pereira

Advogadas : Elivana Muniz de Carvalho(OAB/RO 3.438) e outra

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EMENTA

Seguro obrigatório . Legitimidade ativa para cobrança. Requerimento administrativo.

Obrigatoriedade. Lei aplicável. Competência do Conselho Nacional de Seguros Privados.

Revogação de lei por Resolução Administrativa. Impossibilidade. Valor quantificado em salários mínimos. Indenização. Limites. Legitimidade da Lei n. 6.194/74. Honorários de advogado.

Tratando-se de caso sobre cobrança de indenização securitária pelo DPVAT, cujo sinistro ocorreu na vigência de lei antiga, aplica-se o princípio do tempus regit actum, mostrando-se inaplicáveis as novas disposições relativas ao seguro obrigatório DPVAT implementadas após o acidente que motivou a indenização.

Tendo a beneficiária do seguro obrigatório comprovado que era companheira do instituidor do benefício, cabe à seguradora o ônus probatório, caso alegue a existência de outros

beneficiários.

É dispensável o prévio esgotamento da via administrativa por meio do protocolo de requerimento pleiteando a indenização securitária para a propositura de ação judicial.

Dentro do princípio da hierarquia das leis é inadmissível que solução assentada pelo Conselho Nacional de Seguros Provados contrarie ou revogue a Lei n. 6.194/74.

O valor da indenização do seguro obrigatório por morte é de 40 (quarenta) salários mínimos, conforme parâmetro de fixação disposto no art. 3º da Lei n. 6.194/74, não se confundindo com índice de reajuste e, portanto, compatível com as Leis n. 6.205/75 e 6.423/77, que vedam o uso do salário mínimo como parâmetro de correção monetária.

ACÓRDÃO

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, REJEITAR AS PRELIMINARES E, NO

MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

Os Desembargadores Gabriel Marques de Carvalho e Roosevelt Queiroz Costa acompanharam o voto do Relator.

Porto Velho, 24 de setembro de 2008.

DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA

RELATOR

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